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1 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 AULA 6 RECEITAS PÚBLICAS 1. RECEITAS PÚBLICAS O orçamento é instrumento de planejamento de qualquer entidade, seja pública ou privada, e representa o fluxo previsto dos ingressos e das aplicações de recursos em determinado período. A matéria pertinente à receita é disciplinada, em linhas gerais, pelos arts. 2º, 3º, 6º, 9º, 11, 35, 56 e 57 da Lei no 4.320, de 1964. Em sentido amplo, receitas públicas são ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado, que se desdobram em receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos financeiros para o erário, e ingressos extraorçamentários, quando representam apenas entradas compensatórias. Em sentido estrito, são públicas apenas as receitas orçamentárias. Esquematizando, temos: O Manual de Receita Nacional STN/SOF define como receita “todos os ingressos disponíveis para cobertura das despesas orçamentárias e operações que, mesmo não havendo ingresso de recursos, financiam despesas orçamentárias”. Para o Manual de Procedimentos da Receita Pública da STN, “receitas públicas são todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas”. Entendemos que receita pública é qualquer recurso obtido pelo Estado, em determinado período financeiro, disponível para custear despesas públicas. Segundo o Glossário do Senado Federal, “receita é toda arrecadação de rendas autorizada pela Constituição Federal, leis e títulos creditórios à Fazenda Pública”. Assim, memorize: receitas são ingressos financeiros no patrimônio público, mas nem todos os ingressos nos cofres públicos são receita pública orçamentária. Alguns recursos são “meras entradas” sujeitas a posterior devolução; ou seja, receita Pública stricto sensu são apenas as receitas orçamentárias, que são as receitas de caráter não devolutivo, que estarão disponíveis para custear despesas públicas. A matéria pertinente à receita vem disciplinada no art. 3º, conjugado com o art.57, e no art. 35 da Lei nº 4.320/1964: Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. [...] RECEITAS PÚBLICAS STRICTO SENSU São todas as entradas ou ingressos de bens ou direitos, em certo período de tempo, que se incorporam ao patrimônio público sem compromisso de devolução posterior. Exemplos: alienação de bens, receita de contribuições, receitas industriais etc. LATO SENSU São todas as entradas ou ingressos de bens ou direitos a qualquer título, em certo período de tempo, que o Estado utiliza para financiar seus gastos, podendo ou não se incorporar ao seu patrimônio e independente de haver contrapartida no passivo. Exemplos: receitas tributárias, operações de crédito, operações de crédito por antecipação de receita, cauções etc. 2 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas. A consequência legal da inclusão de uma despesa no orçamento público é diferente da consequência legal da inclusão de uma receita nesse orçamento, uma vez que as receitas constantes no orçamento são apenas previstas, diferentemente das despesas que são fixadas. A consequência disso é que as despesas fixadas constituem um limite de despesa a ser realizada, enquanto as receitas são apenas estimativas que podem ocorrer ou não. 3 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 4 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 Segundo GIACOMONI (2018), na organização do orçamento, a receita apresenta um número bem menor de questões de interesse do que a despesa. Em rigor, o orçamento de receita é constituído de apenas um quadro analítico com as estimativas de arrecadação de cada um dos tipos de receita da instituição, além de alguns quadros sintéticos. Para fins contábeis, quanto ao impacto na situação patrimonial líquida, a receita pode ser “efetiva” ou “não-efetiva”: a. RECEITA ORÇAMENTÁRIA EFETIVA aquela em que os ingressos de disponibilidade de recursos não foram precedidos de registro de reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes. b. RECEITA ORÇAMENTÁRIA NÃO EFETIVA é aquela em que os ingressos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro do reconhecimento do direito ou constituem obrigações correspondentes, como é o caso das operações de crédito. 1.1 INGRESSOS EXTRAORÇAMENTÁRIOS Ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente depositário. Sua devolução não se sujeita a autorização legislativa, portanto, não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis, os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no Patrimônio Líquido da Entidade. São exemplos de ingressos extraorçamentários: os depósitos em caução, as fianças, as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO), a emissão de moeda, e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros.As receitas extraorçamentárias possuem caráter temporário, não se incorporando ao patrimônio público. Tais receitas não integram o Orçamento Público e constituem passivos exigíveis do ente, de tal forma que o seu pagamento não está sujeito à autorização legislativa. Ex.: depósito em caução, Antecipação de Receitas Orçamentárias (ARO), emissão de moeda e outras. Os ingressos extraorçamentários não alteram o patrimônio do ente público, não aumentam o saldo patrimonial: geram apenas um fato permutativo no patrimônio – entram recursos e geram-se obrigações. Para a STN, os ingressos extraorçamentários são aqueles pertencentes a terceiros, arrecadados pelo ente público exclusivamente para fazer face às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Esses ingressos não se encontram previstos no orçamento, e a STN os denomina de recursos de terceiros. 1.2 INGRESSOS ORÇAMENTÁRIOS São disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante o exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição. Instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, as receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades públicas e demandas da sociedade. Essas receitas pertencem ao Estado, transitam pelo patrimônio do Poder Público e, via de regra, por força do princípio orçamentário da universalidade, estão previstas na Lei Orçamentária Anual – LOA. Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA registrar a previsão de arrecadação, a mera ausência formal do registro dessa previsão, no citado documento legal, não lhes retira o caráter de orçamentárias, haja vista o art. 57 da Lei nº 4.320, de 1964, determinar classificar-se como receita orçamentária toda receita arrecadada que porventurarepresente ingressos financeiros orçamentários, inclusive se provenientes de operações de crédito, exceto: operações de crédito por antecipação de receita – ARO , emissões de 5 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros. Logo, A receita pública pode ser considerada orçamentária mesmo se não estiver incluída na LOA. Além disso, uma receita extraorçamentária pode se tornar orçamentária. Por exemplo, poderá ser exigido de um licitante um depósito em caução para a participação em uma licitação. O depósito em caução é uma receita extraorçamentária do órgão, sujeita à devolução. Se o licitante der um lance vencedor e não honrá-lo no prazo previsto, perderá a caução em favor do Erário, que a incorporará como receita orçamentária. 1.3 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA Receita Originária - é a receita efetiva oriunda das rendas produzidas pelos ativos do Poder Público, pela cessão remunerada de bens e valores (aluguéis e ganhos em aplicações financeiras), ou aplicação em atividades econômicas (produção, comércio ou serviços). As receitas originárias são provenientes do patrimônio público (bens e direitos). O Estado obtém essas receitas colocando parte do seu patrimônio à disposição da sociedade, que paga pela sua utilização. São formadas por receitas correntes e também são denominadas receitas de economia privada. Ex.: receitas patrimoniais, receitas agropecuárias, receitas comerciais, receitas de serviço, participações e dividendos, receita de aluguel de imóveis etc. Podem ser subclassificadas em: I- Patrimoniais: receitas que provêm das rendas geradas pelo patrimônio do próprio Estado (mobiliário e imobiliário). Exs.: receitas de aluguéis, receitas decorrentes das vendas de bens e as operações de crédito. Incluem-se também as decorrentes de pagamento de royalties pela exploração do seu patrimônio por concessionários e permissionários de serviços públicos. II - Empresariais: são aquelas provenientes das atividades realizadas pelo Estado como empresário, seja no âmbito comercial, industrial ou de prestação de serviços. Receita Derivada - é a receita efetiva obtida pelo Estado em função de sua soberania, por meio de tributos, penalidades, indenizações e restituições. As receitas derivadas são formadas por receitas correntes, segundo a classificação da receita por categoria econômica. Ex.: receita tributária, receita de contribuições etc. São receitas obtidas pelo Estado mediante sua autoridade coercitiva. O Estado exerce a sua competência, o seu poder, e tributa os rendimentos e o patrimônio das pessoas e das 6 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 empresas, exigindo compulsoriamente que o particular entregue determinada quantia na forma de tributos. Essa receita é derivada porque deriva do patrimônio dos particulares, da sociedade em geral. Embora utilizada no meio acadêmico, a diferenciação originária X derivada não é utilizada como classificação oficial da receita pelo Poder Público. Receita Financeira – são as receitas decorrentes de aplicações financeiras, operações de crédito, alienação de ativos e outras. Essa definição surgiu da necessidade de separar as receitas financeiras para se apurar o resultado primário do Governo Federal. Elas não são incluídas neste cálculo. Na sua maioria são receitas de capital, mas existem os juros, que são classificados como receitas correntes. As receitas financeiras correspondem às receitas de capital mais os juros, que são receitas correntes. Receita Não Financeira - são as receitas oriundas de tributos, contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais, serviços e outras. São receitas correntes e são utilizadas para o cálculo do resultado primário. Receitas Ordinárias - são as receitas que ocorrem regularmente em cada período financeiro. Correspondem às receitas correntes e são fonte permanente e regular de receitas destinadas a financiar as despesas públicas. Ex.: impostos, taxas, contribuiçõesetc. Receitas Extraordinárias - são aquelas que decorrem de situações emergenciais ou outras de caráter eventual. Ingressam nos cofres públicos em caráter excepcional ou temporário. Ex.: empréstimos compulsórios, imposto extraordinário, doações etc. Receita Vinculada - é a receita arrecadada com destinação específica estabelecida em dispositivos legais. A vinculação da receita torna a programação financeira menos flexível, reservando parte dos recursos disponíveis para determinada destinação. Receita vinculada é a receita arrecadada que, em função da legislação, tem sua destinação estabelecida. Essas receitas não poderão ser utilizadas para outro objeto, conforme o parágrafo único do art. 8º da LRF: "Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso". Receitas Compulsórias - são receitas cujas origens encontram-se nas legislações que impõem aos particulares uma obrigação. São casos de receita compulsória: os tributos, as contribuições etc. Nesse caso, os contribuintes não têm escolha: recolhem os impostos devidos ou sujeitam-se às penalidades legais. Receitas Facultativas - as receitas facultativas possuem sua origem nos atos jurídicos bilaterais, ou seja, são aquelas decorrentes da vontade das pessoas. Como exemplos temos os aluguéis (receita patrimonial), preços públicos, tarifas etc. As receitas compulsórias assemelham-se às receitas derivadas, e as facultativas, às receitas originárias. Receitas Próprias - são as receitas provenientes do esforço de arrecadação de cada órgão, isto é, receitas que o órgão tem a competência legal de prever e arrecadar. Não podem ser oriundas de transferências, ainda que de outra esfera governamental, nem ter origem em operações de crédito. As receitas próprias devem ser arrecadadas por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU) e centralizadas numa conta de referência do Tesouro Nacional mantida junto ao Banco do Brasil. 7 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 8 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 9 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.4 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O MCASP 8ª EDIÇÃO A classificação da receita orçamentária é de utilização obrigatória para todos os entes da Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das respectivas peculiaridades. Nesse sentido, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios: natureza de receita fonte/destinação de recursos indicador de resultado primário O detalhamento das classificações orçamentárias da receita, no âmbito da União, é normatizado por meio de portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), órgão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MPDG). Observação: Quero que tenham cuidado redobrado com relação à classificação trazida pelo Manual Técnico Orçamentário MTO 2020, pois temos uma mudança significativa na classificação. Segundo este manual, a classificação da receita orçamentária, a exemplo do que ocorre na despesa, é de utilização obrigatória por todos os entes da Federação, sendo facultado o seu desdobramento para atendimento das respectivas necessidades. Sobre o assunto, as receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios: natureza de receita indicadorde resultado primário fonte/destinação de recursos esfera orçamentária Como vemos, há uma mudança, pois no MCASP não temos a classificação por esfera orçamentária. Trataremos desse tema mais adiante. 10 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.5 CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR NATUREZA O § 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no art. 11 dessa lei, serão identificados por números de código decimal. Convencionou-se denominar este código de natureza de receita. Em âmbito federal, a codificação da classificação por natureza da receita é normatizada por meio de Portaria da SOF, órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Já para estados e municípios, é feita por meio de Portaria Interministerial (SOF e STN). Importante destacar que essa classificação é utilizada por todos os entes da Federação e visa identificar a origem do recurso segundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos. Assim, a natureza de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as receitas públicas; por isso, contém todas as informações necessárias para as devidas alocações orçamentárias.Para identificar a origem de determinada receita pública de acordo com o acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos, utiliza-se a classificação por natureza de receita. Compete à Secretaria de Orçamento Federal estabelecer as classificações orçamentárias da receita e da despesa. Na União, para o exercício de 2016, incluindo a elaboração do Orçamento, entrou em vigor a nova estrutura de codificação das Naturezas de Receita, de forma a prover melhorias na estrutura de formação dos códigos da classificação, aplicando lógica integralmente voltada para a gestão das receitas orçamentárias. A nova codificação estrutura os códigos de forma a proporcionar extração de informações imediatas, a fim de prover celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento paralelo para concatenar dados. Tal alteração foi estabelecida pela Portaria nº 05, de 25 de agosto de 2015, que também determinou que os desdobramentos específicos para atendimento das peculiaridades de estados, Distrito Federal e municípios serão promovidos pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda. Ressalta-se que para os referidos entes, tal codificação é válida a partir do exercício financeiro de 2018, inclusive no que se refere à elaboração do respectivo projeto de lei orçamentária (que é elaborado durante o exercício de 2017). De acordo com o MTO, a estrutura da nova codificação cria possibilidade de associar, de forma imediata, a receita principal com aquelas dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A associação é efetuada por meio de um código numérico de 8 dígitos, cujas posições ordinais passam a ter o seguinte significado: 1º 2º 3º 4º ao 7º 8º CATEGORIA ECONÔMICA ORIGEM ESPÉCIE DESDOBRAMENTO FACULTATIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA TIPO Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido dos trabalhadores, aloca-se a receita pública correspondente na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1”, segundo esquema abaixo: 11 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.5.1 CATEGORIA ECONÔMICA DA RECEITA 1º 2º 3º 4º ao 7º 8º CATEGORIA ECONÔMICA ORIGEM ESPÉCIE DESDOBRAMENTO FACULTATIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA TIPO O §§1º e 2º do art. 11 da Lei no 4.320/1964, classificam as receitas orçamentárias em “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”. A codificação correspondente seria: 1- RECEITAS CORRENTES Receitas Orçamentárias Correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas. Classificam-se como correntes as receitas provenientes de tributos; de contribuições; da exploração do patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores, nem no conceito de receita de capital (Outras Receitas Correntes). 2- RECEITAS DE CAPITAL Receitas Orçamentárias de Capital são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das receitas correntes, as receitas de capital em geral não provocam efeito sobre o patrimônio líquido. Receitas de Capital são as provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. 12 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 Importante também trazer o conceito dessas classificação conforme o art. 11 da Lei nº 4.320/64, vejamos: RECEITA CORRENTE São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. RECEITA DE CAPITAL São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. Segundo a Lei 4.320/1964, o superávit do orçamento corrente resulta do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, porém não constituirá item de receita orçamentária. Isso ocorre para evitar a dupla contagem, porque ela já foi considerada no orçamento corrente. Por exemplo, ao final de 2018, em determinado estado, a diferença entre as receitas correntes arrecadadas, no valor de R$ 85 bilhões, e as despesas correntes realizadas, de R$ 72 bilhões, é considerada superávit do orçamento corrente e receita de capital. Memorize isto: o superávit do orçamento corrente é receita de capital, porém não é receita orçamentária. RECEITAS DE OPERAÇÕES INTRAORÇAMENTÁRIAS: Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, mas apenas movimentação de receitas entre seus órgãos. De fato, define-se como intra-orçamentárias as operações que resultem de despesas de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento de impostos,taxas e contribuições, quando o recebedor dos recursos também for órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo. As receitas intra-orçamentárias decorrem da realização de despesas intra-orçamentárias, mas não alteram o saldo da Conta Única do Tesouro no Banco Central, traduzindo-se em meros lançamentos contábeis. As receitas intraorçamentárias são a contrapartida das despesas classificadas na Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social” que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito da dupla contagem na consolidação das contas governamentais. Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de operações intraorçamentárias na consolidação das contas públicas, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338/2006, incluiu as “Receitas Correntes Intraorçamentárias” e “Receitas de Capital Intraorçamentárias”, representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias econômicas de receita, mas apenas especificações das Categorias Econômicas “Receita Corrente” e “Receita de Capital”. Assim, As receitas intraorçamentárias são receitas oriundas de operações realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social de uma mesma esfera de governo, portanto, não englobam o orçamento de investimento das estatais. 13 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.5.2 ORIGEM 1º 2º 3º 4º ao 7º 8º CATEGORIA ECONÔMICA ORIGEM ESPÉCIE DESDOBRAMENTO FACULTATIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA TIPO A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a identificar a procedência das receitas no momento em que ingressam nos cofres públicos. Os códigos da Origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei nº 4.320/1964, com alterações introduzidas pela Portaria Interministerial 163/2001 e atualizações posteriores, são: CATEGORIA ECONÔMICA (1º DÍGITO) ORIGEM (2º DÍGITO) 1. RECEITAS CORRENTES 7. RECEITAS CORRENTES INTRAORÇAMENTÁRIAS 1. IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA Antes era "Tributárias" e ainda permanece conforme a Lei nº 4.320/64 2. CONTRIBUIÇÕES 3.PATRIMONIAIS 4. AGROPECUÁRIA 5. INDUSTRIAL 6. SERVIÇOS 7. TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 9. OUTRAS RECEITAS CORRENTES 2. RECEITAS DE CAPITAL 8. RECEITAS DE CAPITAL INTRAORÇAMENTÁRIAS 1. OPERAÇÕES DE CRÉDITO 2. ALIENAÇÃO DE BENS 3. AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS 4. TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 9. OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL Destaca-se que o ponto de partida – a origem – de todo o processo relatado no parágrafo anterior foi a existência da Receita Orçamentária propriamente dita, e as demais arrecadações que se originaram a partir do não pagamento dessa receita foram, na sequência temporal dos acontecimentos: multas e juros da receita, dívida ativa da receita e multas e juros da dívida ativa da receita. O raciocínio estruturado acima explora o fato de que se a existência de multas, juros, dívida ativa e multas e juros da dívida ativa decorrem do não pagamento da Receita Orçamentária propriamente dita dentro dos prazos estabelecidos em lei, então dependem da existência dessa receita e nela tiveram origem. 1.5.2.1 ORIGENS QUE COMPÕEM AS RECEITAS CORRENTES: IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA: são decorrentes da arrecadação dos tributos previstos no art. 145 da Constituição Federal.É, deste modo, privativa dos entes investidos com o poder de tributar: União, Estados, DF e Municípios. Os impostos, segundo o art. 16 do CTN, são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo 14 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 pagamento. De acordo com o art. 77 do CTN, as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivasatribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. A contribuição de melhoria é espécie de tributo na classificação da receita orçamentária e tem como fato gerador valorização imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria ocorrida e a realização da obra pública. De acordo com o art. 81 do CTN: A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. CONTRIBUIÇÕES: são oriundas das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, conforme preceitua o art. 149 da CF. Já as CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS são classificadas como espécie de contribuição, por força da Lei nº 4.320, de 1964, a contribuição social é tributo vinculado a uma atividade estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na CF, tais como a saúde, a previdência, a assistência social e a educação.A competência para instituição das contribuições sociais é da União, exceto das contribuições dos servidores estatutários dos Estados, Distrito Federal e Municípios, que são instituídas pelos respectivos entes. As contribuições sociais para a seguridade social (§ 6º do art. 195 da CF) estão sujeitas ao princípio da anterioridade nonagesimal, ou seja, somente poderão ser cobradas noventa dias após a publicação da lei que as instituiu ou majorou. Além disso, temos as contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas se caracterizam por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transitam pelo orçamento da União. Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo, Ordem dos Advogados do Brasil à OAB, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura à CREA, Conselho Regional de Medicina à CRM, entre outros. A DISTINÇÃO ENTRE TAXA E PREÇO PÚBLICO: A distinção entre taxa e preço público, também chamado de tarifa, está descrita na Súmula nº 545 do Supremo Tribunal Federal (STF): “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que a instituiu”. Assim, conforme afirmado anteriormente, preço público (ou tarifa) decorre da utilização de serviços públicos facultativos (portanto, não compulsórios) que a Administração Pública, de forma direta ou por delegação para concessionária ou permissionária, coloca à disposição da população, que poderá escolher se os contrata ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação contratual regida pelo direito privado. A taxa decorre de lei e serve para custear, naquilo que não forem cobertos pelos impostos, os serviços públicos, essenciais à soberaniado Estado (a lei não autoriza que outros prestem alternativamente esses serviços), específicos e divisíveis, prestados ou colocados à disposição do contribuinte diretamente pelo Estado. O tema é regido pelas normas de direito público. Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é remunerado por taxa ou por preço público. Como exemplo, podemos citar o caso do fornecimento de energia elétrica. Em localidades onde estes serviços forem colocados à 15 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 disposição do usuário, pelo Estado, mas cuja utilização seja de uso obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não permite que se coloque um gerador de energia elétrica), a remuneração destes serviços é feita mediante taxa e sofrerá as limitações impostas pelos princípios gerais de tributação (legalidade, anterioridade, etc.). Por outro lado, se a lei permite o uso de gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o serviço estatal oferecido pelo ente público, ou por seus delegados, não teria natureza obrigatória, seria facultativo e, portanto, seria remunerado mediante preço público. RECEITA PATRIMONIAL: são provenientes da fruição de patrimônio pertencente ao ente público, tais como as decorrentes de aluguéis, dividendos, compensações financeiras/royalties, concessões, entre outras. Ainda temos como receitas patrimoniais a Delegação de Serviços Públicos Mediante Concessão, Permissão, Autorização ou Licença: de Transporte, de Infraestrutura e de Telecomunicações; da Exploração do Patrimônio Intangível, como o Direito de Uso da Imagem e de Reprodução dos Bens do Acervo Patrimonial; e a Cessão de Direitos: como a Cessão do Direito de Operacionalização de Pagamentos. RECEITA AGROPECUÁRIA: receitas de atividades de exploração ordenada dos recursos naturais vegetais em ambiente natural e protegido. Compreende as atividades de cultivo agrícola, de cultivo de espécies florestais para produção de madeira, celulose e para proteção ambiental, de extração de madeira em florestas nativas, de coleta de produtos vegetais, além do cultivo de produtos agrícolas. RECEITA INDUSTRIAL: são provenientes de atividades industriais exercidas pelo ente público, tais como a extração e o beneficiamento de matérias-primas, a produção e a comercialização de bens relacionados às indústrias mecânica, química e de transformação em geral. RECEITA DE SERVIÇOS: decorrem da prestação de serviços por parte do ente público, tais como comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais, etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa. São também receitas de serviços o recebimento de juros associados aos empréstimos concedidos, pois tais juros são a remuneração do capital. TRANSFERÊNCIAS CORRENTES: são provenientes do recebimento de recursos financeiros de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento que não impliquem contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou essa transferência. É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas correntes. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se à determinação constitucional ou legal, ou ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas. O órgão que transfere as receitas executa as três fases da despesa: empenha, liquida e paga a despesa, transferindo somente o valor financeiro. OUTRAS RECEITAS CORRENTES: constituem-se pelas receitas cujas características não permitam o enquadramento nas demais classificações da receita corrente, tais como indenizações, restituições, ressarcimentos, multas previstas em legislações específicas, alienação de bens e mercadorias apreendidos associados ao tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas ilícitas, algumas receitas de dívida ativa, prêmios prescritos de loterias, etc. Também se classificam como outras receitas correntes a alienação de móveis e imóveis apreendidos e/ ou caucionados. 16 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 Vejamos o que foi alterado nas classificações conforme os Manuais lançados nos últimos anos: EXEMPLO LOA DA UNIÃO DE 2017 E PLOA 2018 (ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS) LOA 2017: ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS IMPOSTOS TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIA MULTAS PELO ATRASO NO PAGAMENTO DE IMPOSTOS TRIBUTÁRIA OUTRAS RECEITAS CORRENTES DÍVIDA ATIVA DE IMPOSTOS TRIBUTÁRIA OUTRAS RECEITAS CORRENTES ALUGUEIS PATRIMONIAL PATRIMONIAL MULTAS PELO ATRASO NO PAGAMENTO DE ALUGUEIS PATRIMONIAL OUTRAS RECEITAS CORRENTES DÍVIDA ATIVA DE ALUGUEIS PATRIMONIAL OUTRAS RECEITAS CORRENTES MULTAS DE TRÂNSITO OU MULTAS PELO ATRASO NA DEVOLUÇÃO DE LIVROS NA BIBLIOTECA PÚBLICA OUTRAS RECEITAS CORRENTES OUTRAS RECEITAS CORRENTES 1.5.2.2 ORIGENS QUE COMPÕEM AS RECEITAS DE CAPITAL: OPERAÇÕES DE CRÉDITO: recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos junto a entidades públicas ou privadas, internas ou externas. Não confunda receita de operações de crédito, que é receita orçamentária, com operação de crédito por antecipação da receita (ARO), que é receita extraorçamentária. ALIENAÇÃO DE BENS: ingressos financeiros provenientes da alienação de bens móveis, imóveis ou intangíveis de propriedade do ente público. O art. 44 da LRF veda a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos. Inclui tanto as alienações de bens móveis como as alienações de bens imóveis e bens intangíveis. No entanto, há exceções, como a alienação de móveis e imóveis apreendidos e/ ou caucionados - que são classificadas como outras receitas correntes. AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS: ingressos financeiros provenientes da amortização de financiamentos ou empréstimos que o ente público haja previamente concedido. Embora a amortização do empréstimo seja origem da categoria econômica Receitas de Capital, os juros recebidos associados ao empréstimo são classificados em Receitas Correntes / de Serviços / Serviços e Atividades Financeiras / Retorno de Operações, Juros e Encargos Financeiros, pois os juros representam a remuneração do capital. TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL: recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas com investimentos ou inversões financeiras, independentemente da contraprestação direta a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas. A origem dos recursos não é determinante; pode ser corrente ou de capital. A destinação/aplicação sim é que deve ser obrigatoriamente em despesas de capital. É a única receita de capital classificada como efetiva. As demais são não efetivas. 17 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL: registram-se nesta origem receitas cujas características não permitam o enquadramento nas demais classificaçõesda receita de capital, tais como resultado do Banco Central, remuneração das disponibilidades do Tesouro, entre outras. Chamo a atenção de vocês para o seguinte: nem todas as receitas de capital são não efetivas. As transferências de capital são receitas e despesas efetivas, haja vista que não há uma contrapartida em relação ao valor recebido ou transferido. Além disso, O § 2º do art. 11 da Lei nº 4.320/1964 inclui "superávit do orçamento corrente" como receita de capital, e, em seguida, no § 3º, diz que esse superávit não constituirá item de receita orçamentária. Esse superávit do orçamento corrente é classificado como receita de capital porque a receita corrente se esgota dentro do exercício financeiro. É EXTRAORÇAMENTÁRIA porque foi arrecadada em um exercício e será utilizada num exercício posterior. Percebemos assim que o que interessa para diferenciar as transferências é a aplicação da receita e não a sua procedência. Se for aplicada em despesas de capital, será transferência de capital; se for aplicada em despesas correntes, será transferência corrente. 1.5.3 ESPÉCIE 1º 2º 3º 4º ao 7º 8º CATEGORIA ECONÔMICA ORIGEM ESPÉCIE DESDOBRAMENTO FACULTATIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA TIPO É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da OrigemContribuições, identifica-se as espécies “Contribuições Sociais”, “Contribuições Econômicas”, “Contribuições para Entidades Privadas de Serviço Social e de Formação Profissional” e “Contribuição para Custeio de Iluminação Pública”. 1.5.4 DESDOBRAMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA 1º 2º 3º 4º ao 7º 8º CATEGORIA ECONÔMICA ORIGEM ESPÉCIE DESDOBRAMENTO FACULTATIVO PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA TIPO Do 4º ao 7º dígito são destinados a desdobramentos com a finalidade de identificar peculiaridades de cada receita, caso seja necessário. Tais dígitos podem ou não ser utilizados conforme a necessidade de especificação do recurso.Na nova estrutura de codificação foram reservados 4 dígitos para desdobramentos com o objetivo de identificar as particularidades de cada receita, caso seja necessário. Assim, esses dígitos podem ou não ser utilizados, observando- se a necessidade de especificação do recurso. Quanto às receitas exclusivas de estados, Distrito Federal e municípios, serão identificadas pelo quarto dígito da codificação, que utilizará o número “8” (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x - Outras Receitas Correntes Exclusivas de Estados e Municípios), respeitando a estrutura dos três dígitos iniciais. Assim, os demais dígitos (quinto, sexto e sétimo) serão utilizados para atendimento das peculiaridades e necessidades gerenciais dos entes. 1.5.5 TIPO 18 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo: Os tipos 5, 6, 7, 8 e 9 foram acrescentados pelo MCASP 8ª edição (publicado em 19/12/2018) 0 QUANDO SE TRATAR DE NATUREZA DE RECEITA NÃO VALORIZÁVEL OU AGREGADORA 1 QUANDO SE TRATAR DA ARRECADAÇÃO PRINCIPAL DA RECEITA 2 QUANDO SE TRATAR DE MULTAS E JUROS DE MORA DA RESPECTIVA RECEITA 3 QUANDO SE TRATAR DE DÍVIDA ATIVA DA RESPECTIVA RECEITA 4 QUANDO SE TRATAR DE MULTAS E JUROS DE MORA DA DÍVIDA ATIVA DA RESPECTIVA RECEITA 5 QUANDO SE TRATAR DAS MULTAS DA RESPECTIVA RECEITA QUANDO A LEGISLAÇÃO PERTINENTE DIFERENCIAR A DESTINAÇÃO DAS MULTAS DA DESTINAÇÃO DOS JUROS DE MORA, SITUAÇÃO NA QUAL NÃO PODERÁ SER EFETUADO REGISTRO DE ARRECADAÇÃO NO TIPO “2 – MULTAS E JUROS DE MORA”; 6 QUANDO SE TRATAR DOS JUROS DE MORA DA RESPECTIVA RECEITA, QUANDO A LEGISLAÇÃO PERTINENTE DIFERENCIAR A DESTINAÇÃO DAS MULTAS DA DESTINAÇÃO DOS JUROS DE MORA, SITUAÇÃO NA QUAL NÃO PODERÁ SER EFETUADO REGISTRO DE ARRECADAÇÃO NO TIPO “2 – MULTAS E JUROS DE MORA”; 7 QUANDO SE TRATAR DAS MULTAS DA DÍVIDA ATIVA DA RESPECTIVA RECEITA, QUANDO A LEGISLAÇÃO PERTINENTE DIFERENCIAR A DESTINAÇÃO DAS MULTAS DA DÍVIDA ATIVA DA DESTINAÇÃO DOS JUROS DE MORA DA DÍVIDA ATIVA, SITUAÇÃO NA QUAL NÃO PODERÁ SER EFETUADO REGISTRO DE ARRECADAÇÃO NO TIPO “4 – MULTAS E JUROS DE MORA DA DÍVIDA ATIVA”; 8 QUANDO SE TRATAR DOS JUROS DA DÍVIDA ATIVA DA RESPECTIVA RECEITA, QUANDO A LEGISLAÇÃO PERTINENTE DIFERENCIAR A DESTINAÇÃO DAS MULTAS DA DÍVIDA ATIVA DA DESTINAÇÃO DOS JUROS DE MORA DA DÍVIDA ATIVA, SITUAÇÃO NA QUAL NÃO PODERÁ SER EFETUADO REGISTRO DE ARRECADAÇÃO NO TIPO “4 – MULTAS E JUROS DE MORA DA DÍVIDA ATIVA”; 9 QUANDO SE TRATAR DE DESDOBRAMENTOS QUE PODERÃO SER CRIADOS, CASO A CASO, PELA SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO – SOF/MP, MEDIANTE PORTARIA ESPECÍFICA. Assim, todo código de natureza de receita será finalizado com um dos dígitos mencionados, e as arrecadações de cada recurso – sejam elas da receita propriamente dita ou de seus acréscimos legais – ficarão agrupadas sob um mesmo código, sendo diferenciadas apenas no último dígito, conforme detalhamento a seguir: 19 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 Importante destacar que a Portaria SOF no 45, de 26 de agosto de 2015, que dispôs sobre o desdobramento da classificação por natureza de receita para aplicação no âmbito da União, publicou apenas as naturezas agregadoras, ficando criadas automaticamente, para todos os fins, as naturezas valorizáveis, terminadas em “1”, “2”, “3” e “4”. Além disso, de acordo com o art. 2o, § 4o, inciso V, alínea “f”, da Portaria Interministerial STN/SOF no 163, de 4 de maio de 2001, os dígitos correspondentes aos tipos “5” a “9” serão utilizados quando se tratar de outros desdobramentos a serem criados, caso a caso, pela Secretaria de Orçamento Federal, mediante Portaria específica. OUTRAS CONTRIBUIÇÕES CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE é tributo classificado no orçamento público como uma espécie de contribuição que alcança determinada atividade econômica, como instrumento de sua atuação na área respectiva, conforme dispõe o art. 149 da CF. São exemplos dessa espécie a CIDE - Combustíveis, relativa às atividades de comercialização de petróleo e seus derivados,gás natural e álcool carburante, e a CIDE - Tecnologia, relativa à exploração de patentes, uso de marcas, fornecimento de conhecimentos tecnológicos ou prestação de assistência técnica no caso de contratos que impliquem transferência de tecnologia. CONTRIBUIÇÃO DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OUECONÔMICAS Esta espécie de contribuição se caracteriza por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transita pelo orçamento da União. É preciso esclarecer que existe uma diferença entre 20 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 as contribuições aludidas acima e as contribuições confederativas. Conforme o art. 8º da CF: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: […] IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, alémda contribuição sindical, prevista em lei. A primeira não é tributo, pois será instituída pela assembleia geral e não por lei. A segunda é instituída por lei, portanto compulsória, e encontra sua regra no art. 149 da CF, possuindo assim natureza de tributo. CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DE SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA Instituída pela Emenda Constitucional nº 39, de 19 de dezembro de 2002, que acrescentou o art. 149-A à CF, possui a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A competência para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Sob a ótica da classificação orçamentária, a Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública é espécie da origem Contribuições, que integra a categoria econômica Receitas Correntes. 1.6 CLASSIFICAÇÃO POR IDENTIFICADOR DE RESULTADO PRIMÁRIO Conforme esta classificação, as receitas do Governo Federal podem ser divididas em: a) PRIMÁRIAS (P), quando seus valores são incluídos no cálculo do resultado primário; e b) FINANCEIRAS (F), quando não são incluídas no citado cálculo. As RECEITAS PRIMÁRIAS referem-se, predominantemente, às receitas correntes que advêm dos tributos, das contribuições sociais, das concessões, dos dividendos recebidos pela União, da cota-parte das compensações financeiras, das decorrentes do próprio esforço de arrecadação das UOs, das provenientes de doações e convênios e outras também consideradas primárias. As RECEITAS FINANCEIRAS são aquelas que não alteram o endividamento líquido do Governo (setor público não financeiro) no exercício financeiro correspondente, uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo. São adquiridas junto ao mercado financeiro, decorrentes da emissão de títulos, da contratação de operações de crédito por organismos oficiais, das receitas de aplicações financeiras da União (juros recebidos, por exemplo) e outras. Resultado primário quer dizer quanto o governo economizará para pagamento do serviço da dívida pública: principal, juros e encargos. Resultado nominal quer dizer quanto vai sobrar após o pagamento dos juros. Portanto, a meta é o resultado primário a ser alcançado, sendo o resultado nominal apenas o saldo. E o Anexo de Metas Fiscais apenas expõe o resultado primário, ou seja, o número a ser alcançado para o pagamento do serviço da dívida pública. 21 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 22 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.7 CLASSIFICAÇÃO POR FONTE/DESTINAÇÃO DERECURSOS Segundo GIACOMONI, é um critério que adquire maior importância nos orçamentos maiores (União). Esta classificação não esta prevista na Lei 4320/64, cuja adoção decorre da necessidade de melhor acompanhamento e controle do grande número de vinculações existentes entre receitas e despesas. O registro da arrecadação dos recursos é efetuado por meio de códigos de natureza de receita, sendo que cada receita possui normas específicas de aplicação. Essas normas, por sua vez, podem especificar tanto “quem” deverá aplicar a receita quanto “qual” atividade estatal (qual política pública, qual despesa) deverá ser financiada por meio dessa receita. Dessa forma, uma mesma atividade estatal pode ser financiada por recursos de diferentes receitas, tornando necessário, portanto, agrupar e catalogar, sob o mesmo código comum, as diferentes origens de receita que porventura devam ser aplicadas da mesma forma, no financiamento da mesma atividade estatal. Denomina-se “Fonte/Destinação de Recursos” a cada agrupamento de receitas que possui as mesmas normas de aplicação. A fonte, nesse contexto, é instrumento de Gestão da Receita e da Despesa ao mesmo tempo, pois tem como objetivo assegurar que determinadas receitas sejam direcionadas para financiar atividades (despesas) do governo em conformidade com Leis que regem o tema. É uma classificação tanto da receita como da despesa. Vimos que a classificação por natureza da receita busca a melhor identificação da origem do recurso segundo seu fato gerador. No entanto, existe a necessidade de classificar a receita conforme a destinação legal dos recursos arrecadados. As fontes de recursos constituem-se de determinados agrupamentos de naturezas de receitas, atendendo a uma determinada regra de destinação legal, e servem para indicar como são financiadas as despesas orçamentárias. É a individualização dos recursos de modo a evidenciar sua aplicação segundo a determinação legal, sendo, ao mesmo tempo, uma classificação da receita e da despesa. A classificação por fontes de recursos consiste em um código de três dígitos, sendo que o primeiro indica o grupo de fontes de recursos, e o segundo e terceiro, a especificação das fontes de recursos. O grupo de fontes de recursos identifica se o recurso é ou não originário do Tesouro Nacional e se pertence ao exercício corrente ou a exercícios anteriores. Dessa forma, a Fonte/Destinação de Recursos contribui para o atendimento do parágrafo único do art. 8º, parágrafo único, e do art. 50, inciso I, da LRF: Art. 8º [...] Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. [...] Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes: I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada. Enquanto a natureza de receita orçamentária busca identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador, a fonte/destinação de recursos possui a finalidade precípua de identificar o destino dos recursos arrecadados. Em linhas gerais, pode-se dizer que há destinações vinculadas e não vinculadas: 23 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 a) DESTINAÇÃO VINCULADA: processo de vinculação entre a origem e a aplicação de recursos, em atendimento às finalidades específicas estabelecidas pela norma. b) DESTINAÇÃO NÃO VINCULADA (OU ORDINÁRIA): é o processo de alocação livre entre a origem e a aplicação de recursos, para atender a quaisquer finalidades, desde que dentro do âmbito das competências de atuação do órgão ou entidade. c) A vinculação de receitas deve ser pautada em mandamentos legais que regulamentam a aplicação de recursos e os direcionam para despesas, entes, órgãos, entidades ou fundos. O código da fonte possui 3 dígitos: o primeiro refere-se ao grupo contido na tabela abaixo e os dois últimos dígitos, à fonte propriamente dita. A classificação por fonte de recursos é dividida, inicialmente, em cinco grupos: 1. RECURSOS DO TESOURO EXERCÍCIO CORRENTE 2. RECURSOS DE OUTRAS FONTES EXERCÍCIO CORRENTE 3. RECURSOS DO TESOURO EXERCÍCIOS ANTERIORES 6. RECURSOS DE OUTRAS FONTES EXERCÍCIOS ANTERIORES 9. RECURSOS CONDICIONADOS RECURSOS QUE DEPENDEM DE AUTORIZAÇÃO LEGAL 1.8 DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA UNIÃO – DRU (CF88/ADCT, ART. 76) Tendo em vista a elevada quantidade de Leis que estipulam vinculações de receitas, restam poucos recursos livresdisponíveis para o governo federal financiar políticas públicas discricionárias. Nesse contexto, estabeleceu-se, por meio da EC nº 93/2016, a desvinculação de determinados recursos - os quais então tornam-se passíveis de serem aplicados livremente e sendo agregados sob o código de Fonte de Recursos “00 – Recursos Ordinários”. O art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da Constituição Federal de 1988 – CF/88 estabelece a desvinculação de 30% dos recursos arrecadados a título de taxas, contribuições econômicas e contribuições sociais (exceto as contribuições sociais do empregador e a do trabalhador para os Regimes de Previdência Social Geral e Próprio do Servidor Público, bem como a contribuição social do salário educação). Segue o dispositivo constitucional: ADCT, Constituição Federal de 1988: Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da arrecadação da União relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento das despesas do Regime Geral da Previdência Social, às contribuições de intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas ou que vierem a ser criadas até a referida data. (Redação dada pela Emenda constitucional nº93) § 1º (Revogado) § 2° Excetua-se da desvinculação de que trata o caput a arrecadação da contribuição social do salário-educação a que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Federal. § 3º (Revogado) 24 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 25 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.9 CLASSIFICAÇÃO POR ESFERA ORÇAMENTÁRIA (SOMENTE NO MTO) A classificação por esfera orçamentária tem por finalidade identificar se a receita pertence ao Orçamento Fiscal, da Seguridade Social ou de Investimento das Empresas Estatais, conforme distingue o § 5º do art. 165 da CF. Além das características comuns à classificação da despesa por esfera, vale destacar os seguintes pontos: - RECEITAS DO ORÇAMENTO FISCAL: Referem-se às receitas arrecadadas pelos Poderes da União, seus órgãos, entidades fundos e fundações, inclusive pelas empresas estatais dependentes [vide art. 2o, inciso III, da LRF], excluídas as receitas vinculadas à Seguridade Social e as receitas das Empresas Estatais não dependentes que compõe o Orçamento de Investimento. - RECEITAS DO ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL: abrangem as Contribuições Sociais destinadas por lei à Seguridade Social e as receitas de todos os órgãos, entidades, fundos e fundações vinculados à Seguridade Social, ou seja, às áreas de Saúde, Previdência Social e Assistência Social.No caso do Orçamento da Seguridade Social, a complementação dos recursos para financiar a totalidade das despesas de seguridade provém de transferências do Orçamento Fiscal. - RECEITAS DO ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DAS EMPRESAS ESTATAIS: referem- se aos recursos das empresas estatais não dependentes [não enquadradas no art. 2º, inciso III, da LRF] em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. 26 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 27 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.11 DEDUÇÕES DA RECEITA O critério geral utilizado para registro da receita orçamentária é o do ingresso de disponibilidades. No âmbito da administração pública, a dedução de receita orçamentária é utilizada nas seguintes situações, entre outras: Recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, mas que pertencem a outro ente, de acordo com a lei vigente (se não houver a previsão como despesa); Restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente. Se a receita arrecadada possuir parcelas destinadas a outros entes (repartição tributária), a transferência poderá ser registrada como dedução de receita ou como despesa orçamentária, de acordo com a legislação em vigor. Se houver parcelas a serem restituídas, em regra, esses fatos não devem ser tratados como despesa orçamentária, mas como dedução de receita orçamentária, pois correspondem a recursos arrecadados que não pertencem à entidade pública e não são aplicáveis em programas e ações governamentais sob a responsabilidade do ente arrecadador, não necessitando, portanto, de autorização orçamentária para a sua execução. A contabilidade utiliza conta redutora de receita orçamentária para evidenciar o fluxo de recursos da receita orçamentária bruta até a líquida, em função de suas operações econômicas e sociais. 1.12 RESTITUIÇÕES DE RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS Depois de reconhecidas as receitas orçamentárias, podem ocorrer fatos supervenientes que ensejem a necessidade de restituições, devendo-se registrá-los como dedução da receita orçamentária, possibilitando maior transparência das informações relativas à receita orçamentária bruta e líquida. O processo de restituição consiste na 28 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 devolução total ou parcial de receitas orçamentárias que foram recolhidas a maior ou indevidamente, as quais, em observância aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da vedação ao confisco, devem ser devolvidas. Não há necessidade de autorização orçamentária para sua devolução. Na União, a restituição é tratada como dedução de receita. Se fosse registrada como despesa orçamentária, a receita corrente líquida ficaria com um montante maior que o real, pois não seria deduzido o efeito dessa arrecadação imprópria. Com o objetivo de proceder a uma padronização contábil e dar maior transparência ao processo de restituição de receitas, a legislação federal assim estabelece: Lei nº 4.862/1965: Art. 18 A restituição de qualquer receita da União, descontada ou recolhida a maior será efetuada mediante anulação da respectiva receita, pela autoridade incumbida de promover a cobrança originária, a qual, em despacho expresso, reconhecerá o direito creditório contra a Fazenda Nacional e autorizará a entrega da importância considerada indevida. [...] §4º Para os efeitos deste artigo, o regime contábil fiscal da receita será o de gestão, qualquer que seja o ano da respectiva cobrança. §5º A restituição de rendas extintas será efetuada com os recursos das dotações consignadas no Orçamento da Despesa da União, desde que não exista receita a anular. Decreto-lei nº 1.755/1979: Art. 5º A restituição de receitas federais e o ressarcimento em espécie, a título de incentivo ou benefício fiscal, dedutíveis da arrecadação, mediante anulação de receita, serão efetuados através de documento próprio a ser instituído pelo Ministério da Fazenda. Decreto nº 93.872/1986: Art. 14 A restituição de receitas orçamentárias, descontadas ou recolhidas a maior, e o ressarcimento em espécie a título de incentivo ou benefício fiscal, dedutíveis da arrecadação, qualquer que tenha sido o ano da respectiva cobrança, serão efetuados como anulação de receita, mediante expresso reconhecimento do direito creditório contra a Fazenda Nacional, pela autoridade competente, a qual,observado o limite de saques específicos estabelecido na programação financeira de desembolso,autorizará a entrega da respectiva importância em documento próprio. Parágrafo único. A restituição de rendas extintas será efetuada com os recursos das dotações consignadas na Lei de Orçamento ou em crédito adicional, desde que não exista receita a anular. Ainda conforme o MCASP 7º edição, com o objetivo depossibilitar uma correta consolidação das contas públicas, recomenda-se que a restituição de receitas orçamentárias recebidas em qualquer exercício seja feita por dedução da respectiva natureza de receita orçamentária. Para as rendas extintas no decorrer do exercício, deve ser utilizado o mecanismo de dedução até o montante de receita orçamentária passível de compensação. O valor que ultrapassar o saldo da receita a deduzir deve ser registrado como despesa. Entende-se por rendas extintas aquelas cujo fato gerador da receita orçamentária não representa mais situação que gere arrecadações para o ente. 29 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.13 REGIME PARA AS RECEITAS PÚBLICAS Segundo PALUDO (2018), sob o enfoque patrimonial, o reconhecimento da receita, sob o enfoque patrimonial, consiste na aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade para reconhecimento da variação ativa ocorrida no patrimônio, em contrapartida ao registro do direito no momento da ocorrência do fato gerador, antes da efetivação do correspondente ingresso de disponibilidades. Esse enfoque aplica os princípios contábeis da competência e da oportunidade. Antes do ingresso dos recursos nos cofres públicos – no momento da ocorrência do fato gerador –, registra-se o direito a receber no ativo circulante ou de longo prazo em contrapartida a uma variação ativa no patrimônio do ente público. O objetivo desse registro é evidenciar o impacto do “fato” no patrimônio do ente público. Esse registro permite à contabilidade gerar, tempestivamente, informações sobre a composição patrimonial e suas variações, e evidenciar os resultados econômicos e financeiros relacionados à administração orçamentária, financeira e patrimonial. A questão-chave é identificar o momento da ocorrência do fato gerador. Confirmada a ocorrência do fato gerador, deve-se proceder ao registro contábil do direito a receber, em contrapartida a uma variação ativa, o que resulta em aumento do patrimônio líquido. Assim, o fato gerador ocorre no momento em que um fato tem impacto na situação patrimonial, aumentando ou reduzindo o patrimônio líquido. Sob o enfoque patrimonial, a receita sempre importará aumento do patrimônio líquido. Sob o enfoque orçamentário, o registro da receita atende ao disposto no art. 35 da Lei nº 4.320/1964, que determina o reconhecimento da receita sob a ótica de caixa: “Pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas”. Para a Lei nº 4.320/1964, o fato gerador da receita orçamentária ocorre no momento da arrecadação, quando o contribuinte comparece ao banco e efetua o pagamento da obrigação. A adoção do regime de caixa para as receitas orçamentárias tem como objetivo evitar que a execução das despesas ultrapasse a arrecadação efetiva. Portanto, apenas se o assunto abordar exclusivamente receita orçamentária é que pode ser considerado “regime de caixa” para as receitas. Qualquer outra afirmação deverá ser considerada regime de competência. 30 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 Concluímos assim que, de acordo com as normas em vigor, a contabilidade aplicada ao Setor Público, assim como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos princípios fundamentais de contabilidade. O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público afirma que o art. 35 da Lei nº 4.320/1964 refere-se ao regime orçamentário, e não ao regime contábil, pois a contabilidade é tratada em título específico, em que se determina que as variações patrimoniais devem ser evidenciadas, sejam elas independentes ou resultantes da execução orçamentária. Dessa forma, sob a ótica contábil, aplica-se aos entes públicos o princípio da competência em sua integralidade, ou seja, tanto na receita quanto na despesa. Não obstante esse posicionamento, o regime da receita, embasado na Lei nº 4.320/1964, continua a exigir o regime de caixa para as receitas orçamentárias, vinculado ao momento da arrecadação. De acordo com os Manuais de Receita Nacional e de Contabilidade STN/ SOF, na União, em algumas transações, há o registro da receita orçamentária mesmo não havendo ingressos efetivos, devido à necessidade de autorização legislativa para sua realização. Assim, transações como aquisições financiadas de bens e arrendamento mercantil financeiro são registradas como receita orçamentária e despesa orçamentária, pois são consideradas operações de crédito pelo art. 29 da Lei de Responsabilidade Fiscal, e essas operações de crédito devem constar no orçamento, em obediência ao art. 3º da Lei nº 4.320/1964. Além disso, existem receitas orçamentárias que não ingressam nos cofres públicos. É o caso da aquisição financiada de bens, que são operações de crédito, classificadas como receitas orçamentárias de capital. Observa-se que, além do registro dos fatos ligados à execução orçamentária, exige-se que sejam evidenciados os fatos ligados à execução financeira e patrimonial, bem como à apuração de custos, exigindo que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que as informações contábeis permitam o conhecimento da composição patrimonial, dos custos envolvidos e dos resultados econômicos e financeiros de determinado exercício. Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio, deve haver o registro da variação patrimonial diminutiva (VPD) ou aumentativa (VPA) em razão do fato gerador e de sua consequência para o patrimônio. 31 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 1.14 REGISTROS ORÇAMENTÁRIOS DAS TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS Transferências intragovernamentais compreendem as transferências de recursos no âmbito de um mesmo ente da Federação. Segundo o MCASP, as transferências intergovernamentais constitucionais ou legais podem ser contabilizadas pelo ente transferidor como uma despesa ou como dedução de receita, dependendo da forma como foi elaborado o orçamento do ente. Assim, se as receitas arrecadadas constarem no orçamento do ente transferidor a transferência deverá ser registrada como despesa orçamentária. Por outro lado, se as receitas não constarem será registrada como dedução da receita. 2. ETAPAS/ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA Segundo Paludo (2018), em termos de gestão, a receita orçamentária é classificada em duas etapas: planejamento e execução, isto é, a receita orçamentária é classificada em duas etapas: planejamento e execução. As “etapas” da receita pública são novidades trazidas pelos Manuais de Receita Nacional, de Contabilidade, e de Orçamento, da STN/SOF, e não se confundem com os “estágios” da receita – como veremos a seguir. As etapas da receita seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no País. Dessa forma, a ordem sistemática inicia-se com a etapa de previsão e termina com a de recolhimento. ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA PLANEJAMENTO PREVISÃO EXECUÇÃO LANÇAMENTO ARRECADAÇÃO RECOLHIMENTO EXCEÇÃO ÀS ETAPAS DA RECEITA Nem todas as etapas citadas ocorrem para todos os tipos de receitas orçamentárias. Pode ocorrer arrecadação de receitas não previstas e também das que não foram lançadas, como é o caso de uma doação em espécie recebida pelos entes públicos. 32 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 2.1 ETAPA DO PLANEJAMENTO Segundo os Manuais da Receita Nacional, e de Contabilidade, STN/ SOF, a etapa de planejamento compreende a previsão de arrecadação da receita orçamentária constante daLei Orçamentária Anual (LOA), resultante de metodologias de projeção usualmente adotadas, observada as disposições constantes na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Diz-se que a receita é prevista, estimada ou orçada. Qualquer um desses termos indica o quanto se espera arrecadar durante o exercício financeiro ao qual a LOA se refere. A previsão da receita antecede a fixação da despesa; previsão é a estimativa de arrecadação da receita, constante da Lei Orçamentária Anual (LOA), que resulta da metodologia de projeção de receitas orçamentárias. A metodologia utilizada pelo Governo Federal está baseada na série histórica de arrecadação dos últimos anos ou meses anteriores, ajustada por parâmetros de variação de preços, de quantidade dos bens produzidos ou de alguma mudança de aplicação de alíquota em sua base de cálculo. Resumindo: consideram-se a série histórica; as mudanças ocorridas na legislação (alteração de alíquotas); a previsão de crescimento da economia (quantidade a ser produzida); e a taxa de inflação (que afetará os preços). A previsão das receitas reveste-se de fundamental importância, haja vista que corresponde à base para a fixação das despesas na Lei Orçamentária Anual, inclusive para a determinação das necessidades de financiamento do Governo. Além disso, é necessário analisar seu comportamento mês a mês, visto que as receitas que superarem a previsão inicial constituem-se em fonte para a abertura de créditos adicionais. Efetuar a previsão implica planejar e estimar a arrecadação das receitas que constará na proposta orçamentária. Isso deverá ser realizado em conformidade com as normas técnicas e legais correlatas e, em especial, com as disposições constantes na LRF. Sobre o assunto, vale citar o art. 12 da referida norma: Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. 2.2 ETAPA DA EXECUÇÃO A receita pública, desde a sua inclusão na proposta orçamentária até o seu recolhimento ao caixa único do Tesouro Nacional, percorre estágios ou fases. A etapa de execução compreende os “estágios” da Receita Orçamentária Pública na forma prevista na Lei nº 4.320/1964: lançamento, arrecadação e recolhimento. Para o Manual de Procedimentos da Receita Pública, estágio (ou fase) da receita orçamentária é cada passo identificado que evidencia o comportamento da receita e facilita o conhecimento e a gestão do ingresso de recursos. 33 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 2.2.1 LANÇAMENTO O art. 53 da Lei nº 4.320/1964, define o lançamento como ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta. Por sua vez, para o art. 142 do CTN, lançamento é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e, sendo o caso, propõe a aplicação da penalidade cabível. Uma vez ocorrido o fato gerador, procede-se ao registro contábil do crédito tributário em favor da fazenda pública em contrapartida a uma variação patrimonial aumentativa. Observa-se que, segundo o disposto nos arts. 142 a 150 do CTN, a etapa de lançamento situa-se no contexto de constituição do crédito tributário, ou seja, aplica-se a impostos, taxas e contribuições de melhoria. Além disso, de acordo com o art. 52 da Lei nº 4.320/1964, são objeto de lançamento as rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato. Conforme o CTN, temos: Lançamento --> é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e, sendo o caso, propõe a aplicação da penalidade cabível. TIPOS DE LANÇAMENTO CARACTERÍSTICA EXEMPLO DIRETO OU DE OFÍCIO efetuado pela administração sem a participação do contribuinte IPTU, IPVA DECLARAÇÃO OU MISTO contribuinte (sujeito passivo) presta informações indispensáveis ao lançamento IRPF, ITBI, II, IE E ITCMD HOMOLOGAÇÃO OU AUTO-LANÇAMENTO realizado pelo sujeito passivo que antecipa impostos, sem prévio exame da autoridade administrativa competente ICMS, IPI, IR, PIS E CONFINS. Atente para o seguinte: nem todas as receitas percorrem o estágio do lançamento. De acordo com o art. 52 da Lei nº 4.320/1964, são objeto de lançamento: os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato. 2.2.2 ARRECADAÇÃO Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro Nacional pelos contribuintes ou devedores, por meio dos agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. A arrecadação corresponde ao momento em que o contribuinte comparece ao banco e efetua o pagamento da obrigação. Para a STN, é a entrega, realizada pelos contribuintes ou devedores, aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro. Conforme ensinamentos de Paludo (2018), A arrecadação ocorre somente uma vez, vindo em seguida o recolhimento. Diz-se que a arrecadação se dá de forma direta, quando realizada por agência bancária credenciada ou por repartição administrativa do Estado; ou de forma indireta, que ocorre quando o valor é retido dos contribuintes para posterior pagamento. Ex.: empresas diversas que retêm o IR do salário dos empregados para depois recolher à Receita Federal. Vale destacar que, segundo o art. 35 da Lei no 4.320, de 1964, pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas, o que representa a adoção do regime de caixa para o ingresso das receitas públicas. 34 SEFAZ - BA FINANÇAS PÚBLICAS (PARTE DE ORÇAMENTO PÚBLICO) PROFESSOR LEANDRO RAVYELLE AULA 6 2.2.3 RECOLHIMENTO Consiste na transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro Nacional, responsável pela administração e controle da arrecadação e pela programação financeira, observando-se o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa, conforme determina o art. 56 da Lei no 4.320, de 1964, a seguir transcrito: Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais. As etapas da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no país e a tecnologia utilizada. Dessa forma, a ordem sistemática inicia- se com a previsão e termina com o recolhimento, conforme fluxograma apresentado abaixo. No momento da classificação da receita, dependendo da sistematização dos processos dos estágios da arrecadação e do recolhimento, deverão ser compatibilizadas as arrecadações classificadas com o recolhimento efetivado. Há de se observar, contudo, que nem todas as etapas apresentadas ocorrem para todos os tipos de receitas orçamentárias. Como exemplo, apresenta- se o caso da arrecadação de receitas orçamentárias que não foram previstas, não tendo, naturalmente, passado pela etapa da previsão. Da mesma forma, algumas receitas orçamentárias não passam pelo estágio do lançamento, como é o caso de uma doação em espécie recebida pelos entes públicos.
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