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Apostila_Ética e Cidadania Organizacional (Agrimensura) 2013

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CEETEPS
Centro Estadual de Educação Tecnológica “Paula Souza”
ETEVAV
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL “VASCO ANTONIO VENCHIARUTTI”
Curso
Técnico em Agrimensura
1º módulo
2013
ÉTICA E CIDADANIA ORGANIZACIONAL
Conteúdo (Bases Tecnológicas) �
1. Legislação: 
 - Código de Defesa do Consumidor; 
 - Legislação Trabalhista: 
2. Postura profissional e imagem pessoal 
3. Motivação e processos de mudança 
4. Regras e regulamentos organizacionais 
5. Princípios de trabalho em equipe, cooperação e autonomia pessoal 
6. Preservação e cuidados com os equipamentos manipulados e veículos 
7. Critérios de imagem pessoal e organizacional 
8. Análise de problemas e tomada de decisão 
9. Liderança e ética no trabalho 
10. Trabalho em equipe e inteligência emocional 
11. Comunicação, percepção e diferenças individuais 
12. Posturas e condutas éticas do Técnico em Agrimensura 
13. Moral, ética e cidadania no mundo do trabalho e no exercício profissional 
14. Importância da humanização ou desumanização do trabalho e a responsabilidade social 
15. Trabalho Voluntário: 
Lei Federal nº 9.608/98 e Lei nº 10.748/03 alteradas pela Lei nº 10.940 de 27-08-2004; Lei Estadual nº 10.335 de 30-06-1999; Deliberação Ceeteps nº 01 de 08-03-2004 
Esclarecimentos:
 	 	Considerando que a disciplina versa, em alguns dos seus temas, sobre Direito e, podendo a Ética, pelo seu próprio conceito, ser vinculada à ciência do Direito, mister se faz traçar alguns conceitos sobre ambas, com o objetivo de subsidiar uma adequada compreensão de todas as bases tecnológicas da disciplina.
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ÉTICA E DO DIREITO
 		Em simples palavras, a Ética é a ciência que estuda o comportamento moral do homem em sociedade. Logo, o nosso comportamento encontra balizas e parâmetros, que são aqueles contidos na lei, objeto de estudo do Direito. Daí, então, o vínculo entre essas duas importantes ciências e o porque foram inseridos temas jurídicos (como a base tecnológica “Legislação Trabalhista” e “Código de Defesa do Consumidor”) no contexto da disciplina em estudo. Ademais, são temas que podem ser úteis tanto para a vida pessoal, quanto profissional.
 		E como os temas jurídicos mencionados no parágrafo anterior constam na relação de bases tecnológicas (extraídas do Plano de Curso de Agrimensura, elaborado pelo Centro Paula Souza), tem-se abaixo uma introdução ao estudo do Direito. Outros delineamentos sobre a Ética Geral (por exemplo, seus pressupostos históricos, classificações e a ética deste segmento profissional) serão abordados nas bases tecnológicas n.os 09, 12 e 13.
	“Direito é o conjunto de regras obrigatórias (leis em sentido amplo) que disciplinam a convivência social humana”. São criadas pelo Estado sendo COERCITIVAS (obrigatórias) e impondo SANÇÃO (punição) no descumprimento. É certo que só existe DIREITO onde existe SOCIEDADE, assim sendo a função das normas jurídicas é disciplinar o comportamento social dos homens. Podemos enumerar algumas características da chamada NORMA JURÍDICA (regra social garantida pelo poder de coerção do Estado, cujo objetivo teórico é a promoção da justiça), a saber:
COERCIBILIDADE – possibilidade de sofrer coação, repressão, uso da força. As normas jurídicas distinguem-se das normas religiosas e morais pelo fato de contarem com a força coercitiva (poder) do Estado;
SISTEMA IMPERATIVO E ATRIBUTIVO – em decorrência da coercibilidade a norma jurídica passa a ter uma característica imperativa e atributiva. 
IMPERATIVA – porque a norma tem o poder de imperar, de impor a uma parte o cumprimento de um dever e
ATRIBUTIVA – porque atribui a outra parte da sociedade o direito de exigir o cumprimento do dever imposto pela norma (comumente dizemos – O DIREITO DE UM É O DEVER O OUTRO) ;
PROMOÇÃO DA JUSTIÇA – o conteúdo da norma jurídica deve Ter como finalidade estabelecer a justiça entre os homens (considera-se justiça como o ideal, uma virtude de dar a cada um o que é seu).
FONTES DO DIREITO:
 	O termo Direito é oriundo do latim DIRECTUM, também sendo utilizado o termo JUS (lê-se ius), do qual derivaram e evoluíram as palavras Justiça, Jurisdição, Jurisprudência). Utilizamos a ETIMOLOGIA para saber a origem e evolução dos termos.
 	A palavra FONTE em termos de estudo do Direito significa qual a origem do Direito, ou seja, de onde provêm as normas. 
 	É no artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-Lei n.° 4.657/1942), que estão previstas algumas fontes do Direito, senão vejamos:
Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito.
 	É sabido que o intérprete é obrigado a integrar o sistema jurídico, ou seja, diante da lacuna (ausência de norma para o caso concreto) ele deve sempre encontrar uma solução adequada. Aliás, basta verificarmos o verbo "decidirá" para entendermos que o sistema jurídico ordena a decisão do caso concreto.
 	Enumerarmos, portanto, algumas FONTES FORMAIS CLÁSSICAS DO DIREITO, a saber:
A LEI (fonte primária) – a mais importante fonte, entendendo-se por lei – A NORMA JURÍDICA ESCRITA EMANADA DE PODER COMPETENTE. Entende-se por LEGISLAÇÃO o conjunto das normas e por ORDENAMENTO JURÍDICO o conjunto das leis em vigor no País num dado momento.
 	Lei é o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e obrigatório. É, portanto, toda norma geral de conduta, que disciplina as relações de fato incidentes no Direito, cuja observância é imposta pelo poder estatal. 
. A ANALOGIA - é fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente apresentado à apreciação jurisdicional (a que se denomina anomia).
. O COSTUME JURÍDICO – o costume é a norma jurídica que evoluiu das práticas reiteradas de condutas erigidas em norma jurídica; O direito consuetudinário ou costumeiro pode ser conceituado como a norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem que o Poder Público a tenha estabelecido.
. OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – frases de efeito ou máximas derivadas do latim. São postulados que estão implícita ou explicitamente expostos no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Os princípios gerais de Direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema.
. A JURISPRUDÊNCIA – trata-se do conjunto de decisões judiciais uniformes e reiteradas (que repetem-se), sobre determinado assunto. A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição. São decisões reiteradas, constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre determinada matéria num determinado sentido. Não há necessidade de a jurisprudência ser sumulada para ser fonte. Aqui, cabe ressaltar que a jurisprudência não pode ser confundida com a orientação jurisprudencial, que é qualquer decisão do Poder Judiciário que esclareça a norma legal. A orientação jurisprudencial é apenas um método de interpretação da lei e não precisa de uniformidade, sendo rara a adoção da jurisprudência como fonte.
. A DOUTRINA JURÍDICA – o conjunto sistemático de teorias sobre o direito (escritos dos grandes estudiosos da ciência jurídica)
. A EQUIDADE: pressupõe o equilíbrio, o bom senso, a razoabilidade (aquilo que é razoável) do juiz nos casos onde a lei for omissa.
O artigo 4.º, já mencionado, fez questão de estabelecer uma hierarquia entre as fontes, pois só autorizou o juiz a valer-se de outras fontes quando houvesse omissão na lei e impossibilidade de aplicação da analogia, buscando resoluções legais para casos semelhantes.
Assim, temos o seguinte quadro:
fonte principal: lei;
fontes secundárias ou acessórias: analogia, costumes e princípios gerais do Direito,doutrina, jurisprudência e a equidade. 
PRINCIPAIS RAMOS DO DIREITO:
 	Para efeito de estudo dividimos o Direito em dois ramos básicos:
o Direito Público – que regula os interesses gerais da sociedade, sendo que nas relações de Direito Público o Estado participa como sujeito ativo (ou seja o titular do poder jurídico), bem como sujeito passivo (destinatário do dever jurídico) mas SEMPRE COMO UM ÓRGÃO DA SOCIEDADE, mantendo a SUPREMACIA ou PODER DE IMPÉRIO (na cobrança de impostos). Nele estão abrangidos:
Direito Constitucional: tem por objeto a estrutura do Estado, o funcionamento dos seus três poderes, estabelecendo os direitos fundamentais da pessoa humana;
Direito Administrativo: estabelece os preceitos relativos à administração da coisa pública;
Direito Penal: define as condutas criminosas, visando preveni-las, e reprimi-las (tipifica, define e comina sanções aos ilícitos penais);
Direito Penal: cuida da organização dos tributos (impostos, taxas, contribuições);
Direito Processual (Civil e Penal): tratam da distribuição da justiça e regulamentam o processamento das ações perante o Poder Judiciário;
Direito do Trabalho: objetiva reger as relações de trabalho subordinado. Alguns doutrinadores entendem que o Direito Trabalhista é misto, ou seja, integra o Direito Público e o Privado também.
o Direito Privado – aquele que regula as relações entre particulares, ou seja, nas relações jurídicas de direito privado o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo, em regime de coordenação com os particulares, dispensando sua supremacia ou poder de império (situação fática, locação de imóveis, casamento, etc.). Abrange:
Direito Civil: regula os direitos e obrigações de ordem privada, concernentes às pessoas (naturais e jurídicas), aos bens e suas relações;
Direito Comercial ou Empresarial: disciplina, sob os mais variados aspectos, a atividade mercantil.
DIREITO CONSTITUCIONAL
 	Constituição – é a lei máxima que rege o Estado. Existem diversas classificações, sendo as mais comuns:
quanto a forma – escritas ou costumeiras
quanto à origem – dogmáticas ou outorgadas
quanto à consistência – rígidas ou flexíveis
Princípios fundamentais consignados na Constituição:
 	O Estado Democrático de Direito; a forma de governo republicana; a forma federativa de Estado; a divisão funcional dos Poderes constituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário); os objetivos nacionais de construção de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos; relacionamento internacional fundamentado na solução pacífica das controvérsias, repudiando o terrorismo e defendendo a autodeterminação dos povos.
 	Hierarquia das normas – as normas do ordenamento jurídico obedecem a seguinte hierarquia – normas constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentares e individuais.
ESTADO – conceituado como sendo “um ente abstrato que coordena a vida em sociedade objetivando o bem comum dos cidadãos, bem como, a instituição política dirigida por governo soberano com poderes específicos sobre a sociedade que vive no seu território.
São elementos do Estado (03)
 – o território, a associação de pessoas e um governo soberano.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 	Lei fundamental de uma sociedade soberana, elaborada pelo povo ou seus legítimos representantes, que organiza o governo, declara direitos e garantias fundamentais e estabelece os preceitos superiores o ordenamento. 
Constituições Estaduais:
 	ORGANIZAM OS PODERES CONSTITUIDOS DOS ESTADOS MEMBROS (PODERES Executivo, Legislativo e Judiciário)
Leis Orgânicas Municipais:
 	Organizam a administração pública municipal e a relação ente os órgãos do Executivo e do Legislativo, disciplinando a competência legislativa do Município, observadas as peculiaridades locais.
1- Legislação
Código de Defesa do Consumidor - Lei 8.078/90
1- CONCEITO DE CONSUMIDOR
O art. 2.º do Código de Defesa do Consumidor dispõe o conceito de consumidor: consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final. O consumidor é o fim da cadeia econômica, é aquele que tem necessidade do produto ou do serviço, que o adquire para seu uso.
O sistema de proteção leva em conta a vulnerabilidade e a hipossuficiência do consumidor, conforme arts. 4.º, inc. I e 6.º, inc. VIII, respectivamente. O consumidor vulnerável é aquele que não controla a linha de produção do que consome, e o hipossuficiente é aquele que reúne condições econômicas desfavoráveis. Os arts. 4.º e 6.º completam o art. 2.º em uma interpretação sistemática, visto que leva em conta o sistema todo do Código. 
O par. ún. do art. 2.º equipara a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, ao consumidor, desde que haja intervisto em uma relação de consumo. Então, a relação jurídica de consumo protegida pelo CDC pode ser individual, coletiva ou até difusa, caso sejam pessoas indetermináveis.
Para se utilizar o Código de Defesa do Consumidor, há necessidade de um consumidor que adquira produto de um fornecedor.
2- CONCEITO DE FORNECEDOR
O art. 3.º do CDC traz o conceito de fornecedor: pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem as atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Quem exerce essas atividades, habitualmente, é considerado fornecedor.
3- PRODUTOS 
Art. 3.º, § 1.º, do Código de Defesa do Consumidor.
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, objeto de uma relação de consumo. O produto é objeto da relação de consumo quando destinado à satisfação da necessidade do consumidor e quando tiver valor econômico (puder ser apropriado pelo consumidor). 
Amostra Grátis poderá ser considerada produto para fins de utilização do CDC, visto que possui um valor e pode ser apropriada.
4- SERVIÇOS 
Art. 3.º, § 2.º, do Código de Defesa do Consumidor.
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. O serviço que não for remunerado (serviço gratuito), não poderá fazer parte de uma relação de consumo. Se houver remuneração, ainda que indireta, haverá relação de consumo.
O conceito inclui o serviço público. A relação que o contribuinte tem com o Estado é de cidadania e não de consumo, portanto, quem paga tributo não é consumidor. Tratando-se, porém, de serviço público individual e facultativo, remunerado por tarifa ou preço público, a relação passa a ser de consumo, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor.
Além desse conceito genérico, a Lei dispõe “inclusive as de natureza bancária (...)”, escolhendo como técnica uma exemplificação de atividades. Após as inclusões, faz uma exclusão: “salvo as atividades de natureza trabalhista”. Aquele que for contratado como empregado presta um serviço com base na CLT e não com base no CDC, visto que a relação jurídica é diversa.
No caso de profissional liberal que presta serviços, há uma relação de consumo. (ex.: advogados, médicos, dentistas etc.).
O Código de Defesa do Consumidor estabelece como regra a responsabilidade objetiva; entretanto, no caso de profissional liberal, a responsabilidade é subjetiva - estando tal exceção prevista pelo próprio CDC - devendo-se provar a culpa (art. 14, § 4.º, CDC).
Empreiteiro de mão-de-obra pode ser profissional liberal ou empregado. Normalmente, a figura do empreiteiro está ligada a uma relação de consumo (somente terá relação trabalhista se o empreiteiro for contatado como empregado de alguma empresa).
A atividade dos investidores do mercado mobiliário (compra e venda de ações na bolsa de valores) não é uma relação de consumo, tendo em vista haver lei especial que regula o assunto(Lei n. 7.913/89).
5. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS À DEFESA DO CONSUMIDOR
5.1. Princípio da Vulnerabilidade
O art. 5.º, inc. XXXII, da Constituição Federal traz como um dos direitos e garantias fundamentais a defesa do consumidor. A CF reconhece o consumidor como vulnerável, um ente que necessita de proteção. 
5.2. Princípio Geral da Atividade Econômica
A defesa do consumidor é um dos princípios gerais da atividade econômica, prevista no art. 170, inc. V, da Constituição Federal.
5.3. Proteção contra a Propaganda e a Publicidade
O art. 37, § 1.º, da Constituição Federal estabelece que os órgãos públicos devem dar caráter informativo e educativo à sua publicidade. O art. 220, § 3.º, inc. II, da Carta Constitucional estabelece a proteção contra a propaganda de produtos, serviços e atividade que possam ser prejudiciais à saúde. Por fim, o art. 220, § 4.º, determina que a propaganda comercial de tabaco, bebidas alcóolicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias devem conter advertências sobre os malefícios do seu uso.
5.4. Princípio da Informação
O art. 5.º , inc. XXXIII, da Constituição traz o dever dos órgãos públicos de informar ao cidadão sobre os assuntos do seu interesse. 
6. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (ARTS. 6.º ao 10.°)
6.1. Proteção à Vida, Saúde e Segurança do Consumidor 
O consumidor deve ser informado pelo fornecedor sobre os riscos do produto ou do serviço. O produto perigoso – exceto se a periculosidade for excessiva – poderá ser vendido no mercado, , desde que o consumidor seja informado do perigo. Se o produto foi colocado sem risco no mercado, entretanto, posteriormente percebe-se sua periculosidade, continuará existindo o dever de informação e o produto deverá ser retirado do mercado. O produto pode ser retirado pelo próprio fornecedor (recall) ou pelo Estado, pela sua força coercitiva.
6.2. Princípio da Educação e da Informação
A informação, aqui, está em sentido estrito, ou seja, informação quanto ao funcionamento do produto. É a informação-educação trazida pelos manuais de instrução. O manual de instrução deve ser em português, visto que informação em língua estrangeira não é informação.
6.3. Proteção contra Práticas Abusivas
Prática abusiva é aquela condição de negociação anormal que causa um prejuízo indevido ao consumidor. Protege-se, aqui, o efeito vinculante da oferta (art. 30, CDC), ou seja, se ofereceu, estará obrigado a cumprir. Proteção contra as cláusulas contratuais abusivas: as cláusulas abusivas no contrato de consumo são nulas (art. 51 do CDC) .
6.4. Inversão do Ônus da Prova
O que tem prevalecido, hoje, é que a inversão do ônus da prova não é uma regra obrigatória, ou seja, é faculdade do juiz. O juiz poderá inverter o ônus da prova, no caso concreto, diante de duas circunstâncias:
Verossimilhança ou plausibilidade: credibilidade que tem a alegação do consumidor, o conteúdo de verdade na alegação do consumidor;
Hipossuficiência.
6.4.1. Momento da inversão do ônus da prova
O momento da inversão do ônus da prova é tema polêmico ainda não pacificado: uma corrente entende que a inversão deve ocorrer na sentença, sendo uma regra de decisão e não de procedimento; outra posição entende que é uma regra de procedimento, portanto, o juiz deve decidir a inversão até o despacho saneador. Na jurisprudência, há decisões nos dois sentidos, não havendo uma posição majoritária.
6.5. Liberdade de Escolha
O consumidor tem o direito de escolher livremente.. É o que enseja a livre concorrência. O monopólio atinge o direito da liberdade de escolha.
6.6. Igualdade nas Contratações
O consumidor tem direito de tratamento igualitário (princípio da isonomia), que não poderá ser preterido. Evidentemente essa igualdade não atinge os desiguais.
6.7. Solidariedade em Relação aos Danos 
Aqueles que forem responsáveis pelos danos são solidariamente responsáveis.
7. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO
O disposto no art. 12 do CDC, trata dos danos, acidentes decorrentes da relação de consumo. A natureza da responsabilidade pelo fato é objetiva, ou seja, responsabilidade sem discussão de culpa. Quando a lei disser que trata-se da responsabilidade subjetiva, então haverá a discussão e, sobretudo a prova da culpa e do dolo.
Cumpre registrar que a noção de culpa pressupõe a quebra de um dever geral de cuidado, através da imprudência, negligência ou imperícia. Já o dolo é a intenção, a vontade de causar o dano ou ainda quando o agente assume o risco de provocá-lo.
 7.1. Requisitos da Responsabilidade Objetiva 
7.1.1. Dano
Esse dano deve ser causado pelo produto ou pelo serviço.
 	Registre-se que, numa relação de consumo o dano pode ser material ou moral. Em síntese o dano material é sinônimo de prejuízo financeiro e patrimonial, sendo, portanto, mais fácil apurar o valor da indenização, que será o valor desse prejuízo. Por seu turno, o dano moral é aquele que afeta a honra, a imagem, a dignidade e o âmago do consumidor, não podendo ser confundido com o mero aborrecimento da vida moderna.. Deste modo, e por não haver um critério matemático na lei para apurar o valor da indenização, o juiz deve aferir a gravidade do fato, a extensão do dano e as circunstâncias do caso concreto para fixar o montante. A jurisprudência pode ser utilizada como um parâmetro, valendo ressaltar que a indenização por danos morais não deve servir para enriquecer a vítima, mas sim punir o causador do dano, inibindo-o de provocar novos danos.
7.1.2. Defeito do produto ou do serviço
É a falta de correspondência do produto ou do serviço com a expectativa legítima do consumidor. A expectativa é legítima quando decorre da informação obtida acerca do produto ou do serviço.
7.1.3. Nexo causal entre o defeito e o dano
Essa responsabilidade objetiva é relativa, visto que a lei traz excludentes que afastam tal responsabilidade. 
7.2. Excludentes da Responsabilidade Objetiva 
Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
Inexistência de defeito: dano causado por outro motivo.
Não colocação do produto ou do serviço no mercado de consumo: por exemplo, casos de falsificação, furto etc. do produto ou do serviço.
Existe, ainda, uma quarta hipótese de excludente reconhecida pela doutrina e pela jurisprudência: caso fortuito ou força maior. Exclui a responsabilidade, visto que rompe o nexo causal entre o dano e o defeito. Exclui a responsabilidade, entretanto, quando o caso fortuito ou força maior ocorrer após a colocação do produto ou serviço no mercado de consumo.
PERICULOSIDADE DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS
Um produto pode ter a chamada “periculosidade inerente”, que decorre de sua natureza. Essa periculosidade inerente não dá causa à responsabilidade pelo fato (exemplo: inseticida).
A segunda espécie de periculosidade é a “periculosidade adquirida”, aquela que decorre do defeito. Essa periculosidade dá causa à responsabilidade pelo fato, visto que o consumidor não a esperava. 
Há, ainda, a “periculosidade exagerada” (ex.: produtos radioativos etc.). Esses produtos não poderão ser levados ao mercado de consumo (produtos de circulação restrita). Quem fornecer um produto de periculosidade exagerada terá responsabilidade objetiva.
8.1. Riscos de Desenvolvimento
Haverá a responsabilidade objetiva quando o produto ou o serviço for colocado no mercado, em princípio, sem defeito; posteriormente, devido a uma nova técnica, descobre-se que há defeito causador de dano ao consumidor. Ocorre a responsabilidade, visto que quem lucra com o produto ou serviço deve se responsabilizar pelo mesmo. Diferente do que acontece com a melhora tecnológica do produto – um risco de desenvolvimento –, que não vai gerar responsabilidade, visto que a melhoria do produto não gera defeito no produto anterior.
8.2. Defeitos no Produto
8.2.1. Classificação doutrinária dos defeitos
Classificam-se os defeitos em três espécies:
Defeito de criação: é o defeito que ocorre na fórmula, no projeto,ou seja, na criação do produto. A conseqüência é que todos os produtos conterão defeito.
Defeito de produção: é o defeito que ocorre na linha de produção, na montagem, na fabricação do produto. A conseqüência é que somente os produtos daquela série ou lote terão defeito (somente um número limitado de produtos terá defeito).
Defeito de informação: é o defeito da propaganda, da publicidade, da informação que o consumidor recebe. Atinge todos os produtos enquanto durar a informação defeituosa.
8.3 Responsáveis pelo Fato do Produto ou do Serviço
O art. 12 do Código de Defesa do Consumidor enumera os fornecedores que são responsáveis: 
o fabricante; 	 o produtor; o construtor; o importador.
Esse rol é taxativo. Esses quatro fornecedores são solidariamente responsáveis. Classificam-se em:
real: fabricante, produtor, construtor;
presumido: é o importador;
aparente: é a “marca” que se mostra ao consumidor, e esse fornecedor é solidariamente responsável com o detentor da marca; aparece nos contratos de franquia.
O art. 13 dispõe que a responsabilidade do comerciante é subsidiária. O comerciante responde quando um dos quatro responsáveis principais não forem identificados pelo consumidor; responde ainda pela má conservação de produtos perecíveis e pela venda fora do prazo de validade.
8.4. Direito de Regresso
Pode haver a hipótese de mais de um responsável (solidariedade). Quando um deles indenizar, haverá o direito de regresso em face do outro. O direito de regresso, entretanto, só poderá ser exercido após a indenização ao consumidor (art. 13, par. ún., do CDC).
8.5. Defeitos do Serviço
As regras são as mesmas do defeito de produto. O serviço público está incluído. O serviço do profissional liberal, por expressa disposição do CDC, está excluído da hipótese de responsabilidade objetiva, tendo em vista sua responsabilidade ser subjetiva (art. 14, § 4.º).
8.6. Equiparação do Conceito de Consumidor 
O art. 17 do Código de Defesa do Consumidor equipara aos consumidores todas as vítimas do evento para fins de indenização.
9. RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO 
É a responsabilidade pelo defeito do produto ou do serviço. Continua sendo uma responsabilidade objetiva em que todos os fornecedores, inclusive o comerciante, são solidariamente responsáveis.
9.1. Vícios do Produto 
9.1.1. Classificação
Há dois tipos de vício:
 a) Vício de qualidade 
É aquele capaz de tornar o produto impróprio ou inadequado para o consumo ou, ainda, capaz de reduzir o seu valor. O vício de qualidade pode ser aparente ou oculto, não havendo diferença no CDC. É possível, entretanto, ser efetuada uma venda de produto com defeito, desde que o consumidor seja avisado do mesmo e que ocorra um abatimento proporcional do preço. Descartando-se essa hipótese, o fornecedor que efetuar uma venda de produto com vício de qualidade deverá reparar o produto, trocar as partes viciadas ou consertá-las, no prazo de 30 dias (art. 18, caput, do CDC). Passado esse período, o consumidor poderá exigir, alternativamente e à sua escolha, que o fornecedor:
substitua o produto por outro da mesma espécie;
devolva o valor pago pelo produto, devidamente atualizado;
abata proporcionalmente o preço.
No caso de produtos essenciais, o § 3.º excepciona a regra do art. 18, § 1.º, do Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista não poder o consumidor aguardar os trinta dias para reparo (ex: alimentos, vestuário, medicamentos e outros). 
b) Vício de quantidade
É aquela desproporção do constante no rótulo da embalagem e o efetivo conteúdo do produto. As sanções impostas ao fornecedor são de escolha do consumidor:
abatimento proporcional do preço;
complementação do peso ou da medida;
substituição do produto por outro;
restituição imediata das quantias pagas e devidamente atualizadas.
9.2. Vícios do Serviço
Também quanto aos vícios de serviço, as sanções impostas ao fornecedor são escolhidas pelo consumidor (art. 20, CDC):
reexecução do serviço sem custo adicional;
restituição imediata da quantia paga, devidamente atualizada;
abatimento proporcional do preço.
DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO NO CDC
 	 A decadência consiste na extinção de direitos subjetivos que deixaram de ser constituídos pela inércia dos titulares em determinado período do tempo.
	A prescrição, por sua vez, é a extinção do direito subjetivo já constituído, por não ser exigido pelo titular em determinado período de tempo.
Prazos (Arts. 26 e 27 do Código de Defesa do Consumidor)
Os prazos decadenciais são:
30 dias: tratando-se de fornecimento de serviços ou produtos não duráveis;
90 dias: tratando-se de fornecimento de serviços ou produtos duráveis.
O termo inicial dá-se da seguinte forma:
se o vício for aparente, o prazo inicial começa a partir da entrega do produto ou serviço;
se o vício for oculto, o prazo inicial começa no momento em que ficar evidenciado o defeito.
O prazo prescricional, no caso de responsabilidade por danos em acidentes causados por defeitos dos produtos ou serviços, é de cinco anos, contados a partir do conhecimento por parte do consumidor do dano e sua autoria.
Causas Suspensivas da Decadência
	São causas suspensivas da decadência:
a reclamação comprovadamente feita pelo consumidor até a resposta negativa do fornecedor;
a instauração de inquérito civil pelo Ministério Público, até seu encerramento.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (ART. 28 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR)
O Código de Defesa do Consumidor acolhe a teoria da desconsideração da personalidade jurídica como uma faculdade do juiz, no caso concreto, nas seguintes hipóteses:
abuso de direito;
excesso de poder;
infração da lei;
violação de estatutos ou contrato social;
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica, provocados por má administração;
sempre que a personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados ao consumidor. 
Se presente o requisito de existência do prejuízo ao consumidor, o juiz deverá desconsiderar a personalidade jurídica, fazendo com que a responsabilidade recaia sobre o controlador, o administrador, o proprietário etc.
Em outras palavras, se o patrimônio da empresa não for suficiente para saldar seus compromissos, os bens pessoais dos sócios poderão ser penhorados e, posteriormente leiloados para honrar as dívidas.
PRÁTICAS ABUSIVAS
São as condições irregulares de negociações nas relações de consumo que ferem a boa-fé, os bons costumes, a ordem pública e a ordem jurídica. Devem estar ligadas ao bem-estar do consumidor final.
	O rol do art. 39 do Código de Defesa do Consumidor é meramente exemplificativo.
Classificação das Práticas Abusivas 
Quanto ao momento em que se manifestam no processo
Práticas abusivas produtivas: ocorrem no momento da produção.
Práticas abusivas comerciais: dão-se após a produção, para garantir a circulação dos produtos e serviços até o destinatário final.
Quanto ao aspecto jurídico contratual
Práticas abusivas contratuais: no interior do próprio contrato.
Práticas abusivas pré-contratuais: surgem antes da contratação.
Hipóteses Legais (Art. 39 do Código de Defesa do Consumidor)
Condicionamento do fornecimento: o Código de Defesa do Consumidor proíbe a venda casada, na qual o fornecedor se nega a vender um produto ou serviço sem que o consumidor adquira também outro produto ou serviço. Proíbe também a venda quantitativa, pela qual o consumidor seria obrigado a adquirir quantidade maior ou menor do que a pretendida. Trata-se de proibição relativa, como bem observa ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELLOS E BENJAMIN� : “O limite quantitativo é admissível desde que haja justa causa para sua imposição. Por exemplo, quando o estoque do fornecedor for limitado. A prova da excludente, evidentemente, compete ao fornecedor. A justa causa, porém, só tem aplicação aos limitesquantitativos que sejam inferiores à quantidade desejada pelo consumidor. Ou seja, o fornecedor não pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades”. O desconto associado à compra de vários produtos deve ser aplicado em um só produto.
Recusa de atendimento: o fornecedor não pode recusar-se a atender ou a fornecer, desde que o produto esteja disponível. Ex.: taxista que se recusa a transportar passageiro por ser pequena a distância da corrida.
Aproveitamento da hipossuficiência: alguns consumidores, em razão da idade, da condição econômica, da saúde ou do pouco conhecimento, gozam de proteção especial porque são ainda mais vulneráveis.
Fornecimento não solicitado: a regra é que o consumidor só receberá produtos que tenha expressamente solicitado; produtos que sejam fornecidos sem prévia solicitação não precisam ser pagos, porque são tidos como amostra grátis.
Exigência da vantagem excessiva: basta a exigência da vantagem excessiva, não depende de recebimento. O Código de Defesa do Consumidor considera nula de pleno direito a cláusula contratual que confere ao fornecedor vantagem exagerada, excessiva.
Serviços sem orçamento: entregar orçamento é um dever do fornecedor e ter acesso ao orçamento é um direito do consumidor. O orçamento é válido por 10 dias, salvo estipulação em contrário, e não é lícita a cobrança para feitura de orçamento exclusivamente. O fornecedor está obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio com as datas de início e término dos serviços. O valor orçado terá validade de 10 dias, contados do recebimento pelo consumidor (salvo estipulação em contrário). Depois de aprovado, o orçamento obriga os contratantes e só poderá ser modificado mediante livre negociação das partes. O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
Inexistência de prazo (entrega ou conclusão): o fornecedor deve estipular o prazo de entrega do produto ou de conclusão do serviço, além do preço e forma de pagamento.
Divulgação de informações negativas a respeito do consumidor: repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos.
Exigência de intermediários: obrigar o consumidor a contratar por interposta pessoa, terceiro, corretor, despachante, salvo nas hipóteses legais.
PUBLICIDADE
 	O princípio da vinculação contratual estabelece a necessidade de o contrato acompanhar a informação divulgada, obrigando o fornecedor em seus termos (arts. 30 e 35 do Código de Defesa do Consumidor).
O princípio da identificação dispõe que a publicidade não pode ser dissimulada (art. 36, caput, do Código de Defesa do Consumidor).
O princípio da veracidade observa que a mensagem há de conter elementos verídicos e que o fornecedor se obriga a apresentar dados fáticos técnicos que confirmem o divulgado (art. 37, § 1.º, do Código de Defesa do Consumidor).O princípio da não abusividade estabelece que a publicidade não pode levar a erro ou explorar consciência religiosa, superstição ou crendice popular. O abuso pode decorrer de ação ou omissão, conforme a publicidade afirme algo inexistente ou deixe de divulgar informação relevante (art. 37, § 2.º, do Código de Defesa do Consumidor).
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
	A finalidade do Código de Defesa do Consumidor é o suprimento da necessidade do consumidor como destinatário final.
	Vigora o princípio da conservação do contrato (art. 6.º, inc. V), ou seja, o Código de Defesa do Consumidor admite mudanças no contrato para que este seja mantido.
	Vige também o princípio da boa-fé (arts. 4.º, inc. III, e 51, inc. IV, do Código de Defesa do Consumidor).
	O princípio da vinculação à oferta (dever de prestar) também vigora no Código de Defesa do Consumidor (art. 30).
A resolução em perdas e danos é opção do consumidor, já que este pode preferir a execução específica do contrato (princípio da execução específica – arts. 35 e 84, § 1.º , do Código de Defesa do Consumidor).
Disposições Gerais
Os contratos devem regular a relação de consumo.
	Há necessidade do conhecimento prévio do consumidor sobre o conteúdo do contrato, sob pena de este não obrigar o consumidor. Não basta a mera leitura, é preciso o efetivo conhecimento por parte do consumidor.
	O contrato deve conter redação clara e compreensível para que a obrigação assumida pelo consumidor seja exigível.
As cláusulas contratuais serão interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor. Não fere o princípio da isonomia, porque esse princípio deve ser entendido como igualmente substancial, ou seja, deve tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade.
As declarações de vontade vinculam o fornecedor, ensejando inclusive a execução específica.
Direito de arrependimento
O Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre a denúncia vazia do contrato de consumo ou direito de arrependimento. O consumidor pode voltar atrás em sua declaração de vontade de celebrar a relação de consumo. Não precisa justificar.
O direito de arrependimento serve apenas para o contrato realizado fora do estabelecimento comercial. Isso devido à falta de contato com o produto.
A lei fixa o prazo de sete dias para o consumidor refletir sobre a necessidade do produto, ou seja, para devolver o produto sem ônus. O prazo é contado a partir do recebimento do produto.
Exceções ao direito de arrependimento:
Quando for da essência do contrato ser realizado fora do estabelecimento comercial. Ex: compra de imóvel. 
O costume: se o comerciante sempre comprou daquela forma determinado produto.
	O Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre a garantia contratual. É um plus oferecido pelo fornecedor ao consumidor. Será fixada livremente. Não pode ser dada verbalmente.
CLÁUSULAS ABUSIVAS
São aquelas notoriamente desfavoráveis ao consumidor.
As cláusulas abusivas são nulas de pleno direito (art. 51 do Código de Defesa do Consumidor). A nulidade deve ser reconhecida judicialmente. A sentença que reconhece a nulidade tem natureza constitutiva negativa e opera efeito ex tunc.
Por ser matéria de ordem pública, a nulidade de pleno direito não é atingida pela preclusão. 
A ação para pleitear o reconhecimento da nulidade é imprescritível.
O rol do art. 51 do Código de Defesa do Consumidor é meramente exemplificativo. Ele traz as espécies de cláusulas abusivas:
Cláusula de não indenizar: exime o fornecedor da responsabilidade.
Cláusula de renúncia ou disposição de direitos: não tem validade porque quebra o equilíbrio contratual.
Cláusula de limitação da indenização com consumidor/pessoa jurídica: a lei permite a estipulação de limite da indenização, mas não a exoneração, desde que a situação seja justificável.
Cláusula que impeça o reembolso da quantia paga pelo consumidor.
Transferência de responsabilidade a terceiros: as partes devem suportar os ônus e as obrigações decorrentes da relação de consumo. Obs.: o contrato de seguro não é transferência de responsabilidade. O fornecedor apenas garante essa responsabilidade.
Colaboração do consumidor em desvantagem exagerada.
Cláusula incompatível com a boa-fé e a eqüidade.
Inversão prejudicial do ônus da prova.
Arbitragem compulsória: não se admite a cláusula que obriga a arbitragem. As partes podem contratar a arbitragem para solucionar conflitos decorrentes da relação de consumo.
Representante imposto para concluir outro negócio jurídico pelo consumidor.
Opção exclusiva do fornecedor para concluir o contrato.
Alteração unilateral do preço.
Cancelamento unilateral do contrato por parte do fornecedor.
Ressarcimento unilateral dos custos de cobrança.
Modificação unilateral do contrato.
 	Em matéria de Direito do Consumidor foram trazidas novas normas para o funcionamento dos “call centers”, (mecanismo utilizado pelas empresas para atendimento dos seus consumidores) e que, agora, devem observaras regras listadas abaixo.
Além dos serviços financeiros, as medidas alcançam o serviço de telemarketing de empresas de telefonia, televisão por assinatura, planos de saúde, aviação civil, empresas de ônibus e energia elétrica.
	A principal delas é o prazo máximo de um minuto para o contato direto com o atendente. Para bancos e cartões de créditos o tempo é de 45 segundos, exceto nas segundas-feiras, dias anteriores ou posteriores a feriados e no 5º dia útil do mês, quando a espera poderá ser de até 1,5 minuto. 
Veja quais são as novas regras: 
- O cliente deverá ser atendido em até um minuto; 
- O call center deve funcionar 24 horas, sete dias por semana; 
- A empresa deve garantir, no primeiro menu eletrônico e em todas suas subdivisões, o contato direto com o atendente; 
- As opções de reclamações e de cancelamento têm de estar entre as primeiras alternativas; 
- No caso de reclamação e cancelamento, é proibido transferir a ligação. Todos os atendentes deverão ter atribuição para executar essas funções; 
- As reclamações terão que ser resolvidas em até cinco dias úteis. O consumidor será informado sobre a resolução de sua demanda; 
- O pedido de cancelamento de um serviço será imediato; 
- É proibido, durante o atendimento, exigir a repetição da demanda do consumidor; 
-Ao selecionar a opção de falar com o atendente, o consumidor não poderá ter sua ligação finalizada sem que o contato seja concluído; 
- Só é permitida a veiculação de mensagens publicitárias durante o tempo de espera se o consumidor permitir; 
- O acesso ao atendente não poderá ser condicionado ao prévio fornecimento de dados pelo consumidor; 
 	Diante de qualquer ofensa aos direitos explicados no decorrer deste capítulo da apostila, não deve o consumidor ficar inerte. Deverá procurar o órgão de proteção (Procon) e, caso sua pretensão não possa ser resolvida no âmbito do referido órgão, deverá, então, buscar amparo junto ao Poder Judiciário.
Legislação Trabalhista
 		O tema em questão, bastante abrangente saliente-se, não poderá ser esgotado aqui, ou seja, o enfoque será limitado a alguns aspectos do Direito Material e Individual do Trabalho, pois o tempo não permite discorrer amplamente sobre Direito Processual do Trabalho (regras do processo trabalhista) e o Direito Coletivo do Trabalho (criação, funcionamento e atribuições dos sindicatos).
 		É na Constituição Federal que estão previstos os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, como, por exemplo, seguro desemprego, fundo de garantia, salário mínimo, irredutibilidade de salário, décimo terceiro salário, remuneração do trabalho noturno superior ao diurno, salário família, jornada de trabalho, repouso semanal remunerado, horas extraordinárias, gozo de férias anuais, licença gestante, licença paternidade, aviso prévio, adicionais de insalubridade e periculosidade, aposentadoria, equiparação salarial, associação profissional ou sindical, dentre outros.
 	 	Já a CLT e legislações correlatas têm a finalidade de disciplinar, com detalhes, esses direitos consagrados na Constituição.
 		Eis a transcrição do artigo 7º da Constituição Federal de 1988:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
        I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
        II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
        III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
        IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
        V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
        VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
        VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; 
        VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
        IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
        X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
        XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
        XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
        XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
        XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
        XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
        XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
        XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
        XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 
        XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
        XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
        XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; 
        XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
        XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
        XXIV - aposentadoria;
        XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
        XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
        XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
        XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
        XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
        a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
        XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
        XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
        XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; 
        XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
        XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
        Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstosnos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social. 
História e Evolução do Direito do Trabalho
 	O Direito do Trabalho surge com a sociedade industrial e o trabalho assalariado. Sua história começa a nascer na Inglaterra, em meados do século XVIII, com passagem da manufatura à indústria mecânica, com a primeira fase da revolução industrial (1760-1860). A introdução de máquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produção global. A Inglaterra adianta sua industrialização em 50 anos em relação ao continente europeu e sai na frente na expansão colonial.
 	No início da revolução os empresários impunham duras condições de trabalho aos operários sem aumentar os salários para assim aumentar a produção e garantir uma margem de lucro crescente. A disciplina era rigorosa e as condições de trabalho nem sempre ofereciam segurança. 
 	Começam a surgir conflitos entre operários, revoltados com as péssimas condições de trabalho, e empresários. Com o tempo, vão surgindo organizações de trabalhadores da mesma área.
 	Resultado de um longo processo em que os trabalhadores conquistam gradativamente o direito de associação, aparece a figura do sindicalismo. Em 1824, na Inglaterra, são criados os primeiros centros de ajuda mútua e de formação profissional. Em 1833 os trabalhadores ingleses organizam os sindicatos (trade unions) como associações locais ou por ofício, para obter melhores condições de trabalho e de vida. 
 	A data de 1º de maio foi escolhida na maioria dos países industrializados para comemorar o Dia do Trabalho e celebrar a figura do trabalhador. A data da comemoração tem origem em uma manifestação operária por melhores condições de trabalho iniciada no dia 1o de maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos da América.
 	Com os sindicatos, iniciaram-se os movimentos dos trabalhadores, fazendo prevalecer a vontade da coletividade; nascem as greves para reivindicar seus direitos, dando margem, assim, ao aparecimento dos contratos coletivos de trabalho (celebrados entre grupos, categorias, classes de trabalhadores). Os contratos coletivos de trabalho continham regras que protegiam os trabalhadores como, por exemplo, a limitação da jornada.
 	Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e a Justiça do Trabalho para arbitrar conflitos entre patrões e empregados. Instituiu uma extensa legislação de caráter assistencialista para o proletariado urbano, apresentando-se como "doador" dessas leis, incorporadas à Constituição de 1934 e, posteriormente, organizadas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que em 10 de novembro de 1943 passou a ter vigência.
	Durante o Estado Novo (a ditadura varguista), as greves foram proibidas e foi criado o salário mínimo. Os sindicatos ficaram subordinados ao governo, devido à exigência de filiação ao Ministério do Trabalho, à obrigatoriedade de sindicatos únicos por categoria e ao imposto sindical. 
Princípios do Direito do Trabalho
Artigo 8º da CLT ( “as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público”. 
in dubio pro operário - na dúvida entre as várias interpretações de uma norma, o intérprete deve preferir a mais favorável ao trabalhador
Princípio da norma mais favorável - Em casos de pluralidade de normas aplicáveis a uma mesma relação de trabalho, independentemente da sua colocação na escala hierárquica das normas jurídicas, aplica-se, em cada caso, a que for mais favorável ao trabalhador.
Princípio da irrenunciabilidade: Não podem ser renunciados os direitos previstos nas normas imperativas
Princípio da Primazia da Realidade - O princípio da primazia da realidade afirma que a relação objetiva evidenciada pelos fatos define a verdadeira relação jurídica estipulada pelos contratantes, ainda que sob capa simulada, não correspondente à realidade. Para o Direito do Trabalho, importa a realidade objetiva, as condições reais, não sua forma.
Exemplo: uma pessoa foi contratada como autônoma, mas fica provado que ela era subordinada, então, trata-se de empregado e não de autônomo. 
Sujeitos da Relação de Emprego
EMPREGADOR
 	O empregador é pessoa física ou jurídica que utiliza, em caráter permanente, a energia pessoal de empregado(s), mediante subordinação e remuneração, visando a um fim determinado, seja este econômico ou não.
“§ 1.º- Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.”
O empregado recebe salário e o produto do seu trabalho é do empregador.
- “(...) admite, assalaria...”
 	A relação de emprego baseia-se num contrato individual de trabalho. Esse contrato de trabalho é oneroso. Por este motivo temos que no trabalho beneficente, gratuito, não há formação da relação de emprego.
- “(...) dirige a prestação pessoal de serviços.”
 	Na relação de emprego, o trabalho é subordinado e o trabalhador presta serviços pessoais. Desta forma, é exigida a pessoalidade. O empregado terá que trabalhar conforme determinação do empregador.
 	O empregador possui o poder de direção, que se revela em três aspectos:
poder regulamentar: o empregador tem poder de estabelecer regras internas, unilaterais, porém, este regulamento interno não pode contrariar à lei; Daqui também derivam os Códigos de Conduta ou Códigos de Ética Corporativos, que muitas empresas têm elaborado e aplicado em seus setores.
poder fiscalizador: o empregador tem poder de estabelecer controle de qualidade, produção, assiduidade, pontualidade. 
 	O empregador pode implantar câmeras (filmadoras) no local de trabalho, desde que não ofenda a intimidade do empregado. A revista do empregado é parte do poder fiscalizador. De acordo com a jurisprudência, desde que a revista não viole a dignidade da pessoa (que tenha certos limites), ela é permitida. Quando a revista violar esses limites, a jurisprudência entende que é um dos casos de reparação por dano moral;
poder disciplinar: é o poder de aplicar punição ao empregado. 
 	A lei não estabelece quais punições poderão ser aplicadas; porém, o artigo 474 da Consolidação das Leis do Trabalho diz ser ilegal a suspensão superior a 30 (trinta) dias. O que implicitamente quer dizer que é legal a suspensão com desconto de salário inferior a 30 (trinta) dias.
 	São admitidas pela jurisprudência, como penalidades: a advertência verbal, escrita e a suspensão inferior a 30 (trinta) dias.
 	A punição deve atender o requisito da imediatidade, sob pena de não ser considerada válida, caracterizando a demora em aplicá-la um perdão tácito. A punição deve ser proporcional à falta cometida.
 	Não se admite a duplicidade da punição, ou seja, duas punições para a mesma falta.
3. EMPREGADO 
 	O empregado é o sujeito da relação de emprego. Definido no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho como sendo “...toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
 	A doutrina definiu empregado como sendo a pessoa física que, com ânimo de emprego, trabalha subordinadamente e de modo não eventual para outrem de quem recebe salário.
3.1. Elementos que Caracterizam o Empregado ou o vínculo empregatício
Pessoa física. 
Pessoalidade na prestação de serviços: o trabalho tem que ser realizado pessoalmente pelo empregado.
Receber salário: em trabalho beneficente não há relação de emprego.
Trabalho nãoeventual: o trabalho deve ser permanente, porém, não é necessário o trabalho diário. Basta ser uma relação permanente, contínua. O trabalho eventual esgota-se em uma única prestação. O trabalhador eventual não tem nenhuma proteção jurídica (nem previdenciária).
Subordinação: é o mais importante elemento caracterizador. Somente é empregado quem presta trabalho subordinado. Engloba a pessoalidade, continuidade, permanência do trabalho e remuneração.
3.2. Distinção Entre a Figura do Empregado e Outros Trabalhadores
3.2.1. Trabalhador autônomo
 	Pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não.
 	O trabalhador autônomo assume o risco do negócio (trabalha por sua conta e risco). Ele define como trabalhará, mas prestará conta do resultado (ao contratante, ou seja, para aquele que ele prestar seus serviços).
 	Assim, o autônomo distingue-se do empregado, pois este é subordinado e não assume os riscos do negócio.
3.2.2. Trabalhador avulso
 	O que caracteriza o trabalho avulso é que toda intermediação (contratar serviços, recrutar trabalhadores) é feita pelos sindicatos (os trabalhadores não precisam ser sócios dos sindicatos). É o trabalho típico na área portuária, é o trabalho dos estivadores.
3.2.3. Trabalhador temporário
 	A Lei n. 6.019, de 03 de janeiro de 1974, em seu artigo 2.º, dispõe ser o trabalho temporário “aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços”. Há intermediação de uma empresa fornecedora de mão-de-obra temporária. 
3.2.4. Empregado doméstico
 	Não está regido pela Consolidação das Leis do Trabalho, mas sim pela Lei n. 5.859/72 e artigo 7.º, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988. 
 	Empregado doméstico é aquele que presta serviço de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou família, no âmbito residencial destas.
 	Entenda-se por âmbito residencial não só o interior da residência, mas também todas suas dependências, pois, como sabemos, o motorista, o jardineiro também são considerados empregados domésticos.
3.2.5. Empregado rural
 	Regulado pela Lei 5.889, de 08 de junho de 1973. Empregado rural é a pessoa física que em propriedade rural ou prédio rústico presta serviços com continuidade a empregador rural mediante dependência e salário. A doutrina prefere usar o termo subordinação.
Contrato de Trabalho
 	Contrato de trabalho é um negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito de outra pessoa física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinada.
 	O contrato de trabalho dá início à relação de emprego.
 	São elementos do contrato de trabalho: a pessoalidade com relação
Agente capaz - Hoje é, portanto, absolutamente incapaz para o trabalho o menor de 16 anos (observação: para menores, entre os 14 até os 16 anos, somente é permitido o trabalho de aprendiz).
Relativamente incapazes os menores entre 16 e 18 anos, pois poderão ser estes menores empregados com autorização do responsável legal.
 	A capacidade plena, nas relações trabalhistas, é atingida aos 18 anos.
 	O objeto do contrato de trabalho será ilícito quando o contrato possuir por objeto um trabalho proibido ou ilegal.
Os contratos que possuem como objeto o trabalho proibido são inválidos, porém produzem efeitos jurídicos enquanto existirem; pois, caso contrário, o trabalhador acabaria sendo prejudicado
trabalho legal na atividade ilegal: por exemplo, o trabalho do garçom no cassino, da recepcionista na clínica do aborto. Nesses casos, a doutrina dominante vem entendendo que o contrato é válido.
Prazo no contrato determinado – 2 anos no máximo – atividades transitórias ou experiência – máximo de 90 dias
 	A expressão relação de emprego é restrita à relação de trabalho subordinado. Ela corresponde ao contrato de trabalho, mas poderá existir simples relação de emprego quando o contrato é nulo, em atividades ilegais ou quando a contratação é proibida por lei, por exemplo nos órgão públicos em funções que exijam a prévia aprovação em concurso público.
Contrato de Trabalho por Prazo Determinado
É um contrato a termo final. O contrato extingue-se automaticamente no momento em que atinge o termo final. Quando o termo final é atingido, não há que se falar em demissão ou despedida, o contrato termina naturalmente.
	Ressalta-se que a regra é o contrato por prazo indeterminado, sendo o contrato por prazo determinado a exceção. Com a flexibilização do contrato de trabalho, essa regra, porém, tende a mudar.
	O artigo 443, § 2.º, da Consolidação Leis do Trabalhistas, limita as hipóteses de contrato de trabalho por prazo determinado. São elas:
atividade empresarial transitória; 
serviço de natureza transitória;
contrato de experiência.
Observação: Não devemos confundir o contrato por prazo determinado com o trabalho temporário, pois, naquele não há nenhum tipo de intermediação de mão-de-obra como há neste.
1.3.1. Prazo de duração dos contratos com prazo determinado
Nas hipóteses de atividade empresarial transitória e serviço de natureza transitória:
O tempo de duração do contrato por prazo determinado é de no máximo dois anos (artigo 445 da Consolidação das Leis do Trabalho), admitida uma prorrogação por igual prazo – desde que esta prorrogação, somada ao tempo anterior, não ultrapasse o limite de 02 anos, que é o máximo que ele poderá viger (artigo 451 da Consolidação das Leis do Trabalho).
A intenção foi desestimular o uso dos contratos de trabalho por tempo determinado, tendentes a frustrar a continuação no emprego, a contagem do tempo anterior e o pagamento de indenização por despedimento. 
Fala-se em prorrogação tácita, ou seja, a transformação de um contrato por prazo determinado em um por prazo indeterminado, quando o trabalhador continue a trabalhar além do prazo previsto. Entende-se que o contrato foi prorrogado tacitamente. Nos demais casos em que não houver cláusula expressa, não será admitida a prorrogação.
Nas hipóteses de contrato de experiência:
As partes terão um período para se avaliarem mutuamente. O contrato de experiência deve ser registrado na carteira profissional de trabalho.
Tem por prazo máximo 90 dias. É admitida uma prorrogação, porém o contrato e a prorrogação devem estar dentro do prazo de 90 dias. Por exemplo, contrato de 60 dias e prorrogação de 30 dias.
No término do contrato de experiência, o empregador não paga aviso prévio nem 40 % do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Nesse tipo de contrato, trabalhar depois de vencido o prazo implica, automaticamente, a conversão para contrato por prazo indeterminado. 
Salário e Remuneração
SALÁRIO 
 		A Consolidação das Leis do Trabalho não define salário, somente indica seus componentes e fixa regras de seu pagamento e de sua proteção. A relatividade da noção de salário dificulta a sua definição. Destacamos que, segundo Amauri Mascaro Nascimento, podemos conceituar salário da seguinte forma: “Salário é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação do trabalho, mas também pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei.” �
 		Salário é a soma de todas as atribuições econômicas pagas diretamente pelo empregador ao empregado como contraprestação pelo trabalho realizado. É composto normalmente de parcelas fixas, denominada salário-base e também de parcelas variáveis, desde que pagas com habitualidade, denominada salário-composto, como, por exemplo: horas extras, prêmio e adicional noturno. 
SALÁRIO UTILIDADE (SALÁRIO IN NATURA)
 		Consoante artigo 458 da Consolidaçãodas Leis do Trabalho, as utilidades fornecidas pelo empregador ao empregado como contraprestação pelo trabalho realizado são consideradas salário in natura. Exemplo: alimentação, cesta básica, transporte. Serão computados no valor do salário, ou seja, integram o salário para todos os efeitos, inclusive quanto às contribuições previdenciárias, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) etc.
 		Quando a utilidade, porém, for fornecida para a realização do trabalho, sendo, portanto, instrumento de trabalho, não poderá ser considerada salário. Exemplo: fornecimento de uniforme, de ferramenta.
REMUNERAÇÃO
Nem todas as verbas que constam do holerite são salário. A remuneração tem caráter mais amplo e inclui tudo o que o empregado recebe como conseqüência do trabalho que desenvolve.
Entende-se por remuneração a quantia fixa estipulada (parcelas fixas e variáveis), como também, abonos, gratificações, diárias para a viagem que exceda a 50% do salário, comissões, percentagens e gorjetas. Ou seja, o significado do vocábulo remuneração inclui o salário indireto (gorjetas) e o salário direto pago pelo empregador (em dinheiro ou utilidades).
É importante distinguirmos salário de remuneração, pois alguns títulos contratuais são pagos com base na remuneração, como o 13.º salário, as férias, o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
O aviso prévio, a hora extra, o adicional noturno e o adicional por insalubridade são pagos somente sobre o salário.
Significa dizer que, no cálculo do salário mínimo, pertinente a salário e não remuneração, não podem ser computadas as gorjetas que o empregado perceber; estas continuarão apenas sendo uma parcela da remuneração, independente do salário devido e pago pelo empregador.
No tocante ao cálculo da indenização por despedida injusta, dos depósitos para FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), dos proventos devidos durante as férias, das contribuições para a Previdência Social etc, computa-se a remuneração percebida pelo empregado, isto é, o salário pago pelo empregador e mais a média das gorjetas habitualmente recebidas de terceiros pelos serviços prestados na execução do respectivo contrato de trabalho.
Princípio do Salário Igual para Trabalho Igual
Esse princípio consiste na aplicação do princípio da isonomia, que é importantíssimo para o Direito do Trabalho. Visa o tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais.
O fundamento mais importante desse princípio é a proibição da discriminação injustificada. O art. 7.º, XXX, da CF proíbe a discriminação na admissão e no salário, e o art. 5.º da CLT reforça a proibição da discriminação salarial por motivo de sexo.
 	O nosso ordenamento jurídico definiu em lei o que é trabalho igual (art. 461 da CLT). Existe trabalho igual quando dois ou mais empregados exercem idêntica função, ou seja, diariamente executam as mesmas tarefas:
com igual produtividade e perfeição técnica;
com diferença de tempo de serviço não superior a 2 anos, na mesma empresa e na mesma função;
Para que haja diferença de salários, o empregador tem que demonstrar objetivamente que existe diferença de produtividade e perfeição técnica, esclarecendo que, se a diferença de tempo de serviço de um empregado para outro for superior a 2 anos, eles podem receber salários diferentes.
Têm direito à equiparação salarial os trabalhadores que preenchem todos os requisitos e trabalham para o mesmo empregador.
Jornada de Trabalho
	O Direito do Trabalho nasceu da luta dos empregados pela limitação da jornada de trabalho e foi se generalizando no início do século XX. A doutrina não é unânime quanto à denominação do tema; há autores que preferem a expressão “duração do trabalho” e outros, ainda, “horário de trabalho”. Não importa a rotulação, todas são utilizadas como expressões sinônimas. 
	Temos como fontes constitucionais que disciplinam a jornada de trabalho o artigo 7º e seus incisos: XIII, XIV e XV.
	A jornada de trabalho é calculada mediante três critérios:
1.º) pelas horas de efetivo trabalho;
2.º) pelas horas que o empregado permaneceu à disposição do empregador, trabalhando ou não;
3.º) pelo tempo correspondente às horas que o empregado permaneceu à disposição do empregador, trabalhando ou não, abrangendo o período in itinere (aquele em que o empregado se desloca de sua residência para o trabalho e vice-versa).
	O Brasil optou pelo segundo critério (artigo 4.º da Consolidação das Leis do Trabalho), ou seja, considera-se tempo de serviço efetivo a soma dos períodos de vigência do contrato de trabalho, em que o empregado executa ou aguarda ordens.
 	Atualmente, a jornada de trabalho no Brasil é de 8 horas diárias ou 44 horas semanais. Há projeto de lei tramitando no Congresso Nacional que pretende reduzir a jornada semanal para 40 horas.
PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO (HORA EXTRA)
	Horas extras são aquelas que ultrapassam a jornada normal fixada por lei, convenção coletiva, sentença normativa ou contrato individual de trabalho.� 
	O artigo 7.º, inciso XIII, da Constituição Federal admite a prorrogação da jornada de trabalho e o seu inciso XVI fixa o adicional de pelo menos 50% superior à hora normal. Assim, ficam revogadas as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho que prevêem percentuais menores.
	Cumpre-nos esclarecer que ao estudarmos o presente tema encontraremos duas expressões comumente utilizadas pelos doutrinadores, mas, como sinônimas, a saber: “horas extraordinárias” e “horas suplementares”.
O artigo 59 da Consolidação das Leis do Trabalho autoriza a prestação de horas extras por mero acordo individual entre empregador e empregado ou por contrato coletivo de trabalho. 
O limite da prorrogação é de 2 horas diárias.
Estando prevista no contrato a prorrogação da jornada (hora extra), o empregado deve cumpri-la. A recusa do empregado em prestá-las pode significar falta grave que enseja dispensa por justa causa.
Se, ao contrário, não constar no contrato, o empregado pode recusar-se a prestá-la, exceto nos casos de serviços inadiáveis e por motivos de força maior.
O artigo 61 da Consolidação das Leis do Trabalho estabelece essas duas hipóteses em que a prorrogação é obrigatória, independente de acordo individual ou contrato coletivo, e pode ultrapassar o limite legal. 
serviço inadiável – o que não pode ser interrompido, pois, se interrompido, torna-se inútil. Exemplo: concretagem.
por motivo de força maior – é o imprevisto, pois apresentam-se situações inesperadas pelas quais o empregador não concorreu. Exemplo: enchente.
	Sempre que as horas extras se tornarem habituais, integrarão o salário para todos os efeitos legais.
REGIME DE COMPENSAÇÃO DE HORAS
O regime de compensação de horas ocorre quando o trabalhador prorroga sua jornada em alguns dias e diminui em outros. Assim, a jornada não ultrapassa o limite legal. Nesse regime, o empregado não recebe hora-extra pela compensação.
A compensação está prevista no art. 7.º, XIII, da CF e art. 59, § 2.º, da CLT.
Anteriormente, o art. 59, § 2.º, da CLT utilizava a prorrogação semanal, de modo a não ultrapassar 44 horas na semana (módulo = semana). Não havia, nesse caso, necessidade de acordo coletivo, bastava o mero acordo individual entre empregado e empregador, podendo ser prorrogada a jornada de trabalho até o limite de 2 horas diárias. Esse artigo, porém, sofreu alteração. Nos últimos anos, começou a se debater a necessidade de estabelecer uma forma mais dinâmica da jornada de trabalho dos empregados. Surgiu, então, o banco de horas. A Lei n. 9.601/98, em seu art. 6.º, criou o banco de horas. Essa lei é a mesma que incorporou o contrato com prazo determinado. O banco de horas é uma forma de compensação. Inicialmente, essa lei determinou que a compensação poderia ser feita em 4 meses, sempre respeitando o limite de 2 horas diárias. Para o banco de horas, exige-se o acordo coletivo (há participação do sindicato). O Executivo, pela Medida Provisória n. 1.952, aumentou aindamais o módulo da compensação, passando para 1 ano, mantendo as 2 horas diárias.
Se ocorrer a rescisão de contrato dentro do prazo do banco de horas, o empregado receberá hora-extra. Se houver, porém, débito de hora-extra, o empregado não pagará nada.
Caso chegue ao final o banco de horas e haja crédito, a empresa pagará hora-extra. Se houver débito, parte da doutrina entende que pode ser prorrogado o banco de horas. Outra parcela doutrinária entende que o banco de horas não poderá ser prorrogado. A jurisprudência ainda nada decidiu a respeito.
Atualmente, o art. 159, § 2.º, da CLT traz o regime de compensação de 1 ano, havendo necessidade de acordo ou convenção coletiva.
Ex.: o empregado trabalhou 8h e 26m por dia, de segunda a sexta. Os 26 minutos de cada dia ele receberá como adicional de hora-extra.
REGRAS ESPECÍFICAS DA JORNADA NOTURNA DE TRABALHO
É considerado noturno o trabalho urbano realizado entre 22:00 e 5:00h. 
Por ficção jurídica, a hora noturna é reduzida para 52m30s.
Portanto, cada 7 horas de trabalho noturno são consideradas 8 horas trabalhadas. Assim, quem trabalhou das 22:00 às 6:00h tem direito a uma hora extra.
O art. 7.º, IX, da CF/88 diz que a remuneração do trabalho noturno deve ser maior que a do diurno. O valor da hora noturna é 20% superior ao valor da hora diurna.
Aquele que cumpre jornada mista terá as horas diurnas calculadas como diurnas, as horas trabalhadas no período noturno serão calculadas com o adicional de 20%, e 52m30s corresponderão a 1 hora.
A jurisprudência vem entendendo que, quando o trabalhador cumpre integralmente a jornada noturna, o que passar da jornada, mesmo já estando no período diurno, será considerado hora extra noturna.
Para determinar a hora extra noturna, faz-se primeiro o cálculo do adicional noturno e sobre ele se calcula a hora extra.
Se o empregador transferir o empregado do trabalho noturno para o diurno, poderá suprimir o pagamento do adicional noturno (Enunciado n. 265 do TST).
Intervalos para o Descanso do Empregado
Existem 2 tipos de intervalos obrigatórios:
entre 2 jornadas: deve haver, no mínimo, um intervalo de 11 horas entre 2 jornadas (art. 66 da CLT);
intervalo semanal de 24 horas: trata-se do repouso semanal remunerado (art. 67 da CLT). O empregado descansa, mas recebe como se estivesse trabalhando.
A folga semanal se soma ao intervalo de 11 horas, que resultará em um intervalo mínimo de 35 horas (24 horas descanso semanal + 11 horas de descanso entre jornadas).
A folga semanal é paga como 1 dia de trabalho: parcelas fixas + variáveis (hora-extra habitual, adicional noturno).
No valor do trabalho mensal já está incluso o valor da folga semanal.
O empregado, para ter direito ao repouso semanal, tem que preencher alguns requisitos, previstos na Lei n. 605/49; são eles: assiduidade e pontualidade.
Caso o empregado tenha faltado injustificadamente, terá direito ao dia de folga, mas não receberá por ele. Os feriados são considerados repouso semanal remunerado. O empregado que faltar na semana do feriado não receberá nem o feriado nem o repouso semanal.
P.: E se o empregado trabalhar na folga semanal?
R.: Se o empregado recebeu uma folga (compensatória), o empregador não terá que pagar nada. Ex.: empregado trabalha domingo e folga segunda.
Sem a folga compensatória, o empregador deverá fazer o pagamento, do trabalho realizado na folga, em dobro (Lei n. 605/49).
Para o cálculo do pagamento em dobro, há duas correntes:
1.ª corrente: afirma que o empregado receberia 8 horas, que é a remuneração da folga, e mais 8 horas, que é a remuneração do trabalho;
2.ª corrente: diz que o empregado receberia 8 horas, que seria a remuneração da folga, e mais 16 horas do trabalho (total de 24 horas).
INTERVALOS DURANTE A JORNADA – ARTIGO 71 DA CLT
O art. 71 da CLT disciplina o tempo de intervalo de descanso e refeição a que têm direito os empregados.
Todo empregado que cumpre jornada de 6 a 8 horas tem direito a um intervalo mínimo de 1 hora e máximo de 2 horas. Nesse período, o empregado não fica à disposição do empregador; não conta na jornada.
Caso no intervalo o empregado fique à disposição do empregador, esse tempo não será considerado intervalo.
 	O intervalo concedido em período inferior a 1 hora é tempo à disposição do empregador, entra na jornada. Apenas será considerado intervalo se a empresa tiver autorização do Ministério do Trabalho (art. 71, § 3.º, da CLT).
O limite máximo de 2 horas existe para que a jornada de trabalho não se estenda muito, evitando que o empregado fique muito tempo à disposição do empregador. Portanto, o que ultrapassar o limite de 2 horas é tempo à disposição do empregador e contará na jornada de trabalho.
É possível, em acordo coletivo com o sindicato, o empregador conceder intervalo superior a 2 horas.
Nas jornadas de 4 a 6 horas, o intervalo é de 15 minutos. Nas jornadas inferiores a 4 horas, não há intervalo obrigatório.
Os intervalos não previstos em lei são considerados tempo à disposição do empregador, a não ser que haja previsão em acordo coletivo.
INTERVALOS ESPECIAIS – ARTIGO 72 DA CLT
Os serviços disciplinados no art. 72 da CLT, serviços permanentes de mecanografia, possuem um intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho. O objetivo desse intervalo é evitar doenças como a tendinite.
FÉRIAS
A Constituição Federal, em seu art. 7.º, inc. XVII, prevê aos trabalhadores o gozo de férias remuneradas, com pelo menos 1/3 a mais do que o salário normal.
A CF não estabelece o período de férias. 
O prazo de férias é estabelecido no art. 130 da CLT. Todo empregado que completar 12 meses na mesma empresa adquire direito a 30 dias de férias (12 meses: período aquisitivo).
Esse período de 30 dias pode ser reduzido, devido a faltas injustificadas (art. 130 da CLT):
até 5 faltas injustificadas no período aquisitivo: estão mantidos os 30 dias de férias;
6 a 14 faltas: 24 dias de férias;
15 a 23 faltas: 18 dias de férias;
24 a 32 faltas: 12 dias de férias;
mais de 32 faltas: perde o direito a férias.
A MP n. 1.952/2000 dispõe o período de férias para o empregado submetido ao regime de trabalho de tempo parcial (até 25 horas semanais) (art. 130 – A, CLT):
no regime de tempo parcial, o empregado que tiver jornada semanal superior a 22 horas até 25 horas: férias de 18 dias;
na jornada semanal superior a 20 horas até 22 horas: férias de 16 dias;
jornada semanal superior a 15 horas até 20 horas: férias de 14 dias;
jornada semanal superior a 10 horas até 15 horas: férias de 12 dias;
jornada semanal superior a 5 horas até 10 horas: férias de 10 dias;
jornada igual ou inferior a 5 horas: férias de 8 dias.
ALTERAÇÃO DA DATA BASE DO PERÍODO AQUISITIVO DE FÉRIAS
O artigo 133 da Consolidação das Leis do Trabalho enumera algumas hipóteses em que o empregado não terá direito a férias, fazendo com que sua data base se altere, nos casos em que:
I - o empregado deixa o emprego e não for readmitido após 60 dias à sua saída, pois perderá o período aquisitivo anterior, contudo, se, antes dos 60 dias for readmitido, retoma-se a contagem;
II - o empregado permanecer em gozo de licença ou paralisação dos serviços, com percepção de salários, por mais de 30 dias contínuos (porque somente o inciso IV utilizou “embora descontínuos”);
 III – o empregado possuir benefício previdenciário auxílio-doença. O auxílio-doença pode ser comum ou acidentário. Os 15 (quinze) primeiros dias da licença quem paga é o empregador e têm natureza salarial. A partir do 16.º dia, inicia-se o benefício do auxílio-doença.
Se o empregado gozar do benefício de auxílio-doença por seis meses ou mais, quando ele retornar do afastamento começará a contar novo período aquisitivo. O afastamento inferior a 6 meses não interfere em nada no período aquisitivo.
O empregado pode gozar o período de férias sem ter completado o período aquisitivo; nesse caso, no retorno do empregado

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