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A Evolução dos Custos Salariais e a Competitividade

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A Evolução dos Custos 
Salariais e a 
Competitividade 
Economia do Trabalho e Recursos Humanos 
Professora Helena Costa 
2013/2014 
 
Bárbara Ferreira, 65213; 
Diogo Dinis, 64775; 
João Silva, 66073; 
Leonor Carvalho, 64385; 
Vasco Fernandes, 64684 
 
A Evolução dos Custos Salariais e a Competitividade 
2013/2014 
 
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Índice 
 
Introdução ........................................................................................................................ 3 
Enquadramento Teórico ................................................................................................... 4 
Dados Estatísticos ............................................................................................................. 8 
Avaliação Crítica ............................................................................................................. 11 
Resumo em Inglês dos Resultados Principais ................................................................. 14 
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 15 
Anexos ............................................................................................................................ 17 
Gráfico 1: Variação Homóloga do ICT (Valores ajustados de dias úteis) .................... 17 
Gráfico 2: Remuneração média por trabalhador ........................................................ 17 
Gráfico 3: Produtividade do trabalho, por hora de trabalho ..................................... 18 
Gráfico 4: Custos unitários do trabalho relativos ....................................................... 18 
Tabela 1: taxa de variação anual das remunerações, da produtividade e dos custos 
unitários do trabalho em Portugal (2003-2011) ......................................................... 19 
Tabela 2: taxa de variação anual das remunerações, da produtividade e dos custos 
unitários do trabalho em Portugal (2011-2013) ......................................................... 19 
 
 
 
A Evolução dos Custos Salariais e a Competitividade 
2013/2014 
 
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Introdução 
Este trabalho pretende dar a conhecer a evolução dos custos salariais nos últimos três 
anos bem como o desenvolvimento competitivo dos vários sectores da economia 
portuguesa. Estes são dois temas bastante debatidos na atualidade e sobre os quais 
múltiplas opiniões se levantam o que requer uma análise clara e ponderada. 
A evolução dos custos salariais é uma questão bastante sensível na medida em que 
tem uma relação direta com as condições de trabalho dos empregados que, em caso 
de subida dos custos, são degradadas: as empresas que não têm mercado para 
aumentar os seus preços vêm-se obrigadas a reduzir horas de trabalho ou a fazer 
despedimentos. O desemprego involuntário criado causa pressão no mercado laboral 
no sentido da diminuição dos salários até que os mesmos estejam a par da 
produtividade. 
A redução do salário real em Portugal e a elevada taxa de desemprego causam um 
efeito bastante negativo na procura agregada, consequência da redução do consumo e 
do investimento. Assim, uma política de baixos salários apenas acentuará este 
problema – os aumentos dos impostos reduziram ainda mais o orçamento das famílias. 
Salários mais elevados promoveriam a educação e a formação profissional elementos 
essenciais ao aumento da produtividade. 
A segunda parte do trabalho debruça-se a competitividade portuguesa, algo que tem 
importância redobrada devido à moeda fixa: a perda de competitividade não pode 
agora ser resolvida com uma simples desvalorização monetária. Os custos salariais 
tomam um lugar de maior importância – negociações com sindicatos, flexibilidade do 
mercado de trabalho, qualidade da mão-de-obra, motivação dos jovens trabalhadores 
(atormentados por um desemprego estrutural), desenvolvimento tecnológico, 
infraestruturas e a ética de trabalho são variáveis que promovem alterações da 
competitividade empresarial. 
Existe uma relação entre a competitividade e o nível salarial: países com salários mais 
elevados são mais competitivos, pois existe uma promoção do ensino e da formação. 
Podemos observar como a produtividade pode influenciar a competitividade, pois o 
aumento da produtividade sempre se traduzirá numa redução de custos, numa melhor 
relação quantidade/preço ou até mesmo num aumento salarial qualquer um dos 
aspetos tem grande importância na competitividade empresarial de Portugal. 
 
A Evolução dos Custos Salariais e a Competitividade 
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Enquadramento Teórico 
 
O tema do nosso trabalho remete-nos para dois conceitos fundamentais: 
competitividade e custos salariais. A primeira consiste na capacidade que uma 
economia tem, estando exposta à concorrência internacional, de assegurar a evolução 
das condições de vida da população e o aumento das suas taxas de empregabilidade. 
Para comparar a competitividade entre países são analisados, numa moeda comum, 
tanto os custos de produção quanto os preços praticados. 
Dos custos de produção não só fazem parte todos os custos diretamente relacionados 
com o fabrico de um bem (matérias primas, equipamento, …) mas também os custos 
do trabalho envolvido no fabrico desse bem. Estes últimos constituem a remuneração 
total dos trabalhadores incluindo os custos salariais, as contribuições dos 
trabalhadores para a segurança social (TSU), os bónus, os subsídios e todos os outros 
pagamentos feitos pelos empregadores aos trabalhadores como recompensa do 
trabalho prestado durante um certo período de tempo. 
Uma vez que fazem parte dos custos de trabalho, os custos salariais afetam 
diretamente os custos de produção da empresa e, consequentemente, os preços 
praticados pelas mesmas. Empresas com custos salariais mais reduzidos conseguem 
mais facilmente oferecer um preço mais reduzido e atrativo no mercado do que 
empresas com custos salariais mais elevados, já que estas vão ter muito mais 
dificuldade em oferecer preços reduzidos e capazes de competir com os oferecidos 
pelas empresas com estruturas de custos salariais mais baixos. 
Deste modo concluímos que as empresas que têm custos de produção mais baixos 
serão mais competitivas, já que conseguem oferecer preços de mercado mais baixos. 
Consequentemente, deduzimos que empresas com custos salariais mais baixos serão 
também mais competitivas. Esta conclusão só é válida ceteris paribus, ou seja, se todos 
os outros fatores produtivos da empresa forem mantidos constantes. 
 
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Uma segunda maneira de medir a competitividade relativa entre países é através da 
comparação das suas taxas de câmbio reais efetivas, já que estas medem variações na 
média ponderada das taxas de câmbio de uma moeda face aos seus principais 
parceiros comerciais. Deste modo, a taxa de câmbio real efetiva vai refletir os preços a 
que são transacionados os bens e serviços entre países. Por outras palavras, o nível de 
competitividade de um país está diretamente relacionado com os seus termos de 
troca, isto é, com o rácio entre o preço unitário das exportações e o preço unitário das 
importações. 
A taxa de câmbio real efetiva é deflacionada pelo custo unitário do trabalho, isto é, 
pelo rácio entre o salário médio por trabalhador e a sua produtividade. Deste modo, 
quando a produtividade de um trabalhador é inferior ao seu salário a taxa de câmbio 
real efetiva vai diminuir o que se vai refletir negativamente na competitividade do 
país. 
Deste modo, a produtividade ocupa um lugar de destaque nesta matéria já que o seu 
aumento permitediminuir os custos salariais sem causar despedimentos. Assim, torna-
se crucial investir em investigação e desenvolvimento de modo a desenvolver novos 
métodos e tecnologias de trabalho e investir em formação profissional. Só deste modo 
a mão-de-obra é valorizada permitindo aumentar a produtividade de um país. 
Se o investimento no aumento da produtividade não se verificar, as empresas serão 
forçadas a reduzir o número de horas trabalhadas e o número de trabalhadores, de 
modo a reduzirem os custos salariais. Só assim as empresas conseguem diminuir os 
preços praticados de modo a aumentar a competitividade. Esta medida causa 
desemprego involuntário que criará pressão no mercado laboral no sentido da 
diminuição dos salários até que os mesmos estejam a par da produtividade. 
Concluímos que um aumento da produtividade se traduz num aumento da 
competitividade através da redução dos custos salariais e que, se esta não se verificar, 
será o próprio mercado a reduzir os custos salariais para que a competitividade 
aumente. Mais uma vez pode concluir-se que só as empresas com custos salariais mais 
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reduzidos se tornam competitivas. Mais uma vez tem de ser ressalvado o facto de esta 
conclusão só ser válida ceteris paribus. 
A maioria dos países tem tido uma enorme dificuldade em assegurar níveis de 
competitividade compatíveis com o equilíbrio das suas contas com o exterior, já que a 
evolução dos custos de trabalho tem sido mais do que proporcional à evolução da 
produtividade. 
No passado, este equilíbrio era restabelecido através da desvalorização cambial feita 
pelo Estado. Este como tinha soberania monetária, aumentava o nível de preços 
mantendo constante o salário nominal dos trabalhadores. Esta medida provocava uma 
diminuição dos salários reais dos trabalhadores e uma consequente diminuição dos 
custos de produção das empresas que, deste modo, assumiam uma posição 
competitiva. Ou seja, era o aumento generalizado dos preços que, não sendo 
acompanhado pela evolução nominal dos salários, aumentava a competitividade 
através da diminuição dos salários reais. 
Atualmente, o Estado já não é monetariamente soberano, pelo que tais medidas não 
podem ser aplicadas. No entanto, muitas outras são sugeridas como meio para o 
aumento da competitividade dos países. Centrar-nos-emos nas duas mais discutidas 
em Portugal nos últimos anos. 
Em 2011, o governo PSD-CDS apresentou uma proposta de desvalorização fiscal 
através da redução da taxa social única (TSU) das empresas e do aumento dos 
impostos sobre o consumo. Com esta medida seria obtida uma melhoria na 
competitividade das empresas através da diminuição dos custos do trabalho e uma 
contenção salarial, em termos reais, através do aumento dos preços dos bens não-
transacionáveis gerada pelo aumento do imposto sobre o valor acrescentado (IVA). Ou 
seja, a receita que o Estado ia perder com a diminuição da taxa social única seria 
compensada pelo aumento da receita respeitante ao imposto sobre o consumo. 
Posteriormente, esta proposta foi reformulada e aprovada em Assembleia da 
República (2014) passando a diminuição da taxa social única das empresas a ser 
compensada pelo aumento da taxa social única paga pelos trabalhadores. 
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Na ausência de quaisquer medidas por parte do Estado, os desequilíbrios 
macroeconómicos são contrariados através de processos de deflação competitiva, isto 
é, por “períodos de aumento sustentado do desemprego até que a competitividade 
seja restabelecida” (Olivier Blanchard, 2006). Por outras palavras, tem sido 
essencialmente o desemprego a gerar a compressão salarial necessária para o 
aumento da competitividade. Este fenómeno tem-se verificado em larga escala na 
zona euro, especialmente nos países mais afetados pela crise económica. 
 
 
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Dados Estatísticos 
Começamos a análise dos dados estatísticos com o gráfico que representa a Variação 
Homóloga do Índice dos Custos de Trabalho (Gráfico 1 em anexo), no entanto na 
análise é apenas feita alusão aos custos salarias, representados pela linha azul a 
tracejado. O eixo vertical representa a variação ocorrida nos parâmetros e o eixo 
horizontal indica o tempo datado por trimestres. 
 Como é visível repara-se que os custos salariais têm apresentado uma ligeira 
tendência de decréscimo, contundo são de salientar os períodos de 2011-2012 e 2012-
2013, onde o gráfico demonstra um decréscimo de 12 pontos percentuais e um 
aumento de 17 pontos percentuais, respetivamente. 
A variação ocorrida no período 2011-2012 relaciona-se em grande escala com a crise 
que se fazia sentir em Portugal. Este era um período crítico e Portugal precisava 
desesperadamente de aumentar os seus níveis de competitividade. Com a entrada de 
Portugal na Zona Euro não se podia recorrer a métodos, que anteriormente tinham 
sido utilizados, para ultrapassar adversidades desta natureza. Deste modo Portugal 
decide pedir ajuda ao exterior, resultando na entrada da Troika no Governo Português, 
que vê a redução dos custos salarias como a solução para o aumento da 
competitividade portuguesa. 
No período de 2012-2013 assiste-se ao efeito contrário na variação dos custos 
salariais, registando estes uma subida abrupta de cerca de 17 pontos percentuais. Esta 
variação tão significativa dos custos salarias resulta da distanciação entre a teoria, que 
levaria a uma recuperação portuguesa repentina, e a realidade, onde se verificou uma 
elevada insustentabilidade na população. Dada a incoerência entre o que acontecia no 
papel e os factos reais, que levou a inúmeras contestações populares, o Governo viu-se 
obrigado a subir os custos salariais, de modo a repor a ordem social. 
O gráfico 2 (em anexo) ilustra a remuneração média por trabalhador em Portugal. O 
eixo vertical representa o valor das remunerações anuais brutas dos trabalhadores e o 
eixo horizontal representa o tempo datado em anos. 
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O gráfico demonstra que as remunerações têm aumentado, período 2000-2010, um 
acréscimo relativo, dos 12 000 até aos 18 000 euros, tendo em 2010-2011 diminuído 
ligeiramente para os 17 800 euros. 
O gráfico 3 (em anexo) demonstra a produtividade do trabalho, por hora de trabalho, 
de 2005 a 2013. O eixo vertical do gráfico é a percentagem da produtividade do 
trabalho comparativa à média da UE-28, situada nos 100 pontos percentuais e o eixo 
horizontal é o tempo dado em anos. 
Relativamente à linha representativa da UE-28 que é dada como senda a referência, 
Portugal em 2005 encontrava-se, sensivelmente, 40 pontos percentuais abaixo. A sua 
produtividade manteve-se relativamente constante, tendo subido ligeiramente e 
encontrando-se em 2013 cerca de 37 pontos percentuais abaixo da linha da UE-28. 
Este aumento ligeiro da produtividade continua a ser escasso para poder atribuir a 
Portugal um lugar entre as nações mais competitivas da Europa. O gráfico demonstra 
precisamente esta situação uma vez que Portugal, entre os países representados, 
continua a ter um lugar de referência como sendo o país com pior produtividade por 
hora de trabalho. 
O gráfico 4 representa os custos unitários do trabalho relativos, no intervalo entre 
2002 e 2013. O eixo vertical representa a percentagem da variação dos custos, sendo 
100 pontos percentuais indicativo da igualdade, face ao ano anterior, dos custos 
unitários relativos do trabalho. O eixo horizontal representa o tempo datado em anos.Verificamos neste gráfico que Portugal apresentou uma variação acima dos 100 pontos 
percentuais de 2002 a 2009, ou seja, existiu um aumento dos custos unitários do 
trabalho relativos de 2002 a 2009. Apesar deste aumento dos custos unitários, no 
período de 2009 a 2013 (data mais recente), assistiu-se a um decréscimo deste 
parâmetro. 
As tabelas 1 e 2 (em anexo) demonstram a variação, de ano para ano, dos valores da 
Produtividade, dos custos unitários do trabalho e das remunerações, fornecendo 
informações comparativas mais detalhadas, que os gráficos por si não conseguiam. As 
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duas tabelas completam-se fornecendo valores dos três parâmetros desde 2003 até 
2013. 
Através da observação das tabelas verificamos que a produtividade, numa panorâmica 
geral, tem aumentado ligeiramente. No entanto verificamos, na mesma panorâmica, 
que os custos unitários do trabalho têm, simultaneamente, aumentado. Estes dois 
parâmetros ao serem comparados demonstram uma certa incoerência, já que um 
aumento da produtividade deveria levar à diminuição dos custos unitários do trabalho. 
O parâmetro que trará algum sentido a esta realidade serão as remunerações, que 
estão a aumentar conjuntamente com o aumento da produtividade. O aumento destes 
dois parâmetros poderia não aumentar os custos unitários do trabalho se o 
crescimento de ambos fosse igual ou se a produtividade aumentasse mais que as 
remunerações. No entanto o cenário com que Portugal se depara não é representativo 
de nenhuma destas condições, as remunerações têm aumentado, de 2003 a 2010 e 
mais recentemente 2013, a um ritmo mais acelerado que a produtividade, tendo 
levado a um consequente aumento dos custos unitários do trabalho e à perda da 
competitividade de Portugal. 
No período 2010-2012 em que a produtividade, proporcionalmente às remunerações, 
aumentou mais foi igualmente o período em que os custos unitários do trabalho 
apresentaram melhor desempenho, tendo diminuído. 
 
 
 
 
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Avaliação Crítica 
 
No atual contexto económico, a necessidade dos países se afirmarem 
internacionalmente é cada vez maior. Como tal, muitos países, nomeadamente da 
União Europeia, apostaram em aumentar a sua competitividade, verificando-se 
durante a atual crise económica uma transição de modelos de crescimento que se 
baseavam na procura interna (pressupõem níveis de preços e salários elevados) para 
modelos de crescimento dirigidos às exportações. 
No entanto, esta desvalorização da procura interna pode ser alcançada mais 
facilmente por países que disponham de mecanismos de desvalorização de moeda, 
caso dos Estados Unidos, que lhes permitam aumentar a procura externa através da 
desvalorização da moeda e consequentemente dos preços. No caso dos países em que 
a política monetária é mais rígida, a solução para o aumento da competitividade 
passará inevitavelmente pela redução dos custos salariais, o que permitirá às empresas 
reduzir os seus custos de produção e praticar preços mais baixos e concorrenciais nos 
mercados internacionais. 
Sendo assim, vemos que uma das opções mais viáveis para e redução dos custos 
salariais é através TSU, pois permite diretamente que os empregadores diminuam os 
seus encargos com os trabalhadores, reduzindo os custos de produção e permitindo-
lhes aumentar a produtividade. 
Tal como conseguimos ver nos gráficos apresentados, a aplicação destas medidas 
contribuiu para que Portugal conseguisse melhorar a sua competitividade. Na evolução 
das exportações, evidencia-se o aumento da procura externa, levando a balança 
comercial a registar valores positivos. A quota de mercado de Portugal registou uma 
subida significativa da sua posição em relação a outros países europeus que competem 
nos mesmo mercados, permitindo avaliar positivamente a especialização de produtos 
e como é que as empresas portuguesas reagem a variações nos mercados 
internacionais (preços/procura). E por fim, a redução da taxa real efetiva que de certa 
forma justifica o comportamento positivo dos outros indicadores. 
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No entanto, “o emprego garantido pelo atual valor dos bens e serviços é inferior ao 
que seria previsível se a economia tivesse mantido a sua estrutura” (Vítor Gaspar, 
2012), mostrando assim que, afinal de contas, a forte aposta no mercado externo 
verificou resultados á quem do que era esperado. 
 O que é importante referir é que, políticas de desvalorização interna têm de assegurar 
que são acompanhadas por aumentos de competitividade de modo a que os baixos 
preços e salários consigam ser sustentados económica e socialmente, não se focando 
apenas nos aumentos das margens de lucro. 
Tal como foi dito no início da análise, a maioria das teorias defendem que, para a 
aumentar a competitividade é fundamental a redução dos custos salariais. No entanto, 
dados mais recentes mostram que estes pressupostos poderão não estar totalmente 
corretos e exibem algumas falhas: 
1. Os cortes realizados na despesa pública em países que já apresentavam falhas 
estruturais e de gestão do sector empresarial, podem só ver os seus resultados 
a níveis da competitividade no longo prazo, levando no curto prazo, a um fraco 
crescimento económico e aumento do desemprego. 
2. O corte dos salários poderá ser um processo demoroso, já que implica a 
negociação coletiva e reformulação de determinadas leis (Caso do salário 
mínimo e aumento da TSU em Portugal). 
3. A ineficiência das medidas, nomeadamente nos sectores onde são aplicados os 
cortes salariais. No caso de Portugal, estas medidas fizeram-se mais sentir no 
setor público, que não chega a ser dos principais contribuintes para as 
exportações. Desta forma, as consequências para a competitividade são quase 
nulas. 
4. A aplicação destas medidas, tal como seria de esperar, levou à redução da 
inflação, podendo alguns países entrar num ciclo deflacionário que não lhes 
permite reduzir o nível da dívida pública. 
 
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Desta forma, vemos que existe outra perspetiva a ter em conta na relação entre custos 
salariais e competitividade: países com salários mais elevados são mais competitivos, 
pois existe uma promoção do ensino e da formação. Podemos observar como a 
produtividade pode influenciar a competitividade, pois o aumento da produtividade 
sempre se traduzirá numa redução de custos e numa melhor relação 
quantidade/preço, aspetos tem grande importância na competitividade empresarial de 
Portugal. 
Para sustentar este modelo é necessário investir na formação e qualificação da 
população, permitindo aos trabalhadores auferir salários mais elevados de acordo com 
as suas classificações. O investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) 
permitirá às empresas não só reduzir os custos de produção, mas também contratar 
trabalhadores com determinadas características, mais especializados e com novos 
conhecimentos que os permitam trabalhar com as novas tecnologias. Por fim, é 
fundamental a aposta em mercados inovadores e em expansão que permita as 
empresas destacarem-se pelos preços baixos mas também pela comercialização de 
produtos com maior qualidade que obriguem a preços mais elevados (produtos topo 
de gama). 
Em modo de conclusão, podemos dizer que o modelo aplicado em Portugal centraliza-
se muito no mercado externo, deixando um pouco de parte a economia interna, 
implicando medidas de aplicação e resultados no curto e médio prazo. Já o outromodelo proposto envolve uma maior reorganização do tecido industrial e empresarial, 
passando por um maior investimento e medidas a longo prazo. Assim, ambas as 
medidas defendem que a competitividade é um fator chave para o crescimento 
económico dos países mas diferem na forma como este deve ser alcançado. 
 
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Resumo em Inglês dos Resultados Principais 
 
Wage costs have been a very sensitive matter since these costs have a direct link with 
production costs. Therefore, they affect directly the way a enterprise manages its 
resources and how they can improve productivity and be competitive. 
The analysis of such a complex and important subject promotes several essential 
questions to define a competitive position by behalf of European companies. 
Competitive edge gained importance since the Euro establishment and now losses in 
competitive edge can’t be solved by “simply” devaluing currency. Because of that, in 
2011, Europe’s decision was to reduce wage costs allowing more money to firms. 
Three years later, Portuguese companies’ competitive level has risen and our country 
has rebalanced its balance of trade. 
Although the positive effects of the measures applied by the government, the 
improvements in reducing the unemployment were not that effective. Due to this fact, 
there’s a different ideology that argues that: There is a direct link between competitive 
edge and wage level: countries with higher wages are more competitive because 
education and qualifications. We can also link productivity with competitive edge 
because raising the first will always end up in a cost reduction and a better 
quality/price ratio. Investment in human capital is absolutely essential to this and 
reducing wage costs goes against it. 
 
 
 
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Referências Bibliográficas 
 
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Anexos 
Gráfico 1: Variação Homóloga do ICT (Valores ajustados de dias úteis) 
 
Fonte: INE 
Gráfico 2: Remuneração média por trabalhador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: PORDATA 
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Gráfico 3: Produtividade do trabalho, por hora de trabalho 
 
Fonte: PORDATA 
 
Gráfico 4: Custos unitários do trabalho relativos 
Fonte: Banco de Portugal 
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Tabela 1: taxa de variação anual das remunerações, da produtividade e 
dos custos unitários do trabalho em Portugal (2003-2011) 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Observatório das desigualdades 
Tabela 2: taxa de variação anual das remunerações, da produtividade e 
dos custos unitários do trabalho em Portugal (2011-2013) 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Banco de Portugal 
 
 
Remunerações ........ 
Produtividade ......... 
Custos unit. do trab....... 
	Introdução
	Enquadramento Teórico
	Dados Estatísticos
	Avaliação Crítica
	Resumo em Inglês dos Resultados Principais
	Referências Bibliográficas
	Anexos
	Gráfico 1: Variação Homóloga do ICT (Valores ajustados de dias úteis)
	Gráfico 2: Remuneração média por trabalhador		
	Gráfico 3: Produtividade do trabalho, por hora de trabalho
	Gráfico 4: Custos unitários do trabalho relativos
	Tabela 1: taxa de variação anual das remunerações, da produtividade e dos custos unitários do trabalho em Portugal (2003-2011)							
	Tabela 2: taxa de variação anual das remunerações, da produtividade e dos custos unitários do trabalho em Portugal (2011-2013)

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