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MATERIAL DIDÁTICO INTRODUÇÃO ÀS ANÁLISES CLÍNICAS E MICROBIOLOGIA U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 UNIDADE 2 – PATOLOGIA CLÍNICA / MEDICINA LABORATORIAL .................. 06 2.1 Definição e estatísticas do setor ........................................................................ 06 2.2 Subespecialidades ............................................................................................ 09 2.3 Profissionais envolvidos .................................................................................... 09 2.4 O laboratório de análises clínicas numa visão empresarial ............................... 11 2.5 Tendências atuais ............................................................................................. 17 2.6 Identificação e avaliação de riscos e perigos .................................................... 28 UNIDADE 3 - HISTÓRIA E CONCEITO DE MICROBIOLOGIA ............................. 33 3.1 Alguns trabalhos importantes ao longo dos séculos ......................................... 33 3.2 Caracterização e classificação dos microrganismos ......................................... 35 3.3 Taxonomia e nomenclatura ............................................................................... 37 UNIDADE 4 – ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS .. 39 4.1 Cultura pura – o que é e como obter ................................................................. 39 4.2 Manutenção de culturas .................................................................................... 40 4.3 Contagem e identificação de bactérias e fungos ............................................... 40 4.4 Isolamento de aeróbios e anaeróbios ............................................................... 41 4.5 Identificação e cultivo de protozoários, algas e vírus ........................................ 42 UNIDADE 5 – ÉTICA E BIOÉTICA APLICADA ÀS CIÊNCIAS DA SAÚDE .......... 45 5.1 A filosofia prática ............................................................................................... 45 5.2 Maneiras de percebermos a moral .................................................................... 47 5.3 Ética e suas funções ......................................................................................... 53 5.4 Distinção entre normas éticas e morais............................................................. 55 5.5 Definição e evolução da Bioética ...................................................................... 57 5.6 Bioética clínica .................................................................................................. 60 5.7 Múltiplas abordagens ........................................................................................ 61 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 64 3 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos ao curso de especialização em Microbiologia e Análises Clínicas que visa ampliar os conhecimentos dos profissionais que atuam nessa área tão importante de apoio ao médico na pesquisa e detecção de patologias e condições fisiológicas através de exames em materiais biológicos, dentre eles sangue, urina e fezes. Segundo Azevedo Neto (2004), o termo “patologia”, a partir da definição encontrada em dicionários de uso corrente em nosso país, traduz ideias que vão de “ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza das doenças”, passando por “especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo”, até mesmo com a conotação de “qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença”, e por extensão de sentido “desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou ao que é considerado como estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial”. Evidentemente, todas as definições são adequadas, mas não conseguem dar conta de descrever o “Patologista”, que na verdade é uma denominação para dois especialistas diferentes da carreira médica: o Anátomo-patologista e o Patologista Clínico. Apesar da breve referência à patologia, na realidade, nosso foco ao longo do curso será a microbiologia de maneira detalhada, os caminhos, técnicas e métodos para análises clínicas laboratoriais, mas não podemos nos furtar a esclarecer algumas definições e conceitos e discutir ao final deste módulo a questão da ética e bioética que devem permear a vida de todos aqueles que lidam com seres humanos. De maneira geral, a Bioquímica Clínica é responsável por investigar materiais orgânicos, como sangue e urina. Os resultados apontam alterações metabólicas responsáveis pelo desenvolvimento de doenças. Nesse campo encontramos avaliação de proteínas, aminoácidos, enzimas, lipídeos, minerais, eletrólitos, aspectos bioquímicos da hematologia, como o ferro sérico, hormônios, marcadores tumorais, líquidos orgânicos, substâncias do sistema hepatobiliar, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 dentre outros analitos, que podem ser analisados quantitativamente e/ou qualitativamente, tanto que a identificação das doenças e as terapias apropriadas só podem ser estabelecidas com o emprego dessas análises. Atualmente, as investigações bioquímicas estão presentes em todos os ramos da medicina e fortemente inseridas nas relações médico-paciente. Exames mais conhecidos inclusos neste ramo são a dosagem de Glicose, Colesterol, Triglicerídios, Ácido Úrico, Ureia, Ácido Fólico, entre outros. No campo da microbiologia, a aplicação volta-se para o controle e prevenção de doenças e está associado às práticas assépticas, antibioticoterapia, quimioterapia e imunização, bem como com a epidemiologia ou epizootiologia e os métodos de diagnóstico das doenças infecciosas. Dentro do Laboratório de Análises Clínicas, algumas das atribuições do setor de microbiologia envolvem: isolamento e identificação de microrganismo envolvido em um processo infeccioso; determinação do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos para uso racional dos antibióticos; vigilância de microrganismos resistentes a vários ou até mesmo a todos os antibióticos; fornecimento de dados epidemiológicos dos diferentes agentes etiológicos de infecção hospitalar e perfil de sensibilidade; suporte microbiológico na investigação de surto. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões daacademia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 UNIDADE 2 – PATOLOGIA CLÍNICA/MEDICINA LABORATORIAL 2.1 Definição e estatísticas do setor A Patologia Clínica é uma especialidade médica cada vez mais ampla e complexa, que conta com a colaboração crescente de diferentes profissionais da área de laboratório de análises (farmacêuticos e bioquímicos, biomédicos, biólogos, químicos, entre outros). Também chamada mais recentemente de Medicina Laboratorial, esta especialidade pode ser definida como a área médica que conduz e interpreta testes laboratoriais aplicando técnicas químicas, físicas, físico-químicas, biológicas e morfológicas em pacientes, ou mais frequentemente, em materiais biológicos retirados de pacientes, tendo como objetivos principais diagnosticar ou afastar doenças, estabelecer o estágio de uma doença, colaborar para a indicação de prognóstico, acompanhar as repercussões da terapêutica ou verificar a presença de fatores de risco para agravos à saúde humana. No Brasil, a especialidade é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM, 2005) com o nome de Patologia clínica ou medicina laboratorial. Deve ser diferenciada de patologia cirúrgica ou anatomia patológica, especialidade que tem por objeto de análise os tecidos sólidos do corpo humano, geralmente obtidos por meio de biópsia. Através da realização de exames laboratoriais, a Patologia Clínica/Medicina Laboratorial fornece informações ao médico, de modo a proporcionar-lhe os meios necessários para atuar na prevenção, diagnóstico, tratamento, prognóstico e acompanhamento das enfermidades em geral. Para atingir esse propósito, o médico depende, essencialmente, da rapidez, precisão e exatidão dos valores fornecidos pelo laboratório de sua confiança. De acordo com Campana, Oplustil e Faro (2011), a patologia clínica/medicina laboratorial é uma especialidade direcionada a realização de exames complementares no auxílio ao diagnóstico, com impacto nos diferentes estágios da cadeia de saúde: prevenção, diagnóstico, prognóstico e acompanhamento terapêutico. Em conjunto, os laboratórios de patologia Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 clínica/medicina laboratorial e os de anatomia patológica, as clínicas de radiologia e imagem, os centros de diagnóstico e a indústria de diagnóstico formam o mercado da medicina diagnóstica. Os exames mais frequentes são realizados em sangue, urina, fezes e outros líquidos biológicos. Através desses exames, é possível identificar substâncias e quantificar muitas delas. As metodologias utilizadas são variadas, os laboratórios brasileiros dispõem de instrumentos iguais aos utilizados em países mais desenvolvidos. Um dos setores que mais evolui na medicina atualmente é o de laboratórios clínicos, no qual podemos observar a cada dia novas descobertas sobre marcadores de doenças, o que possibilita o início de tratamento precocemente ou mesmo a prevenção. O exercício da Patologia Clínica/Medicina Laboratorial obedece às normas do Código de Ética Médica em vigor, independente da função ou cargo ocupado pelo médico. Segue sempre os princípios fundamentais da ética, entre os quais destaca-se o que diz ser “a Medicina uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e devendo ser exercida sem discriminação de qualquer natureza”. O Patologista Clínico é o médico especialista em Medicina Laboratorial, que obteve sua titulação através de atendimento a critérios técnicos estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Atualmente, a prática da Patologia Clínica/Medicina Laboratorial está necessariamente associada à participação em Programas de Controle Externo e Interno da Qualidade. Desde 1978, a SBPC/ML supervisiona Programas dessa natureza. Eles permitem detectar erros analíticos antes da liberação de resultados, além de assegurarem a exatidão dos resultados que serão fornecidos aos clientes. Isto ocorre graças à análise de controles (sangues-controle), cujos resultados são conhecidos previamente e devem ser comparados aos encontrados pelos laboratórios. Caso isto não ocorra, o laboratório terá que, necessariamente, reavaliar seu sistema analítico antes de proceder às análises de amostras de seus clientes. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 Com o propósito de assegurar a qualidade de todas as etapas ou processos envolvidos nos serviços oferecidos pelos laboratórios clínicos, a SBPC/ML criou, em 1998, o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC), que tem o objetivo de oferecer maior confiança aos usuários através do Certificado de Acreditação, entregue aos laboratórios que cumprem os requisitos estabelecidos pelo Programa. Com os processos de Acreditação é possível verificar, através de auditorias externas periódicas, se o laboratório atende a padrões preestabelecidos relacionados ao ambiente; ao fornecimento de instruções para o preparo adequado do paciente para a coleta; transporte de material a ser analisado; calibração e manutenção de equipamentos; pureza da água reagente; cuidados com manipulação e estocagem de reagentes; procedimentos escritos para realização de cada exame; e, tratamento de resíduos, entre outros (SBPC, 2010). Embora haja poucos dados publicados sobre a dinâmica desse mercado, referente aos prestadores de serviços, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) estima que seja composto por cerca de 20 mil instituições e que represente um porte de aproximadamente R$ 10 bilhões anuais. Apesar do início de um processo de consolidação desse mercado, o consideramos bastante pulverizado (CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). Em dezembro de 2008, o país possuía 40.910.631 beneficiários de planos de saúde (excluindo os planos unicamente odontológicos) e estes utilizaram, em media, 11,15 exames por beneficiário (ANS, 2008). Estima-se, portanto, uma demanda no país pela assistência privada de cerca de 450 milhões de exames ao ano. Além desse volume,os exames da rede pública são a maioria. É importante ressaltarmos que o Sistema Único de Saúde (SUS) financia a maior parte da população, mas não cobre sua assistência, direcionando parte de seus gastos para a iniciativa privada. Diversos elementos indicam maior utilização da medicina diagnóstica no futuro. Atualmente, ela responde por cerca de 80% das decisões médicas, absorvendo apenas 11% dos custos em saúde (ANS, 2008; CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 2.2 Subespecialidades Compõe o quadro de subespecialidades desta área médica os seguintes campos diagnósticos e de pesquisa, conforme quadro abaixo: Especialidade Definição Química clínica Ocupa-se em analisar os componentes químicos do sangue, urina e fluidos orgânicos. Hematologia Analisa os componentes celulares do sangue, e eventualmente de outros fluidos orgânicos. Imunohematologia - Avalia as reações imunes dentro do sangue, especializando-se na análise dos antígenos, eritrocitários e suas interações com os respectivos anticorpos. Reveste-se de importância particular na Hemoterapia ou medicina transfusional. Imunologia Avalia o sangue (e eventualmente outros fluidos orgânicos) e componentes, através de suas interações imunológicas, ou seja, das reações antígeno – anticorpo. Microbiologia Estuda a flora microbiológica humana normal e patológica, detectando a presença de vírus, bactérias e fungos em amostras de procedência humana. Este estudo pode se estender também à análise dos microrganismos presentes nos ambientes ocupados pelo ser humano e objetos por ele utilizados. Bacteriologia - subespecialidade da microbiologia cujo objeto de estudo são as bactérias, incluindo sua identificação, caracterização e avaliação de susceptibilidade a antimicrobianos. Micologia - subespecialidade da microbiologia que estuda os fungos e micotoxinas. Virologia - subespecialidade da microbiologia que se ocupa da análise dos vírus. Parasitologia É a subespecialidade da Patologia Clínica que analisa as características dos parasitas externos (ectoparasitas) e internos (endoparasitas) do homem. Inclui o estudo dos protozoários parasitas sistêmicos – como os plasmódios (causadores da malária) –, através de métodos de detecção direta e indireta, o estudo dos artrópodes parasitas e a coprologia ou estudo macroscópico, microscópico e químico das fezes com o objetivo de se determinar o diagnóstico e prognóstico de doenças e parasitoses do sistema gastrointestinal. Uroanálise Analisa a urina e, eventualmente, outros fluidos orgânicos. Biologia molecular Compreende o estudo especializado de biomoléculas, tais como o DNA e RNA. Genética médica Ocupa-se do estudo da genética humana, em especial as cromossomopatias. Genética bioquímica Estuda, através de análises bioquímicas, as anomalias genéticas caracterizadas como erros inatos do metabolismo. 2.3 Profissionais envolvidos Ao médico especializado em laboratório de patologia clínica dá-se o nome de patologista clínico ou médico laboratorista. A falta desta titulação não impede que um médico de outra área da medicina possa atuar em um laboratório clínico com Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 responsabilidade técnica. Mas àquele que cumprir o período de residência médica na especialidade de patologia clínica será conferido o título de especialista após exame de avaliação. Biomédico, Farmacêutico, Biólogo são alguns dos profissionais graduados, legalmente habilitados para exercer responsabilidade técnica em laboratórios de patologia clínica. No Brasil, o médico patologista clínico passa por uma formação que inclui, além dos 6 anos regulamentares do curso superior em medicina, mais três anos de residência médica, sendo 1 ano em clínica médica e 2 anos em laboratório de análises clínicas. No seu trabalho, o patologista clínico pode interagir com outros profissionais, dentre eles: Nível superior Nível médio Biólogo Biomédico Bioquímico Cirurgião-dentista Farmacêutico Auxiliar técnico de laboratório. Técnico de laboratório de análises clínicas. Biotécnico. As diversas atividades e competências necessárias ao bom desempenho do ofício devem ser compartilhadas com estes profissionais, respeitando-se o limite de responsabilidade de cada um. As atribuições de cada profissional, bem como os limites de sua atuação, podem ser consultadas na CBO – Classificação Brasileira de Ocupações –, no site do Ministério do Trabalho e Emprego. Mediante a modernidade tecnológica que significa, hoje em dia, a automação e a informatização da maioria dos processos de análise, deve também o profissional possuir conhecimentos básicos nas áreas de engenharia e informática, que viabilizem sua interação frequente com os respectivos profissionais, também comumente envolvidos como auxiliares valiosos em todos os processos de análise. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 2.4 O Laboratório de Análises Clínicas numa visão empresarial O laboratório de patologia clínica é uma organização privada ou pública que produz serviços, os quais não podem ser estocados. Sua função é oferecer seus serviços dentro de um alto padrão de qualidade, respeitando padrões técnicos e administrativos normatizados e regulamentados pelos órgãos competentes, como a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo em sua PORTARIA CVS-01, de 18 de Janeiro de 2000 (CUNHA, 2004). Sua atuação dentro da área de saúde é realizar exames e testes laboratoriais através da coleta de material humano, servindo de contribuição para médicos na realização de diagnósticos e no estabelecimento de prognósticos. Estão autorizados a exercer a responsabilidade técnica desta organização, profissionais como médico, biomédico, farmacêutico e biólogo, conforme título IV item 2.3 da mesma portaria que diz: Chama-se laboratório médico o laboratório de responsabilidade técnica médica e laboratório de análises clínicas aquele cuja responsabilidade é atribuída ao biomédico, farmacêutico e biólogo, embora o negócio de todos eles seja a realização de exames laboratoriais. No caso do laboratório médico, a entidade poderá, além de realizar exames, prestar consultoria clínica devido à ampla visão sobre a medicina que este especialista tem, considerando sua formação como médico. Dentro da perspectiva de realização de exames laboratoriais, os laboratórios de patologia clínica evoluíram visivelmente, tanto no que diz respeito à tecnologia como em relação aos avanços profissionais (CUNHA, 2004). Juntamente com esta evolução, sua estrutura funcional e operacional modificou-se enormemente, caracterizando sua complexidade e exigindo um grande esforço no aspecto da gestão laboratorial para que seus processos se realizassem com eficácia, atendendo aos padrões preestabelecidos de qualidade e da própria legislação vigente. A moderna gestão de laboratório de patologia clínica busca, além de desenvolver os procedimentos administrativos básicos de comprar, pagar, prestar serviços e receber, realizar outras funções como administrara qualidade, a necessidade de recursos humanos especializados, o alto custo de insumos e Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 equipamentos, as exigências da legislação e a falta de domínio nos preços de seus serviços, os quais são estabelecidos por instituições extra laboratoriais. Segundo Ogushi e Alves (1998), num laboratório clínico, comumente, os preços dos serviços prestados são limitados por tabelas de instituições extra laboratoriais ou pela concorrência inter laboratorial. Acrescente-se, além disso, que a funcionalidade desses estabelecimentos defronta com outros obstáculos de difícil transposição e com implicações diretas no campo organizacional-financeiro, entre os quais cabe citar: exigências da legislação; alto valor financeiro do investimento tecnológico; necessidade de recursos humanos especializados; obrigatoriedade da qualidade total; e, incertezas do sistema nacional de saúde. Com isso, independente de sua natureza, seja ela estatal ou particular, intra ou extra-hospitalar, dever-se-á dar ao laboratório clínico um tratamento empresarial, dotando-o de objetivos planejados que lhe proporcionem a eficiência máxima, dando-lhe credibilidade técnica junto à comunidade médica e mantendo ativo o seu potencial econômico-financeiro. Por todas essas razões, torna-se imprescindível que os laboratórios de patologia clínica sejam vistos como organizações prestadoras de serviços, e ofereçam a esta instituição a relevância necessária a seus processos, valorização e qualificação no atendimento, qualidade no serviço, estrutura para desenvolvimento dos recursos humanos e disponibilização de tecnologia. No entanto, para que uma empresa obtenha êxito em seus processos, ela precisa contar com a participação efetiva das pessoas, pois são elas que executam as atividades e têm atitudes que venham agregar ou não valor aos serviços. Portanto, uma política consciente e eficaz dentro da estrutura organizacional, voltada para o desenvolvimento das pessoas, é uma ferramenta do processo administrativo. Para Motta, Corrêa e Motta (2001), o serviço prestado pelo laboratório clínico é uma atividade complexa, influenciada por vários fatores internos e Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 ambientais que podem comprometer seus resultados. A complexidade da prestação de serviços médico-laboratoriais evidencia a necessidade de os laboratórios clínicos repensarem suas estruturas, seus processos e também suas relações de trabalho, pois seus serviços estão profundamente comprometidos com a qualidade dos resultados. O que vale a pena salientar é que a razão do negócio de um laboratório clínico está essencialmente ligada à saúde do ser humano e, assim, a importância de conscientizar as pessoas sobre a responsabilidade de seu papel individual para a finalização do serviço prestado é fundamental para o desafio da qualidade (CUNHA, 2004). Considerando a alta complexidade econômica na operacionalização do laboratório de patologia clínica, os empresários deste setor vêm se empenhando em obter um tratamento empresarial que proporcione eficiência suficiente para realizar seu negócio com credibilidade junto a seus clientes e mantendo uma condição econômico-financeira que viabilize a competitividade da empresa. Dentro de vários aspectos de relevância para a finalização do negócio do laboratório de patologia clínica, podemos eleger no âmbito interno a capacitação técnica, o controle estatístico do processo (CEP), a funcionalidade, a produtividade, o desenvolvimento econômico e a ética profissional; e no âmbito externo, a credibilidade técnico-científica, a captação crescente da clientela, a rentabilidade e a respeitabilidade empresarial. A busca da excelência no desempenho destas ações faz com que a imagem da organização obtenha valor perante os vários segmentos que poderão compor o quadro de cliente do laboratório. No contexto organizacional, atualmente os laboratórios de Patologia Clínica estão estruturando-se como organizações do setor de serviços de saúde, que prestam serviços à comunidade e, para tanto, necessitam desenvolver tarefas administrativas. Algumas considerações a respeito do setor de serviços na saúde são relevantes para a estratégia que a empresa pretende adotar, como a compreensão e análise do mercado existente. Segundo Cobra (2001, p. 12), Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 Diante da precariedade do sistema público e do alto custo do atendimento particular, uma parcela cada vez maior de latino-americanos opta por planos e seguros de saúde. No Brasil, 39,8 milhões de pessoas, ou seja, 25% da população, são conveniadas com algum plano (...). Essa característica citada por Cobra (2001) mostra uma tendência que influencia a estratégia administrativa a ser adotada por este tipo de organização. Este dado indica que, atualmente, existe uma padronização até mesmo na remuneração dos serviços prestados no setor de saúde e, portanto, estas empresas precisam ser planejadas para sanar deficiências operacionais, objetivando a conquista de competitividade. Também outros aspectos como fatores econômicos e políticos, meio ambiente, desenvolvimento tecnológico e ambiente interno são ameaças ao negócio, mas a utilização sistemática de planejamento estratégico contribui para a organização afastar ou superar as ameaças que afetam sua competitividade. Para Cobra (2001, p. 34), “Planejar, significa prever e antecipar-se aos fatos. Alocar recursos físicos, humanos, tecnológicos e materiais, para poder obter resultados de vendas e lucros, por meio da satisfação de seus clientes”. A partir do momento em que o laboratório de patologia clínica passa a ser visto como uma organização, é importante que se façam algumas considerações em relação a ameaças e oportunidades e isto se faz através da avaliação do ambiente interno e externo da organização. Pontuando essas considerações, teríamos: este tipo de organização opera em um ambiente de alta complexidade por estar vulnerável a políticas governamentais, por desenvolver suas funções através de uma equipe de trabalho multidisciplinar, pela falta de informações específicas sobre o setor em relação ao aspecto administrativo e também pela presença de grupos de saúde como fontes pagadoras; a globalização também exerce alguma influência no setor, entre outras, novos critérios de qualidade baseados em certificações de órgãos internacionais e a mudança de comportamento do cliente externo, aumentando o grau de exigência em relação aos serviços. Portanto, desenvolver uma política de alta Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 eficiência interna passou a ser uma necessidade para melhorar o desempenho e a competitividade da organização. Diante deste cenário, os laboratórios de patologia clínica que tinham como premissa o crescimentocientífico como foco, estão buscando formas de enquadrar suas atividades dentro de procedimentos administrativos que viabilizem maior eficiência ao seu negócio, considerando que, para melhorar, é necessário desenvolver uma visão organizacional e estratégica (CUNHA, 2004). Ainda percebendo os laboratórios de patologia clínica como uma organização, eles precisam de setores essenciais! Identificar os setores essenciais do laboratório de patologia clínica implica em viabilizar a criação de um layout adequado e racional para a prática das funções pertinentes aos setores desta empresa. Obviamente, que a influência de alguns fatores como demanda de pacientes, número de profissionais, quantidade e diversificação de exames, quantidade e tipos de equipamentos interferem no dimensionamento do arranjo e planejamento físico do laboratório (CUNHA, 2004). Embora existam estas variáveis, considera-se que a estrutura básica e essencial para o funcionamento de um laboratório envolva os seguintes setores: atendimento (recepção e coleta de material); apoio (limpeza, lavagem de utensílios, copa e manutenção); técnico (bioquímica, hematologia, imunologia, microbiologia, parasitologia e uroanálise); administrativo (contabilidade, recursos humanos, compras e financeiro). Concordamos com Maximiano (2000) quando diz que a estratégia de uma organização é definida pelo tipo de negócio em que atua e por seus objetivos. Negócios e objetivos específicos criam necessidades e tarefas que exigem tipos diferentes de estrutura organizacional. Portanto, o dimensionamento e segmento de mercado influenciam diretamente na elaboração e construção da estrutura organizacional da empresa, tanto em relação ao dimensionamento do arranjo físico quanto à constituição da Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 equipe de colaboradores. O negócio e o objetivo da organização não só interferem na estrutura organizacional, como também determinam a escolha dos recursos humanos, pois as pessoas que a organização emprega devem ter afinidade com o negócio, formação e experiência profissional que correspondam às expectativas da empresa. Embora o laboratório de patologia clínica seja uma prestação de serviços que deve ser realizada por profissionais especializados na área, ele necessita de outros profissionais com formação variada para realizar a totalidade de seus processos do início ao término da prestação do serviço, como: auxiliar de enfermagem e de laboratório, digitadores, auxiliar administrativo e pessoal para executar a limpeza. Não podemos deixar passar despercebida a presença de pessoas no laboratório, afinal as organizações são feitas de pessoas e para pessoas. No laboratório, é preciso, além de identificar os setores, descrever a combinação da equipe multiprofissional com o arranjo físico apropriado e com tecnologia atualizada, indicando que a organização reúne as necessidades básicas para seu funcionamento. É de interesse do laboratório clínico, enquanto organização empresarial, que estas pessoas estejam empenhadas num objetivo comum e que tenham um comportamento compatível ao foco da organização. No entanto, algumas características individuais e pessoais são relevantes neste comportamento: personalidade, individualidade, aspirações, valores e atitudes, e objetivos próprios. Desenvolver as pessoas e as organizações implica em compatibilizar as motivações individuais e as da organização e, assim, promover o desenvolvimento do indivíduo e da empresa na qual ele está inserido. O trabalho em “time”, em parceria ou em equipe, já é o modelo predominante sobre aquele modelo antigo baseado no desempenho individual, tanto que essa realidade objetiva levar a organização a aumentar a produtividade, a competitividade e a eficiência. Robbins (2001) oferece as seguintes definições: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 Grupo de Trabalho – grupo cujos membros interagem basicamente para partilhar informações e tomar decisões, para mutuamente se ajudarem no desempenho em sua área de responsabilidade; Equipe de Trabalho – grupo cujos esforços individuais resultam em um desempenho, que é maior que a soma das contribuições de cada um dos objetivos. Algumas características fazem parte da formação de uma equipe, entre elas: aptidões dos membros, tamanho, distribuição e papéis, comprometimento com objetivo comum, estabelecimento de metas específicas, responsabilidade social e recompensas. Outro aspecto relevante em relação às pessoas dentro das organizações são as suas atitudes. Elas podem ser afirmações avaliadoras – favoráveis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos e acabam por refletirem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Portanto, avaliar as pessoas na organização demonstra que, através de suas características individuais, as pessoas podem agregar vantagens ou desvantagens ao desempenho da organização. Contudo, a eficácia da gestão em recursos humanos dispõe de algumas ferramentas que auxiliam na estruturação das equipes organizacionais como: recrutamento, processo seletivo, orientação das pessoas, modelagem de cargos, avaliação de desempenho, remuneração, programas de incentivo, benefícios, treinamento e qualidade de vida no trabalho (ROBBINS, 2002). 2.5 Tendências atuais No entendimento de Campana, Oplustil e Faro (2011), as principais tendências que terão forte impacto na medicina laboratorial na atualidade e num futuro próximo são as ferramentas de gestão, inserção de novos testes no mercado e rol de procedimentos, qualidade dos serviços em medicina diagnóstica, modelos de operação, automação, consolidação e integração, tecnologia da informação, medicina personalizada e genética. O aumento da população, o aumento da expectativa de vida, as melhorias nas condições sociais de parcela da população em detrimento de problemas crônicos de saúde de outro lado apontam para crescimento na utilização dos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 exames laboratoriais e também para sua importância na cadeia de saúde. Esse novo posicionamento, somado as novas expectativas de alta resolubilidade, pressiona o mercado e as companhias que o compõem a buscar mudanças e novas estratégias de atuação. Vamos falar um pouco das tendências propostas pelos autores citados anteriormente? a) Ferramentas de gestão A gestão em medicina diagnóstica por meio de modernas ferramentas administrativas é uma realidade do mercado. O número de publicações citando as mais diversas formas e ferramentas de gestão, modificando o foco das rotinas técnicas para os fluxos de processos das diferentes áreas das empresas, cresceu vertiginosamente. Dentre as principais ferramentas ou modelos de negócios utilizados em medicina diagnóstica, estão: o Lean Thinking, modelo de gestão com base em mapas de valor e eliminação de desperdícios, difundido pela Toyota e focado em velocidade e eficiência, e o Seis Sigma, ferramenta estatística de análise de variações, introduzida pela Motorola, focada principalmenteem precisão e acurácia. Diversos artigos publicados demonstram os resultados desses modelos, comprovando seu benefício para as operações técnicas, mediante a diminuição de erros, para os processos, melhorando a oferta dos serviços, e economicamente, gerando melhores margens para as empresas (NOVIS; KONSTANTAKOS, 2006 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). A utilização dessas ferramentas de gestão extrapola a medicina laboratorial e abrange todo o sistema de saúde, sendo discutida como potencial modelo de melhoria na qualidade em saúde, reduzindo os erros que levam milhares de pacientes a sequelas ou óbitos por tratamentos e diagnósticos não acurados, muitas vezes com base até em problemas regulatórios e de mercado (SPEAR, 2005 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). A ferramenta Seis Sigma passou a ser utilizada a partir dos anos 1990 em serviços médicos, iniciando suas implementações em hospitais nos EUA. Sua Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 estratégia é monitorar o processo e mantê-lo sob estabilidade, por meio de classificação, padronização e comparação dos processos, resultando em metodologias de busca da melhoria contínua (BERLITZ; HAUSENN, 2005). Outras ferramentas já foram estudadas e também demonstraram resultados importantes quando aplicadas em empresas de saúde. b) Inserção de novos testes no mercado e rol de procedimentos Devido ao crescimento das pesquisas na área médica, com base cada vez mais na genética, o uso dos testes laboratoriais será mais frequente e abrangerá todas as fases da cadeia de saúde: prevenção, diagnóstico, prognóstico e acompanhamento terapêutico. Após a II Guerra Mundial, com o advento de imunoensaios, automação, computação e técnicas moleculares, o número de testes laboratoriais nos EUA cresceu em 12% ao ano (BURKE, 2000 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). A evolução de testes e metodologias laboratoriais sofre diferentes influências já reportadas, como regulamentações, remuneração, mudanças na prática médica, tecnologia diagnóstica, custos e práticas de mercado (LABEAU, 1998 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). A educação orientada aos médicos referente à solicitação dos exames também será cada vez mais abrangente. Nos EUA, estudos demonstraram que apenas dois terços das universidades de medicina lecionavam medicina laboratorial. O resultado dessa baixa penetração pode ser traduzido pela significativa quantidade de exames solicitados com impacto pouco significativo no diagnóstico médico ou, ainda, pelos testes obsoletos que constam no rol das agências reguladoras e são comumente solicitados aos laboratórios em geral. Segundo Burke (2000 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011), o aumento dos novos testes disponíveis ocorrerá de forma acelerada. As técnicas moleculares dominarão a medicina laboratorial, serão automatizados, com preços acessivos e orientados à medicina personalizada. A utilização da avaliação de tecnologias em saúde (ATS) permitirá a padronização e a inserção no mercado de testes que apresentem custo-efetividade, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 definidas por meio de estudos abrangentes de custos, resultados (segurança e benefícios à saúde) e impactos (ético, social e organizacional). Com a ferramenta ATS, haverá também um processo definido e padronizado de inclusão de novas tecnologias no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão de regulamentação da saúde suplementar no Brasil. A Figura abaixo demonstra o fluxo de inclusão de novas tecnologias no mercado (ANVISA, 2008). Fluxo de inclusão de novas tecnologias no mercado Fonte: ANVISA (2008). A Agência Nacional de Saúde (ANS) definiu uma nova versão em 2008 dos procedimentos que obrigatoriamente devem ser cobertos para todos os beneficiários. Nesse rol, estão cerca de 2.900 itens. Essa ação é pautada na cobertura e não na remuneração e, na visão das operadoras, aumentará os custos assistenciais em até 10%, fato não endossado pela ANS. Essa percepção de aumento na sinistralidade tende a intensificar a pressão por custos sobre os prestadores. A velocidade da descoberta de novas tecnologias médicas aumenta a cada ano. Nos EUA, um estudo realizado com número significativo de laboratórios, em 1998, demonstrou que 55% destes haviam descontinuado algum tipo de exame nos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 últimos dois anos, sendo 75% dos casos devido a mudanças de tecnologia, seguidos por fatores de regulamentação. Citou-se, ainda, que 39% das empresas haviam incluído pelo menos algum teste no menu praticado. As razões do acréscimo desses exames foram em 22% dos casos para melhorar o gerenciamento dos pacientes, 19% para atender as necessidades dos clientes e comunidades atendidas, 13% devido a melhores tecnologias disponíveis no mercado e 11% pelo teste ser mais apropriado para determinado diagnóstico com base em novos conhecimentos médicos. O custo e a margem por exame foram citados em 24% dos casos como causa secundária de decisão. A medicina com base em evidências é uma das principais ferramentas para direcionamento dos testes a serem utilizados para determinados diagnósticos, tendo como base a efetividade dos exames. As principais finalidades das diretrizes são disseminar as melhores práticas, reduzir a variabilidade, elevar a confiabilidade dos testes para a decisão médica, aumentar a qualidade da assistência em saúde e a facilidade de disseminação e desenvolvimento profissional, auxiliar pesquisas clínicas e, por fim, melhorar a relação custo-efetividade do diagnóstico. No desenvolvimento de diretrizes diagnósticas, não apenas devem ser levadas em consideração as publicações científicas de alto padrão, mas também informações sociais, éticas, financeiras e considerações regionais (CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). c) A qualidade dos serviços em medicina diagnóstica A qualidade em assistência à saúde é percebida como fator qualificador de posicionamento e permanência no mercado. Hoje, há forte preocupação dos laboratórios em buscar formas de acreditação ou certificação da qualidade, ação apoiada e promovida pelas sociedades da classe. Em 1999, a Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina Laboratorial (WASPALM) e a Federação Internacional de Química Clínica (IFCC) publicaram uma declaração sobre a acreditação de laboratórios clínicos referindo que é do interesse dos pacientes, da Sociedade e do Governo que os laboratórios clínicos operem dentro de altos padrões de competência profissional e técnica devida, a saber: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 as decisões quanto a diagnóstico, prognóstico e terapêutica têm, frequentemente, base nos resultados ou na interpretação de exames laboratoriais e, portanto, danos irreversíveis podem ser causados por resultados errôneos; os usuários de serviçosde laboratórios, tanto pacientes quanto médicos, podem não possuir conhecimentos técnicos suficientes para avaliar se um laboratório está operando em nível satisfatório de qualidade; os pacientes e, em menor grau, os médicos podem não ter opção quanto a qual laboratório utilizar; os exames de laboratório podem ser dispendiosos e pacientes, seguradoras ou governo, que pagam os exames, têm o direito de esperar que o laboratório forneça informações válidas; é do interesse dos laboratórios que sua competência seja atestada por processo de auditoria, por comparação com padrões apropriados e que isso se torne público. Essa mesma declaração afirma que a acreditação é uma auditoria externa da capacidade do laboratório em oferecer serviços de alta qualidade, relacionando, assim, a qualidade dos serviços ofertados com a segurança do paciente. Qualidade, nesse contexto, pode ser definida como um conjunto de características de uma entidade que se relacionam com sua habilidade em satisfazer necessidades implícitas ou estabelecidas. É fornecer ao cliente informação clinicamente efetiva de maneira eficaz, sob o ponto de vista custo-benefício (SHCOLNIK, 2002). Diferentes modelos de programas de acreditação e certificação estão disponíveis no mercado e devem ser direcionadores dos processos das empresas de medicina diagnóstica. Como exemplo, podemos citar órgãos nacionais como: Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC); Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); e, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 Organização Nacional de Acreditação (0NA). E internacionais como os programas do College of American Pathologists (CAP) e o Joint Comission (JCI). d) Modelos de operação: consolidação, associações, entre outros Uma das principais discussões atuais refere-se aos novos movimentos do mercado de medicina diagnóstica. A pressão por custos e a dificuldade de acompanhamento nos investimentos em tecnologia realizados pelos líderes de mercado corroboraram para que as empresas familiares, maioria entre as empresas de medicina diagnóstica, iniciassem diferentes modelos de operação para sustentar- se ou garantir sua permanência no mercado. Campana, Oplustil e Faro (2011) observaram a partir daí uma série de novas ações realizadas, como abertura de capital para o mercado, associação em clusters de produção, aquisições de empresas por prestadores (consolidação) e operadoras de saúde (verticalização), terceirização das áreas técnicas, etc. Esse mesmo movimento ocorreu por todo o mundo, com instituições crescendo de forma expressiva tanto organicamente como por aquisições, como Labcorp Inc. nos EUA, BML Diagnostics no Japão e Unilabs/Capio atuante em praticamente toda a Europa, e também formando empresas que extrapolam as dimensões continentais, como Quest Diagnostics Inc., presente nos EUA e na índia e Sonic Healthcare, atuante nos países da Oceania e recentemente nos EUA. Os autores acima consideram o mercado de medicina diagnóstica no Brasil bastante pulverizado, com cerca de 20 mil empresas atuantes, segundo o CNES. Apesar da maioria do volume de exames disponível para o setor privado ser absorvida por número reduzido de empresas e estimam que o crescimento dos laboratórios de análises clínicas, em média, esteja em torno de 10% ao ano, com base no crescimento de vendas da indústria de diagnóstico in vitro, segundo dados da Câmara Brasileira de Diagnóstico (CBDL). O aumento das classes econômicas C e D é outro fator que levou as empresas a focar investimentos e atuações nesse ramo, oferecendo exames a Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 preços acessíveis e abrangendo a população não beneficiária de assistência privada e que encontra dificuldades no atendimento público. O processo de consolidação do mercado de medicina diagnóstica, ainda que incipiente, deverá continuar pelas próximas décadas e possivelmente atrairá novos grupos interessados nesse modelo de crescimento. Entende-se como principal benefício da consolidação, a velocidade de crescimento e de geração de escala para as companhias alcançarem seus objetivos de custos e sinergias. A associação entre diversas empresas nos denominados clusters de produção traz como principais benefícios a redução de custos diretos e a troca de experiências técnicas e de gestão; e deve continuar como uma das tendências desse mercado e ampliar seu escopo para maior integração de diferentes áreas das empresas, alcançando sinergias em setores administrativos, por exemplo. Esse modelo deve ter sua base de crescimento e de atuação de forma regional (CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). Outra tendência é o aumento das empresas denominadas nicho, isto é, aquelas que se posicionam de forma específica em seus produtos e serviços, oferecendo testes diferenciados e tecnologias novas. e) Automação, consolidação e integração Tradicionalmente, os laboratórios operam de forma departamentalizada e orientada por serviços (bioquímica, endocrinologia, hematologia, etc.). Esse modelo de operação demonstrou ser pouco eficiente e, por outro lado, a consolidação e a integração entre as áreas geram redução dos custos dos laboratórios e tende a aumentar com a utilização da automação pré-analítica (MARKIN; WHALEN, 2000 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). Automação laboratorial consiste na integração entre hardware e software desenhados para o processamento e a análise por completo das amostras e evoluiu de uma operação com base em aspectos mecânicos nos anos 1970 para um sistema orientado por informações complexas na década de 1990. Os métodos automáticos foram introduzidos na patologia clínica/medicina laboratorial nos anos 1950 pela Technicon por meio dos conceitos de fluxo contínuo. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 Uma das principais evoluções foi a utilização de equipamento multicanal, que permitiu a realização de dosagens de diversas substâncias em únicas plataformas. Atualmente, a maioria do volume processado nos laboratórios de análises clínicas está contemplada pelos equipamentos automatizados. Apesar de estimarmos mais de 5 mil tipos diferentes de exames disponíveis no mercado, um número reduzido destes é responsável por mais de 80% das rotinas técnicas em laboratórios com perfis ambulatoriais e hospitalares. As empresas voltadas para o mercado de apoio ou referência laboratorial apresentam um mix de exames diferente, sendo que as técnicas manuais ou “especializadas”, como radioimunoensaio, biologia molecular, cromatografia, entre outras, absorvem uma parte significativa do total de exames processados. A consolidação de um número maior de tipos de ensaio e metodologia em equipamentos gera resultados importantes aos laboratórios em termos de produtividade, diluição de custos de insumos acessórios, menor manipulação de amostras, menor número de tubos por pacientes e, consequentemente, menor chance de erros. A automação em análises clínicas pode ser dividida em três principais modelos de operação, combase na disposição dos hardwares envolvidos: a) Automação Modular (MA); b) Automação Total (TLA); e, c) Automação Direcionada por Tarefas (TTA). Todas essas modalidades integram, de diferentes formas, as fases pré- analítica, analítica e pós-analítica. A implementação de um tipo ou outro de automação requer estudo detalhado e avaliação de variáveis diversas, como volume de exames, mix de exames, atributos estratégicos desejados para a operação, níveis de serviços acordados com clientes, capacidade instalada e previsão de crescimento, necessidade de investimento, retorno sobre o capital investido e custo- benefício (CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). A escolha do modelo de operação deve considerar também o processo de produção do laboratório, sua relação com a assistência em saúde e o foco da empresa como negócio, resultando em indicadores financeiros (preferencialmente Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 retorno sobre investimento (ROI), operacionais e de melhoria dos processos (ANVISA, 2008). Aqui os principais pontos-chave para a implementação de automação laboratorial seriam: envolvimento de todas as partes relacionadas (stakeholders), com destaque para os funcionários e a equipe, justificativas financeiras e de investimentos, utilização de ferramentas de gerenciamento de projetos, alinhamento com o Sistema de Informação Laboratorial (LIS), definição de mix de exames a ser processado, estudo de logística de materiais, entre outros (YOUNG, 2000 apud CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). Os autores ressaltam que a evolução da automação laboratorial, em todas as suas fases, está intimamente relacionada com a evolução em tecnologia da informação (TI), incluindo os processos automáticos pós-analíticos, por meio de fluxogramas de interpretação (delta check, lógica fuzzy, etc), protocolos de repetição e diluição de exames, testes reflexos, etc. f) Tecnologia da informação A TI é uma das principais forças de mudança no mercado de medicina diagnóstica e permitirá uma integração cada vez maior dos diferentes players e segmentos da cadeia, como fontes pagadoras, prestadores, fornecedores, etc., e um controle mais eficaz da operação em todos os seus níveis, auxiliando na geração de valor a todas as partes relacionadas. A seguir, as principais tendências e modificações estruturais que a TI trará para o mercado de medicina diagnóstica, isto é, o direcionamento da informação do laboratório clínico do futuro: integração técnica e organizacional dos processos laboratoriais e gerenciamento da informação; evolução dos laboratórios para organizações virtuais/digitais desenhadas para relacionar-se com redes descentralizadas; evolução das bases de LIS para arquiteturas com base na internet; evolução dos laudos com base em texto para bases de imagens e internet; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 ênfase na necessidade de informação dos clientes (médicos e pacientes); maior preocupação com segurança, confidencialidade e legislações. Um importante exemplo de evolução da TI em saúde é o estabelecimento, por parte da ANS, de um padrão de Troca de Informação em Saúde Suplementar (TISS), para registro e intercâmbio de dados entre as operadoras e os prestadores de saúde, prevendo benefícios, como maior velocidade na comunicação, redução do uso de papel, facilidade na obtenção de dados para estudos epidemiológicos, realização de análises de custos, benefícios e investimentos, redução de custos administrativos, comparação de desempenho entre instituições e melhoria na qualidade da assistência à saúde. Ressalte-se que estes são os objetivos da TISS e não os resultados alcançados até o momento. g) Medicina personalizada e genética A medicina personalizada também é uma das tendências da assistência médica no mundo. Podemos defini-la como a utilização da genética e das características individuais como direcionadora dos métodos diagnósticos e terapêuticos. Os principais exemplos da medicina personalizada referem-se aos testes genéticos que designam escolhas terapêuticas individuais. Os testes genéticos já validados devem ser submetidos a estudos de sensibilidade, especificidade e valores preditivos em relação aos genótipos (validação analítica) e resultados assistenciais (validação clínica), assim como deve ser definido o custo- benefício de cada um desses ensaios, direcionando, principalmente para a população-alvo, implicações sociais, fenotípicas e de resultados financeiros (CAMPANA; OPLUSTIL; FARO, 2011). Algumas dificuldades e barreiras existem para a introdução dessa medicina na prática, como descobertas e definições que doenças de alta prevalência, como neoplasias, doenças cardíacas e diabetes, têm como base etiológica os componentes genéticos complexos e não mendelianos, dificultando a identificação dessas mutações. Variantes de múltiplos genes contribuem para uma pequena parte do risco total do paciente. Diversas dificuldades são encontradas na introdução desses testes nas rotinas médicas, como o relacionamento com as fontes pagadoras, pois ainda são Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 testes de alto valor, e a necessidade de estudos clínicos que demonstrem claramente o benefício da medicina personalizada. A evolução dos testes moleculares tornará essa metodologia acessível aos laboratórios clínicos, por meio de screenings de predisposições genéticas às doenças específicas, detecção de doenças infecciosas e determinação de expressões gênicas e moleculares. São previstos também a integração dessas metodologias à automação já existente, introduzindo esses ensaios nas rotinas laboratoriais. O advento desses testes genéticos implica em uma compreensão de qualidade de vida pelos pacientes de forma ambígua, podendo ser positiva pela possibilidade de prevenir a doença ou negativa pelo conhecimento da probabilidade de desenvolvê-la. Além disso, completam Campana, Oplustil e Faro (2011), devem ser considerados estudos de avaliação de tecnologias em saúde. 2.6 Identificação e avaliação de riscos e perigos Embora tenhamos um módulo específico para estudarmos a questão da biossegurança, é oportuno relembrar algumas reflexões iniciais sobre os riscos e perigos decorrentes da atividade relacionada com a medicina laboratorial. Faria et al. (2011) resumem perigo e riscos da seguinte maneira: Os perigos no ambiente de trabalho estão relacionados com qualquer tipo de fonte potencialmente danosa, em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação desses fatores. Os riscos são consequências dos perigos existentes no laboratório. Os laboratórios clínicos apresentam múltiplos riscos ocupacionais aos trabalhadores, categorizados como riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e para ocorrência de acidentes. É importante o laboratório identificar os riscos, avaliar os impactos que podem afetar o negócio e estabelecer critérios de priorização para a tomada de decisões, implementando estratégias e ações preventivas, a fim de evitar a instalação de falhas ou danospotenciais. A norma NBR ISO 31000:2009 – gestão de riscos, princípios e diretrizes, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), orienta e facilita essa Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 identificação em sua avaliação e na priorização para a tomada de decisões, propiciando a implantação de estratégias para melhorar a gestão de riscos laboratoriais. Perigo no ambiente de trabalho é definido como qualquer fonte, situação ou ato com potencial para dano em termos de lesões, ferimentos ou danos para a saúde ou uma combinação destes. Já o risco é consequência do perigo. Portanto, se os perigos estiverem ausentes, não há riscos no ambiente de trabalho. Como isso é praticamente impossível, trabalha-se na minimização do risco e dos impactos por meio de ações de bloqueio, mecanismos de controle e educação dos envolvidos, buscando-se maiores níveis de conscientização para as questões de saúde e segurança ocupacionais. Como o laboratório clínico é um lugar com inúmeras fontes de perigo, torna- se relevante o levantamento dos perigos para identificá-los adequadamente e avaliar os riscos a que estão submetidos os trabalhadores e terceiros que prestam serviços em suas instalações e vizinhança. Em consequência, os riscos no laboratório são multidimensionais, tanto do ponto de vista da estabilidade como da previsibilidade dos resultados. A gestão de riscos envolve necessariamente todos os níveis da empresa. Por que insistimos nessa questão? Devido a importância de alertá-los para a questão da sustentabilidade e da continuidade da realização dos serviços, que se relaciona com a implantação e a manutenção de um ambiente saudável no laboratório. A norma Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS), 18001:2007, contribui para o planejamento no reconhecimento dos perigos, na identificação dos riscos de exposição e, essencialmente, na promoção de ações, orientando a introdução de mecanismos de controle operacionais, o monitoramento das ações de bloqueio e o estabelecimento de instruções de trabalho associadas ao assunto. Considerar todos esses fatores de exposição dos trabalhadores em um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional é fundamental para o Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 desenvolvimento de boas práticas e vigilância na saúde do trabalhador, criando-se um ambiente de trabalho seguro (FARIA et al., 2011). Os perigos mais comuns no cotidiano podem ser divididos em físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes. Durante a jornada de trabalho, os funcionários do laboratório estão continuamente expostos a situações de risco, que podem gerar danos à sua saúde. Objetivamente, os agravos à saúde relacionados com o trabalho estão classificados em dois grupos. No primeiro, correlacionados com aspectos de segurança no ambiente de trabalho, incluem-se aqueles que demonstram a ruptura abrupta do equilíbrio entre as condições, o ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador, como os acidentes do trabalho e as intoxicações agudas de origem profissional. O segundo grupo inclui os agravos de caráter crônico, isto é, a doença profissional típica, definida como inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade. Essa categoria envolve as doenças relacionadas com o trabalho, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define como agravos, outros que, em adição a doenças profissionais legalmente desconhecidas, ocorrem em trabalhadores quando o ambiente ou condições contribuem significativamente para a ocorrência de doenças, porém em graus variados de magnitude. Os riscos físicos no laboratório envolvem a exposição excessiva a ruídos (por exemplo: centrifugação de materiais biológicos e automação laboratorial), radiações ionizantes (por meio da manipulação de radioimunoensaios) e variações de temperatura (ar condicionado, câmaras frias, autoclaves). Profissionais de saúde têm mais riscos de exposição a certas doenças infecciosas transmissíveis por via respiratória, devido à exposição a sangue e fluidos orgânicos, por via fecal-oral e por contato. A exposição ocupacional ao material biológico representa um risco aos trabalhadores dos laboratórios clínicos, devido à possibilidade de transmissão de patógenos, como os vírus das hepatites B e C (HBV e HCV) e o vírus da imunodeficiência humana (HIV). As consequências dessa exposição podem afetar diretamente os trabalhadores, atingindo-os nos aspectos físico, psicológico, familiar e social. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 As avaliações de risco e vigilância em saúde para a exposição a agentes químicos no ambiente de trabalho se justificam pelo crescimento do uso de substâncias químicas nas atividades de produção, armazenamento e transporte. Isso também pode ocasionar um impacto marcante no meio ambiente e na saúde do homem, tanto em razão da exposição ocupacional quanto da contaminação ambiental decorrente deles. Em nível global, essa exposição também aumenta no número de trabalhadores expostos a esses riscos. Porém, nem sempre a exposição a produtos químicos resulta em efeitos prejudiciais à saúde. Ela dependerá de fatores como tipo de agente químico e sua concentração, frequência e duração da exposição, práticas e hábitos laborais e suscetibilidade individual. Acidentes químicos correspondem a eventos agudos, como explosões, incêndios e emissões, atuando individualmente ou combinados, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas, com potencial de causar simultaneamente múltiplos danos ao meio ambiente e à saúde dos seres humanos expostos. A ampliação das consequências desses acidentes não se restringe somente à possibilidade de causar óbito, mas engloba o potencial da gravidade e a extensão de seus efeitos, que podem ultrapassar os limites espaciais (laboratório, vizinhança, cidade) e temporais (teratogênese, carcinogênese, mutagênese e danos a órgãos-alvo específicos). No laboratório, há outros fatores de exposição, como os ergonômicos, mecânicos e de acidentes, que também impactam a integridade da saúde dos trabalhadores. Os riscos ergonômicos e psicossociais no laboratório decorrem da organização e da gestão do trabalho; podem ser apontados os esforços repetitivos, os turnos diferenciados de trabalho e o controle rígido da produtividade. As medidas ergonômicas relacionadas com a postura no ambiente de trabalho, assim como as soluções implementadas preventivamente, são mais positivas, especialmente quando associadas à utilização de técnicas corretas no processo de trabalho (BRASIL, 2001; SILVA, 1998). Enfim, para cada macroprocesso, é preciso conhecer atividades e situações presentes em suas operações, regime da atividade, perigos relacionados, danos Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 potenciais, controles vigentes (equipamentos de proteção coletiva e individual, procedimentos, sinalizações)e postura em relação à segurança. A identificação de perigos considera as interações dos processos com funcionários, contratados, visitantes, clientes e vizinhança. Nela, o comportamento humano precisa ser considerado, devido à possibilidade de adesão ou não aos programas de Saúde e Segurança Ocupacional (SSO). Os perigos devem ser avaliados em todas as situações, corriqueiras/normais do cotidiano laboratorial ou anormais, e para os potenciais acidentes que podem vir a acontecer no âmbito laboratorial. Deve-se observar, nessa avaliação, a existência ou não de legislação específica aplicável ao ambiente de trabalho que está tendo seus perigos e riscos avaliados. É importante considerar o layout do local de trabalho, os processos, as instalações, os equipamentos, os procedimentos operacionais e a organização do trabalho, o qual deve ser revisto periodicamente, condicionando-se a remodelações nos processos, inovações de área física e/ou introdução de novas atividades. A responsabilidade pelo levantamento é dos gestores em conjunto com os responsáveis de cada atividade. O detalhamento dos danos potenciais é importante porque são essas as informações que auxiliarão a formação de critérios a serem usados na classificação dos riscos. Para facilitar essa tarefa, recomenda-se a preparação prévia de uma tabela com os perigos e danos correspondentes. Nela descrevem-se a natureza, o tipo do perigo e o dano correspondente com a pontuação para seu nível de severidade: discretamente prejudicial (1); prejudicial (2); e, extremamente prejudicial (3). Os riscos podem ser reduzidos a partir da seguinte hierarquia: eliminação, substituição, controles de engenharia, sinalizações de riscos e equipamento de proteção individual. As mudanças impactam vários aspectos no laboratório, como cultura, métodos de trabalho, tecnologias e formas como os indivíduos interagem entre si, e os processos sobre os quais passarão a atuar (FARIA et al., 2011). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 UNIDADE 3 - HISTÓRIA E CONCEITO DE MICROBIOLOGIA Microbiologia é o ramo da Biologia dedicado ao estudo dos seres vivos microscópicos, geralmente muito pequenos para serem observados a olho nu. A palavra “microbiologia” deriva de três palavras gregas: mikros, pequeno; bios, vida; e, logus, ciência. No campo da Microbiologia estão incluídas as bactérias (Bacteriologia), fungos (Micologia), vírus (Virologia), algas microscópicas e protozoários (Parasitologia ou Protozoologia). Como microrganismos não podem ser vistos a olho nu, apesar de alguns tipos de bactérias, algas e fungos terem sido observados por Leeuwenhoek (1675), foi somente com o desenvolvimento de modernos microscópios ópticos compostos, do microscópio eletrônico e de técnicas especializadas que os pesquisadores tomaram conhecimento do grande número e da variedade de microrganismos. Nosso meio ambiente está repleto de microrganismos, tanto que as bactérias e os fungos degradam resíduos orgânicos como plantas e animais mortos, despejos de esgoto e restos de alimentos, representando o grupo de seres vivos mais amplamente distribuído na Natureza. Calcula-se que em cada indivíduo existem 100 trilhões de microrganismos, que estão distribuídos na pele e mucosas, cabelos, superfícies dos dentes e ao longo do intestino. Cada grama de fezes humanas contém cerca de 10 milhões de bactérias (JORGE, 2010). A princípio, os microrganismos foram considerados apenas como objetos de especulação, com pouco significado. Entretanto, com a contribuição de vários pesquisadores, a visão e a importância dos microrganismos mudou rapidamente. 3.1 Alguns trabalhos importantes ao longo dos séculos Antony Van Leewenhoek (1632-1723) foi o primeiro homem a observar microrganismos. Durante cinquenta anos, em Delft, na Holanda, Leewenhoek realizou observações com ajuda de um microscópio rudimentar com aumentos calculados entre cinquenta a trezentas vezes. Com esses instrumentos, o Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 pesquisador realizou notáveis observações e descrições das formas microscópicas de vida. Entre suas observações, podem ser encontradas descrições de protozoários, formas básicas de bactérias, fungos e algas. Em 17 de setembro de 1683, Leewenhoek relatou observações de microrganismos encontrados em sua cavidade bucal, com precisão de detalhes, descrevendo formas e movimentos, o que é aceito até os dias atuais. Novas observações de microrganismos bucais (superfície de dentes e língua) foram relatadas em cartas redigidas entre 1697 e 1708. Observações de muitas outras descobertas do mundo microbiano foram relatadas e enviadas à Royal Society of London, considerada principal instituição científica da época. O francês Louis Pasteur (1822-1896) foi o primeiro cientista a atribuir uma função biológica para os microrganismos. As contribuições de Pasteur foram responsáveis por medidas mais eficazes na prevenção de doenças infecciosas e na compreensão dos aspectos básicos da vida dos microrganismos. Pasteur relatou importantes descobertas nas fermentações microbianas, pasteurização de produtos e alimentos e desenvolvimento de importantes vacinas efetivas frente a doenças como carbúnculo e raiva. O pesquisador contribuiu para a queda da teoria da geração espontânea, para o desenvolvimento de métodos de controle de microrganismos, assim como na relação entre esses microrganismos e doenças humanas e de animais. Robert Kock (1843-1910), médico alemão, demonstrou de maneira direta o significado etiológico das bactérias como agentes de doença infecciosa, o que foi confirmado posteriormente por Pasteur e outros cientistas. Kock estabeleceu uma sequência definida de etapas experimentais para demonstrar e comprovar que determinado microrganismo era, de fato, agente etiológico de determinada doença. A base teórica dessas etapas foi, na verdade, proposta por Jacob Henle, em 1840. Entretanto, com os experimentos de Kock comprovando correlação entre Bacillus anthracis e o carbúnculo, a teoria microbiana de doenças foi confirmada (JORGE, 2010). As etapas do Postulado de Koch são as seguintes: a) O agente etiológico deve ser encontrado em todos os casos da doença. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 b) O microrganismo deve ser isolado do hospedeiro e crescer em cultura pura. c) A cultura pura do microrganismo suspeito deve reproduzir a doença específica após sua inoculação em animal suscetível. d) O mesmo microrganismo deve ser novamente isolado do hospedeiro infectado. Joseph Lister (1827-1912), médico inglês, impressionado com os trabalhos de Pasteur sobre microrganismos, concluiu que a infecção cirúrgica, muito comum na época, deveria ser de origem microbiana. Lister estabeleceu uma série de procedimentos visando prevenção de acesso de microrganismos aos ferimentos após atos cirúrgicos, como esterilização de instrumentais e aplicação de antisépticos nos ferimentos. Os processos de Lister foram inicialmente recebidos com críticas pela medicina da época, mas posteriormente provaram
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