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1 
 
 
2. FORMAS E FORMATOS DOS 
MEDICAMENTOS 
A evolução das formas farmacêuticas 
 
 Julho – Novembro de 2015 
 
2 
 
 
 
FICHA TÉCNICA 
Título: Ciclo de Exposições: Temas de Saúde, Farmácia e Sociedade. Catálogo 
Sub-título: 2. Formas e formatos dos medicamentos – a evolução das formas 
farmacêuticas 
Autores: Célia Cabral e João Rui Pita 
Local: Coimbra 
Edição: Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20) – Grupo de 
História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia 
Ano de edição: 2015 
Impressão: Pantone4 
ISBN: 978-972-8627-59-1 
Depósito Legal: 
 
3 
 
Introdução 
 
Os medicamentos são apresentados ao público com uma determinada 
forma. Para se chegar a esse formato, a essa forma final, designada 
habitualmente, por forma farmacêutica há um longo processo de 
investigação e um rigoroso processo de produção. Essa forma final é 
designada por forma farmacêutica. Pode definir-se forma farmacêutica do 
seguinte modo: “Estado final que as substâncias ativas ou excipientes 
apresentam depois de submetidas às operações farmacêuticas necessárias, 
a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico 
desejado” (Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto). 
 
Pode definir-se medicamento como: “toda a substância ou associação de 
substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou 
preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que 
possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer 
um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica 
ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” 
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto). 
 
Os medicamentos têm uma longa história e as formas farmacêuticas têm-se 
alterado ao longo do tempo. Há formas farmacêuticas que se extinguiram, 
outras que se têm modificado, outras recentes e outras absolutamente 
contemporâneas. 
 
Esta exposição pretende mostrar de uma forma sintética, a evolução das 
formas farmacêuticas ao longo do tempo, concretizando com exemplos 
representativos das principais formas farmacêuticas. 
 
Esperamos que a exposição seja do vosso agrado. 
 
 
4 
 
 
Cápsula com látex de Papaver somniferum 
5 
 
 
 
ROTEIRO DA EXPOSIÇÃO 
 
6 
 
Os medicamentos são apresentados ao público com uma determinada forma. Para se chegar a esse formato, a 
essa forma final, designada habitualmente, por forma farmacêutica há um longo processo de investigação e um 
rigoroso processo de produção. Essa forma final é designada por forma farmacêutica. Pode definir-se forma 
farmacêutica do seguinte modo: 
 
“Estado final que as substâncias ativas ou excipientes apresentam depois de submetidas às operações 
farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico desejado” 
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto). 
 
Substância ativa é “qualquer substância ou mistura de substâncias destinada a ser utilizada no fabrico de um 
medicamento e que, quando utilizada no seu fabrico, se torna um princípio ativo desse medicamento, destinado a 
exercer uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica com vista a restaurar, corrigir ou modificar funções 
fisiológicas ou a estabelecer um diagnóstico médico” (Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto). 
 
Excipiente é “qualquer componente de um medicamento, que não a substância ativa e o material da embalagem” 
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto). 
 
As operações farmacêuticas são operações de transformação dos constituintes do medicamento na forma final. 
 
Há medicamentos que podem ser obtidos artesanalmente (medicamentos manipulados), mas a maioria é obtida 
industrialmente (medicamentos industrializados ou especialidades farmacêuticas). 
 
Pode definir-se medicamento como: “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como 
possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que 
possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo 
uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” 
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto). 
 
Também há medicamentos para plantas e todos os outros animais para além do homem. Por isso os 
medicamentos para aplicação nos humanos designam-se por medicamentos de uso humano. 
 
Os medicamentos têm uma longa história e as formas farmacêuticas têm-se alterado ao longo do tempo. Há 
formas farmacêuticas que se extinguiram, outras que se têm modificado, outras recentes e outras absolutamente 
contemporâneas. 
 
A farmacopeia é um livro oficial que normaliza e regulamenta medicamentos, matérias-primas, reagentes e 
técnicas operatórias. 
 
A atual farmacopeia oficial portuguesa Farmacopeia Portuguesa IX (2008) apresenta as seguintes formas 
farmacêuticas: 
 
—Adesivos transdérmicos; 
 
—Bólus de libertação pulsátil; 
 
—Cápsulas (duras, moles, de libertação modificada, gastro-resistentes, hóstias); 
 
—Comprimidos (não revestidos, revestidos, efervescentes, solúveis, dispersíveis, orodispersíveis, de libertação 
modificada, gastro-ressistentes, para utilizar na cavidade bucal, liofilizados orais); 
 
—Espumas medicamentosas; 
 
—Gomas para mascar medicamentosas; 
7 
 
 
—Granulados (efervescentes, revestidos, de libertação modificada, gastro-resistentes); 
—Lápis; 
 
—Pós cutâneos; 
 
—Pós orais; 
 
—Pré-misturas para alimentos medicamentosos para uso veterinário; 
 
—Preparações auriculares (preparações líquidas para instilação ou pulverização auricular, preparações 
auriculares semi-sólidas, pós auriculares, preparações líquidas para lavagens auriculares, tampões auriculares); 
 
—Preparações bucais (soluções para gargarejar, soluções para lavagem da boca, soluções gengivais, soluções 
bucais e suspensões bucais, preparações bucais semi-sólidas, preparações líquidas para instilação bucal ou 
pulverização sub-lingual, pastilhas e pastilhas moles, comprimidos para chupar, comprimidos sub-linguais e 
comprimidos bucais, cápsulas bucais, preparações muco-adesivas); 
 
—Preparações farmacêuticas pressurizadas; 
 
—Preparações líquidas orais (soluções, emulsões e suspensões orais; pós e granulados para soluções ou 
suspensões orais; pós para gotas orais; xaropes; pós e granulados para xaropes); 
—Preparações nasais (preparações líquidas para instilação ou pulverização nasal; pós nasais; preparações 
nasais semi-sólidas; soluções para lavagem nasal); 
 
—Preparações oftálmicas (colírios; soluções para lavagem oftálmica; pós para colírios e pós para soluções para 
lavagem oftálmica; preparações oftálmicas semi-sólidas; insertos oftálmicos); 
 
—Preparações para inalação (preparações líquidas para inalação; pós para inalação); 
 
—Preparações para irrigação; 
 
—Preparações parentéricas (preparações injetáveis; preparações para perfusão; preparações para injeção ou 
para perfusão após diluição; pós para injeção ou para perfusão; geles injetáveis; implantes); 
 
—Preparações retais (supositórios; cápsulas retais; soluções, emulsões e suspensões retais; pós e comprimidos 
para soluções e suspensões retais; preparações retais semi-sólidas; espumas retais; tampões retais); 
 
—Preparações semi-sólidas cutâneas (pomadas, cremes, geles, pastas, cataplasmas, emplastros 
medicamentosos); 
 
—Preparações vaginais (óvulos; comprimidos vaginais; cápsulas vaginais; soluções, emulsões e suspensões 
vaginais; comprimidos para soluções ou suspensões vaginais; preparações vaginais semi-sólidas; espumas 
vaginais; tampões vaginais medicamentosos); 
 
—Tampões medicamentosos. 
 
 
S Etapas da história da 
farmácia e do medicamento 
8 
 
Etapas da história da farmácia e do medicamentoA história dos medicamentos é longa e é coincidente com a história da farmácia e das artes de curar. Podemos 
dividi-la em várias etapas. 
 
O período mágico-religioso 
Há milhares de anos o homem, para curar doenças e ferimentos, tirava partido de práticas mágico-religiosas e 
preparava mezinhas com produtos naturais. Misturava produtos vegetais, animais e minerais para preparar as 
mezinhas – era o primórdio do medicamento. 
 
 
 Etapas da 
história da farmácia e medicamento 
Prática farmacêutica e papiro egípcio com receitas médicas 
 
 
O mais antigo documento escrito que faz referência à preparação de medicamentos são as tábuas (de argila de 
Nippur) na antiga Mesopotâmia (c. 3000 a.C.). 
 
Os testemunhos do Antigo Egito chegaram sobretudo através de papiros sendo um dos mais relevantes o Papiro 
de Ebers (1500 a.C.). Os egípcios também se dedicaram muito às práticas cosméticas e higiénicas e à 
mumificação. 
 
Quando alguém sofria de prisão de ventre basta-lhe trincar algumas sementes e engoli-las com cerveja para 
expulsar as fezes do corpo (Papiro de Ebers). 
 
O rícino favorecia o crescimento do cabelo às mulheres. Indicava-se esmagar a planta, amassá-la e misturá-la 
com gordura. A mulher devia aplicá-la, ela mesma, sobre a sua cabeça (Papiro de Ebers). 
 
O óleo de rícino, extraído das sementes, servia para ungir as feridas que segregavam um líquido nauseabundo 
(Papiro de Ebers). 
9 
 
 
 
Recipiente de acondicionamento de formas medicamentosas pastosas e cosméticas 
 
 
As inovações de Galeno na Antiguidade – a originalidade galénica 
Galeno (131-200 d.C.) natural de Pérgamo foi um médico prestigiado, que sistematizou pela primeira vez as 
matérias-primas necessárias à preparação dos medicamentos e a sua preparação como nunca tinha sido feito. Foi 
para Roma e foi médico do Imperador. Galeno concebia os medicamentos e a arte de os preparar em função da 
teoria dos humores proveniente da Grécia Antiga, de Hipócrates. Galeno é considerado o “Pai da Farmácia”. Os 
medicamentos galénicos tiravam partido das drogas (matérias-primas) existentes na Europa e na bacia do 
Mediterrâneo e de purgas, sangrias e clisteres. 
 
Galeno descreveu perto de 500 fármacos vegetais e outros da natureza animal e mineral. Estudou as suas 
propriedades terapêuticas, classificou-os e sistematizou-os. 
 
Exemplos de formas farmacêuticas utilizadas por Galeno: Cozimentos, Infusões, Pastilhas, Pílulas, Electuários, 
Pós, Supositórios, Enemas, Cataplasmas, Clisteres, Clisteres vaginais, Linimentos, Cosméticos, Colutórios, Etc. 
 
Ficaram para a história medicamentos como: 
Terra sigilada: foi um medicamento popular na antiguidade e que perdurou até ao século XVI. Era uma amálgama 
de argila, gravada com uma imagem. A recolha da argila era feita de acordo com rituais próprios e, por isso, tinha 
propriedades medicinais. 
 
Teriaga: foi um medicamento que ficou famoso e que terá sido fabricada inicialmente pelo rei Mitrídades VI, rei do 
Ponto, com o seu médico pessoal. A fórmula terá chegado a Roma e um dos médicos de Nero, Andrómaco, 
melhorou a fórmula e a teriaga tomou o nome de “Teriaga de Andrómaco”. Era composta por 64 constituintes 
sendo o mais importante carne de víbora. Era muito usada para o tratamento da mordeduras de cobra. 
Gradualmente foi ganhando popularidade e foi muito usada até final do século XVIII. Em muitas cidades como 
Veneza, Montpellier e Toulouse era preparada na rua à vista de todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terra sigilada e recipientes para unguentos 
10 
 
O período medieval: a influência árabe e o papel dos conventos na 
preparação dos medicamentos 
A influência árabe fez-se sentir muito fortemente na Europa. Os árabes divulgaram as práticas de alquimia e 
defendiam uma farmácia voltada para o laboratório. Influência decisiva do cristianismo e dos conventos. Neles 
havia hortos botânicos para cultivo de plantas medicinais e boticas para a preparação de medicamentos. Surgem 
as primeiras autorizações para a arte de preparar os medicamentos em estabelecimento próprio — as boticas. 
Fundação das primeiras Universidades. As destilações começavam a vulgarizar-se, bem como o dourar e pratear 
as pílulas. As teriagas, os electuários e os elixires são formas farmacêuticas típicas do mundo medieval. 
 
 
 
 
Farmácia árabe 
 
 
Neste período, com frequência havia a mistura do mágico-religioso na preparação e aplicação dos medicamentos. 
Amuletos, talismãs e plantas consideradas mágicas também eram aplicados para prevenir ou curar doenças. 
Macerados, infusões, electuários, elixires, emplastros, fumigações (muito utilizadas no período da peste) eram 
algumas das formas farmacêuticas utilizadas e muitas vezes sujeitas a benzeduras antes da sua aplicação. 
 
Pedro Hispano (1215-1277), o Papa João XXI, português, na obra Tesouro dos Pobres inscreve inúmeros 
medicamentos utilizados na época. 
 
 
 
Aplicação de medicamentos 
11 
 
 
 
 
Botica medieval e selo dos CTT alusivo a Pedro Hispano, onde se podem ver medicamentos 
acondicionados e Pedro Hispano a fazer um tratamento ocular 
 
 
Os descobrimentos no século XVI e suas repercussões na farmácia: o 
fascínio pelas drogas exóticas e pela medicação química 
Até ao século XVI, a farmácia europeia era sustentada nas doutrinas humorais de Galeno, tirando partido de 
drogas vegetais conhecidas na Europa e bacia do Mediterrâneo com recurso a purgas, sangrias, clisteres e dietas 
apropriadas. A expansão europeia pelo Oriente e pela América proporcionou a chegada à Europa de drogas 
desconhecidas de grande interesse terapêutico e comercial. Dá-se a fundação da farmácia química por Paracelso 
(1493-1541). 
 
Entre finais do século XV e finais do século XVIII, os medicamentos eram preparados: de acordo com a tradição 
galénica clássica, com novas drogas provenientes do continente americano e do Oriente e de acordo com os 
novos parâmetros da farmácia química. 
 
 
 
Laboratório de alquimia ilustrado na obra de Hieronymus Burnschwig 
 e botica do Renascimento (século XVI) 
12 
 
Desenvolvem-se laboratórios, mas também herbários e muitos estudos relacionados com a história natural. O 
aparecimento da imprensa com Gutenberg proporcionou a expansão do saber através dos livros impressos. 
 
 
 
Botica do Renascimento com representação de medicamentos acondicionados (século XVI) 
 
 
 
Selo dos CTT alusivo à obra de Garcia d’Orta, Colóquios dos Simples e recipiente de acondicionamento de 
medicamentos e representação da obra de Monardes (século XVI) 
onde se abordam as drogas americanas 
 
 
O final da vigência galénica: a preparação para a vinda de novos 
medicamentos 
Ao longo dos séculos XVII e XVIII as inovações terapêuticas provenientes da América e do Oriente foram sendo 
introduzidas na terapêutica europeia. São publicados tratados botânicos, farmacêuticos e farmacopeias com estas 
inovações botânicas e farmacêuticas. 
A revolução química de Lavoisier (1743-1794) e a revolução botânica de Lineu (1707-1778) influenciam a 
farmácia. Afirmação da higiene pública. Surgem as primeiras farmacopeias oficiais e o primeiro medicamento 
preventivo, a vacina contra a varíola. Em finais do século XVIII assiste-se ao final da vigência do galenismo. 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Botica e recipiente para acondicionamento de medicamentos pastosos 
 
 
Em finais do século XVII e inícios do século XVIII a farmácia congregava: 
—Purgas, sangrias, clisteres e remédios vegetais descritos por Galeno; 
—Medicamentos químicos; 
—Águas mineromedicinais; 
—Drogas americanas; 
—Rudimentos de injecções endovenosas; 
—Rudimentos de transfusões sanguíneas.Pharmacopea Lusitana (1ª farmacopeia portuguesa, 1704) 
14 
 
 
 
 
Pharmacopeia Geral (1ª farmacopeia oficial portuguesa, 1794) 
 
 
 
 
Fórmula de Infusão de quina da Pharmacopeia Geral (1794) 
e selo português com recipientes de acondicionamento de medicamentos (século XVIII) 
 
 
Da arte farmacêutica à ciência farmacêutica: novos formatos para os 
medicamentos 
A descoberta dos primeiros princípios ativos no início do século XIX e permitiu obter novos medicamentos. 
Durante o século XIX, a análise química, a química orgânica e outros ramos da química permitiram obter novos 
medicamentos. O arsenal terapêutico alargou-se. Desenvolvimento da fisiologia experimental, da farmacologia 
experimental e da terapêutica experimental. A farmácia e a preparação dos medicamentos são sustentadas em 
bases científicas de acordo com os mais avançados processos de método científico consolidados no século XIX. A 
preparação dos medicamentos assume-se como uma atividade sustentada em bases científicas. 
15 
 
 
No início do século XIX, são descobertos inúmeros princípios ativos o que abriu as portas ao isolamento de muitos 
deles ao longo do século XIX. 
 
Alguns exemplos de princípios ativos: 
Narcotina (Derosne, 1803), Morfina (Serturner, 1805), Cinchonina (Gomes, 1810), Emetina (Caventou, 1817), 
Veratrina (Meisner, 1818), Estricnina (Pelletier e Caventou, 1818), Brucina (Caventou, 1819), Cafeína (Runge, 
1820), Quinina (Pelletier e Caventou, 1821), Atropina (Mein, 1831), etc. 
 
Surgem diversas inovações farmacêuticas tecnológicas: 
Moinho de Menier, tambor de pulverização de Petit, modificações profundas nos tamises (Fischer e Harris), banho-
maria a temperatura constante (Wurzer), aperfeiçoamento de pílulas e de piluladores, revestimento de pílulas com 
gelatina (Garot, 1838), outros revestimentos de pílulas. 
 
Os utensílios farmacêuticos apresentam dimensões bastante mais reduzidas. 
Karl Mitscherlich (1805-1871) funda a farmacologia experimental e Paul Erlich (1854-1915) a terapêutica 
experimental. 
 
No final do século XIX, começam a surgir e consolidam-se indústrias farmacêuticas de grandes dimensões. 
Assiste-se à industrialização do medicamento. 
 
Surgem as primeiras indústrias, por exemplo: Merck, Bayer, Parke-Davis, Sandoz, Ciba, etc. 
 
Aparecem novas formas farmacêuticas como comprimidos, drageias, injetáveis e melhoria das cápsulas. 
 
Surgem novos excipientes, como é caso dos derivados do petróleo: vaselina, parafina, etc. 
 
 
 
 
Prensa para sucos e máquina de comprimir manual (início do século XX) 
 
Surgem novos aparelhos para a produção artesanal e industrial dos medicamentos. O modo de produção e a 
descoberta de princípios ativos condicionam as formas e os formatos dos medicamentos. 
 
As tradicionais formas farmacêuticas, milenares, vão chegando ao seu termo. Algumas extinguiram-se como foi o 
caso dos ceratos, dos cerotos, das espécies, dos electuários, dos ripos, das confeições, dos bolos, dos 
chocolates, dos cigarros, dos vinhos, dos vinagres, etc. 
 
16 
 
Outras renovaram-se, como foi o caso das pomadas, dos elixires, das emulsões, dos linimentos, dos colírios, dos 
xaropes, dos enemas, etc. Outras passaram a ter pouca representatividade: caso das pílulas, das poções, etc. 
 
Surgem outras ao longo do século XIX e consolidam-se no século XX, resultado das inovações científicas e 
tecnológicas: foi o caso dos comprimidos, das cápsulas, dos injetáveis e de todas as variantes destas formas 
farmacêuticas. 
 
 
 
 
Publicidade a duas formas farmacêuticas que hoje não são usadas: cigarros medicinais e vinhos 
medicinais (A Medicina Contemporânea, 1915 e 1921) 
 
 
A revolução farmacológica do século XX, a industrialização e a difusão 
do medicamento no mundo contemporâneo 
No século XX, os avanços provenientes de diferentes áreas laboratoriais fizeram-se sentir na farmácia. 
Melhoramento de alguns grupos medicamentosos e surgimento de novos grupos. Difusão das matérias-primas 
sintéticas e dos princípios ativos sustentados na síntese química. Melhoramento das formas farmacêuticas já 
existentes e surgimento de novas formas farmacêuticas. 
 
 
 
 
Expositor de medicamentos no 1º Congresso Nacional de Farmácia (Lisboa, 1927) 
 
17 
 
O medicamento é um produto que foi sujeito a um longo tempo de investigação, baseado em rigorosos critérios 
científicos e de segurança, tutelado por normas jurídicas e regulamentos, e normas éticas, que obedece a controlo 
económico, que contribui para o bem-estar individual e cujos efeitos na sociedade são evidentes. 
 
 
 
Medicamentos variados (anos 60 do século XX) 
 
 
Os medicamentos têm aumentado a esperança de vida da população. Graças aos medicamentos muitas doenças 
incuráveis hoje têm cura. Os medicamentos apresentam além da função terapêutica curativa, funções preventivas 
e de diagnóstico. A sua introdução no organismo e os seus efeitos estão relacionados com as suas formas e os 
seus formatos, adequados a cada via de administração, à finalidade a obter e ao efeito terapêutico pretendido. 
 
 
 
Mistura de diferentes formas farmacêuticas sólidas (século XXI) 
 
18 
 
 
Aerossoles são formas farmacêuticas 
correspondentes a um sistema pressurizado que 
existe dentro de uma embalagem geralmente de 
alumínio munida de uma válvula. No interior da 
embalagem existe uma fase interna líquida ou 
sólida com as substâncias medicamentosas e 
uma fase externa gasosa – gás propelente. Ao 
agitar-se a embalagem, as duas fases misturam-
se e o medicamento é pulverizado para o exterior. 
Dentro da embalagem a pressão é muito elevada. 
Deve-se agitar a embalagem antes de se carregar 
na válvula, para que haja mistura das duas partes. 
Como a pressão no interior é muito grande, o gás 
ao pressionar-se a válvula, sai com enorme 
intensidade com as substâncias medicamentosas 
misturadas. O arrefecimento da embalagem após 
a agitação tem que ver com o consumo de energia 
que se verificou na passagem do estado líquido a 
gasoso. 
 
Na Farmacopeia Portuguesa IX (2008), os 
aerossoles estão incluídos nas preparações 
farmacêuticas pressurizadas. São definidas como 
“preparações dispensadas em recipientes 
especiais contendo um gás sob pressão e uma ou 
várias substâncias ativas. São libertadas do 
recipiente através de uma válvula apropriada sob 
a forma de um aerossole (dispersão de partículas 
sólidas ou líquidas num gás; as dimensões das 
partículas são apropriadas ao uso pretendido) ou 
de um jato líquido ou semi-sólido como, por 
exemplo, uma espuma. A pressão necessária 
para garantir a projeção da preparação é 
produzida por gases propelentes adequados. As 
preparações farmacêuticas pressurizadas 
apresentam-se sob a forma de soluções, 
emulsões ou suspensões e destinam-se à 
aplicação local na pele ou nas mucosas, nos 
diferentes orifícios do organismo, e para inalação”. 
As preparações líquidas para inalação podem ser 
administradas através de inaladores 
pressurizados e por nebulizadores. 
 
 
 
 
 
Equipamento para produção industrial de erossoles 
 
 
Esquema de aerossoles 
 
 
 
Exemplo de aerossole 
 
 
Aerossoles 
19 
 
 
As cápsulas são formas farmacêuticas muito 
difundidas a partir do século XIX. As cápsulas são 
constituídas por um invólucro, habitualmente de 
duas partes, de natureza, formas e dimensões 
variadas. No seu interior encontramos as 
substâncias medicamentosas. O invólucro pode, 
nalguns casos, ser único. 
 
As cápsulas mais antigas eram designadas por 
hóstias. O seu invólucro era de amido. Em 1872, 
Limousin e Toiray conceberam um aparelho 
pioneiro para a sua produção e que foi depois 
melhorado por Digne. 
 
As hóstias amiláceas tiveram divulgação 
significativa até meados do séculoXX. 
Gradualmente foram sendo substituídas por 
cápsulas gelatinosas mais ajustadas à produção 
industrial. 
 
As cápsulas que hoje são mais utilizadas são as 
cápsulas duras. Terá sido Lehuby, em 1846, a 
obter as primeiras cápsulas deste tipo à base de 
tapioca e depois de geleia de carragenina. Em 
1848, Murdock preparou as primeiras cápsulas à 
base de gelatina. Desde então as cápsulas têm 
sido melhoradas a nível do invólucro e adaptadas 
ao mundo industrial. 
 
A Farmacopeia Portuguesa IV (1935) referia que 
as cápsulas gelatinosas que contivessem óleos, 
essências e outros líquidos designavam-se por 
pérolas. 
 
A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define 
cápsulas como: “preparações sólidas constituídas 
por um invólucro duro ou mole, de forma e 
capacidade variáveis, contendo geralmente uma 
dose unitária de substância(s) ativa(s). Destinam-
se à administração por via oral”. Há cápsulas 
duras, moles, de libertação modificada, gastro-
resistentes, hóstias. 
 
 
 
 
 
Máquina atual de fabrico de cápsulas 
 
 
Máquina actual de fabrico de cápsulas 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de cápsulas 
 
 
Cápsulas 
20 
 
 
A palavra colírio vem do grego kollyrion que pode 
sentido geral. Kollyrion é o diminutivo de kollyra 
que podia significar biscoito. Parece que alguns 
dos colírios iniciais tinham o formato de um dedo e 
que inicialmente poderiam ser medicamentos que 
se introduziam em cavidades do corpo humano e 
nas mucosas. São utilizados colírios desde a 
Antiguidade, entre gregos e romanos. 
 
Parece ter sido apenas no século XIX que os 
colírios passaram a ser exclusivamente para 
aplicação no globo ocular. Era vulgar fazer-se 
uma divisão entre colírios secos (pós muito finos), 
colírios líquidos, colírios moles e colírios gasosos 
para aplicação no globo ocular. 
 
Atualmente os colírios são preparações líquidas 
para aplicação no globo ocular e que necessitam 
de precauções específicas na sua preparação a 
nível industrial relacionadas com a isotonia, o pH, 
a esterilidade, a limpidez, precisão da sua 
composição e a osmolaridade. 
 
Na Farmacopeia Portuguesa IX (2008) os colírios 
incluem-se no grupo das “Preparações oftálmicas” 
que são “preparações líquidas, semi-sólidas ou 
sólidas, estéreis, destinadas a serem aplicadas no 
globo ocular e/ou nas conjuntivas ou a serem 
inseridas no saco conjuntival”. Esta farmacopeia 
define colírios da seguinte forma: “soluções ou 
suspensões estéreis, aquosas ou oleosas, 
contendo uma ou várias substâncias ativas e 
destinadas à instilação ocular. Os colírios podem 
conter excipientes destinados, por exemplo, a 
ajustar a tonicidade ou a viscosidade da 
preparação, a ajustar ou estabilizar o pH, a 
aumentar a solubilidade da substância ativa ou a 
estabilizar a preparação. Estes excipientes não 
prejudicam a ação medicamentosa pretendida 
nem, nas concentrações adotadas, provocam 
irritação local significativa”. 
 
 
 
 
 
Produção de colírios em indústria farmacêutica 
 
 
Máquina industrial para produção de colírios 
 
 
Exemplos de colírios atuais 
 
 
Colírios 
21 
 
 
Em 8 de Dezembro de 1843, o inglês Brockedon 
registou a patente da invenção dos comprimidos. 
A descoberta manteve-se sem grande divulgação 
até ao início dos anos 70 do século XIX. Nesta 
década, Dunton, MacFerran e, sobretudo, 
Rosenthal, na Alemanha, aperfeiçoaram as 
máquinas de compressão. 
 
O comprimido resulta da compressão de misturas 
de pós que contém adicionada substâncias que 
favorecem a aglutinação. As primeiras máquinas 
de fabrico de comprimidos eram totalmente 
manuais. A primeira terá surgido em 1875, 
inventada por Remington. Hoje há máquinas 
industriais de fabrico de comprimidos. 
 
A British Pharmacopoeia de 1865 publicou a 
primeira monografia oficial de comprimidos. Após 
a I Guerra Mundial (1914-1918) os comprimidos 
tiveram grande expansão. Em Portugal, foram 
inscritos pela primeira vez em farmacopeias 
oficiais na Farmacopeia Portuguesa IV (1935). 
 
A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define 
comprimidos como: “preparações sólidas 
contendo uma dose de uma ou de várias 
substâncias ativas. São obtidos aglomerando por 
compressão um volume constante de partículas 
ou por um outro processo de fabricação 
apropriado como a extrusão, a moldagem ou a 
liofilização. Os comprimidos são destinados à via 
oral. Alguns são deglutidos ou mastigados, outros 
são dissolvidos ou desagregados em água antes 
da administração e outros devem permanecer na 
boca para aí libertarem a substância ativa”. Há 
actualmente diversos tipos de comprimidos: não 
revestidos, revestidos, efervescentes, solúveis, 
dispersíveis, orodispersíveis, de libertação 
modificada, gastro-resistentes, para utilizar na 
cavidade bucal, liofilizados orais. 
 
 
 
 
 
 
Exemplo das primeiras máquinas de fabrico de 
comprimidos (final século XIX-início do século XX) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Máquina de compressão alternativa para fabrico de 
comprimidos. Manesty Machines, Ltd (meados do 
séc. XX) 
 
 
Exemplos de comprimidos 
 
 
Comprimidos 
22 
 
 
Elixir (do árabe Al-Ikseer) é uma forma 
farmacêutica muito antiga semelhante às poções 
mas com grande quantidade de álcool que pode 
ultrapassar os 50%. É portanto uma forma 
farmacêutica líquida de composição complexa, 
edulcorada e aromatizada, habitualmente 
açucarada e glicerinada, e com um ou mais 
fármacos na sua composição. Destina-se à via 
oral. 
 
É uma forma farmacêutica muito antiga e 
atualmente menos usada. Ficou famoso o Elixir da 
longa vida ou Elixir da imortalidade, um 
medicamento que era muito investigado pelos 
alquimistas na Idade Média. 
 
Os elixires ou produtos semelhantes são muito 
referidos em diversas mitologias. Na Europa, 
acreditava-se que o Elixir da longa vida podia ser 
obtido através da Pedra filosofal. A obtenção da 
Pedra Filosofal era um dos principais objetivos dos 
alquimistas medievais. O seu objetivo era 
transformar qualquer metal em ouro e também 
transmutar seres vivos. 
 
A primeira farmacopeia oficial portuguesa — 
Pharmacopeia Geral (1794) — inscreve várias 
fórmulas de elixires, muito semelhantes a tinturas. 
Na Farmacopeia Portuguesa IV estão descritos o 
Elixir Paregórico e o Elixir de açafrão composto. 
 
Actualmente são muito usados os designados 
elixires dentífricos. A Farmacopeia Portuguesa IX 
inscreve um conjunto soluções para lavagem da 
boca, soluções para gangarejar, soluções 
gengivais, etc. 
 
 
 
 
 
 
Alquimista a trabalhar na preparação do elixir da 
longa vida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de elixires atuais 
 
 
 
 
Elixir 
23 
 
 
Emulsão (do latim emulgeo) significa na sua 
processos naturais de dispersão de substâncias 
oleosas em substâncias aquosas. 
 
Em 1674, foi comunicado à Royal Pharmaceutical 
Society a obtenção de uma emulsão para 
utilização medicinal. Foi Grew o seu inventor. A 
emulsão era constituída por amêndoas e água. Ao 
longo do século XVIII as emulsões começaram a 
ser mais divulgadas e foram integradas em 
diversas origem mungir. Isto porque as emulsões 
apresentam habitualmente um aspecto leitoso. As 
emulsões são constituídas por duas fases, oleosa 
e aquosa, que se pretendem misturar. As 
primeiras emulsões conhecidas correspondiam a 
farmacopeias fórmulas com emulsões. A 
dificuldade em misturar óleos com líquidos 
aquosos era ultrapassável com a adição de 
substâncias que favorecessem essa dispersão. 
Assim houve investigação sobre essas 
substâncias que favoreciam essa dispersão — os 
agentes emulsivos ou emulsionantes. 
 
Ficaram famosos os estudos do farmacêutico 
inglês French que utilizou gemade ovo, goma 
arábica, goma adraganta, xaropes variados, mel e 
mucilagens diversas na preparação de emulsões. 
A primeira farmacopeia oficial portuguesa – a 
Pharmacopeia Geral (1794) inclui duas fórmulas 
de emulsões: a Emulsão arábica e a Emulsão 
comum. Ao longo do século XIX, as emulsões 
foram alvo de investigações diversas. 
 
No século XX, o estudo das emulsões foi 
intensamente realizado. Além da parte tecnológica 
que foi muito estudada as emulsões beneficiaram 
do aparecimento de agentes tensioativos (que 
funcionam como agentes emulsionantes ou 
emulsificantes) de origem sintética que 
aumentaram as potencialidades das emulsões. Os 
cremes são sistemas de emulsões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Emulsificador (1919) 
 
 
 
Esquema simplificado de preparação de uma 
emulsão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de medicamentos em forma de emulsão 
 
 
Emulsão 
24 
 
 
Os enemas também são designados por injeções 
retais ou clisteres. São formas farmacêuticas 
líquidas ou bastante fluidas destinadas a serem 
administradas no reto. Podem ter ação local no 
reto ou no cólon, ou podem incluir substâncias 
destinadas a absorção. Podem administrar-se 
desde alguns mililitros até 3 litros. Os micro-
enemas ou micro-clisteres apresentam um volume 
máximo de 50 ml. 
 
A sua utilização é muito antiga e foram muito 
divulgados. Juntamente com os purgantes e as 
sangrias, a introdução de produtos líquidos no reto 
era recorrente. Hipócrates recomendava a 
utilização de clisteres. Na Índia, Patanjali (200 
a.C.), pioneiro do yoga, achava que os clisteres 
purificavam o organismo. No Egito antigo, a ave 
sagrada Íbis aplicava, segundo a tradição, 
clisteres com o seu grande bico. 
 
A partir do século XVII os enemas ou clisteres 
ficaram muito vulgarizados na Europa. Em França 
a sua utilização foi muito frequente; o médico do 
rei Luis XIII (reinou entre 1610 e 1643) aplicou-lhe 
212 clisteres. Luís XIV (1643-1715) durante o seu 
reinado terá aplicado mais de 2000 clisteres e as 
damas chegavam a aplicar mais do que um clister 
perfumado por dia. O célebre escritor francês 
Molière caricaturou bem a medicina do seu tempo 
não faltando a insistente alusão aos clisteres. 
 
Os clisteres ou enemas continuam a ser hoje 
muito aplicados. Das antigas cânulas em madeira, 
depois a seringas e dispositivos em vidro, passou-
se a dispositivos de borracha e plástico com 
irrigador, tubo e cânula com torneira que permitem 
a administração retal do líquido ou fluido. 
 
 
 
 
 
 
 
Seringa em marfim do Sri Lanka (século XVII para 
aplicação de clisteres) 
 
 
Aplicação de clister (século XVII) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo de micro-enema 
 
 
Enema 
25 
 
 
Os medicamentos injetáveis para administração 
parentérica começaram a ser estudados de forma 
consistente no século XIX, após no século XVII se 
terem realizado algumas experiências com pouco 
sucesso. 
 
Por vezes consideravam-se injetáveis os produtos 
que se administravam pelas cavidades naturais do 
corpo humano. Mas esses não eram injetáveis 
parenterais. Em 1836, Lafargue e Tabourin 
começaram a administrar medicamentos sólidos e 
pastosos através de uma incisão na pele tirando 
partido de um pequeno objeto cortante – uma 
lanceta. 
 
Wood em 1853 começou a realizar alguns estudos 
e em 1856 injetou uma solução de sulfato de 
atropina tirando partido de uma seringa inventada 
por Pravaz. Em 1886, Limousin propôs o 
acondicionamento dos injetáveis em pequenos 
recipientes (ampolas de vidro) e esterilização pelo 
calor. 
 
A Pharmacopéa Portugueza (1876) inscreve 
injetáveis sem serem esterilizados. Os injetáveis, 
dada a sua via de administração, devem ser 
estéreis e devem obedecer a outras 
características como: ser isotónicos, terem pH 
perto da neutralidade e serem apirogénicos. A 
Farmacopeia Portuguesa IV (1935) passou a 
incluir diversas formúlas de injetáveis como, por 
exemplo, o Soluto injetável de cloridrato de 
morfina ou o Soluto injetável de hipofisina. Há 
injetáveis de grande volume e de pequeno 
volume. 
 
A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define 
injetáveis como “soluções, emulsões ou 
suspensões estéreis. São preparadas por 
dissolução, emulsificação ou dispersão das 
substâncias ativas, e eventualmente de 
excipientes, em água para preparações injetáveis, 
num líquido não aquoso estéril apropriado ou 
numa mistura destes dois líquidos”. 
 
 
 
 
Unidade de enchimento de injectáveis numa 
indústria farmacêutica portuguesa dos anos 60 do 
século XX 
 
 
 
Injectável de pequeno volume 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Soro fisiológico 
 
 
Injetáveis 
26 
 
 
Ao longo da história dos medicamentos, as formas 
e os formatos dos medicamentos foram-se 
modificando muitas deixaram de existir como, por 
exemplo, os electuários, teriagas, oximeis, 
confeições, loochs ou lambedores, rypos, ceratos, 
cerotos, unguentos, etc. Outras continuaram com 
modificações, como é o caso das pomadas, 
xaropes, colírios, etc. Outras ainda deixaram de 
ter a projeção de outros tempos como é o caso 
das pílulas. Com o mundo industrial farmacêutico 
surgiram e consolidaram-se outras formas 
farmacêuticas muito relacionadas com a produção 
industrial dos medicamentos, como cápsulas, 
comprimidos, injetáveis e nos finais do século XX 
e no século XXI podemos falar das novas formas 
farmacêuticas. 
 
 As modificações realizadas nas formas 
farmacêuticas ao longo da história têm a ver com 
as necessidades de antigas e novas patologias e 
funcionamento do organismo humano, com novas 
descobertas científicas e tecnológicas, com a 
descoberta o melhoramento de novos materiais 
(tecnologia dos polímeros). A investigação em 
novas formas farmacêuticas constitui uma área de 
significativo investimento científico, tecnológico, 
económico e de recursos humanos. Várias das 
novas formas farmacêuticas proporcionam uma 
significativa melhoria terapêutica em doenças que 
necessitam de um tratamento continuado, o que 
proporciona uma melhoria do tratamento e da 
esperança de vida. 
 
Exemplos de novas formas farmacêuticas: 
sistemas osmóticos; sistemas matriciais; sistemas 
gastro-retentivos; sistemas transdérmicos; 
hidrogeles e oleogeles; micro e nanopartículas 
biomacromoleculares; lipossomas; micro e 
nanoemulsões; nanopartículas lipídicas; formas 
farmacêuticas de libertação modificada (por 
ativação de pró-fármacos, por inclusão do fármaco 
em ciclodextrinas, por ativação externa). 
 
 
 
 
 
Atuação de comprimidos de ação prolongada 
 
 
 
Medicamento com sistema transdérmico 
 
 
Novas formas farmacêuticas 
27 
 
 
Os óvulos são formas farmacêuticas de forma 
ovóide para serem introduzidos na cavidade 
vaginal. Na literatura estrangeira também se 
designam por supositórios vaginais, bolas 
vaginais, cones vaginais, pessários e pessi. São 
ovóides, de consistência firme com peso que varia 
entre os 2 e 16 g. 
 
Hipócrates e outros autores da Antiguidade já 
referiam os óvulos. Além das funções medicinais 
os óvulos podiam ter funções abortivas. Apesar de 
terem sido formas farmacêuticas muito usadas 
terão caído nalgum esquecimento e em meados 
do século XIX tiveram um novo incremento 
utilizando massas ocas de gelatina com goma nas 
quais eram introduzidas as substâncias 
medicamentosas. Hoje estas substâncias são 
incorporadas nas massas. 
 
Nos finais do século XIX começou a ser utilizada 
nos óvulos a glicerina gelatinada. O modo de 
preparação dos óvulos é muito semelhante ao dos 
supositórios. A primeira farmacopeia portuguesa a 
incluir os óvulos foi a Farmacopeia Portuguesa IV 
(1935), introduziu “Óvulos de bitiol”. 
 
A FarmacopeiaPortuguesa IX (2008) inclui os 
óvulos nas preparações vaginais. Estas definem-
se como: “preparações líquidas, semi-sólidas ou 
sólidas destinadas a serem administradas por via 
vaginal, geralmente para uma ação local. Contêm 
uma ou várias substâncias ativas num excipiente 
apropriado”. A farmacopeia define óvulos da 
seguinte forma: “preparações sólidas unidose. São 
de forma variável, mas geralmente ovóide; o 
volume e a consistência estão adaptados à 
administração por via vaginal. Contêm uma ou 
várias substâncias ativas dispersas ou dissolvidas 
numa base apropriada que é, segundo os casos, 
solúvel ou dispersível na água, ou funde à 
temperatura corporal”. Além dos óvulos, existem 
outras preparações vaginais. 
 
 
 
 
 
Moldes para óvulos 
 
 
Moldes atuais para óvulos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de outras preparações vaginais: espuma 
vaginal e creme vaginal 
 
 
Óvulos 
28 
 
 
A palavra pastilha tem origem no latim pastillus 
cujo significado é pequeno bolo. Habitualmente a 
designação de pastilhas era dada às formas 
farmacêuticas de forma cilíndrica achatada, 
obtidas a partir de uma massa relativamente 
consistente resultante da mistura de pós com 
vinhos ou vinagres medicinais. 
 
Ao longo da história as pastilhas foram-se 
modificando na sua constituição. O açúcar 
começou a entrar gradualmente na sua 
preparação e começaram a ser consideradas 
pastilhas, as formas farmacêuticas compostas por 
açúcar e substâncias medicamentosas 
aromáticas. Noutras circunstâncias as pastilhas 
eram formas farmacêuticas constituidas por 
mucilagens e gomas. 
 
No século XIX, houve a influência inglesa e norte-
americana no fabrico das pastilhas e a influência 
sul-europeia, nomeadamente francesa. A 
influência inglesa referia a elevada proporção de 
açúcar, gomas, gelatina e glicerina na sua 
constituição. A influência francesa e sul-europeia 
vulgarizava as pastilhas contendo elevadas 
percentagens de goma. Até à segunda metade do 
século XX podemos referir quatro tipos base de 
pastilhas: com açúcar e mucilagens; com grande 
percentagem de gomas; com açúcar e sem 
mucilagens; com gelatina. 
 
A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) refere que 
as pastilhas e as pastilhas moles “são 
preparações sólidas apresentadas em formas 
unitárias e destinam-se a serem chupadas ou a 
desagregarem-se lentamente na boca de modo a 
exercerem geralmente uma acção local na 
cavidade bucal ou na garganta. Contêm uma ou 
várias substâncias ativas, geralmente num 
excipiente aromatizado e açucarado. As pastilhas 
são preparações duras obtidas por moldagem. As 
pastilhas moles são preparações moles e 
maleáveis obtidas por moldagem de misturas 
contendo gomas ou polímeros naturais ou 
sintéticos e edulcorantes”. 
 
 
 
 
Prensa para pastilhas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de pastilhas 
 
 
Pastilhas 
29 
 
 
A palavra pílula tem origem no latim pílula que é o 
diminutivo de pila que significa bola, algo de 
redondo. Em português usa-se o termo pílula ou 
pírola. 
As pílulas caracterizam-se por serem formas 
farmacêuticas esféricas, de elevada consistência, 
com peso aproximado de 20 centigramas de peso 
e um diâmetro de 6 a 8 milímetros. Destinam-se a 
ser administradas por via oral, deglutidas sem 
mastigação. 
 
As pílulas são formas farmacêuticas muito antigas, 
hoje pouco produzidas industrialmente. Os árabes 
foram os primeiros a revestir pílulas com ouro ou 
prata procedendo ao dourar ou pratear das pílulas. 
Esta situação levou a uma expressão popular 
“dourar a pílula” que significa dar uma melhor 
aparência a uma situação ou conversa menos 
agradável. Os comprimidos vieram tirar, 
gradualmente, o lugar às pílulas enquanto forma 
farmacêutica no arsenal medicamentoso. 
 
Desde muito cedo as farmacopeias inscreveram 
as pílulas nas suas fórmulas. Até ao século XX as 
pílulas eram produzidas manualmente em 
instrumentos apropriados designados por 
piluladores. Industrialmente as pílulas podiam ser 
produzidas por processos diversos como 
compressão ou gotejamento. 
 
Não se deve confundir pílulas com as vulgarmente 
designadas pílulas contracetivas. Estas são, na 
realidade, comprimidos revestidos. Ficaram 
célebres algumas formas farmacêuticas deste 
género como foi o caso das Pílulas de Alho 
Rogoff, à venda com muita frequência, até um 
passado recente nas farmácias de oficina, às 
quais se apresentavam propriedades relevantes 
no combate ao reumatismo, hipertensão arterial e 
diversas patologias cardiovasculares. 
 
 
 
 
 
 
Equipamento para fabrico de pílulas 
 
 
Exemplo de pílulas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Embalagem das Pílulas de alho Rogoff 
 
 
Pílulas 
30 
 
 
A poção (do latim potionis) é uma forma 
farmacêutica líquida de composição muito 
complexa, edulcorada e aromatizada. 
Habitualmente apresenta na sua composição um 
solvente aquoso, uma ou mais substâncias 
edulcorantes e um ou mais fármacos. A poção é 
uma forma farmacêutica muito antiga, 
administrada às colheres e atualmente não tem 
grande utilização. 
 
Na Idade Média os alquimistas dedicaram-se 
muito ao fabrico de poções, e ficaram muito 
conotadas com as atividades de bruxaria e 
feitiçaria. Atribuiam-se às poções, propriedades 
muito para além das propriedades dos 
medicamentos. Ficaram muito conhecidas as 
poções do sono, do amor, entre outras. 
 
As poções foram incluídas desde muito cedo nas 
farmacopeias oficiais. Ficou muito conhecida a 
Poção de Todd que era equivalente à Poção 
alcoólica de canela e que era utilizada como 
tónico. 
 
Em Portugal, a Farmacopeia Portuguesa IV (1935) 
inclui duas fórmulas de poções: a Poção alcoólica 
de açafrão composta e a Poção alcoólica de 
canela. 
 
Na literatura, no teatro e no cinema são várias as 
referências a poções para a execução de práticas 
de bruxaria para o bem e para o mal. Assim 
aconteceu em Tristão e Isolda; em O médico e o 
monstro; em Macbeth; em Harry Potter. Mais 
recentemente em jogos electrónicos como 
Minecraft e Final Fantasy também há alusão às 
poções. 
 
Nas famosas histórias de banda desenhada do 
Asterix e Obelix, a poção mágica é referida muitas 
vezes. Obelix ficou muito forte porque, quando era 
pequeno, caiu no recipiente onde preparavam a 
poção mágica que o druida Panoramix preparava. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poção do amor do pintor Evelyn De Morgan (1855-
1919) 
 
 
Severus Snape, personagem da obra Harry Potter, 
conhecido como “Mestre das Poções” (“Potion’s 
Master”) 
 
 
O druida Panoramix a preparar a sua poção mágica 
 
 
Poção 
31 
 
 
O termo pomada provem do italiano pomata que 
por sua vez deriva de pomo, ou do latim, de 
pomum que significa fruta. Sabe-se hoje que 
muitas pomadas antigas tinham por base o puré 
de maçã. 
 
Há conhecimento de utilização de pomadas de 
2500 a.C a 1500 a.C. As pomadas eram 
medicamentos pastosos produzidos à base de 
gorduras de origem animal. Algumas das 
referências mais antigas das pomadas dividiam-
nas de acordo com a sua consistência ou 
capacidade de amolecimento ao contactar com a 
pele. 
 
Ficaram conhecidas as malagma (de malasso, 
que significa amolecer) e o keroma (de keros, que 
significa cera) constituídas sobretudo por ceras. 
Galeno propôs a introdução de óleos vegetais 
como o azeite na preparação das pomadas. 
 
Até ao século XIX, as pomadas mantiveram-se 
sem inovação significativa. A entrada de novos 
excipientes derivados do petróleo e sintéticos, 
adicionados a excipientes clássicos proporcionou 
o aparecimento de novas formas pastosas e 
extinção de formas pastosas milenares. 
 
Na Farmacopeia PortuguesaIX (2008) as 
pomadas incluem-se no grupo de preparações 
semi-sólidas cutâneas que são “formuladas de 
modo a promoverem a libertação local ou 
transdérmica das substâncias ativas; são 
igualmente utilizadas devido à sua ação emoliente 
ou protetora”. Incluem: pomadas; cremes; geles; 
pastas; cataplasmas; emplastros 
medicamentosos. Loções e linimentos são formas 
semi-sólidas também muito usadas. 
 
 
 
 
 
 
Equipamento atual de preparação de formas 
farmacêuticas semi-sólidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo
s de formas farmacêuticas semi-sólidas: pomada, 
creme, gel, pasta, linimento 
 
Pomadas 
32 
 
 
Os supositórios (do latim suppositum - colocado 
por baixo e torus - fragmento) são formas 
farmacêuticas de natureza sólida, formados por 
uma massa que contém os princípios ativos 
dissolvidos ou dispersos. Destinam-se a 
administração retal. O seu formato e dimensão 
são adequados ao reto. A massa funde-se em 
contacto com a mucosa retal. O seu peso varia 
entre 2-3 g e a dimensão é de cerca 3,5 cm x 1,2 
cm. 
 
No famoso Papiro de Ebers (1500 a.C.) os 
supositórios já eram referenciados. Os grandes 
autores da Antiguidade como Hipócrates, 
Dioscórides e Galeno já referiam também os 
supositórios. Alguns dos supositórios mais antigos 
que se conhecem eram constituídos por 
fragmentos de madeira, de talos de couves, de 
metais ou de cornos de animais que eram 
cobertos com substâncias medicamentosas. 
 
Em 1762, foram pela primeira vez referidos 
supositórios de manteiga de cacau e depois com 
sebo e outras gorduras, cera branca, cera amarela 
e mel cozido. Nos anos 30 do século XIX começou 
a vulgarizar-se a manteiga de cacau sustentada 
em estudos científicos. A partir dos anos 60 do 
século XIX, começaram-se a misturar nas massas 
dos supositórios os princípios ativos. 
 
A primeira farmacopeia oficial portuguesa a 
inscrever supositórios foi a Farmacopeia 
Portuguesa IV (1935). A Farmacopeia Portuguesa 
IX (2008) define supositórios do seguinte modo: 
“preparações sólidas unitárias. A forma, o volume 
e a consistência são adaptados à administração 
por via rectal. Contêm uma ou várias substâncias 
activas dispersas ou dissolvidas num excipiente 
simples ou composto que, conforme os casos, é 
solúvel ou dispersível em água ou funde à 
temperatura corporal”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Máquina para fabrico de supositórios por 
compressão (1919) 
 
 
 
Moldes para produção de supositórios 
 
 
 
Exemplos de supositórios 
 
 
Supositórios 
33 
 
 
A teriaga foi um medicamento que ficou famoso na 
Antiguidade e na Idade Média. Também ficou 
conhecido como triaca ou teriaca. Terá sido 
fabricado inicialmente pelo rei Mitrídades VI, rei do 
Ponto, juntamente com o seu médico pessoal, no 
século II a.C. 
 
Mitrídades estava empenhado em estudar 
antídotos contra envenenamentos. Conta a 
história que Mitrídades depois de derrotado pelo 
general romano Pompeu, tentou suicidar-se com 
veneno. Mas como estava protegido contra 
qualquer tóxico, devido aos estudos que foi 
fazendo com venenos em si próprio, teve que 
pedir a um dos seus militares para que o matasse 
com uma espada. Celso, no século I a.C. inseriu 
na sua obra De Medicina um preparado a que 
chamou mithridatium. 
 
A fórmula terá chegado a Roma e um dos médicos 
de Nero, Andrómaco, no século I, melhorou a 
fórmula e a teriaga tomou o nome popular de 
“Teriaga de Andrómaco” ou “Teriaga Magna”. No 
século II, ficou famosa a Teriaga de Galeno. O 
Antidotarium Nicolai Salernitanus no século XI 
também referia a teriaga como um medicamento 
importante. 
A teriaga era composta por 64 constituintes sendo 
o mais importante carne de víbora. Era muito 
usada para o tratamento de mordeduras de cobra. 
Pensa-se que seria uma forma de electuário. 
 
Em muitas cidades europeias como Veneza, 
Montpellier e Toulouse era preparada na rua à 
vista de todos. Gradualmente a teriaga foi 
ganhando popularidade e foi muito usada até final 
do século XVIII e ainda em alguns anos do século 
XIX. Os avanços que se verificaram no domínio da 
química contribuíram para que a teriaga deixasse 
de ser utilizada e se tivesse demonstrado a sua 
inoperância. 
 
 
 
 
 
 
Captura de víboras para a preparação da teriaga 
 
 
Preparação da teriaga na Idade Média 
 
 
 
 
 
 
Recipientes para acondicionamento de teriaga 
 
 
Teriaga 
34 
 
 
A palavra xarope vem do árabe de charab que 
significa bebida. Pode ser proveniente do francês 
sirop ou do italiano sciroppo que por sua vez têm 
origem no latim sirupus ou syrupus. Na sua origem 
xarope era uma forma farmacêutica com muito 
açúcar na sua composição. 
 
Os xaropes são formas farmacêuticas muito 
antigas e tradicionalmente estavam ligados a esta 
forma farmacêutica outras formas farmacêuticas 
como os melitos, os oximelitos e os loochs ou 
lambedores. 
Os melitos eram considerados formas 
farmacêuticas líquidas com uma consistência 
próxima dos xaropes devido a uma grande 
quantidade de mel dissolvido num meio de 
natureza aquosa. Os oximelitos eram semelhantes 
aos anteriores mas com adição de vinagre. Os 
loochs, de origem árabe, resultavam da adição 
aos xaropes de outras substâncias como 
mucilagens, gema de ovo, óleos e outras 
substâncias, ficando muito próximo do electuário; 
os loochs também se designavam por lambetivos 
ou lambedores porque se lambiam. 
 
A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define 
xaropes como “preparações aquosas 
caracterizadas pelo sabor açucarado e 
consistência viscosa. Podem conter sacarose em 
concentração pelo menos igual a 45 por cento 
m/m. O sabor açucarado pode igualmente ser 
conferido por outros polióis ou edulcorantes. 
Contêm geralmente aromatizantes ou outros 
agentes de sabor. Cada dose de uma preparação 
multidose é administrada com um dispositivo que 
permite medir a quantidade prescrita. Este 
dispositivo é geralmente uma colher ou um copo, 
para volumes de 5 ml ou múltiplos de 5 ml”. Os 
xaropes para diabéticos não podem ser 
produzidos com sacarose. Por isso, desde há 
vários anos existem xaropes produzidos sem 
açúcar, mas com substitutos para poderem ser 
tomados por diabéticos. 
 
 
 
 
 
Produção de xaropes em indústria farmacêutica, 
anos 60 do século XX 
 
 
Produção atual (2004) de xaropes (Laboratório Militar 
de Produtos Químicos e Farmacêuticos) 
 
 
 
 
Exemplo de xarope
 
Xaropes 
35 
 
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Referências 
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Ficha técnica da exposição 
 
Coordenação 
Célia Cabral e João Rui Pita 
 
 
 
 
 
Apoios 
 
PEST-OE/HIS/UI0460/2014 
Bolsa de Pós-Doutoramento SFRH/BPD/68481/2010

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