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17/11/2013 1 Semiótica Introdução à Semiótica Social UFPE | Grupo de trabalho em Semiótica Social 2013.2 Para Kress e Van Leeuwen, um modo é como um certo recurso semiótico é modelado cultural e socialmente para a produção de significado. Portanto, uma imagem, um layout, uma música, um gesto, um ato de fala, um evento escrito, entre outros, todos são exemplos de modos usados na representação e na comunicação. Para os autores, modos diferentes oferecem potenciais diferentes de produção de significados. Eles diferem na representação de cultura para cultura, pois diferentes sociedades e seus membros têm diferentes exigências, modeladas de modo diferente. Para Gunther Kress o estado normal da comunicação é a multimodalidade. A abordagem multimodal busca compreender a articulação dos diversos modos semióticos utilizados em contextos sociais concretos, ou seja, nas práticas sociais com o objetivo de se comunicar. 17/11/2013 2 A teoria que lida com o significado em todas as suas instâncias, em todas as situações sociais e em todos os ambientes culturais é a Semiótica Social. As diversas formas de representação são denominadas modos semióticos para a Semiótica Social. Talvez a grande mudança no novo cenário da comunicação a esse respeito encontre-se no aumento do uso de imagem, mesmo em situações onde anteriormente a escrita teria sido utilizada. Consequentemente, uma tarefa urgente é a compreensão das diferentes possibilidades de escrita e imagem. Reading Images: Multimodality, Representation and New Media, Gunther Kress. Disponível em: http://www.knowledgepresentation.org/BuildingTheFuture/Kress2/Kress2.html Cultura visual 17/11/2013 3 A abordagem da semiótica social, não só chama atenção para os vários tipos de significados que estão em causa no design, mas o "social" em "semiótica social" chama a atenção para o fato de que os significados sempre se referem a sociedades específicas e suas culturas, e os significados dos membros dessas culturas. Reading Images: Multimodality, Representation and New Media, Gunther Kress. Disponível em: http://www.knowledgepresentation.org/BuildingTheFuture/Kress2/Kress2.html 17/11/2013 4 A fala e a escrita são organizados pela lógica e o princípio de ordenação de sequência no tempo. Querido diário, acabei de deixar meu coração. Eu tive que vir até em cima para a câmara direita do coração ( átrio direito) e apertar o meu caminho até o ventrículo direito, onde o batimento cardíaco ficou mais forte, e eu deixei o coração. Querido Diário, estou atualmente nos pulmões, é terrivelmente apertado porque os capilares são pequenos e existem milhões de nós. Nós acabamos de sair do oxigênio e recebemos algum dióxido de carbono. Querido Diário, entramos no fígado onde tivemos uma minuciosa lavagem. Querido Diário, acabamos de deixar o rim esquerdo onde deixamos um pouco de água que será transformada em urina. Querido Diário, terminei a minha viagem pelo corpo e parei no coração. Transcrição de um texto extraído de um estudante de ciências de 13 anos de idade, em uma escola na Austrália, sobre o funcionamento do sistema circulatório. O sangue fala em primeira pessoa. Fonte: Reading Images, pág. 40 Representação do sistema circulatório de forma esquemática Diagrama elaborado por um estudante de ciências de 13 anos de idade, em uma escola na Austrália, sobre o funcionamento do sistema circulatório. Fonte: Reading Images, pág. 41 17/11/2013 5 Falar em Semiótica Social é falar sobre os modos como diferentes aspectos da sociedade moderna se combinam para produzir significados. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 Recurso semiótico O termo ‘recurso semiótico’ é um termo chave na semiótica social. Ele tem suas origens no trabalho de Halliday que argumenta que a gramática de uma língua não é um código, não é um grupo de regras para produzir sentenças corretas, mas um ‘recurso para a produção de significados’. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 O significado surge em ambientes com interações sociais. Desse modo, os signos são sempre recém-produzidos em situações interacionais, são sempre motivados. 17/11/2013 6 A semiótica social é, ao mesmo tempo: uma prática orientada para a observação e análise, abrindo nossos olhos e ouvidos e outros sentidos para alcançar a complexidade de uma produção e interpretação semiótica + uma intervenção social, para a descoberta de novos recursos semióticos e novas formas de usar recursos semióticos existentes. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 O artista plástico Vik Muniz, brasileiro radicado em Nova York faz experimentos com novas mídias e materiais. Esta instalação foi para a abertura da novela Passione. Livros sobre semiótica comumente iniciam com a pergunta: o quê é semiótica? Theo Van Leeuwen faz perguntas diferentes: que tipo de atividade é realizada pela semiótica? o que pesquisadores em semiótica fazem? A resposta é que pesquisadores em semiótica fazem três coisas: Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 1. Coletam, documentam e sistematicamente catalogam recursos semióticos – inclusive sua história Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 2. Investigam como esses recursos são usados em contextos históricos, culturais e institucionais, e como as pessoas falam sobre eles nestes contextos – planejam, ensinam, justificam, criticam-nos, etc. 3. Contribuem para a descoberta e desenvolvimento de novos recursos semióticos e novos usos de recursos semióticos existentes 17/11/2013 7 Recursos semióticos não são restritos a fala, a escrita e às imagens. Quase tudo que fazemos pode ser feito de maneiras diferentes e, portanto permitem, ao menos em princípio, a articulação de diferentes significados socioculturais. A Forma de Andar pode ser um exemplo. Podemos pensar nela como um comportamento não-semiótico, locomoção apenas, algo que temos em comum com outras espécies. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 Mas há diferentes formas de caminhar. Homens e mulheres andam diferentemente. Pessoas de diversas partes do mundo andam de diferentes maneiras. Instituições sociais – o exército, a igreja, a indústria da moda – desenvolveram suas próprias maneiras especiais, cerimoniais de caminhar. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 Pela forma que andamos, nós expressamos quem somos, o que estamos fazendo, como queremos que os outros se relacionem com a gente, entre outras coisas. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 Que formas de caminhar podemos observar, e quais significados podem ser relacionados a elas? Esta é a primeira das três atividades semióticas descritas anteriormente, e é uma das principais contribuições do semioticista a projetos interdisciplinares: inventariar as diferentes articulações que um determinado recurso semiótico permite, e descrever o seu potencial semiótico, ou seja, descrever os tipos de significados que ele pode ter. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 17/11/2013 8 Relacionado ao termo ‘potencial semiótico’ está o termo ‘affordance’ [‘possibilidade’], que provém do trabalho do psicologista Gibson (1979). De acordo com Gibson, affordances são os usos potenciais de um determinado objeto. Estes provêm diretamente de suas propriedades observáveis. Entretanto, pessoas diferentes podem observar diferentes possibilidades, dependendo de sua necessidade e interesse e nas características da situação em questão. Introducing Social Semiotics, Theo VanLeeuwen, 2006 Isto é evidentemente muito similar ao conceito de ‘potencial significativo’ [‘meaning potential’] adotado por Halliday, em que os significantes linguísticos – palavras e sentenças – têm um sentido potencial em vez de um sentido específico, e precisa ser estudado no contexto social. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 A diferença é que o termo ‘significado potencial’ refere-se as definições que já existem na sociedade, explicitamente reconhecidas ou não, já o termo ‘affordances’ inclui significados que ainda não foram reconhecidos, que permanecem, como seriam, latentes no objeto, esperando para serem descobertos. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 17/11/2013 9 Estudar o potencial semiótico de um dado recurso semiótico significa estudar como este recurso tem sido, é, e pode ser usado para propósitos de comunicação, é construir um inventário de recursos passados e presentes e talvez, também, de recursos futuros e seus usos. Devido a sua natureza estes inventários nunca são completos, pois eles tendem a ser feitos para um propósito específico. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 17/11/2013 10 Ao mesmo tempo, não podemos saber antecipadamente quais os recursos que vamos precisar, e portanto também precisamos de inventários que sejam feitos sem uma necessidade imediata, sem um propósito imediato em mente. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 Hoje, o trabalho paciente de acadêmicos que documentaram e decodificaram antigos manuscritos egípcios, como os das civilizações Maias e Astecas, tem achado um novo uso no design de ícones de interfaces de computadores (HONEYWILL, 1999). O que parecia ‘pesquisa pura’, a busca do conhecimento por si mesmo, tem, de repente, se tornado um recurso valioso na resolução de problemas eminentemente práticos da comunicação global mediada por computadores. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 De maneira geral, a cultura de colecionadores dos séculos passados é agora um recurso valioso para designers, artistas e outros inovadores. Quando estas coleções não forem mais mantidas, nossos armazéns semióticos se esvaziarão e nossa capacidade de inovação diminuirá. Introducing Social Semiotics, Theo Van Leeuwen, 2006 17/11/2013 11 Atividade 1. Coleta de materiais: coletar 15 peças que podem ter qualquer forma 2. Descrição e exploração: descrever o porquê de ter escolhido o tema 3. Potencial semiótico: descrever os tipos de significados que esse inventário pode ter 4. Apresentação: explorar a melhor maneira de apresentar o material organizado de forma visual
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