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APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA ELABORADA POR: Simone Mantuan – Enfermeira Docente APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 2 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 3 Sumário CAPITULO I – INTRODUÇÃO Á SAÚDE PÚBLICA ............................................................. 6 Conceito de Saúde ................................................................................................................ 6 Conceito de Doença .............................................................................................................. 6 Saúde Publica ......................................................................................................................... 6 Saúde Coletiva ....................................................................................................................... 6 Agente Infeccioso. .................................................................................................................. 7 Mortalidade e Morbidade ...................................................................................................... 7 Surto, Endemia, Epdemia e Pandemia .................................................................................... 7 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA ................................................................................... 10 Período Pre-patogênese ....................................................................................................... 10 Período de Patogênese ......................................................................................................... 10 Niveis de Prevenção de Saúde .............................................................................................. 10 Prevenção de Saúde Primária ........................................................................................... 10 Prevensão de Saúde secundária ...................................................................................... 11 Prevenção Terciária de Saúde ........................................................................................... 12 CAPITULO II- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ........................................................... 12 O QUE É O SUS? .................................................................................................................... 12 QUAL É A HISTÓRIA DO SUS? ................................................................................................ 12 Reforma Sanitária no Brasil .......................................................................................... 13 PRINCIPIOS DO SUS ....................................................................................................... 14 Universalidade. ................................................................................................................. 14 Integralidade. ................................................................................................................... 14 Eqüidade. .......................................................................................................................... 14 NÍVEIS DO SUS ...................................................................................................................... 14 Descentralização político-administrativa .......................................................................... 14 Hierarquização e regionalização ....................................................................................... 15 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO SUS ................................................................................................ 16 CAPITULO III - PROGRAMAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE ........................................... 16 PROGRAMAS DE ATENÇÃO Á SAÚDE .................................................................................... 17 PROGRAMAS E PROJETOS DESENVOLVIDOS RECENTEMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE 18 CAPITULO IV - ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA - ESF ........................................ 19 PRINCIPIOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA ........................................................ 19 CARACTERISTICAS DO PROCESSO DE SAÚDE DA FAMÍLIA .................................................... 20 EQUIPE DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA .................................................................. 20 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 4 Expansão e qualificação da Atenção Básica – PROESF .......................................................... 20 Núcleo de Atenção Integral Na Saúde da Família ................................................................. 21 CAPITULO IV- VIGILÂNCIA SANITÁRIA E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ................ 21 AÇÕES PRIORITÁRIAS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE ............................................................... 21 VIGILÂNCIA EPIDEMILÓGICA ............................................................................................... 22 Histórico ........................................................................................................................... 22 SISTEMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL ........................................................ 22 CONCEITO ......................................................................................................................... 23 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 23 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ........................................... 23 AÇÕES DA VIGILÂNCIA EPIDEMILÓGICA ............................................................................... 23 Notificação Compulsória................................................................................................... 23 Quem deve notificar? ....................................................................................................... 24 Objetivos da Investigação Epidemilógica ............................................................................ 24 Primeiras Medidas a serem adotadas frente a Investigação................................................. 24 Etapas da Investigação Epidemiológica .............................................................................. 24 Processamento e análises parciais dos dados................................................................ 25 Doenças de Notificação Compulsória .................................................................................. 26 Critérios de seleção .............................................................................................................. 26 CAPITULO V- PRINCIPAIS PATOLOGIAS EM SAÚDE PUBLICA .................................. 27 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS .......................................................................... 27 Cancro Mole ..................................................................................................................... 27 CANDIDÍASE ...................................................................................................................... 28 TRICOMONÍASE ................................................................................................................ 29 CONDILOMA ACUMINADO ............................................................................................... 30 GONORRÉIA ...................................................................................................................... 31 LINFOGRANULOMA .......................................................................................................... 32 SÍFILIS ...............................................................................................................................33 HERPES ............................................................................................................................. 34 AIDS = SIDA ( Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) .................................................. 35 HIV .................................................................................................................................... 35 DIAGNÓSTICO DO HIV ................................................................................................ 37 Teste rápido ......................................................................................................................... 39 AÇÕES DE ESNFERMAGEM NAS DSTs ...................................................................... 40 DOENÇAS TRANSMÍSSIVEIS ......................................................................................... 40 DENGUE ............................................................................................................................ 40 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 5 FORMAS DA DENGUE ................................................................................................. 42 Diagnóstico da Dengue Hemorrágica ............................................................................... 45 TRATAMENTO DA DENGUE ............................................................................................... 45 PREVENÇÃO CONTRA A DENGUE ...................................................................................... 45 Ações simples para combater a proliferação do mosquito da dengue .............................. 46 FEBRE AMARELA ................................................................................................................... 48 O que é ................................................................................................................................. 48 MALÁRIA .............................................................................................................................. 50 Diagnóstico Laboratorial ................................................................................................... 52 DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS ................................................................................ 54 Descrição .......................................................................................................................... 54 ......................................................................................................................................... 54 Tratamento....................................................................................................................... 55 CAPITULO VI - VACINAÇÃO ............................................................................................... 56 Definição .......................................................................................................................... 56 Vacinação no Brasil – Histórico .................................................................................... 57 Calendário de vacinação 2011 para crianças até 6 anos: .................................................. 58 Calendário para crianças maiores de 7 anos e adolescentes: ........................................... 59 Calendário para adultos entre 20 e 59 anos: .................................................................... 60 Calendário para adultos com 60 anos ou mais: ................................................................ 60 INFORMAÇÕES SOBRE AS VACINAS E DOENÇAS IMUNIZANTES ........................................... 61 Orientações quanto a administração de imunobiológicos .................................................... 65 CONTRA INDICAÇÕES DAS VACINAS ..................................................................................... 66 REDE DE FRIOS ...................................................................................................................... 66 DEFINIÇÃO ........................................................................................................................ 66 OBJETIVO FINAL .................................................................................................................. 66 REFRIGERADOR OU GELADEIRA ............................................................................................ 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS; .................................................................................... 69 APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 6 CAPITULO I – INTRODUÇÃO Á SAÚDE PÚBLICA Conceito de Saúde Definição da OMS (1947): ―saúde é o estado de mais completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de enfermidade. Na VIII Conferência nascional de Sáude foi conceituada no seu sentido mais amplo como resultado das condições mais devidas de uma população – alimentação, habitação, educação, renda, transporte, lazer, segurança, liberdade e acesso a serviços de saúde Foi a apartir de deste conceito de saúde que a constituição de 1988 estabeleceu em seu artigo 196. “ A saúde é direito de todos e dever do estado, garantida mediantes politicas sociais e economicas que visam a redução de doenças e e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços para sua promoção e recuperação”. Conceito de Doença A doença é um sinal da alteração do equilíbrio homem-ambiente, estatisticamente relevante e precocemente calculável, produzida pelas transformações produtivas, territoriais, demográficas e culturais. Saúde Publica Conceito: Conjunto de atividades que visam proteger e recuperar a saúde da população através de medidas de alcance coletivo, motivação e educação da população. Saúde Coletiva Conceito: é uma expressão que designa um campo de saber e de práticas referido à saúde como fenômeno social e, portanto, de interesse público. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 7 Saúde Coletiva propõe um novo modo de organização do processo de trabalho em saúde que enfatiza a promoção da saúde, a prevenção de riscos e agravos, a reorientação da assistência a doentes, e a melhoria da qualidade de vida, privilegiando mudanças nos modos de vida e nas relações entre os sujeitos sociais envolvidos no cuidado à saúde da população.medidas específicas de prevenção, de controle ou de erradicação". Agente Infeccioso. É um organismo, microscópico ou não, capaz de produzir doenças infecciosas aos seus hospedeiros sempre que estejam em circunstâncias favoráveis, inclusive do meio ambiente. Podem ser bactérias, vírus, protozoários, fungos ou helmintos. O agente patogênico pode se multiplicar no organismo do seu hospedeiro, podendo causar infecções e outras complicações. Mortalidade e Morbidade Mortalidade – é definida como relação entre o número de óbitos e o número de pessoas expostas ao risco de morrer em relação a sexo, idade, estado cívil, lugar etc Morbidade – refere-se ao comportamento das doenças numa população exposta a doença. Seus indices permite conhecer que doenças existem , quando onde e como elas surgem. Esses indíces são conhecidos atraves de surtos, endemia, epdemia e pandemia Letalidade: Permite conhecer a gravidade de uma doença, considerando- se seu maior ou menor poder para causar a morte Surto, Endemia, Epdemia e Pandemia Surto :É o aumento repentino do número de casos de uma determinada doença, dentro de limites muito restritos Por exemplo: Casos isolados de rubéola em uma creche Endemia: É uma doença localizada em um espaço limitado denominado ―faixa endêmica‖. Isso quer dizer que, endemia é uma doença que se manifesta apenas numa determinada região,de causa local. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 8 Para entender melhor: endemia é qualquer doença que ocorre apenas em um determinado local ou região, não atingindo nem se espalhando para outras comunidades. Enquanto a epidemia se espalha por outras localidades, a endemia tem duração continua porém, restrito a uma determinada área. No Brasil, existem áreas endêmicas. A título de exemplo, pode ser citada a febre amarela comum Amazônia. No período de infestação da doença, as pessoas que viajam para tal região precisam ser vacinadas. A dengue é outro exemplo de endemia, pois são registrados focos da doença em um espaço limitado, ou seja, ela não se espalha por toda uma região, ocorre apenas onde há incidência do mosquito transmissor da doença. Epidemia : É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa comunidade ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pessoas de outras regiões, originando um surto epidêmico. Isso poderá ocorrer por causa de um grande desequilíbrio (mutação) do agente transmissor da doença ou pelo surgimento de um novo agente (desconhecido). A gripe aviária, por exemplo, é uma doença ―nova‖ que se iniciou como surto epidêmico. Assim, a ocorrência de um único caso de uma doença transmissível (ex.: poliomielite) ou o primeiro caso de uma doença até então desconhecida na área (ex.: gripe do frango) requerem medidas de avaliação e uma investigação completa, pois, representam um perigo de originarem uma epidemia. Com o tempo e um ambiente estável a ocorrência de doença passa de epidêmica para endêmica e depois para esporádica. Pandemia :É uma epidemia que atinge grandes proporções, podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o mundo, causando inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões inteiras. Para entender melhor: quando uma doença existe apenas em uma determinada região é considerada uma endemia (ou proporções pequenas da doença que não sobrevive em outras localidades). Quando a doença é APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 9 transmitida para outras populações, infesta mais de uma cidade ou região, denominamos epidemia. Porém, quando uma epidemia se alastra de forma desequilibrada se espalhando pelos continentes, ou pelo mundo, ela é considerada pandemia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pandemia pode se iniciar com o aparecimento de uma nova doença à população, quando o agente infecta os humanos, causando doença séria ou quando o agente se difunde facilmente e sustentavelmente entre humanos. Os critérios de definição de uma pandemia são os seguintes: a doença ou condição além de se espalhar ou matar um grande número de pessoas, deve ser infecciosa. Para saber mais: o câncer (responsável por inúmeras mortes) não é considerado uma pandemia porque não uma é doença infecciosa, ou seja, não é transmissível. Exemplos de Pandemias AIDS, tuberculose, peste, gripe asiática, gripe espanhola, tifo, etc. É importante saber que: o vírus ebola e outras doenças rapidamente letais como a febre de Lassa, febre de Vale de Racha, vírus de Marburg, e a febre de hemorragia boliviana são doenças altamente contagiosas e mortais com o potencial teórico de se tornar pandemias no futuro. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 10 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA A história natural da doença é um conjunto de processos interativos, que emgloba tadas as etapas que fazem parte da ocorrencia e da evolução da doença no organismo humano incluindo o processo saúde e doença e é dividido em dois períodos: Período Pre-patogênese É o período que antecede a doença, destacando os fatores predispodentes que estimulam o aparecimento da doença ( ambientais, econômicos, culturais, psicossociais e gnéticos) Período de Patogênese É a fase com implantação evolução da doença do homem dividido em Alterações bioquimicas, fisiopatológicas, e histológicas E aparecimento dos Sinais e Sintomas Niveis de Prevenção de Saúde Prevenção de Saúde Primária Nesse nível, encontram-se agrupadas as medidas ou ações especialmente destinadas ao período que antecede a ocorrência da doença. Dentre elas, destacam-se o saneamento básico, a vacinação e o controle de vetores, por exemplo. " Significa evitar a ocorrência de uma doença, eliminando fatores de risco ou tratamento de lesões precursoras. Ela é definida como promoção de saúde e as prevenção de enfermidades ou profilaxia. “ APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 11 Exemplos: Uso de preservativos para evitar a infecção por DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) Uso de Capacete pelo Motociclista .Uso de cinto de segurança, airbag, capacetes e outros dispositivos de segurança para ciclistas e motociclistas. Uso de luvas para manipular material biológico. Controle de vetores, vacinas, como a vacina para poliomelite. Ginástica Laboral e Exercício Físico para aqueles que nunca tiveram tendinite, diminuirá as possibilidades de que os mesmos desenvolvam a doença. Prevensão de Saúde secundária Incorpora uma série de medidas que visam a impedir a evolução de doenças já existentes e, em conseqüência, suas complicações. Os exames periódicos e o auto-exame de mama, entre outros, são procedimentos de reconhecida eficácia para o diagnóstico precoce, que permite o início imediato do tratamento e evita, muitas vezes, o agravamento da enfermidade. "Prevenção secundária significa prevenção da evolução das enfermidades através da execução de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos." Exemplos: Um paciente hipertenso, previamente diagnosticado, que tem monitoramento de profissionais de saúde , exercício físico orientado, dieta adequada, é livrado das situações de estresse do cotidiano, terá uma evolução muito lenta da patologia, diminuindo incrivelmente as possíveis complicações da doença. Um paciente com infecção por HPV ( papiloma virus humano) no colo do útero com acompanhamento e orientação do ginecologista , pode evitar o câncer de colo de útero. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 12 Prevenção Terciária de Saúde Esse último nível engloba ações voltadas à reabilitação do indivíduo após a cura ou o controle da doença, a fim de reajustá-lo a uma nova condição de vida. Fazem parte dessas medidas a fisioterapia, fisiatria, a terapia ocupacional e a colocação de próteses Exemplo Um paciente hipertenso, previamente diagnosticado, que tem monitoramento de profissionais de saúde , exercício físico orientado, dieta adequada, é livrado das situações de estresse do cotidiano, terá uma evolução muito lenta da patologia, diminuindo incrivelmente as possíveis complicações da doença. CAPITULO II- SUS- SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O QUE É O SUS? O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde. QUAL É A HISTÓRIA DO SUS? Antes do advento do Sistema Único de Saúde (SUS), a atuação do Ministério da Saúde se resumia às atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças (por exemplo, vacinação). O INAMPS foi criado pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), era restrita aos empregados que contribuíssem com a previdência social; ou seja, para quem tinha cateira assinada os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicosAPOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 13 O INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era realizado pela iniciativa privada; os convênios estabeleciam a remuneração por procedimento, consolidando a lógica de cuidar da doença e não da saúde. Reforma Sanitária no Brasil O movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio acadêmico no início da década de 70 como forma de oposição técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade e pelo partido de oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em meados da década de 70 ocorreu uma crise do financiamento da previdência social, com repercussões no INAMPS. Em 1979 o general João Baptista Figueiredo assumiu a presidência com a promessa de abertura política, e de fato a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados promoveu, no período de 9 a 11 de outubro de 1979, o I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, que contou com participação de muitos dos integrantes do movimento e chegou a conclusões altamente favoráveis ao mesmo; ao longo da década de 80 o INAMPS passaria por sucessivas mudanças com universalização progressiva do atendimento, já numa transição com o SUS. A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco na história do SUS por vários motivos. Foi aberta em 17 de março de 1986 por José Sarney, o primeiro presidente civil após a ditadura, e foi a primeira CNS a ser aberta à sociedade; além disso, foi importante na propagação do movimento da Reforma Sanitária. A 8ª CNS resultou na implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais importante foi ter formado as bases para a seção "Da Saúde" da Constituição brasileira de 5 de outubro de 1988. A Constituição de 1988 foi um marco na história da saúde pública brasileira, ao definir a saúde como "direito de todos e dever do Estado". APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 14 A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o SUDS; depois, a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde (Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990); e por fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) fundou o SUS. Em poucos meses foi lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que imprimiu ao SUS uma de suas principais características: o controle social, ou seja, a participação dos usuários (população) na gestão do serviço. O INAMPS só foi extinto em 27 de julho de 1993 pela Lei nº 8.689. PRINCIPIOS DO SUS O Sistema Único de Saúde teve seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde, em 1990, com base no artigo 198 da Constituição Federal de 1988. Universalidade. "A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, entende-se que o Estado tem a obrigação de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei. Integralidade. A atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria. Eqüidade. Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no entanto, o Brasil contém disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Por isso, enquanto a Lei Orgânica fala em igualdade, tanto o meio acadêmico quanto o político consideram mais importante lutar pela eqüidade do SUS. NÍVEIS DO SUS Descentralização político-administrativa O SUS existe em três níveis, também chamados de esferas: nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no gerenciamento APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 15 dos serviços de saúde; as transferências passaram a ser "fundo-a-fundo", ou seja, baseadas em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número de atendimentos. Hierarquização e regionalização Os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra-referência entre os serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. Cada serviço de saúde tem uma área de abrangência, ou seja, é responsável pela saúde de uma parte da população. Os serviços de maior complexidade são menos numerosos e por isso mesmo sua área de abrangência é mais ampla, abrangência a área de vários serviços de menor complexidade. A Lei Orgânica da Saúde estabelece ainda os seguintes princípios: Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário; Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio- ambiente e saneamento básico; Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população; Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 16 Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. ÁREAS DE ATUAÇÃO DO SUS Segundo o artigo 200 da Constituição Federal, compete ao SUS: Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. CAPITULO III - PROGRAMAS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE POLITICA PUBLICA ― Podemos dizer que política pública é a materialização da ação do Estado.‖ (Figueiredo, 2005) No caso da saúde, temos políticas públicas que se materializam na forma de Programas de Atenção à Saúde de se comenta a seguir: APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 17 PROGRAMAS DE ATENÇÃO Á SAÚDE PAISA – Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto (priorização de agravos específicos como hipertensão arterial, diabetes mellitus, tuberculose). PAISM – Programa de Atenção à Saúde da Mulher através de atividades de assistência clínico-ginecológica, assistência pré-natal e assistência ao parto e puerpérioimediato PAISC – Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança com enfoque nas ações básicas de saúde de alto custo-efetividade – acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, aleitamento materno e orientação para o desmame, controle de doenças diarréicas, de infecções respiratórias agudas e de doenças que se podem prevenir por imunização PROSAD – Programa de Atenção à Saúde do Adolescente, fundamentado em áreas prioritárias como o acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento, a sexualidade, a saúde bucal, a saúde mental, a saúde reprodutiva, a saúde do escolar adolescente, a prevenção de acidentes, o trabalho cultural, o lazer e o esporte. PAST – Programa de Atenção à Saúde do Trabalhador estruturado em ações que objetivam a promoção, proteção, recuperação e reabilitação de todos os trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. PAISI – Programa de Assistência Integral à Saúde do Idoso, cujo objetivo fundamental é ―conseguir a manutenção de um estado de saúde com a finalidade de atingir um máximo de vida ativa, na comunidade, junto à família, com o maior grau possível de independência funcional e autonomia‖ (MS, 2001). Envolve um conjunto de ações voltadas para promoção, prevenção e recuperação da saúde ou manutenção de uma qualidade de vida. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 18 PROGRAMAS E PROJETOS DESENVOLVIDOS RECENTEMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE BRASIL SORRIDENTE – Programa cujas ações têm por objetivo melhorar as condições de saúde bucal da população brasileira. FARMÁCIA POPULAR – visa ampliar o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais. SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)- consiste em um atendimento pré-hospitalar com assistência prestada em um primeiro nível de atenção, fora do ambiente hospitalar. PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE À DENGUE – visa diminuir a incidência do número de casos de dengue no país. PROGRAMA DE CONTROLE DO TABAGISMO E OUTROS FATORES DE RISCO DE CÂNCER Tem como objetivo a prevenção de doenças na população através de ações que estimulem a adoção de comportamentos de estilos de vida saudáveis e que contribuam para a redução da incidência e mortalidade por câncer e doenças tabaco-relacionadas no país. HUMANIZASUS – proposta de uma nova relação entre o usuário, os profissionais que o atendem e à comunidade. Visa agilizar o atendimento e melhorar a qualidade dos serviços. QUALISUS – conjunto de mudanças que visa proporcionar maior conforto para o usuário, atendimento de acordo com o grau de risco, atenção mais efetiva pelos profissionais de saúde e menor tempo de permanência no hospital. MULTIPLICASUS Seu objetivo é proporcionar a discussão sobre o SUS entre trabalhadores, ampliar o conhecimento em saúde e formar sujeitos responsáveis pelo seu processo de trabalho. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 19 CAPITULO IV - ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA - ESF Histórico A atenção básica a sáude organizada pela ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA. Possibilita a organização do Sistema Municipal de Saúde para contemplar os pontos essenciais de qualidade na Atenção Básica. Organização dos Serviços A Saúde da Família constitui uma estratégia para a organização e fortalecimento da Atenção Básica como o primeiro nível de atenção à saúde no SUS Procura o fortalecimento da atenção por meio da ampliação do acesso, a qualificação e reorientação das práticas de saúde embasadas na Promoção da Saúde PRINCIPIOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA Adscrição de clientela - Definição precisa do território de atuação Territorialização - Mapeamento da área, compreendendo seguimento populacional determinado Diagnóstico Da Situação De Saúde Da População - Cadastramento das famílias e dos indivíduos, gerando dados que possibilitem a análise da situação de saúde do território Planejamento Baseado Na Realidade Local - Programação das atividades segundo critérios de risco à saúde, priorizando solução dos problemas. Interdisciplinaridade - Trabalho interdisciplinar, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 20 Vinculação - Participação na dinâmica social das famílias assistidas e da própria comunidade Competência cultural - Valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com ética, compromisso e respeito CARACTERISTICAS DO PROCESSO DE SAÚDE DA FAMÍLIA Participação social - Participação da comunidade no planejamento, execução e avaliação das ações. Intersetorialidade - Trabalho intersetorial, integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde Fortalecimento Da Gestão Local - Apoio a estratégias de fortalecimento da gestão local. EQUIPE DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA Médico, Enfermeiro, Auxiliares de enfermagem, Agentes comunitários de saúde, Cirurgião-Dentista, Auxiliar de consultório dentário e/ou, Técnico de higiene dental. Expansão e qualificação da Atenção Básica – PROESF Dirigido aos municípios com mais de 100 mil habitantes apoiando a ampliação da ESF e de serviços públicos de média complexidade ambulatorial; Educação permanente de RH; Estudos de linha de base e projeto de Avaliação para Melhoria da Qualidade; Monitoramento e Avaliação – recursos fundo a fundo para as SES – Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 21 Núcleo de Atenção Integral Na Saúde da Família Objetivos Qualificar e ampliar resolubilidade e integralidade da Estratégia de Saúde da Família Modalidades Atividade física, saúde mental, reabilitação, alimentação e nutrição e serviço social Implantação O município poderá implantar o Núcleo com todas as suas modalidades ou implantá-las separadamente Avaliação para melhoria da Qualidade - Qualificação da estratégia Saúde da Família - Criar as bases para um sistema de melhoria contínua da qualidade e da promoção da cultura da avaliação no âmbito da Atenção Básica em Saúde CAPITULO IV- VIGILÂNCIA SANITÁRIA E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Conceito - Vigilância sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar , diminuir ou prevenir riscos ‗a saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente , da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde , com o poder de interferir em toda a cadeia do processo saúde-doença ( lei nº 8080/90 ). AÇÕES PRIORITÁRIAS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE As ações priotárias da Vigilãncia em Saúde estabeleceram um conjunto de atividades e metam que se destacam: Notificações da doenças e agravos Investigação epidemilógica Diagnóstico laboratorial de agravos de saúde pública Vigilância ambiental Vigilância de doenças transmitidas por vetores e antropozoonoses APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 22 Controle de doenças e imunização Monitorização de agravos de relevância epidemiológica Divulgação de informações epidemilógicas Elaboração de estudos e pesquisas em epidemiologia Alimentação e manutenção dos sistemas de informação Acompanhamento das atividades programadas Ações básicas de vigilância sanitária ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGIlÂNCIA SANITÁRIA MISSÃO: Proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços e participando da construção de seu acesso"VALORES: Conhecimento como fonte de ação Transparência Cooperação Compromisso e Responsabilidade VIGILÂNCIA EPIDEMILÓGICA Histórico • O termo ―Vigilância Epidemiológica‖ teve início na campanha de controle da malária na década de 50. • Langmuir, em 1963 definiu vigilância epidemiológica como ― a observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, consolidada e avaliada de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes e a regular disseminação dessas informações a todos que necessitam conhece-las‖ • Década de 60 – projeto de erradicação da varíola • Década de 70 OMS e OPAS incentivaram a criação do sistema de vigilância epidemiológica SISTEMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 23 • Criado pela Lei Nº 6259 => 30/10/ 1975 • Artigo 8º => obrigação da notificação • Elenco das Doenças de Notificação Compulsória • Criação do Programa Nacional de Imunização CONCEITO Um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. (Segundo a Lei 8080/90) OBJETIVOS • Manter um conhecimento atualizado da situação epidemiológica das doenças e dos fatores que o condicionam. • Conhecer e prever a evolução do comportamento epidemiológico das doenças. • Prever as mudanças de comportamento epidemiológico das doenças em decorrência dos programas de controle ou erradicação. • Selecionar as medidas de controle a serem usadas . SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA • SINAN – Sistema de Informação dos Agravos de Notificação • PNI-API – Programa Nacional de Imunização – Avaliação do Programa de Imunização. • EPI-TB – Banco de dados do programa de tuberculose no Sistema de Informação EPI-INFO. • LABDENGUE – Recebimento dos resultados sorológicos de dengue e repasse aos Municípios. AÇÕES DA VIGILÂNCIA EPIDEMILÓGICA Notificação Compulsória É a comunicação da ocorrência de determinada Doença ou Agravo à Saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fim de adoção de medidas de intervenção pertinentes. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 24 Quem deve notificar? Segundo o artigo 8º da Lei 6.259 ― é dever de todo cidadão comunicar a autoridade sanitária local a ocorrência de fato comprovado ou presumível de casos de doenças transmissíveis, sendo obrigatório a médicos e outros profissionais de saúde, no exercício de sua profissão, bem com aos responsáveis por organizações e estabelecimentos de ensino, a notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças de notificação compulsória‖. Como se deve notificar? A notificação deve ser feita pelo meio mais rápido. O instrumento utilizado é Ficha de Notificação do SINAN Objetivos da Investigação Epidemilógica • Avaliação clínica do doente e de seus comunicantes, visando a obtenção de informações clínicas e epidemiológicas. • Coleta de amostras para exames de laboratório. • Busca ativa de novos casos. • Identificação do agente infeccioso. • Determinação do seu modo de transmissão ou de ação. • Identificação das fontes de infecção, locais contaminados, reservatórios e vetores biológicos. • Reconhecimento dos fatores que tenham contribuído para a ocorrência do(s) caso(s). • Orientação sobre a doença investigada aos doentes, aos comunicantes e se necessário à comunidade. • Retorno da informação sobre as medidas adotadas para a instituições envolvidas. Primeiras Medidas a serem adotadas frente a Investigação • Assistência Médica ao Paciente • Qualidade da Assistência • Proteção Individual • Proteção da População Etapas da Investigação Epidemiológica 1- Coleta de dados sobre o caso Identificação do paciente Anamnese e exame físico Suspeita diagnóstica APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 25 Meio ambiente Exames laboratoriais 2- Busca de Pistas Fonte de contágio a exemplo de água, alimentos, ambiente insalubre, etc (Fontes de infecção); Período de incubação do agente; Modos de transmissão (respiratória, sexual, vetorial, etc.); Faixa etária, sexo, raça e grupos sociais mais acometidos (Características biológicas e sociais); Presença ou não de outros casos na localidade (abrangência da transmissão); Possibilidade da existência de vetores ligados à transmissão da doença; Fatores de Riscos 3- Busca Ativas de Casos -Esta etapa tem como propósito identificar casos adicionais (secundários ou não) ainda não notificados, ou aqueles oligosintomáticos que não buscaram atenção médica e visa: • tratamento adequado dos casos; • determinar a magnitude e extensão do evento; • ampliação do espectro das medidas de controle. 4- Processamento e análises parciais dos dados A consolidação, análise e interpretação dos dados disponíveis devem considerar as características de pessoa, tempo, lugar e os aspectos clínicos e epidemiológicos, para a formulação de hipóteses quanto ao diagnóstico clínico, fonte de transmissão, potenciais riscos ambientais; efetividade das medidas de controle adotadas até aquele momento. 5- Encerramento dos Casos As Fichas Epidemiológicas de cada caso devem ser analisadas visando definir qual critério (Clínico-epidemiológico-laboratorial; clínico- laboratorial; clínico-epidemiológico) foi ou será empregado para o APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 26 diagnóstico final, considerando as definições de caso específicas para cada doença. Doenças de Notificação Compulsória Critérios de seleção • Magnitude : doenças com elevada freqüência que afetam grandes contingentes populacionais. Traduzidos pela incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdido • Potencial de Disseminação: expressa-se pela transmissibilidade da doença • Transcendência : Severidade - letalidade Relevância social – estigmatização Relevância econômica - custo • Vulnerabilidade : Existência de medidas de controle ELENCO DE DOENÇAS (Port. Nº 2325 08/12/2003) Botulismo Carbúnculo ou "antraz" Cólera Coqueluche Dengue Difteria Doenças de Chagas (casos agudos) Doenças Meningocócica e outras Meningites Esquistossomose (em área não endêmica) Febre Amarela Febre Maculosa Febre do Nilo Febre Tifóide Hanseníase Hantaviroses Hepatite B Hepatite C Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 27 Leishmaniose Tegumentar Americana Leishmaniose Visceral Leptospirose Malária (em área não endêmica) Meningite por Haemophilus influenzae Peste Poliomielite Paralisia Flácida Aguda Raiva Humana Rubéola Sarampo Sífilis Congênita Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) Síndrome da Rubéola Congênita Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) Tétano Tularemia Tuberculose Varíola CAPITULO V- PRINCIPAIS PATOLOGIAS EM SAÚDE PUBLICA DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Cancro Mole Agente: bactéria Haemophilus ducreyi Transmissão:sexo vaginal, anal ou oral Ocorrência: 01 mulher para cada 20 homens. Sintomas : De 02 a 05 dias após o contágio acompanhado de cefaléia, febre e prostração.pequenas e dolorosas feridas, úlceras, nos genitais externos. As úlceras podem ser únicas ou múltiplas Diagnóstico: - Sintomatologia, Coleta de secreção Tratamento: - Antiobióticoterapia, Esvaziamento ganglionar por punção APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 28 Ulcerações no Pênis Ulcerações na Vulva CANDIDÍASE Agente: Candida albicans (Microbiota) Queda de imunidade, higiene pessoal ou distúrbios no organismos, levam ao aparecimento da doença, três a quatro dias após o contágio ou no período pré-menstrual. Transmissão: contato sexual, água contaminada e objetos contaminados. Sintomas: corrimento branco, irritação e prúrido Diagnóstico: - História Clínica - Sintomatologia - Exames microscópicos do pênis e vagina Tratamento : Antifúngico( Cremes Vaginais) APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 29 Eritema e placas grumosas brancas na glande e no prepúcio. Fatores ligados à higiene pessoal influenciam casos como este. Secreção branca e grumosa aderentes às paredes da vagina com candidíase TRICOMONÍASE Agente Parasita Trichomonas vaginalis, Transmissão: relações sexuais ou por ambientes contaminados como banheiros e piscinas. Nas mulheres, os sintomas são coceira intensa na vagina, corrimento amarelado de odor desagradável e ardor ao urinar. O processo inflamatório intenso na vagina e no colo do útero pode facilitar a penetração do HIV no organismo. Nos homens, geralmente, os sintomas podem ficar ocultos durante semanas ou aparecer na forma de pequena irritação no pênis e ardor ao urinar. Diagnóstico: História Clínica, Sintomatologia, Exames laboratoriais, Papanicalau Tratamento: É utilizado antibióticoterapia (Fágyl- Metronidazol) ambos parceiros são tratados. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 30 CONDILOMA ACUMINADO Agente: Papiloma Vírus Humano (HPV) Transmissão: via sexual. Manifestação clássica: Pele dolorosa, pequenas verrugas rugosas nas zonas genitais, anais ou garganta. Mulheres: na vulva, períneo, vagina e colo do útero, havendo quase sempre, concomitância de corrimento vaginal. Homens: na glande, prepúcio e a bolsa testicular Diagnóstico: História Clínica, Exame Físico, Papanicolau a cada 6 meses Tratamento: Cauterização e Intervenção Cirúrgica APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 31 GONORRÉIA Agente: bactéria Neisseria Gonorrhoeae Transmissão: sexo vaginal, anal ou oral. Sintomas: diferem na mulher e no homem, que apresenta quadro infeccioso mais aparente, caracterizado pela uretrite, que produz secreção purulenta amarelo-esverdeada, pela manhã, provocando odor e ardor ao urinar. Quando não tratada pode acometer próstata, vesículas seminais, epidídimos, pele, articulações, endocárdio, fígado, meninges. Diagnóstico: História Clínica, Sintomatologia, Esfregaço do material obtido da uretra ou do colo do útero Tratamento: Antibióticoterapia APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 32 Gonorréia complicada: edema no testículo, bolsa escrotal com volume aumentado. Secreção purulenta na vulva LINFOGRANULOMA Agente: bactéria Chlamydia trachomatis. Transmissão: sexo vaginal com pessoa contaminada. Sintomas leve secreção matinal com aspecto de "clara de ovo", ardor ao urinar e às vezes alterações na freqüência urinária, seguida por lesão genital transitória, única e indolor tipo erosão superficial, que cicatriza espontânea e rapidamente em mais ou menos três a quatro dias. Nas mulheres: vagina, a vulva e, em alguns casos, o colo uterino, Nos homens as lesões ocorrem na glande e no prepúcio, formando grandes feridas purulentas. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 33 Diagnóstico: Histórico do paciente, Quadro Clínico, Exames Laboratoriais Tratamento: Tetraciclinas SÍFILIS Doença de caráter sistêmico, causada pela bactéria Treponema pallidum. É adquirida através do sexo vaginal, anal ou oral com pessoa contaminada, além de transfusão de sangue ou pelo parto. Apresenta 03 fases: Primária: feridas indolores com bordas altas, nítidas e endurecidas, denominadas cancro duro região genital, que também podem aparecer em outros locais do corpo desaparecendo com ou sem tratamento APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 34 Secundária: sintomas de febre, inflamação da garganta - faringite, gânglios em várias regiões do corpo, perda de cabelo, de peso, de apetite e erupções cutâneas de aspecto avermelhado ou arroxeado, principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés, denominadas roséolas sifilíticas, bem como lesões úmidas nas áreas genitais que são muito contagiosas. Terciária: aparecimento de doenças cardiovasculares, cerebrais e da medula espinhal, olhos, conduzindo a pessoa infectada a paralisias, insanidade, cegueira e até mesmo a morte. HERPES APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 35 Agente é o Herpes vírus II. Transmissão: contato sexual. Manifestação: Relacionada à queda das defesas imunológicas do organismo. Sintomas: primeiramente prurido, fisgada e sensação de queimadura na pele dos genitais, que evoluem para lesões avermelhadas - pequenas vesículas nos genitais ou anais que se tornam muito dolorosas, as quais cicatrizam-se em algumas semanas com ou sem tratamento. Diagnóstico: Visualização das lesões herpéticas, Papanicolau Tratamento: A herpes não tem cura. Na crise o tratamento é antiviral ( Aciclovir), para as lesões vesiculares e com antibióticos, se houver infecções paralelas . AIDS = SIDA ( Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) HIV HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 36 gravidez e a amamentação. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações. Biologia – HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune. AIDS A aids é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, como também é chamada, é causada pelo HIV. Como esse vírus ataca as células de defesa do nosso corpo, o organismo fica mais vulnerável a diversas doenças, de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. O próprio tratamento dessas doenças fica prejudicado. Há alguns anos, receber o diagnóstico de aids era uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentosindicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda fazer o teste sempre que passar por alguma situação de risco e usar sempre o preservativo. TRANSMISSÃO Como o HIV, vírus causador da aids, está presente no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno, a doença pode ser transmitida de várias formas: Sexo sem camisinha (vaginal, anal ou oral). De mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. Uso da mesma seringa ou agulha contaminada por mais de uma pessoa. Transfusão de sangue contaminado com o HIV. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 37 Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados. SINTOMAS E FASES DA DOENÇA Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção aguda, que ocorre a incubação do HIV - tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período varia de 3 a 6 semanas. E o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebido. A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas que não enfraquece o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de assintomático. Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4 - glóbulos brancos do sistema imunológico - que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids. Quem chega a essa fase, por não saber ou não seguir o tratamento indicado pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer. Por isso, sempre que você transar sem camisinha ou passar por alguma outra situação de risco. DIAGNÓSTICO DO HIV APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 38 Teste Elisa É o mais realizado para diagnosticar a doença. Nele, profissionais de laboratório buscam por anticorpos contra o HIV no sangue do paciente. Se uma amostra não apresentar nenhum anticorpo, o resultado negativo é fornecido para o paciente. Caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, é necessária a realização de outro teste adicional, o teste confirmatório. São usados como testes confirmatórios, o Western Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta para o HIV-1 e o imunoblot. Isso porque, algumas vezes, os exames podem dar resultados falso-positivos em consequência de algumas doenças, como artrite reumatoide, doença autoimune e alguns tipos de câncer. Nesse caso, faz-se uma confirmação com a mesma amostra e o resultado definitivo é fornecido ao paciente. Se o resultado for positivo, o paciente será informado e chamado para mais um teste com uma amostra diferente. Esse é apenas um procedimento padrão para que o mesmo não tenha nenhuma dúvida da sua sorologia. Independentemente do resultado do exame, positivo ou negativo, o paciente é encaminhado ao aconselhamento pós-teste – conversa com o profissional do CTA ou do posto de saúde que orienta sobre prevenção, tratamento e outros cuidados com a saúde. O Elisa é feito com uma placa de plástico que contém proteínas do HIV absorvidas ou fixadas nas cavidades em que cada amostra de soro ou plasma (que são frações do sangue) será adicionada. Após uma sequência de etapas, em que são adicionados diferentes tipos de reagentes, o resultado é fornecido por meio de leitura óptica, em um equipamento denominado leitora de Elisa. Teste western blot De custo elevado, o western blot é confirmatório, ou seja, indicado em casos de resultado positivo no teste Elisa. Nele, os profissionais do laboratório procuram fragmentos do HIV, vírus causador da aids. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 39 Para a realização do Western Blot, utiliza-se uma tira de nitrocelulose em que serão fixadas proteínas do HIV. O soro ou plasma do paciente é adicionado, ficando em contato com a tira de nitrocelulose. Depois da adição de vários tipos de reagentes, o resultado é fornecido por meio de leitura visual, pelo profissional do laboratório. Teste de imunofluorescência indireta para o HIV-1 Também confirmatório, o teste de imunofluorescência indireta para o HIV-1 permite detectar os anticorpos anti-HIV. Nele, o soro ou plasma do paciente é adicionado a uma lâmina de vidro que contém células infectadas com o HIV, fixadas nas cavidades. Após uma sequencia de etapas, em que são adicionados diferentes tipos de reagentes, o resultado é fornecido por meio da leitura em um microscópio de imunofluorescência. Teste rápido Possui esse nome, pois permitem a detecção de anticorpos anti-HIV na amostra de sangue do paciente em até 30 minutos. Por isso, pode ser realizado no momento da consulta. Os testes rápidos permitem que o paciente, no mesmo momento que faz o teste, tenha conhecimento do resultado e receba o aconselhamento pré e pós-teste. O teste rápido é preferencialmente adotado em populações que moram em locais de difícil acesso, em gestantes que não fizeram o acompanhamento no pré-natal e em situações de acidentes no trabalho. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: O tratamento é a base antirretovirais que são drogas que tendem a prolongar a vida do doente. O AZT (zidovudina) e coquetel: Epivir , Crixivan, Ganciclovir, que agem na tentativa de inibir as ações do vírus, retardando o declínio do sistema imunológico, porem sem proporcionar a cura EFEITOS COLATERAIS Entre os mais frequentes, encontram-se: diarreia, vômitos, náuseas, manchas avermelhadas pelo corpo (chamadas pelos médicos de rash cutâneo), agitação, insônia e sonhos vívidos. Há pessoas que não sentem mal-estar. Isso APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 40 pode estar relacionado com características pessoais, estilo e hábitos de vida, mas não significa que o tratamento não está dando certo. AÇÕES DE ESNFERMAGEM NAS DSTs Orientar e informar quanto as medidas de prevenção Participar de Campanhas Incentivar a comunidade a notificação dos casos Auxiliar no diagnóstico e tratamento adequado Orientar e incentivar ao tratamento correto e acompanhamento médico Participar de programas educativos e de reciclagem Dar apoio psicológico Incentivar a reintegração social e a família DOENÇAS TRANSMÍSSIVEIS DENGUE A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus da família Flaviridae e é transmitida, no Brasil, através do mosquito Aedes aegypti, também infectado pelo vírus. Atualmente, a dengue é considerada um dos principais problemas de saúde pública de todo o mundo. Em todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3e DEN-4. A dengue é conhecida no Brasil desde os tempos de colônia. O mosquito Aedes aegypti tem origem africana. Ele chegou ao Brasil junto com os navios APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 41 negreiros, depois de uma longa viagem de seus ovos dentro dos depósitos de água das embarcações. O primeiro caso da doença foi registrado em 1685, em Recife (PE). Em 1692, a dengue provocou 2 mil mortes em Salvador (BA), reaparecendo em novo surto em 1792. Em 1846, o mosquito Aedes aegypti tornou-se conhecido quando uma epidemia de dengue atingiu o Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Entre 1851 e 1853 e em 1916, São Paulo foi atingida por epidemias da doença. Em 1923, Niterói, no estado do Rio, lutou contra uma epidemia em sua região oceânica. Em 1903, Oswaldo Cruz, então Diretor Geral da Saúde Pública, implantou um programa de combate ao mosquito que alcançou seu auge em 1909. Em 1957, anunciou-se que a doença estava erradicada do Brasil, embora os casos continuassem ocorrendo até 1982, quando houve uma epidemia em Roraima. Em 1986, foram registradas epidemias nos estados do Rio de Janeiro, de Alagoas e do Ceará. Nos anos seguintes, outros estados brasileiros foram afetados. No Rio de Janeiro (Região Sudeste) ocorreram duas grandes epidemias. A primeira, em 1986-87, com cerca de 90 mil casos; e a segunda, em 1990-91, com aproximadamente 100 mil casos confirmados. A partir de 1995, a dengue passou a ser registrada em todas as regiões do país. Em 1998 ocorreram 570.148 casos de dengue no Brasil; em 1999 foram registrados 204.210 e, em 2000, até a primeira semana de março, 6.104. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 42 Em 2006, o número de casos de dengue voltou a crescer no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre janeiro e setembro de 2006 foram registrados 279.241 casos de dengue o equivalente a 1 caso (não fatal) para cada 30 km ² do território desse país. Um crescimento de 26,3% em relação ao mesmo período em 2005. A região com maior incidência foi a Sudeste. Já em 2008, a doença volta com força total, principalmente no Rio de Janeiro, onde foram registrados quase 250 mil casos da doença e 174 mortes em todo o Estado (e outras 150 em investigação), sendo 100 mortes e 125 mil casos somente na cidade do Rio de Janeiro. A epidemia de 2008 superou, em número de vítimas fatais, a epidemia de 2002, onde 91 pessoas morreram. Nos últimos anos, outros estados do Brasil também registraram uma epidemia de Dengue . Atualmente, a dengue hemorrágica está entre as dez principais causas de hospitalização e morte de crianças em países da Ásia tropical. Nas Américas, a primeira epidemia de dengue hemorrágico que se tem notícia ocorreu em Cuba, em 1981. FORMAS DA DENGUE Em todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. No Brasil, já foram encontrados da dengue tipo 1, 2, 3 e 4. O vírus tipo 4 não era registrado no País há 28 anos, mas em 2010 foi notificado em alguns estados, como o Amazonas e Roraima, A dengue tipo 4 apresenta risco a pessoas já contaminadas com os vírus 1, 2 ou 3, que são vulneráveis à manifestação alternativa da doença. Complicações podem levar pessoas infectadas ao desenvolvimento de dengue hemorrágica. Formas de apresentação APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 43 A dengue pode se apresentar – clinicamente – de quatro formas diferentes formas: Infecção Inaparente, Dengue Clássica, Febre Hemorrágica da Dengue e Síndrome de Choque da Dengue. Dentre eles, destacam-se a Dengue Clássica e a Febre Hemorrágica da Dengue. Vírus da Dengue (rcsb.org) -Infecção Inaparente A pessoa está infectada pelo vírus, mas não apresenta nenhum sintoma da dengue. A grande maioria das infecções da dengue não apresenta sintomas. Acredita-se que de cada dez pessoas infectadas apenas uma ou duas ficam doentes. - Dengue Clássica A Dengue Clássica é uma forma mais leve da doença e semelhante à gripe. Geralmente, inicia de uma hora para outra e dura entre 5 a 7 dias. A pessoa infectada tem febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjôos, vômitos, manchas vermelhas na pele, dor abdominal (principalmente em crianças), entre outros sintomas. Os sintomas da Dengue Clássica duram até uma semana. Após este período, a pessoa pode continuar sentindo cansaço e indisposição. - Dengue Hemorrágica A Dengue Hemorrágica é uma doença grave e se caracteriza por alterações da coagulação sanguínea da pessoa infectada. Inicialmente se APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 44 assemelha a Dengue Clássica, mas, após o terceiro ou quarto dia de evolução da doença, surgem hemorragias em virtude do sangramento de pequenos vasos na pelo e nos órgãos internos. A Dengue Hemorrágica pode provocar hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas. Na Dengue Hemorrágica, assim que os sintomas de febre acabam a pressão arterial do doente cai, o que pode gerar tontura, queda e choque. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte. - Síndrome de Choque da Dengue Esta é a mais séria apresentação da dengue e se caracteriza por uma grande queda ou ausência de pressão arterial. A pessoa acometida pela doença apresenta um pulso quase imperceptível, inquietação, palidez e perda de consciência. Neste tipo de apresentação da doença, há registros de várias complicações, como alterações neurológicas, problemas cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. Entre as principais manifestações neurológicas, destacam-se: delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia, paralisias e sinais de meningite. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da dengue é realizado com base na história clínica do doente, exames de sangue, que indicam a gravidade da doença, e exames específicos para isolamento do vírus em culturas ou anticorpos específicos. Para comprovar a infecção com o vírus da dengue, é necessário fazer a sorologia, que é um exame que detecta a presença de anticorpos contra o vírus do dengue. A doença é detectada a partir do quarto dia de infecção. Inicialmente, é feito um o diagnóstico clínico para descartar outras doenças. Após esta etapa, são realizados alguns exames, como hematócrito e contagem de plaquetas. Estes testes não comprovam o diagnóstico da dengue, já que ambos podem ser alterados por causa de outras infecções. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 45 Diagnóstico da Dengue Hemorrágica Há três exames que podem ser utilizados identificar a dengue hemorrágica: a prova do laço, a contagem das plaquetas e a contagem dos glóbulos vermelhos. A prova do laço é um exame de consultório, com uma borrachinha o médico prende a circulação do braço e vê se há pontos vermelhos sob a pele, que indicariam a doença. Os outros testes são feitos por meio de uma amostra de sangue em laboratório. Lembrete: A dengue hemorrágica deve ser diagnóstica rapidamente, pois se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte. TRATAMENTO DA DENGUE O tratamento da dengue requer bastante repouso e a ingestão de muito líquido, como água, sucos naturais ou chá. No tratamento, também são usados medicamentos anti-térmicos que devem recomendados por um médico. É importante destacar que a pessoa com dengue NÃO pode tomar remédios à base de ácido acetil salicílico, como AAS, Melhoral, Doril, Sonrisal, Alka-Seltzer, Engov, Cibalena, Doloxene e Buferin. Como eles têmum efeito anticoagulante, podem promover sangramentos. O doente começa a sentir a melhorar cerca de quatro dias após o início dos sintomas da dengue, que podem permanecer por 10 dias. É preciso ficar alerta para os quadros mais graves da doença. Se aparecerem sintomas, como dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, tonturas ao levantar, alterações na pressão arterial, fígado e baço dolorosos, vômitos hemorrágicos ou presença de sangue nas fezes, extremidades das mãos e dos pés frias e azuladas, pulso rápido e fino, diminuição súbita da temperatura do corpo, agitação, fraqueza e desconforto respiratório, o doente deve ser levado imediatamente ao médico. PREVENÇÃO CONTRA A DENGUE A ação mais simples para prevenção da dengue é evitar o nascimento do mosquito, já que não existem vacinas ou medicamentos que combatam a APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 46 contaminação. Para isso, é preciso eliminar os lugares que eles escolhem para a reprodução. A regra básica é não deixar a água, principalmente limpa, parada em qualquer tipo de recipiente. Como a proliferação do mosquito da dengue é rápida, além das iniciativas governamentais, é importantíssimo que a população também colabore para interromper o ciclo de transmissão e contaminação. Para se ter uma ideia, em 45 dias de vida, um único mosquito pode contaminar até 300 pessoas. Ciclo de Transmissão da Dengue (Imagem: MDS) Então, a dica é manter recipientes, como caixas d‘água, barris, tambores tanques e cisternas, devidamente fechados. E não deixar água parada em locais como: vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, blocos de cimento, urnas de cemitério, folhas de plantas, tocos e bambus, buracos de árvores, além de outros locais em que a água da chuva é coletada ou armazenada. É bom lembrar que o ovo do mosquito da dengue pode sobreviver até 450 dias, mesmo se o local onde foi depositado o ovo estiver seco. Caso a área receba água novamente, o ovo ficará ativo e pode atingir a fase adulta em um espaço de tempo entre 2 e 3 dias. Por isso é importante eliminar água e lavar os recipientes com água e sabão. Ações simples para combater a proliferação do mosquito da dengue APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 47 Como eliminar as larvas e os mosquitos da dengue Pesquisadoras da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto (SP) descobriram que a cafeína é fatal para o desenvolvimento da larva do Aedes aegypti. No estudo, elas verificaram que quanto maior a concentração de cafeína na água parada contida em vasos, ralos e plantas, menor o tempo de vida das larvas. De acordo com as cientistas, foi registrada uma taxa de mortalidade de 100%. Nenhuma das larvas conseguiu chegar ao último estágio de desenvolvimento. Resultados semelhantes foram obtidos com a borra de café. Em laboratório, quatro colheres de sopa de borra de café bloquearam o desenvolvimento de larvas mergulhadas no equivalente a um copo de água. Em situações de epidemia de dengue, o método de combate mais usado contra a reprodução do mosquito é a aplicação de inseticidas, mas a maioria desses produtos é tóxica. Além disso, com o tempo, os mosquitos podem adquirir resistência a essas substâncias. A borra de café funciona como um inseticida natural e não faz mal para seres humanos, animais e plantas. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 48 Outros produtos, como o sal de cozinha e a água sanitária, têm sido recomendados contra o Aedes egypti. Mas há limitações: eles não podem ser aplicados em plantas, por exemplo. A borra é um resíduo produzido diariamente na maioria das residências. Ela pode ser jogada sobre o solo dos jardins e hortas, na terra dos vasos ou dentro das bromélias. Não se deve diluí-la em água antes de aplicar. A larva se intoxica ao ingerir extratos de borra do café. A quantidade de borra a ser utilizada depende da quantidade de água acumulada. Se o local contém o equivalente a meio copo de água de chuva ou de rega, por exemplo, duas colheres de sopa de borra bastam. A mesma quantidade de borra nova deve ser colocada a cada sete dias. FEBRE AMARELA O que é A febre amarela é uma importante doença que, infelizmente, faz milhares de vítimas em nosso país. É uma doença provocada por um tipo de vírus (flavivírus), encontrado em primatas não-humanos que habitam regiões de florestas. Este vírus pode ser transmitido aos seres humanos de duas formas: - Pela picada da fêmea do mosquito conhecido por ―Aedes Aegypti‖, desde que o inseto esteja contaminado (após picar um ser humano com a doença). Esta é conhecida como febre amarela urbana. APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 49 - O segundo tipo de febre amarela é a silvestre, que ocorre através da picada do mosquito Haemagogus. Regiões de maior incidência Esta enfermidade ocorre principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, em função das condições climáticas favoráveis para a procriação e desenvolvimento deste tipo de mosquito. A região amazônica, por exemplo, é um importante local de disseminação da doença, pois o clima quente, as chuvas e a grande quantidade de rios facilita a reprodução deste inseto e o alastramento da doença. Transmissão da doença Após ser picado pelo mosquito, a pessoa contaminada começa a apresentar uma série de sintomas: febre alta (podendo chegar a 40 ou 41 graus centígrados), fortes dores de cabeça, vômitos, problemas no fígado e hemorragias. Sinais e Sintomas O vírus e a evolução clínica da doença são idênticos nas formas urbana e silvestre. Os sintomas da febre amarela costumam aparecer entre o terceiro dia e o sexto dia após a picada do mosquito. As manifestações são: Febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômitos, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias na gengiva, nariz, estômago, intestino e urina. Complicações Cerca de 15% dos doentes infectados apresentam sintomas graves, que podem levar à morte. A febre amarela pode causar um funcionamento inadequado de órgãos vitais como fígado e rins. Conseqüentemente, isso provoca uma diminuição do volume urinário ou até mesmo a ausência de urina na bexiga e o coma. Os pacientes que sobrevivem conseguem se recuperar totalmente. Tratamento APOSTILA DE SAÚDE PÚBLICA 50 Não há tratamento específico. O indivíduo deve ser internado para manter os sintomas sob controle, permanecer em repouso, fazer a reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Outras informações doença. O nome da doença está relacionado à cor a qual a pele da pessoa fica após contrair a doença. O doente fica com ictirícia, pois ocorre o derramamento da bilirrubina em diversos tecidos do corpo. Quando espalha-se pela corrente sanguínea, a pessoa fica com uma cor amarelada na pele e também nos olhos. Esta doença infecciosa pode permanecer no corpo da pessoa doente por aproximadamente duas semanas. Em alguns casos, a pessoa pode morrer, em função do agravamento da doença e dos danos provocados pelo vírus no corpo e nos órgãos. A vacina contra a febre amarela foi criada, no ano de 1937, pelo médico e virulogista sul-africano Max Theiler. Importante: os médicos recomendam tomar esta vacina antes de viajar para as regiões norte e centro-oeste do país ou para áreas em que existem incidências desta MALÁRIA O que é? Malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da
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