Buscar

Aula 06 - Dos crimes contra a paz pública - dos crimes contra a fé pública

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �15�
Dos crimes contra a paz pública 
1. Formação de quadrilha ou bando
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
Obs1: admite suspensão condicional do processo (tem pena mínima de 1 ano)
Obs2: não cabe prisão preventiva para agente primário (a pena máxima não ultrapassa 4 anos)
a) Bem jurídico tutelado: a paz pública 
b) Sujeitos do crime: 
- sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Obs: é um crime de concurso necessário ou plurissubjetivo: a lei exige no mínimo 4 pessoas, 4 associados. É um crime plurissubjetivo de condutas paralelas, ou seja, umas auxiliando as outras. 
Neste número mínimo de 4 pessoas, computam-se: eventuais inimputáveis ou pessoas não identificadas.
- sujeito passivo: é a coletividade (crime vago)
c) Tipo objetivo: pune-se a reunião de pessoas para a prática de crimes.
Vejamos, então, as elementares do tipo penal:
1ª elementar: associação 
No crime de quadrilha, estamos diante de uma associação (criminosa). Significa que há uma vinculação sólida quanto à estrutura, e durável quanto ao tempo. Ou seja, é uma associação estável e permanente.
Obs: durável não significa perpetuidade. Tem que ser durável no tempo, mas não precisa ser perpétuo.
Questão: é possível uma pessoa pertencer a mais de uma quadrilha? Prevalece que sim. O que a lei pune é associar-se e se o agente mais de uma vez se associa, não se pode negar a pluralidade de crimes.
2ª elementar: pluralidade de pessoas
A lei exige no mínimo 4 pessoas.
Obs: é importante saber qual o espaço ocupado pelos associados? Os integrantes precisam se conhecer? É indiferente a posição ocupada por cada associado na organização (dispensa-se hierarquia entre as pessoas constantes da quadrilha), não importando se conhecem uns aos outros. Se fosse exigido que todos os associados se conhecessem, jamais o PCC seria quadrilha. 
Questão: computa-se no numero mínimo de 4 pessoas o policial infiltrado? 
1ª corrente: não se computa o agente infiltrado no numero mínimo de 4 pessoas. Ele não age com o dolo dos outros 3. E mais, ele não é um verdadeiro associado. Ele é um pseudo-associado (Alberto Silva Franco).
2ª corrente: do mesmo modo que se admite a formação de quadrilha com a presença de menor de 18 anos (inimputável), embora não seja este culpável, é de se considerar válida a presença do agente infiltrado, embora ele não seja punido. O mesmo raciocínio que se faz para incluir o inimputável, faz-se para incluir o agente infiltrado (Nucci).
 
3ª elementar: fim de praticar uma série indeterminada de crimes
A finalidade da associação é a prática indeterminada de crimes. Mas atenção:
abrange apenas crimes dolosos. Não abrange crimes culposos ou preterdolosos.
não abrange contravenção penal.
esses crimes não precisam ser da mesma espécie.
Obs: para haver o crime do art.288, primeiro a pessoa tem que se associar pra depois deliberar quais crimes serão praticados. Então, a reunião de pessoas deve ser efetivada antes da deliberação dos delitos.
Se, primeiro houver a deliberação de quais crimes serão praticados, só depois havendo a associação de pessoas, é caso apenas de concurso de pessoas. Ou seja, associar-se já sabendo o crime a ser praticado é concurso de pessoas, e não crime de quadrilha.
	Quadrilha
	Concurso de pessoas
	1° momento: reunião de pessoas visando delitos indeterminados
2° momento: deliberação de delitos
	1° momento: deliberação de delitos
2° momento: reunião de pessoas com o delito já determinado
Questão: há diferença entre quadrilha ou bando? 
1ª corrente: quadrilha não se confunde com bando. Quadrilha é uma associação criminosa organizada, com hierarquia. Já o bando, é uma associação criminosa sem organização, não hierarquizada.
2ª corrente: quadrilha não se confunde com bando. Quadrilha é uma associação urbana. Bando é uma associação rural. 
3ª corrente: quadrilha é o mesmo que bando
d) Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo (vontade e consciência de associar-se em quadrilha ou bando), acrescido da finalidade especial de cometer crimes. 
Precisa ter finalidade de lucro? Não! Dispensa-se a finalidade de lucro. 
e) Consumação e tentativa:
em relação aos fundadores da quadrilha: consuma-se no momento em que aperfeiçoada a convergência de vontades entre mais de 3 pessoas.
em ralação aos novos integrantes: consuma-se com a adesão de cada qual.
Obs1: o crime de quadrilha é autônomo, ou seja, independe da efetiva prática de delitos pela associação. Dispensa-se a ocorrência do crime visado pelo grupo criminoso (se é uma quadrilha para a prática de roubos, se consuma independente da ocorrência dos roubos). Então, ocorrendo o crime visado pela quadrilha, haverá concurso de crimes, tanto em relação os participantes diretos ou indiretos do crime.
Obs2: trata-se de um crime permanente. Enquanto não cessada a associação, a consumação se protrai no tempo.
Imagine que ‘a’, ‘b’, ‘c’, ‘d’ formam uma quadrilha. ‘d’ abandona a quadrilha. Com relação a ‘d’, começa a correr a prescrição. Com relação aos demais não, pois com relação aos demais, a consumação ainda não cessou. 
De acordo com a maioria não é possível a tentativa (a carta convidando pessoa a associar-se em quadrilha é mero ato preparatório do crime).
Questão: a manutenção da quadrilha após a denúncia ou após a condenação gera novo crime? A manutenção da associação criminosa após a condenação ou denúncia constitui novo crime de quadrilha ou bando, não se cogitando de bis in idem. 
f) Causa de aumento de pena
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
Quando que a quadrilha ou bando é armado?
1ª corrente: basta que um dos integrantes esteja armado para gerar o aumento (Hungria).
2ª corrente: exige-se que a maioria dos membros esteja armada (Bento de Faria). Essa corrente é complicada, pois como saber o que é maioria, se às vezes não se sabe nem quantos integrantes há.
3ª corrente: o juiz deve analisar o caso concreto. Somente quando o número e tipo de armas gerarem maior perigo ao bem jurídico (paz pública) é que deve incidir o aumento (Heleno Fragoso).
Obs: é possível sim denunciar por quadrilha armada c/c roubo com emprego de arma. O STF não reconhece bis in idem roubo com emprego de arma e quadrilha armada, pois são infrações independentes, protegendo cada qual bens jurídicos próprios (o art.157, §2, I, está punindo o fato do agente empregar a arma no crime. O art.288, §único pune o fato da quadrilha ter arma). 
g) Princípio da especialidade
O art.288/CP aparece como norma geral, mas há casos especiais:
1ª) Lei dos crimes de genocídio (2.889/56)
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
2ª) Lei dos crimes contra a segurança nacional (7.170/83)
Art. 16 - Integrar ou manter associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça.
Pena: reclusão, de 1 a 5 anos.
Art. 24 - Constituir, integrar ou manter organização ilegal de tipo militar, de qualquer forma ou natureza armada ou não, com ou sem fardamento, com finalidade combativa.
Pena: reclusão, de 2 a 8 anos.
3ª) Lei de drogas (11.343/06)
Art. 35.  Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)dias-multa.
Parágrafo único.  Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.
H) Acordo de leniência
Nos crimes contra a ordem econômica admite-se acordo de leniência. Acordo de leniência é um pacto de colaboração do infrator na investigação de crimes contra a ordem econômica que, uma vez cumprido esse pacto, é causa de extinção da punibilidade (ou seja, delação premiada).
	Antes da lei 12.529/11
	Depois da lei 12.529/11
	- antes, o acordo só contemplava os crimes dos art.5, 6 e 7 da lei 8.137/90 (lei dos crimes contra a ordem econômica).
Art. 35-C. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de novembro de 1990, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo (Incluído pela Lei nº 10.149, de 21.12.2000).
 
	- agora, a celebração do acordo de leniência abrange também os demais crimes diretamente relacionados a prática de cartel (art.87, 12.529/11).
Esses “demais crimes” alcança a quadrilha ou bando. 
Art. 87.  Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e os tipificados no art.288 do Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência. 
Parágrafo único.  Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue-se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo. 
Dos crimes contra a fé pública
falsidade de documento público (art.297)
falsidade de documento particular (art.298)
falsidade ideológica (art.299)
1. Falsidade (material) de documento público
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Obs1: é um crime de grande potencial ofensivo
Obs2: o STF não admite aplicação do princípio da insignificância
a) Bem jurídico tutelado: é a fé pública, mais precisamente, autenticidade dos documentos emanados da administração pública.
b) Sujeitos do crime:
- sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
Obs: quando funcionário público, cometendo o crime prevalecendo-se do cargo, incide a majorante do §1 (não basta ser funcionário público, tem que prevalecer-se do cargo) 
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
- sujeito passivo primário: Estado, já que o que se está falsificando é documento público. 
- sujeito passivo secundário: eventual 3° prejudicado com a falsificação
c) Tipo objetivo: falsificar, no todo ou em parte, ou alterar.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
- na falsificação total, o documento é inteiramente criado pelo agente.
- na falsificação parcial, o agente aproveita-se dos espaços em branco de um documento existente.
Ex: no falsificar no todo, eu crio a CNH, por exemplo; no falsificar em parte, a CNH já existe, e o que eu faço é acrescentar dizeres no espaço em branco (ex: a CNH diz “José dos Santos” e eu acrescento “Silva”, ficando “José dos Santos Silva”). 
- alterar: o agente modifica documento público existente e verdadeiro, substituindo, por exemplo, palavras. Então o documento já existe com seus escritos e o agente rasura o documento, substituindo dizeres por outro. 
d) Objeto material: é o documento público. Essas condutas de falsificar ou alterar tem que recair sobre documento público. Mas o que é documento público?
( documento: é toda peça escrita que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização de algum ato dotado de relevância jurídica. 
Obs: a falsificação deve ser feita em coisa móvel. Não pode ser documento escrito em coisa imóvel.
 
( espécies de documento público: 
�
- documento formal e materialmente público: é formalmente público porque é emanado de agente público no exercício da função. É materialmente público porque seu conteúdo diz respeito a questões inerentes ao interesse público (ex: denúncia do MP, sentença).
- documento formalmente público, mas materialmente particular: é formalmente público porque é emanado de agente público no exercício da função. É materialmente particular porque tem conteúdo de interesse privado (ex: atos praticados por tabelião)
�
 
Então o objeto material pode ser de documento materialmente público ou privado, desde que formalmente público. O tipo penal abrange os dois tipos de documento.
Obs: os documentos escritos a lápis, ainda que emanados da administração pública (funcionário público), não são considerados documentos públicos. Porque? Por conta da insegurança em relação à manutenção da sua integridade. 
Questão: a mera substituição de fotografia em documento público verdadeiro é crime de falsidade de documento público ou crime de falsa identidade (art.307)? 
1ª corrente: configura o crime de falsa identidade (art.307). 
Mas onde está o erro desta corrente? Ela desconsiderou que este art.307 é um delito subsidiário, ou seja, só incide se não houver crime mais grave. Mas há crime mais grave.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
2ª corrente: configura o crime de falsidade de documento (o art.307 é subsidiário e só seria aplicável se não houvesse crime mais grave, mas há o crime mais grave, que é o art.297).
Obs1: no art.297 é imprescindível que a falsificação seja apta a iludir. Caso contrário, crime impossível, podendo configurar outro crime, por exemplo, estelionato.
Obs2: para aferir a falsidade é preciso de perícia.
Questão: existe hipótese em que a pericia é dispensável? Substituição de fotografia (se a foto não corresponde ao titular do documento, a falsidade se extrai da simples comparação. Não precisa da pericia).
e) Documentos públicos por equiparação: 
Não são emitidos pela administração e nem sempre seu conteúdo diz respeito a interesse privado. Se não fosse o §2, seriam considerados documentos particulares.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
- documento emanado de paraestatal
- título ao portador ou transmissível por endosso (ex: cheque)
Obs: se o título perder essa característica, ou seja, não puder mais ser transmitido por endosso, só por cessão civil, deixa de ser documento público por equiparação e volta a ser documento privado. Então, a falsificação desse documento deixa de configurar o art.297 e passa a configurar o art.298 (falsificação de documento particular).
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
- ações de sociedade comercial (preferenciais ou não)
- os livros mercantis (não importando se obrigatórios ou facultativos)
- testamento particular (não abrange codicilo)
 
f) Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo, sem finalidade especial animando o agente. Alias, dependendo da finalidade especial que anima o agente, outro poderá ser o crime (princípio da especialidade).
 
g) Consumação e tentativa: se consuma coma falsificação, no momento em que é praticada a falsificação potencialmente lesiva. 
Obs: é irrelevante que o agente faça uso do documento falsificado. 
Obs: e se ocorrer o uso? 
se quem usa o documento é o próprio falsificador, há o art.297 (falsidade de documento público), ficando o crime de uso de documento falso do art.304 absorvido (o art.304, nesse caso, é um post factum impunível). 
se quem usa o documento falso não participou da falsificação, o falsificador responde pelo art.297, quem usa, pelo art.304.
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Admite tentativa? Admite. É um crime plurissubsistente.
 
Obs: os §3 e §4 tratam de falsidade ideológica contra a previdência e não de falsidade material de documento.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 
h) Princípio da especialidade
1ª) Código eleitoral (4.737/65)
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro, para fins eleitorais:
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.
2ª) Lei dos crimes contra o sistema financeiro (7.492/86)
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
2. Falsidade de documento particular
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
a) Bem jurídico: é a fé pública, a autenticidade dos documentos particulares. 
b) Sujeitos do crime:
- sujeito ativo: é crime comum
Obs: no art.297, ha uma causa de aumento de pena que incide dependendo da condição do personagem autor do crime (ser funcionário público e prevalecer-se da sua função). Mas no art.298 não há esta diferenciação. A qualidade de servidor do agente aqui, não majora a pena.
- sujeito passivo: o sujeito passivo primário continua sendo o Estado (interessado na preservação da fé-pública) e o secundário é o terceiro prejudicado pela conduta do agente. 
c) Objeto material: a diferença entre o art.297 e art.298 está no objeto material
	Art.297
	Art.298
	- objeto material: documento público ou equiparado
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
	- objeto material: documento particular.
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O que vem a ser documento particular? Não podemos falar simplesmente que é o documento preparado por particular, pois o cheque e o testamento particular, por exemplo, são preparados por particular, mas são documentos públicos equiparados. Então, o conceito de documento particular se extrai por exclusão, ou seja, é todo e qualquer documento não público e não equiparado a público. 
Obs: é imprescindível a potencialidade de iludir do documento. Logo, aqui também deve ocorrer perícia, como regra.
e) Tipo subjetivo: o crime e punido a título de dolo e também sem finalidade especial. Dependendo a finalidade especial, muda o tipo penal.
f) Consumação e tentativa: idem ao art.297.
 
g) Princípio da especialidade
- Código Eleitoral (Lei 4.737/95)
Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa.
- Lei dos crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90)
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;”
3. Falsidade ideológica
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
a) Bem jurídico protegido: a fé pública 
Obs: os arts.297 e 298 dizem respeito à forma do documento, já o art.299 dize respeito ao conteúdo do documento. No art.299, há um juízo inverídico.
	Art.297 e 298 
	Art.299
	- a falsidade material envolve a forma do documento, sua parte exterior.
	- falsidade ideológica envolve a ideia, o conteúdo do documento.
b) Sujeitos do crime
- sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha o dever jurídico de declarar a verdade (não é apenas qualquer pessoa).
Obs: se for funcionário público, prevalecendo-se da função, incide a majorante do §único
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
- sujeito passivo: o sujeito passivo primário é o Estado, e o sujeito passivo secundário é o 3° prejudicado com a falsidade.
c) Tipo objetivo: o tipo penal prevê 5 ações nucleares, portanto, é um crime de ação múltipla. O tipo pune várias ações ou omissões:
omitir declaração: é uma hipótese de crime omissivo puro/próprio
inserir declaração falsa: o agente age diretamente
inserir declaração diversa da que deveria ser escrita: o agente age diretamente
fazer inserir declaração falsa: o agente induz 3° 
fazer inserir declaração diversa: o agente induz 3° 
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Obs: a falsidade deve ser apta a iludir. Mas aqui, não precisa de pericia. O documento aqui é autentico. O que há de inverídico é a ideia contida nele. A perícia não tem como atestar a falsidade da ideia.
Questão: vamos supor que você coloca no documento uma ideia falsa e esta ideia que você colocou no documento está sujeita a averiguação pela autoridade competente. A autoridade competente diz que o documento é falso. Configura o crime de falsidade ideológica? De acordo com a jurisprudência, em regra, não existe o crime quando a falsa ideia recai sobre documento cujo conteúdo está sujeito à fiscalização da autoridade.
Então, se a ideia colocada no documento depende de confirmação, não existirá o crime, pois a ideia, até ser analisada, não era capaz de surtir nenhum efeito. É um crime impossível. 
Questão: como tipificar o comportamento daquele que preenche um papel/documento em branco assinado? Vai depender de como é a posse do agente sobre esse papel:
se o papelem branco foi confiado ao agente, configura o art.299 (falsidade ideológica)
se o agente detém posse ilegítima do papel, configura o art.297 ou 298 (depende se o documento é público ou particular).
d) Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo, acrescido da finalidade especifica de lesar/prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a veracidade sobre fato juridicamente relevante.
e) Consumação e tentativa: consuma-se com a prática de qualquer dos comportamentos nucleares.
Obs: dispensa o uso do documento ou efetivo dano (crime formal)
Admite tentativa? Em regra, admite tentativa (ou seja, apenas nas modalidades comissivas). Logo, na modalidade omissiva (“omitir declaração”) não admite (é um caso de crime omissivo próprio). 
f) Causa de aumento de pena: 
- quando funcionário público comete o crime prevalecendo-se do cargo
- falsificação ou alteração de assentamento de registro civil incide o aumento de pena de 1/6.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
O objeto material aqui é o assentamento de registro civil. Está previsto no art.29 da lei 6.015/73
�
Art. 29. Serão registrados no registro civil de pessoas naturais:
I - os nascimentos;
II - os casamentos;
III - os óbitos;
IV - as emancipações;
V - as interdições;
VI - as sentenças declaratórias de ausência;
VII - as opções de nacionalidade;
VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
�
g) Princípio da especialidade: não configura o art.299, §único do CP os seguintes comportamentos sobre assentamento de registro civil:
- art.241/CP (registro de nascimento inexistente)
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
- art.242/CP (Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido)
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Obs: falsidade ideológica especial na lei de crimes ambientais (nesse caso, não configura o art.299, caput, mas sim o art.66 da lei 9.605/98).
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Questão jurisprudencial: pessoa, foragida da justiça, com mandado de prisão expedido, é parado numa blitz e identifica-se à policia com documento falso, com o objetivo de ocultar seus maus antecedentes criminais e preservar sua liberdade. Essa conduta de apresentar documento falso para evitar ser identificado e preso seria atípica, porquanto o agente estaria exercendo o seu direito de autodefesa assegurado pelo art.5, inciso LXIII, da CF?
O STJ tinha entendimento consolidado no sentido de que não configura o crime disposto no art.304 (uso de documento falso), tampouco no art.307 (falsa identidade), ambos do CP a conduta do acusado que apresenta falso documento de identidade perante a autoridade policial com intuito de ocultar antecedentes criminais e manter o seu status libertatis, tendo em vista se tratar de hipótese de autodefesa, já que amparado pela garantia consagrada no art.5, inciso LXIII, da CF. 
�
5ª TURMA: USO DE DOCUMENTO FALSO. ART. 304 DO CÓDIGO PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUTODEFESA. ORDEM CONCEDIDA.
1. A conduta do acusado que apresenta documento falso no momento da prisão em flagrante não se subsume ao tipo previsto no art. 304 do Código Penal, pois tal atitude tem natureza de autodefesa, garantida pelo art. 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal
2. Ordem concedida para absolver o paciente do delito tipificado no art. 304 do Código Penal, pela atipicidade da conduta. 
 
6ª TURMA: USO DE DOCUMENTO FALSO PARA OCULTAR A CONDIÇÃO DE FORAGIDO. EXERCÍCIO DE AUTODEFESA. ABSOLVIÇÃO. 
1. Consolidou-se nesta Corte o entendimento de que a atribuição de falsa identidade, visando ocultar antecedentes criminais, constitui exercício do direito de autodefesa.
2. No caso dos autos, a conduta atribuída ao paciente foi a de fazer uso de documento falso. É bem verdade que a finalidade era a mesma, ou seja, ocultar sua verdadeira identidade, por ser "procurado pela Justiça".
3. Embora o delito previsto no art. 304 do CP seja apenado mais severamente que o elencado no art.307 da mesma norma, a orientação já firmada pode se estender ao ora paciente, pois a conduta por ele praticada se compatibiliza com o exercício da ampla defesa.
4. Absolvição que se impõe quanto ao crime de uso de documento falso.
8. Habeas corpus concedido, de ofício, para absolver o paciente da acusação de uso de documento falso. 
�
Contudo, o STF, ao examinar o RE 640139⁄DF, cuja repercussão geral foi reconhecida, entendeu de modo diverso, assentando que o princípio constitucional da ampla defesa não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o objetivo de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente. Portanto, a partir desse julgado do STF, o STJ no HC 151866/RJ, julgado em 01/12/2011, mudou seu entendimento sobre o caso, adotando o posicionamento do Supremo.
RE 640139⁄DF - Crime de falsa identidade. Artigo 307 do CP. Atribuição de falsa identidade perante autoridade policial. Alegação de autodefesa. Artigo 5, inciso LXIII, da CF. Confirmação da jurisprudência da corte no sentido da impossibilidade. Tipicidade da conduta configurada. 
O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da CF⁄88) não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP). 
Adotando o mesmo entendimento do Supremo Tribunal Federal, Rogério Greco assevera que:
Com a  devida venia das posições ao contrário, não podemos entender a prática do comportamento previsto no tipo do art.307 do Código Penal como uma 'autodefesa'. Certo é que, de acordo com a determinação constitucional, o preso, vale dizer, o indiciado (na fase de inquérito policial), ou mesmo o acusado (quando de seu interrogatório em juízo) tem o direito de permanecer calado. Na verdade, podemos ir até além, no sentido de afirmar que não somente tem o direito ao silêncio, como também o direito de mentir ou de omitir sobre os fatos que, de alguma forma, podem lhe ser prejudiciais.
A autodefesa diz respeito, portanto, a fatos, e não a uma autoatribuição falsa de identidade. O agente pode até mesmo dificultar a ação da Justiça Penal no sentido de não revelar situações que seriam indispensáveis à elucidação dos fatos. No entanto, não poderá se eximir de se identificar. É um direito do Estado saber em face de quem propõe a ação penal e uma obrigação do indiciado⁄acusado revelar sua identidade.
Essa autoatribuição falsa de identidade nada tem a ver com o direito de autodefesa, ou de, pelo menos, não fazer prova contra si mesmo, de autoincriminar-se. São situações, segundo nosso raciocínio, inconfundíveis.
4. Fraudes em certames de interesse público
A lei 12.550/11 inseriu na parte especial do CP um capitulo novo no titulo X (que trata dos crimes contra a fé pública), chamado de “Das fraudes em certames de interesse público”. Esse capítulo prevê o crime do art.311-A (fraudes em certames de interesse público).
Art. 311-A.  Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstosem lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Obs: é cabível suspensão condicional do processo (pena mínima de 1 ano).
Obs: não cabe prisão preventiva para o agente primário (pena máxima não suplanta 4 anos).
a) Bem jurídico tutelado: quando o legislador prevê como crime fraudes em certames de interesse público ele quis proteger a credibilidade (lisura, transparência, legalidade, moralidade, isonomia e segurança dos certames de interesse público).
Obs: não precisa ser um certame necessariamente público. Tem que ser um certame de interesse público. Então, pode ser um certame particular, mas de interesse público.
b) Sujeito ativo
Quem pode praticar esse crime? O tipo exige alguma qualidade especial do agente? O art.311-A é um crime comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa.
Obs: se o sujeito ativo for funcionário público, a pena é aumentada de 1/3. Então, se a pena é aumentada de 1//3, não mais é cabível suspensão condicional do processo (pena mínima suplanta 1 ano) e passa a admitir prisão preventiva, mesmo para o agente primário (pena máxima suplanta 4 anos).
Art.311-A, § 3o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.
Obs: já existe um crime próprio para funcionário público que revela sigilo funcional (art.325). Então, para o funcionário público já havia um tipo legal regulando essa conduta. Mas e agora com o advento do art.311-A? Com o advento do art.311-A, o art.325 deixa de ser aplicado se a violação de sigilo funcional estiver direta ou indiretamente ligada a certames de interesse público (princípio da especialidade), aplicando-se, então, o art.311-A. 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
c) Sujeito passivo: o sujeito passivo primário é o Estado. O sujeito passivo secundário são eventuais lesados pela conduta do agente (ex: candidatos que foram aprovados, mas que tiverem o concurso anulado pela fraude).
d) Tipo objetivo
Art. 311-A.  Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei
Os núcleos típicos do tipo penal são “utilizar ou divulgar”. Utilizar é empregar, aplicar o conteúdo sigiloso em beneficio próprio ou de outrem. Divulgar é tornar público, propagar. 
O tipo traz um elemento normativo: “indevidamente”. Quer dizer sem justo motivo. O juiz vai valorar se a utilização de divulgação foi devida ou não devida.
O tipo prevê uma finalidade especifica: “com o fim de beneficiar a si ou a outrem”, ou de “comprometer a credibilidade do certame”.
O tipo prevê a elementar “conteúdo sigiloso”. Abrange não apenas as perguntas e respostas, mas qualquer dado secreto que, utilizado indevidamente, gera desigualdade na disputa (ex: pessoa revela que a prova está sendo feita com base na doutrina de determinado autor).
Essa fraude deve recair sobre: 
concurso público
avaliação ou exame públicos (ex: exame psicotécnico)
processo seletivo para ingresso no ensino superior (vestibulares e demais formas de avaliação seletiva, como por exemplo, ENEM)
exame ou processo seletivo previsto em lei (ex: exame da OAB)
Obs: o agente que, apesar de não utilizar, nem divulgar, mas que facilita o acesso de pessoas às informações sigilosas, responde nas mesmas penas do caput.
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.
e) Cola eletrônica: é a utilização de aparelho transmissor e receptor em prova.
Com o advento do art.311-A, a “cola eletrônica”, que STJ/STF, apesar de reconhecerem que era reprovável socialmente, declaravam que era fato atípico (não configura estelionato por ausência de vitima determinada), passa a ser crime? Deve-se analisar o caso concreto. Veja:
1ª situação: eu tenho o gabarito da prova do concurso. O candidato vai para a prova com um ponto eletrônico no ouvido e eu fico do lado de fora transmitindo as respostas corretas. Configura o art.311-A, tanto para quem divulga o conteúdo sigiloso, quanto para quem se utiliza desse conteúdo em beneficio próprio. Nesse caso, a cola eletrônica envolve acesso privilegiado a conteúdo sigiloso. 
2ª situação: eu sou professor. Espero alguém sair da prova, leio as questões da prova e transmito as respostas para o candidato que está fazendo a prova. Esse comportamento não configura o art.311-A, pois tanto quem transmite as respostas, quanto quem faz a prova, não tem acesso a conteúdo sigiloso. Nesse caso, a cola eletrônica não envolve acesso privilegiado a conteúdo sigiloso. Portanto, permanece fato atípico.
f) Tipo subjetivo: o crime é punido a titulo de dolo, acrescido da finalidade específica de beneficiar a si ou a outrem, ou então, comprometer a credibilidade do certame.
Obs: na modalidade do §1, basta o dolo, dispensando-se a finalidade especial do agente.
Obs: a modalidade culposa é atípica.
g) Consumação e tentativa
Para o crime se consumar, o agente precisa obter beneficio próprio ou de outrem? Precisa provocar dano à administração? Precisa comprometer a credibilidade do certame? Não. O crime se consuma com a pratica dos núcleos do tipo. Trata-se de um crime formal/consumação antecipada. A tentativa é possível.
Atenção ao §2: não precisa ser um dano material apenas. Pode ser um dano moral, um dano a credibilidade da administração.
§ 2o  Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
h) Aplicação de pena restritiva de direitos
Em princípio, no caso concreto, dificilmente a pena aplicada a esse crime irá passar de 4 anos. E se não passa de 4 anos, o crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa, cave PRD. Então, a lei 12.550/11 acrescentou ao art.47/CP mais um PRD: pena de proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exames públicos. 
É uma pena que não é aplicável somente ao art.311-A, mas que será muito utilizada para este crime.
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. (Incluído pela Lei nº 11.550, de 2011)

Continue navegando