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MINERAIS FORMADORES DE ROCHAS ÍGNEAS OS SILICATOS MÁFICOS 1) OLIVINAS Os minerais do grupo das olivinas (nesossilicatos) possuem simetria ortorrômbica, e quimicamente são “silicatos de Mg, Fe, principalmente, e de Mn e Ca”. Quantidades menores de elementos traços (usualmente, <1,0%) estão presentes, sendo os principais Ni, Cr, Co e Zn. Os principais tipos de olivinas são: Forsterita - Mg2.SiO4 Faialita - Fe2.Sio4 Tefroita - Mn2.SiO4 Larnita Ca2.SiO4 Obs: a Larnita apesar de ser considerada quimicamente como uma olivina mostra simetria monoclínica. Paragênese As Mg-olivinas são os principais constituintes de dunitos (>90%) e peridotitos (90-50%). Fo100-0 é desconhecida em rochas ígneas. Dunitos e peridotitos mostram Fo92-88. Em basaltos e gabros a olivina é Fo85-40 (Derr et al. 1966; Brown 1982). Em rochas félsicas como granitos, sienitos, riolitos e traquitos, olivinas failíticas podem ocorrer, e neste caso em geral associada com piroxênios. Composição Química de Olivinas (elementos maiores) (1 - Fo) (2 - Hor) (3 - Fa) (4 - Fa) (5 - Te) SiO2 41,85 32,47 30,09 30,53 29,27 TiO2 0,07 0,34 0,22 Al2O3 0,02 0,02 Fe2O3 0,18 FeO 2,05 53.14 69,42 64,40 1,20 MnO 0,21 0,73 0,28 2,23 65,23 MgO 56,17 13,22 0,91 0,90 1,98 CaO 0,08 2,32 Total 100,35 100,10 100,78 98,31 100,00 (1) Forsterita em serpentinito (2) Hortonalita em ferrodiorito (3) Faialita em formação ferrífera (4) Faialita em quartzo-sienito (5) Tefroita - amostra da Benallt Mine (UK) Obs: - Forserita é de alta temperatura e instável na presença de sílica livre (Fo+SiO2 = En). → Mg2SiO4 + SiO2 = 2MgSiO3 Faialita é estável a baixas temperaturas e na presença de sílica livre. Geoquímica das olivinas Ca - Nas olivinas Mg-Fe ele raramente excede 1%, sendo tipicamente <0,5% . Não há uma correlação clara entre %Ca e o conteúdo de Mg das olivinas, entretanto há uma correlação entre a %Ca e o ambiente de sua hospedeira. Observa-se que %Ca é maior em olivinas de rochas extrusivas do que nas plutônicas (Brown 1982) Mn - Em geral nas olivinas Mg-Fe o conteúdo é inferior a 2%, entretanto em alguns casos pode ser considerado como um elemento maior (Tefroita - Mn2.SiO4). Não é observado correlação entre a %Mn da olivina e o ambiente de sua hospedeira (Brown 1982). Ni - Em geral o conteúdo é <0,5% e mostra uma correlação positiva com o Mg (Brown 1982). Cr - Em geral abaixo do limite de detecção por microssonda. “Fo” associadas a diamante podem mostrar valores > 0.15% de Cr2O3. Al - No geral < 0.02%. Em amostras lunares observou-se até 0.6% de Al2O3. Fe3+, Na, K, U, Ti e ETR - Usualmente não são detectados pelos métodos comuns analíticos. No caso dos álcalis podem ser detectados por microssonda eletrônica. Alteração / Transformação As olivinas são susceptíveis a alterações/transformações, tanto por processos hidrotermais quanto intempéricos. Os principais produtos de transformações são serpentina, iddingsita, clorita, anfibólio, carbonatos, óxidos e hidróxidos. Em geral são produtos mistos e finos de difícil reconhecimento por processos óticos. Principais características óticas distintivas - Extinção reta (ortorrombicos) - Forsterita é B+ ; Faialita B- - Forsterita é incolor e Faialita levemente colorida (amarelada) - Cores fortes de birrefringência (azul, rosa etc) - No geral cristais fraturados com fraturas preenchidas por óxidos 2) PIROXÊNIOS Os piroxênios são inossilicatos de cadeia simples, alumossilicatos anidro, de Mg, Fe, Ca, Na e Li, de simetria ortorrombica (Opx) e monoclínica (Cpx), constituindo em geral “séries de soluções sólidas”. Classificação dos Piroxênios (Deer et al. 1978) Piroxênios de “Mg-Fe” Opx: Enstatita-En (Mg2.Si2.O6) – Ferrosilita-Fs (Fe2 2+.Si2.O6) Cpx: Pigeonita (Mg, Fe2+)2, Ca.(Si2.O6) Enstatita (En 100-90) Bronzita (En 90-70) Hiperstênio (En 70-50) Fe-Hiperstênio (En 50-30) Eulita (En 30-10) Ferrosilita (En 10-0) Piroxênios de “Ca” Augita-Ferroaugita (Ca, Mg, F2+, Fe3+, Al, Ti)2. [(Si,Al)2.O6] Diopsídio (CaMgSi2O6) - Hedenbergita (CaFe 2+Si2O6) Piroxênios de “Ca-Na” Onfacita (Ca, Na) (Mg, F2+, F3+, Al) (Si2O6) Aegirina-Augita (Ca,Na) (Fe2+, Fe3+, Mg) Si2O6) Piroxênios de Na Aegirina (acmita) NaFe3+(Si2O6) Piroxênio de Li Espodumênio LiAl (Si2O6) Paragênese Os “Opx” são mais comuns em rochas ultramáficas e máficas, notadamente os tipos ricos em Mg, já os ricos em Fe podem ocorrer em rochas intermediárias e ácidas (em rochas charnoquíticas em geral). A Pigeonita é mais restrito a rochas vulcânicas andesíticas e dacíticas. Os clinopiroxênios de Ca: “diopsídio” é mais comum em rochas metamórficas; “hedenbergita e augita” em rochas plutônicas máficas, intermediárias e félsicas. Aegirina-Augita e Aegirina são clinopiroxênios comuns de rochas plutônicas alcalinas intermediárias a ácidas, e o espodumênio é muito comum em pegmatitos ricos em Li. Alteração / Transformação Em geral os piroxênios se transformam para anfibólio e clorita. “Uralita” é anfibólio fino produto da alteração do piroxênio por hidratação, ou ainda para óxidos/hidróxidos. - Composição química de piroxênios Enstatita Ferrosilita Aegirina Hedenbergita Hiperstênio SiO2 57.73 45.95 51.92 48.37 49.00 TiO2 0.04 0.10 0.77 0.08 0.06 Al2O3 0.95 0.90 1.85 0.68 0.09 FeO(t) 3.99 41.96 32.19 25.49 32.63 MnO 0.08 5.02 1.11 1.28 MgO 36.13 3.49 2.69 11.13 CaO 0.23 1.43 20.02 1.00 Na2O 12.86 0.33 0.05 K2O 0.19 0.03 Total 99.15 98.85 99.78 98.77 95.90 Obs: Em termos de elementos traços os piroxênios podem mostrar Cr, Ni, Co, Sc, Zn e ETRP (tanto Opx quanto os Cpx). Principais características distintivas - Opx tem extinção reta e Cpx inclinada - Duas clivagens em ângulo reto (90o) - Os OPX são levemente coloridos e pleocróicos para os termos ricos em Fe e incolores para os ricos em Mg. En é B+ e Fs é B- - Os CPX são em geral coloridos e pleocróicos. A exceção dos da série “aegirina – augita-augita (B-)”, os demais são B+. A Classificação dos Piroxênios Segundo Morimoto et al. (1988) 3) ANFIBÓLIOS São alumossilicatos hidratados (inossilicatos de cadeia dupla) de Mg, Fe, Ca, Na, Mn, Ti e K. Ocorrem em variadas condições de pressão e temperatura, e são constituintes comuns de rochas ígneas e metamórficas. Da mesma forma que os piroxênios tem-se tanto ortoanfibólios” quanto “clinoanfibólios”. - Ortoanfibólios: São representados pela série “Antofilita-Gedrita” e são restritos a rochas metamórficas. - Clinoanfibólios: No contexto das rochas ígneas podem ser destacadas quatro principais famílias de clinoanfibólios: - Cumingtonita-Grunerita: (Mg, Fe2+)7 (Si8, O22) (OH)2 - Glaucofana-Riebckita: (Na2, Mg3, Al2) (Si8O22) (OH)2 (Na2, Fe3 2+, Fe2 3+) (Si8O22) (OH)2 - Eckermanita-Arfvedsonita: Na3(Mg,Fe)4(Al,F 3+)Si8O22(OH,F)2 - Hornblendas: (Na,K)0-1.Ca2(Mg,Fe 2+,Fe3+,Al)5.(Si6-7,Al2-1.O22) (OH, F)2 Paragênese A hornblenda é o anfibólio mais comum de rochas ígneas, ocorre desde rochas ultramáficas até ácidas. Riebckita, eckermanita-arfvedsonita são típicos anfibólios de rochas alcalinas, e a grunerita ocorre em rochas intermediárias a ácidas enriquecidas em Fe. Os anfibólios apresentam alteração/transformação principalmente para clorita e óxidos secundários (ilmenita e rutilo). PrincipaisCaracterísticas Distintivas - Extinção reta para os orto e inclinada para os clinoanfibólios - Clivagens em duas direções (120o-60o) - Coloridos e pleocróicos, em tons variados (verde para os da família da hornblenda e azul para a riebckita). A grunerita é incolor e mostra fortes cores de birrefringência. - Composição química de alguns anfibólios Riebckita (sienito) Grunerita (qz-sienito) Hornblenda (qz-sienito) Hornblenda (monzogranito) Hornblenda (tonalito) SiO2 52.41 48.92 40.65 39.62 44.99 TiO2 0.45 0.52 0.76 1.46 Al2O3 0.61 0.16 9.86 11.36 11.26 FeO(t) 29.19 42.02 29.98 24.94 16.50 MnO 1.46 1.67 0..39 0.52 0.31 MgO 5.07 3.19 1.66 4.61 10.41 CaO 1.36 0.58 10.42 10.95 12.12 Na2O 4.94 1.63 1.79 0.97 K2O 2.10 1.22 1.82 0.76 Total 97.59 96.54 96.26 96.86 98.78 Em termos de elementos traços os anfibólios mostram “Kd” consideráveis para Cr, V, Ni, Sr e ETR (ETRP>>ETRL). Obs: Hornblenda é ainda usada como geobarômetro e geotermômetro. Classificação dos Anfibólios (Leake et al. 1997) Os anfibólios cálcicos Os anfibólios sódicos 4) MICAS São alumossilicatos (filossilicatos) hidratados de K, Fe, Na, Mg e Li. Constituem os minerais máficos mais comuns em rochas ígneas plutônicas intermediária a félsicas. Principais tipos de micas Biotita: Mica de K, Fe e Mg (Ti e F também estão presentes). É a mica mais comum em rochas ígneas (plutônicas ou vulcânicas) e o principal máfico de granitóides, Seus prinpais produtos de transformação- alteração são clorita, muscovita e óxidos. O processo de oxidação é responsável pela clortização da biotita. O aumento no conteúdo de F3+ propicia a formação de óxidos secudários associados a clorita. O Ti proveniente da biotita pode favorecer a formação de titanita juntamente com a clorita Flogopita: é quimicamente similar a biotita, porém bem mais enriquecida em Mg e empobrecida em Fe em relação a esta. Ocorre comumente em rochas geradas em altas condições de P e T, de caráter máfico. Muscovita: Mica branca de K, bastante comum em pegmatitos e em granitos peraluminosos (fusão de metassedimentos). é comum como mineral secundário em rochas graníticas em geral como produto de transformação da biotita. É um mineral característico de “Granitos tipo S”. Sericita: Mica fina de K que ocorre essencialmente como produto de tranformação de feldspato em rochas graníticas. Paragonita: Mica de Na. Em rochas granitóides ela ocorre principalmente como produto secundário de alteração de feldspato. È comum em rochas metamórficas aluminosas (xistos, filitos etc). Lepidolita: Mica de K, Li e F de cor rosa, que ocorre essencialmente em pegmatitos. Composição química de algumas micas Flogopita Biotita Biotita Muscovita Lepidolita SiO2 40,95 37,17 35,95 48,42 49,76 TiO2 0,82 3,14 2,58 0,87 0,22 Al2O3 17,28 14,60 16,18 27,16 25,31 FeO(t) 2,81 30,60 25,83 7,38 4,00 MnO Tr 0,06 0,51 0,42 MgO 22,95 4,23 5,40 Tr 0,09 CaO 0,17 Tr 0,05 Li2O 4,35 Na2O 0,16 0,15 0,05 0,35 0,61 K2O 9,80 8,25 9,58 11,23 9,20 F 0,62 Tr 3,96 H2O + 4,23 4,31 2,81 H2O - 0,48 0,19 0,33 Total 100,13 98,37 96,08 99,91 101,95 Obs: (1) Flogopita em mármore; (2) Biotita em granito; (3) Biotita em monzogranito; (4) Muscovita em xisto; (5) Lepidolita em pegmatito Algumas Características Distintivas de Micas - Biotita e flogopita são coloridas e pleocróicas ao microscopio - Muscovita, paragonita e sericita são incolores ao microscopio - Micas mostram uma excelente clivagem e extinção reta - Seções basais de biotita mostram figuras “pseudo uniaxiais” Classificação da variação composicional das biotitas Composições de Biotitas e Séries Magmáticas 5) GRANADAS São minerais raros em rochas ígneas, mas podem ser importantes no manto superior peridotítico e um componente essencial no manto superior eclogítico. Ao microscopio são incolores a levemente coloridas, relevo alto e isotrópicos (sistema cúbico). Principais Tipos de Granadas Piropo: (Mg3.Al2.Si3.O12) - Ocorre em “mica-peridotitos”, “kimberlitos” e “serpentinitos”. Almandina: (Fe3 3+.Al2.Si3.O12) - Ocorre como fenocristais em rochas intermediárias da “Série Cálcio-Alcalina”. Esperssatita: (Mn3.Al2.Si3.O12) - Ocorre em pegmatitos graníticos. Andradita: (Ca3.Fe2 3+.Ti2.Si3.O12) - As variedades enriquecidas em Ti (Melanita e Schorlomita) podem ocorrer em rochas alcalinas subsaturadas em sílica, tais como “sienitos”, “fonolitos”e “nefelinito”. Estabilidade Em rochas ígneas as granadas são por excelência minerais de altas pressões. São raras em rochas vulcânicas e plutônicas intermediárias à ácidas, haja vista que nestas rochas a paragênese mineral observada (estável) é mais aquela de presões mais baixas. Alteração / Transformação Quando a granada sai do regime de alta pressão, há uma tendência dela sofrer processos de alteração/transformação similares aos observados durante retrometamorfismo. A piropo, por exemplo, pode transformar-se para uma mistura de Cpx ou hornblenda, plagioclásio e óxido de ferro. Geoquímica Afora os elementos maiores como Al, Ca, Fe, Mg e Mn, as granadas possuem altos Kds para Cr, Sc, V e ETR (ETRP>>>ETRL). 6) GRUPO DOS EPÍDOTOS Os minerais do grupo do epídoto cristalizam nos sistemas ortorrômbico e monoclínico. São silicatos aluminosos de Ca, Fe, Mn e ETR. São freqüentes como acessórios de rochas plutônicas intermediárias a ácidas, como fases primárias (allanita e epídoto) ou secundárias (epídoto). Zoisita, Clinozoisita: Ca2.Al.Al2O3.OH.Si2O7.SiO4. Epídoto: Ca2.Fe 3+.Al2O3.OH.Si2O7.SiO4 Piemontita: Ca2 (Mn 3+, Fe3+, Al)3.O.OH.Si2O7.SiO4 Allanita (ortita): (Ca, Mn2+, Ce)2 (Fe 2+, Fe3+, Al)3O.OH.Si2O7.SiO4 Algumas características óticas dos tipos principais Epídoto: Relevo alto, baixo ângulo de extinção e B - Incolor a levemente colorido e pleocróico Altas cores de birrefringência Allanita: Usualmente cristais prismáticos zonados Cor; amarelo, vermelho e marrom Fracamente pleocróico É comum apresentar “textura metamictíca” Obs: A allanita possui altos Kds para ETR, notadamente para ETRL 7) TITANITA: CaTi(SiO4)(O,OH,F) Titanita, chamada também de “esfeno”, é um silicato monoclínico de Ca e Ti, que possui um campo de estabilidade relativamente amplo, e como tal é freqüente como acessório na maioria das rochas ígneas. Tem altos coeficientes de partição para os ETR, notadamente os terras raras leves (La, Ce e Nd). Concentra ainda Sr, Ba, Th U e Pb. Características principais ao microscópio - Cristais idiomórficos losangulares - Cor usualmente marrom ou as vezes amarelada - Fracamente pleocróica - Alta dispersão - Comumente com geminação lamelar, e e B+. 8) ZIRCÃO (Zr SiO4) Zircão é um mineral de ampla distribuição em sistemas geológicos. Ocorre em rochas ígneas como acessório. É principalmente um mineral de cristalização primária. É usado em datações geocronológicas (método U- Pb), e como discriminante de “tipologias de granitóides” (Pupin 1980) e apresenta altos Kds para ETR (ETRP>>>ETRL), U, Th e Pb. Características principais ao microscópio - Incolor mas de alto relevo - Pequenos cristais idiomórficos e usualmente prismáticos - Altas cores de birrefringência - Extinção reta e U+ Composiçõesquímicas para zircão, titanita, epídoto e allanita Zircão Titanita-1 Titanita-2 Epídoto-1 Epídoto-2 Allanita SiO2 31,45 30,44 30,09 36,96 37,31 30,32 TiO2 0,04 39,66 34,46 0,50 0,02 0,04 Al2O3 1,36 2,39 16,08 22,05 15,89 Fe2O3 0,09 23,06 12,55 3,77 FeO 0,14 1,23 10,81 MnO 0,15 0,20 6,06 MgO 0,04 0,03 0,32 CaO 0,13 27,20 28,03 22,02 22,34 4,28 Na2O 0,37 0,04 0,02 K2O 0,02 P2O5 RE2O3 1,18 0,37 24,04 ThO2 0,01 1,70 ZrO2 64,03 HfO2 1,18 Total 99,56 98,18 96,39 98,69 94,54 97,23 Obs: Titanita-1 (sienito); Titanita-2 (monzogranito); Epídoto-1 (granodiorito); Epídoto-2 (monzogranito). ____________________________________________________________________ OS SILICATOS FÉLSICOS 1) FELDSPATOS São os minerais mais abundantes em rochas ígneas. Em alguns casos constituem, em média, mais de 60% da composição modal da rocha. É um componente fundamental em qualquer tipo de classificação mineralógica de rochas. Classificação dos feldspatos - Feldspatos Alcalinos (K, Na) - Feldspatos Plagioclásios (Ca, Na) - Feldspatos de Bário (celsiana) Os Feldspatos Potássicos (Kf) Os K-feldspatos são polimorfos de “KAlSi3O8”. Os que cristalizam acima de 500 oC são monoclínicos (sanidina, anortoclásio e ortoclásio), e os que cristalizam abaixo de 500 oC são tricínicos (microclina). Sanidina: Kf de alta temperatura é raro em rochas plutônicas, e comum em vulcânicas. Apresenta geminação simples do tipo Carslbad. Anortoclásio: é também um Kf de alta temperatura e mais comum em rochas vulcânicas. Mostra comumente as geminações “albita x periclina” em padrão xadrez. Ortoclásio: K-feldspato de mais baixa temperatura que os anteriores e freqüente em rochas plutônicas. É comum a presença de geminação tipo Carslbad. Microclina: O Kf de mais baixa temperatura e o mais freqüente em rochas plutônicas. Mostra comumente as geminações “albita x periclina” em padrão xadrez. Pode mostrar ainda a combinação das geminações “Carslbad mais albita x periclina”. Os plagioclásios São feldspatos calco-sódicos. Constituem uma série de sólução sólida completa cujos termos extremos são “albita (Na) e anortita (Ca)”. Os limites dos campos de cada termo da série são arbitrários. Composição química de alguns feldspatos Geoquímica dos Feldspatos Em termos de elementos maiores os feldspatos são enriquecidos em Al, Ca, K e Na. No tocante aos elementos traços eles possuem Kds consideráveis para Rb, Sr, Ba e Eu. Alterações/Transformações Saussuritização (epídoto fino granular) e formação de carbonatos estão íntimamente associados à alteração de plagioclásios. Micas brancas diversas (sericita, paragonita e muscovita) estão associadas tanto a alteração de plagiocásio quanto a K-feldspato. Sanidina Anortoclásio Microclina Ortoclásio Celsiana Albita Anortita SiO2 67,27 66,97 65,58 63,66 62,13 67,84 44,17 TiO2 0,04 Al2O3 18,35 18,75 19,58 19,54 19,13 19,65 34,95 Fe2O3 0,92 0,88 0,21 0,10 0,03 0,05 0,64 MgO 0,12 0,04 BaO 2,10 CaO 0,15 0,36 0,49 0,50 18,63 Na2O 6,45 7,88 5,90 0,80 1,15 11,07 0,79 K2O 7,05 5,39 7,88 15,60 14,41 0,29 0,05 Total 100,19 100,27 99,76 100,20 98,95 98,94 99,23 Microtexturas Associadas aos Feldspatos Pertitas: Lamelas de albita intercrescidas no K-feldspato (ortoclásio ou microclina). Esta textura tem sua origem genética a partir do processo de “exsolução” de um feldspato alcalino inicialmente homogêneo (solução sólida restrita “Or-Ab”), ou ainda a cristalização eutética/cotética. Mirmequita: é uma textura constituída pelo intercrescimento simplético de “plagioclásio+quartzo”. Sua gênese tem várias interpretações (substituição, exsolução, cristalização cotética/eutética, recristalização metamórfica). Granofírica: constitui um intercrescimento simplético de “quartzo e feldspato alcalino”. Sua origem genética está mais ligada à cristalização cotética/eutética. Esta textura é também conhecida como “micrográfica”. Gráfica: meso-textura de intercrescimento “quartzo e feldspato alcalino”. É comum em pegmatitos. Synneusis: refere-se a uma textura de colamento de cristais de feldspatos. Dois ou mais cristais “colam-se” e podem desenvolver uma borda externa única sobre os mesmos. É indicativo de crsitalização em desequilíbrio (cristalização fracionada). Zonação: cristais de feldspatos podem mostrar zonação ligada ao seu processo de crescimento. Do ponto de vista composicional esta zonação pode ser tanto normal quanto oscilatória. Indica processo de cristalização fracionada. Patchy Zoning: constitui uma textura de corrosão-zonação de cristais de plagioclásio. Os núcles dos cristais podem apresentar porções de mesma composição de suas bordas. 2) GRUPO DA SÍLICA Constitui o melhor exemplo de polimorfismo (os polimorfos de SiO2), representados pelos seguintes tipos: - Coesita: forma de SiO2 de alta pressão e baixa temperatura. - Cristobalita: SiO2 de alta temperatura e baixa pressão. - Tridimita: SiO2 de alta temperatura e baixa pressão (porém menores do que cristobalita). - Quartzo: a forma mais comum de SiO2. Existe o quartzo-ß (T=870-573 oC) e o quartzo-α (T <573 oC). O quartzo-α é a forma de sílica mais comum em rochas ígneas, quer plutônicas ou vulcânicas. Ele não sofre alteração, porém é bastante susceptível a eventos térmicos recristalizando-se com facilidade. Quimicamente o quartzo é sílica pura, outros elementos (Fe, Ti etc) podem existir em pouquíssima quantidade como impurezas. Principais Características Óticas As formas de sílica são incolores, mostram superfícies límpidas e têm relevo baixo. Cristobalita é tetragonal e U - ; Tridimita é ortorrômbica e B + ; Quartzo é trigonal e U + (quando deformado o quartzo pode ser B + ). ___________________________________________________________ 3) GRUPO DOS FELDSPATÓIDES São alumossilicatos de Ca, Na e K, com composições químicas similares as dos feldspatos, porém instáveis na presença de sílica livre. Comumente só ocorrem em rochas insaturadas em SiO2 (sieníticas, traquíticas, basaltícas etc). Os Tipos de Feldspatóides - Leucita: feldspatóide potássico (KAlSi2O6), é do sistema tetragonal (pseudocúbico) e U + . KAlSi2O6 + SiO2 → KAlSi3O8 (Lc) (Qz) (Kf) - Grupo da Nefelina: é representado por dois termos, nefelina e kalsilita, os quais formam solução sólida completa a altas temperatura (≈10000C), tal qual os feldspatos alcalinos Or-Ab. São do sistema hexagonal e U-. Na(K)AlSiO4 + 2SiO2 → Na(K)AlSi3O8 (Ne) (Qz) (Ab ou Or) KAlSiO4 + 2SiO2 → KAlSi3O8 (Kal) (Qz) (Kf) - Grupo da Sodalita: são feldspatóides calco-sódicos, de simetria cúbica (são isotrópicos), e constituído por três indivíduos que são sodalita, noseana e haüyna. Há solução sólida a altas temeperatura (≈10000C) entre “sodalita – noseana”. Sodalita → Na8(Al6Si6O24)Cl Noseana → Na8(Al6Si6O24)SO4 Haüyna → (Na,Ca)4-8(Al6Si6O24)(SO,S)1-2 3) ÓXIDOS São acessórios comuns em rochas plutônicas e vulcânicas, sendo os tipos mais comuns ilmenita (FeO.TiO2), hematita (Fe2O3), espinélios (espinélio: MgAl2O4; magnetita: FeO.Fe2O3; cromita: FeO.Cr2O3), e os polimorfos de TiO2: Rutilo (tetragonal) Anatásio (tetragonal) Brookita (ortorrômbico) Composição química de alguns óxidos Ilmenita (1) Ilmenita(2) Magnetita (1) Magnetita (2) Rutilo Cromita Espinélio SiO2 0.51 2.46 0.27 0.05 0.23 0.12 TiO2 50.02 50.17 0.09 98.77 0.14 0.13 Al2O3 0.11 0.21 0.14 10.28 65.40 Fe2O3 4.19 68.85 89.65 3.30 4.32 FeO 42.18 39.46 30.78 0.55 14.09 8.03 MnO 1.44 3.15 0.14 0.10 MgO 0.46 0.01 12.62 22.23 CaO 0.71 2.19 0.14 Cr2O3 0.16 59.40 Total 99.51 97.55 100.11 89.79 99.85 100.23 100.21 Obs: Ilmenita-1 em ferrogabro; Ilmenita-2 em sienogranito; Magnetita-1 de Deer et al.; Magnetita-2 em monzogranito; Rutilo e Cromita de Deer et al. 4) SULFETOS Ocorrem em rochas ígneas como raros acessórios. No geral se associam à rochas máficas e ultramáficas [pirrotita (Fe), calcopirita (Fe, Cu), pirita (Fe), pentlandita (Fe, Ni)] e em pegmatitos graníticos [galena (Pb), esfalerita (Zn)]., 5) CARBONATOS Como minerais primários só em carbonatitos [calcita (CaCO3) e dolomita [Ca, Mg (CO3)2]. Em rochas graníticas é comum como mineral secundário como alteração de plagioclásio. 6) FOSFATOS A apatita é o principal fosfato encontrado em rochas ígneas. É um acessório comum em rochas graníticas e dioríticas/gabróicas.
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