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CAPÍTULO 1 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer a Filosofi a relacionada com a Educação a partir da concepção refl exiva e emancipatória. Relacionar os marcos históricos e as principais concepções e representações conceituais da Filosofi a com o ensino na tradição da educação brasileira. Conhecer as identidades e diretrizes decorrentes dos sujeitos históricos e movimentos sociais que sustentaram sua presença ou ausência no sistema educacional brasileiro. Conhecer os aspectos legais e curriculares da presença ou da ausência da Filosofi a na educação brasileira. 10 Metodologia do Ensino de Filosofi a 10 11 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 11 Capítulo 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Uma vida que não é examinada não merece ser vivida. (Sócrates) Damos início aos estudos desta disciplina de Metodologia do Ensino de Filosofi a com uma interrogação: Por que, para que e como fi losofar? Poderíamos responder a essa pergunta de inúmeras maneiras. Respostas favoráveis ou contrárias, com sentido ou somente levando em conta a sua validade, numa sociedade que é imediatista e prática. Porém, utilizando a afi rmativa de Sócrates apresentamos uma resposta extremamente signifi cativa e importante para cada um de nós, seres racionais. Ao não examinar, questionar e investigar sobre si mesmo, sobre o outro e o mundo, não há muito interesse em viver (no sentido pleno do que seja viver). Nossa racionalidade garante pensar nas causas e efeitos; nas vantagens e desvantagens; nos ganhos e perdas; no que posso ou no que não posso fazer; no bem e no mal; enfi m, numa vida melhor tanto para mim quanto para aqueles que vivem comigo. No processo do fi losofar posso fazer inúmeras outras perguntas. Muitas com respostas, outras que me deixam perplexo e sem uma resposta objetiva. Assim, perguntamos num ou noutro momento da vida: • Por que preciso comer certos alimentos? • Por que devo praticar atividades físicas? • Tenho de respeitar as regras de convivência em sociedade ou posso fazer o que quero? • O que me leva a buscar aperfeiçoamentos em minha atividade profi ssional? É um direito, uma obrigação ou um privilégio? • Quem garante que tudo tem de ser como é e que não poderia ser de outra forma? • O que devo fazer para ser feliz e viver bem? • Por que devemos ser éticos? É fácil ser ético no mundo em que vivemos? • As pessoas são realmente livres ou as suas ações são determinadas pela genética e pelo meio ambiente? 12 Metodologia do Ensino de Filosofi a 12 Você já deve ter feito inúmeras outras perguntas. Para algumas, você teve respostas, outras podem ter deixado você pensando. Como você está vendo, há vários tipos de questionamentos que somos capazes de fazer e, só nós é que fazemos tais perguntas -, portanto fi losofamos. Somos convidados e desafi ados a pensarmos bem. A tarefa não é fácil, ainda mais quando tudo e todos que estão à nossa volta preferem o caminho mais fácil. Querem respostas prontas, pensam pouco e não têm o hábito de investigar, de refl etir e discutir ideias. Por tudo isso é que respostas à pergunta “Por que, para que e como fi losofar?” Está em nós mesmos. Somos racionais e queremos investigar sobre o mundo, sobre as ideias, sobre as nossas ações e as ações daqueles que vivem conosco. Queremos poder viver bem, viver em comunidade, ser cidadãos participantes e ativos. Este capítulo apresentará alguns fatores históricos da entrada da Filosofi a no currículo escolar brasileiro. Além disso, conceitos de Filosofi a e Educação farão parte de nossos estudos para o entendimento e busca da Paideia, como forma que os gregos concebiam a Educação, ou seja, formação do homem como um todo, do homem integral. Não podemos esquecer que para compreendermos os fatores educacionais, também faremos resgates históricos e políticos de nossa história. Para iniciarmos esse capítulo e nossos estudos sobre a Metodologia do Ensino da Filosofi a, apresentamos o pensamento de Edgar Morin (1986, p.11): Saber pensar não é algo que se obtém por técnica, receita ou método. Saber pensar não é só saber aplicar a lógica e a verifi cação aos dados da experiência. Precisamos, pois, compreender que regras, que princípios regem os pensamentos que nos fazem organizar o real, isto é, selecionar/privilegiar certos dados, eliminar/subalternar outros. Precisamos adivinhar a que impulsos obscuros, a que necessidades de nosso ser, a que idiossincrasia de nosso espírito obedece ou responde aquilo que consideramos como verdade. Em uma palavra, saber pensar signifi ca, indissociavelmente, saber pensar o seu próprio pensamento. Precisamos pensar- nos ao pensar, conhecer-nos ao conhecer. 13 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 13 Capítulo 1 É essa a existência refl exiva fundamental, que não é só do fi lósofo profi ssional e não deve estender-se apenas ao homem de ciência, mas deve ser a de cada um e de todos. A partir destas primeiras ponderações sobre o porquê, para que e como fi losofar; e, impulsionados pelo pensamento de Edgar Morin, inicialmente vamos entender a Filosofi a e a Educação como Paideia. A FILOSOFIA E A EDUCAÇÃO COMO PAIDEIA A Lei 9.394/96 (LDB) fala da abrangência da Educação da seguinte forma em seu artigo 1º: A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996). Tendo continuidade no artigo 2º afi rmando que esta educação é dever da família e do Estado, porém não é o dever de educar que queremos abordar neste momento e sim os seus princípios que são: “De liberdade nos ideais, de solidariedade humana, tendo por fi nalidade o pleno desenvolvimento do Educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi cação no trabalho. (BRASIL, 1996). Assim ratifi camos que Filosofi a e Educação possuem mais afi nidades do que imaginamos. O tema é a Filosofi a, o campo é a Educação. O objetivo é investigar a possibilidade e realização de uma educação refl exiva emancipatória. A Filosofi a aqui, é aceita como o máximo de consciência possível que uma época ou sociedade pode alcançar. O ponto de partida é a premissa de que todo homem produz, ou se sustenta sobre uma determinada fi losofi a de vida ou conjunto de ideias e valores. Para tanto, apresentamos análises históricas e educacionais da experiência curricular e social e, também uma metodologia de educação fi losófi ca especialmente desenvolvida já com crianças, adolescentes e jovens, em busca de uma educação emancipatória. Um ensino fi losófi co e refl exivo entendido num conceito de autonomia, crescimento cultural e enriquecimento pedagógico dos educadores, educandos e todos envolvidos neste processo. Assim, como a Filosofi a a Educação também não possui um conceito universal, pois os princípios sobre os quais estes conceitos se apoiam A Filosofi a aqui, é aceita como o máximo de consciência possível que uma época ou sociedade pode alcançar. 14 Metodologia do Ensino de Filosofi a 14 modifi cam-se conforme o tempo, lugar e circunstâncias, apresentando variáveis conforme concepções políticas e ideológicas do tempo em que se está sendo pensado. No sentido comum que as pessoas utilizam em seu dia a dia, o conceito educação, signifi ca cortesia, gentileza, polidez, respeito e civilidade. Num sentido de ciência temos outros entendimentos e, houve vários modelos educacionais que perpassaram a história denosso país. De maneira geral, conceitua-se educação em toda e qualquer civilização como: transmissão de geração para geração dos valores culturais de uma comunidade social em que se está inserido e da qual se recebe um conjunto de técnicas normativas que satisfaça as necessidades físicas, biológicas e culturais, integrando o indivíduo à sociedade. A Filosofi a foi sempre encarada como uma forma racional de compreender o mundo e a realidade na qual estamos inseridos. Sendo realizada dentro das condições materiais, econômicas e ideológicas da sociedade. A Filosofi a como saber e método de investigação da realidade, assume uma expressão peculiar. Dentre as possíveis defi nições de Filosofi a, destaca-se “a construção histórica que acentua uma determinada concepção de conhecimento e uma forma de entender a realidade, a partir do concurso da razão e dos processos racionais”. (WONSOVICZ, 2004, p. 22). O ensino de Filosofi a passa, continuamente, por um processo avaliativo, bem como por críticas. É um movimento importante de permanente avaliação de seus pressupostos, formas e métodos, objetivos e contradições. É preciso entender que, historicamente, há um ethos paternalista que exclui as crianças, adolescentes e jovens da participação dos processos políticos decisórios. Parece também evidente que, na Filosofi a, do ponto de vista histórico, há pouco interesse e disposição em pensar a questão da infância e adolescência em suas implicações na educação. Esta visível indiferença da Filosofi a para com a educação das crianças é um problema intrínseco da Filosofi a. Portanto, temos a criança como um problema oculto que está presente no discurso fi losófi co desde a antiguidade. Filosofi a e Educação e paideia se pertencem mutuamente, porque comungam do mesmo interesse, isto é da formação do homem. Ethos: do grego que signifi ca costumes humanos quanto à bondade ou maldade deles. Este termo foi o que deu origem a palavra Ética que estuda a bondade e a maldade de qualquer ato humano, em qualquer sociedade, sendo este conceito ética universal e atemporal. Conceitua-se educação como transmissão de geração para geração dos valores culturais de uma comunidade social em que se está inserido e da qual se recebe um conjunto de técnicas normativas que satisfaça as necessidades físicas, biológicas e culturais, integrando o indivíduo à sociedade. 15 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 15 Capítulo 1 Paideia: do grego pais, paidos: a educação de uma criança. Relacionado a pedagogia. O pedagogo é o responsável pela orientação da educação das crianças. Em sentido lato, equivale ao Latim Humanitas (daí “as humanidades”), signifi cando a aprendizagem geral que deve ser patrimônio de todos os seres humanos. Promover a aproximação da infância, adolescência e juventude com a Filosofi a é questionar o conceito de fi losofar. Prova disto é a tendência formal da Filosofi a, de acreditar na existência de uma incompatibilidade entre infância e Filosofi a. A liberdade de pensar é, desde Sócrates, um bem inegociável. Em sua origem na Grécia Antiga, a Filosofi a foi voz da liberdade do pensamento, por outro, resultado da falta e da negação de tal liberdade. Por isto pensar nas razões do silêncio, no preconceito, no impedimento do fi losofar na infância e adolescência tem sido objeto de análises e refl exões de fi lósofos e educadores contemporâneos. O que corrobora com a ideia de que há uma relação intrínseca entre Filosofi a e Educação, ou melhor, entre as Ciências da Educação e a Filosofi a. A Filosofi a surgiu das condições materiais, econômicas e ideológicas da sociedade grega antiga. Desta forma de saber e de método de investigação da realidade foi que, nossa cultura ocidental assumiu uma linguagem especial. Por isto, dentre as defi nições de Filosofi a, destacamos a que afi rma que “[...] é uma concepção de conhecimento e uma forma de entender a realidade a partir da ampliação da razão e de seus processos racionais”. (WONSOVICZ, 2005, p. 44). Há outras perspectivas que apontam ser a Filosofi a uma orientação moral, uma conduta de vida; existem os que entendem Filosofi a como uma doutrina ético-religiosa ou um saber esotérico e há ainda aqueles que entendem como uma forma racional de compreender a realidade a si mesmo e ao mundo. São concepções que surgiram na Grécia Clássica do século IV a.C. e estão presentes na história da cultura ocidental. Diante desta construção histórica, a Filosofi a foi quase sempre defi nida como oposição às demais formas de saber e compreender a realidade. Os primeiros fi lósofos preocuparam-se com um tipo de saber que fosse capaz de superar o pensamento mitológico, que é um estilo primário de conhecimento. Defi niam-no como doxa, como um saber ingênuo, simplista, e também como opinião, pois não queriam confundir a Filosofi a com o dogmatismo das doutrinas e adivinhações mitológicas vigentes. O ponto que delimitava a intencionalidade do saber fi losófi co que ora surgia, era a distância Filosofi a é uma concepção de conhecimento e uma forma de entender a realidade a partir da ampliação da razão e de seus processos racionais. 16 Metodologia do Ensino de Filosofi a 16 de um saber primário, o senso comum, e a negação do saber mitológico. Assim lemos em Aristóteles na tradução de seu livro Política (1985 p. 982): [...] foi pela admiração que os homens começaram a fi losofar, tanto no princípio como agora; perplexos de início, ante as difi culdades mais obvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das difi culdades ainda maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol, e das estrelas, assim como da gênese do universo; [...], portanto, como fi losofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fi m de saber, e não com uma fi nalidade utilitária. Filosofar continua sendo questionar os fundamentos da realidade, os processos históricos e as ações e contradições do ser humano. Nos séculos IV e III a.C., no auge do esplendor da experiência política de Atenas, a investigação era sobre o que era o homem, quais eram as suas determinações, suas identidades, peculiaridades, potencialidades e natureza. Filosofar tinha uma função social e ideológica: explicar racionalmente o agir do homem no mundo e determinar os fundamentos do seu existir moral, de sua natureza política e visão estética, não havia mais o interesse em perguntar sobre o problema do mundo. A questão central da pólis e da Filosofi a grega clássica era a investigação da identidade e da essência do homem. Temos, assim, refl exões de todos os fi lósofos do século IV e III, com destaque para Sócrates, Platão e Aristóteles. A educação, a persuasão pela palavra, como os sofi stas queriam, o conhecimento, as origens da virtude e do poder, tal como preconizava Sócrates – considerando o pensador que inaugurou a refl exão ética na Filosofi a: logo, acompanhada da refl exão sobre virtude, o saber, a alma, a dialética ou ascese das coisas sensíveis ao sumo bem, no pensamento idealista de Platão, ou ainda, a brilhante original formulação do axioma clássico, o homem como animal político, na célebre defi nição de Aristóteles, todas estas questões estão superpostas na investigação refl exiva da dimensão humana e sua realidade ética, estética e política inaugurada pela pólis de Atenas, constituindo temático antropológico ou clássico. (NUNES, 2000, p. 60). No campo educacional, refl exões racionais da ação educativa vieram de fi lósofos e estas que propuseram a máxima de que toda a Filosofi a encerra-se numa paideia, no resgate deste clássico conceito grego de formação plena do homem para a vida na pólis. Com a prática dos fi lósofos educadores, o conceito de paideia ia além da simples instrução da criança. Era a formaçãodo homem integral, para a vida na pólis. Aplicava-se à vida adulta, à formação e a cultura, à sociedade e ao universo espiritual do homem; propunha a investigação da natureza humana a fi m de compreendê-la e oferecia possibilidade de participação política. A 17 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 17 Capítulo 1 verdadeira educação consistia em proporcionar ao homem as condições para o fi m autêntico da vida. Diz-nos Jaeger (1984, p. 407): A história da paidéia, encarada como a morfologia genética das relações entre o homem e a pólis, é o fundo fi losófi co indispensável no qual se deve projetar a compreensão da obra platônica. Para Platão, ao contrário dos grandes fi lósofos da natureza da época pré-socrática, não é o desejo de resolver o enigma do universo que justifi ca todos os esforços pelo conhecimento da verdade, mas sim a necessidade do conhecimento para a conservação e estrutura da vida. Platão aspira realizar a verdadeira comunidade, como o espaço dentro do qual se deve consumar a suprema virtude do homem. A sua obra de reformador está animada do espírito educador da socrática, que não se contenta em contemplar a essência das coisas, mas quer criar o bem. Toda a obra escrita de Platão culmina nos dois grandes sistemas educacionais, que são a República e as Leis, e o seu pensamento gira constantemente, em torno das premissas fi losófi cas de toda a educação, e tem consciência de si próprio como a suprema força educadora de homens. A atitude fi losófi ca ocidental, articulada como um conhecimento humano fez uma conexão entre o fazer fi losofi a e a ação de educar. Isto conferiu uma identidade entre Filosofi a da Educação (Paideia) e a refl exão ética e política, que fi cou patente na concepção da Educação como fundamento da sociedade. Foi Sócrates quem promoveu a mudança temática na Filosofi a, tornando- se a representação tipológica do “fi lósofo”, e mostrou na prática o que era fi losofar. Lemos em Jerphagnon (1992, p. 23): [...] Conhece-te a ti mesmo, proferia o Oráculo a que Sócrates gostava de se referir. O que não signifi cava entrega-te às delícias da introspecção, mas um “sabe que não és um deus”, que és um homem, consciente de suas capacidades e de seus limites. O homem não tem a medida de todas as coisas, o poder sobre todas as coisas, como pretendia Protágoras, e não se arranja tudo com palavras. Há uma realidade exterior ao discurso e que julga o discurso; o pensamento tem um objeto que julga o pensamento; a ação tem a norma que domina a ação. [...] Se Sócrates tornou-se a imagem do fi lósofo, sem dúvida foi porque simbolizou bem cedo a unidade da consciência benfeitora, fazedora de bem. O saber e o não saber são tão perigosos um quanto o outro, e a ação é cega. Há um saber verdadeiro e uma ação boa; em cada homem, pensa Sócrates, a fi losofi a tem como fi m último, adquirir aquele e consumar esta numa vida unifi cada. Podemos ainda compreender a Paideia como cultura. Este termo é atribuído em alguns autores como a formação do homem, o refi nar-se, polir-se. A pessoa que possui cultura é uma pessoa requintada, fi na e de boa postura. Quem não gostaria de ser reconhecido por sua cultura adquirida? 18 Metodologia do Ensino de Filosofi a 18 Atividade de Estudo 1) Conforme o Art. 2º da LDB, Lei 9.394/96, quais são os princípios da Educação? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2) Por que Filosofi a e Educação não possuem um único conceito? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 3) O que signifi ca afi rmar que historicamente existe um ethos paternalista? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4) Qual o signifi cado de Paideia dentro da Educação e para a Filosofi a grega? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 5) Qual foi a preocupação dos primeiros fi lósofos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ METODOLOGIA DO ENSINO DA FILOSOFIA: CRÍTICA E DIALÉTICA Assim como todo procedimento fi losófi co traça sua história e tem um passado, a luta pelo espaço da Filosofi a no currículo escolar desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, com professores, crianças, adolescentes e jovens, também fez a sua. Seria muita pretensão querer fazer com que, pela primeira vez, começássemos a fi losofar sozinhos. Filosofar é, em primeiro lugar, colocar-se diante de uma Filosofi a anterior, considerando-se aqui a tradição fi losófi ca. As correntes fi losófi cas, as grandes fi losofi as são bem diferentes das insuperáveis obras primas que veneramos e respeitamos quando as visitamos num museu. 19 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 19 Capítulo 1 A tradição histórica da Filosofi a deve servir como meio para descobrirem- se pensamentos vivos e atuais, para encontrar-se a Filosofi a em atitude, por meio da qual se torne possível dar ao próprio pensar um suporte, uma bússola para orientá-lo. Uma Metodologia do Ensino da Filosofi a condizente com os dias atuais e realidades sociais que vivemos, pressupõem uma releitura dos textos e escritos dos fi lósofos ou seus comentadores. É preciso aprender a ler, interpretar e comentar os entendimentos e os frutos das refl exões resultantes de tais leituras. A partir desta prática, dialética em sua estrutura, é preciso reconstruir, escrupulosamente, o trabalho do pensamento dos outros participantes, evitando-se os estereótipos escolares que simplifi cam as obras e contornam os obstáculos apresentados pelas palavras e pela aparência simplista e enganosa das fórmulas prontas. Com isto torna-se possível situar as ideias em contextos, sistemas coerentes, libertando-as de todo peso histórico e tornando-as um pensamento vivo, atual e condizente com as faixas etárias e com a situação real de cada indivíduo. É de suma importância estabelecerem-se as distinções e as defi nições a respeito do termo dialética. Ele tem assumido diferentes signifi cados no campo da pesquisa em Ciências Humanas. A Dialética, como mediação sócio- analítica, possui estruturas sólidas no campo da pesquisa em Educação. E na concepção dialética da pesquisa em Educação, a metodologia está intimamente envolvida com uma concepção de realidade, de mundo, de uma visão do homem e da história. A dialética é entendida então, a partir de suas matrizes fi losófi cas, encontradas nas origens do pensamento grego. Heráclito de Samos (apud NUNES, 1996, p. 13) – século VI a.C. – afi rmava que “tudo muda, nada permanece igual, como este fogo eternamente vivo, como a união dos contrários de amor e ódio”. Platão, com sua metodologia fi losófi ca investigativa, defi nia a Filosofi a como dialética, partindo das coisas sensíveis até atingir as verdades plenas e perfeitas. Sua dialética seria a transcendência da realidade sensível para se atingir, pelo pensamento e espírito, o mundo das ideias. Sua dialética está retratada no Diálogo intitulado, O Sofi sta, dedicado ao combate dos sofi stas na cidade de Atenas.Platão apresenta a dicotomia entre verdade e erro; e, pretende pela dialética, desmascarar a falsidade verbal e retórica dos sofi stas. A dialética em Hegel é a lei que rege a realidade absoluta do mundo, portanto, uma força interna do espírito objetivo que se desenvolve progressivamente na realidade histórica e material. A partir do conceito de alienação, no qual o homem se reconhece como estranho ao meio natural 20 Metodologia do Ensino de Filosofi a 20 social, tomando consciência de sua própria estranheza. No devir do processo histórico, ou seja, no acontecimento de sua vida dentro da história, o homem deve compreender, pela sua racionalidade, o que existe de universal e inteligível no mundo e aproximar-se disso, enriquecendo o seu espírito e evoluindo plenamente para o conhecimento objetivo – isto é Filosofi a: • um esforço consciente do homem em apropriar-se do mundo inteligível. O pensamento dialético, nascido do conceito de transformação e dinamismo do mundo, evolui para diferentes direções, a partir da lógica interna da contradição; • tese, antítese, síntese, negando-se e afi rmando-se plenamente. Não basta adquirir métodos de trabalho, que já mostraram seu valor em diferentes etapas de formação, com o simples objetivo de progredir na realização de trabalhos escritos ou orais. O essencial é que cada indivíduo seja capaz de acompanhar as exigências práticas de elucidação e de justifi cação de suas ideias; • a metodologia não pode ser assimilada e limitada a um conjunto de técnicas genéricas, cuja aplicação levaria a um bom resultado, ela não é mera habilidade externa ao saber. Para adquirirem-se métodos de trabalho em Filosofi a, há de se compreender que o método é inerente a própria Filosofi a. Elaborar uma metodologia já é fazer Filosofi a, visto que isto envolve necessariamente uma concepção fi losófi ca da Filosofi a. Atingir a maturidade fi losófi ca, dentro da aprendizagem que visa, a princípio, a autonomia intelectual é: • apoderar-se de técnicas de leitura; • de interpretação de textos; • do espírito de investigação fi losófi ca e, • das condições de tratamento sistemático das questões clássicas. Portanto, crianças, adolescentes e jovens que venham a assimilar e a obrigar-se a tal prática estarão formando autenticamente o seu espírito e concretizando o desejo de pensar por si mesmos, que é o que os motiva. Neste sentido afi rma Lipman (1990, p. 51): Fazer investigação fi losófi ca é estar, a vida toda, pondo-se as questões fi losófi cas e buscando corrigir, aprimorar ou produzir novas respostas a essas questões sem perder-se em ceticismos que nada indicam, ou em relativismos Atingir a maturidade fi losófi ca, dentro da aprendizagem é: apoderar-se de técnicas de leitura; de interpretação de textos; do espírito de investigação fi losófi ca e das condições de tratamento sistemático das questões clássicas. 21 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 21 Capítulo 1 que indicam pobremente – porque são particulares. Fazer investigação fi losófi ca é ter um estilo de viver envolvido na e com a construção de signifi cações humanas, ainda que tenham que ser constantemente refeitas. [...]. O problemático é inesgotável e se reafi rma desumanamente, quaisquer que sejam nossos esforços. Como em qualquer método ou programa de ensino, a efi cácia do trabalho de refl exão fi losófi ca depende, em grande parte do: • empenho pessoal; • da capacidade de iniciativa dos professores e alunos; • do desejo de investigar; • de leituras; • de discussões; • de produções de textos. Um programa fi losófi co, com sua metodologia e programas de conteúdos, não tem como meta convidar o estudante, independente de sua idade, a contentar-se em produzir esta ou aquela ideia fi losófi ca, ou aquela receita para entender o mundo e a realidade. Como um verdadeiro educador, um programa de ensino com seu rol de conteúdos, sua metodologia, não tem outro objetivo que o de tornar-se inútil tão logo desencadeie nos alunos a capacidade de terem, por si mesmos, o domínio do trabalho e do pensamento fi losófi co, o que implica em primeiro lugar, um desejo de fi losofar; puro e simplesmente, pensar por si mesmo, decidir, tomar nas mãos a responsabilidade por sua história. Por isso, um Programa com sua metodologia e com uma estrutura de conteúdos precisa e deve ser crítico e dialético. Atividade de estudo 1) Como é defi nido aqui, fi losofar? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2) Qual a utilidade da tradição histórica da Filosofi a dentro do aprender a fi losofar? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 22 Metodologia do Ensino de Filosofi a 22 3) Como é entendida a dialética como mediação socioanalítica? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4) De que depende a efi cácia do trabalho de refl exão fi losófi ca? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 5) Qual é o objetivo principal de um programa ou método de ensino? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ BREVE HISTÓRICO DA FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: DA COLÔNIA À ATUALIDADE Foi no século XVI que a Filosofi a passou a fazer parte dos currículos educacionais brasileiros. Com o desenvolvimento marítimo europeu de uma nação com traços predominantes cristãos, os portugueses chegaram ao Brasil através da ordem Jesuítica. Desembarcaram onde é, hoje conhecida, a cidade de Salvador, na Bahia, com a missão de catequizar e instruir os povos colonizados. Preocupados em arrebanhar mais pessoas para a Igreja, os Jesuítas caracterizaram a Educação e o ensino da Filosofi a, em seu princípio, como um modo propedêutico, preparatório. Sendo ensinado com base na doutrina aristotélica e no pensamento escolástico, pois era o que interessava ao clero, na época, para valorizar ainda mais a fé e a doutrina católica, em resposta à liberdade de religião advinda da Reforma Religiosa (Lutero). A educação no Brasil Colônia era uma cópia da cultura da metrópole, pois havia uma afi nidade de interesses entre a elite emergente e a coroa portuguesa, em que a educação, representada pela Igreja, tendo um saber 23 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 23 Capítulo 1 estruturado em uma cultura clássica, tradicional, livresca e com o domínio da gramática, era para bem poucos. O método pedagógico utilizado para o ensino da Filosofi a era formado pelo processo de repetição e memorização, sendo estes considerados osúnicos métodos válidos e efi cientes na aprendizagem. Até hoje, ainda se ouve falar que a repetição é a mãe da aprendizagem. O que se ensinava como conteúdo era a História da Filosofi a e os pensamentos fi losófi cos já existentes, sem haver uma preocupação maior com o desenvolvimento do pensamento refl exivo, sendo valorizado apenas a memorização dos sistemas fi losófi cos, e o pensar refl exivo, quando feito, era algo feito extraclasse. Mesmo com a expulsão dos jesuítas em fi ns do século XVIII, a Filosofi a não desapareceu, sendo que o seu ensino ainda apresentava uma forma precária, no entanto, manteve os mesmos aspectos livrescos e religiosos como método de ensino. Somente no século XIX que houve o surgimento dos cursos profi ssionalizantes e superiores, estes últimos a partir de 1930, sendo que o ensino secundário fi cou incumbido de preparar os jovens como curso propedêutico para o ingresso nos cursos de nível superior. Foi neste momento que a disciplina de Filosofi a ganhou caráter de obrigatoriedade nos currículos do Ensino Médio. Entretanto, não foi sanada com a obrigatoriedade algumas difi culdades que resultavam da falta de organização dos conteúdos fi losófi cos, identifi cação de que conteúdos deveriam ser lecionados e em quais séries, dentre outros. Houve uma grande mudança no sistema educacional brasileiro durante o século XX com o surgimento de novos movimentos ligados ao liberalismo. Estes novos movimentos defendiam uma educação desligada das infl uências da Igreja Católica em relação à formação da conduta humana. Para estes movimentos o que se fazia necessário era o desenvolvimento de forma objetiva da instrução científi ca e a busca pelo seu conhecimento. Esta busca era totalmente infl uência do pensar positivista de Auguste Comte, prevalecendo até os dias atuais em nossa realidade educacional. Estes movimentos criticaram então, a presença da Filosofi a nos currículos do Ensino Médio, pois não entendiam a sua utilidade na formação do pensamento cultural brasileiro. Liberalismo: Doutrina nascida e fi rmada na Idade moderna que defendeu e procurou realizar a liberdade no campo político. Foi dividida em duas fases, a primeira no século XVIII caracterisada pelo individualismo, e a segunda no século XIX caracterizada pelo estatismo. 24 Metodologia do Ensino de Filosofi a Além do interesse no saber científi co, houve também, um despertar de interesse na organização política. Após a proclamação da República, o Ensino Médio sofreu modifi cações, deixando o seu caráter propedêutico e assumindo uma postura mais científi ca, preparando os jovens para uma vida pública e para o mercado de trabalho, ou seja, era necessário fabricar mão de obra qualifi cada para o desempenho das atividades exigidas pelo Estado. Tendo em vista esta educação profi ssionalizante, muitos jovens perderam a oportunidade de ingressar em uma universidade. Era necessária a ordem para haver o progresso, para isso se fazia também necessário construir uma única forma de pensar. Com as mudanças educacionais e a Filosofi a esquecida, ou abandonada, a escolha de um curso superior fi cou de lado e o que prevalecia eram as instruções práticas para a vida e uma instrução geral da cultura que levasse todos os indivíduos a terem o mesmo modo no pensar. Foi a partir de 1915, com o decreto nº 11.530, que se defi niu que o Ensino Médio teria a única função de ministrar conhecimentos e criar a possibilidade de qualquer educando ingressar mediante um rigoroso exame, em qualquer universidade. A Filosofi a no Ensino Médio deixa o caráter complementar e passa a ser facultativa na escola pública. Em 1925, seguindo o decreto nº 16.782, no qual se afi rmava que o Ensino Médio era o pilar fundamental para a cultura geral do país e era o meio mais efi caz para o ingresso aos cursos de nível superior, voltava a Filosofi a, como caráter obrigatório nas grades curriculares brasileiras, tendo por objetivo preparar o homem para a vida e contribuir para a cultura geral do país. Houve um porém, de forma negativa, as aulas foram reduzidas ao quinto e sexto anos do colegial, ministradas três aulas por semana sendo utilizados sistemas nada refl exivos. Duas mudanças se fi zeram signifi cativas no sistema educacional nas décadas de trinta e quarenta. A primeira na década de trinta, determinou através de decreto que o Ensino Médio deveria formar o homem para todos e quaisquer setores da vida e para o desenvolvimento da nação. A segunda mudança, ocorrida já na década de quarenta, intitulada como Lei Orgânica do Ensino Secundário, determinava a necessidade de fornecer conhecimento intelectual, formar a personalidade e a consciência patriótica dos educandos. Neste mesmo período surgiu outro movimento denominado Escola Nova, que defendia as ideias do fi lósofo John Dewey, colocando a instrução escolar como meio de desenvolvimento econômico e social. Para que isto acontecesse, os seguidores deste movimento, conhecidos como escolanovistas, defendiam a escola leiga, gratuita e obrigatória Em 1925, seguindo o decreto nº 16.782, a Filosofi a, como caráter obrigatório nas grades curriculares brasileiras, tendo por objetivo preparar o homem para a vida e contribuir para a cultura geral do país. 25 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 25 Capítulo 1 com direito de acesso a ambos os sexos. Este movimento ainda visava uma reformulação geral do Ensino Médio brasileiro, em que se valorizava a questão da consciência social do ser humano. Mesmo sendo mantida a disciplina de Filosofi a como obrigatória por este movimento, ela foi perdendo o seu espaço, teve carga horária reduzida, incluiram-se temas genéricos, ou seja, não fi losófi cos à disciplina, tornando-a cada vez mais desorganizada e sem nexo como estudo fi losófi co propriamente dito. Com a promulgação da lei Nº 4.024 em 1961, surgiu no Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, passando novamente a disciplina de Filosofi a de caráter obrigatório a complementar na grade curricular do Ensino Médio. Até 1963 a disciplina de Filosofi a era facultativa, podendo ser escolhida para compor a grade curricular ou não. Em 1964, com o golpe militar, nasceu um forte movimento de troca da Filosofi a por disciplinas que elevassem o civismo nacional. Neste contexto em 1968, o MEC, recebendo orientações diretas dos EUA, que fi nanciavam a nova organização educacional (acordo MEC – USAID), fez reformas universitárias (Lei 5.540/68), do ensino primário e médio (Lei 5.692/71). Estas leis estabeleceram uma estreita relação entre educação e produção como teoria do capital humano. Em 1971, com a reforma educacional, foram excluídas todas as disciplinas de caráter refl exivo da grade curricular, pois o mais importante era a formação profi ssional como meio concreto do conhecimento. Aqui tinha-se o objetivo de proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, qualifi cação para o trabalho e preparo para o exercício da cidadania. No governo Geisel (entre 1974–1979) a Filosofi a voltou a grade curricular, porém de forma facultativa e a cargo de cada instituição de ensino ministrá-la. Devido a sua carga horária reduzida, poucas instituições de ensino optaram por lecionar Filosofi a. Durante os anos de regime militar, por vários motivos, o ensino no Brasil, não correspondeu às expectativas enquanto ensino profi ssionalizante, como as reformas queriam: a falta de orientação profi ssional, precariedade das escolas, descaso com a educação séria, deixando a preocupação com uma educação de qualidade na retórica, esquecendo-se da prática. O ensino de Filosofi a sofre novas alterações em 1982, quando o Conselho Federal de Educação publicou e editou o parecer 7.044/82, afi rmandoque a Filosofi a passava a fazer parte do elenco das disciplinas do núcleo diversifi cado do currículo, e que caberia aos conselhos estaduais de educação a responsabilidade por este núcleo. Em 1971, com a reforma educacional, foram excluídas todas as disciplinas de caráter refl exivo da grade curricular, pois o mais importante era a formação profi ssional como meio concreto do conhecimento. Em 1982, quando o Conselho Federal de Educação publicou e editou o parecer 7.044/82, afi rmando que a Filosofi a passava a fazer parte do elenco das disciplinas do núcleo diversifi cado do currículo. 26 Metodologia do Ensino de Filosofi a 26 Em 1996 houve então, a aprovação da nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, quando a Filosofi a foi excluída de maneira inexplicável do quadro de disciplinas do Ensino Médio, sendo que as mesmas diretrizes se referiam ao Ensino Médio da seguinte forma: Seção IV – Do Ensino Médio Art. 35º: O Ensino Médio, etapa fi nal da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como fi nalidades: § 1º [...] III Domínio dos conhecimentos de fi losofi a e sociologia necessária ao exercício da cidadania. (BRASIL, 1996). Reconhecida a importância da Filosofi a no aprimoramento do educando como pessoa humana, na sua formação ética, no desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do indivíduo; porém, não integrada na grade curricular obrigatória no Ensino Médio, e sim, como conteúdo a ser aplicado dentro das demais disciplinas. Com o parecer Nº 15/98 a Filosofi a passa a assumir caráter interdisciplinar, devendo ser lecionada obrigatoriamente, não como disciplina única, mas dentro de outras disciplinas, como por exemplo, no campo da Matemática, Física, Português, entre outras. Alguns estados brasileiros como Paraná, Santa Catarina, Maranhão entre outros, assim como alguns municípios, São José/SC, Belmonte/SC, São Luís/ MA entre outros, em suas diretrizes de educação, incluíram a Filosofi a como disciplina obrigatória no Ensino Fundamental e Médio já há alguns anos. O Conselho Federal de Educação somente incluiu o ensino da Filosofi a e Sociologia no Ensino Médio como disciplina obrigatória no ano de 2008. Atividade de Estudo 1) Quando e como a Filosofi a foi introduzida no pensamento brasileiro? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2) Qual era o método utilizado para se ensinar Filosofi a no Brasil Colônia? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 27 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 27 Capítulo 1 3) Durante o século XX, com o surgimento de novos movimentos ligados ao liberalismo, houve algumas mudanças. Cite algumas. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4) O que se defi niu com o decreto nº 11.530 de 1915? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 5) Nas décadas de 30 e 40 houve duas mudanças no sistema educacional. Quais foram? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ A OBRIGATORIEDADE DO ENSINO DA FILOSOFIA NO PROJETO DE LEI Nº 1641/2003 Tendo presente que a juventude apresentava algumas características de desesperanças e poucas perspectivas futuras, como envolvimento com drogas, prostituição, desemprego, criminalidade, e também por ter vivenciado na sua adolescência e juventude o regime militar, o Deputado Federal Dr. 28 Metodologia do Ensino de Filosofi a 28 Ribamar Alves, do PSB do Maranhão, questionava: o que poderia fazer enquanto representante político para modifi car esta realidade? Dr. Ribamar queria apresentar um PL - Projeto de Lei, que desse aos jovens o direito ao questionamento, condições de lutar contra as adversidades, que tomassem consciência de si e dos outros, para que deixassem de ser presas fáceis dos vendedores de ilusão. Com esta intenção, o Deputado Dr. Ribamar reapresentou o PL do ex- Deputado Padre Roque PT/PR. Depois de reelaborado o documento, foi apresentado como o PL nº 1641 em 07 de agosto de 2003, fi cando o projeto sob proposição sujeita à apreciação pelas Comissões de Educação e Cultura, Constituição e Justiça e de Redação. A proposta do Projeto de Lei foi a de alterar a Lei Darcy Ribeiro, Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional – LDB Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, alterando os dispositivos do artigo 36, incluindo as disciplinas de Filosofi a e Sociologia no currículo escolar, como disciplinas obrigatórias do Ensino Médio. Em 2 de Junho de 2008, o vice-presidente da República, no exercício do cargo de Presidente da República, José de Alencar Gomes da Silva fez saber que o Congresso Nacional decretara e sancionada por ele, a Lei 11.684, de 2 de junho de 2008: Art. 1º O Art. 36 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 36 [...] IV – serão incluídas a Filosofi a e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio (BRASIL, 2008). O artigo 2º revoga o inciso II do art. 36 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que tinha como objetivo do Ensino Médio o domínio dos conhecimentos de Filosofi a e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. Já o artigo 3º afi rma que presente Lei entra em vigor a partir de sua publicação no Diário Ofi cial da União, que no caso foi publicada no dia 03 de junho de 2008. Para fi ns de pesquisa pode-se acessar a lei na íntegra no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm Com esta atitude de apresentar o Projeto de Lei e lutar pela obrigatoriedade da Filosofi a, o Deputado Ribamar Alves entra para a história da Filosofi a e da Educação brasileira. Porém, ainda mantêm-se algumaspreocupações com conteúdos a serem trabalhados, metodologias e a formação dos profi ssionais que irão desempenhar a disciplina, assuntos a serem tratados em capítulos seguintes. Lei 11.684, de 2 de junho de 2008: Art. 36 - IV – serão incluídas a Filosofi a e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. 29 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 29 Capítulo 1 Há um movimento acontecendo, liderado pelo Centro de Filosofi a Educação para o pensar: Filosofi a com Crianças, Adolescentes e Jovens, com sede em Florianópolis/SC, de inclusão da Filosofi a como proposta de Educação para o Pensar no Ensino Fundamental. O Deputado Dr. Ribamar Alves, em seu parecer ao Centro de Filosofi a, demonstra ser simpatizante desta proposta. Pode-se acompanhar uma entrevista feita com o Deputado Dr. Ribamar Alves pelo Jornal Corujinha Ano XVI – Nº 59, 3º Trimestre – 2007 que está disponível no site: http://www.centro-fi los.org.br/professores/?action=materiasCoruja&idCoruja=28 Atividade de Estudo 1) O que motivou o Dep. Dr. Ribamar Alves propor a volta da Filosofi a e da Sociologia como disciplinas obrigatórias na grade curricular das escolas brasileiras? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2) Qual é a proposta do Projeto de Lei Nº 1.641? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3) Como fi ca constituída a LDB após a apresentação do PL 1.641? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 30 Metodologia do Ensino de Filosofi a 30 4) Como foi que Ribamar Alves Encontrou meios para inserir o seu PL? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ÉTICA, POLÍTICA E EDUCAÇÃO: DISTINÇÕES E POSSIBILIDADES Vivemos neste começo de século uma época de incertezas e de profundas transformações. A Filosofi a, enquanto uma ciência histórica, oferece ao homem alguns parâmetros que ajudam na compreensão e entendimento de sua realidade pessoal e da sociedade por ele construída. Como vimos anteriormente, a característica da Filosofi a, principalmente neste momento histórico, está em aproximar-se constantemente da atitude fundamental de compreender a realidade, aquela formulada por Heráclito como dinâmica e contraditória. Perante tais constatações não é possível conceber diante da obrigatoriedade do ensino da Filosofi a uma metodologia do Ensino da Filosofi a de maneira reducionista, quer como um conjunto de verdades e defi nições, ou mesmo como um conjunto de técnicas, formas e métodos de conhecimento e pensamento. Quando a Filosofi a oportuniza a apreensão sistemática da cultura, ela dá ao homem uma consciência crítica de seu tempo e uma responsabilidade pessoal e social. Gera uma ação ética, política e educacional que tem seu tempo de maturidade, que vivencia experiências a cada instante e que é responsável por si e pela comunidade. Queremos que os educadores, as crianças, os adolescentes e os jovens, por meio de um programa fi losófi co-pedagógico, com conteúdos específi cos para cada faixa etária, com metodologias e instrumentos de avaliação, pensem, refl itam e atuem no e sobre o ambiente em que vivem. Esta postura crítica de ensinar e aprender a fi losofar vai ao sentido de uma abertura que se coloca contra qualquer dogmatismo. Queremos que os envolvidos no processo compreendam a realidade como dialética, que mantém uma correlação de forças conservadoras e transformadoras em todos os 31 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 31 Capítulo 1 níveis e estruturas (mental, social, econômica e moral). Esta é uma apreensão crítica da realidade proposta pela Filosofi a e que é o objetivo e busca de uma metodologia do ensino da Filosofi a com um viés ético e político. Uma refl exão fi losófi ca engajada e atual deve considerar a contradição decorrente do duplo comprometimento que se traduz na compreensão de nossa época e também com a ação coerente, na direção de nossos sonhos que projetamos para o nosso futuro. Nessa linha afi rma César Nunes (2003, p. 35): A ação emancipatória torna-se efetiva quando articula a teoria, a refl exão analítica, com a ação consistente, metódica, politicamente determinada com a intencionalidade propositiva. Chamamos de emancipatória a perspectiva que visa produzir autonomia crítica, cultural e simbólica, esclarecimento científi co, libertação de toda forma de alienação e erro, de toda submissão, engodos falácia ou pensamento colonizado, incapaz de esclarecer os processos materiais, culturais e políticos. Ao mesmo tempo que liberta, aponta que emancipação signifi ca também a prática da autonomia ética, o ideal e propósito de constituir valores que justifi quem nossas condutas morais, indica ainda a responsabilidade social pelas escolhas e opções que fazemos, até constituir-se num ideal de elevação estética. [...] Por fi m, emancipação signifi ca coerência, autonomia, convicção e libertação política, a constituir-se em grupos e comunidades de pessoas esclarecidas pela ciência e motivadas pelos ideais e virtudes coletivas. Vale aqui, trazer à tona a questão da ética, da política e da educação, atitudes que estão muito próximas no ser e no agir de quem busca uma postura refl exiva, fi losófi ca e, uma ação coerente. Ao pensarmos a realidade, somos convidados a ver o mundo em sua dinamicidade histórica e, sendo a Filosofi a a expressão do máximo de consciência possível que uma época ou período histórico tem sobre si mesmo, a Filosofi a está convocada a dar razões para a manutenção da esperança e da causa do homem. Levar os indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem a desenvolver uma refl exão ética e uma ação condizente (política) é o nosso grande objetivo pedagógico, principalmente pela exigência atual de uma postura ética. Temos a convicção de que na nossa cultura, o destino da Ética está irrevogavelmente ligado ao destino da razão. Mesmo em uma época de perplexidades, de uma civilização que fez da razão seu emblema maior e caminhou ousada e dramaticamente na inversão de valores e na suspeita que se exprimem num niilismo ético radical. Levar os indivíduos envolvidos no processo de ensino- aprendizagem a desenvolveruma refl exão ética e uma ação condizente (política) é o nosso grande objetivo pedagógico, principalmente pela exigência atual de uma postura ética. 32 Metodologia do Ensino de Filosofi a 32 Vivemos numa democracia. Ora, no sistema democrático, todos somos seres políticos. Quando delegamos o poder a alguém, escolhemos pelo voto, aquele que mais se parece conosco, com o qual simpatizamos por defendermos as mesmas posições, por termos ideias que favoreçam o desenvolvimento da cidade ou do país. Muitos escolhem seus representantes pela sigla partidária. Dentre os que se candidatam a ser representantes do povo, há os decentes e os indecentes e oportunistas, mas isso ocorre em todos os setores da sociedade. Diferenciamos então, a ação política da politicagem, defi nindo-se a segundo pelo comportamento indecente de políticos corruptos que pensam poder comprar a democracia. Desde Platão, nos últimos cinco séculos antes de Cristo, a Filosofi a, a Ética e a Filosofi a Política estão ligadas entre si. Tal ligação é tão forte que se considera o ideal da Filosofi a Política como uma continuação da Filosofi a Moral. Ambas têm a mesma fi nalidade - buscam o bem viver. O ser humano quando é livre em seu agir e criador do seu próprio destino, responde eticamente por sua ação. Ao mesmo tempo em que ele escolhe livremente, há uma série de contradições históricas que exigem sempre novas opções. A partir de tais escolhas, temos a ação política que é essencialmente ação e se compreende como tal dentro de uma determinada coletividade social. Qualquer pessoa que queira viver bem, portanto eticamente, não se pode omitir do seu papel político. Atitude ética e atitude política são, portanto duas formas de se considerarem o que se vai fazer e como vamos usar nossa liberdade. A atitude ética é, antes de tudo, pessoal; por meio da qual, cada um escolhe o que melhor corresponde ao seu próprio bem-estar naquele momento específi co de sua vida e não há a necessidade de convencer os outros de que essa opção é a melhor. Na atitude política há o outro a ser considerado, portanto há acordos e é preciso haver ordenação e organização, pois as ações políticas afetam grupos de indivíduos. O momento histórico em que vivemos está marcado por contradições e desafi os. Vivemos na era da globalização, um tempo cheio de novidades e também de voracidades institucionais e subjetivas. O século XXI despontou marcado pelos estigmas do século passado, guerras, acumulação de renda, totalitarismos e uso inadequado das ciências (dando-lhes fi ns destrutivos e elitistas), intolerância religiosa, relativismos morais, comercialização do sexo e da sexualidade, ampliação do poder massifi cante e desumanizador da indústria cultural. Toda essa realidade vivenciada pela sociedade marca nosso universo e interfere em nossos signifi cados e em nosso agir. 33 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 33 Capítulo 1 Ao lado, e no contraponto de tal realidade, as sociedades carregam contradições e injustiças sociais, padece-se de fome, há doenças que já poderiam estar erradicadas, mas continuam a matar e a fazer miséria. As cidades crescem sobre relações frias e normas impessoais, a violência atinge índices nunca antes vistos, o progresso tecnológico não se acompanhou pelo progresso moral, pela elevação ética nem pelo desenvolvimento estético emancipatório e realizador. As contradições são muito visíveis em nosso país. No século XX presenciamos o Brasil saindo de uma estrutura agrária e rural (de forte tradição colonial escravista, imperial e republicana, determinada por interesses elitistas e aristocráticos) para uma estrutura industrializada e urbanizada. Toda esta mudança ocorreu muito rapidamente, movida pelo espírito desenvolvimentista, pelos ideais de modernização conservadora, conduzida por experiências políticas alternantes entre o populismo e autoritarismo que culminaram em uma sociedade globalizada em processo de articulação cultural-econômico que nos faz dependentes e subservientes. Diante deste cenário que trouxe consequências negativas tanto para o indivíduo como para a sociedade brasileira, coloca-se o desafi o a todos os cidadãos, particularmente aos educadores. Trata-se da necessidade de se criar uma sociedade refl exiva, tanto sobre o comportamento moral, os costumes socialmente assumidos, quanto sobre os parâmetros internos de uma justifi cação racional de nossa ação e vivência. Movidos por tal necessidade, lutamos por uma educação refl exiva por meio do ensino da Filosofi a através de programas fi losófi co-pedagógicos, cujo fi o condutor defende um rol de conteúdos em direção a uma refl exão fi losófi ca emancipada. Os programas devem ser sempre objetos de investigação e discussão, por parte dos pensadores, educadores e cidadãos que continuam a nutrir os mais elevados sentimentos e parâmetros éticos. O ensino da Filosofi a no terceiro milênio, a partir de nossa realidade educacional, deve produzir cidadania, consciência histórica, responsabilidade moral, elevação ética, participação política e sensibilização estética nas gerações presentes e futuras. Desde os primeiros anos escolares as crianças e os professores têm o direito de fi losofarem e continuarem por todo processo educacional. Esta será a tônica de nossas refl exões daqui para frente em nossos estudos na Metodologia do Ensino da Filosofi a. 34 Metodologia do Ensino de Filosofi a 34 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Durante o capítulo foram apresentados alguns pontos a serem refl etidos. Um destes pontos é o exame da própria vida, sendo que este deve ser feito com consciência crítica, maturidade e qualidade. Esta prática de refl etir sobre os próprios atos parece ser impossível na sociedade hodierna, sendo que muitos “contra-valores” nos obrigam a correr atrás da máquina em busca do ter, deixando de lado o ser. A Filosofi a prima por uma educação refl exiva; e esta, por sua vez, busca a formação do homem integral, ou ainda, formação integral do homem. Questionar é uma das habilidades buscadas por esta metodologia, o que por muitas vezes é visto de forma inconveniente em uma sociedade que não sabe explicar o porquê das coisas. O desejo de quem busca o domínio das massas é que não se tenha conhecimento do que e como as coisas acontecem. A Filosofi a proporciona parâmetros que nos ajudam a compreender a realidade ocorrida em nossa dimensão pessoal e social. Atividade de Estudo 1) O que oferece ao homem a Filosofi a enquanto ciência histórica? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2) Como a dialética é entendida neste contexto? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3) Qual a relação feita no texto entre Filosofi a, Política e Ética? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 35 FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 35 Capítulo 1 4) Segundo o prof. Dr. César Nunes, o que deve se levar em consideração numa refl exão fi losófi ca engajada e atual, para tornar-se umaação emancipatória? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ REFEFÊNCIAS ARISTÓTELES. Política. Brasília: Ed. da UNB, 1985. BRASIL. Lei n. 11.684, de 2 de junho de 2008. Altera o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofi a e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm#art1>. Acesso em: 10 nov. 2009. ______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 15 set. 2009. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofi a. São Paulo: Ática, 1997. JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem Grego. São Paulo: Herder, 1984. LIPMAN, Mattheu. A fi losofi a vai à escola. São Paulo: Summus, 1990. MORIN, Edgar. Para Sair do Século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. NUNES, César Aparecido. As Origens da articulação entre fi losofi a e educação: matrizes conceituais e notas críticas sobre a paidéia antiga. In: LOMBRADI, J. C. (Org.) Pesquisa em Educação. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2000, p. 57-75. 36 Metodologia do Ensino de Filosofi a 36 ______. Educar para a Emancipação. Florianópolis: Sophos, 2003. ______. Filosofi a, Sexualidade e Educação: As relações entre os ressupostos ético-sociais e histórico-culturais presentes nas abordagens institucionais sobre a educação sexual escolar. 1996. 319 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Departamento da Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas, 1996. WONSOVICZ, Silvio. Crianças Adolescentes e Jovens Filosofam. Florianópolis: Sophos, 2005. Vol. II WONSOVICZ, Silvio. O Ensino de Filosofi a na escola fundamental: O projeto de educação para o Pensar em Santa Catarina (1989-2003) – A proposta, a crítica, contradições e perspectivas. 313 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Departamento de Filosofi a e História da Educação, Unicamp, Campinas, 2004.
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