Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ciências Biológicas – Bacharelado e Licenciatura ESTUDO DO COMPORTAMENTO E DA REGENERAÇÃO DA PLANÁRIA. Relatório final sobre o experimento realizado com planárias, durante as aulas de Zoologia de Invertebrados I, no Laboratório de Biologia da UNIMEP, sob orientação da Profª. Dra. Maria Eliana Navega Gonçalves e supervisão técnica da bióloga Ana Mayumi Hayashi Trevizor. Matheus Correr Forti Mônica Isabela Franscisco Rafael Longo Rosada Piracicaba - SP 2017 1- Introdução O filo Platyhelminthes é um grupo evolutivo posterior aos cnidários em questão de complexidade pela presença de cefalização, sendo divididos em cerca de 20.000 mil espécies com uma grande variedade de estilos de vida, podendo ser parasitas ou de vida livre. Em sua maioria são aquáticos com predominância em ambientes marinhos, pequenos e de corpo mole, o que possibilitou a evolução para um modo de vida parasitário, segundo Rupert 2005. Incluso neste filo existe a classe Turbellaria, vermes de vida livre que vivem sobre rochas e riachos, no qual se encontra as planárias. São animais de corpo achatado e revestido por muco, com epiderme ciliada, podendo medir de milímetros a 60 centimetros. Sua dieta é carnívora, variando de predadora a detritívora. O corpo das planárias é composto por 3 sistemas: sensorial, locomotor e digestório. O sistema sensorial e locomotor permite a planária explorar o ambiente em que se encontra e o sistema digestório esta presente no corpo todo, além de possuir uma faringe contráctil. Observe as estruturas de uma planária: Imagem 1: Planária em vista lateral, e vista póstero- ventral. Com foco em suas estruturas morfológicas A espécie de planária utilizada para a condução do experimento foi a Dugesia tigrina, a qual pode ser utilizada como bioindicador, pois mostra os níveis de poluição ao decorrer de um manancial pela variação da sua taxa de vida devido a qualidade de água. A classe Turbellaria possui uma característica notável a sua capacidade regenerativa, a qual vem sendo estudada desde 1825. Segundo Rupert “se um animal foi cortado em duas metades, transversal ou longitudinalmente, cada uma dessas metades regenera a parte perdida e se transforma em um verme completo. De fato, um fragmento de um 1/300 do tamanho do corpo original regenera um verme inteiro”. 2- Objetivo Observar o desenvolvimento da estrutura corpórea, além do comportamento das partes anterior e posterior durante o processo de regeneração da planária. E associar o experimento com a importância de levar-se em consideração todos os fatos observados durante uma metodologia cientifica. 3- Material e Métodos Material: - Planária Dugesia tigrina (objeto de estudo); Material para os procedimentos: - Régua; - Caneta esferográfica preta, - Pincel; -Cultura de planárias previamente montada; - Bisturi; - Lupa; - Fígado e larva de Tenébrio; - Placa de Petri; - Recipiente de plástico; - Pipeta Pasteur; - Pinça; - Placa de E.V. A; - Elodea. - B.O.D Métodos: - Parte A: Inicialmente foi utilizada uma planária, a qual se encontrava em uma placa Petri, realizando os seguintes testes, em sua respectiva ordem: Toque – Com auxilio de um pincel tocou-se levemente as extremidades da planária; Luz – Aproximou-se o foco de luz no local aonde se encontrava a planária. Alimentação – forneceu-se alimento de origem proteica (fígado e larva Tenébrio); Avaliando-se em ambos os procedimentos as respostas dos estímulos realizados. - Parte B: Adquirir uma nova planária caso a primeira alimente-se. Avaliou-se a condição do animal, realizando com o auxilio da régua milimetrada a medição, para a operação do corte transversal, o qual dividirá o animal em parte anterior e posterior. Para fazer o corte: Com auxilio do pincel a planária foi posicionada em suporte de E.V. A no centro da placa de Petri. Usou-se o bisturi para realizar o corte transversal na região central. Em seguida observou-se o animal seccionada. Em um recipiente com água do local de origem da planária, com uma Elodea para oxigenar água (cultura), foi introduzida ambas as partes nesse meio. Após a introdução de ambas as partes da planaria, observou-se continuamente seu desenvolvimento e reação dos testes da parte A, até a finalização do experimento. A cultura foi mantida em controle de temperatura de 26°C e luz em um fotoperíodo 12 horas. Quadro referente à metodologia adotada para o experimento: Quadro 1: A demarcação “X” indicada às atividades/estimulo que foram realizados com as partes da planária, os dias que estão marcados em azul correspondem a feriado, sábados e domingo, nos quais não foi possível realizar a observação Cronograma Dia Toque Luz Alimento 17/11/2017 X X 18/11/2017 X X 19/11/2017 Dias sem observação 20/11/2017 21/11/2017 X X X 22/11/2017 X X X 23/11/2017 X X X 24/11/2017 X X X 25/11/2017 Dias sem observação 26/11/2017 27/11/2017 X X X 28/11/2017 ENCERRADO 29/11/2017 30/11/2017 01/12/2017 02/12/2017 Dias sem observação 03/12/2017 4- Resultados e Discussão Resultados Realizou-se os seguintes estímulos antes do corte: Toque: Quando estimulada na parte anterior houve uma reação instantânea, além da mudança de percurso e quando realizado o estimulo na parte posterior a reação foi tardia, sem mudança de trajetória. Luz: Em um ambiente com luz parcial, a planária deslocou-se para área com menor incidência de luz, em comparação quando exposta a uma ambiente com iluminação total, recorreu a lateral da placa de Petri. Alimento: Respondeu ao estimulo, contudo não o ingeriu. A planária escolhida tinha um tamanho de aproximadamente dois centímetro, após os testes posicionou-se o animal sobre o suporte de E.V.A no centro da placa de Petri, com o bisturi realizou-se o corte. O animal foi seccionado da seguinte maneira: Imagem 2: Demonstração realização do corte além de evidenciar que a parte posterior ficou sem faringe e de tamanho inferior a parte posterior. Sua reação imediata após secção foi à contração de ambas as partes, além do excesso da secreção de muco. Em seguida as partes movimentaram- se no mesma direção, sendo que a parte anterior mostrava-se mais ativa que a posterior. Observe o registro do momento: Imagem 3: Parte com a numeração “1” refere-se a parte anterior e a parte com a numeração “2” refere-se a parte posterior. Evidenciando ainda a grande secreção de muco. Após 7 minutos ambas apresentavam um inicio de cicatrização/ estancamento do ferimento, ambas as partes sem movimento. Um dia após o corte: Ambas apresentavam o mesmo tamanho em relação ao dia do corte, além do prolongamento das extremidades. Ao inicio da observação apresentavam-se no fundo da cultura, sem movimentação. Após a retirada da Elodea somente a parte anterior começou a se movimentar rapidamente. Estímulos: Toque: Parte anterior (PA) respondeu ao estimulo se contraindo e parando de se movimentar. A parte posterior (PP) respondeu ao estimulo tardiamente, porém houve somente a contração. Alimento: A parte anterior (PA) realizando movimentos auriculares, foi em direção ao alimento, interagindo com a larva, porém não ingeriu. Parte posterior(PP) não respondeu ao estimulo. Dois dias após o corte: Realizou-se as medições, onde há parte PA cresceu 10 mm totalizando 1 cm e PP cresceu 10 mm totalizando 1,1 cm. Sendo que a PP manteve-se imóvel ao fundo cultura, entretanto a PA estava com uma maior atividade. Estímulos: Secreção de muco 1 2 Toque e luz: A resposta ao estimulo foi semelhante ao primeiro dia de observação, em ambas as partes. Alimento: A PA manteve-se a mesma resposta ao estimulo, igual ao 1 dia de observação. A PP inicialmente estava imóvel, até o momento que o alimento foi inserido ao meio. Em seguida levantou-se parte seccionada, indicando a percepção do Tenébrio, indo em direção ao mesmo vagarosamente. Próximo ao alimento cessou o movimento. Cinco dias após o corte: Realizou-se as medições onde a PA cresceu 19 mm totalizando 1,19 mm e a PP cresceu 26 mm totalizando 1.36 cm. Após em breve período sem observação (2 dias), notou-se uma maior atividade da PP devido a regeneração da cabeça, a qual apresentava-se completa (aurícula, ocelos e conformação), porém o tamanho (pequeno) e cor (esbranquiçada) sendo desproporcional ao resto do corpo. A PA apresentou um enegrecimento na região posterior ventral, indicando a regeneração da faringe , além do surgimento da cauda desproporcional ao tamanho do corpo. Estímulos: Toque: Ambas as partes reagiram ao toque como se fossem um organismo completo, tendo uma resposta igual a planária (vide o estímulo antes do corte). Luz: A PA manteve-se o mesmo comportamento e a PP teve uma reação tardia a luz, podem procurou abrigar-se na região mais escura da placa. Alimento: A PA detectou o alimento, interagiu e iniciou a alimentação, a qual perdurou por 8 min. A PP detectou o Tenébrio, foi em direção a ele e desviou de trajeto. Seis dias após o corte Realizando-se as medições, onde a PA cresceu 11 mm totalizando 1.3 mm e a PP cresceu 4 mm totalizando 1.4 cm. No sexto dia observou-se que na PA houve um afunilamento da cauda, além do inicio da pigmentação. Na PP a cabeça estava quase proporcional ao corpo, também apresentando o inicio da pigmentação. Toque: Ambas as partes mantiveram o padrão da última observação. Luz: Ambas as partes reagiram a luz como se fossem um organismo completo, tendo uma resposta igual a planária original (vide o estimulo antes do corte). Alimento: Ambas as partes detectaram, foram em direção ao Tenébrio, alimentou-se por 14 min. Houve uma mudança de tonalidade no corpo da planária. Sete e oito dias após o corte Após as medições realizadas em dois dias o tamanho da PA manteve- se. O tamanho da PP aumentou 10 mm no sétimo dia e 5 mm no oitavo dia totalizando 1,55 cm. Estímulos: Toque, luz e alimentação: a resposta ao estimulo foi igual ao da ultima observação. Nove dias após o corte Realizou-se as medições onde a PA cresceu 15 mm totalizando 1,45 e a PP cresceu 25 mm totalizando 1,8 cm. Apresentando uma regeneração completa dos membros (pigmentação e tamanho). Estímulos: Toque, luz e alimentação: a resposta aos estímulos foi semelhante ao da ultima observação. Após constatar a total regeneração de ambas as partes, as planárias foram integradas a cultura principal. Gráfico quantitativo do crescimento da planária: Gráfico 1: Gráfico sobre o crescimento da planária ao decorrer das observações. Discussão Os representantes da classe Turbellaria apresenta uma característica distinta, a sua alta capacidade regenerativa. Em especifico a planária, ao sofrer uma lesão (corte longitudinal ou transversal), o qual é rapidamente é fechado, por contrações musculares e o prolongamento da primeira camada de tecido (epiderme). Como pode ser observado no registro fotográfico: Imagem 4: Imagem da parte posterior apresentando o prolongamento da epiderme. 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 Anterior Posterior Prolongamento Uma massa de neoblastos em forma de domo chamada de blastema constitui-se embaixo da epiderme, por consequência as partes perdidas parte posterior e parte inferior do corpo começam se distinguir-se, por um mecanismo de diferença de gradientes, o qual quanto mais próximo estiver da região anterior (cabeça) e diminui conforme a distância da parte posterior. Entretanto não pode-se inferir qual parte regenerou primeiro devido a um intervalo de tempo que as não foram observadas, no caso dois sias seguidos. Após onze dias de observação as planárias encontravam-se totalmente regeneradas. Contudo o tempo previsto para regeneração é de 14 a 15 dias, segundo Rupert 2005. Pode-se atribuir o precoce resultado (regeneração) pelas condições favoráveis de ambiente, o qual inclui iluminação, temperatura, além da disponibilidade de alimento (Tenébrio), Durante o experimento todos os estímulos realizados (toque, luz e alimento) foram respondidos, a parte anterior respondeu com eficiência aos estímulos de toque e luz, devido a presença de um órgão de cefalização (cabeça). Assim a parte posterior apresentou dificuldade na resposta efetiva aos estímulos. A alimentação apenas iniciou-se após ambas as partes estarem regeneradas, além depois de ganharem funcionalidade. Observe o quadro qualitativo dos estímulos realizados. Quadro 2: As cores fazem mérito a uma análise qualitativa das respostas ao estimulo. Sendo que cor verde representa a resposta efetiva ao estimulo, a cor amarela representa a respondeu parcialmente ao estimulo de forma tardia. A cor vermelha corresponde a resposta insatisfatória ao estimulo. A sigla NF represente os estímulos NF Planárias Dias Anterior Posterior Toque Luz Alimentação Toque Luz Alimentação 17/nov NF NF 18/nov 21/nov 22/nov 23/nov 24/nov 27/nov 5- Conclusões Foi possível compreender como executava-se um relatório cientifico através da observação do mecanismo de regeneração das planárias 6- Referências - MEDEIROS, L. J. Análise da capacidade regenerativa de planárias da espécie Giardia tigrina. Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSUL), 5p. -Novaes, E. L. Uso de planárias como bio-indicadores de qualidade das águas utilizando análise de sobrevivência. Revista Brasileira de Biometria, 2014 379-389. - GARCIA, N. M. R. Tempo de formação dos ocelos em regenerantes de Dugesia tigrina: Estudo prospectivo em organismos submetidos à radiação laser. Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP). 4p. - RUPPERT, E.E.; FOX, R.S. & BARNES, R.D. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. São Paulo, Editora Roca. 2005
Compartilhar