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AULA 1 - REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE POLÍTICA 
Autor: SCHMITTER, Philippe 
GRÉCIA ANTIGA 
Preocupação com as formas de governo; (POL X CPOL) 
Diferente da abordagem que estuda sobre as formas de sociedade. 
SÉC. XX 
Preocupação com a delimitação da C. POL. 
O autor: o conceito de política foca em estudo das instituições, recursos, 
processos e funções. 
TIPOLOGIA 
Instituições 
Estado e Governo 
Recursos 
Poder – política como coação; 
Influência – política como arte de influenciar 
Autoridade – poder que se faz obedecer voluntariamente. Meio termo entre 
poder e influência. Também chamado de poder legítimo. 
Tipos de poder: econômico, político e ideológico. 
Processo 
Decision-Making: formulação de decisões sobre linhas de conduta para uma 
sociedade (conduta coletiva). 
O Decision-Making é um processo de investigação da Ciência Política. A 
tarefa da ciência política então seria a de explicar e predizer porque uma 
determinada linha de conduta foi, é ou será adotada. 
Há outra vertente que acredita numa visão mais flexível do decision-making, 
pois ela pode ser aplicada a vários níveis da sociedade. (Tribunais, 
Assembléias, Comunidades, etc). 
Outro processo existente é o policyformation. 
Funções 
Resolução não violenta de conflitos – Acordos. 
Condições para que um ato social seja político: 
1. Conflito de interesses. (Qualquer acontecimento social é potencialmente 
político). 
2. Integração/cooperação entre indivíduos e grupos. Atores reconheçam 
reciprocamente suas limitações nas reinvidicações de suas exigências. 
Sociedade política é heterogênea. Mantém relações de conflito e 
interdependência. 
Estado é poder institucionalizado de uma sociedade, instrumento de 
dominância de certas classes sobre outras para assegurar a ordem social. 
QUALIDADES DA CIÊNCIA POLÍTICA: 
Vontade de ser científica - rigor teórico e metodológico. 
Delimitação da Disciplina - tratar da interpretação de um setor particular do 
comportamento humano. 
Weber, Dahl, Diverger, Parsons, Furtado, Easton 
CONDIÇÕES DO ATO POLÍTICO 
A partir de Schmitter um ato social é político quando satisfizer duas 
condições: 
* NECESSÁRIA – tem que ser controverso, indicando um conflito, um 
antagonismo entre interesses ou atitudes por diferentes indivíduos ou grupos. 
Ocorre na heterogeneidade. 
* SUFICIENTE - os atores reconhecem, reciprocamente, suas limitações nas 
reivindicações das suas exigências; há um certo grau de cooperação entre 
contendores. Há um quadro (framework) de restrições mútuas. No ato político 
tem que haver "integração" ou "cooperação". 
 
 
CONCLUSÃO 
Política: conflito entre atores para a determinação de linhas de condutas 
(policies) coletivas de um quadro de cooperação-integração reciprocamente 
reconhecido. 
Celso Furtado: “Qualquer estrutura social que haja alcançado um certo grau 
de diferenciação necessitará organizar-se politicamente a fim de que os seus 
conflitos internos não a tornem inviável.” 
AULA 2/3: A POLÍTICA COMO VOCAÇÃO 
Autor: WEBER, Max 
“Por política entenderemos o conjunto de esforços feitos com vistas a 
participar do poder ou a influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja 
no interior de um único Estado. [...] Sociologicamente, o Estado não se deixa 
definir a não ser pelo meio específico que lhe é peculiar.” (WEBER, 1968) 
Política: conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou a 
influenciar a divisão do poder. 
Para Weber o meio específico do Estado é o “monopólio do uso legítimo da 
violência física” (p.56). 
Se contrapondo a ele, está Arendt (ver próxima aula). Para Arendt, poder é “a 
habilidade humana de agir em concerto” (1970, p.60), opondo-se a violência, 
que gera relações de mando e obediência ao invés de condutas baseadas no 
consenso. 
A política weberiana possui uma série de semelhanças com a atuação de 
grupos criminosos como: territorialização, uso da violência, aparato 
administrativo, poder/obediência. Como distinção temos que o poder político 
tem presunção de legitimidade. 
ESTADO E VIOLÊNCIA 
Para Weber, Estado é uma determinada instituição que, dentro dos limites de 
seu território, detém o monopólio legítimo da violência física. 
Para que a violência, na condição de monopólio do Estado, seja considerada 
legítima, é necessário que haja aceitação, obediência e submissão à autoridade 
do Estado por parte dos homens dominados. 
 
TIPOS DE DOMINAÇÃO 
Dominação: capacidade de determinar obediência. 
* Tradicional: baseada nos costumes da sociedade. Ex: patriarca, senhor de 
terras; 
* Carismático: aptidões e ações “de alguém que se singulariza por qualidades 
prodigiosas, por heroísmo, ou por outras qualidades exemplares que fazem 
dele chefe”. Ex: líderes messiânicos, demagogo; 
* Racional-legal: crença na validez de um estatuto legal, fundada na 
obediência a essa lei. Ex: servidor do Estado. 
Líderes políticos usaram de sua carisma em certos momentos e da razão legal 
em outros. Ex: Lula, Dilma, Fidel Castro. 
Para Weber, a burocracia é a base da dominação racional-legal: estrutura a 
sociedade em hierarquias e funções. A burocracia é impessoal, exige uma 
profissionalização, o cargo é vitalício. 
Disfunções da burocracia: concentração excessiva do poder; lentidão; 
extremamente corporativa. 
Weber fala da importância do Parlamento como elemento importante para 
evitar as disfunções da burocracia. Ele deve estruturar os procedimentos e 
fiscalizá-lo. Precisa ter boas lideranças partidárias. 
Pluralismo político -> manifestação de interesses heterogênea. 
QUALIDADES DO HOMEM POLÍTICO 
Qualidades determinantes dos homens políticos: paixão, sentimento de 
responsabilidade e senso de proporção. 
* Paixão: propósito a realizar, devoção apaixonada por uma causa; 
* Sentimento de responsabilidade; 
* Senso de proporção: ele deve possuir a faculdade de permitir que os atos 
ajam sobre si no recolhimento e na calma interior de espírito, saber manter a 
distância. 
 
 
ÉTICAS DA AÇÃO POLÍTICA 
Ética da convicção: baseada nas crenças do indivíduo que detém o poder 
(líder), não se preocupa/responsabiliza pelo resultado de suas ações; a 
responsabilidade do ato não é do agente; ética das últimas finalidades. 
Partidário só se sente responsável por zelar pela pureza da doutrina a fim de 
que ela não pereça. Ex: líder talibã, Hitler, etc. 
Ética da responsabilidade: avaliação das consequências dos atos, 
racionalidade orientada a fins e valores, reúne o cálculo das consequências, 
prestação de contas dos resultados e ações. 
Não são exclusivas, mas se complementam. 
AULA 4 – VIOLÊNCIA: MANIFESTAÇÃO DO PODER 
Autor: ARENDT, Hannah 
CONCEITOS 
Arendt diferencia alguns conceitos (p. 60-63): 
* Poder: habilidade para agir em concerto. Nunca é propriedade do indivíduo, 
exige consenso de um grupo; 
* Vigor: propriedade individual, pertence ao caráter de uma pessoa. 
Capacidade da pessoa se destacar na relação com outras pessoas; 
* Força: Energia, fenômeno físico/social; 
* Autoridade: reconhecimento a quem se pede que obedeçam; é revestida em 
pessoas ou cargos; 
* Violência: instrumento para contornar a ausência do poder. Aproxima-se do 
vigor, pois é utilizada para multiplicar este. 
Mesmo que a violência promova uma obediência em certos momentos, dela 
nunca surgirá poder. É por essa razão que autora justifica a ocorrência de 
revoluções ainda que os Estados possuam armamentos mais poderosos que a 
população. 
PODER X VIOLÊNCIA 
Poder é o instrumento através do qual um grupo unido pode dominar os 
demais; está na essência dos governos através do apoio e consentimento do 
povo e, segundo Arendt, é mais importantedo que a violência, uma vez que 
requer apenas legitimidade e não possui caráter instrumental, mas um fim em 
si mesmo. (P.54, 1ª Coluna) 
Violência é de caráter intrinsecamente instrumental e possui em sua forma 
pura uma impotência autodestrutiva o que torna necessária a justificação 
contínua para os fins que almeja. Seus implementos podem multiplicar o vigor 
natural ou substituí-lo. (P. 55, 2ª Coluna) 
Relação: Poder e violência não apenas são diferentes, são opostos: onde um 
dominar absolutamente, o outro estará ausente. Nos governos reais, ambos 
estão presentes, o poder, no entanto, é a base primordial, uma vez que o 
aumento da violência estará ligado à perda de autoridade desse governo; A 
violência aparece onde o poder está em risco, porém jamais derivará do poder, 
ela poderá destruí-lo, mas nunca criá-lo e se deixada ao seu próprio curso, a 
violência conduzirá à desaparição do poder. (P.57, 2ª Coluna; P. 106; P. 107) 
“Substituir o poder pela violência pode trazer a vitória, mas o preço é muito 
alto; pois ele não é apenas pago pelo vencido, mas também pelo vencedor, em 
termos de seu próprio poder” – (ARENDT, 2007). 
Para Arendt, poder e violência são opostos; onde um domina absolutamente, o 
outro está ausente. A violência pode destruir o poder e é incapaz de criá-lo. A 
violência não pode ser derivada de seu oposto, o poder. Portanto, mesmo que 
a violência produza a vitória, o vencedor não possui poder sobre o derrotado, 
visto que a violência não pode produzir poder e um não pode coexistir com o 
outro. 
“Todas as instituições políticas são manifestações e materializações do poder; 
elas se petrificam e decaem tão logo o poder vivo do povo deixa de sustenta-
los.” 
Arendt fala sobre a responsabilidade do burocrata: seus atos têm implicações 
morais. 
Obediência está ligada à violência. A gente não obedece as instituições, mas 
sim as apoiamos. 
Justificação x Legitimidade 
Justificação: ligada ao futuro. A violência tem que justificar porque aconteceu. 
Legitimidade: ligado ao passado. O poder já é legítimo por antecedência. 
Burocracia: domínio de ninguém. 
AULA 5 – A TEORIA DAS FORMAS DE GOVERNO 
Autor: BOBBIO, Norberto 
FORMAS DE GOVERNO: 
* Democracia – governo de muitos; defendida por Otanes. 
* Aristocracia – governo de poucos; defendida por Megabises. 
* Monarquia – governo de um só; defendida por Dario. 
Relação entre conceitos de igualdade e governo popular. 
Estabilidade: capacidade que uma constituição tem de perdurar, de resistir à 
corrupção. 
Aristóteles e Políbio: “A história é uma sucessão contínua de formas boas e 
más” 
Preocupação com as formas de governo: constituições dos Estados. 
Platão: preocupação com a unidade; Aristóteles: preocupação com a 
estabilidade. São questões de governabilidade. 
PLATÃO: 
4 formas ruins – timocracia, oligarquia, democracia e tirania. 
2 formas ideais – monarquia e aristocracia. “Nada se altera nas leis 
fundamentais do Estado, desde que os governantes sejam treinados e educados 
do modo que descrevemos.” 
Pessoas assumem diferentes funções na sociedade de acordo com sua posição 
social. 
Sequência descendente: Aristocracia -> Timocracia -> Oligarquia -> Tirania 
Paixões das formas corruptas: 
* Timocrático -> ambição 
* Oligárquico -> riqueza 
* Democrático -> liberdade imoderada (licença) 
* Tirânico -> violência. 
Mudança de constituição: passagem de geração. 
Corrupção do Estado se manifesta pela discórdia. 
Problema político: tema fundamental é unidade do Estado com relação ao 
indivíduo. 
República ideal: aquela em que cada homem é designado para a tarefa que faz 
melhor. 
Três categorias de homens: governantes-filósofos, guerreiros e os que se 
dedicam aos trabalhos produtivos. 
Modalidades de Discórdia: 
* Dentro de classes dirigentes. Aristocracia -> Timocracia -> Oligarquia. 
* Entre a classe dirigente e a dirigida (governante e governado). Oligarquia -> 
Democracia. 
Diferença de Desejos: 
* Oligárquico -> necessidades essenciais; 
* Democrático -> necessidades supérfluas; 
* Tirânico -> necessidades ilícitas. 
Democracia possui aspectos positivos e negativos. 
Anarquia: caos, inexistência de governo. 
ARISTÓTELES: 
Forma de governo: Constituição. “Dá ordem à cidade, determinando o 
funcionamento de todos os cargos públicos e sobretudo da autoridade 
soberana.” 
Critério entre bom e mau: interesse comum (bom) e interesse pessoal (mau). 
Vários tipos de monarquia: hereditária, militar, despótico. 
Poder despótico (absoluto) -> poder do senhor sobre seus escravos. Não 
obstante, é legítimo. 
Politia: mistura de oligarquia e democracia. Nunca existiu concretamente. 
Alcançado pela política do meio-termo (o centro é sempre melhor que os 
extremos). É um tipo de governo-misto. 
Na democracia governam os pobres, que constituem a maioria; na oligarquia 
governam os ricos, que representam a minoria. 
POLÍBIO: 
Classificação sêxtupla (constituições boas e más). 
Como? Bem Mal 
Quem? Um monarquia tirania Poucos aristocracia oligarquia Muitos 
democracia oclocracia 
Critério entre bom e mau: consenso (bom) ou violência (mau); legal (bom) ou 
ilegal (mau). Aproxima-se dos critérios de Platão. 
Constituição -> causa primordial do êxito ou insucesso de todas as ações do 
seu povo. 
Único autor que considera a democracia uma forma positiva de governo. 
Teoria dos ciclos 
Governos bons e maus se sucedem em um ciclo no tempo. 
Monarquia -> Tirania -> Aristocracia -> Oligarquia -> Democracia -> 
Oclocracia -> Monarquia. 
Teoria do governo misto 
Síntese das três formas boas de governo. Melhor forma de garantir 
estabilidade. Forma ideal 
Princípio do equilíbrio -> controle recíproco dos poderes. 
Órgãos do governo romano: cônsules (monarquia), senado (aristocracia) e 
eleições populares (democracia). 
 
 
AULA 6 – NICOLAU MAQUIAVEL: O CIDADÃO SEM FORTUNA, O 
INTELECTUAL DE VIRTÚ 
Autor: SADEK, Maria Tereza 
Maquiavel fala sobre o Estado real, capaz de impor ordem. 
Rejeita a tradição idealista (Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino) e 
segue a trilha dos historiadores antigos (Tácito, Políbio, etc). 
Ordem: produto necessário da política, não é natural. Deve ser construída para 
se evitar o caos. Não é definitiva, possuindo sempre a ameaça de ser desfeita. 
Natureza humana -> caos. 
Maquiavel acredita numa sucessão entre ordem e caos. 
Buscando defender Maquiavel de comentadores parciais e de adjetivos 
pejorativos como “maquiavélico”, Rousseau o defende em sua obra “Do 
Contrato Social” ao afirmar que “Maquiavel, fingindo dar lições aos 
Príncipes, deu grandes lições ao povo” 
Metodologia: verita effetuale. 
Maquiavel analisa a política na sua forma mais real. Privilegia o ser em 
detrimento ao dever ser. 
ANARQUIA X PRINCIPADO E REPÚBLICA 
Sociedade tem duas forças: uma que quer dominar e outra que não quer ser 
dominada. Essas forças opostas promovem uma instabilidade. 
Problema político: manter a estabilidade das relações que sustentem a 
correlação de forças. 
Respostas à anarquia: 
* Principado: fundador do Estado, agente de transição. 
* República: sociedade que encontrou as formas de equilíbrio. 
VIRTÚ X FORTUNA 
Luta de Maquiavel contra a predestinação. 
Fortuna não é só sorte, mas tudo que se faz para chegar até ela. 
Governantes devem possuir virtú para possuir o respeito dos governados. 
O poder se funda na força, mas é preciso virtú para manter o poder. Não 
adianta alcançar o poder se não se conseguir mantê-lo. 
Virtú: Sabedoria no uso da força; manutenção da conquista; agir como homem 
e como animal (leão - forte, raposa - astúcia). 
Homem de virtú: fama, honra e glória parasi, segurança para seus 
governados. 
Qualidade do príncipe: saber agir conforme as circunstâncias. 
Virtú política exige também os vícios. 
Ética de Maquiavel: ética do resultado, "os fins justificam os meios". Porém 
Maquiavel diz que não são todos os fins que justificam os meios! 
Política tem uma ética e uma lógica próprias. 
O PRÍNCIPE 
Formas de Governo: Repúblicas e Principados. 
Formas de Principados: Todos servem ao príncipe, ou todos servem aos 
nobres do príncipe. 
Cidades invadidas: conserva-se a lei, a destrói, ou a mantém e cobra-se 
tributo. 
Um príncipe deve proceder de forma tal que os seus súditos tenham sempre 
necessidade do Estado e dele. 
Deve priorizar a arte da guerra. 
Deve saber escolher seus ministros: a primeira opinião de um príncipe estriba-
se da qualidade dos homens que o circundam. 
DISCURSOS SOBRE TITO LÍVIO 
Duas fontes de oposição: interesses do povo e interesse dos grandes. 
Instituições mais essenciais dão a salvaguarda da liberdade. 
Guardas da liberdade do Estado -> direito de acusar. Importância do tribunal. 
O Príncipe deve organizar o Estado de modo que este perpetue após sua 
morte. 
O Príncipe deve tentar conquistar o afeto do povo. 
AULA 7 – TEORIA POLÍTICA MODERNA: O INDIVÍDUO E A 
SOCIEDADE. 
Autor: MACFARLANE, L. J. 
HOBBES 
Não considerava a razão uma graça divina, mas a recompensa dos que faziam 
esforço para alcança-la. 
Duas categorias dos movimentos dos homens: 
Voluntários: apetite e desejo, impulsos humanos; 
Involuntários: aversão e ódio. 
Homem não é escravo completo da sua natureza: razão torna possível a 
anulação dos desejos e o discernimento do que lhe é realmente vantajoso. Ou 
seja, o homem hobbesiano é moralmente neutro, agindo de acordo com suas 
preferências pessoais, não necessariamente sanguinolento e sádico. 
Estado de natureza = Estado de guerra. 
Conceito de justiça no estado de natureza: não existe o justo nem o injusto. 
Isso será estabelecido no estado civil. 
Leis da Natureza: 
Autopreservação: todos os homens devem procurar a paz enquanto tiverem a 
esperança de obtê-la; quando não puderem alcança-la, devem procurar e 
utilizar todos os auxílios e vantagens da guerra. 
Aceitação mútua: devemos estar prontos a abandonar nosso direito a todas as 
coisas, em benefício da paz, contentando-nos em ter com relação aos demais a 
liberdade que eles têm conosco. 
Cumprimento de acordos: que os homens cumpram os contratos que fazem. 
Paz, Defesa, Renúncia dos direitos individuais em favor da paz, o contrato e 
seu cumprimento. 
Essas regras representam uma renúncia mútua ou transferência de direitos e 
pressupõe a existência de um poder comum exercido sobre todos, com direito 
e força suficientes para assegurar a obediência: Estado. 
Sociedade civil: necessária para dar segurança aos acordos. 
Leviatã: Estado soberano de Hobbes, uma construção geométrica que garante 
o cumprimento dos acordos (covenants). Sem ele, o homem está fadado a cair 
em seu estado de natureza. 
Contrato: Leviatã, vida e defesa, irrevogável, soberano, leis e equidade. 
Este Estado só poderia ser estabelecido pelo consentimento ou pela força. Em 
ambos os casos, sua instituição dá origem a direitos e deveres que os homens 
têm a obrigação de aceitar. 
Soberano é a fonte de todas as regras e leis. 
Estado soberano não é tirânico nem totalitário: ordens do soberano devem ser 
consubstanciadas em leis civis. 
Conquanto um soberano não possa ser contestado ou desobedecido, ele pode 
ser aconselhado. 
LOCKE 
Assim como Hobbes, deriva a sociedade política a partir do homem natural 
(homem abstraído da sociedade política em que normalmente vive). 
Racionalidade e parcialidade: características permanentes do homem, explica 
os problemas humanos e também as medidas tomadas para resolvê-los. "Os 
homens tendem a defender seus interesses pessoais, e essa parcialidade os 
impede de agir segundo os princípios da verdadeira razão, fazendo-os preferir 
a satisfação pessoal às vantagens de longo prazo." 
Distingue o estado de natureza e o estado de guerra: estado de guerra é força 
ou propósito declarado de aplicar força sobre outrem, não existindo uma 
autoridade na Terra à qual se possa apelar para obter socorro. 
Crítica ao Estado absoluto: contrastando Hobbes, Locke reconhece que os 
encarregados de aplicar a justiça podem cometer injustiças. Na sociedade 
civil, só haverá estado de guerra quando a autoridade política for ineficiente 
ou corrupta. 
Estado de natureza de Locke: condição social em que os homens vivem em 
unidades familiares, gozando de direitos de propriedade estabelecidos e 
reconhecidos (contrário a Hobbes). 
Embora seja possível viver fora da sociedade política, riscos de cair em um 
estado de guerra são iminentes. 
Base da obediência política: consentimento. "A única maneira que alguém 
abre mão de sua liberdade natural é através de um acordo com outros homens 
para se unirem numa comunidade a fim de garantir uma vida confortável, 
segura e pacífica." 
Repudia a tese de Hobbes segundo a qual a desobediência e a revolta 
implicam a ameaça de retorno ao estado de natureza: dissolução da sociedade 
e dissolução do governo são idéias distintas. 
Só se pode resistir legalmente a um soberano quando este tiver abusado de sua 
autoridade. 
Se um dos ramos do governo excede sua autoridade, invadindo direitos e 
liberdades dos cidadãos ou deixando de exercer suas responsabilidades, a 
estrutura do governo se dissolve e o poder retorna ao povo. 
Homem racional 
Leis da natureza: racionalidade atrelada à vontade divina 
Razão x Parcialidade 
Estado de guerra: na sociedade civil, fora de sociedades políticas. 
Estado de natureza: direitos de propriedade, ausência de lei/juiz/poder, 
condição maléfica. Pode haver também estado de guerra. 
Estado de natureza -> Estado civil (evolução) 
* Ato de consentimento 
* Renovação do consentimento 
* Resistência ao absolutismo arbitrário. 
 
 
ROUSSEAU 
Natureza do homem próxima à de Aristóteles: potencial de realização do 
homem em condições ótimas. O homem natural é o homem como poderia ser, 
não como é. 
Duas forças existentes no homem: amour de soi (auto-interesse esclarecido) e 
amour-propre (interesse egoístico). O segundo é uma degeneração do 
primeiro. 
Rousseau rejeita o homem natural de Hobbes (egoísta e belicoso) e o de 
Locke (moral e sociável). 
Homem natural de Rousseau: tímido, solitário e indolente, preocupado apenas 
em satisfazer necessidades de alimentação, sono e prazer sexual. Não dão 
origem nem ao estado de guerras nem à vida social estável. É amoral e auto-
suficiente. 
Instintos pré-racionais do homem natural: auto-preservação e compaixão. 
Capacidade de aperfeiçoamento. 
Estado da natureza não é estático, mas um caminho gradual ao 
estabelecimento de sociedades civis estáveis. 
Primeiro estágio: crescimento da interrelação social, instituição da 
propriedade. Diminui a solidão humana, mas termina por culminar em 
conflitos de interesses em busca do benefício próprio. Se aproveitando disso, 
os ricos e corruptos fazem um contrato "anti-social" com os pobres e 
miseráveis, constituindo os grilhões da sociedade. 
Segundo estágio: a fraqueza dessa primeira sociedade induz os homens a 
designar magistrados para aplicar a lei. Apenas quando estes se tornam 
arbitrários que surge a tirania. 
Para Rousseau, o homem foi corrompido pela sociedade, mas devido à sua 
natureza maleável, ainda pode ser redimido. Porém, o retorno à sociedade 
primitiva é impossível e indesejável: a sociedade em si mesma não é 
responsável pelas circunstâncias, mas sim as formas degeneradas que 
assumiramao longo do tempo. 
A importância do Contrato Social e Émile é fornecer um padrão com o qual 
julgar as instituições sociais existentes e uma meta a se ter em mente quando 
da elaboração de reformas. 
O Legislativo (Parlamento) é o poder mais importante para Rousseau: 
representa os interesses democráticos. 
A lei não pode ser apenas o comando de quem detém o poder para assegurar 
obediência a sua vontade. 
Os homens não podem ter obrigações para com quem aquele exige o gozo de 
uma autoridade sobre eles: um homem só se pode obrigar na medida em que 
tem a liberdade de determinar se cumprirá ou não sua obrigação. 
Assim como Locke, condena o governo absoluto e arbitrário como contrário à 
natureza. 
Em contraste com Locke, não defende o direito inequívoco de rebelião contra 
o governo arbitrário. Para Rousseau, as revoluções tendem a provocar o 
colapso total da sociedade civil. 
A única comunidade genuinamente livre seria aquela em que cada indivíduo, 
embora unido aos demais, só obedece a si próprio, permanecendo tão livre 
quanto antes. 
Vontade Geral: susgêneres, onde se estabelece a soberania do coletivo. 
Perspectiva ideal; decisões devem emanar do povo e ocorrerem para o povo. 
Somatório das diferenças de vontades particulares de forma que apenas 
prevaleça o elemento geral, em prol da comunidade, e se elimine o auto-
interesse. 
A soma das vontades individuais NÃO constitui a Vontade Geral. 
Rousseau prega a desobediência em detrimento da revolução. 
AULA 8 - ESTADO E TEORIA POLÍTICA: MARX, ENGELS, LENIN E O 
ESTADO 
Autor: CARNOY, Martin 
MARX E ENGELS 
Marx é influenciado por Rousseau. Também acredita que a propriedade 
privada é o mal da sociedade civil capitalista. 
Para ele, a economia é o que explica a forma de pensamento dos homens e a 
estrutura social. 
Materialismo: Condições materiais da sociedade é a base de sua estrutura 
social e da consciência humana. 
Estado emerge das relações de produção, não do desenvolvimento geral da 
mente humana ou o conjunto de suas vontades. 
Consciência humana é produto das condições materiais: o modo pelo qual as 
coisas são produzidas, distribuídas e consumidas. 
Sociedade civil: relações jurídicas e formas do Estado cujas raízes estão nas 
condições materiais da vida. 
Hegel (Idealismo): Estado ideal, envolve uma relação justa e ética entre os 
elementos da sociedade. 
Marx (Materialismo): Não é o Estado que molda a sociedade, mas esta que 
molda o Estado. A sociedade por sua vez é moldada pelos modos de produção 
e suas relações. 
Para Marx, o Estado é a expressão política da estrutura de classe inerente à 
produção, ou seja, é um instrumento essencial de dominação de classes na 
sociedade capitalista, a expressão política da dominação burguesa. 
O Estado não é um ideal, é o povo. A burocracia é um elemento particular que 
identifica os interesses particulares do povo com os do Estado e vice-versa. 
Marx e Engels defendem que o Estado surge da contradição entre o interesse 
de um indivíduo e o interesse comum de todos os indivíduos. 
Mais valia: o valor do trabalho produzido não volta ao trabalhador na 
proporção que deveria. É o trabalho excedente. 
Caráter opressor do Estado: necessidade de controlar os conflitos sociais entre 
os diferentes interesses econômicos. Esse controle é realizado pela classe 
economicamente mais poderosa na sociedade. Estado representa o braço 
repressivo da burguesia. 
Teoria do Estado como instrumento da classe dominante: 
1. Membros do sistema de Estado tendem a pertencer à mesma classe ou 
classes que dominam a sociedade civil; 
2. Classe capitalista domina o Estado através de seu poder econômico global; 
3. Estado está inserido no modo capitalista de produção. 
Dois níveis de autonomia do Estado. 
No primeiro, a burocracia tem alguma autonomia frente à burguesia, devido à 
aversão desta em atuar diretamente no aparelho do Estado. 
No segundo, a luta de classes é congelada pela incapacidade de qualquer 
classe em demonstrar seu poder sobre o Estado. Assim, este adquire 
autonomia frente ao controle de classes. 
Estado representa os interesses de uma classe específica mesmo quando ele se 
posiciona acima dos antagonismos de classe. 
LENIN 
Para Lenin, assim como para Marx e Engels, o interesse no Estado centrava-se 
na revolução, na transformação do capitalismo para o comunismo. 
Interpretação leninista de Marx: sem conflito de classes, não há necessidade 
de Estado. 
Lenin objetivava estimular uma estratégia específica para a revolução 
soicalista: primeiro derrubar o Estado burguês, depois a transição para o 
socialismo. 
Ditadura do proletariado: criação de um Estado que elimine a burguesia. 
O Estado só desapareceria em um período posterior à revolução socialista. 
A destruição do Estado burguês de Lenin, resultou também na destruição de 
todas as tentativas de construção de um Estado democrático, dos 
trabalhadores, antevisto por Marx. 
Estado de Lenin era centralizado como um exército, com todo o poder e 
autoridade residindo em seu Comitê Central. 
Rosa Luxemburgo criticou o estado de Lenin: Rosa Luxemburgo criticava o 
centralismo e o abandono da democracia operária. A ditadura do proletariado 
se tornara obra de uma liderança minoritária, e não de participação ilimitada e 
ativa do povo, como deveria ser. A ditadura do proletariado não deveria 
eliminar a democracia, mas basear-se na participação ilimitada e ativa do 
povo: no "parlamento operário". 
Crítica aos sociais-democratas por se acomodarem com a democracia 
burguesa. 
AULA 9 - O ESTUDO DA POLÍTICA: TEORIA POLÍTICA 
CONTEMPORÂNEA 
Autores: PIO, Carlos; PORTO, Mario 
Três correntes: elitismo, marxismo, pluralismo. 
Questão central: relação entre os sistemas político e econômico; afinidades e 
incompatibilidades entre a democracia-representativa e a economia de 
mercado. 
No taxation without representation: Estado deve responder às demandas da 
sociedade e a ele prestar contas. 
Estado moderno: dominação racional-legal. Obediências às normas pelos 
membros da sociedade. Estado é foco de disputas. 
O Estado moderno monopoliza o uso legítimo da força em um dado território; 
a partir desse recurso fundamental de poder, toma decisões que requerem 
obediência por parte de todos os habitantes do território. 
Estado está submetido ao conjunto de regulações que ele próprio estabelece. 
Necessidade de obediência (povo deve perceber o processo de democratização 
e ser capaz de influenciar as decisões públicas) x Necessidade de riqueza 
(desigualdade de rendas e poderes) 
O Estado deve estabelecer mecanismos de estímulo à acumulação privada de 
riquezas para poder taxa-las. 
Incompatibilidade: mercado econômico realiza a desigualdade material 
enquanto a democracia se assenta na idéia de que os indivíduos dispõem de 
igual capacidade para fazer valerem os seus interesses. 
ELITISMO 
Pareto e Mosca 
Indivíduos que possuem um maior grau de capacidade. Possuem interesses 
homogêneos, sendo de fácil organização. Isso explica a capacidade de 
domínio sobre a massa. 
Mosca: elite homogênea, uma única elite que representa os valores da 
sociedade. A elite muda quando os valores mudam. 
Pareto: elite heterogênea, elites diferenciadas. As próprias elites aceitam 
novos membros com influência, se adaptando às mudanças da sociedade. 
Elite governante: membros natos da elite (qualidades superiores) que possuem 
características adequadas para exercer o poder (resíduos). 
Problemas relativos ao equilíbrio social: 
1. elite não-governante é ameaça à estabilidade da ordem, ao assumirem 
postos de comando sem possuírem as qualidades requeridas para exercê-los.2. Eficiência do processo de “circulação de classes”. Membros da elite 
governante são substituídos por indivíduos recém-saídos da elite não-
governante e da não-elite, que renovam as qualidades necessárias ao contínuo 
exercício da dominação. 
Atributos de poder: força física (poderio militar); exploração da terra 
(proprietários); crença religiosa (aristocracia clerical); cultura científica 
(sábios). 
Mills: as três altas rodas do poder, nos EUA (e toda sociedade pode ser assim) 
há 3 classes que comandam a sociedade: industriais, políticos e militares, 
essas altas rodas muito dificilmente aceitam a entrada de novos membros no 
seu seio (um grande empresário se torna um político, que se casa com uma 
filha de militar, assim as altas rodas dificilmente recebem novos membros). 
Estabilidade da ordem: constante renovação da elite, para renovar sua 
capacidade de domínio. Defendido por Pareto e Mosca 
Robert Michels, “Lei de Ferro da Oligarquia”: a democracia é uma utopia 
irrealizável. “Se nem os partidos políticos que advogam a plena 
democratização da sociedade conseguem organizar-se internamente de 
maneira democrática, seu objetivo de transformação radical da sociedade é 
irrealizável.” 
Elitistas: democracia é irrealizável, qualquer sociedade será governada por 
poucos. Acredita numa adaptação da elite. 
Concentração do poder político no topo das estruturas política, social e 
econômica. 
Ideal democrático rousseauniano, de autogoverno das massas, é descartado. 
 
 
PLURALISMO 
Schumpeter, Dahl e Lindblom. 
Anti-elitista. Condicionantes da ação individual. 
Homogeneidade cultural: permite a multifiliação (ver abaixo). 
Intensidade moderada das interações: não há ganhadores nem perdedores. 
É necessário que se demonstre como a elite efetivamente exerce sua 
dominação política. Os interesses reais da elite deveriam ser compartilhados e 
não são. 
Grupos sociais agem em nome dos interesses compartilhados por seus 
membros. São compostos por indivíduos autônomos que possuem ações 
individuais e distintas. 
Multifiliação: indivíduos que pertencem a mais de um grupo ao mesmo 
tempo. 
Volatilidade: indivíduos se agrupam em diferentes coalisões. 
Devem-se assegurar regras justas de interação política para que se mantenha a 
disposição de eventuais perdedores a continuar jogando. 
Eleições: interações competitivas entre os cidadãos para a constituição dos 
governos. 
Poliarquia: assegura o direito de contestação pública (liberdade de expressão, 
direito a eleições livres e competitivas, etc, etc). 
Capacidade de convencimento dos candidatos aos cargos públicos é recurso 
essencial ao exercício do poder. 
Críticas metodológicas ao pluralismo 
1. Não-refutabilidade empírica do pluralismo como deficiência que deriva de 
seus princípios normativos (estudos conduzidos apenas em grupos). Lowi. 
2. Antes de se questionar como o poder político é exercido, é preciso 
identificar os grupos beneficiados pelas estruturas vigentes – social, política e 
econômica (status quo). Bacharacz e Baratz. 
Schmitter: interdependência entre a estrutura política de um dado país e seu 
estágio de desenvolvimento econômico capitalista. O pluralismo não é uma 
forma capaz de durar para sempre. 
Desigualdades produzidas pelas interações de mercado afetam a distribuição 
de recursos políticos entre os cidadãos, ou seja, minam as bases sobre as quais 
se assentam os valores de igualdade política e soberania popular. 
MARXISMO 
Abordagem clássica 
Poder político está concentrado nas mãos daqueles que detêm posições 
dominantes na economia capitalista. Caráter coercitivo e parcial da dominação 
do Estado. 
Abolição da propriedade privada é condição necessária para a realização de 
qualquer princípio democrático. 
A base material da sociedade (relações de produção) determina a super-
estrutura (relações políticas, jurídicas, ideológicas, etc). 
Abordagem leninista 
Ênfase no caráter coercitivo de dominação do Estado. 
Incompatibilidade entre democracia e economia de mercado. 
Marxismo Ocidental 
Ênfase na economia e no papel de elementos superestruturais, como a política 
e o Estado. 
Contraposição ao clássico, ultrapassa a ênfase econômica: aceita a autonomia 
do Estado em algumas circunstâncias. 
Antonio Gramsci: revolução socialista no ocidente fracassou devido à 
estratégia política equivocada. Em sociedades menos complexas, a luta pelo 
poder se desenvolve em torno do aparelho do Estado, enquanto que em 
sociedades ocidentais, o fundamental passa a ser a disputa pela hegemonia da 
sociedade civil. 
Amplia o conceito de Estado: esfera da coerção da sociedade política 
(burocracia, exército, polícia) e também da direção da sociedade civil 
(hegemonial cultural e político). 
Adam Przeworski: marxismo é análise das consequências das formas de 
propriedade para os processos históricos. 
Offe, Nicos Poulantzas: abordagem macro, ressalta as estruturas econômicas, 
políticas e sociais. 
Ralph Miliband: abordagem micro, ressalta as relações e comportamentos dos 
indivíduos. 
CONCLUSÕES DOS AUTORES 
Tipos ideais: conceitos extraídos da natureza, mas não encontrados em sua 
forma pura na natureza. 
Não há respostas definitivas: correntes complementares. 
Duas certezas: 
Distribuição do poder material afeta o sistema político, mas o poder material 
não provém apenas da posse de propriedades, no sentido tradicional. 
Em alguma medida, qualquer Estado é autônomo. 
AULA 10 - INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA POLÍTICA: IDEOLOGIAS 
POLÍTICAS 
Autor: SELL, Carlos Eduardo 
Ideologia política: ideais, valores e princípios voltados para a ação prática da 
sociedade. 
IDEOLOGIA 
Sentido positivo: projeto político (Bobbio). 
Sentido negativo: falsas idéias. (Karl Marx). 
Acepção negativa de Marx: 
* Visão Instrumentalista: instrumento de dominação das massas 
* Visão Sistêmica: ilusão socialmente necessária. Ideologia é fruto do próprio 
sistema e invisível para os olhos da sociedade. 
Acepção positiva de Bobbio: 
Conjunto de idéias e valores respeitantes à ordem pública e tendo como 
função orientar os comportamentos políticos coletivos 
Visão de como dever ser construída a sociedade. 
IDEOLOGIAS DA PRIMEIRA MODERNIDADE 
Ideologias na primeira modernidade 
Tipos Ideologias Modelo de economia Modelo de Estado 
DIREITA Conservadorismo - Estado centralizado Liberalismo Capitalismo de 
livre mercado Estado mínimo 
CENTRO Social-democracia Capitalismo regulado pelo Estado Estado de 
Bem-Estar Social (welfare) 
ESQUERDA Socialismo/Comunismo Substituição do capitalismo pelo 
comunismo Estado Planejador Anarquismo - Sociedade sem Estado 
As ideologias possuem pontos de contato e podem compartilhar de 
determinados traços comuns, chegando a identificar-se. 
Ligados à expansão da Revolução Industrial e do capitalismo 
Fundamentos comuns da extrema-direita e da extrema-esquerda: 
fundamentalismo e uso da violência como estratégia política. 
LIBERALISMO 
Ideologia de direita, prega por um Estado mínimo a fim do funcionamento de 
um Capitalismo de livre mercado. 
Vertentes, duas faces da mesma moeda. 
Político 
Principal autor: John Locke 
Relações entre indivíduo e Estado; 
Não-interferência do Estado na vida privada; 
Liberdades fundamentais: vida, liberdade individual e propriedade. 
Econômico 
Principal autor:Adam Smith 
Relações entre mercado e Estado; 
Não-interferência do Estado na vida econômica (princípio do livre mercado); 
Estado Gendarme: proteção da propriedade privada e segurança pessoal. 
Papel do mercado na compatibilização dos egoísmos e na sua tradução em 
benefícios coletivos. 
Divisão do trabalho: vontade do homemde trocar, poupar e ganhar. 
Crises do Liberalismo Econômico: 
* Depressão de 1929 e teoria de Keynes; 
* Necessidade da intervenção direta do Estado no funcionamento do mercado; 
* Surgimento da social-democracia; 
* Fascismo - restrição das liberdades 
Neoliberalismo - 1979 (Friedrich Hayek): a liberdade econômica e o próprio 
mercado são fundamentos da liberdade política, ou seja, o capitalismo é 
condição necessária para a democracia. 
Inglaterra: Margaret Tatcher 
EUA: Ronald Reagan 
Hegemonia do neoliberalismo - Consenso de Washington: implementação de 
rígidas políticas de austeridade fiscal e privatizações recomendadas pelo FMI, 
Banco Mundial e Bird. 
Liberalismo se relaciona com o Pluralismo, pois é contra a existência de uma 
elite dirigente. 
Críticas: 
Marxismo - liberalismo como ideologia burguesa para consolidar seu poder 
econômico; 
Não garante a existência digna para todos os indivíduos. 
 
SOCIALISMO 
Objetivo central: superação do capitalismo. 
Modelo de Marx 
1. Abolição das classes sociais 
2. Abolição do Estado 
Entre outras coisas isso implicava a eliminação da propriedade burguesa 
(abolição das classes sociais) 
Distanciamento dos socialistas utópicos: buscava modelos reais e previsíveis 
Modelo Soviético 
Revolução Bolchevique (1917) 
Governo ditatorial, de caráter repressivo e autoritário (totalitarismo). 
Economia: socialização dos meios de produção – propriedade das atividades 
produtivas passou para o Estado. 
Planos Quinquenais: regulação e determinação de todos os aspectos da esfera 
econômica 
Partido único: partido comunista 
Controle social: controle da imprensa 
Política: controle do Estado a partir do partido único. 
Contribuições do Socialismo 
Despertar a consciência política dos trabalhadores; 
Consolidar o valor da igualdade. 
SOCIAL-DEMOCRACIA 
Uma das estratégias de transição do capitalismo para o 
socialismo/comunismo. Possuía vertente diferente do grupo revolucionário. 
Também visa uma sociedade sem classes. 
Mediação do Estado na Economia. 
Socialismo revolucionário: Insurreição/Coletivização. Maior conquista – 
Revolução Russa, 1917. 
Socialismo social-democrata: Eleições/Reformas Graduais. Principal 
agremiação – Partido Social-Democrata Alemão (1875). Maior conquista – 
construção do Estado de Bem-Estar Social. 
Estado de Bem-Estar Social 
Reformas graduais pelas quais a sociedade fosse alterando lentamente seus 
fundamentos. 
Intervenção do Estado na Economia (idéias de Keynes). 
1. O Estado responsabiliza-se pelas atividades não-lucrativas das empresas 
privadas; 
2. Governo regula por meio de políticas anti-cíclicas o funcionamento do setor 
privado; 
3. Estado atenua os efeitos distributivos do funcionamento do mercado. 
A social-democracia almejou humanizar o capitalismo e o colocou a serviço 
dos trabalhadores, porém abandonou seu objetivo inicial: a construção do 
socialismo. 
Pressupostos da social-democracia: capitalismo pode ser reformado e 
humanizado, tendo como instrumento mediador a ação do Estado. 
Pós Segunda Guerra Mundial: ascensão dos regimes socialdemocratas. 
Terceira Via 
Duplo-dilema do Welfare State – crise fiscal do Estado (1970): fontes de 
renda diminuíram (excessiva tributação comprometeu a produção industrial) e 
dependentes do Estado aumentaram (aumento do desemprego estrutural, fruto 
da automação). 
Terceira Via: transcender tanto o neoliberalismo (Primeira Via) quanto a velha 
social-democracia (Segunda Via). 
Busca aliar o Welfare State à otimização econômica. 
Representantes políticos: Tony Blair (Inglaterra, 1996); Leonel Jospin 
(França, 1997); Gerhard Schröeder (Alemanha, 1998); Bill Clinton (EUA, 
1992-2000). 
SEGUNDA MODERNIDADE E CRISES DAS IDEOLOGIAS 
Clivagem direita x esquerda cada vez mais irrelevante. 
Queda do Muro de Berlim 
Critérios culturais e pessoais guiam a escolha política dos eleitores. 
Bobbio ainda defende a visão de esquerda e direita: propostas que se inspiram 
no valor da igualdade são de esquerda, enquanto os que toleram a 
desigualdade em nome de outros valores são de direita. 
Sell - Motivos do enfraquecimento dos ideais políticos: 
* Excesso: valores da liberdade e igualdade já consolidados 
* Carência: novos problemas de organização coletiva (meio-ambiente, direito 
das minorias, riscos de grande ameaça) não podem ser respondidos pelas 
ideologias tradicionais. 
Bobbio: Esquerda e Direita ainda são discerníveis. 
Giddens: inversão das ideologias - esquerda conservadora e direita 
progressista.. 
Risco do exagero ideológico 
Periculosidade das Ideologias 
Princípio Definição Ideologias 
Físis Valorizar forças da natureza Nazismo Conservadorismo 
Nómos Valorizar forças sociais e humanas Estalinismo Anarquismo 
Lógos Valorizar a razão Tecnocracismo Liberalismo 
Sell: 
Perda de relevância do embate liberdade-igualdade. 
Novas questões em pauta: meio ambiente, igualdade de gêneros. 
Busca por novas ideologias. 
 
AULA 11 - DILEMAS DO NACIONALISMO 
Autor: NASCIMENTO, Paulo César 
Nacionalismo é associado à transição das ordens dinásticas para sociedades 
baseadas na doutrina de soberania popular. 
Polêmica sobre a origem do nacionalismo, se sua essência é democrática ou 
autoritária. 
CONFUSÃO CONCEITUAL ENTRE ESTADO E NAÇÃO 
Gellner: Nacionalismo é o princípio político que advoga a congruência entre 
Estado e Nação. 
* A idéia que move o nacionalismo é a criação de um Estado que exerça 
autoridade sobre a nação. Nação é o grupo humano que compartilha da mesma 
cultura. 
* A definição de Gellner deixa de lado manifestações como flamengos, 
escoceses, catalões e bascos, que não buscavam um Estado independente, mas 
várias formas de autonomia polítca em relação ao poder central. 
* Essa definição também confunde conceitos, associando patriotismo 
(lealdade ao Estado) e nacionalismo (lealdade à nação) como sinônimos. 
Nação tem relação direta com a identidade e a auto-consciência (o que o 
indivíduo se considera). Perspectiva relacional (comparação entre nações). 
Revolução Francesa: noção de povo como nação passou a ser associada ao 
Estado. 
A soberania popular colocou o povo como fonte de todo poder político, 
tornando-o quase sinônimo de Estado. 
Crítica de Nascimento: Nos casos em que a cada Estado corresponde uma 
nação, a confusão entre os conceitos não é muito relevante. Porém, Estados 
homogêneos, como Alemanha e Japão, são raros. 
PRIMORDIALISMO E MODERNIDADE 
Gellner: nacionalismo está ligado à passagem da sociedade agrária para a 
industrial. É a ideologia, cultura comum e língua única necessária para a 
consolidação do poder das elites sobre territórios definidos. 
O nacionalismo não é o despertar das nações à auto-consciência: ele inventa 
nações onde elas não existem. 
Instrumentalistas enfatizam o caráter manipulador do nacionalismo: elites 
empenhadas em defender seu poder político e seus interesses econômicos 
fomentam movimentos étnicos e nacionalistas, dirigindo-os contra seus 
oponentes. 
Anderson: critica Gellner, cuja visão do nacionalismo o reduz a uma doutrina 
inventada para manipulação de massas. 
Defende a nação como uma comunidade “imaginada” porque se estende para 
além dos contatos face a face. Enfatiza a dimensão psicológica do 
nacionalismo, pois este aparece igualmente no rastro do declínio das religiões. 
Modernistas: concordam que o início do nacionalismo pode ser datado em fins 
do século XVIII, mas divergem quanto ao locus: além da Revolução Francesa, 
há o romantismo alemão, Guerra Civil das Rosas na Inglaterra e o movimento 
de independência na América Latina. 
O sentimento do nacionalismo surge com amodernidade e não é construído 
por meio da história. 
Charles Tilly: enfatiza a ligação entre guerras europeias e o nacionalismo. 
Guerras criam Estados nacionais, e estes, por sua vez, geram mais guerras. 
Primordialismo 
Nações são unidades naturais da história da humanidade. Se algumas delas 
ainda não conseguiram despertar, isso decorre de injustiças históricas a que os 
movimentos nacionalistas se propõem a corrigir. 
Defendido por ideólogos e líderes dos movimentos nacionalistas. 
Divergências continentais: enquanto na Europa, a formação das nações era 
baseada em uma etnia principal e sua associação ao Estado, em outros 
continentes, a transferência de lealdades primordiais para o Estado central tem 
se mostrado bem mais difícil (ex: África, Ásia e América do Sul). 
Stalin: nação é uma comunidade histórica e estável, formada com base em 
uma língua comum, território, vida econômica e psicologia manifestadas em 
uma cultura comum. 
Problema: pesquisas históricas indicam que não há características essenciais 
da nação. 
Modernidade: 
Nacionalismo instrumentalista: nacionalismo como resultado de um processo 
de engenharia social. 
Nacionalismo pode ser remetido a idéias e processos socioeconômicos e 
políticos ligados à Revolução Industrial e Francesa. 
Nação e Etnia 
Vertente da autoconsciência: a essência da nação está na autopercepção de 
diferença que uma comunidade tem a outras comunidades, bem como os laços 
de semelhança e união que cada comunidade percebe como “seus”. 
Laços de semelhança são os sentimentos primordiais de caráter étnico. 
Enquanto nação sempre envolve autodefinição, a etnia é inconsciente, sendo 
mais identificada pelo grupo externo que o observa. O sentimento de 
solidariedade étnica não forma uma nação. 
Smith: traça um painel comparativo dos elementos étnicos e mostra sua 
influência na cultura das nações modernas. Seis elementos principais: nome 
coletivo, mito comum de descendência, história em comum, cultura distinta, 
associação com um território, sentimento de solidariedade entre seus 
membros. 
Calhoun/Foucault: formação discursiva. O nacionalismo é um discurso que 
integra uma comunidade a partir do significado comum que seus membros 
atribuem a eventos, ações e tradições associadas a seus elementos étnicos. 
A ligação direta entre indivíduo e nação que revela a dimensão política do 
nacionalismo. 
NACIONALISMO CÍVICO E NACIONALISMO ÉTNICO 
A soberania coletiva da nação levou à constituição de um Estado que, por sua 
vez, é a expressão política de seus cidadãos. 
Nacionalismo cívico 
Adesão aos princípios políticos de soberania popular e do governo 
representativo. 
Nacionalismo democrático. 
Greenfeld: nacionalismo que fez o caminho para a modernidade, e não o 
contrário. 
Mudou os critérios de dignidade humana e tornou a atividade econômica 
respeitável. 
Nacionalismo étnico 
Enraiza-se em componentes étnicos e primordiais (atributos únicos e 
particularidades das culturas) 
Por natureza, é excludente e coletivista, sua origem ressentida o faz 
desenvolver tendências à xenofobia e ao autoritarismo. 
Brasil é um caso em que houve transvalorização de valores, transformando a 
miscigenação e o mito da democracia racial como parte integrante da 
identidade nacional brasileira, apesar da evidente discriminação racial 
existente no país. 
As identidades nacionais mudam ao longo do tempo, podendo assumir um 
caráter étnico ou cívico, ou uma mistura dos dois. Sociedades baseadas 
puramente em um dos dois critérios não existem. 
Críticas à oposição do nacionalismo cívico e étnico alegam que o 
nacionalismo cívico é também cultural e deve ser estudado como tal. 
A idéia de uma identidade nacional exclusivamente baseada na cidadania e 
despida de etnocentrismos é irreal. 
Transvalorização de Valores 
Resposta dos intelectuais brasileiros à suposta inferioridade racial do Brasil, 
transformando a miscigenação em fator positivo e motivo de orgulho 
nacional. 
Contraponto à visão negativa da miscigenação. 
AULA 12 - CIDADANIA NO BRASIL 
Autor: CARVALHO, José Murilo 
CIDADANIA 
Cidadania reflete a relação do indivíduo com o Estado. Discute os direitos em 
sociedade. Esses direitos surgiram (no modelo inglês) a partir de movimentos 
sociais. 
Cidadania é dividida em direitos civis, políticos e sociais, de acordo com o 
modelo inglês (Marshall). 
Este modelo tem uma abordagem cronológica, a partir da Revolução 
Industrial, compondo as gerações dos direitos fundamentais: 
Direitos civis (séc. XVIII): direitos fundamentais à vida, à liberdade, à 
propriedade, à igualdade perante à lei. Igualdade pelo Estado. 
Direitos políticos (séc. XIX): participação do cidadão no governo da 
sociedade. Direito de votar e ser votado. Controle do Estado. 
Direitos sociais (séc. XX): participação na riqueza coletiva. Direito à 
educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. Relativo à 
justiça social. 
Na redemocratização, houve uma confusão entre o conceito de cidadania e a 
liberdade de expressão/direito de sufrágio. 
Educação popular: permitiu às pessoas tomarem conhecimento de seus 
direitos e se organizarem para lutar por eles. 
A construção da cidadania tem a ver com a relação das pessoas com o Estado 
(lealdade) e com a nação (identificação). 
CIDADANIA NO BRASIL 
Cidadania no Brasil veio de forma invertida: direitos sociais, políticos e por 
fim civis. 
A. Sociais: início, foram concedidos durante a ditadura civil de Getúlio 
Vargas. Não foram frutos de uma luta por direitos, mas foram concedidos por 
GV numa ação populista do governante. 
B. Políticos: foram desenvolvidos pelo regime militar, e não pelo processo 
democrático. Na abertura da ditadura para a democracia, a própria ditadura 
construiu as bases para o funcionamento da democracia brasileira. 
C. Civis: ainda em construção no Brasil. Cidadãos sendo tratados iguais pela 
lei. 
Drama da miséria, do desemprego, do analfabetismo e da violência são 
também dramas essenciais da cidadania. 
Perdeu-se a crença de que a democracia resolveria os problemas de 
desigualdade. 
Lei Agamenon (1945): se baseia nos princípios de Assis Brasil. Estruturou o 
Judiciário, definindo o novo Código Eleitoral, e instaurou o sufrágio universal 
(1946). 
"Estadania": neologismo (Estado + Cidadania). Intensa participação do Estado 
na construção dos direitos, e não na luta do povo contra o Estado. O Estado é 
que construiu a nossa cidadania. Estado como mecanismo de conquista da 
cidadania. Está mais orientada para o Estado do que para a representação: 
excessiva valorização do Executivo, baixo valor do Legislativo. As principais 
discussões não são feitas pelo legislativo. 
Consequências: 
* Excessiva valorização do poder Executivo. Busca por um messias político, 
um salvador da pátria. 
* Desvalorização do Legislativo 
* Visão corporativista dos interesses coletivos. 
* Ênfase na organização da sociedade: supremacia do Estado. 
Corporativismo: a sociedade brasileira se une de forma corporativa, para de 
forma corporativa conquistar seus direitos. 
O corporativismo definiu os direitos sociais e políticos no Brasil. Cidadania 
regulada: direitos associados a sua posição no mercado de trabalho e desde 
que você esteja vinculado a um sindicato. Além disso, haviam as 
representações funcionais (1932), que davam mais direitos de voto ao cidadão. 
Benefícios como aposentadorias ligados à filiação a um determinado 
sindicato. 
Lei Falcão: controle do direito político de ser votado. 
Futuro da cidadania: para conquistar os direitos civis de forma plena, é 
necessário abandonar a Estadania. Quando se conquista a igualdadepresente 
nos direitos civis, os outros direitos são expandidos. Porém, é necessário a 
sociedade se organizar e EXIGIR do Estado que todos sejam tratados de 
forma igual. Não se pode ficar dependendo do Estado para obter essa 
igualdade entre os indivíduos e perante o Estado. 
Esquizofrenia política: os eleitores desprezam os políticos, mas continuam 
votando neles em troca de benefícios pessoais. 
Crise do Estado-Nação: 
Redução do papel central do Estado como fonte de direitos e como arena de 
participação; 
Deslocamento da nação como principal fonte de identidade coletiva. 
Possibilidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de representação. Faz-se 
necessário, no entanto, reforçar a organização da sociedade a fim de dar 
embasamento social ao político. 
Experiências de colaboração entre sociedade e Estado: ONGs e associações 
cooperativas. 
AULAS 13 E 14 - TEORIA DEMOCRÁTICA ATUAL: ESPAÇO DE 
MAPEAMENTO 
Autor: MIGUEL, Luiz Felipe 
Beetham: Democracia é forma de tomada de decisões públicas que concede ao 
povo o controle social. 
Elementos da democracia grega: assembleia popular, sorteio para 
preenchimento dos cargos públicos, isonomia, isegoria, rodízio nas posições 
do governo, crença na igual capacidade de todos os cidadãos para gestão da 
polis. 
Isegoria: todos são igualmente responsáveis pelos deveres cívicos. 
CLASSIFICAÇÕES 
Diferentes classificações de democracia. Miguel apresenta cinco tipos de 
democracia representativa: 
1. Democracia liberal-pluralista: competição eleitoral livre e multiplicidade de 
grupos de pressão, que se envolvem em coalizões e barganhas. Cabe aos 
cidadãos formar o governo, mas não governar. Individualista. Política possui 
apenas valor instrumental. 
2. Democracia deliberativa: decisões políticas são frutos de uma ampla 
discussão. Os agentes não estão presos a interesses fixos (ao contrário do 
modelo liberal), e podem alterar suas preferências em meio ao debate. 
3. Republicanismo cívico: revalorização da ação na polis e do sentimento de 
comunidade. Opõe-se ao individualismo da tradição liberal. Participação 
política tem um valor em si mesmo. 
4. Democracia participativa: ampliação dos espaços de decisão coletiva na 
vida cotidiana. Participação democrática no dia-a-dia. Combinação dos 
mecanismos representativos com a participação popular na base. 
5. Multiculturalismo: política da diferença, afirmação das características 
distintivas dos diversos grupos presentes na sociedade nacional. Grupos, e não 
só indivíduos, são considerados sujeitos de direitos. 
Temas centrais: consenso e igualdade. 
DEMOCRACIA LIBERAL-PLURALISTA 
Defende a igualdade perante a lei. 
Schumpeter: 
Democracia é simplesmente uma maneira de gerar uma minoria governante 
legítima. Teoria elitista. 
Teoria concorrencial: luta competitiva pelos votos do povo. 
Visão desencantada da democracia, incapaz de cumprir suas promessas – 
governo do povo, igualdade política, participação dos cidadãos nas tomadas 
de decisões. 
Combinação entre eleitores pouco interessados e políticos competindo pelo 
voto representa a mais perfeita forma de governo. 
Riker: 
Manipulação dos mecanismos decisórios afeta os resultados. 
A democracia se resume ao ato de votar. 
Dahl: 
Concepção liberal atual de democracia. 
Presunção do desinteresse do eleitorado é relativizada – cidadãos se 
mobilizam no momento que seus interesses específicos são postos em questão. 
Eleições ocupam posição central, pois as preferências das minorias têm que 
ser levadas em contas pelos líderes quando fazem opções de política. 
Ênfase em eleições competitivas e múltiplos grupos de pressão. 
Poliarquia: capacidade de influência política diluída em inúmeras minorias. 
Admite que a democracia não é o governo do povo, mas nega a existência de 
uma classe dominante. 
Modelo bidimensional: inclusividade (ampliação da participação) e 
liberalização (direito de contestação) 
DEMOCRACIA DELIBERATIVA 
Principal corrente de oposição aos liberais-pluralistas; 
Defende a igualdade no debate. 
Habermas: 
Preferências são construídas e reconstruídas por meio das interações na esfera 
pública, em especial do debate entre os envolvidos. 
Ênfase na igualdade de participação. 
Autonomia: produção das normas sociais pelos próprios integrantes da 
sociedade é o valor fundamental que guia o projeto democrático. 
Habermas lamenta a decadência atual da esfera pública, manipulada por 
estratégias publicitárias. 
Defende o debate face-a-face. Utópico. 
Situação de “fala ideal”: 
1. Qualquer contribuição pertinente ao debate pode ser apresentada; 
2. Apenas a argumentação racional é levada em conta; 
3. Os participantes buscam atingir o consenso. 
Dificuldades de implementação. 
Problemas na dimensão social. 
Problemas do consenso. 
Manin: 
Ampla participação na discussão como um método de legitimação: “uma 
decisão legítima não representa a vontade de todos, mas é aquela que resulta 
da deliberação de todos”. 
Problemas: 
Desafios da promoção da deliberação. Pode se revestir de um caráter 
conservador, ser paralisante e protelatório. 
Grupos dominados têm menor capacidade de traduzir seus interesses numa 
retórica universalista. 
Modelo deliberativo postula uma forma legítima de produção de decisões 
coletivas, mas ignora vieses que viciam seus resultados. 
O mero acesso de todos à discussão é insuficiente para neutralizar a maior 
capacidade que os poderosos têm de promover seus próprios interesses. 
Interesses são produtos sociais. 
Também são instrumentalistas. 
REPUBLICANISMO CÍVICO 
Rousseau 
Crítica aos contratualistas liberais, que percebem a sociedade como mera 
agregação. Apresenta o projeto de uma associação, onde se cria uma 
verdadeira identidade coletiva. 
Vontade geral: vontade do todo social, do eu-comum que nasce com a 
associação. Não é a vontade de todos, individualista, e não é deliberativa, pois 
possui um caráter metafísico. 
Direitos concedidos aos indivíduos seriam os compartilhados pela 
comunidade. 
Estado de bem-estar social, terreno da solidariedade concreta. Opõe-se tanto 
ao neo-liberalismo como à intervenção estatal. 
Maquiavel é um dos heróis dessa corrente. 
Resposta está na comunidade. 
Política não é um mero instrumento, mas um valor em si mesmo. 
É por meio da comunidade que as idéias de identidade, pertencimento e de 
bom e do mal serão definidos. 
Problemas com relação às minorias. 
Críticas: 
Estado de bem-estar: relações frias e burocratizadas. Quebra o vínculo de 
solidariedade. 
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA 
Propõe alternativas que incrementem a presença popular na política. 
Democracia deve ser percebida e valorizada como um processo educativo. 
Reinvidicam Rousseau (busca da vontade-geral) e Stuart Mill (importância do 
voto) como precursores intelectuais. 
Autores mais representativos: Pateman e Macpherson. 
Pateman enfatiza a introdução de instrumentos democráticos na esfera de vida 
cotidiana. 
Macpherson aponta que o modelo participativo exige não apenas uma 
mudança de mentalidade como também a redução das desigualdades 
econômicas. 
Advogam a implantação de mecanismos democráticos nos espaços de vida 
cotidianos, como bairros, escolas, locais de trabalho e famílias. 
Criticam a relação entre democracia e capitalismo. 
Rompe-se com a idéia de que agir politicamente é um dom da elite. 
NÃO defendem a democracia direta. 
Rearranjos institucionais: equilíbrio entre o micro e o macro. 
Valorização da qualificação política dos cidadãos. 
A participação deve implicar decisão. Orçamento participativo NÃO engloba 
isso. 
Não é possível haver participação política quando hádesigualdade material. 
É possível ligar Capitalismo e Democracia? 
Socialismo real é solução? Não. Igualdade material sem participação política 
não adianta. 
Descentralização do poder: economia autogestionária e participação na base 
(mais accountability). 
Apatia: ausência de oportunidades + desigualdade material. 
MULTICULTURALISMO 
Constatação de que as sociedades contemporâneas são marcadas pela 
convivência entre grupos de pessoas com estilos de vidas e valores diferentes, 
por vezes conflitantes. 
Questão dos grupos oprimidos e dominados. Sujeitos a padrões desigualdade 
estruturados pela sociedade dominante. 
Inclusão dos grupos sociais numa reflexão política que, marcada pelo 
individualismo, tende a exilá-los. 
Um grupo social se define por um sentido de identidade compartilhada. 
Preocupa-se com a teoria da justiça. A democracia derivaria de um arranjo 
político propício à realização da justiça. (Justiça social). 
Autores multiculturalistas: Young, Williams e Kymlicka. 
Autores defendem que os grupos estão numa posição historicamente 
constituída de opressão e dominação. 
Conflitos entre os direitos de grupos e os individuais. Kymlicka defende a 
incorporação de restrições internas aos direitos de grupos, ligadas à 
manutenção das liberdades e dos direitos individuais. 
AULA 15 – IMPASSES DA ACCOUNTABILITY 
Parlamento eleitoral não existia no regime democrático grego clássico. 
Desafios da ordem democrática representativa: 
- relação entre preferência individual e vontade coletiva 
- igualdade formal não resolve a desigualdade 
- manipulação da vontade coletiva (Habermas) 
Três problemas fundamentais da democracia representativa: 
1. Separação entre governantes e governados – as decisões políticas são 
tomadas por um pequeno grupo e não pela massa dos que são submetidos a 
elas; 
2. Formação de uma elite política distanciada da massa da população, o grupo 
governante tende a exercer permanentemente o poder; 
3. Ruptura do vínculo entre a vontade dos representados e dos representantes. 
Resposta: Accountabilty. 
Accountability horizontal: Controle que os poderes estabelecidos exercem um 
sobre o outro; divisão dos poderes. 
Accountability vertical: necessidade que os representantes têm de prestar 
contas e submeter-se ao veredicto da população. Seu ponto culminante é a 
eleição. 
Termo médio entre o mandato livre e o mandato imperativo. 
A accountability tem limitações. A capacidade de supervisão é limitada pela: 
* complexidade das questões públicas - representantes são obrigados a se 
especializar, e nem sempre a população tem conhecimento suficiente para 
reinvidicar; 
* fraco incentivo à qualificação pública - dificuldade de visibilidade dos 
representantes eficientes; 
* controle sobre a agenda: Executivo passa por cima do Legislativo e este por 
sua vez passa por cima de outros. 
O bom funcionamento da accountability vertical depende da existência 
institucional de sanções efetivas sobre os representantes, da provisão de 
informação adequada e plural e do interesse pela política disseminado nos 
diferentes grupos da população. 
Os representantes devem ter poder efetivo para a implantação das políticas 
que preferem. O processo de globalização complicou o exercício da 
accountability, pois órgãos externos interferem no exercício da soberania 
popular. 
Responsividade é diferente de accountability. É o papel que o governante tem 
de responder aos anseios da população. Accountability está ligado à prestação 
de contas. 
Mandato imperativo (Rousseau): representante como emissário ou negociador 
- deve fazer apenas o que a base atribui o que ele faça. Deve fazer o que a 
sociedade quer. Controle total sobre as ações do parlamentar. 
Mandato livre (Burke): delegação do mandato ao representante. Defesa da 
autonomia dos representantes com relação aos representados. Os deputados 
são colocados em uma posição que os permite compreender as questões 
públicas, têm formações e acessos a essas informações, e possuem 
especializações. Não preconiza interlocução entre representantes e 
representados. Accountability vertical restrita ao momento da eleição. 
Representação da nação como um tudo; competência e especialização dos 
representantes. 
Dificuldades: complexidade da sociedade e política; Caráter multifuncional da 
representação. 
Critérios para o bom funcionamento: 
* sanções efetivas 
* acesso à informação 
* efetividade dos governantes (soberania frente a políticas internacionais) 
* interesse político da população 
CRISE DA REPRESENTAÇÃO 
Democracia representativa encontra-se em crise: excesso de demandas e 
declínio da autoridade do governo. 
Dahl: Paradoxo democrático – cidadãos apegados às normas democráticas, 
mas descrentes das instituições que deveriam efetivá-las. 
Queda na confiança popular em relação aos políticos, aos partidos e às 
instituições. 
A ativação política dos anos 60 e 70, que procurava distender os limites das 
democracias ocidentais, foi substituída por um descrédito generalizado, pois 
os cidadãos não se sentem representados. 
PROPOSTAS PARA A REPRESENTAÇÃO 
Objetivos: 
1. Ampliação da representatividade mimética do corpo decisósio, ou seja, 
governantes mais parecidos com os governados; 
2. Ampliação da pluralidade de vozes e perspectivas presentes nas esferas 
decisórias; 
3. Ampliação da força política de grupos tradicionalmente marginalizados; 
4. Ampliação da rotatividade nos cargos decisórios, impedindo a cristalização 
de uma elite política. 
Sugestões: processos eletivos aleatórios e inserção de cotas. 
As propostas afetam em maior ou menos grau a accountability: na medida em 
que o acesso aos postos de decisão depende menos da vontade dos 
governados, e mais de regras prévias de distribuição das vagas entre grupos ou 
da sorte, a responsividade dos governantes à vontade popular é comprometida. 
As propostas tentam prover responsividade através da similitude: as decisões 
políticas poderiam corresponder à vontade dos cidadãos comuns porque 
seriam tomadas por pessoas similares a eles. 
Young defende a questão da perspectiva social: grupos marginalizados 
possuem uma perspectiva própria sobre determinado problema vinculado a 
certos padrões, socialmente estruturados, de experiências de vida. 
Instrumentos que promovam a responsividade de modo independente da 
accountability podem ser importantes para garantir a presença das diferentes 
perspectivas sociais nos locais de discussão e decisão política. (valorização 
das cotas). 
Propostas de sorteio são inviáveis, mas servem como críticas ao 
funcionamento da representação eleitoral e da accountability 
AULA 16 – ATIVIDADES PRIVADAS E PARTICIPAÇÃO NA VIDA 
PÚBLICA 
Autor: HIRSCHMAN, Albert 
Olson: participação de cidadãos em ações coletivas é improvável mesmo que 
os benefícios para o indivíduo superem os custos de participação. 
Fenômeno da carona: resultado da ação coletiva é um bem público que pode 
ser aproveitado por todos; indivíduo é tentado a abster-se de contribuir, na 
expectativa de que outros se empenharão em seu benefício. 
Crítica a Olson: os elementos de sua teoria da decisão econômica geral 
carecem de um passado. 
Efeito do impacto: exagero dos benefícios e subestimação dos custos da ação 
que se contrapõe ao caminho seguido anteriormente e que levou a resultados 
desagradáveis. Se A falhou, B é uma opção muito mais promissora, 
independente de seus custos. 
Carona x impacto: dúvidas ao argumento da carona, pois a satisfação buscada 
pelos consumidores decepcionados, ao voltarem suas atenções para a ação 
pública, não provém apenas dos resultados que se espera dessas ações. 
Atrativoda ação pública: não existe uma distinção entre a luta pela felicidade 
pública e a busca desta. 
Conforto: ausência de desconforto. 
Prazer: experimentado entre a transição do desconforto para o conforto. Prazer 
de comer é distinto do conforto da sensação de saciedade. 
Na arena pública, prazer e custos se misturam e tornam-se difíceis de separar. 
Incerteza da ação pública transforma esforço para obtê-lo em luta. Para 
compensar a sensação de incerteza, essa luta passa a ser capaz por si só de 
transmitir uma sensação de prazer. 
Mudança cognitiva radical: percepção de que eu posso agir para melhorar a 
sociedade e posso me juntar a pessoas que pensam como eu. 
Outra abordagem: não é minha capacidade de mudar a sociedade que me 
proporciona prazer, mas o fato de que meu trabalho e atividades na esfera 
pública me desenvolvem e transformam. 
FRUSTRAÇÕES DA PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA 
Onda de decepções com a vida pública são ecos e reflexos da mudança 
coletiva anterior no sentido do envolvimento em questões públicas; decepções 
em relação aos referidos movimentos são sistematicamente geradas por 
características institucionais das sociedades modernas. 
Shaw: duas tragédias – a não realização de nossos desejos e a realização. 
Defesa prolongada de causas infrutíferas é frustrante, mas o fato da meta 
atingida não ser tão atrativa quanto antecipada pode ser pior. Outra razão: 
perda da necessidade da ação (republicanos após o fim da monarquia; 
separatistas após secessão). 
O resultado de uma ação pública não pode ser claramente qualificado como 
um sucesso ou fracasso. Costumam ficar aquém das expectativas porque a 
imaginação moderna é propensa a deslumbrar mudanças radicais, não 
enxergando resultados intermediários e paradas temporárias. 
Ação pública costuma tomar mais tempo do que originalmente se espera. 
Problema do tempo excessivo: na medida que a atividade pública toma o 
tempo que seria normalmente dedicado ao consumo privado, seu custo sob 
acentuadamente em determinado momento. 
Constant: critica a participação máxima clamada por Rousseau; defende a 
política representativa: “a liberdade nos será tanto mais valiosa quanto maior 
for o tempo que o exercício de nossos direitos políticos nos permitir dedicar a 
nossos interesses particulares”. 
Motivos da subestimação do tempo necessário para a ação pública: ilusão de 
que ela pode ser facilmente assimilada; acreditar que seu ponto de vista é o 
único que faz sentido, e portanto, facilmente prevalecerá. 
Dependência da vida pública: pode surgir a partir da sensação de liberdade 
para romper com as tradicionais linhas de conduta moral. 
Cidadãos estão sujeitos a limites estritos que coíbem seu envolvimento em 
assuntos de natureza pública na medida em que certas instituições políticas os 
impedem de manifestar a intensidade total de seus sentimentos em relação a 
esses assuntos. 
Voto 
Dilema do voto: garante a todos uma parcela mínima no processo de decisão 
pública e ao mesmo tempo estabelece um máximo ou teto. Não permite que os 
cidadãos registrem as várias intensidades com que sentem suas respectivas 
convicções e opiniões políticas. 
Ambiguidade do voto: elemento de defesa contra um estado excessivamente 
repressivo; proteção contra uma coletividade excessivamente expressiva. 
Rousseau: representação e eleição periódica tem sua origem em processos 
anticívicos. 
Hirschman: diz o contrário – estabelecimento do voto como instrumento 
decisório soberano acarreta a decepção com as limitadas oportunidades de 
envolvimento cívico. A consequência é seu declínio. 
Hirschman acredita que o comparecimento eleitoral seja maior quando os 
partidos estão permanentemente alertando os cidadãos para várias questões 
públicas do que quando apenas em épocas de eleição. (EUA x Europa). 
Formas de participação política além do voto: (1) influências no voto a partir 
de campanhas políticas; (2) manifestações. 
Hirschman acredita que participação em manifestações podem ocorrer mais 
pela vontade do indivíduo de manifestar que ele é capaz de ter fortes 
convicções sobre alguma questão pública, mais que o objetivo da 
manifestação em si. 
Sufrágio universal: mecanismo utilizado para conter revoluções. 
Voto tira a legitimidade de outras ações mais diretas, intensas e expressivas de 
ação política que, além de mais eficientes, são mais satisfatórias. 
AULA 17 – PROBLEMAS CONCEITUAIS DO ESTUDO DOS 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Autor: MUNCK, Gerard L. 
Escola americana da mobilização de recursos: Teoria da escolha racional – 
movimentos sociais como um problema de ação coletiva. Influência de Olson 
(caronas). Movimentos sociais estudados sob o ângulo individualista de custo 
e benefícios. 
Tarrow: crítica à tradição olsoniana. Movimentos sociais tem natureza social. 
Problema não é a participação, mas a organização da ação social. 
IDENTIDADE COLETIVA 
Touraine: identidade de um movimento social se forma no interior da 
estrutura de conflitos de uma determinada sociedade. 
Identidade coletiva apreende o sentido em que seus atores devem ser 
analisados nos termos da estrutura de conflitos de uma sociedade e, só depois, 
nos termos das estratégias que têm em vista. 
PEÇAS CONSTITUTIVAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
Três problemas: 
* Formação do ator – surgimento de fundadores ou organizadores que 
orientam o movimento social; 
* Coordenação social – constituição do movimento como tal, dificuldades de 
organizar massas descentralizadas e não-hierárquicas; 
* Estratégia política – orientação para a mudança. 
FORMAÇÃO DO ATOR 
Americanos: centra-se no ator, trata os fundadores dos movimentos sociais 
como dados; 
Europeus: não centraliza o ator, mas foca na explicação para a emergência do 
ator. Fundadores nascem da antiga ordem como portadores da aspiração de 
uma nova ordem. 
Movimento social nasce com uma identidade coletiva. Deve-se levar em conta 
a estrutura do conflito existente em uma sociedade determinada. 
COORDENAÇÃO SOCIAL 
Contribuições americanas. 
Fundadores do movimento não têm condições de controlar seus participantes 
por meio de aplicações compulsórias. Coesão ao movimento é feita por outros 
meios. 
Repertoires of contention: redes de relações sociais e marcos culturais 
disponíveis aos fundadores para coordenar a ação dos participantes do 
movimento. 
ESTRATÉGIA POLÍTICA 
Não abordada de forma satisfatória por nenhuma das correntes. 
Europeus: líderes e o movimento surgem da esfera social; a identidade 
coletiva e as implicações do movimento são importantes para uma análise da 
ação coletiva. 
Americanos: falta de clareza da dimensão social dos movimentos; não-
distinção das tarefas de coordenação da liderança e sua estratégia política. 
Misturam e confundem o problema político-estratégico associado à orientação 
para a mudança dos movimentos sociais com as considerações estratégicas 
geradas pelo problema da coordenação social. 
DISCUSSÃO DO PROBLEMA DA ESTRATÉGIA POLÍTICA 
Estratégia política é orientação para uma mudança. 
Líderes do movimento devem agir como um ator estratégico – precisam pesar 
as consequências de suas ações ou encarnar uma ética da responsabilidade de 
Weber. 
Deve-se afirmar a natureza inegociável da identidade social do movimento e 
se recusar a agir meramente como um ator estratégico. 
Influência recíproca entre a capacidade do movimento para empreender uma 
ação estratégica e a identidade com a qual nasceu. 
Resultados negativos: 
* Quando os aspectos estratégicos se tornam mais importante que a 
identidade, e a desvirtuam. 
* Quando as considerações estratégicas são relegadas em nome da identidade. 
Desafio: manter equilíbrio entre a afirmação

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