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Microeconomia II Capítulo 2 1 Capítulo 2 – Equação de Slutsky Estática comparada – estudo da forma como a escolha responde às variações do ambiente económico, sendo “comparada” porque se pretende comparar a situação antes e a situação depois da variação ocorrida no ambiente económico e “estática” na medida em que não estamos preocupados com o processo de ajustamento quer possa estar subjacente à passagem de uma escolha para a outra, limitando-nos a examinar a escolha de equilíbrio. Bem normal – a quantidade procurada do bem varia sempre no mesmo sentido que a variação do rendimento: ∆�� ∆� > 0 Bem inferior – a quantidade procurada do bem diminui quando o rendimento aumenta. Bem de Giffen – a quantidade procurada do bem varia sempre no mesmo sentido que a variação do preço: ∆�� ∆�� > 0 A alteração do preço é, em certa medida, como que uma alteração do rendimento. Embora o rendimento monetário se mantenha constante, a alteração do preço de um bem fará variar o poder de compra (em sentido oposto) e, desse modo, alterará a procura. Um bem de Giffen tem de ser obrigatoriamente um bem inferior, mas nem todos os bens inferiores são bens de Giffen. Curvas rendimento-consumo e curvas de Engel Curva de rendimento-consumo – união dos vários cabazes ótimos de dois bens para cada nível de rendimento, obtidos enquanto a reta orçamental se vai deslocando. Pode também ser designada como via de expansão do rendiemento. Para cabazes compostos por bens normais a curva rendimento-consumo terá sempre declive positivo. Curva de Engel – estabelece a relação entre o nível de rendimento e a procura de um determinado bem, mantendo constantes os preços. Exemplos Substitutos perfeitos: Admitindo que p1 <p2, o consumidor vai consumir apenas bem 1; Quando o rendimento aumenta o consumidor aumentará o consumo do bem 1; A curva rendimento-consumo será o eixo horizontal; Como a curva da procura do bem 1 é �� = � �� , então a curva de Engel será uma reta com declive igual a p1. Microeconomia II Capítulo 2 2 Complementos perfeitos: O consumidor irá consumir sempre a mesma quantidade de cada um dos bens; A curva rendimento-consumo é a diagonal que passa pela origem; Como a procura do bem 1 é �� = � ����� , então a curva de Engel é uma reta com declive igual a p1+p2. Preferências Cobb-Douglas: Admitindo que �(��, ��) = �� ��� ���, a procura do bem 1 é �� = �� �� e a procura do bem 2 é �� = (���)� �� ; Para cada nível de preços fixo as funções de procura dos bens são lineares e dependem apenas de m; As vias de expansão do rendimento são linhas retas a passar pela origem; A curva de Engel do bem 1 será uma reta com declive igual a �� � . Preferências homotéticas: As curvas de Engel vistas até agora têm sido linhas retas, no entanto, as verdadeiras curvas de Engel não o são necessariamente, já que quando o rendimento varia a quantidade procurada do bem pode variar mais ou menos rapidamente; Bem de luxo – o consumo do bem aumenta em maior proporção do que o rendimento; Bem necessário – o consumo do bem aumenta proporcionalmente menos do que o rendimento; Os casos que analisamos até agora constituíam o exemplo de bens que variam na mesma proporção do rendimento; Preferências homotéticas – o consumidor prefere (tx1,tx2) a (ty1,ty2) para qualquer valor positivo de t, já que o rácio entre o bem 1 e o bem 2 é sempre o mesmo; Curvas de rendimento-consumo são retas que passam pela origem, já que quando o rendimento varia num dado valor de t>0 o cabaz procurado aumenta na mesma proporção; Curvas de Engel são igualmente linhas retas. Preferências quase-lineares: Preferências onde todas as curvas de indiferença são versões deslocadas de uma outra curva de indiferença; A função de utilidade assume a forma: �(��, ��) = �(��) + ��; Se uma curva é tangente à reta orçamental em (x1*,x2*), então outra curva de indiferença será tangente em (x1*,x2*+k) para qualquer valor constante k; O aumento do rendimento não altera em nada a quantidade procurada do bem 1, logo o rendimento extra vai todo para o consumo do bem 2 (efeito de rendimento nulo no bem 1); Curva rendimento-consumo é uma reta vertical; Curva de Engel do bem 1 é uma reta vertical, já que à medida que o rendimento varia a quantidade procurada do bem 1 mantém-se constante. Microeconomia II Capítulo 2 3 Bens normais: Bens inferiores: Equação de Slutsky Vamos analisar a partir de agora o modo como o consumidor de um bem responde, em termos de escolhas, a uma variação do preço desse bem. Quando o preço de um bem se altera a variação na quantidade procurada adevem da: Variação da taxa à qual se substitui um bem por outro – efeito substituição; Variação do poder total de compra do rendimento – efeito rendimento. Assim: ∆�� = ∆�� � + ∆�� � → Iden�dade de Slutsky Microeconomia II Capítulo 2 4 Suponhamos que a restrição orçamental inicial é dada por: Imaginado que o preço do bem 1 diminuiu (p1 → p’1), então com o mesmo rendimento podemos comprar mais unidade do bem 1, pelo que a restrição orçamental roda para fora: O efeito total da redução do preço do bem 1 na procura será: ∆�� = �� � − �� Para que o poder de compra se mantenha constante (igual ao da restrição orçamental inicial) depois da variação de preço é necessária uma variação do rendimento: ∆� = �� − � ó∆� = ����� − ���� + ���� − ���� ó∆� = ∆���� Efeito de substituição / variação da procura compensada Mede a variação da quantidade procurada de um bem causada pela variação do preço desse bem, mantendo constante o poder de compra: ∆�� � = ���� � �, � �� − ��(��, �) Microeconomia II Capítulo 2 5 Para bens normais, o efeito de substituição tem sempre um sinal contrário ao da variação do preço: ∆�� < 0 → ∆�� � ≥ �, ou seja, quando o preço do bem 1 desce, o poder de compra do consumidor aumenta, logo temos de reduzir-lhe o rendimento para que o poder de compra seja igual ao inicial; ∆�� > 0 → ∆�� � ≤ �, ou seja, quando o preço do bem 1 aumenta, o poder de compra do consumidor diminui, logo temo de aumentar-lhe o rendimento para que o poder de compra seja igual ao inicial. Para bens inferiores, o efeito de substituição tem sempre o mesmo sinal que a variação do preço: ∆�� < 0 → ∆�� � ≤ � ∆�� > 0 → ∆�� � ≥ � Efeito rendimento Diferença entre o efeito total da variação do preço e o efeito substituição: ∆�� � = ∆�� − ∆�� � ó ∆�� � = ����� � �, �� − ��(��, �)� − ����� � �, � �� − ��(��, �)� ó ∆�� � = ���� � �, �� − ���� � �, � �� Efeito total da variação de preço de bem 1 na sua procura Para bens normais: ∆ p1 > 0 o ∆ x1 s < 0 o ∆ x1 n < 0 ∆ x1 < 0 ∆ p1 < 0 o ∆ x1 s > 0 o ∆ x1 n > 0 ∆ x1 > 0 Microeconomia II Capítulo 2 6 Para bens inferiores: ∆ p1 > 0 o ∆ x1 s < 0 o ∆ x1 n > 0 ∆ x1 ? |∆ x1 n| > |∆ x1 s| → ∆ x1 > 0 → Bem de Giffen |∆ x1 n| < |∆ x1 s| → ∆ x1 < 0 → Bem de Normal ∆ p1 < 0 o ∆ x1 s > 0 o ∆ x1 n < 0 ∆ x1 ? |∆ x1 n| < |∆ x1 s| → ∆ x1 < 0 → Bem de Giffen |∆ x1 n| > |∆ x1 s| → ∆ x1 > 0 → Bem de Normal Bens de Giffen: Lei da procura: Se a procura de um bem aumentar quando o rendimento aumenta, então a quantidade procurada desse bem tem de diminuir quando o preço sobe. Esta lei pode ser demonstrada utilizando a identidade de slutsky e o axioma fraco das preferências reveladas. MicroeconomiaII Capítulo 2 7 Efeito substituição e efeito rendimento para diferentes tipos de preferências Complementos perfeitos: Quando rodamos a reta do orçamento em torno do ponto escolhido e construímos a nova reta orçamental compensada, a escolha ótima desta nova reta do orçamento é a mesma que a da reta do orçamento inicial → efeito de substituição é zero; A variação da quantidade procurada do bem deve-se unicamente ao efeito rendimento. Substitutos perfeitos: Quando rodamos a reta do orçamento em torno do ponto escolhido, a escolha ótima salta do eixo vertical para o eixo horizontal, não sendo possível fazer qualquer deslocamento → efeito rendimento é zero; A variação da quantidade procurada do bem deve-se inteiramente ao efeito de substituição. Inicial: �� �� > � � = ��� → só compra bem 2 Se p1 baixar muito: Final: ��� �� < � � → só compra bem 1 Microeconomia II Capítulo 2 8 Quando rodamos a reta do orçamento em torno do ponto escolhido e construímos a nova reta orçamental compensada, a escolha ótima desta nova reta do orçamento é a mesma que a da reta do orçamento inicial → efeito de substituição é zero; A variação da quantidade procurada do bem deve-se unicamente ao efeito rendimento. Preferências quase lineares: �(��, ��) = �(��) + �� Curvas de indiferença: �(��, ��) = � �� = �(��, ��) − �(��) �� = � − �(��) Quando rodamos a reta do orçamento em torno do ponto escolhido e construímos a nova reta orçamental compensada, obtemos o cabaz Y que é o resultado o cabaz X sujeito ao efeito de substituição; O cabaz que vai ser escolhido depois da variação de preço (Z) terá exatamente a mesma quantidade de x1 que o cabaz Y, já que as preferências estão empilhadas verticalmente. Deste modo, o efeito de rendimento é zero. Inicial: �� �� < � � = ��� → só compra bem 1 Se p1 desce: Final: ��� �� ≪ � � → compra ainda mais bem 1 Microeconomia II Capítulo 2 9 Distinção entre o efeito de substituição de Slutsky e o de Hicks Efeito de substituição de Slutsky – variação da quantidade procurada de um bem quando o seu preço se altera mas o poder de compra do consumidor permanece constante, de modo a que ele ainda possa adquirir o cabaz inicial. Efeito de substituição de Hicks – variação da quantidade procurada de um bem quando o seu preço se altera mas a utilidade do consumidor permanece constante, de modo a que o cabaz escolhido esteja na mesma curva de indiferença que o cabaz inicial (através da variação do rendimento e mantendo a utilidade constante). Para obter o efeito de substituição de Hicks, em vez de rodarmos a restrição orçamental em torno do cabaz original, fazemos girar a reta ao longo da curva de indiferença do cabaz inicial. Deste modo, o consumidor ficará numa reta orçamental com os mesmos preços relativos que os da restrição orçamental final mas em que o rendimento não é o mesmo. Assim, o poder de compra final do consumidor já não é suficiente para adquirir o cabaz de bens inicial, mas chega para comprar um cabaz de bens que é, relativamente ao inicial, indiferente para o consumidor (compensamos o rendimento do consumidor para que ele volte à curva de indiferença inicial). O efeito de substituição de Hicks tem sempre sinal contrário ao da variação do preço, tal como acontece com o efeito de substituição de Slutsky. Curvas da procura Curva da procura compensada (Hicks): Curva da procura de Slutsky: DS – curva da procura vulgar (mantém o rendimento constante). Microeconomia II Capítulo 2 10 Identidade de Slutsky com derivadas Função da procura normal: ��(��, ��, �) Função da procura de Slutsky: �� �(��, ��, �̅�, �̅�) Mantendo x1 e x2 constantes e compensando o rendimento de modo a que este cabaz esteja sempre na restrição orçamental: �� �(��, ��, �̅�, �̅�) ≡ �����, ��, ��(��, ��)� Com: �� = �� ∗ �̅� + �� ∗ �̅� Aplicando a regra da diferenciação: ��� �(��, ��, �̅�, �̅�) ��� ≡ ���(��, ��, ��) ��� + ���(��, ��, ��) �� ���(��, ��) ��� ���(��, ��, ��) ��� ≡ ��� �(��, ��, �̅�, �̅�) ��� − ���(��, ��, ��) �� �̅� Efeito total: ���(��,��,�� ) ��� Efeito substituição: ��� �(��,��,�̅�,�̅�) ��� Efeito rendimento: − ���(��,��,�� ) �� �̅� Capítulo 2 – Equação de Slutsky Equação de Slutsky / Efeito de substituição / variação da procura compensada Efeito rendimento Efeito total da variação de preço de bem 1 na sua procura Lei da procura: Se a procura de um bem aumentar quando o rendimento aumenta, então a quantidade procurada desse bem tem de diminuir quando o preço sobe. Esta lei pode ser demonstrada utilizando a identidade de slutsky e o axioma fraco das preferências reveladas. Efeito substituição e efeito rendimento para diferentes tipos de preferências Distinção entre o efeito de substituição de Slutsky e o de Hicks Curvas da procura Identidade de Slutsky com derivadas
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