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Delegado de Polícia Aula 06

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Aula 06
Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)
Professor: Vinicius Silva
Peça Prática para Delegado de Polícia de Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva ± Aula 06 
Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 40 
AULA 06: Representação por medida cautelar 
diversa da prisão (art. 319, do CPP). 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Apresentação 1 
2. Aspectos teóricos acerca das medidas cautelares diversas 
da prisão 
2 
3. Representação por medida cautelar diversa da prisão 12 
4. Modelo Representação por medida cautelar diversa da 
prisão 
16 
5. Questão de prova 23 
6. Questões propostas 28 
7. Respostas das questões propostas na aula 05 30 
 
 
 
 
1. Apresentação 
 
Olá futuro Delta, 
 
O nosso curso nessa aula passará de sua primeira metade e o ritmo dos 
estudos e das aulas começa a acelerar. 
 
A cautelar de hoje é muito boa e pode ser perfeitamente cobrada em 
prova, pois se trata de uma novidade legislativa, prevista na lei n° 
12.403/2011, que trouxe muitas alterações na sistemática das prisões 
cautelares e liberdade provisória, como também um rol de medidas 
cautelares diversas da prisão. 
 
A lei acima nos remete ao raciocínio de que a prisão passa a ser a 
ultima ratio, quando o assunto são medidas cautelares. Ou seja, você, 
na qualidade de delegado de polícia vai pensar na prisão apenas após 
verificar que as medidas cautelares diversas são insuficientes. 
 
 
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Peça Prática para Delegado de Polícia de Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva ± Aula 06 
Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 40 
As medidas são reguladas no próprio código de processo penal, nos 
arts. 282, 319 e 320. Vamos abordar aspectos teóricos sobre as 
medidas e trabalhar com as principais dicas de produção da peça. 
 
Ressalto que não se trata de uma medida cautelar complexa, ela se 
parece muito com a representação por prisão preventiva, pois ela vem 
substituir essa espécie de prisão. Assim, os requisitos para a medida são 
muito parecidos. 
 
2. Aspectos teóricos acerca das medidas cautelares diversas da 
prisão 
 
A primeira coisa que deve ser dita a respeito dessas medidas, é que se 
tratam de medidas cautelares de natureza pessoal, pois atingem a 
esfera da pessoa do investigado/indiciado. 
 
As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas nos arts. 319 e 
320 e vieram para o processo penal de modo a garantir que a prisão 
cautelar seja a ultima ratio, no que diz respeito a cautelares. 
 
Ou seja, o juiz, quando decide, e a autoridade policial, quando 
representa, devem pautar o exercício de suas funções pela concessão de 
uma medida cautelar diversa da prisão sempre que for suficiente para o 
caso concreto. 
 
As medidas cautelares diversas da prisão são concedidas de forma 
incidental, no curso do processo ou no decorrer das investigações é 
nessa última fase que estaremos inseridos, o nosso curso vai tratar das 
medidas quando no decorrer do inquérito policial, na maioria das vezes. 
 
A lei 12.403/2011 foi a responsável pela introdução no código de processo 
penal dessas medidas e seu regramento acabou com a antiga 
bipolaridade que havia no processo penal, quando o assunto eram as 
cautelares. 
 
Antes da referida lei, havia duas possibilidades, que eram a prisão 
cautelar e a liberdade provisória, com ou sem fiança. No entanto, 
após a edição da referida lei o juiz poderá decretar a prisão cautelar ou a 
liberdade provisória com ou sem fiança, cumulada com outra medida 
cautelar. 
 
Essa última previsão foi a inovação da lei e acabou com a velha 
bipolaridade das cautelares. 
 
Outro ponto relevante é o fato de que as medidas cautelares diversas da 
prisão podem servir como instrumento de contracautela ou de 
cautela, pois podem substituir uma prisão em flagrante ou preventiva, 
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Peça Prática para Delegado de Polícia de Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva ± Aula 06 
Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 40 
por exemplo, ocasião em que estarão tendo natureza de contracautela; 
ou podem ser decretadas em face de um investigado solto, momento em 
que estarão servindo de instrumento de cautela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O poder geral de cautela é previsto no processo civil e através dele o juiz 
pode conceder qualquer medida cautelar inominada que tenha finalidade 
cautelar, ou seja, de resguardar um direito. 
 
A doutrina se divide quanto a esse tema, mas podemos garantir que a 
melhor posição a ser adotada em concursos policiais é a já pacificada no 
STF e STJ, de que é possível que o juiz admita uma cautelar não prevista 
em lei, desde que essa medida não seja mais gravosa que a prisão. 
 
Quem defende essa doutrina está vinculado ao princípio da 
proporcionalidade. 
 
Os requisitos para o deferimento da medida, como qualquer medida 
cautelar são o fumus comissi delicti e o periculum libertatis. 
 
O primeiro requisito se dá da mesma forma com que estudamos nas aulas 
de prisão, notadamente na aula de prisão preventiva, ou seja, a prova da 
existência do crime e os indícios suficientes de autoria e materialidade. 
Estamos falando da plausibilidade do cometimento do delito, ou seja, a 
Professor as medidas cautelares que 
podem ser decretadas são apenas as 
previstas no CPP, com o advento da lei 
12.403/2011? 
Excelente pergunta, Aderbal, e ela se 
responde com o chamado poder geral de 
cautela e sua aplicação no processo penal. 
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Prof. Vinícius Silva ± Aula 06 
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probabilidade de que o investigado/indiciado seja denunciado e 
condenado pela autoria ou participação em um crime que se sabe ter 
ocorrido. 
 
Essa é a previsão do art. 312: 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser 
decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da 
instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver 
prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria. 
 
Veja que em relação à materialidade, devemos ter a certeza de que ele 
aconteceu. Doutra banda, em relação à autoria, precisamos apenas de 
prova semiplena, indícios suficientes de autoria. 
 
Quanto ao requisito do periculum libertatis, Estamos falando do perigo 
que a liberdade do investigado representa para o decorrer da investigação 
e do próprio processo, ou seja, da persecução penal. 
 
Nesse ponto você vai ter que ter feeling de delegado de polícia, pois 
diante do caso concreto vai verificar que a liberdade do acusado vai gerar 
problemas, pois ela pode ocasionar a reiteração criminosa, a 
inconveniência da instrução criminal ou vai dificultar a aplicação da lei 
penal. 
 
Esses requisitos estão previstos tanto para a preventiva quanto para uma 
cautelar diversa da prisão. 
 
Art. 282. As medidas cautelares previstas 
neste Título deverão ser aplicadas 
observando-se a: (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
 
I - necessidade para aplicação da lei penal, 
para a investigação ou a instrução criminal 
e, nos casos expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações penais; 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Quanto ao cabimento, você deve ficar ligado, pois temos uma diferença 
muito importante em relação à preventiva. Você deve estar lembrando 
que na representação por preventiva, ela é cabível nos casos 
especificados no art. 313, do CPP, onde o legislador prevê uma série de 
situações em que cabe a preventiva. 
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Prof. Vinícius Silva ± Aula 06Prof. Vinícius Silva www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 40 
Não se esqueça de que eu só falo em requisitos de cautelaridade se 
a peça for cabível, ou seja, a sequência correta na peça é primeiro falar 
do cabimento e depois dos requisitos de cautelaridade. 
 
Portanto, é fundamental saber quando cabem as medidas cautelares 
diversas da prisão. 
 
A diferença é substancial, pois enquanto a preventiva tem no CPP, no 
art. 313 os casos de cabimento dela, as medidas cautelares 
diversas da prisão podem ser decretadas em qualquer crime em 
que seja prevista pena privativa de liberdade. 
 
Ou seja, eis aqui uma grande diferença entre a preventiva e as cautelares 
diversas da prisão. 
 
Essa é a previsão do art. 283, § 1°: 
 
§ 1o As medidas cautelares previstas neste 
Título não se aplicam à infração a que não 
for isolada, cumulativa ou alternativamente 
cominada pena privativa de liberdade. 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Portanto, quanto ao cabimento, cuidado com essa pegadinha, pois aqui 
estamos diante de uma distinção relevante. 
 
Outra particularidade dessas medidas é o fato de elas serem decretas 
isolada ou cumulativamente, ou seja, o juiz pode achar que não é 
suficiente uma medida cautelar e pode decretar outra medida em 
cumulação para atingir a finalidade. 
 
Um exemplo muito comum é o de brigas de torcidas organizadas. O juiz 
pode muito bem decretar uma medida cautelar de proibição de frequentar 
estádios de futebol, no entanto a fiscalização quanto a essa medida se 
torna muito difícil por parte do Estado, caso ela seja decretada 
isoladamente. 
 
Para suprir essa lacuna, o juiz pode decretar a proibição de frequentar 
estádios de futebol, cumulada com a monitoração eletrônica. As 
duas medidas cumuladas surtem muito mais efeito e a fiscalização por 
parte do Estado se torna mais eficaz. 
 
 
 
 
 
 
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OBS.1: 
 
A internação provisória é a única medida cautelar que não pode ser 
decretada em cumulação com outra medida, uma vez que o 
investigado/indiciado terá sua liberdade cerceada, não podendo haver 
cumulação com outra medida, por razões óbvias. 
 
OBS.2: 
 
Em relação à internação provisória, temos que cumprir um outro requisito 
de cabimento, ou seja, só será admitida a internação provisória, quando o 
crime houver sido praticado com violência ou grave ameaça. 
 
As observações acima podem ser constatadas mediante a análise do 
dispositivo abaixo. 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas 
da prisão: (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
(...) 
 
Professor, e no caso de 
internação provisória do 
investigado? 
Excelente pergunta caro Aderbal, no caso da 
internação provisória, temos duas 
observações a serem feitas. 
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VII - internação provisória do acusado nas 
hipóteses de crimes praticados com 
violência ou grave ameaça, quando os 
peritos concluírem ser inimputável ou 
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e 
houver risco de reiteração; (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
 
 
Outro fato importante a ser ressaltado nesse ponto é a reserva de 
jurisdição a que estão sujeitas as medidas cautelares diversas da prisão, 
ou seja, não pode o delegado, de ofício, determinar qualquer das medidas 
cautelares do art. 319 e 320, do CPP. 
 
Essa é a dicção doa art. 282, §2°: 
 
§ 2o As medidas cautelares serão decretadas 
pelo juiz, de ofício ou a requerimento das 
partes ou, quando no curso da investigação 
criminal, por representação da autoridade 
policial ou mediante requerimento do 
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ou seja, em uma prova discursiva, tome muito cuidado com a 
generalização, pois a fiança pode ser decretada pelo delegado de polícia 
nos seguintes casos: 
 
Art. 322. A autoridade policial somente 
poderá conceder fiança nos casos de 
infração cuja pena privativa de liberdade 
Cuidado com a fiança, pois essa é uma 
exceção, uma vez que você, futuro 
delegado de polícia, no exercício de suas 
funções poderá decretar a fiança em 
alguns casos em que a lei permite. 
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máxima não seja superior a 4 (quatro) 
anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
Parágrafo único. Nos demais casos, a 
fiança será requerida ao juiz, que decidirá 
em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
OBS.: 
 
O delegado pode conceder fiança, no entanto, pelas próprias 
circunstâncias do código, o delegado só pode aplicar a fiança nos 
casos de prisão em flagrante, ou seja, quando o delegado impõe a 
fiança nos casos em que é permitido a ele fazer isso, estaremos diante de 
uma medida cautelar de natureza de contracautela. 
 
Assim como na representação por prisão preventiva, deverá haver o 
chamado contraditório prévio, em regra, que, na maioria dos casos 
concretos, pode ser excepcionado, caso corra risco de ineficácia a medida 
cautelar representada. 
 
Vejamos a redação do art. 282, §3°: 
 
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou 
de perigo de ineficácia da medida, o juiz, 
ao receber o pedido de medida cautelar, 
determinará a intimação da parte 
contrária, acompanhada de cópia do 
requerimento e das peças necessárias, 
permanecendo os autos em juízo. (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Veja que o contraditório prévio é a regra, mas que admite exceções, que 
são os casos urgentes ou em que se corre o risco de ineficácia da medida. 
 
A inobservância dessa regra deve ser devidamente fundamentada pelo 
delegado de polícia em sua representação. 
 
Nos casos excepcionais o contraditório será o postergado, ou seja, o 
delegado vai requerer ao juiz que o contraditório seja exercido em 
momento oportuno, por meio de habeas corpus ou qualquer outra medida 
cabível, uma vez que se for exercido anteriormente à concessão da 
medida, esta pode restar ineficaz. 
 
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Por fim, um último aspecto teórico importante acerca das medidas 
cautelares é que elas podem ser substituídas por outras, reforçadas ou 
substituídas por prisão preventiva. 
 
§ 4o No caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas, o juiz, 
de ofício ou mediante requerimento do 
Ministério Público, de seu assistente ou do 
querelante, poderá substituir a medida, 
impor outra em cumulação, ou, em último 
caso, decretar a prisão preventiva (art. 
312, parágrafo único). (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
Veja que o parágrafo acima prevê que o juiz tem três possibilidades de 
medidas a serem tomadas em caso de descumprimento das obrigações 
impostas. 
 
No entanto, não há muita relevância para nós que estamos estudando 
para concurso de delegado de polícia, pois a autoridade policial não está 
entre os legitimados para requerer esse reforço ou substituição. 
 
Veja que a lei menciona que apenas o juiz, de ofício, ou mediante 
requerimento do MP, poderá tomar as medidas acima. 
 
Para finalizar esse tópico vamos mencionar asmedidas cautelares 
previstas no CPP. Lembrando-se de que, de acordo com o poder geral de 
cautela, pode o juiz deferir medida cautelar não prevista em lei, desde 
que seja menos gravosa que a prisão. 
 
Eis o rol: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas 
da prisão: (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
I - comparecimento periódico em juízo, no 
prazo e nas condições fixadas pelo juiz, 
para informar e justificar atividades; 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
II - proibição de acesso ou frequência a 
determinados lugares quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o 
indiciado ou acusado permanecer distante 
desses locais para evitar o risco de novas 
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infrações; (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
III - proibição de manter contato com 
pessoa determinada quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o 
indiciado ou acusado dela permanecer 
distante; (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca 
quando a permanência seja conveniente ou 
necessária para a investigação ou 
instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
V - recolhimento domiciliar no período 
noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e 
trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
VI - suspensão do exercício de função 
pública ou de atividade de natureza 
econômica ou financeira quando houver 
justo receio de sua utilização para a prática 
de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
 
VII - internação provisória do acusado nas 
hipóteses de crimes praticados com 
violência ou grave ameaça, quando os 
peritos concluírem ser inimputável ou 
semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e 
houver risco de reiteração; (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, 
para assegurar o comparecimento a atos 
do processo, evitar a obstrução do seu 
andamento ou em caso de resistência 
injustificada à ordem judicial; (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
 
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§ 1o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
§ 3o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com 
as disposições do Capítulo VI deste Título, 
podendo ser cumulada com outras medidas 
cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
Art. 320. A proibição de ausentar-se do 
País será comunicada pelo juiz às 
autoridades encarregadas de fiscalizar as 
saídas do território nacional, intimando-se 
o indiciado ou acusado para entregar o 
passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) 
horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
 
Esse é o rol taxativo, embora não exaustivo das 10(dez) medidas 
cautelares diversas da prisão que podem ser adotadas pelo juiz no 
decorrer da persecução penal, de modo a assegurar a efetividade do 
processo e a execução da própria sentença penal condenatória que vier a 
ser prolatada em face do acusado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A dica que eu dou para você aqui nesse ponto 
é dar uma lida rápida e tentar visualizar 
sempre um exemplo para o qual se adequa 
cada uma das medidas listadas no rol do CPP. 
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3. Representação por medida cautelar diversa da prisão 
 
3.1 Legitimação 
 
A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no 
art. 282, §2°, do CPP. Vejamos: 
 
§ 2o As medidas cautelares serão 
decretadas pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento das partes ou, quando no 
curso da investigação criminal, por 
representação da autoridade policial ou 
mediante requerimento do Ministério 
Público. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
Portanto, a legitimidade ao delegado é dada pelo próprio Código de 
Processo Penal. 
 
Essa legitimação deverá constar no seu preâmbulo, de modo a legitimar 
a sua representação. 
 
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos 
 
Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também, 
acostume-se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas 
técnicas de resumo de textos, que você encontra em um bom livro de 
produção textual. 
 
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre 
destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação 
jurídica. 
 
Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser 
repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena 
utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo: 
 
 
O que? 
 
Quem? 
 
Quando? ACONTECEU 
 
Onde? 
 
Por que? 
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Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem 
objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a 
pontuação dessa parte estará garantida. 
 
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até 
quando estiver contando uma história a algum colega. 
 
Vale a pena mencionar os fatos que vão tornar a sua medida 
cabível, ou seja, se é um indivíduo que atua em torcidas 
organizadas e você vai representar pela proibição de acesso aos 
estádios, vale a pena mencionar os fatos que o levarão a 
representar por essa medida. 
 
No caso das cautelares diversas da prisão, o enunciado vai 
mencionar, geralmente, que se trata de uma pessoa que não 
cumpriu pena por crime doloso, que não faz parte de organização 
criminosa, ou seja, que não se trata de um agente delituoso 
contumaz. 
 
Isso é importante ressaltar nos fatos, pois é a partir daí que você 
vai motivar a desnecessidade da prisão e a suficiência de uma 
medida cautelar diversa da prisão. 
 
3.3 Fundamentos jurídicos 
 
A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais 
pontos, nela você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a 
medida cautelar pela qual representa. 
 
Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes. 
 
A primeira será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar 
o crime. Aqui você mostrará que sabe identificar o crime que ocorreu em 
meio à historinha que foi contada no enunciado. Existem provas, como a 
da PCDF de 2009, em que você deveria tipificar a conduta de cada um 
dos envolvidos, portanto é de suma importância saber qual crime ocorreu. 
 
Algumas provas já afirmam no enunciado o crime que ocorreu, o que 
torna a sua tarefa mais simples nesse ponto. 
 
A segunda parte da fundamentação se destina ao cabimento, ou 
seja, você deverá mostrar que o crime sob investigação é punido com 
pena privativa de liberdade, seja qual for a quantidade de pena. 
 
Lembre-se de que, diferentemente da prisão preventiva, aqui é suficiente 
que o crime seja punido com pena privativa de liberdade. Assim, a 
primeira parte, em que você tipifica a conduta do representando, pode ser 
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mesclada com o cabimento e você pode mencionar em um tópico apenas 
qual o delito cometido e que é cabível a medida solicitada. 
 
Lembre-se de que o artigo do código que lhe dá fundamento para tanto é 
o seguinte: (art. 283, §1°) 
 
§ 1o As medidas cautelares previstas neste 
Título não se aplicam à infração a que não 
for isolada, cumulativa ou alternativamente 
cominada pena privativa de liberdade. 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Se você conseguir memorizar o dispositivo acima isso valorizará muito a 
sua peça. 
 
A terceira parte se refere aos requisitos de cautelaridade, estamos 
falando do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. 
 
Devemos mostrar que está presente a justa causa, ou seja, que o crime 
ocorreu, ou seja, que está comprovada a materialidade delitiva, bem 
como há indícios de autoria que permitem atribui-la ao representando. 
 
Essa é a plausibilidade do bom direito no que diz respeito à 
persecução penal. Aqui a ideia é bem parecida com as representações por 
prisão. Se você aprendeu bem a parte de requisitos cautelares da prisão, 
a ideia é a mesma. 
 
O fundamento legal dessa parte está no art. 282, do CPP: 
 
Art. 282. As medidas cautelares previstas 
neste Título deverão ser aplicadas 
observando-se a: (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
 
I - necessidade para aplicação da lei penal, 
para a investigação ou a instrução criminal 
e, nos casos expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações penais; 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
II - adequação da medida à gravidade do 
crime, circunstâncias do fato e condições 
pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
 
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Veja que além dos requisitos de cautelaridade previstos na prisão, 
devemos adequar a medida à gravidade do crime. Por exemplo, não é 
plausível decretar a prisão preventiva de um indivíduo acusado pelo crime 
de ameaça, em tese, quando ele possua trabalho e residência fixa, bons 
antecedentes, etc. 
 
Nesse caso, acredito que uma medida adequada seria a proibição de 
manter contato com determinada pessoa, etc. 
 
Esse requisito está consubstanciado no inciso II, do art. 282 acima. 
 
Apenas de modo a relembrar, vamos revisar o que seriam os demais 
requisitos, já previstos no caso das prisões. 
 
a) necessidade para aplicação da lei penal 
 
Aqui se necessita decretar a medida, pois há uma forte possibilidade de o 
investigado/indiciado se furtar à aplicação da lei penal, ou seja, há fortes 
indícios de que ele possa fugir, caso seja condenado criminalmente. 
 
b) para a investigação ou a instrução criminal 
 
No caso acima, é necessária a adoção de medida cautelar diversa da 
prisão quando o investigado/indiciado perturba a instrução do processo ou 
o andamento da investigação policial, seja ameaçando ou corrompendo 
testemunhas, a própria vítima ou provas documentais e periciais. 
 
c) nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de 
infrações penais 
 
Nesse caso, temos que verificar a possibilidade de o indiciado/investigado 
vir a reiterar a conduta criminosa. Na prisão preventiva, esse requisito 
chama-se garantia da ordem pública ou ordem econômica. 
 
Para verificar a possibilidade desse requisito, é fundamental que a 
questão mencione os antecedentes e a personalidade do agente para que 
seja crível a provável reincidência. 
 
3.4. Pedido 
 
Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua 
peça, ele possui uma peculiaridade básica em relação aos demais. 
 
A base é a mesma; você vai representar ao juiz pela decretação da 
medida cautelar específica ao caso concreto. Veja que é importante 
memorizá-las, pois no seu pedido você terá de especificar a medida pela 
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qual representa, não é interessante mencionar que representa por medida 
cautelar diversa da prisão, genericamente. 
 
O correto seria você mencionar por qual medida representa, até porque a 
sua fundamentação terá sido toda baseada na medida cautelar pela qual 
você vai dar o fecho na peça. Além do que você já vai ter mencionado ela 
no início da peça. 
 
As medidas cautelares, em tese, não possuem prazo fixado no CPP e 
devem ser mantidas até ulterior deliberação do juiz, de ofício, a 
requerimento do MP ou mediante representação da autoridade policial. 
 
Fora isso, você vai ter que se ligar na medida pela qual você está 
representando, pois pode haver necessidade de oficiar a algum órgão. O 
exemplo mais comum é a suspensão de função pública. É claro que nessa 
hipótese você terá de enviar ofício para o respectivo órgão comunicando a 
decisão judicial para que sejam realizados os expedientes necessários. 
 
Outro exemplo é o de entrega do passaporte. Nessa hipótese você deverá 
mencionar na peça que o investigado/indiciado deverá ser intimado para 
entregar o passaporte no prazo de 24 (vinte e quatro) horas à autoridade 
competente. 
 
4. Modelo de representação por sequestro de bens 
 
Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É 
uma representação simples e a fundamentação está totalmente no CPP, 
basta fundamentar com base nesses dispositivos legais, adequando 
sempre ao que foi dito a respeito dos aspectos mais importantes. 
 
4.1 Endereçamento 
 
O endereçamento continua sendo muito relevante, no caso de 
representação por cautelar diversa da prisão podemos ter os mais 
diversos juízos competentes, mas como na sua prova não é solicitado o 
estudo da organização judiciária, os três endereçamentos possíveis serão 
o juízo de direito, o tribunal do júri e o juizado especial criminal, para os 
crimes de menor potencial ofensivo. 
 
Cuidado com crimes de competência do juizado especial criminal, a ele 
cabe o julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, que são as 
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não excede a 2 
(dois) anos. 
 
Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver 
dúvida, volte para a parte de processo penal, onde se estuda a 
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competência no CPP, pois lá estarão bem claras as principais regras para 
identificar o juízo competente. 
 
Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for 
mencionado isso no enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em 
branco, para não perder pontos e nem ser prejudicado totalmente com 
uma possível identificação de prova. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE 
DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________) ou (JUIZ 
DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE 
____________). 
 
4.2 Preâmbulo 
 
Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai 
fazer referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a 
representação por essa medida. 
 
Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito, 
mencione número apenas se for mencionado no enunciado. Caso 
contrário, deixe o bom e velho espaço em branco. 
 
O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas 
características dos preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as 
modificações relativas às legislaçõespertinentes. 
 
³$� 3ROtFLD� &LYLO� GR� HVWDGR� GR� B___________, por meio do seu 
Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, 
que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 282, 
§2°, do Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 
12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as 
atribuições da polícia civil do estado para o qual está prestando 
concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à presença 
de Vossa Excelência, representar pela decreta da medida cautelar 
de ________________________, prevista no art. 319, _____ ou 
320, do CPP, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir 
SDVVD�D�H[SRU´� 
 
Veja como é importante mencionar especificamente a medida cautelar 
pela qual se representa. Nos espaços em branco que foram deixados você 
vai especificar a medida que é cabível e necessária ao caso concreto. A 
ideia de memorizar o rol de medidas do art. 319 é para que o seu 
preâmbulo fique caprichado e bem específico, pois isso vai mostrar 
conhecimento e já lhe dará credibilidade com o examinador. 
 
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Não há muitos detalhes no preâmbulo dessa medida, lembre-se sempre 
que deve constar nele o dispositivo legal que lhe dá a legitimidade para 
representar pela medida. 
 
Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013 
comprova que você tem sangue de delegado e que vai procurar 
valorizar as suas atribuições quando no exercício delas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3 Fatos 
 
Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, 
você vai ser medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não 
negligencie esse ponto, pois o examinador pode já não gostar muito da 
sua peça, caso os fatos não sejam corretamente narrados, de forma 
concisa e escorreita. 
 
Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. 
Responder àquelas perguntas que já mencionei anteriormente pode ser 
um bom norte a ser seguido. 
 
Na peça de medida cautelar diversa da prisão você vai se deparar com 
fatos que fortalecem a tese de que a prisão é algo extremamente gravoso 
e desproporcional ao caso concreto, que pode ser resolvido coma 
decretação de uma monitoração eletrônica, uma proibição de manter 
contato com determinada pessoa. Isso você vai ter que verificar bem nos 
Professor, o preâmbulo é sempre igual, mudando 
apenas algumas coisas, nas suas aulas essa parte 
parece ser até repetitiva, não tem outros modelos 
de preâmbulo não? 
Prezado Aderbal, sua pergunta é muito boa, e deve 
ser a pergunta de muitos dos nossos alunos. A ideia 
do nosso curso é condicionar você a memorizar um 
modelo cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que for 
repetitivo é melhor ainda para você memorizar. 
Preocupe-se apenas com as diferenças entre as peças. 
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fatos para entender as dicas do enunciado. Esses fatos você tem que 
mencionar na sua narrativa, outros fatos menos relevantes não precisam 
VHU� PHQFLRQDGRV�� FDVR� FRQWUiULR� D� VXD� SHoD� YDL� ILFDU� PXLWR� ³FRSLDGD´�
nesse ponto e o ideal é mostrar originalidade. 
 
Lembre-se de que você não pode inventar fatos, isso é 
terminantemente proibido, VRE� SHQD� GH� WHU� D� SHoD� ³]HUDGD´� SHOD�
identificação da prova. 
 
4.4 Fundamentos jurídicos 
 
Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 3 pontos, quais 
sejam, do crime sob investigação, do cabimento e da necessidade 
 
Você deve tipificar o crime sob investigação, mencionando inclusive a 
conduta de cada indivíduo, caso se trate de um concurso de agentes. 
Lembre-se de que algumas provas mencionam no próprio enunciado a 
solicitação da correta tipificação dos crimes cometidos por cada um dos 
personagens da historinha, mas mesmo que não haja essa menção, 
entendo que essa tipificação deve fazer parte da sua fundamentação. 
 
No cabimento você deve mencionar que o crime sob investigação possui 
pena privativa de liberdade cominada, o que possibilita a decretação da 
medida cautelar diversa da prisão pela qual se representa, nos termos do 
art. 282, §1°. Mencionar esse dispositivo legal lhe dará pontos valiosos. 
 
Quanto à necessidade da medida, estamos falando dos requisitos de 
cautelaridade, que já foram mencionados anteriormente, ou seja, a 
prova da existência do crime e indícios de autoria e também o 
perigo da demora, pois se tratando de uma medida cautelar, é 
necessário que vislumbremos uma possibilidade de dano irreparável caso 
a medida não seja deferida de plano, ou seja, cautelarmente. 
 
Outro requisito necessário é o da proporcionalidade entre a medida e 
a gravidade do crime e circunstâncias pessoais do 
investigado/indiciado. 
 
Conforme visto acima você vai demonstrar que a medida é necessária e 
proporcional, com base no art. 282, I e II, do CPP. 
 
Art. 282. As medidas cautelares previstas 
neste Título deverão ser aplicadas 
observando-se a: (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
 
I - necessidade para aplicação da lei penal, 
para a investigação ou a instrução criminal 
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e, nos casos expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações penais; 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
II - adequação da medida à gravidade do 
crime, circunstâncias do fato e condições 
pessoais do indiciado ou acusado. (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
4.5 Do Pedido. 
 
No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida 
sempre de forma objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de 
polícia representa e não requer, quem requer é o membro do MP. 
 
Não se esqueça de mencionar especificamente qual a medida cautelar 
necessária ao caso concreto, caso contrário a sua objetividade ficará 
comprometida. 
 
Outro detalhe de suma importância é o contraditório prévio, que é a 
regra, em se tratando de medidas cautelares diversas da prisão. Você vai 
requerer a oitiva do investigado/indiciado para que ele se manifeste 
acerca da sua representação para só após o juiz decidir acerca dela. 
 
Lembre-se de que essa é a regra, mas o próprio CPP prevê exceções caso 
seja inviável a referida intimação. A prisão é o exemplo mais comum em 
que a intimação do investigado/indiciado frustra o sucesso da diligência. 
 
No entanto, nas demais medidas cautelares, ou seja, naquelas diversas 
da prisão a maioria delas não gera prejuízo caso haja a intimação e 
manifestação da parte contrária antes da decisão, a não ser que se trate 
de um caso urgente, em que o próprio decorrer do tempo obstará a 
eficácia da medida. 
 
Assim, diante das informações acima, segue um modelo de pedido bem 
sucinto e direto. 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito 
já expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação 
da medida cautelar de ________________________, por ser a 
medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
fundamentação exposta, após as manifestações da parte contrária 
e a oitiva do ilustre membro do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
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Delegado de PolíciaMatrícula. 
 
Vamos agora colocar tudo isso em um modelo. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE 
DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________) ou (JUIZ 
DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE 
____________). 
 
 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
 
A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado 
de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe 
são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 282, §2°, do 
Código de Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, 
bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da 
polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, 
com o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa 
Excelência, representar pela decreta da medida cautelar de 
________________________, prevista no art. 319, _____ ou 
320, do CPP, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir 
passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
 
 
2.2 Do cabimento 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 Dos requisitos cautelares 
Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas. 
Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido. 
³2�FULPH�DFLPD�WLSLILFDGR�SRVVXL�SHQD�SULYDWLYD�GH�OLEHUGDGH�
cominada, motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer 
medida cautelar diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°,do 
&33�´ 
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Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum 
in mora. Demonstrar que estão presentes os dois requisitos. 
 
Quanto ao primeiro, basta mostrar que o crime existe, ou seja, 
que a materialidade delitiva encontra-se devidamente 
comprovada, bem como que possui fortes indícios de autoria ou 
participação. 
 
 
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. Você 
deverá demonstrar ao examinador na sua peça que existe um 
forte perigo para a investigação ou para a vítima ou para a prova 
caso a medida não seja deferida. Veja como ficaria um exemplo de 
periculum: 
 
³1R� TXH� GL]� UHVSHLWR� DR� SHULFXOXP� OLEHUWDWLV�� RV� IDWRV� DFLPD�
narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do 
auditor é algo provável, caso não seja decretada a medida de 
afastamento de suas funções, pois já vinha praticando o crime de 
IDFLOLWDomR�GH�FRQWUDEDQGR�RX�GHVFDPLQKR�Ki�DOJXQV�PHVHV´ 
 
3. Do pedido 
 
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da 
medida cautelar de ________________________, por ser a 
medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
fundamentação exposta, após as manifestações da parte contrária 
e do ilustre membro do Ministério Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula. 
 
Veja que as medidas cautelares diversas da prisão possuem a mesma 
base de fundamentação da prisão preventiva, pois estão reguladas 
praticamente no mesmo dispositivo legal. 
 
Vamos agora ao exercício da aula de hoje. 
 
Essa aula não possui questões de prova, nem adaptadas, portanto, as 
questões apresentadas são originalmente produzidas pelo Prof. Vinícius 
Silva. 
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5. Questões comentadas 
 
Questão 1. (Prof. Vinícius Silva) 
 
João Valentão está sendo investigado pelo 5° Distrito Policial 
através do inquérito policial de n° 735/2015, que foi instaurado 
mediante portaria do delegado titular, após diversas denúncias 
anônimas dando conta de que o investigado constantemente 
envolve-se em brigas de torcidas organizadas. 
 
Foi apurado até então que João Valentão é membro da torcida 
organizada Terror Tricolor e em dias de jogos do Tricolor Futebol 
Clube vai aos estádios com a intenção de procurar desavenças, 
principalmente com torcedores da torcida Amor Alvinegro. 
 
Algumas testemunhas foram ouvidas como, por exemplo, o 
presidente da torcida Terror Tricolor que, inclusive, mencionou 
que João havia sido banido da torcida há 2 meses após um 
incidente envolvendo os próprios torcedores do Tricolor Futebol 
Clube. 
 
Foi checada a folha de antecedentes criminais de João e ele não 
possui antecedentes, porém muitos boletins de ocorrência figuram 
em face dele por crimes de dano, lesão corporal leve e rixa, todos 
oriundos das denúncias que motivaram a instauração do inquérito. 
 
O campeonato brasileiro de futebol está prestes a se iniciar e 
tanto o Tricolor Futebol Clube, quanto o Alvinegro Sporting Club 
estão classificados para a primeira divisão do torneio 
futebolístico. 
 
Considerando que João Valentão foi indiciado pelos crimes acima 
citados, na qualidade de delegado de polícia que conduz as 
investigações, represente ao juiz competente pela medida 
cautelar cabível ao caso acima. 
 
Comentário e modelo de peça proposto. 
 
Bom, a questão acima foi criada com base em uma prática muito comum 
no dia a dia das grandes metrópoles que são as brigas entre torcidas 
organizadas. 
 
No caso da questão acima, resumidamente o representando costuma se 
envolver em brigas de torcidas organizadas o que acaba culminando em 
crimes como o de dano, lesões corporais e rixa. 
 
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Veja que a prisão preventiva de João é uma medida muito severa, uma 
vez que o que se visa com a medida cautelar é apenas fazer com que o 
investigado não volte a delinquir em estádios de futebol, até por que 
diante de seus antecedentes, não se trata de um criminoso contumaz, 
que costuma cometer crimes violentos no seu dia a dia. 
 
O que consta em face dele são apenas vários boletins de ocorrência 
dando conta dos crimes praticados em dias de jogos de futebol. 
 
Portanto, a prisão de João é algo extremante gravoso para o investigado 
e diante da nova sistemática das medidas cautelares podemos fazer uso 
de medidas cautelares diversas da prisão de modo a coibir a reiteração 
criminosa. 
 
O ideal aqui é representar pela proibição de acesso a determinados 
lugares (estádios de futebol), pois as circunstâncias relacionadas ao fato 
nos levam a crer que seu afastamento dos estádios é suficiente para 
afastar a reiteração criminosa. 
 
No entanto, apenas a proibição pode não ser suficiente para a eficácia da 
medida. Então o ideal seria além da proibição de acesso aos estádios, 
cumular com o recolhimento domiciliar em dias de jogos, pois ele pode 
delinquir nos locais de concentração de torcedores, como bares e 
churrascarias. Essas duas medidas devem ser monitoradas 
eletronicamente, sob pena de não surtirem o efeito desejado. Quanto à 
cumulação, não há vedação legal, muito pelo contrário, o que existe é 
uma previsão de cumulatividade, sempre que necessário, tudo isso nos 
termos do art. 282, §1°. 
§ 1o As medidas cautelares poderão ser 
aplicadas isolada ou cumulativamente. 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Quanto à competência não há dificuldades, mas tenha muito cuidado com 
a pegadinha, pois a questão menciona que os crimes cometidos são os de 
dano, lesão corporal leve e rixa, todos com pena máxima inferior a 
2 (dois) anos, o que nos levaria a representar perante o juiz do juizado 
especial criminal da comarca, no entanto, como João Valentão foiindiciado por três crimes cometidos mediante ações distintas, em 
momentos distintos, então aplica-se a regra do concurso material, 
somando-se as penas máximas. 
 
No pedido não se esqueça de que você vai pedir pelas três medidas, ou 
seja, terá de mencionar todas, tanto no preâmbulo quanto no pedido. 
 
Você terá ainda que ouvir o indiciado e o ministério público antes da 
decisão do juiz, fato esse que deverá ser mencionado também no pedido 
da sua peça. 
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Fora essa particularidade a peça segue o padrão explicitado na parte 
teórica da aula. 
 
Vamos à peça. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA ____ª VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE _______________. 
 
 
Ref. Inquérito policial n°. 735/2015 
 
 
A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de 
Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são 
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 282, §2°, do Código de 
Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela 
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o 
qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, 
à presença de Vossa Excelência, representar pela decretação das 
seguintes medidas cautelares: 
 
a) proibição de acesso a estádios de futebol; 
b) recolhimento domiciliar em dias de jogos do 
Tricolor Futebol Clube; 
c) monitoração eletrônica; 
 
previstas no art. 319, do CPP, pelos fundamentos de fato e de direito que 
a seguir passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
A partir de denúncias anônimas que chegaram ao conhecimento dessa 
autoridade policial, foram realizadas diligências que culminaram na 
instauração do inquérito policial em epígrafe, com a finalidade de apurar 
supostos crimes de rixa, dano e lesão corporal cometidos por João 
Valentão em estádios de futebol, antes, durante e após jogos de futebol 
do seu time de coração, o Tricolor Futebol Clube. 
 
Foi constatado que João é membro de torcida organizada, a Terror 
Tricolor e que, segundo relato do presidente, o referido membro foi 
desligado da torcida após verificar que seu comportamento não estava de 
acordo com os padrões estatutários. 
 
João Valentão foi indiciado pelos crimes de dano, rixa e lesão corporal 
leve no bojo do inquérito em epígrafe, não contando em face dele 
qualquer condenação anterior a título de antecedentes criminais. 
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O campeonato brasileiro de futebol está em vias de ser iniciado e o time 
de João está classificado para jogar a primeira divisão. 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
De acordo com o despacho de indiciamento, João foi indiciado pelos 
crimes de dano, rixa e lesão corporal, todos cometidos em meio aos 
eventos futebolísticos dos quais participava nas dependências e arredores 
dos estádios de futebol. 
 
Os crimes tipificados acima todos são considerados, pela legislação em 
vigor como de menor potencial ofensivo, pois possuem pena máxima 
privativa de liberdade inferior a dois anos. 
 
2.2 Do cabimento 
 
Os crimes acima tipificados possuem pena privativa de liberdade 
cominada, motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer medida 
cautelar diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°, do CPP. 
 
2.3 Dos requisitos cautelares 
 
Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas 
são o fumus comissi delicti e o periculum in mora. 
 
Quanto ao primeiro, o próprio despacho de indiciamento que vai anexo 
supre qualquer demonstração de materialidade e indícios de autoria, uma 
vez que o representando foi indiciado pelos crimes acima especificados. 
 
O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz 
respeito a ele, os fatos acima narrados comprovam que a reiteração 
criminosa por parte do torcedor é algo provável, caso não seja decretada 
a medida de proibição de acesso aos estádios de futebol, bem como o 
recolhimento domiciliar em dias de jogos do seu time, cumulado com a 
monitoração eletrônica. 
 
Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos 
da mesma natureza é premente, dada a personalidade e número de 
ocorrências envolvendo o indiciado. 
 
Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por 
demais gravosa ao caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que 
se pretende, ou seja, evitar a reiteração criminosa. 
 
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Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida 
de segregação da liberdade. 
 
 
3. Do pedido 
 
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação das 
seguintes medidas cautelares: 
 
a) proibição de acesso a estádios de futebol; 
 
b) recolhimento domiciliar em dias de jogos do 
Tricolor Futebol Clube; 
 
c) monitoração eletrônica; 
 
previstas no art. 319, do CPP, por serem as medidas de direito adequadas 
ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após as 
manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério 
Público. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula. 
 
 
 
 
Veja que foi uma peça parecida com a representação por prisão 
preventiva. Na vida prática em casos de crimes de menor potencial 
ofensivo será muito comum esse tipo de representação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. Questões propostas 
 
Questão 1 (Vinícius Silva): 
 
Tramita na delegacia de Proteção à Mulher o inquérito policial de 
n° 412/2015, por meio do qual a polícia judiciária investiga 
crimes supostamente cometidos por Marcos José da Silva. 
 
O inquérito foi instaurado por meio de portaria após denúncia de 
sua companheira, a Sra. Maria das Dores da Silva, a qual foi até o 
distrito policial especializado e narrou que vem sofrendo ameaças 
e lesões sucessivas de seu companheiro, uma vez que ele é 
viciado em álcool e todos os sábados quando chega a casa profere 
palavras de baixo calão em sua direção com a finalidade de 
ofender a moral e dignidade da Sra. Maria. 
 
Por vezes a Sra. Maria das Dores sofre lesões de natureza leve e 
tem de se refugiar na casa de sua mãe que mora na mesma rua. 
Ela confirmou que essa situação já vem se arrastando há 8(oito) 
meses e disse não aguentar mais tantas agressões e não 
abandona o lar por conta dos dois filhos que tem. 
 
Alguns vizinhos foram ouvidos, assim como a mãe da vítima, e 
todos confirmaram a versão dos fatos narrada por Maria das 
Dores. 
 
O autor das agressões foi ouvido nesse distrito e negou a versão 
de sua companheira, afirmando que nunca levantou a mão para 
ela e a trata bem. Porém confirmou que é alcoólatra e muito 
ciumento. 
 
Sua folha de antecedentes foi juntada aos autos do apuratório e 
nada foi constatado em face de Marcos José. Cópia da carteira de 
trabalho dele também foi juntada aos autos e pode-se comprovar 
que ele possui trabalho fixo em uma fábrica de calçados na região 
metropolitana da cidade em que vive. 
 
Sabendo-se que na comarca em queocorreram os fatos existe um 
juizado especializado em crimes de violência doméstica contra a 
mulher, na qualidade de delegado que preside a investigação, 
represente pela medida cautelar cabível ao caso narrado. 
 
 
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Questão 2: (Vinícius Silva) 
 
Na delegacia de repressão a crimes contra a administração pública 
tramita o inquérito de n° 980/2015, instaurado após ofício do 
Secretario Estadual de Segurança Pública, em que este denuncia a 
ocorrência do crime de corrupção passiva no posto de fiscalização 
da Polícia Rodoviária Estadual em Iguatu-CE. 
 
O secretário em seu ofício relata que houve uma investigação 
administrativa e por meio dela pode-se comprovar que o policial 
Antônio Brasil, do batalhão da Polícia Rodoviária Estadual estava 
exigindo dos motoristas que passavam pelo posto de fiscalização 
quantias que variavam de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 
1.000,00 (um mil reais) para liberar a passagem deles pelo 
referido posto, o que lhe rendia cerca de R$ 20.000,00 (vinte mil 
reais) de renda extra mensalmente. 
 
Algumas diligências foram efetuadas e pode-se comprovar que o 
referido policial ostenta um patrimônio incompatível com seu 
salário. 
 
O policial conta com 5 anos de serviço na Polícia Militar do estado 
do Ceará e nunca havia cometido nenhum outro ilícito penal ou 
administrativo. 
 
Na qualidade de delegado de polícia responsável pelo caso acima, 
represente ao juiz pela medida cautelar cabível ao caso concreto 
narrado. 
 
Bom, agora que vimos as nossas duas questões propostas da aula de 
hoje, vamos verificar as minhas propostas de peças para os dois 
exercícios da aula 05. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. Respostas dos exercícios da aula 05. 
 
Questão 1 (Vinícius Silva): 
 
O inquérito de n°. 12/2015, que tramita na delegacia 
especializada no combate ao tráfico de drogas, apura crime de 
tráfico de drogas na região do interior do estado. 
 
O que foi apurado até agora e consta nos autos do inquérito 
policial mencionado é que o tráfico na região norte do estado do 
Ceará é comandado por uma quadrilha especializada em tráfico, 
que tem por mentor Alípio de Souza Maia. 
 
Relatórios investigativos dão conta de que se trata de uma 
organização criminosa e que o chefe dela leva uma vida luxuosa, 
com o dinheiro proveniente do tráfico. 
 
Após diligências e pesquisas em sistemas de informação, 
constatou-se que no nome da esposa de Alípio, a Sra. Bernadete 
de Souza Maia, encontra-se um apartamento de luxo localizado na 
Av. Beira Mar, número 42, Apto. 15. O referido imóvel está 
matriculado no cartório do 3° ofício da capital (Fortaleza) sob o n° 
133145. 
 
Na matrícula consta que o imóvel foi adquirido com uma entrada 
de R$ 500.000,00 em espécie e mais 10 pagamentos mensais de 
R$ 50.000,00, totalizando um valor de R$ 1.000.000,00. 
 
O Sr. Alípio de Souza Maia foi indiciado pela prática dos crimes sob 
investigação e foram solicitadas suas informações junto ao 
sistema de informação da Receita Federal, do que constaram que 
ele nunca declarou renda auferida. 
 
As mesmas informações foram solicitadas em relação a sua 
esposa e a resposta foi idêntica. 
 
Consta nos autos ainda um relatório fotográfico por meio do qual 
se constata que o imóvel encontra-se a venda. Fato esse 
comprovado após a oitiva da testemunha Raimundo da Silva, 
corretor responsável pela venda do imóvel, o qual informou que 
há duas pessoas interessadas em adquirir o imóvel. 
 
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Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito de n°. 
12/2015, represente pela medida cabível, visando garantir a 
perda dos bens ilicitamente adquiridos. 
 
 
Comentário da questão e modelo de peça: 
 
Essa é uma questão muito comum no dia a dia das delegacias de polícia, 
pois retrata como o tráfico de drogas utiliza dos mais diversos meios para 
proceder à lavagem de capitais, oriundos de atividade delituosa. 
 
Não vamos entrar em detalhes da lei de lavagem, tampouco em celeumas 
que dizem respeito à tipificação dos crimes. 
 
Conseguimos vislumbrar que o Sr. Alípio faz parte de uma OC, como o 
próprio enunciado menciona, além do que podemos inserir sua conduta 
nos crimes de tráfico (art. 33, da lei n° 11.343), associação para o tráfico. 
 
A lavagem de dinheiro também ocorre, uma vez que ele está se utilizando 
da compra de imóvel para dar a aparência de licitude ao dinheiro 
proveniente de atividade ilícita. 
 
(QILP�� R� 6U�� $OtSLR� HVWi� ³HQURODGR´�� WDPDQKR� R� Q~PHUR� GH� FRQGXWDV�
delituosas nas quais está incurso. Geralmente no crime de tráfico funciona 
assim, ele nunca vem sozinho, sempre está acompanhado de outros 
crimes. 
 
O juiz competente é o juiz de direito da vara criminal da comarca. E a 
medida cautelar cabível nesse momento é o sequestro do bem imóvel, 
que visa garantir o confisco de bens oriundo dos proveitos da atividade 
criminosa. 
 
Veja que se trata de um bem imóvel, portanto, será necessário enviar 
ofício ao Cartório de Registro de Imóveis competente, a fim de dar 
publicidade ao ato constritivo. 
 
A demonstração do cabimento está muito clara, pois a origem ilícita do 
imóvel está bem caracterizada, pois o Sr. Alípio não possui renda fixa, 
tampouco nunca declarou renda ao fisco. Há fortes indícios de que ele 
está praticando tráfico de drogas entre outros crimes correlatos. Já ouve 
até o indiciamento dele, sendo, portanto, constatados a materialidade e 
os indícios de autoria. 
 
Assim, diante dos comentários acima, caberá ao delegado que conduz o 
inquérito representar ao juiz pela medida cautelar de sequestro do bem 
imóvel, com a finalidade de resguardar o perdimento dos bens oriundos 
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da atividade criminosa, tendo em vista a provável venda do apartamento, 
que já se encontra em negociação. 
 
Vamos produzir. 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE __________. 
 
 
Ref. Inquérito policial n°12/2015 
 
 
A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, 
ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, 
dentre outros dispositivos, pelo art. 127, do Código de Processo Penal - 
CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que 
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está 
prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à 
presença de Vossa Excelência, representar pelo sequestro do bem imóvel 
especificado no pedido desta, pelos fundamentos de fato e de direito que 
a seguir passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
Narram os autos do inquérito policial em epígrafe que Alípio de Souza 
Maia foi indiciado pela prática dos crimes de tráfico de drogas, associação 
para o tráfico, organização criminosa e lavagem de capitais, tendo em 
vista o decorrer da investigação que demonstrou a materialidade delitiva 
e os indícios de autoria. 
 
Consta ainda na investigação que a esposa do indiciado adquiriu imóvel 
localizado na Av. Beira Mar, número 42, Apto. 15, matriculado no cartório 
do 3° ofícioda capital (Fortaleza) sob o n° 133145, no valor de R$ 
1.000.000,00 (um milhão de reais), mediante entrada no valor de R$ 
500.000,00 em dinheiro e 10 pagamentos mensais de R$ 50.000,00 
(cinquenta mil reais). 
 
Foi oficiada à Receita Federal e nada consta nos cadastros do órgão 
federal em relação a eventuais declarações de imposto de renda auferida 
ou bens declarados em nome do Sr. Alípio, tampouco em relação a sua 
esposa. 
 
Foi juntado aos autos um relatório fotográfico onde se verifica que o 
imóvel supracitado está à venda. Ouvido, o corretor responsável informou 
ainda que há duas pessoas interessadas na compra do bem. 
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2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
Em relação à tipificação, de acordo com a narrativa dos fatos e demais 
documentos investigatórios, notadamente o despacho de indiciamento 
que segue anexo, o Sr. Alípio está incurso nas condutas previstas nos art. 
33 e 35 da Lei de Drogas, bem como cometeu ainda o crime de 
organização criminosa, nos termos doa art. 2°, da Lei n° 12.850/2013 e o 
crime de lavagem de capitais, da Lei n°. 9.613/1998 com as alterações da 
Lei n°. 12.683/2012. 
 
2.2 Do cabimento 
 
A investigação mostra que há indícios veementes de que o bem imóvel de 
matrícula 133145 é oriundo de atividade criminosa, uma vez que os seus 
proprietários não possuem renda fixa declarada, bem como a forma de 
pagamento demonstra que o bem foi adquirido com o proveito da 
atividade ilícita praticada pelo esposo da proprietária, já tipificada acima. 
 
Em relação aos bem com essa origem o código de processo penal prevê a 
possibilidade de o juiz decretar o sequestro do bem de modo a garantir o 
seu perdimento quando da prolação da sentença condenatória em face do 
réu, com fulcro no arts. 125, do CPP e 91, do CP. 
 
2.3 Dos requisitos cautelares 
 
Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in 
mora. 
 
Quanto ao primeiro, há fortes indícios de que o bem é de origem ilícita, 
uma vez que várias são as informações constantes de que o bem não 
poderia ter sido adquirido mediante atividade lícita. 
 
O segundo requisito, por sua vez, reside no fato de que a demora 
inerente ao processo pode facilitar a disposição do bem por parte do 
agente criminoso, que pode colocá-lo no mercado, negociá-lo e praticar 
atos de disposição que dificultarão a garantia da execução da pena, no 
que diz respeito ao art. 91, do CP. 
 
Reforçando a existência do requisito acima podemos citar o relatório 
fotográfico e o depoimento da testemunha, que corroboram a forte 
possibilidade de que o bem seja disposto caso a medida não seja deferida 
com urgência. 
 
3. Do pedido 
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Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pelo sequestro do bem 
imóvel localizado na Av. Beira Mar, número 42, Apto. 15, matriculado no 
cartório do 3° ofício da capital (Fortaleza) sob o n° 133145, por ser a 
medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
fundamentação exposta, visando à garantia do ressarcimento dos bens 
auferidos pelo agente com a prática do fato criminoso, após a oitiva do 
ilustre membro do Ministério Público. 
 
Requer ainda que seja oficiado o competente registro imobiliário para fins 
de averbação da retromencionada medida pela qual se representa, a fim 
de tornar pública a restrição judicial, evitando a disposição do bem. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Questão 2: (Vinícius Silva) 
 
Tramita na 34ª Delegacia de Polícia do Estado do Ceará o 
inquérito de n° 825/2015 instaurado por meio de portaria, após 
ofício do presidente do Tribunal de Justiça do Ceará - TJCE. 
 
A investigação apurou, até o presente momento, que o servidor 
Antônio de Paula, 25 anos, estava usando da sua qualidade de 
oficial de justiça avaliador para negligenciar o cumprimento de 
mandados de penhora e avaliação. 
 
O servidor recebia determinadas quantias em dinheiro dos 
executados para lavrar certidões inverídicas, dando conta de que 
não encontrava bens passíveis de penhora. 
 
Apurou-se ainda que o servidor teve o seu patrimônio elevado em 
grande quantia, em pouco tempo. Relatório da equipe operacional 
dá conta de que o servidor adquiriu, no último ano, duas 
caminhonetes zero quilômetro, em dinheiro, avaliadas em R$ 
400.000,00; de placas TAM 1234 e GOL 5555. 
 
Os fatos acima foram ratificados pela oitiva dos donos das 
concessionárias onde foram adquiridos os automóveis, que 
afirmaram que o servidor apresentava-se sempre como oficial de 
justiça e pagava em dinheiro os veículos adquiridos. 
 
Além dos carros de luxo, o servidor recentemente visitou a Europa 
nas suas últimas férias, fato esse comprovado junto a redes 
sociais nas quais foram postadas fotos dele em vários pontos 
turísticos do velho continente. 
 
Foi oficiado ao setor de pessoal do TJCE e pode-se constatar que o 
servidor possuía um salário líquido de R$ 3.000,00, em virtude de 
descontos oficiais e outros oriundos de empréstimos consignados 
e pensões alimentícias, além do fato de ele contar com apenas 
três anos de serviço no Tribunal. 
 
Os descontos já vinham sendo efetuados em seu contracheque 
desde o ano de 2013. 
 
Atualmente a renda do servidor é composta apenas de seu 
trabalho como oficial de justiça, ele não é casado, e não recebe 
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ajuda financeira de ninguém, uma vez que é filho único e seus 
pais já faleceram. 
 
Diante dos fatos acima, represente pelas medidas cabíveis nesse 
momento da investigação, na qualidade de Delegado de Polícia 
que preside o inquérito. 
 
Comentário da questão e modelo de peça: 
 
Questão muito boa, que retrata uma realidade muito comum no poder 
judiciário e na administração pública como um todo, que é a corrupção de 
seus agentes. 
 
A polícia civil tem o papel importante de atuar na investigação dos crimes 
contra a administração pública cometidos por agentes públicos quando 
em razão da função cometem ilícitos. 
 
Em relação à conduta delituosa não há dúvidas quanto ao crime tipificado 
no art. 317, §1°, do CP. Aqui não podemos enquadrar a conduta em 
concussão, pois o enunciado foi claro ao mencionar que o oficial de justiça 
recebe valores para lavrar certidões inverídicas. 
 
Assim, a conduta do agente já está tranquilamente tipificada. 
 
Outro fato importante, que estudamos na aula de hoje é que o agente 
público já vinha praticando a conduta delituosa há algum tempo e há um 
grande risco de que ele volte a delinquir caso não seja afastado de suas 
funções. 
 
Mais uma vez cumpre ressaltar que a prisão dele é algo extremamente 
grave e desproporcional ao caso concreto. Ou seja, para fazer cessar a 
conduta, basta que o oficial de justiça seja suspenso de suas funções, nos 
termos do art. 319, VI, do CPP. Portanto, vamos representar pela medida 
cautelar diversa da prisão também. 
 
Oque vamos representar ao juiz também é pelo sequestro dos bens 
móveis que o oficial de justiça adquiriu com o proveito da atividade 
criminosa de corrupção passiva. 
 
Os dois automóveis certamente não foram adquiridos com dinheiro lícito, 
uma vez que o oficial de justiça não possui remuneração compatível com 
as duas compras realizadas, inclusive pela forma de pagamento utilizada 
pelo agente público. 
 
Assim, caberá o sequestro dos automóveis com a finalidade de 
ressarcimento ao final da sentença condenatória prolatada. 
 
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Devemos no pedido fazer referência ao envio de ofício ao DETRAN para 
que sejam tomadas as providências de praxe, visando à publicidade da 
constrição judicial. 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE __________. 
 
 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
 
A Polícia Civil do estado do Ceará, por meio do seu Delegado de Polícia, 
ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, 
dentre outros dispositivos, pelo art. 127, do Código de Processo Penal - 
CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que 
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual está 
prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento, à 
presença de Vossa Excelência, representar por: 
 
a) medida cautelar de suspensão do exercício de 
função pública de oficial de justiça avaliador do 
servidor do Tribunal de Justiça do Ceará ± TJCE 
Antônio de Paula; 
b) sequestro dos automóveis cujas placas são 
TAM 1234 e GOL 5555, ambos de propriedade 
do referido servidor público; 
 
pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
Chegou ao conhecimento dessa autoridade policial após o envio de ofício 
da lavra do presidente do TJCE, denúncia de que o servidor Antônio de 
Paula, 25 anos, que exerce o cargo de oficial de justiça avaliador estava 
cometendo o crime tipificado ao teor do art. 307, do Código Penal ± CP. 
 
De acordo com o documento, o servidor valia-se de sua função pública 
para lavrar certidões de cumprimento de mandados de penhora 
inverídicas, em troca de propina, que era recebida em dinheiro. 
 
Em virtude do montante recebido o servidor adquiriu duas caminhonetes 
no valor total de R$400.000,00 (quatrocentos mil reais), tendo pago em 
dinheiro diretamente na loja em que estavam a venda os referidos 
veículos. 
 
Foi oficiado ao Setor Pessoal do tribunal, e a renda líquida do servidor é 
totalmente incompatível com a sua evolução patrimonial. 
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2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
A conduta do agente público se amolda perfeitamente ao que foi previsto 
abstratamente no art. 317, §1°, do CP, pois o agente recebia quantias em 
dinheiro para deixar de cumprir uma diligência de penhora de bens dos 
executados. 
 
Assim, está caracterizado o crime de corrupção passiva circunstanciado 
pelo cumprimento indevido do expediente judicial. 
 
2.2 Do cabimento 
 
O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada, 
motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar 
diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°, do CPP. 
 
Quanto ao sequestro do bem imóvel, verifica-se cabível por conta da 
origem ilícita do bem, ou seja, quando o bem é oriundo de proveitos da 
atividade criminosa podemos proceder ao sequestro dele, nos termos do 
art. 132, do CPP. 
 
2.3 Dos requisitos cautelares 
 
Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in 
mora. Estamos falando da plausibilidade do bom direito e do perigo que 
representa a demora no deferimento, bem como a continuidade do 
exercício da função pública pelo investigado. 
 
Quanto ao primeiro, está claro que o crime existe, pois o ofício do TJCE 
mostra que foi apurada a materialidade dos fatos e comprova-se ser uma 
conduta típica consumada. 
 
Quanto à autoria, percebe-se pelos elementos juntados aos autos, 
notadamente os que compõem o ofício do TJCE, que a autoria do delito 
atribui-se ao oficial de justiça Antônio de Paula. 
 
Em relação aos automóveis, pode-se afirmar com uma grande 
probabilidade de certeza de que são oriundos de proveito da atividade 
criminosa de corrupção, pois a renda mensal do oficial de justiça não 
justifica duas aquisições de tão grande valor em tão pouco tempo. 
 
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Assim, o direito aqui pleiteado possui um forte fundo de verdade. 
 
O segundo requisito, por sua vez, reside no fato de que a demora 
inerente ao processo pode facilitar a disposição do bem por parte do 
agente criminoso, que pode colocá-lo no mercado, negociá-lo e praticar 
atos de disposição que dificultarão a garantia da execução da pena, no 
que diz respeito ao art. 91, do CP. 
 
Pode-se ainda dizer que o bem é de fácil deterioração, o que também nos 
leva a um requisito de urgência preenchido. 
 
Quanto à suspensão da função pública ela é necessária e cabível, uma vez 
que a prisão preventiva seria uma medida por demais grave ao caso 
concreto. Levar o oficial de justiça ao cárcere seria uma medida 
desproporcional. A medida mais eficaz seria a suspensão da função 
pública desempenhada junto ao TJCE para que seja evitada a reiteração 
da prática delituosa de corrupção passiva. 
 
3. Do pedido 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já 
expostos, representa, essa autoridade policial, pelo sequestro dos 
automóveis de placas TAM 1234 e GOL 5555, bem como pela medida 
cautelar diversa de afastamento das funções públicas desempenhadas por 
Antônio de Paula junto ao TJCE, por serem as medidas de direito 
adequadas ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, 
visando à garantia do ressarcimento dos bens auferidos pelo agente com 
a prática do fato criminoso, bem como a garantia da ordem pública, 
evitando-se assim a reiteração criminosa. 
 
Requer a oitiva do ilustre membro do Ministério Público, bem como a 
manifestação prévia do servidor a título de contraditório prévio. 
 
Requer ainda que seja oficiado o competente órgão executivo de trânsito 
(DETRAN) para fins de averbação da retromencionada medida pela qual 
se representa, a fim de tornar pública a restrição judicial, evitando a 
disposição do bem. 
 
Por fim, solicita a comunicação ao setor competente do TJCE acerca da 
suspensão da função pública deferida no bojo dessa representação. 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula. 
13601418207
Peça Prática para Delegado de Polícia de Pernambuco 
Prof. Vinícius Silva ± Aula 06 
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Bom, por hoje é só. Já passamos da metade do nosso curso e estamos 
caminhando para as aulas finais, em que as peças são as menos 
prováveis de cair, no entanto, requer a mesma dedicação essa parte final 
do curso. Mantenha-se firma na lita e na perseguição do seu objetivo. 
 
 
Abraços. 
 
Bons Estudos. 
 
Prof. Vinícius Silva. 
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