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GALINDO Minerais Formadores de Rochas Ígneas

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MINERAIS FORMADORES DE ROCHAS ÍGNEAS 
 
OS SILICATOS MÁFICOS 
 
1) OLIVINAS 
 Os minerais do grupo das olivinas (nesossilicatos) possuem simetria 
ortorrômbica, e quimicamente são “silicatos de Mg, Fe, principalmente, e 
de Mn e Ca”. Quantidades menores de elementos traços (usualmente, 
<1,0%) estão presentes, sendo os principais Ni, Cr, Co e Zn. 
 
Os principais tipos de olivinas são: 
 
Forsterita - Mg2.SiO4 
Faialita - Fe2.Sio4 
Tefroita - Mn2.SiO4 
Larnita Ca2.SiO4 
 
Obs: a Larnita apesar de ser considerada quimicamente como uma 
olivina mostra simetria monoclínica. 
 
 
 
 
Paragênese 
 As Mg-olivinas são os principais constituintes de dunitos (>90%) e 
peridotitos (90-50%). Fo100-0 é desconhecida em rochas ígneas. 
Dunitos e peridotitos mostram Fo92-88. Em basaltos e gabros a olivina é 
Fo85-40 (Derr et al. 1966; Brown 1982). Em rochas félsicas como granitos, 
sienitos, riolitos e traquitos, olivinas failíticas podem ocorrer, e neste caso 
em geral associada com piroxênios. 
 
Composição Química de Olivinas (elementos maiores) 
 
 (1 - Fo) (2 - Hor) (3 - Fa) (4 - Fa) (5 - Te) 
SiO2 41,85 32,47 30,09 30,53 29,27 
TiO2 0,07 0,34 0,22 
Al2O3 0,02 0,02 
Fe2O3 0,18 
FeO 2,05 53.14 69,42 64,40 1,20 
MnO 0,21 0,73 0,28 2,23 65,23 
MgO 56,17 13,22 0,91 0,90 1,98 
CaO 0,08 2,32 
Total 100,35 100,10 100,78 98,31 100,00 
(1) Forsterita em serpentinito 
(2) Hortonalita em ferrodiorito 
(3) Faialita em formação ferrífera 
(4) Faialita em quartzo-sienito 
(5) Tefroita - amostra da Benallt Mine (UK) 
Obs: - Forserita é de alta temperatura e instável na presença de sílica livre 
(Fo+SiO2 = En). → Mg2SiO4 + SiO2 = 2MgSiO3 
 Faialita é estável a baixas temperaturas e na presença de sílica livre. 
 
Geoquímica das olivinas 
 Ca - Nas olivinas Mg-Fe ele raramente excede 1%, sendo 
tipicamente <0,5% . Não há uma correlação clara entre %Ca e o conteúdo 
de Mg das olivinas, entretanto há uma correlação entre a %Ca e o ambiente 
de sua hospedeira. Observa-se que %Ca é maior em olivinas de rochas 
extrusivas do que nas plutônicas (Brown 1982) 
 Mn - Em geral nas olivinas Mg-Fe o conteúdo é inferior a 2%, 
entretanto em alguns casos pode ser considerado como um elemento maior 
(Tefroita - Mn2.SiO4). Não é observado correlação entre a %Mn da olivina 
e o ambiente de sua hospedeira (Brown 1982). 
 Ni - Em geral o conteúdo é <0,5% e mostra uma correlação positiva 
com o Mg (Brown 1982). 
 Cr - Em geral abaixo do limite de detecção por microssonda. “Fo” 
associadas a diamante podem mostrar valores > 0.15% de Cr2O3. 
 Al - No geral < 0.02%. Em amostras lunares observou-se até 0.6% de 
Al2O3. 
 Fe3+, Na, K, U, Ti e ETR - Usualmente não são detectados pelos 
métodos comuns analíticos. No caso dos álcalis podem ser detectados por 
microssonda eletrônica. 
 
Alteração / Transformação 
 As olivinas são susceptíveis a alterações/transformações, tanto por 
processos hidrotermais quanto intempéricos. Os principais produtos de 
transformações são serpentina, iddingsita, clorita, anfibólio, carbonatos, 
óxidos e hidróxidos. Em geral são produtos mistos e finos de difícil 
reconhecimento por processos óticos. 
 
Principais características óticas distintivas 
 
 - Extinção reta (ortorrombicos) 
 - Forsterita é B+ ; Faialita B- 
 - Forsterita é incolor e Faialita levemente colorida (amarelada) 
 - Cores fortes de birrefringência (azul, rosa etc) 
 - No geral cristais fraturados com fraturas preenchidas por óxidos 
2) PIROXÊNIOS 
 Os piroxênios são inossilicatos de cadeia simples, alumossilicatos 
anidro, de Mg, Fe, Ca, Na e Li, de simetria ortorrombica (Opx) e 
monoclínica (Cpx), constituindo em geral “séries de soluções sólidas”. 
 
Classificação dos Piroxênios (Deer et al. 1978) 
 
 Piroxênios de “Mg-Fe” 
 Opx: Enstatita-En (Mg2.Si2.O6) – Ferrosilita-Fs (Fe2
2+.Si2.O6) 
 Cpx: Pigeonita (Mg, Fe2+)2, Ca.(Si2.O6) 
 
Enstatita 
(En 100-90) 
Bronzita 
(En 90-70) 
Hiperstênio 
(En 70-50) 
Fe-Hiperstênio 
(En 50-30) 
Eulita 
(En 30-10) 
Ferrosilita 
(En 10-0) 
 
 Piroxênios de “Ca” 
 Augita-Ferroaugita (Ca, Mg, F2+, Fe3+, Al, Ti)2. [(Si,Al)2.O6] 
 Diopsídio (CaMgSi2O6) - Hedenbergita (CaFe
2+Si2O6) 
 
 Piroxênios de “Ca-Na” 
 Onfacita (Ca, Na) (Mg, F2+, F3+, Al) (Si2O6) 
 Aegirina-Augita (Ca,Na) (Fe2+, Fe3+, Mg) Si2O6) 
 
 Piroxênios de Na 
 Aegirina (acmita) NaFe3+(Si2O6) 
 
 Piroxênio de Li 
 Espodumênio LiAl (Si2O6) 
 
Paragênese 
 Os “Opx” são mais comuns em rochas ultramáficas e máficas, 
notadamente os tipos ricos em Mg, já os ricos em Fe podem ocorrer em 
rochas intermediárias e ácidas (em rochas charnoquíticas em geral). 
 A Pigeonita é mais restrito a rochas vulcânicas andesíticas e 
dacíticas. 
 Os clinopiroxênios de Ca: “diopsídio” é mais comum em rochas 
metamórficas; “hedenbergita e augita” em rochas plutônicas máficas, 
intermediárias e félsicas. 
 Aegirina-Augita e Aegirina são clinopiroxênios comuns de rochas 
plutônicas alcalinas intermediárias a ácidas, e o espodumênio é muito 
comum em pegmatitos ricos em Li. 
 
Alteração / Transformação 
 Em geral os piroxênios se transformam para anfibólio e clorita. 
“Uralita” é anfibólio fino produto da alteração do piroxênio por hidratação, 
ou ainda para óxidos/hidróxidos. 
 
- Composição química de piroxênios 
 Enstatita Ferrosilita Aegirina Hedenbergita Hiperstênio 
SiO2 57.73 45.95 51.92 48.37 49.00 
TiO2 0.04 0.10 0.77 0.08 0.06 
Al2O3 0.95 0.90 1.85 0.68 0.09 
FeO(t) 3.99 41.96 32.19 25.49 32.63 
MnO 0.08 5.02 1.11 1.28 
MgO 36.13 3.49 2.69 11.13 
CaO 0.23 1.43 20.02 1.00 
Na2O 12.86 0.33 0.05 
K2O 0.19 0.03 
Total 99.15 98.85 99.78 98.77 95.90 
 
Obs: Em termos de elementos traços os piroxênios podem mostrar Cr, Ni, 
Co, Sc, Zn e ETRP (tanto Opx quanto os Cpx). 
 
Principais características distintivas 
 
 - Opx tem extinção reta e Cpx inclinada 
 - Duas clivagens em ângulo reto (90o) 
 - Os OPX são levemente coloridos e pleocróicos para os termos ricos 
em Fe e incolores para os ricos em Mg. En é B+ e Fs é B- 
 - Os CPX são em geral coloridos e pleocróicos. A exceção dos da 
série “aegirina – augita-augita (B-)”, os demais são B+. 
A Classificação dos Piroxênios Segundo Morimoto et al. (1988) 
 
 
 
 
 
3) ANFIBÓLIOS 
 
 São alumossilicatos hidratados (inossilicatos de cadeia dupla) de Mg, 
Fe, Ca, Na, Mn, Ti e K. Ocorrem em variadas condições de pressão e 
temperatura, e são constituintes comuns de rochas ígneas e metamórficas. 
Da mesma forma que os piroxênios tem-se tanto ortoanfibólios” quanto 
“clinoanfibólios”. 
 
 - Ortoanfibólios: São representados pela série “Antofilita-Gedrita” e 
são restritos a rochas metamórficas. 
 
 - Clinoanfibólios: No contexto das rochas ígneas podem ser 
destacadas quatro principais famílias de clinoanfibólios: 
- Cumingtonita-Grunerita: (Mg, Fe2+)7 (Si8, O22) (OH)2 
- Glaucofana-Riebckita: (Na2, Mg3, Al2) (Si8O22) (OH)2 
 (Na2, Fe3
2+, Fe2
3+) (Si8O22) (OH)2 
 - Eckermanita-Arfvedsonita: Na3(Mg,Fe)4(Al,F
3+)Si8O22(OH,F)2 
- Hornblendas: (Na,K)0-1.Ca2(Mg,Fe
2+,Fe3+,Al)5.(Si6-7,Al2-1.O22) 
 (OH, F)2 
 
Paragênese 
 A hornblenda é o anfibólio mais comum de rochas ígneas, ocorre 
desde rochas ultramáficas até ácidas. Riebckita, eckermanita-arfvedsonita 
são típicos anfibólios de rochas alcalinas, e a grunerita ocorre em rochas 
intermediárias a ácidas enriquecidas em Fe. Os anfibólios apresentam 
alteração/transformação principalmente para clorita e óxidos secundários 
(ilmenita e rutilo). 
 
PrincipaisCaracterísticas Distintivas 
 - Extinção reta para os orto e inclinada para os clinoanfibólios 
 - Clivagens em duas direções (120o-60o) 
 - Coloridos e pleocróicos, em tons variados (verde para os da família 
da hornblenda e azul para a riebckita). A grunerita é incolor e mostra fortes 
cores de birrefringência. 
 
 - Composição química de alguns anfibólios 
 
 Riebckita 
(sienito) 
Grunerita 
(qz-sienito) 
Hornblenda 
(qz-sienito) 
Hornblenda 
(monzogranito) 
Hornblenda 
(tonalito) 
SiO2 52.41 48.92 40.65 39.62 44.99 
TiO2 0.45 0.52 0.76 1.46 
Al2O3 0.61 0.16 9.86 11.36 11.26 
FeO(t) 29.19 42.02 29.98 24.94 16.50 
MnO 1.46 1.67 0..39 0.52 0.31 
MgO 5.07 3.19 1.66 4.61 10.41 
CaO 1.36 0.58 10.42 10.95 12.12 
Na2O 4.94 1.63 1.79 0.97 
K2O 2.10 1.22 1.82 0.76 
Total 97.59 96.54 96.26 96.86 98.78 
 
 Em termos de elementos traços os anfibólios mostram “Kd” 
consideráveis para Cr, V, Ni, Sr e ETR (ETRP>>ETRL). 
Obs: Hornblenda é ainda usada como geobarômetro e geotermômetro. 
Classificação dos Anfibólios (Leake et al. 1997) 
 
 
Os anfibólios cálcicos 
 
 
 
 
 
Os anfibólios sódicos 
 
 
 
 
 
4) MICAS 
 São alumossilicatos (filossilicatos) hidratados de K, Fe, Na, Mg e Li. 
Constituem os minerais máficos mais comuns em rochas ígneas plutônicas 
intermediária a félsicas. 
 
Principais tipos de micas 
 Biotita: Mica de K, Fe e Mg (Ti e F também estão presentes). É a 
mica mais comum em rochas ígneas (plutônicas ou vulcânicas) e o 
principal máfico de granitóides, Seus prinpais produtos de transformação-
alteração são clorita, muscovita e óxidos. 
 O processo de oxidação é responsável pela clortização da biotita. O 
aumento no conteúdo de F3+ propicia a formação de óxidos secudários 
associados a clorita. O Ti proveniente da biotita pode favorecer a formação 
de titanita juntamente com a clorita 
 
 Flogopita: é quimicamente similar a biotita, porém bem mais 
enriquecida em Mg e empobrecida em Fe em relação a esta. Ocorre 
comumente em rochas geradas em altas condições de P e T, de caráter 
máfico. 
 
 Muscovita: Mica branca de K, bastante comum em pegmatitos e em 
granitos peraluminosos (fusão de metassedimentos). é comum como 
mineral secundário em rochas graníticas em geral como produto de 
transformação da biotita. É um mineral característico de “Granitos tipo S”. 
 
 Sericita: Mica fina de K que ocorre essencialmente como produto de 
tranformação de feldspato em rochas graníticas. 
 
 Paragonita: Mica de Na. Em rochas granitóides ela ocorre 
principalmente como produto secundário de alteração de feldspato. È 
comum em rochas metamórficas aluminosas (xistos, filitos etc). 
 
 Lepidolita: Mica de K, Li e F de cor rosa, que ocorre essencialmente 
em pegmatitos. 
 
Composição química de algumas micas 
 Flogopita Biotita Biotita Muscovita Lepidolita 
SiO2 40,95 37,17 35,95 48,42 49,76 
TiO2 0,82 3,14 2,58 0,87 0,22 
Al2O3 17,28 14,60 16,18 27,16 25,31 
FeO(t) 2,81 30,60 25,83 7,38 4,00 
MnO Tr 0,06 0,51 0,42 
MgO 22,95 4,23 5,40 Tr 0,09 
CaO 0,17 Tr 0,05 
Li2O 4,35 
Na2O 0,16 0,15 0,05 0,35 0,61 
K2O 9,80 8,25 9,58 11,23 9,20 
F 0,62 Tr 3,96 
H2O
+
 4,23 4,31 2,81 
H2O
-
 0,48 0,19 0,33 
Total 100,13 98,37 96,08 99,91 101,95 
Obs: (1) Flogopita em mármore; (2) Biotita em granito; (3) Biotita em 
monzogranito; (4) Muscovita em xisto; (5) Lepidolita em pegmatito 
 
Algumas Características Distintivas de Micas 
 - Biotita e flogopita são coloridas e pleocróicas ao microscopio 
 - Muscovita, paragonita e sericita são incolores ao microscopio 
 - Micas mostram uma excelente clivagem e extinção reta 
 - Seções basais de biotita mostram figuras “pseudo uniaxiais” 
 
 
Classificação da variação composicional das biotitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Composições de Biotitas e Séries Magmáticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5) GRANADAS 
 São minerais raros em rochas ígneas, mas podem ser importantes no 
manto superior peridotítico e um componente essencial no manto superior 
eclogítico. Ao microscopio são incolores a levemente coloridas, relevo alto 
e isotrópicos (sistema cúbico). 
Principais Tipos de Granadas 
 
 Piropo: (Mg3.Al2.Si3.O12) - Ocorre em “mica-peridotitos”, 
“kimberlitos” e “serpentinitos”. 
 Almandina: (Fe3
3+.Al2.Si3.O12) - Ocorre como fenocristais em rochas 
intermediárias da “Série Cálcio-Alcalina”. 
 Esperssatita: (Mn3.Al2.Si3.O12) - Ocorre em pegmatitos graníticos. 
 Andradita: (Ca3.Fe2
3+.Ti2.Si3.O12) - As variedades enriquecidas em 
Ti (Melanita e Schorlomita) podem ocorrer em rochas alcalinas 
subsaturadas em sílica, tais como “sienitos”, “fonolitos”e “nefelinito”. 
 
Estabilidade 
 Em rochas ígneas as granadas são por excelência minerais de altas 
pressões. São raras em rochas vulcânicas e plutônicas intermediárias à 
ácidas, haja vista que nestas rochas a paragênese mineral observada 
(estável) é mais aquela de presões mais baixas. 
 
Alteração / Transformação 
 Quando a granada sai do regime de alta pressão, há uma tendência 
dela sofrer processos de alteração/transformação similares aos observados 
durante retrometamorfismo. A piropo, por exemplo, pode transformar-se 
para uma mistura de Cpx ou hornblenda, plagioclásio e óxido de ferro. 
 
Geoquímica 
Afora os elementos maiores como Al, Ca, Fe, Mg e Mn, as granadas 
possuem altos Kds para Cr, Sc, V e ETR (ETRP>>>ETRL). 
 
6) GRUPO DOS EPÍDOTOS 
 Os minerais do grupo do epídoto cristalizam nos sistemas 
ortorrômbico e monoclínico. São silicatos aluminosos de Ca, Fe, Mn e 
ETR. São freqüentes como acessórios de rochas plutônicas intermediárias 
a ácidas, como fases primárias (allanita e epídoto) ou secundárias 
(epídoto). 
 
 Zoisita, Clinozoisita: Ca2.Al.Al2O3.OH.Si2O7.SiO4. 
 Epídoto: Ca2.Fe
3+.Al2O3.OH.Si2O7.SiO4 
 Piemontita: Ca2 (Mn
3+, Fe3+, Al)3.O.OH.Si2O7.SiO4 
 Allanita (ortita): (Ca, Mn2+, Ce)2 (Fe
2+, Fe3+, Al)3O.OH.Si2O7.SiO4 
Algumas características óticas dos tipos principais 
 Epídoto: Relevo alto, baixo ângulo de extinção e B
-
 
 Incolor a levemente colorido e pleocróico 
 Altas cores de birrefringência 
 
 Allanita: Usualmente cristais prismáticos zonados 
 Cor; amarelo, vermelho e marrom 
 Fracamente pleocróico 
 É comum apresentar “textura metamictíca” 
Obs: A allanita possui altos Kds para ETR, notadamente para ETRL 
 
 
7) TITANITA: CaTi(SiO4)(O,OH,F) 
 Titanita, chamada também de “esfeno”, é um silicato monoclínico de 
Ca e Ti, que possui um campo de estabilidade relativamente amplo, e como 
tal é freqüente como acessório na maioria das rochas ígneas. Tem altos 
coeficientes de partição para os ETR, notadamente os terras raras leves 
(La, Ce e Nd). Concentra ainda Sr, Ba, Th U e Pb. 
 
Características principais ao microscópio 
 - Cristais idiomórficos losangulares 
 - Cor usualmente marrom ou as vezes amarelada 
 - Fracamente pleocróica 
 - Alta dispersão 
- Comumente com geminação lamelar, e e B+. 
 
8) ZIRCÃO (Zr SiO4) 
 
 Zircão é um mineral de ampla distribuição em sistemas geológicos. 
Ocorre em rochas ígneas como acessório. É principalmente um mineral de 
cristalização primária. É usado em datações geocronológicas (método U-
Pb), e como discriminante de “tipologias de granitóides” (Pupin 1980) e 
apresenta altos Kds para ETR (ETRP>>>ETRL), U, Th e Pb. 
 
Características principais ao microscópio 
 - Incolor mas de alto relevo 
 - Pequenos cristais idiomórficos e usualmente prismáticos 
 - Altas cores de birrefringência 
- Extinção reta e U+ 
Composiçõesquímicas para zircão, titanita, epídoto e allanita 
 
 Zircão Titanita-1 Titanita-2 Epídoto-1 Epídoto-2 Allanita 
SiO2 31,45 30,44 30,09 36,96 37,31 30,32 
TiO2 0,04 39,66 34,46 0,50 0,02 0,04 
Al2O3 1,36 2,39 16,08 22,05 15,89 
Fe2O3 0,09 23,06 12,55 3,77 
FeO 0,14 1,23 10,81 
MnO 0,15 0,20 6,06 
MgO 0,04 0,03 0,32 
CaO 0,13 27,20 28,03 22,02 22,34 4,28 
Na2O 0,37 0,04 0,02 
K2O 0,02 
P2O5 
RE2O3 1,18 0,37 24,04 
ThO2 0,01 1,70 
ZrO2 64,03 
HfO2 1,18 
Total 99,56 98,18 96,39 98,69 94,54 97,23 
 
Obs: Titanita-1 (sienito); Titanita-2 (monzogranito); Epídoto-1 (granodiorito); 
Epídoto-2 (monzogranito). 
 
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OS SILICATOS FÉLSICOS 
1) FELDSPATOS 
 São os minerais mais abundantes em rochas ígneas. Em alguns casos 
constituem, em média, mais de 60% da composição modal da rocha. É um 
componente fundamental em qualquer tipo de classificação mineralógica 
de rochas. 
 
Classificação dos feldspatos 
 
 - Feldspatos Alcalinos (K, Na) 
 - Feldspatos Plagioclásios (Ca, Na) 
 - Feldspatos de Bário (celsiana) 
 
Os Feldspatos Potássicos (Kf) 
 Os K-feldspatos são polimorfos de “KAlSi3O8”. Os que cristalizam 
acima de 500 oC são monoclínicos (sanidina, anortoclásio e ortoclásio), e 
os que cristalizam abaixo de 500 oC são tricínicos (microclina). 
 
 Sanidina: Kf de alta temperatura é raro em rochas plutônicas, e 
comum em vulcânicas. Apresenta geminação simples do tipo Carslbad. 
 Anortoclásio: é também um Kf de alta temperatura e mais comum 
em rochas vulcânicas. Mostra comumente as geminações “albita x 
periclina” em padrão xadrez. 
 Ortoclásio: K-feldspato de mais baixa temperatura que os anteriores 
e freqüente em rochas plutônicas. É comum a presença de geminação tipo 
Carslbad. 
 Microclina: O Kf de mais baixa temperatura e o mais freqüente em 
rochas plutônicas. Mostra comumente as geminações “albita x periclina” 
em padrão xadrez. Pode mostrar ainda a combinação das geminações 
“Carslbad mais albita x periclina”. 
 
Os plagioclásios 
São feldspatos calco-sódicos. Constituem uma série de sólução sólida 
completa cujos termos extremos são “albita (Na) e anortita (Ca)”. Os 
limites dos campos de cada termo da série são arbitrários. 
 
 
 
 
Composição química de alguns feldspatos 
 
 
Geoquímica dos Feldspatos 
 Em termos de elementos maiores os feldspatos são enriquecidos em 
Al, Ca, K e Na. No tocante aos elementos traços eles possuem Kds 
consideráveis para Rb, Sr, Ba e Eu. 
 
Alterações/Transformações 
 Saussuritização (epídoto fino granular) e formação de carbonatos 
estão íntimamente associados à alteração de plagioclásios. Micas brancas 
diversas (sericita, paragonita e muscovita) estão associadas tanto a 
alteração de plagiocásio quanto a K-feldspato. 
 Sanidina Anortoclásio Microclina Ortoclásio Celsiana Albita Anortita 
SiO2 67,27 66,97 65,58 63,66 62,13 67,84 44,17 
TiO2 0,04 
Al2O3 18,35 18,75 19,58 19,54 19,13 19,65 34,95 
Fe2O3 0,92 0,88 0,21 0,10 0,03 0,05 0,64 
MgO 0,12 0,04 
BaO 2,10 
CaO 0,15 0,36 0,49 0,50 18,63 
Na2O 6,45 7,88 5,90 0,80 1,15 11,07 0,79 
K2O 7,05 5,39 7,88 15,60 14,41 0,29 0,05 
Total 100,19 100,27 99,76 100,20 98,95 98,94 99,23 
Microtexturas Associadas aos Feldspatos 
 
 Pertitas: Lamelas de albita intercrescidas no K-feldspato (ortoclásio 
ou microclina). Esta textura tem sua origem genética a partir do processo 
de “exsolução” de um feldspato alcalino inicialmente homogêneo (solução 
sólida restrita “Or-Ab”), ou ainda a cristalização eutética/cotética. 
 Mirmequita: é uma textura constituída pelo intercrescimento 
simplético de “plagioclásio+quartzo”. Sua gênese tem várias interpretações 
(substituição, exsolução, cristalização cotética/eutética, recristalização 
metamórfica). 
 Granofírica: constitui um intercrescimento simplético de “quartzo e 
feldspato alcalino”. Sua origem genética está mais ligada à cristalização 
cotética/eutética. Esta textura é também conhecida como “micrográfica”. 
 
 
 
 Gráfica: meso-textura de intercrescimento “quartzo e feldspato 
alcalino”. É comum em pegmatitos. 
 Synneusis: refere-se a uma textura de colamento de cristais de 
feldspatos. Dois ou mais cristais “colam-se” e podem desenvolver uma 
borda externa única sobre os mesmos. É indicativo de crsitalização em 
desequilíbrio (cristalização fracionada). 
 Zonação: cristais de feldspatos podem mostrar zonação ligada ao seu 
processo de crescimento. Do ponto de vista composicional esta zonação 
pode ser tanto normal quanto oscilatória. Indica processo de cristalização 
fracionada. 
 
 
 
 Patchy Zoning: constitui uma textura de corrosão-zonação de 
cristais de plagioclásio. Os núcles dos cristais podem apresentar porções de 
mesma composição de suas bordas. 
 
2) GRUPO DA SÍLICA 
 Constitui o melhor exemplo de polimorfismo (os polimorfos de 
SiO2), representados pelos seguintes tipos: 
- Coesita: forma de SiO2 de alta pressão e baixa temperatura. 
 - Cristobalita: SiO2 de alta temperatura e baixa pressão. 
 - Tridimita: SiO2 de alta temperatura e baixa pressão (porém 
 menores do que cristobalita). 
 - Quartzo: a forma mais comum de SiO2. Existe o quartzo-ß 
 (T=870-573 oC) e o quartzo-α (T <573 oC). 
 
 
 
 
 O quartzo-α é a forma de sílica mais comum em rochas ígneas, quer 
plutônicas ou vulcânicas. Ele não sofre alteração, porém é bastante 
susceptível a eventos térmicos recristalizando-se com facilidade. 
Quimicamente o quartzo é sílica pura, outros elementos (Fe, Ti etc) podem 
existir em pouquíssima quantidade como impurezas. 
 
Principais Características Óticas 
 As formas de sílica são incolores, mostram superfícies límpidas e têm 
relevo baixo. Cristobalita é tetragonal e U
-
; Tridimita é ortorrômbica e 
B
+
; Quartzo é trigonal e U
+
 (quando deformado o quartzo pode ser B
+
). 
 
 
___________________________________________________________ 
3) GRUPO DOS FELDSPATÓIDES 
 
 São alumossilicatos de Ca, Na e K, com composições químicas 
similares as dos feldspatos, porém instáveis na presença de sílica livre. 
Comumente só ocorrem em rochas insaturadas em SiO2 (sieníticas, 
traquíticas, basaltícas etc). 
 
Os Tipos de Feldspatóides 
 
- Leucita: feldspatóide potássico (KAlSi2O6), é do sistema tetragonal 
(pseudocúbico) e U
+
. 
 
KAlSi2O6 + SiO2 → KAlSi3O8 
(Lc) (Qz) (Kf) 
 
 - Grupo da Nefelina: é representado por dois termos, nefelina e 
kalsilita, os quais formam solução sólida completa a altas temperatura 
(≈10000C), tal qual os feldspatos alcalinos Or-Ab. São do sistema 
hexagonal e U-. 
 
Na(K)AlSiO4 + 2SiO2 → Na(K)AlSi3O8 
 (Ne) (Qz) (Ab ou Or) 
 
KAlSiO4 + 2SiO2 → KAlSi3O8 
(Kal) (Qz) (Kf) 
 
 
 
 - Grupo da Sodalita: são feldspatóides calco-sódicos, de simetria 
cúbica (são isotrópicos), e constituído por três indivíduos que são sodalita, 
noseana e haüyna. Há solução sólida a altas temeperatura (≈10000C) entre 
“sodalita – noseana”. 
 
 Sodalita → Na8(Al6Si6O24)Cl 
 Noseana → Na8(Al6Si6O24)SO4 
 Haüyna → (Na,Ca)4-8(Al6Si6O24)(SO,S)1-2 
3) ÓXIDOS 
 São acessórios comuns em rochas plutônicas e vulcânicas, sendo os 
tipos mais comuns ilmenita (FeO.TiO2), hematita (Fe2O3), espinélios 
(espinélio: MgAl2O4; magnetita: FeO.Fe2O3; cromita: FeO.Cr2O3), e os 
polimorfos de TiO2: Rutilo (tetragonal) 
 Anatásio (tetragonal) 
 Brookita (ortorrômbico) 
 
 Composição química de alguns óxidos 
 Ilmenita 
(1) 
Ilmenita(2) 
Magnetita 
(1) 
Magnetita 
(2) 
Rutilo Cromita Espinélio 
SiO2 0.51 2.46 0.27 0.05 0.23 0.12 
TiO2 50.02 50.17 0.09 98.77 0.14 0.13 
Al2O3 0.11 0.21 0.14 10.28 65.40 
Fe2O3 4.19 68.85 89.65 3.30 4.32 
FeO 42.18 39.46 30.78 0.55 14.09 8.03 
MnO 1.44 3.15 0.14 0.10 
MgO 0.46 0.01 12.62 22.23 
CaO 0.71 2.19 0.14 
Cr2O3 0.16 59.40 
Total 99.51 97.55 100.11 89.79 99.85 100.23 100.21 
Obs: Ilmenita-1 em ferrogabro; Ilmenita-2 em sienogranito; Magnetita-1 de 
Deer et al.; Magnetita-2 em monzogranito; Rutilo e Cromita de Deer et al. 
 
4) SULFETOS 
 Ocorrem em rochas ígneas como raros acessórios. No geral se 
associam à rochas máficas e ultramáficas [pirrotita (Fe), calcopirita (Fe, 
Cu), pirita (Fe), pentlandita (Fe, Ni)] e em pegmatitos graníticos [galena 
(Pb), esfalerita (Zn)]., 
 
5) CARBONATOS 
Como minerais primários só em carbonatitos [calcita (CaCO3) e 
dolomita [Ca, Mg (CO3)2]. Em rochas graníticas é comum como mineral 
secundário como alteração de plagioclásio. 
 
6) FOSFATOS 
A apatita é o principal fosfato encontrado em rochas ígneas. É um 
acessório comum em rochas graníticas e dioríticas/gabróicas.

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