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Filosofia Antiga: os sofistas, Sócrates e o nascimento do problema ético. 1. Os sofistas. Com os sofistas se passa da fase cosmológica à fase antropológica da Filosofia Clássica. Os sofistas colocam as premissas sobre a reflexão ética. Eles se interrogam sobre o sentido e o valor de suas ações; Como eu posso ter êxito, sucesso nas minhas atividades? Qual é o valor de cada ação? Como é possível a felicidade? O que torna boa uma determinada ação? Os sofistas começam, portanto, uma reflexão sobre as ações do homem. Eles deslocam o interesse filosófico da busca da arché que se tinha esgotado na tentativa de resolver a aporia eleática. O novo objetivo da Filosofia é o homem. Com os sofistas começa a fase humanística da Filosofia Antiga. No V séc., acontece a crise da Aristocracia e a afirmação do demos. Portanto, cai em crise também a polis grega, pelo menos na sua estrutura clássica. Isso coloca as premissas para uma revisão do saber. O conceito de virtude entra definitivamente em revisão, a virtude não é mais algo ligado ao nascimento. Mas a capacidade do homem de se empenhar para ter sucesso do ponto de vista econômico e político. Os sofistas desenvolvem uma tarefa educativa. Eles normalmente são os pedagogos dos filhos da aristocracia. O sofista é aquele que educa o jovem a ter sucesso, a se afirmar, e ao mesmo tempo, o sofista é aquele que cuida da difusão do saber. Estes elementos são os aspectos positivos da figura dos sofistas. Os negativos já apontados por Platão e Aristóteles são a acusação de um saber aparente e não real; que a profissão deles é exercida não por amor desinteressado à verdade, mas com objetivo de lucro; do ponto de vista político e moral eles levam a desagregação do estado e ao ceticismo. Górgias é niilista, nada tem valor. Protágoras havia afirmado a doutrina do relativismo, segundo a qual não existe uma verdade objetiva, mas uma verdade subjetiva determinada pela habilidade do filósofo. E virtuoso é aquele que me parece subjetivar, útil. Górgias leva o relativismo às suas últimas conseqüências. Se não existe uma verdade objetiva e tudo depende do homem, nada tem valor. Não existe nem uma verdade subjetiva nem objetiva. Nada tem verdadeiro valor. Se nada tem verdadeiro valor, o que sobra? Sobra somente a retórica. Retórica é a capacidade de falar totalmente separado de qualquer referência à própria verdade. A palavra domina, mas está totalmente solta de qualquer laço da realidade e da própria verdade. A palavra é um instrumento de persuasão, mas também é um instrumento de dominação; se não existe nenhum nexo com a verdade, quem tem mais poder por metade da arte da palavra pode persuadir e dominar os outros. 2. Sócrates. O ponto mais importante da Filosofia de Sócrates é a descoberta da essência do homem. Enquanto que os sofistas se interessavam ao valor das ações humanas singulares, por exemplo, como ter êxito numa certa atividade. Sócrates coloca a sua atenção sobre aquela que é a origem das ações todas. A origem das ações é o eu. Portanto, Sócrates diz que para definir o valor das ações é importante investigar qual é a essência do eu, qual é a essência do homem? E ele responde, a essência do homem. Sofistas___________ Atos. Sócrates__________ Eu. Se alma é a coisa mais importante do homem, o valor da vida consiste em cuidar da alma, nisto consiste a virtude. O homem virtuoso é aquele que conhece a sua essência, a sua alma. O homem viciado é aquele que não conhece a si mesmo, a sua alma. Sócrates instaura um paralelismo: Virtude = ciência e conhecimento; Vício = ignorância. Virtude é conhecimento e vontade. - intelectualismo ético. O conhecer é uma condição necessária para um ato virtuoso, mas não suficiente. 1 2 3 ORDEM E FINALIDADE _____ CAUSA _________ MENTE SUPREMA NO HOMEM INTELIGÊNCIA E ORDENADORA O método socrático tem uma função educativa. Ele quer ajudar a pessoa a descobrir a verdade que está no próprio homem, na alma. Esta atitude se chama maiêutica que é a atitude da parteira, e Sócrates diz que a função do filósofo não é a de produzir a verdade, mas a de ajudar a pessoa a gerar, a encontrar a verdade que está dentro dela mesma. Os sofistas usavam o método retórico, quer dizer, a arte da palavra para alcançar a sua própria utilidade. Sócrates usa o método educativo para ajudar o homem na busca da verdade, o seu ponto de partida é a consciência de não saber. O não saber socrático é pressuposto para o descobrimento da verdade. Este não saber se coloca em polêmica com os filósofos naturalistas, com os sofistas, com o saber dos políticos e também com a falsa concepção de Deus. Só o saber divino é completo, a sabedoria do homem é muito limitada. Portanto, Sócrates dá uma lição de disponibilidade a aprender e a usar a razão não para permanecer no ceticismo, mas como meio para alcançar a verdade. O método socrático é feito em dois momentos: o momento da ironia e o momento da maiêutica. A ironia pode ser chamada de parte destrutiva, na qual Sócrates simulando ser ignorante com uma série de perguntas destrói a falsa certeza de seu interlocutor que normalmente é um sofista. Com este método ele mostra as contradições internas das afirmações dos sofistas e muitas vezes ele simula, finge de acolher os seus métodos, mas acaba surpreendendo os sofistas em contradição. A maiêutica representa o momento positivo do método, depois de purificar o interlocutor das suas falsas certezas, Sócrates o ajuda a alcançar a verdade. Isso é possível porque a alma está grávida da verdade. Assim, Sócrates exerce uma espécie de arte obstétrica espiritual que ajuda a verdade a vir à luz. A grande importância de Sócrates está no fato de que por meio do encontro com ele, as pessoas eram ajudadas a encontrar a verdade. Sócrates e o descobrimento dos conceitos. Normalmente se atribui a Sócrates a descoberta do conceito universal. Na realidade, ele não chegou a afirmar o conceito, quer dizer, a definição universal de uma coisa, porém ele preparou a estrada á descoberta do conceito por meio da pergunta insistente: o que é isso? O que é aquilo? O método socrático da indução, tentando levar o seu interlocutor de um aspecto particular a uma noção universal, ele não chegou porém a teorizar o que é um conceito, a sua preocupação é prevalentemente pedagógico-religiosa. Somente Platão e Aristóteles aprofundarão a natureza espiritual e metafísica do conceito. Tem um valor polivalente: Lógico – gnosiológico – metafísico – ético. Sé como uma fonte de onde nascem vários rios. Sua importância na Filosofia ocidental é a descoberta da essência do homem. O valor interior, que para descobrirmos é preciso adquirir o conhecimento. Conhecer-se é fundamental, porque daí se chega a uma análise positiva ou negativa de si mesmo. Se não é positiva é necessário aperfeiçoar a nossa alma. O valor de Sócrates está, sobretudo, no método que ele utiliza para desenvolver a sua Filosofia. Ele baseia tudo sobre o encontro. Encontrando-se com Sócrates, a pessoa encontrava-se com o mestre. A função do mestre não é tanto a de ensinar coisas, mas sobretudo de ajudar a pessoa na descoberta da verdade. O encontro com Sócrates tornava-se possível e mais fácil o encontro com a própria verdade presente em nós. A função do mestre era de facilitar a experiência da verdade. Portanto, o valor de Sócrates se manifesta em dois níveis; no nível do conhecimento da verdade e no nível da responsabilidade moral com esta própria verdade. Sócrates suscitava nos seus discípulos, o desejo de descobrir a verdade e de aderir pessoalmente a ela. O Mestre ensina: Coisas – conhecimentos. A descobrir a verdade que está em ti – o logos. Sto. Agostinho fala do mestre interior: Magister intus. É a função mais importante do mestre exterior. Esta verdade está em cada homem, mas eu não posso manipular,e esta é a grande diferença entre os sofistas e Sócrates. Não é para usar o conhecimento ao seu bel prazer e sim usá-la com método, com responsabilidade, isto é, usá-la com dignidade. Sócrates deixa uma abertura bastante profunda que é a alma. Descobrir melhor o sentido da alma, aprofundar...
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