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Informações sobre a fome no mundo e o perfil epidemiológico da desnutrição na população brasileira Profa Silvia Ayrosa Profa. Alessandra Lucca Profa. Luara Almeida Profa. Mariana Tarricone UNIP Fome, insegurança alimentar e desnutrição no Brasil e no mundo. ▫ Destaque às diferenças conceituais entre fome, insegurança alimentar e desnutrição. ▫ Definição de fome aguda x crônica; insegurança alimentar x fome; desnutrição primária x secundária; desnutrição x subnutrição. ▫ Epidemiologia da fome, da insegurança alimentar e da desnutrição (diferenças de prevalências entre os países, entre as regiões do Brasil). Representação espacial dos 3 domínios: fome, desnutrição e pobreza MONTEIRO C. A. 2003 Ainda há fome no mundo? Fome • Têm fome aqueles cuja alimentação diária não aporta a energia requerida para a manutenção e funcionamento do organismo e para as atividades ordinárias do ser humano. Epidemiologia da fome (2%) (4%) (5,7%) (25,8%) (62,4%) FAO, 2010 • 2/3 dos desnutridos vivem em apenas 7 países: • Bangladesh • China, • Congo, • Etiópia, • Índia, • Indonésia e • Paquistão. Aumento por 3 fatores: • Governos negligenciam agricultura para as pessoas muito pobres; • Crise econômica mundial; • Alta no preço dos alimentos (FAO, 2010). • Episódios isolados de fome, observados em situações de guerras e cercos ou catástrofes climáticas ocorrem em um maior número de países (Monteiro, 2003). Epidemiologia da fome. • A meta definida na Cúpula Mundial de 1996 foi o de reduzir pela metade o número de pessoas subnutridas até 2015. • em 1990-92: 824 milhões de pessoas subnutridas nos países em desenvolvimento • Em 2010: subiu para 925 milhões de pessoas. • Conclusão: no geral, o mundo não está fazendo progresso em direção à meta da Cúpula Mundial da Alimentação, embora tenha havido progresso na Ásia, e na América Latina e no Caribe. Redução da fome? DESNUTRIÇÃO • Sofrem de desnutrição aqueles que manifestam sinais e sintomas provenientes da insuficiência quantitativa ou qualitativa da dieta ou de doenças que determinem o mau aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos. A Desnutrição é proveniente somente da falta de alimentos? Hábitos inadequados de alimentação também promovem desnutrição: consumo de guloseimas salgadinhos, balas, biscoitos, refrigerantes... respondem por 98% de pessoas desnutridas do mundo têm prevalência de desnutrição de 16% a 18% Prevalência relevante de baixo peso FAO, 2010 Epidemiologia da desnutrição • Os déficits crônicos de alimentos afetam 925 milhões de pessoas (13,6%) no mundo em 2010. • 1 em 7 são famintos. • 1 em 3 são desnutridos. PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO Desnutrição/Baixo Peso ▫ 4º fator relacionado ao número de mortes na população mundial (OMS). ▫ Principal fator de risco relacionado ao número de pessoas com incapacidade. Número de desnutridos (milhões) Proporção de desnutridos no mundo de 1990 a 2010. WHO, 2011 Principais danos da desnutrição • das taxas de morbi-mortalidade associada • do sistema imunológico • expectativa de vida ao nascer • do crescimento físico e desenvolvimento motor • rendimento escolar, aprendizagem deficiente e atenção diminuída (desenvolvimento cognitivo) • produtividade no trabalho • Deficiências de nutrientes associadas • DEP nos 1os anos de vida modificações metabólicas responsáveis por doenças crônicas na vida adulta E no Brasil, ainda há desnutrição? Brasil: país de contrastes DESNUTRIÇÃO • Crescente importância de problemas nutricionais relacionados ao excesso = DÉFICIT NUTRICIONAL Ainda prevalente principalmente em crianças de regiões menos desenvolvidas Epidemiologia da desnutrição • Brasil: ▫ Déficit de altura em crianças < de 5 anos: Semelhante em meninos e meninas: 6,3% e 5,7%. no 1o ano de vida (8,4% e 9,4%) em ambos os sexos 2o ano de vida diminuiu para cerca de 7,0% na faixa etária de 2 a 4 anos oscilou em torno de 4,0% a 6,0%. POF,2008-2009 POF,2008-2009 Qual região do país é mais afetada pelo déficit da estatura? Existe alguma relação com a renda? Forte tendência de diminuição da prevalência de déficit de altura com o aumento da renda familiar (de 8,2% no estrato de menor renda para 3,1% no estrato de maior renda). Evolução de indicadores antropométricos na população de 5 a 9 anos de idade por sexo – Brasil – Períodos 1974-1975, 1989 e 2008-2009. Ciclo do consumo inadequado de alimentos e o aumento de doenças Sawaya, 2006 Determinantes do déficit estatural Fatores ambientais: • condições precárias de habitação e saneamento Fatores nutricionais: • Nutrição materna-insuficiente • Desnutrição intra-uterina • Falta de aleitamento materno até 6 meses • Introdução tardia de alimentos complementares • Alimentos complementares em quantidade e qualidade inadequadas • Absorção de nutrientes prejudicada por infecções e parasitoses intestinais Fatores sócio-econômicos: • baixos níveis de renda e • baixa escolaridade dos pais Fatores genéticos: menos importantes nos países em desenvolvimento do que diferenças no meio ambiente. Doenças associadas à baixa estatura • elevado quociente respiratório (maior oxidação dos CHs) • baixa taxa de oxidação lipídica • aumentada relação cintura/quadril (RCQ) • > acúmulo de gordura subcutânea • > prevalência de excesso de peso • HAS em adultos, especialmente entre mulheres e adolescentes • função das células ß pancreáticas diminuída e aumento da sensibilidade à insulina Sawaya, 2006 “Sem teto”: população moradora de favela (Maceió) MST= Movimento dos trabalhadores rurais Sem Terra Brasil: média brasileira para homens e mulheres População de referência americana Qual região tem maior prevalência de déficit de peso no Brasil? ▫ Déficit de peso em adultos: 2,7% (1,8% em homens e 3,6% em mulheres) A prevalência de déficit de peso tendeu a diminuir com a renda em ambos os sexos. Apenas entre mulheres da menor classe de renda, o limite crítico de 5% foi ultrapassado e, ainda assim, apenas ligeiramente (5,7%). POF,2008-2009 Epidemiologia da desnutrição Ultrapassou o limite crítico de 5% Quais as causas do declínio da desnutrição no Brasil? Expansão da cobertura de serviços essenciais: • Assistência pré-natal • Assistência ao parto • Vacinação • Rede de água/saneamento do meio • Educação feminina • Mudança nos padrões reprodutivos Epidemiologia da desnutrição Déficit de peso em idosos • 2025 (15,4% da população total) • Distúrbio nutricional mais importante observado nos idosos é a desnutrição protéico-calórica (DPC) associada ao aumento da mortalidade e da susceptibilidade às infecções e à redução da qualidade de vida • prevalência de DPC nas regiões brasileiras varia entre 10% e 19% (PNSN, 1989) • DPC é vista, erroneamente, como parte do processo normal de envelhecimento. Fatores de risco que influenciam o Est. Nutr. nos idosos Alguns determinantes sociais da desnutrição • Pobreza (Renda que garanta aquisição de comida) • Desigualdade • Acesso serviços de saúde • Atendimento adequado por profissionais capacitados • Acesso a medicamentos • Acesso a programas de alimentação • Higiene • Desemprego/subemprego • Escolaridade/Analfabetismo • Habitação insalubre (vias não pavimentadas, rede de esgoto, não recolhimento de lixo, etc.) • Escassez alimentar Ações que contribuem para a prevenção da desnutrição e desenvolvimento da criança • Cuidadospré-natais; • Aleitamento materno; • Desmame; • Orientação nutricional durante o desenvolvimento da criança; • Vacinação - que deve estar em dia Ciclo do consumo inadequado de alimentos e aumento de doenças. Sawaya, 2006 Concluindo... Fome no mundo: houve progresso mas ainda apresenta níveis preocupantes. Desnutrição: • Déficit de estatura: 6% em crianças < de 5 anos 6 a 7% em crianças de 5 a 9 anos • Déficit de peso: 3,7%: > no Norte e Nordeste (10 a 19 anos) • Adultos: 2,7% (maior em mulheres e menor em homens) • Idosos: 10 a 19% Bibliografia • MONTEIRO C. A. A DIMENSÃO DA POBREZA, DA DESNUTRIÇÃO E DA FOME NO BRASIL. Estudos avançados 17 (48), 2003. • BUSS, P. M. GLOBALIZAÇÃO, POBREZA E SAÚDE. Ciência & Saúde Coletiva, 12(6):1575-1589, 2007. • OLIVEIRA, J.S. et al. INSEGURANÇA ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE SÃO JOÃO DO TIGRE, NO SEMI-ÁRIDO DO NORDESTE. Rev. bras. epidemiol. vol.12 n.3 São Paulo Sep. 2009.