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O Sistema Único de Saúde

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INTRODUÇÃO
A presença da família no cuidado ao paciente acaba criando uma relação de confiança com o cuidador domiciliar e com a equipe de saúde da família, criando um vínculo e tornando a relação cuidador/ equipe favorável ao paciente e ao seu bem-estar, que é o principal objetivo de ambos no acompanhamento ao paciente acamado.
Ao realizar o acompanhamento do paciente acamado, os profissionais das equipes de saúde se deparam com dificuldades no atendimento e tratamento destes pacientes, dentre as dificuldades encontradas, ressalta- se a falta de uma pessoa para ser referência na família com qualificações para exercer os cuidados que o paciente necessita. Em alguns casos, encontra-se um cuidador, mas como as condições financeiras dos pacientes não contribui, o cuidador nem sempre possui formação necessário para desempenhar o cuidado ao acamado de forma adequada. 
Segundo Marreli (1997), atendimento domiciliar compreende um componente contínuo do cuidado à saúde por meio do qual os serviços de saúde são oferecidos ao indivíduo e à sua família em seus locais de residência, com o objetivo de promover, manter ou restaurar a saúde ou maximizar o nível de independência, minimizando os efeitos das Incapacidades ou doenças.
O artigo foi desenvolvido buscando fundamentação teórica em bases de dados como Google Acadêmico, Scielo e PubMed. O objetivo do estudo é apresentar a importância da visita domiciliar a idosos e a participação da família no cuidado ao idoso. 
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Antes da constituição de 1988, a saúde era organizada de forma sistematizada, direcionada a beneficiar a economia e manter os interesses mercantis. Segundo Fontinelli Junior (2003) as ações de saúde eram desenvolvidas em episódios de epidemia. Costa e Carbone (2009) afirmam que o direito à saúde é uma questão de cidadania e sem alcançá-los nenhum outro direito poderá ser alcançado.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído no Brasil em 1988 e regulamentado pelas Leis Orgânicas da Saúde n°8080/1990 que dita as diretrizes que as três esferas de governo devem seguir garantindo o direito à saúde a todos e a Lei n°8142/1990 através do controle social, por meio dos conselhos e pelas conferências de saúde dispõe sobre a participação social (COSTA e CARBONE, 2009).
Segundo a Lei Orgânica de Saúde, n° 8080 de 1990, o SUS é composto por um conjunto de ações e serviços de saúde prestados por instituições públicas, das administrações diretas e indiretas mantidas pelo poder público (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Segundo Araújo e Rocha (2007) em meados de 1990 surgiram discursões sobre as mudanças na prática de saúde, onde predominaria a hegemonia do poder técnico e políticos dos profissionais médicos. Assim, a consolidação do SUS exigiu muitas discussões sobre modelo assistencial e também a superação do modelo hegemônico para a adoção do modelo de vigilância à saúde, entendido como uma prática sanitária referenciada no conceito positivo de saúde, qualidade de vida e no paradigma social do processo saúde - doença. (SILVA, et al, 2005). O modelo de vigilância à saúde contribui para mudar o perfil epidemiológico e controlar os novos agravos à saúde, bem como representa uma estratégia para promoção de uma assistência integral, oportuna, universal, equânime e humanizada.
Ao SUS cabe identificar e divulgar fatores condicionantes e determinantes da saúde, formular políticas públicas destinadas a promover ações de saúde, e assistir as pessoas por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Os valores que regem a assistência à saúde têm sido modificados, o SUS tem buscado alternativas para melhorar a qualidade desta assistência de acordo com as novas demandas dos usuários (BRASIL, 1988).
O SUS “é um sistema único porque segue a mesma doutrina em todo território nacional”. (COSTA E CARBONE, 2004; p.4), e é regido por três princípios básicos, universalidade, integralidade e equidade, e para que estes princípios sejam alcançados, é necessário pensar no modo como as ações de saúde são produzidas e na maneira como os serviços se organizam para produzir e distribuir as ações de saúde (SILVA, et al, 2005, p.392).
Segundo Carvalho e Santos (2006, p.64), o princípio de universalidade rege que o SUS deve conceder acesso em todos os níveis de assistência aos usuários de saúde. A integralidade garante que os serviços de saúde sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade a proteção, a promoção e a recuperação da saúde de acordo com as necessidades de cada um, em todos os níveis de complexidade do sistema. Ainda segundo os autores, a equidade diz respeito ao direito de igualdade de oportunidade em usufruir dos sistemas disponibilizados pelo SUS. 
Devido a novas demandas na assistência à saúde da população, elaborou- se o Programa de Saúde da Família (PSF). O PSF prevê a utilização da assistência domiciliar à saúde, em especial, a visita domiciliar, como forma de instrumentalizar os profissionais para sua inserção e o conhecimento da realidade de vida da população, bem como o estabelecimento de vínculos com a mesma; visando atender as diferentes necessidades de saúde das pessoas, preocupando-se com a infraestrutura existente nas comunidades e o atendimento à saúde das famílias.
O Programa de Saúde da Família
Conforme Mazza (1999), o cuidado domiciliar à saúde é uma prática que já existia no período pré-cristão e remota à existência das famílias como unidade de organização social. Inúmeras situações de dependência cronicamente assumidas pelas famílias sequer foram, ainda, incluídas nas iniciativas de atenção domiciliar organizadas pelo sistema de saúde. O objeto "atenção domiciliar", portanto, diz respeito apenas a uma parte das práticas de cuidado domiciliar, particularmente as que implicam uma convivência entre profissionais de saúde e cuidadores familiares.
O PSF preconiza uma equipe de saúde da família de caráter multiprofissional, que trabalhe com definição de território de abrangência, descrição de clientela, cadastramento e acompanhamento da população. Segundo Costa, et al (2008, p.115), o PSF “propõe a reorganização da atenção básica em ações de promoção da saúde, prevenção e riscos de doenças, resolutividade na assistência e recuperação, com qualidade, o que favorece a maior aproximação dos serviços à população”.
Segundo definição da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003) assistência domiciliar é
“A provisão de serviços de saúde por prestadores formais e informais com o objetivo de promover, restaurar e manter o conforto, função e saúde de pessoas num nível máximo, incluindo cuidados para uma morte digna. Os serviços de assistência domiciliar podem ser classificados nas categorias preventivos, terapêuticos, reabilitadores, acompanhamento por longo prazo e cuidados paliativos”.
A modalidade de assistência domiciliar foi regulamentada no SUS em 1997 e o funcionamento dos serviços que prestam atenção domiciliar foi implantado em janeiro de 2006 pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 11 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1998). Em seguida, o COFEN criou a Resolução nº 267/2001 que regulamenta as atividades de enfermagem em domicílio, e a Resolução nº 270/2002 que regulamenta as empresas que prestam serviços de enfermagem domiciliar, definindo a necessidade de ter enfermeira, como responsável técnico pela coordenação das atividades de enfermagem e um (a) enfermeiro (a) responsável por turno de trabalho (COFEN, 2010).
Assistência domiciliária é definida por Bastos, Lemos e Mello (2007, p.207) como
O serviço em que as ações de saúde são desenvolvidas no domicílio do paciente por uma equipe interprofissional, a partir do diagnóstico da realidade em que o mesmo está inserido, assim como de seus potenciais e limitações. Visa a promoção, manutenção e/ou restauração da saúde e o desenvolvimento e adaptação de suas funções de maneira a favorecer o restabelecimento de sua independência e a preservação de sua autonomia.
A Visita Domiciliar é considerada
um instrumento da atenção domiciliar, constituído de ações sistematizadas a viabilizar o cuidado a pessoas ou realizar atividades dos programas de saúde. Para Mazza (1994, p.60), a visita domiciliar constitui uma atividade de assistência à saúde exercida junto ao indivíduo, à família e à comunidade. Tem por objetivo contribuir para a efetivação das premissas de promoção de saúde definidas pela OMS, e adotadas pelo SUS.
VISITA DOMICLIAR AO IDOSO
A Portaria nº 73, de 10 de maio de 2001 (BRASIL, 2001), dispõe sobre as normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil, de acordo com a portaria, a Assistência Domiciliária ou Atendimento Domiciliário é aquele prestado à pessoa idosa com algum nível de dependência, com objetivo de aumentar a autonomia do idoso para que este possa permanecer em sua residência pelo maior tempo possível; prevenir situações de carência que elevam o risco da perda de independência; criar ou aprimorar hábitos saudáveis, como os relacionados à higiene, à alimentação e à prevenção de quedas ou acidentes; acompanhar o idoso com afecções crônicas e suas sequelas. 
Os familiares e o ambiente são avaliados pelos profissionais de saúde durante a visita domiciliar, bem como uma avaliação efetiva da saúde do idoso, visando prevenir agravos na saúde deste através de intervenções precoces sobre situações que possam comprometer a saúde e a capacidade funcional do idoso, de modo a manter sua independência, o convívio familiar e a qualidade de vida pelo maior tempo possível. Os idosos que recebem a visita domiciliar são elegíveis seguindo critérios pré- estabelecidos, são idosos portadores de múltiplas afecções crônicas; que apresentam histórico de internações frequentes; idosos com idade superior a 85 anos; idosos que residem sozinhos ou que apresentam distúrbios cognitivos; idosos que tenham sofrido acidentes/quedas nos últimos seis meses; aqueles que usam poli fármacos e não apresentam uma adesão terapêutica adequada e, ainda, os que não possuem uma rede de apoio social ou ela não é efetiva (DIOGO; DUARTE, 2002).
Conforme o Ministério da Saúde, as ações de saúde, realizadas no domicílio no contexto da atenção básica, incorporam as seguintes características: compreendem ações sistematizadas, articuladas e regulares; pautam-se na integralidade das ações de promoção, recuperação e reabilitação em saúde; destinam-se a atender as necessidades de saúde de um determinado seguimento da população com perdas funcionais e dependência para a realização das atividades da vida diária; desenvolvem-se por meio de trabalho em equipe; utiliza-se de tecnologia de alta complexidade (conhecimento) e baixa densidade (equipamento); devem ser desenvolvidas pelas equipes de Saúde da Família ou pelos profissionais que atuam na Atenção Básica no Modelo Tradicional (BRASIL, 2003).
A assistência domiciliar ao idosos pontua a existência de cuidador familiar ou informal, sendo o cuidador deve apresentar boas condições físicas, psicológicas e cognitivas, o idoso deve morar na área de abrangência da unidade de saúde, a frequência de visitas e complexidade ser compatíveis com a atenção básica; a infraestrutura física do domicílio deve permitir a efetividade da assistência (BRASIL, 2003).
Na implementação da assistência domiciliaria no campo da gerontologia, os profissionais devem focar criteriosamente o idoso, a família, o contexto domiciliar e o cuidador familiar principal. A equipe de saúde busca sempre compreender o idoso como pessoa única, inserido num contexto familiar e social com o qual interagem continuamente, a avaliação da demanda de cuidados é feita a partir da avalição global, com enfoque em aspectos bifuncionais, sociais, psicológicos e ambientais, respeitando a individualidade da pessoa, sua história e conhecimento (DIOGO; DUARTE, 2002). 
O melhor lugar para o idoso é junto à família, uma vez que esta é o cenário de proteção e cuidado, o planejamento do cuidado adequado ao idoso requer que a equipe de saúde compreenda as questões que envolvam a formação e a dinâmica de funcionamento da sua família (PORTELA, 2002). Segundo Diogo e Duarte (2002), há casos em que a equipe de visita domiciliar precisa sugerir modificações no ambiente do idoso, visando o seu bem-estar. A sugestão deve ser feita de forma ética, com educação e respeito, lembrando sempre que o domicílio é o lar do idoso e da família, onde estes têm o poder estabelecido.
Mesmo no contexto em que a independência e autonomia do idoso tenha sido comprometida, a participação dele no cuidado de si mesmo deve ser sempre levada em conta, pois a inabilidade do idoso em fazer algo não representa incapacidade em tomar decisões. Gonçalves e Alvarez (2002) afirmam que o processo de cuidar se dá em ações consecutivas, de modo interativo, interdependente, entre o que provê o cuidado e quem o recebe, assim, para que a meta seja alcançada, deve haver interação entre a família, o cuidador, a equipe de saúde e o idoso.
Para Duarte e Diogo (2000), o conhecimento mútuo e a discussão conjunta dessas metas são fundamentais para a adesão terapêutica. Para isso, também se faz necessário, no entendimento de Diogo e Duarte (2002), deve- se avaliar qual a real condição funcional do idoso, a demanda de cuidado, a qual a capacidade cuidadativa da família, avaliar quais recursos a família dispõe para implementar o cuidado ao idoso, avaliar a compreensão do idoso e de sua família sobre a incapacidade, bem como suas habilidades em aprender a cuidar. Todas essas avaliações devem ser feitas pela equipe de visita domiciliar.
A visita domiciliar ao idoso traz benefícios, conforme afirma Andrade e Lobo (2007, p.13)
A visita domiciliária feita pelos programas de saúde da família (PSF) contribui para a solução dos problemas de saúde em seu foco de origem. A visita domiciliária diminui os índices de contaminação e/ou recontaminação entre os idosos (tuberculose), diminuem o contato do idoso com bactérias estranhas ao seu organismo ou multirresistentes presentes nos hospitais. Além de permitir que a equipe de saúde tome conhecimento das condições reais de vida da população assistida como alimentação, moradia, saneamento e possa intervir junto à comunidade e propor soluções coletivas às secretarias municipais de saúde.
É importante que as equipes de visita domiciliar respeitem sempre os valores dos idosos e de suas famílias, nunca transpondo seus próprios valores para o contexto familiar do idoso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
o estudo ressalta a importância da visita domiciliar no cuidado ao idoso através de equipe de saúde capacitada, juntamente com o cuidador e os familiares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAZZA, M.M.P.R. A Visita Domiciliária como instrumento de assistência de saúde. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, n. 4 (2), p.60-68, jul-dez 1994.

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