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Conteúdo: EMPREENDEDORISMO Ligia Maria Affonso O perfil do empreendedor: histórico e características Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir as principais características do empreendedor. Reconhecer os sistemas de apoio para o empreendedor. Identificar o conceito de empreendedorismo sustentável. Introdução O mercado empresarial vem passando por várias mudanças ao longo dos anos, acarretadas pelas alterações ocorridas em todos os aspectos da vida humana e em todo o mundo. Diante da instabilidade que toda mudança provoca, é preciso buscar meios de se adaptar a elas e, então, buscar a sobrevivência em um ambiente de incertezas. Muitas vezes, um novo negócio ou um negócio já existente são o meio que as pessoas encontram para sobreviver, conseguindo, ao mesmo tempo, realizar um sonho. Neste capítulo, você vai estudar as principais características do em- preendedor. Você também vai verificar os principais sistemas de apoio ao empreendedor e o conceito de empreendedorismo sustentável. Características do empreendedor Assim como o empreendedorismo, o empreendedor também possui papel importante no desenvolvimento da economia de um país. É ele quem produz novas ideias por meio de sua imaginação e criatividade, motivado pelo desejo de se realizar, de assumir responsabilidades e de conquistar sua independência. Em uma defi nição básica, o empreendedor é aquele que cria e inicia algo novo, que sai na frente dos outros, que enxerga oportunidades onde ninguém vê; é determinado e não tem medo de correr riscos, conforme aponta Dolabela (2012). Há tempos pesquisadores tentam definir um padrão de perfil para o em- preendedor e descobrir o que ele pensa e como ele age. Apesar de não existir uma definição única, algumas características ou traços empreendedores são sempre citados pelos pesquisadores como muito comuns aos empreendedo- res, segundo Dornelas (2013). Dentre as características mais comuns de um empreendedor, podemos destacar: o otimismo e a visão de futuro; a capacidade de transformar crises em oportunidades e influenciar pessoas, no sentido de guiá-las em direção às suas ideias; a habilidade para inovar criando algo novo ou inovando o que já existe; a busca incessante por novos negócios e oportunidades; a preocupação em melhorar produtos e serviços; o interesse nas necessidades do mercado. A autoavaliação, a autocrítica e o autocontrole são características do empreendedor que busca seu desenvolvimento, conforme aponta Dornelas (2013). A imaginação, a determinação e a habilidade de organizar, de liderar pessoas e de conhecer tecnicamente etapas e processos também são aspectos importantes de um empreendedor. É necessário que o indivíduo desenvolva suas habilidades empreendedoras, conhecendo bem os fatores externos à empresa, como o mercado e a concorrência, e os fatores internos, como as forças e fraquezas do negócio. Segundo Dornelas (2013), outras características comumente atribuídas aos empreendedores são: Motivação: geralmente os empreendedores são movidos pela motivação que possuem para cumprir uma missão ou realizar um sonho. Ou seja, a realização do empreendedor está além do ganho financeiro. Iniciativa: é uma característica forte nos empreendedores que se an- tecipam às situações e não esperam acontecer; ou seja, eles chegam primeiro e vão atrás daquilo em que acreditam. Paixão: empreendedores são otimistas e apaixonados pelo que fazem, principalmente quando o negócio é a realização de um sonho. Networking: relacionamento é fundamental para os empreendedores; assim, é necessário desenvolver uma rede de contatos extensa, com os mais variados tipos de pessoas. Esse networking é o alicerce das relações que o empreendedor carregará por toda a vida e será útil ao seu desenvolvimento pessoal e empresarial. O perfil do empreendedor: histórico e características2 Trabalho em equipe: necessário para a sustentação do negócio, uma vez que, sozinho, o empreendedor não consegue realizar seu sonho e alcançar o sucesso no negócio. Planejamento: também é fundamental para a manutenção do negócio, pois, se o empreendedor não sabe aonde quer chegar, dificilmente conseguirá ter sucesso no empreendimento. Outros aspectos importantes quando falamos em empreender são a educa- ção, a idade e o histórico profissional do indivíduo, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). A educação formal, ao contrário do que muitos imaginam, é um aspecto muito importante na formação de um empreende- dor, ainda que não seja necessária para iniciar um negócio. Muitos negócios fracassam por falta de conhecimentos específicos dos empreendedores, por exemplo, conhecimentos nas áreas de finanças, marketing, planejamento estratégico e administração. Não é necessário ter uma especialização, mas a educação, nesse contexto, possibilita a integração de novos conhecimentos, o que permite a identificação de oportunidades e a avaliação e decisão sobre se estas são viáveis ou não, além de auxiliar os empreendedores a se adaptarem a novas e diferentes situações. Na verdade, apesar de a educação contribuir para que o empreendedor des- cubra novas oportunidades, ela não é decisiva na criação de um novo negócio para a exploração da oportunidade descoberta. Por outro lado, a educação fortalece a ação empreendedora, uma vez que faz com que os indivíduos acreditem em sua chance de se tornarem empreendedores. Ou seja, quanto mais os indivíduos acreditarem que sua educação torna a ação empreendedora mais viável, maior a chance de se tornarem empreendedores, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Por sua vez, a educação não formal diz respeito aos conhecimentos ad- quiridos pelo empreendedor ao longo de sua vida, por meio das experiências vividas, o que também é importante para a formação do empreendedor. Ou seja, o empreendedor utiliza sua experiência na criação de seu negócio, mas sente necessidade de maiores conhecimentos sobre finanças, marketing, pla- nejamento estratégico e administração, buscando-os em meios formais. A importância da educação para o empreendedor se reflete não apenas no nível educacional obtido por ele, mas também no fato de que ela desempenha constantemente um grande papel, uma vez que auxilia os empreendedores a lidarem com os problemas que enfrentam, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). 3O perfil do empreendedor: histórico e características O capital humano de um empreendedor propicia a criação de conhecimento, aptidões e habilidades necessárias para solucionar problemas em diferentes situações, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). A idade, tanto empreendedora como cronológica, é outro aspecto que in- fluencia a ação do empreendedor. A idade empreendedora reflete a experiência do empreendedor; quanto maior ela for, maiores as chances de sucesso do novo empreendimento, principalmente se este estiver relacionado à experiência prévia do empreendedor. Em relação à idade cronológica, muitos empreen- dedores iniciam seus negócios entre os 22 e 45 anos, o que não quer dizer que isso não possa acontecer antes ou depois, apesar de ser improvável, devido à falta de experiência, recursos e energia para criar e administrar um negócio. É bastante comum que os homens iniciem um novo negócio por volta dos 30 anos e as mulheres, por volta dos 35 anos. No entanto, é relevante ressaltar que muitos indivíduos se tornam empreendedores com idades mais avançadas, quando se aposentam, quando os filhos já saíram de casa, quando a situação financeira não é mais uma grande preocupação e quando, então, a vontade de realizar algo pelo resto de suas vidas fala mais alto, conforme lecionam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). O históricoprofissional também exerce influência na criação de um novo negócio e contribui para seu crescimento e sucesso. Ou seja, a experiência téc- nica do indivíduo é importante quando este decide empreender. Conhecimentos nas áreas de finanças, desenvolvimento de produtos ou serviços, produção e desenvolvimento de canais de distribuição também são necessários, pois, con- forme o negócio vai se estabelecendo, mais a experiência e os conhecimentos se tornam fundamentais para a sua sobrevivência, e, mais ainda, conforme o número de funcionários for aumentando. Ou seja, quanto maior for o número de funcionários no empreendimento, maior a exigência de habilidades admi- nistrativas, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). O perfil do empreendedor: histórico e características4 Informações e experiências sobre como iniciar uma empresa, tomar decisões em situações e ambientes com alto nível de incerteza, construir a cultura da empresa, buscar recursos em outras fontes e gerenciar altos índices de crescimento também são importantes para o empreendedor, conforme Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Cabe destacar que experiências em negócios anteriores também são de grande ajuda para decidir sobre novos negócios, pois proporcionam aos empre- endedores os conhecimentos exigidos para a administração de uma empresa independente. Além disso, as experiências anteriores também garantem pa- râmetros de referência que ajudem o empreendedor a identificar a verdadeira importância das novas oportunidades de entrada, agilizando o processo de criação do negócio e potencializando seu desempenho. Quanto maior for a segurança dos empreendedores em relação à sua experiência no alcance de bons resultados, mais fortes serão as intenções empreendedoras. Segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2014), outras qualidades requeridas aos empre- endedores e que merecem atenção são: foco, ou seja, a dedicação integral ao negócio para alcançar e manter os objetivos do negócio; resiliência, ou seja, a capacidade de resistir a pressões, dificuldades e problemas; e integridade, ou seja, manter-se fiel aos princípios éticos e morais em sua conduta. Sistemas de apoio ao empreendedor Você já parou para pensar que, para alcançarmos tudo aquilo que desejamos, precisamos do apoio de outras pessoas? Por exemplo, para conseguir concluir uma graduação ou uma pós-graduação, precisamos de uma universidade, dos professores, secretários e colegas, e até de nossa família. Por mais que consigamos caminhar sozinho em busca de algo, em determinado momento 5O perfil do empreendedor: histórico e características precisaremos de outras pessoas. Ou seja, nenhum de nós consegue alcançar o sucesso, em qualquer empreendimento, sem a participação de outras pessoas. Assim acontece com o empreendedor, que ao longo de todas as fases de seu negócio necessita de um forte sistema de apoio e aconselhamento. Esse apoio é fundamental, principalmente, na fase inicial do negócio, quando os empreendedores necessitam de informações, conselhos e orientações sobre os mais variados aspectos, como a importância da pesquisa de mercado e da elaboração de um plano de negócios. Nesse momento, é recomendável que o empreendedor inicie uma rede de contatos e estabeleça conexões estratégicas que o apoiem na formação do novo empreendimento. O empreendedorismo no Brasil não é algo novo, mas foi alavancado com a reformulação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 1990. A crise econômica pela qual o país passava no final dessa década, a instabilidade do emprego formal e a abertura dos mercados contri- buíram para esse movimento revolucionário no país. Desde 1972, o Sebrae vem trabalhando para estimular o empreendedorismo no país e possibilitar a competitividade e a sustentabilidade dos empreendimentos de micro e pequeno porte (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018). O Sebrae é uma entidade privada sem fins lucrativos cujo objetivo é capacitar e promover o desenvolvimento de pequenos negócios de todo o país. Teve início em 1972 como Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (Cebrae) e foi transformado em Sebrae por meio do Decreto nº. 99.570, que complementa a Lei nº. 8.029, de 12 de abril de 1990 (BRITO; PEREIRA; LINARD, 2013; GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2017). Cabe destacar que os pequenos negócios são responsáveis por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. As micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no comércio, com 53,4% do PIB desse setor. Na indústria, representam 22,5% do PIB, bem próximas das médias empresas, que representam 24,5% do PIB brasileiro. No setor de serviços, mais de um terço da produção nacional (36,3%) tem origem nos pequenos negócios. Os pequenos negócios representavam, em 2017, 98,5% dos empreendimentos no país, gerando a renda de 70% dos brasileiros ocupados no setor privado, o que O perfil do empreendedor: histórico e características6 comprova sua importância para a economia do país (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2018). A qualidade do empreendedorismo no Brasil vem melhorando bastante nos últimos anos. Isso se deve à ampliação do acesso às informações sobre criação e manutenção dos negócios, à atuação dos sistemas e redes de apoio aos negócios e à capacitação e às políticas públicas que vêm sendo desenvolvidas e adotadas nos últimos anos, como o Simples Nacional, a criação do Micro- empreendedor Individual (MEI) e a reformulação do Portal do Empreendedor (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR , 2017). Para saber mais sobre o Simples Nacional, o MEI e o Portal do Empreendedor, acesse os links a seguir: https://goo.gl/UEPK5K https://goo.gl/NHeTI Existem ainda outros portais, bem como revistas e programas que visam a apoiar os empreendedores na criação, manutenção e expansão de suas empresas; por exemplo, o Endeavor Brasil, a Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas e o Programa Instituição Amiga do Empreendedor, entre outros. Segundo o Sebrae (2018), toda essa rede de apoio tem por objetivo: desenvolver e ampliar as habilidades, os conhecimentos e as atitudes de empreendedores e estudantes; aperfeiçoar o perfil empreendedor e o ato de empreender; preparar o empreendedor para alcançar maiores índices de sucesso e sobrevivência de seus negócios e gerar riqueza; promover o comportamento e a mentalidade empresarial, ou seja, estimu- lar no empreendedor a criatividade, o espírito de iniciativa, a aceitação do risco, a autoconfiança, a independência, etc.; reduzir os riscos para o empreendedor. É importante destacar que, além dos sistemas e redes de apoio formais para os empreendedores, as redes informais para apoio moral e profissional 7O perfil do empreendedor: histórico e características também podem beneficiar o empreendedor, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Rede de apoio moral: inclui amigos e familiares (filhos, tios, sogros, etc.) que podem apoiar o empreendedor com sua torcida pelo sucesso do negócio ou em momentos difíceis e solitários pelos quais o empreendedor passa ao longo do processo de empreender. Muitos empreendedores veem em seus cônjuges a maior fonte de apoio, uma vez que estão sempre ao seu lado e lhes permitem dedicar o tempo necessário ao novo empreendimento. Os amigos também são importantes fontes de apoio, uma vez que sua opinião e crítica são sempre mais verdadeiras do que as de outras fontes externas. Rede de apoio profissional: esse apoio também é fundamental, uma vez que o empreendedor necessita de várias orientações no processo de criação e implementação do novo empreendimento. Mentores, sócios, associações comerciais, afiliações pessoais, entre outros, podem ser fontes de aconse-lhamento. O mentor, por exemplo, é o indivíduo que ajuda o empreendedor em suas atividades empresariais; é alguém com quem o empreendedor pode compartilhar problemas e sucessos e que precisa ser um especialista no ramo, ou seja, ser capacitado, para proporcionar o aconselhamento prático necessá- rio. As associações comerciais, por sua vez, podem auxiliar na manutenção da competitividade do novo empreendimento, uma vez que estão sempre informadas sobre tendências e novidades, com dados atuais sobre o setor. As afiliações pessoais do empreendedor (clubes, ações cívicas e grupos de ex- -colegas de faculdade) também são excelentes fontes de referências, conselhos e informações. Rede de associados ao negócio: aqui estamos falando de indivíduos au- tônomos que tenham a experiência em iniciar um negócio, clientes ou consu- midores do produto ou serviço oferecido pelo empreendimento, especialistas, como consultores, advogados ou contadores, e os fornecedores. Clientes ou consumidores são extremamente importantes, pois, além de representarem a fonte de lucro do negócio, se satisfeitos, atuam na divulgação do negócio por meio do boca a boca, o que ajuda na formação da reputação e imagem do negócio. Os fornecedores possuem papel não menos importante do que o dos consumidores, uma vez que são eles que vão disponibilizar matéria-prima e outros suprimentos para o funcionamento do negócio. Assim, é extremamente importante manter boas e confiáveis relações com eles, que também podem contribuir com informações valiosas sobre a concorrência no setor. O perfil do empreendedor: histórico e características8 Você sabia que os indivíduos cujo exemplo o empreendedor pode almejar e copiar são conhecidos como modelos de conduta? Isso mesmo! Um dos principais fatores que influenciam os empreendedores em sua carreira é a escolha do modelo de con- duta, representado pela figura de familiares, amigos ou empreendedores de sucesso, conforme lecionam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Dessa forma, é importante que o empreendedor possua sua rede de apoio moral e profissional, pois esses contatos transmitem confiança, segurança, amparo, conselhos e, sobretudo, informações, elemento crucial em qualquer negócio. A confiança estabelecida nessas redes pode, por exemplo, permitir ao empreendedor ter acesso a recursos altamente valiosos, como conhecimentos e informações de difícil acesso, ou a troca de produtos e serviços difíceis de se obter por meio de arranjos contratuais. Além disso, com esses grupos de apoio, é possível compartilhar problemas e soluções que atuem como base e apoio para o novo empreendimento, conforme lecionam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Assim, à medida que a rede de apoio dá ao indivíduo maior certeza sobre sua chance de alcançar resultados com sucesso, mais fortalecidas serão suas intenções empreendedoras. A força dos laços entre o empreendedor e qualquer indivíduo de suas redes de apoio está condicionada à frequência, ao nível e à reciprocidade do relacionamento entre eles. Ou seja, quanto maior a frequência e a profundidade desse relacionamento e os benefícios decorrentes dele, mais forte e duradoura será a conexão entre eles, segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2014). 9O perfil do empreendedor: histórico e características Empreendedorismo sustentável O mundo vem passando por rápidas transformações nos âmbitos político, econômico, social, cultural e ambiental. A degradação do meio ambiente, as mudanças climáticas e a falta de água potável são exemplos de problemas com que as sociedades têm sido obrigadas a conviver e lidar. Isso explica a preocupação cada vez mais crescente da sociedade com o desenvolvimento sustentável do planeta. Esses problemas são irreversíveis e suas consequ- ências geram impactos na consciência e nas atitudes das pessoas, mudando seu comportamento em relação ao consumo de produtos e serviços de forma mais responsável, dando prioridade às empresas social e ambientalmente responsáveis, conforme aponta Degen (2009). As empresas, por sua vez, têm sido cada vez mais cobradas a participarem e se comprometerem com o desenvolvimento sustentável, contribuindo para o crescimento econômico por meio de geração de empregos e renda, inovação, investimentos e também ações que contribuam para o equilíbrio e a preser- vação ambiental. Esse movimento em prol do desenvolvimento sustentável trouxe consigo muitas questões, fazendo surgir novos segmentos de atuação e o termo empreendedorismo sustentável, que se refere à adoção de práticas que visem a reduzir os danos causados ao meio ambiente. É possível definir o empreendedorismo sustentável como uma forma de empreendedorismo com foco no mercado e na criação de valor, com respeito aos aspectos ambiental e social. O empreendedorismo sustentável é a combi- nação das dimensões econômica, social e ambiental do empreendedorismo. Ou seja, um empreendimento só pode ser considerado sustentável quando é ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável, conforme lecionam os autores Pimentel; Reinaldo e Oliveira (2010) e Spence, Gherib e Biwolé (2011). Ou seja, o empreendedorismo sustentável tem seu foco na preservação da natureza e no suporte da vida e da comunidade, buscando oportunidades de criar novos produtos, processos e serviços para a geração de ganhos futuros, incluindo benefícios econômicos e não econômicos a indivíduos, à economia e à sociedade como um todo. Dessa forma, o empreendedor sustentável é aquele que busca alcançar seus lucros por meio de processos humanizados e que respeitem o meio ambiente, segundo Degen (2009) e Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Em relação aos ganhos ambientais para terceiros, podemos citar a redução da poluição atmosférica, as melhorias na qualidade do ar ou da água potável e outros aspectos ligados à qualidade de vida. Como ganhos para a sociedade, O perfil do empreendedor: histórico e características10 podemos citar menores índices de mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, educação de qualidade, oportunidades igualitárias, etc. Outro ponto importante que deve ser lembrado é que a comunidade onde o empreendimento está inserido também deve ser beneficiada, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). O empreendedor com maiores conhecimentos sobre meio ambiente, como biodiversi- dade e ecossistemas, possui maiores chances de perceber as mudanças e oportunidades no ambiente e agir em relação a elas, conforme Hisrich, Peters e Shepherd (2014). Nesse sentido, as empresas devem se preocupar em mudar seu modelo de gestão, buscando minimizar todo e qualquer impacto negativo que sua atividade possa causar no meio ambiente, sensibilizando também seus consumidores quanto à importância de questões ambientais. Vejamos algumas dicas para ser um empreendedor sustentável: Investir em capital humano, incentivando o desenvolvimento contínuo dos colaboradores e permitindo que eles apresentem suas ideias e ino- vações, contribuindo para os resultados da empresa; ouvir as pessoas e aceitar suas ideias é uma prática que envolve a sustentabilidade. Adotar processos ambientalmente corretos, sempre pensando em reduzir o impacto negativo ao meio ambiente. Isso vale para grandes e pequenas empresas, com ações como: troca de maquinários de alto consumo; redução do consumo de água, energia e combustível; eliminação da impressão de papel, etc. Ou seja, deve-se rever todos os processos que podem ser eliminados ou substituídos por processos mais econômicos e limpos. Estimular a consciência coletiva dos colaboradores sobre a impor- tância de suas ações para o meio ambiente, envolvendo-os em ações sustentáveis. Buscar conhecimentos sobre práticas de empreendedorismo sustentável adotadas em outras empresas do mercado nacional e internacional que deram certoe podem ser adotadas em sua empresa. 11O perfil do empreendedor: histórico e características Conversar com os consumidores para conhecer sua percepção em relação a formas de redução de impactos negativos e economia de recursos escassos. Procurar saber como eles produziriam o produto ou serviço que você oferece. Dessa forma, você pode conseguir boas ideias. Se o empreendimento estiver no estágio inicial, deve-se trazer na mala a cultura do empreendedorismo sustentável. Procurar inserir no mercado produtos e serviços compatíveis com as regras ambientais. Isso é um diferencial para o negócio, ou seja, produtos ambientalmente corretos possibilitam o crescimento da empresa em variados nichos de mercado. Cabe destacar que transformar uma empresa já estabelecida em uma em- presa sustentável pode levar um tempo, pois ninguém muda o comportamento da noite para o dia. Para se tornar uma empresa social e ambientalmente sustentável, é necessário o envolvimento de todos, ou seja, do empreendedor e de seus colaboradores, em todas as áreas e níveis da empresa. Cada vez mais as empresas necessitam da licença social para atuar, uma vez que a sociedade está mais consciente da necessidade de promover o desenvolvimento sustentável. Essa licença pode ser cassada caso as empresas desrespeitam o meio ambiente, com práticas abusivas e agressivas, conforme leciona Degen (2009). BRITO, A. M.; PEREIRA, P. S.; LINARD, A. P. Empreendedorismo. Juazeiro do Norte: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, 2013. DEGEN, R. J. O empreendedor: empreender como opção de carreira. São Paulo: Prentice- -Hall do Brasil, 2009. DOLABELA, F. O segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. DORNELAS, J. Empreendedorismo para visionários: desenvolvendo negócios inovadores para um mundo em transformação. Rio de Janeiro: LTC, 2013. O perfil do empreendedor: histórico e características12 GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR (GEM). Empreendedorismo no Brasil: 2016. Curi- tiba: IBQP, 2017. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/ Anexos/GEM%20Nacional%20-%20web.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, A. D. Empreendedorismo [dados eletrônico]. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. PIMENTEL, T. A. B.; REINALDO, H. O. A.; OLIVEIRA, L. G. L. Empreendedorismo sustentável: uma análise da implementação da sustentabilidade empresarial em micro, pequenas e médias empresas industriais atendidas pelo PEIEX- no NUTEC. In: SIMPÓSIO DE AD- MINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS – SIMPOI, 13., 2010, São Paulo. Anais... São Paulo: SIMPOI, 2010. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Pequenos negócios em números. 2018. Disponível em <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSe- brae/ufs/sp/sebraeaz/pequenos-negocios-em-numeros,12e8794363447510VgnVCM1 000004c00210aRCRD> Acesso em: 12 nov. 2018. SPENCE, M.; GHERIB, J. B. B.; BIWOLÉ, V. O. Sustainable entrepreneurship: is entrepre- neurial will enough? a north-south comparison. Journal of Business Ethics, v. 99, n. 3, p. 335–367, Mar. 2011. Leituras recomendadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001: sistema de gestão ambiental. Rio de Janeiro, 2015. BRASIL. Decreto nº 99.570, de 9 de outubro de 1990. Desvincula da Administração Pública Federal o Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Cebrae), transfor- mando-o em serviço social autônomo. Brasília, DF, 1990a. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/D99570.htm>. Acesso em: 12 nov. 2018. BRASIL. Lei nº 8029 de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a extinção e dissolução de entidades da administração Pública Federal, e dá outras providências. Brasília, DF, 1990b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8029cons.htm>. Acesso em: 12 nov. 2018. BRASIL. Portal do Empreendedor – MEI. [2018]. Disponível em: <http://www.portaldo- empreendedor.gov.br/>. Acesso em: 12 nov. 2018. BRASIL. Receita Federal. Simples Nacional. O que é Simples Nacional? [2018]. Disponível em: <http://www8.receita.fazenda.gov.br/simplesnacional/>. Acesso em: 12 nov. 2018. LOPES, A. E. M. P.; MIRANDA, C. F. Empreendedorismo sustentável: uma oportunidade de estratégias competitivas. Ágora: R. Divulg. Cient., v. 22, n. 2, p. 45–65, jul./dez. 2017. 13O perfil do empreendedor: histórico e características Conteúdo:
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