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As falhas do mercado versao 2016(1)

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As falhas do mercado
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Justificações para a Intervenção do Estado na economia
O mercado é o local de encontro entre a oferta e a procura de um bem ou serviço
Numa economia de mercado pura, a oferta e a procura são exercidas por famílias e empresas:
 as empresas oferecem bens e procuram trabalhadores;
as famílias procuram bens e oferecem horas de trabalho.
No powerpoint anterior vimos que existem várias indicações – intuitivas e teóricas – de que o mercado é eficiente
Vimos também que na disputa “Mercado versus Estado”, o vencedor foi o Mercado
*
Justificações para a Intervenção do Estado na economia
CONTUDO, a vitória do mercado não foi total: em todos os países, a intervenção do Estado na economia foi diminuída mas não foi reduzida a zero
Mesmo nos EUA – o campeão da economia de mercado - o Estado continua a ter um peso importante na economia 
*
Justificações para a Intervenção do Estado na economia
 O que é mais típico nas economias do mundo actual é:
Na maior parte dos sectores de actividade, o Estado não intervém ou intervém pouco
Em alguns sectores, o Estado intervém bastante (mais nuns países do que noutros)
Em Portugal, em 2013, o VAB gerado pelo Estado foi 15,3% do PIB (recorde-se que o PIB é o VAB gerado por todos os agentes económicos, incluindo o Estado). Obs. VAB = Valor Acrescentado Bruto
Isto significa que, em Portugal, as actividades económicas desenvolvidas pelo Estado correspondem a cerca de 15% da actividade económica total
Esta distribuição no nosso país (Estado – 15%; empresas privadas – 85%) contrasta com o que aconteceu no passado na União Soviética (Estado – 100%; empresas privadas – 0%)
*
Justificações para a Intervenção do Estado na economia
Se o mercado ganhou – porque se revelou mais eficaz e mais eficiente - como se justifica então que continue a existir intervenção do Estado na economia?
*
Justificações para a Intervenção do Estado na economia
Nove justificações para a intervenção do Estado na economia:
Necessidade de o Estado definir um enquadramento legal para o funcionamento do mercado (regulamentação da actividade económica)
Seis falhas de mercado
Bens de mérito
Redistribuição do rendimento
*
Regulamentação da actividade económica
Para que mercado funcione e se mantenha dentro de padrões de dignidade humana, é necessário que o Estado:
Defina regras claras no quadro das quais as empresas e famílias operam (criação de leis pelo parlamento, …);
Garanta o cumprimento dessas regras (tribunais,…)
*
Exemplos de regras que são necessárias
Direitos de propriedade bem definidos. Exemplo: se não existirem direitos de propriedade sobre um apartamento, não é possível ao dono vendê-lo (passar esses direitos para outra pessoa)
Formas de forçar o cumprimento dos contratos feitos entre os agentes económicos. Exemplo: se não existirem formas de obrigar alguém que contraiu um empréstimo a pagar a dívida, ninguém estaria disposto a fazer empréstimos
*
Exemplos de regras que são necessárias
Horas de trabalho legalmente aceites: se não existirem regras a este respeito, os empresários podem exercer pressão para o trabalhador ficar horas excessivas no emprego
Idade mínima para indivíduo poder ser contratado: sem regras a este nível ocorreria exploração do trabalho infantil (como houve em grande escala no passado em Portugal)
*
Exemplos de regras que são necessárias
Natalidade: há empresários que pressionam as mulheres para não terem filhos porque acham que isso reduz a concentração no trabalho (além de dar direito a licenças de maternidade). Logo: o Estado tem o dever de tentar controlar estas pressões
Segurança no emprego na meia idade: quando as pessoas chegam à meia idade, a energia começa a faltar e, por esta razão, há empresários que tentam despedi-las. Logo: o Estado deve proteger esses cidadãos
*
Falhas de mercado
Se o mercado é eficiente, como podemos justificar o facto de o Estado intervir na economia e desenvolver algumas actividades económicas (não se limitando a regulamentar a actividade do mercado)? Resposta:
Em alguns mercados é irrealista utilizar as hipóteses do modelo de concorrência perfeita (logo, não podemos por esta via concluir que nesses casos o mercado é eficiente)
De seguida, vamos estudar as seis falhas de mercado (seis casos em que o mercado não é capaz de gerar a melhor solução, em termos da afectação de recursos)
*
Falhas do mercado
Falhas de mercado: são situações em que o funcionamento do mercado não conduz a um óptimo de Pareto
Existem seis tipos de falhas de mercado:
(1) Situações em que as empresas não são “price-takers”
(2) Bens públicos
(3) Externalidades
(4) Mercados incompletos
(5) Informação imperfeita
(6) Situações de desequilíbrio nos mercados
*
(1) Situações em que as empresas não são “price-takers”
O primeiro teorema fundamental da economia do bem estar diz-nos: “se num dado mercado existir uma estrutura de concorrência perfeita, então somos conduzidos a uma afectação eficiente de recursos”. Mas em alguns mercados as hipóteses do modelo de concorrência perfeita não se verificam (logo não podemos concluir que esses mercados conduzam a uma afectação eficiente)
Por exemplo: uma das hipóteses do modelo de concorrência perfeita é que cada empresa é “price taker” (o modelo assume que cada empresa é muito pequena no seio de um mercado onde existe um enorme número de empresas e, por isso, as suas vendas não influenciam o preço)
Ora no mundo real temos alguns mercados em que as empresas não são “price-takers” porque existem poucas empresas a operar no mercado
*
 Situações em que as empresas não são “price-takers”
Na disciplina de Microeconomia viram que em estruturas de mercado com poucas empresas estas não são “price takers”:
Monopólio: só uma empresa a operar no mercado (grande influência sobre o preço). Exemplo: EDP tem o monopólio da rede de distribuição de electricidade na região de Lisboa
Oligopólio: um reduzido número de empresas a operar no mercado (bastante influência sobre o preço). Exemplo: sector das telecomunicações em Portugal
*
Situações em que as empresas não são “price-takers”
O que deve fazer o Estado nestes casos? Deve criar um enquadramento que facilite e estimule a entrada de novas empresas no mercado para aumentar o grau de concorrência e, assim, fazer com que cada empresa deixe de ter tanta influência sobre o preço (ou seja, de forma a que passemos a estar numa situação mais próxima de ter empresas “price-takers”)
*
Situações em que as empresas não são “price-takers”
Outros casos em que as empresas têm alguma influência sobre o preço: 	
Empresa Dominante: quando existem uma ou duas empresas que têm uma quota enorme do mercado. Exemplos: (i) o caso da The Coca Cola Company; (ii) o sistema operativo Windows, que domina completamente (apesar de existirem outros sistemas como o Linux);
Concorrência Monopolística: quando existem várias empresas mas cada empresa oferece um bem ligeiramente diferente (ou seja, situações em que não está satisfeita a hipótese de o bem ser homogéneo – uma das hipóteses do modelo de concorrência perfeita). Exemplo: restaurantes
*
(2) Bens públicos
Um bem público é um bem que tem duas propriedades:
Não rivalidade no consumo: permitir a mais um individuo beneficiar do bem não implica um aumento nos custos (ou seja, o custo marginal de autorizar mais um consumidor do bem é zero). Primeiro exemplo: uma vez montado um sistema de defesa nacional, custa o mesmo defender um milhão de indivíduos ou defender um milhão de indivíduos mais um. Segundo exemplo: o custo de manter um farol não aumenta se mais um navio o utilizar como orientação
Dificuldade ou impossibilidade de exclusão: é difícil ou impossível excluir indivíduos de beneficiarem de um bem público. Por exemplo, se umpaís tem um sistema de defesa nacional contra agressões externas, não é possível impedir que um dado indivíduo desse país beneficie desse sistema. Outro exemplo: uma vez construído um farol, não é possível impedir um dado navio de se orientar por ele
*
Bens públicos
Ora, em relação a cada bem público pode mostrar-se que o mercado por si só:
ou não produz esse bem
ou produz quantidades insuficientes desse bem 
No slide seguinte vamos ver um exemplo desta sub-provisão (que tende a ocorrer no caso dos bens públicos)
*
Bens públicos – exemplo (Stiglitz, pág. 80)
Suponhamos que existe uma zona perigosa da costa marítima portuguesa onde é necessário um farol para reduzir o perigo de acidentes
Um farol é um bem público (não rivalidade no consumo + impossibilidade de exclusão)
A construção do farol custa 1000 unidades monetárias
Suponhamos que por essa zona passam navios de vários donos (duzentos navios ao todo)
O dono de cada navio não tem incentivo para construir o farol porque a probabilidade de o seu navio se afundar é mínima (embora exista). Suponhamos que cada dono de barco estaria disposto a pagar 10 para construir o farol (mas a construção do farol custa 1000 e, por isso, ele individualmente não constrói)
Os duzentos donos dos navios ao todo estariam dispostos a pagar 200x10=2000 (mais do que suficiente para construir o farol)
Por que razão não aparece uma empresa a cobrar 5 a cada um – mil ao todo - e a construir o farol? Porque, devido à impossibilidade de exclusão, haveria muitos donos de navios a tentarem não pagar (beneficiando na mesma se o farol acabar por ser construído). Chama-se a isto o problema do “free rider” (ir à boleia)
Se o número de “free riders “for elevado, pode não se conseguir juntar os 1000 euros necessários para construir o farol
Se isso acontecer, tem que ser o Estado a impor cobrança obrigatória de 5 a cada um e a construir o farol. 
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Nota
Uma vez construído o farol, todos ficam melhor do que sem farol (pagam só 5 quando estariam dispostos a pagar 10)
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Bens públicos
Fazer o raciocínio do slide anterior para o caso de “sistema de defesa nacional”
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Farol: resumo
O farol, se construído, criaria benefícios (soma dos ganhos de todos os navios que o utilizariam) superiores ao custo de construção do farol
Mas cada navio tem um benefício inferior ao custo de construção (e, por isso, nenhum dono de navio estaria disposto a construí-lo sozinho)
Uma empresa privada pode ter dificuldade em cobrar os montantes necessários para pagar a construção do farol (devido à possível existência de “free riders”)
Por isso, tem que ser o Estado a forçar a cobrança desses montantes e a assegurar a construção do farol
*
Observação
O modelo de concorrência perfeita assume que os bens são bens privados (têm as propriedades de rivalidade no consumo e possibilidade de exclusão)
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(3) Externalidades
Existem muitas situações em que:
Uma empresa impõe custos a outras empresas ou indivíduos e não os compensa (por exemplo, poluição do ar ou da água de um rio). Diz-se neste caso que a empresa gera uma externalidade negativa
Uma empresa cria benefícios para outras empresas ou indivíduos e não recebe compensação por isso (por exemplo, um produtor de maças beneficia o produtor de mel seu vizinho). Diz-se neste caso que a empresa gera uma externalidade positiva
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Externalidades
Outro exemplo de externalidade positiva: a reabilitação urbana (se o dono de um edifício realiza obras na fachada que tornam o edifício mais agradável à vista, isso melhora o bem estar de quem passa pela rua sem que estas pessoas paguem o que quer que seja ao dono do edifício) 
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Externalidades
Na presença de externalidades, a afectação de recursos pelo mercado não é eficiente
Em particular: uma vez que existem empresas que não suportam o custo total das externalidades negativas geradas pela sua actividade, elas tendem a desenvolver essa actividade em níveis excessivos
Por exemplo, sem intervenção do Estado os níveis de poluição tenderiam a ser superiores ao desejável pelo conjunto da sociedade
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Externalidades negativas: exemplo
Situação 1: uma empresa produz MUITO e polui MUITO um dado rio, causando enormes prejuízos na região (qualidade da água que os habitantes usam, quantidade de peixe no rio, capacidade de a região atrair turistas,…). Neste caso a empresa tem GRANDES lucros
Situação 2: a mesma empresa passa a produzir POUCO e a poluir POUCO o rio, causando assim menos prejuízos na região. Neste caso, a empresa tem lucros PEQUENOS (menos do que na situação 1)
Sem intervenção do Estado, estamos na situação 1 - porque a empresa prefere ter GRANDES lucros. Mas isto pode ser uma situação globalmente pior que a situação 2 (no sentido em que o beneficio liquido total dos envolvidos é menor)
Beneficio líquido total dos envolvidos = soma dos benefícios de todos os envolvidos (incluindo a empresa) – soma dos custos suportados por todos os envolvidos (incluindo a empresa) 
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Observação 1
O modelo de concorrência perfeita assume que não há externalidades
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Observação 2
Mais à frente nesta disciplina vamos estudar em detalhe os “bens públicos” e as “externalidades” (nos capítulos 6 e 9 do livro do Stiglitz, respectivamente)
Em particular, vamos estudar como resolver problemas de “externalidades”
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Observação 3
Na presença de bens públicos tende a haver sub-provisão do bem público em causa
Na presença de externalidades negativas tende a haver sobre-provisão do bem em causa
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(4) Mercados incompletos
Além de bens públicos e externalidades, existem outros bens que os mercados fornecem em montantes inadequados
Sempre que o funcionamento do mercado não conduz à produção de um bem que as pessoas desejam, temos aquilo que se designa por “mercados incompletos”
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Mercados incompletos
Alguns exemplos de mercados incompletos:
Mercado de seguros (existem alguns tipos de seguros que as pessoas desejam mas que as companhias de seguros não estão interessadas em oferecer)
Mercado de empréstimos bancários (existem alguns tipos de empréstimos que as pessoas procuram mas que os bancos não estão interessados em fornecer)
*
O mercado de seguros
O mercado de seguros não permite cobrir muitos riscos importantes enfrentados pelos indivíduos
Por exemplo, o risco de o meu banco falir e consequentemente eu perder o dinheiro que tenho lá depositado
As companhias de seguros poderiam criar um seguro para isto (cobrar um pequeno montante a cada pessoa interessada e depois garantir-lhe os depósitos em caso de falência do seu banco). Mas na prática as companhias de seguros não parecem interessadas em criar este tipo de seguros
Assim, o Estado tem que intervir. Em 1933, o governo americano criou a “Federal Deposit Insurance Corporation” a quem os bancos são obrigados a pagar prémios anuais (que servem para segurar os depósitos dos clientes em caso de falência de um dado banco). Em Portugal, o Banco de Portugal garante aos depositantes até 100.000 euros em caso de falência de um banco (através do chamado “Fundo de Garantia de Depósitos”)
Outro exemplo: o mercado não permite cobrir o risco de uma dada pessoa cair no desemprego (novamente, as companhias de seguros não parecem interessadas em criar seguros para este tipo de risco). Por isso, o Estado criou o subsídio de desemprego
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O mercado de empréstimos
Existem casos em que o acesso ao crédito bancário era considerado insuficiente antes da intervenção do governo americano
Exemplo: antes de o governo americano ter passado a dar garantias aos bancos nos empréstimos feitos a estudantes - para estes financiarem a sua educação - os bancos forneciam este tipo de crédito em montantes muito reduzidos
Outros exemplos de programas em que o governo americano fornece fundos por considerar que os bancos por si só não fazem o trabalho completo: fundospara o crédito à habitação através do Fanny Mae; fundos para empresas exportadoras; fundos para pequenos negócios
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Explicação para a sub-provisão no mercado de seguros: assimetrias de informação 
Assimetria de informação: a companhia de seguros está frequentemente menos informada sobre os riscos do que a entidade que faz o seguro
Exemplo:
uma pessoa pode querer fazer um seguro contra o risco de cair no desemprego
se conseguisse estimar esse risco, a companhia de seguros cobraria um prémio de seguro de acordo com esse risco
Mas como é muito difícil estimar esse risco temos uma de duas situações:
se o risco é sobre-estimado: o prémio de seguro será demasiado alto e a pessoa não quererá fazer esse seguro
se o risco é sub-estimado: o prémio de seguro será baixo e as pessoas quererão fazer o seguro, mas a companhia de seguros terá prejuízos (com o pagamento das indemnizações)
Consequência: não existirá este tipo de seguro (porque ou o prémio de seguro é demasiado alto e as pessoas não querem ou o prémio de seguro é demasiado baixo e a companhia de seguros vai à falência)
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Explicação para a sub-provisão no mercado de empréstimos: selecção adversa 
Os bancos podem ter dificuldade em determinar quem não irá cumprir os pagamentos de um empréstimo (isto é um problema sobretudo grave quando o banco concede empréstimos sem garantia). Obs. garantia = colateral
A estratégia usual dos bancos é subir a taxa de juro quando o risco de não pagamento é maior (ou seja, cobram um prémio de risco)
As propinas universitárias nos EUA são muitíssimo caras
Para pagarem as propinas, os estudantes procuram empréstimos bancários que pensam pagar quando começarem a trabalhar
Do ponto de vista do banco, o empréstimos a estudantes são de alto risco porque em geral são empréstimos sem garantia
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Explicação para a sub-provisão no mercado de empréstimos: selecção adversa 
O dilema que surge ao banco é que - se segue a sua estratégia usual de subir a taxa de juro por serem empréstimos sem colateral - pode acabar por fazer subir a taxa de incumprimento :
os estudantes mais responsáveis podem deixar de querer pedir o empréstimo devido à alta taxa de juro (optam por trabalhar part-time para conseguirem pagar as propinas)
Os estudantes menos responsáveis não se preocupam com a taxa de juro alta e pedem na mesma o empréstimo (mas depois não pagam)
Ou seja: o banco acaba por ficar com os clientes maus(selecção adversa)
 Ao observar que ficou com os maus clientes, o banco pode desistir de fazer empréstimos a estudantes (o que nos EUA é grave porque as propinas são altas)
Logo: pode ser necessário o Estado dar garantias aos bancos para que estes estejam interessados em fazer empréstimos a estudantes (com juro que não afaste os bons clientes)
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Observação
O modelo de concorrência perfeita assume que não há assimetrias de informação nem problemas de selecção adversa.
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(5) Informação imperfeita
O modelo de concorrência perfeita assume informação perfeita (todos os agentes têm informação completa sobre todos os aspectos relevantes para a sua decisão)
Algumas intervenções do Estado devem-se à crença de que o mercado por si só não fornece suficiente informação aos consumidores
Por exemplo: leis que exigem aos bancos que informem os indivíduos da verdadeira taxa de juro que irão pagar (tendo em conta efeitos fiscais positivos e negativos)
Outro exemplo: a Lei exige que os anúncios feitos pelas Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento -relativamente à performance dos fundos que gerem - incluam uma nota com a frase “rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras”
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(6) Situações de desequilíbrio nos mercados
Nos teoremas da economia do bem estar, as demonstrações são feitas para situações de equilíbrio de um sistema de concorrência perfeita (onde a oferta é igual à procura em cada mercado e, em particular, a oferta é igual à procura no mercado de trabalho). 
“Oferta = procura” no mercado de trabalho significa que não há desemprego 
Ora, na realidade existem periodicamente situações com elevados níveis de desemprego (desemprego de pessoas) e onde as empresas estão a operar muito abaixo da capacidade produtiva instalada (desemprego de recursos)
O Estado e o banco central podem actuar com políticas macroeconómicas – política monetária e /ou política orçamental – para tentar suavizar este tipo de situações (estimulando a despesa de forma a aumentar o nível da actividade económica e, consequentemente, o emprego )
Política monetária: banco central descer a taxa de juro para tornar o crédito mais barato e assim estimular a despesa
Política orçamental: aumentar a despesa pública e, logo, a despesa total
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Situações de desequilíbrio nos mercados
Para alguns economistas, elevados níveis de desemprego são uma das principais provas de que o mecanismo de mercado pode falhar (fazer gráfico do mercado de trabalho)
Outra prova de que o mecanismo de mercado pode, em certas alturas, deixar de funcionar plenamente foi o que aconteceu nos EUA durante a Grande Depressão de 1929-1933: a falta de despesa suficiente na economia fez os empresários reduzirem a produção e, como consequência, o PIB real caiu mais de 30%, deixando assim muita capacidade produtiva instalada sem utilização(ou seja, gerou-se uma situação em que havia capacidade de oferta muito superior à procura existente)
*
Dois argumentos adicionais para a intervenção do Estado
Mesmo que não houvesse falhas de mercado – e consequentemente o sistema de mercado fosse eficiente – existiriam duas razoes para justificar a intervenção do Estado (além da regulamentação da actividade económica):
Bens de mérito
Redistribuição do rendimento
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Bens de mérito
A demonstração de que o sistema concorrencial conduz a um óptimo de Pareto assume que cada indivíduo é o melhor avaliador do seu próprio bem estar
Mas existem situações em que os indivíduos parecem não avaliar bem o que é melhor para si (fumam; não usariam cinto de segurança se não fossem obrigados; não iriam à escola se não fossem obrigados; não se preparam o suficiente para a velhice…)
Estas situações têm justificado a intervenção do Estado (maços de cigarros avisam dos perigos envolvidos em fumar; obrigatoriedade de usar cintos de segurança; imposição de “escolaridade mínima obrigatória”; sistemas públicos que garantem pensões de reforma; …)
*
Redistribuição do rendimento
O facto de termos um equilíbrio que é eficiente no sentido de Pareto não garante nada sobre a distribuição do rendimento: os mercados concorrenciais podem gerar distribuições do rendimento muito injustas
O segundo teorema da economia do bem estar diz-nos que isto não implica eliminar o sistema concorrencial. Tudo o que o Estado tem que fazer é redistribuir a riqueza inicial dos indivíduos (cobrando impostos e distribuindo subsídios e ajudas várias)
*
Resumo
Existem nove razões que justificam a intervenção do Estado na economia:
Necessidade de definir as regras de funcionamento do mercado (o enquadramento legal)
Seis falhas de mercado
Bens de mérito
A necessidade de o Estado redistribuir o rendimento entre os indivíduos para evitar situações de desigualdade extrema
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