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C+¦pia de CONSTITUCIONAL AULA 00 ESTRAT+ëGIA

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Aula 00
Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas
Professores: Diego Cerqueira, Ricardo Vale
00000000000 - DEMO
Direito	Constitucional			
1ª	Fase	-	XXV	Exame	da	OAB 	
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DIREITO	CONSTITUCIONAL	P/	
OAB	-	1ª	FASE			
XXV	EXAME	DE	ORDEM	
 
 
 
 
Ol‡ amigos do EstratŽgia OAB! 
ƒ com muito prazer que hoje daremos in’cio ao nosso ÒCurso de Direito 
Constitucional p/ 1» fase do XXV Exame Ordem da OABÓ. Antes de mais 
nada, gostar’amos de dar uma r‡pida ÒpalavrinhaÓ acerca do Exame da OAB, 
que, sem dœvida, Ž um passo important’ssimo na carreira de vocs! 
A prova da OAB vem se tornando cada vez mais dif’cil com o passar do tempo. 
Analisando-se todos os exames j‡ organizados pela FGV, a mŽdia hist—rica de 
aprova‹o Ž de +-20% dos inscritos. Ou seja, Ž uma mŽdia baixa... 
H‡ uma sŽrie de raz›es que explica isso. No entanto, consideramos que os 3 
(trs) principais problemas dos alunos s‹o os seguintes: 
 N‹o ter o h‡bito de leitura: As provas da FGV est‹o apresentando textos cada 
vez maiores, exigindo do candidato o h‡bito pela leitura. No dia da prova objetiva, 
voc precisar‡ de muita informa‹o. Se, durante a sua prepara‹o, voc n‹o tiver 
lido bastante, dificilmente conseguir‡ identificar as ÒpegadinhasÓ da banca. 
 N‹o conhecer a banca examinadora: ƒ muito comum que o candidato estude 
sem foco e perca muito tempo com assuntos pouco ou quase nunca cobrados pela 
FGV no Exame de Ordem. Chega o dia da prova e cai tudo diferente do que voc 
tinha estudado... 
 N‹o resolver provas anteriores: As quest›es da FGV tm um estilo bastante 
peculiar. S‹o casos pr‡ticos, que exigem conhecimento te—rico e adequada 
interpreta‹o do futuro advogado. 
A metodologia do EstratŽgia Concursos se direciona a combater exatamente 
esses 3 (trs) grandes problemas. Nos cursos para a OAB, voc ter‡ acesso a: 
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Para que voc tenha uma no‹o de como o nosso curso ser‡ constru’do, 
apresentamos a seguir o Raio-X da OAB em Direito Constitucional. Essa 
an‡lise foi feita a partir de um exame detalhado de todos os exames da OAB 
aplicados pela FGV. Assim, ap—s o XXIV Exame de Ordem, temos as seguintes 
estat’sticas de cobrana: 
 X Ð DIREITO CONSTITUCIONAL 
ASSUNTOS Quest›es % 
TEMA 1: TEORIA GERAL DA CONSTITUI‚ÌO 12 6,70%	
TEMA 2: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 29 16,20%	
TEMA 3: NACIONALIDADE 8 4,47%	
TEMA 4: DIREITOS POLêTICOS 10 5,59%	
TEMA 5: PARTIDOS POLêTICOS 2 1,12%	
TEMA 6: ORGANIZA‚ÌO POLêTICO-ADMINISTRATIVA + 
INTERVEN‚ÌO FEDERAL 
20 11,17%	
TEMA 7: ADMINISTRA‚ÌO PòBLICA 2 1,12%	
TEMA 8: PRINCêPIO DA SEPARA‚ÌO DOS PODERES 1 0,56%	
TEMA 9: PODER EXECUTIVO 10 5,59%	
TEMA 10: PODER LEGISLATIVO + TRIBUNAIS DE CONTAS 13 7,26%	
TEMA 11: PROCESSO LEGISLATIVO 14 7,82%	
TEMA 12: PODER JUDICIçRIO 10 5,59%	
TEMA 13: FUN‚ÍES ESSENCIAIS Ë JUSTI‚A 3 1,68%	
TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 32 17,88%	
TEMA 15: ORDEM SOCIAL E OUTROS TEMAS 10 5,59%	
TEMA 16: ORDEM ECONïMICA E FINANCEIRA 1 0,56%	
TEMA 17: DEFESA DO ESTADO 2 1,12%	
TOTAL 179 100,00% 
Meus amigos, perceberam como a banca joga (rs)? Essa tabela ser‡ o nosso 
guia de bolso. Mais do que isso: Ser‡ o verdadeiro Òcaminho das pedrasÓ 
para quem quer arrebentar em Direito Constitucional. 
Uma an‡lise cuidadosa das estat’sticas nos indica que, se voc souber os temas 
ÒControle de ConstitucionalidadeÓ, ÒDireitos e Deveres Individuais e 
ColetivosÓ, ÒOrganiza‹o Pol’tico-AdministrativaÓ, ÒPoder Executivo, 
Teoria Resumida (baseada em estatísticas): Os professores explicarão a teoria
apenas na medida do necessário para que você consiga resolver todas as provas
da OAB. Nemmais nem menos!
Resolução de TODAS as questões das provas da OAB aplicadas pela FGV: Você
terá a oportunidade de praticar bastante e estudar com segurança e confiança
de tudo que já foi objeto das provas anteriores.
Fórum de dúvidas, no qual você terá acesso direto ao professor.
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Poder e Processo Legislativo, Poder Judici‡rio e Ordem SocialÓ ir‡ 
mandar muito bem na prova. S— aqui temos +- 75% do que j‡ foi objeto de 
cobrana! J 
 
 
 
Prontos para comearmos nossa jornada? 
Forte abrao a todos e bons estudos! 
Diego e Ricardo 
 
 
Facebook do Prof. Diego Cerqueira: 
https://www.facebook.com/coachdiegocerqueira 
Instagram: @profdiegocerqueira 
 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Instagram: @profricardovale 
 
 
Aulas T—picos abordados Data 
Aula 00 Teoria Geral da Constitui‹o / Separa‹o de 
Poderes / Princ’pios fundamentais 
23/11/17 
Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos 07/12/17 
Aula 02 Nacionalidade / Direitos pol’ticos / Partidos Pol’ticos 14/12/17 
Aula 03 Organiza‹o Pol’tico-Administrativa 25/12/17 
Aula 04 Administra‹o Pœblica 30/12/17 
Aula 05 Poder Executivo. 04/01/18 
Aula 06 Poder Legislativo. 17/01/18 
Aula 07 Processo Legislativo. 24/01/18 
Aula 08 Poder Judici‡rio 31/01/18 
Aula 09 Outros temas: Fun›es Essenciais ˆ Justia / 
Ordem Social / Ordem Econ™mica e Financeira / 
Defesa do Estado 
15/02/18 
Aula 10 Controle de Constitucionalidade 20/02/18 
Aula Extra Revis‹o 01 26/02/18 
Aula Extra Revis‹o 02 01/03/18 
Aula Extra Revis‹o 03 05/03/18 
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1.	CONCEITO	DE	CONSTITUIÇÃO	
A Constitui‹o Ž a Òlei fundamental e supremaÓ. ƒ ela que determina a 
organiza‹o e o funcionamento do Estado, bem como Ž ela que define os direitos 
e garantias fundamentais. A Constitui‹o serve como fundamento de validade 
de todo o ordenamento jur’dico. ƒ o estatuto do Poder Pol’tico. 
De acordo com o Prof. J.J Canotilho, a Constitui‹o Ž um Òsistema abertoÓ 
composto por normas de dois tipos: i) regras e; ii) princ’pios. 
As regras s‹o mais concretas, servindo para definir determinadas condutas. 
J‡, os princ’pios s‹o mais abstratos: n‹o definem condutas, mas sim 
diretrizes para que se alcance a m‡xima concretiza‹o da norma. As regras n‹o 
admitem o cumprimento ou descumprimento parcial; elas seguem a l—gica do 
Òtudo ou nadaÓ. Nesse sentido, quando duas regras entram em conflito, cabe ao 
aplicador do direito determinar qual delas foi suprimida. 
Por outro lado, os princ’pios podem ter sua aplica‹o mitigada. No caso de 
colis‹o, o conflito Ž apenas aparente, ou seja, um n‹o ser‡ exclu’do pelo 
outro. Assim, apesar de a Constitui‹o, por exemplo, garantir a livre 
manifesta‹o do pensamento (art. 5¼, IV), esse direito n‹o Ž absoluto. Encontra 
limites na prote‹o ˆ vida privada (art. 5¼, X). O intŽrprete, ent‹o, dever‡ se 
valer da tŽcnica da harmoniza‹o (pondera‹o de valores). 
Quando Canotilho diz que a Constitui‹o Ž um Òsistema abertoÓ, significa que a 
Constitui‹o Ž din‰mica, adaptando-se ˆ realidade social de modo a concretizar 
o Estado democr‡tico de direito e captar a evolu‹o dos valores da sociedade, 
sob pena de perder sua fora normativa. 
Se formos buscar na doutrina, iremos identificar que n‹o h‡ uma uniformidadequando quanto ao conceito de Constitui‹o, podendo este ser analisado a partir 
de diversas concep›es. Mas, para fins prova, precisaremos levar alguns pontos 
importantes. Vejamos. 
ü Sentido sociol—gico: Tem sua origem no sŽculo XIX, definido por 
Ferdinand Lassalle. A Constitui‹o Ž, em verdade, um fato social, e n‹o 
uma norma jur’dica. A Constitui‹o real e efetiva de um Estado consiste 
na soma dos fatores reais de poder (guarde essa express‹o) que 
vigoram na sociedade. ƒ o reflexo das rela›es de poder que existem no 
‰mbito do Estado e a soma das foras econ™micas, sociais, pol’ticas e 
religiosas que forma a Constitui‹o real. 
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Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constitui›es: uma real, 
efetiva, correspondente ˆ soma dos fatores reais de poder que regem este 
pa’s; e outra, escrita, que consistiria apenas numa Òfolha de papelÓ. 
ü Sentido pol’tico: Para Carl Schmitt, a Constitui‹o Ž uma decis‹o 
pol’tica fundamental que visa estruturar e organizar os elementos 
essenciais do Estado. O que interessa t‹o-somente Ž que a Constitui‹o Ž 
um produto da vontade do titular do Poder Constituinte. Da’ ser chamada 
pela doutrina de Teoria Òvoluntarista ou decisionistaÓ. 
Schmitt distingue Constitui‹o de leis constitucionais. A primeira 
disp›e sobre matŽrias de grande relev‰ncia jur’dica, como Ž o caso da 
forma de Estado e de Governo, rela‹o entre os poderes, reparti‹o de 
competncia. As segundas, seriam normas que fazem parte formalmente 
do texto, mas que tratam de assuntos de menor import‰ncia. 
ü Sentido jur’dico: Para Hans Kelsen, a Constitui‹o Ž entendida como 
norma jur’dica pura, sem qualquer cunho sociol—gico, pol’tico ou 
filos—fico. Ela Ž a norma superior e fundamental, que organiza e 
estrutura o poder pol’tico, limita a atua‹o estatal e estabelece direitos e 
garantias individuais. 
Kelsen concebeu o ordenamento jur’dico como um sistema de 
escalonamento hier‡rquico das normas. Sob essa —tica, as normas 
jur’dicas inferiores (normas fundadas) sempre retiram seu fundamento de 
validade das normas jur’dicas superiores (normas fundantes). Assim, um 
decreto retira seu fundamento de validade das leis ordin‡rias; por sua vez, 
a validade das leis ordin‡rias se apoia na Constitui‹o. 
Nesse sentido, precisamos compreender a Constitui‹o a partir de dois 
sentidos: o l—gico-jur’dico e o jur’dico-positivo. No sentido l—gico-
jur’dico, a Constitui‹o Ž a norma hipotŽtica fundamental (imaginada) 
que serve como fundamento l—gico transcendental da validade da 
Constitui‹o em sentido jur’dico-positivo. Esta norma n‹o possui um 
enunciado expl’cito, consistindo apenas numa ordem, dirigida a todos, de 
obedincia ˆ Constitui‹o positiva. 
J‡ no sentido jur’dico-positivo a Constitui‹o Ž a norma positiva 
suprema, que serve para regular a cria‹o de todas as outras. ƒ 
documento solene, cujo texto s— pode ser alterado mediante procedimento 
especial. No Brasil, esta Constitui‹o Ž, atualmente, a de 1988. 
Mas Diego, e qual a posi‹o do STF? 
O Supremo n‹o tem apenas uma vis‹o de perceber a Constitui‹o. A Corte adota 
mœltiplas acep›es, ora entendendo a Constitui‹o como um fato social, ora 
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como valor ou norma jur’dica. Todas elas s‹o importantes e possuem suas 
contribui›es e fragilidades. 
2.	ESTRUTURA	DA	CONSTITUIÇÃO	
As Constitui›es, de forma geral, dividem-se em trs partes: pre‰mbulo, parte 
dogm‡tica e disposi›es transit—rias. 
O pre‰mbulo Ž a parte que antecede o texto constitucional. Serve para 
apresentar e definir as inten›es do Constituinte, proclamando os princ’pios e 
rompendo com a ordem jur’dica anterior. ƒ elemento de integra‹o. 
Segundo o STF, o pre‰mbulo Ž fonte de interpreta‹o1, mas n‹o Ž norma 
constitucional; n‹o disp›e de fora normativa ou car‡ter vinculante. N‹o 
serve de par‰metro para a declara‹o de inconstitucionalidade e n‹o estabelece 
limites para o Poder Constituinte. Por isso, que suas disposi›es n‹o s‹o de 
reprodu‹o obrigat—ria pelas Constitui›es Estaduais. 
A parte dogm‡tica Ž o texto constitucional propriamente dito, que prev os 
direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo 
permanente. Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a 
princ’pio, essas normas n‹o tm car‡ter transit—rio, embora possam ser 
modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. 
Por fim, a parte transit—ria visa integrar a ordem jur’dica antiga ˆ nova, 
quando do advento de uma nova Constitui‹o, garantindo a segurana jur’dica 
e evitando o colapso entre um ordenamento jur’dico e outro. Suas normas s‹o 
formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, apresente 
numera‹o pr—pria (vejam ADCT). A parte transit—ria pode ser modificada por 
reforma constitucional. AlŽm disso, tambŽm pode servir como paradigma para 
o controle de constitucionalidade das leis. 
3.	ELEMENTOS	DA	CONSTITUIÇÃO	
Embora as Constitui›es formem um todo sistematizado, suas normas est‹o 
agrupadas em t’tulos, cap’tulos e se›es, com conteœdo, origem e finalidade 
diferentes, possuindo um car‡ter polifacŽtico (Òmuitas facesÓ). 
																																								 																				 	
1 MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 
2010, pp. 53-55 
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A doutrina agrupa as normas constitucionais conforme suas finalidades, no que 
se denominam elementos da constitui‹o. Para fins de revis‹o, seguiremos a 
doutrina cl‡ssica do Prof. JosŽ Afonso da Silva, a saber: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.	CLASSIFICAÇÃO	DAS	CONSTITUIÇÕES	
Ao estudar as diversas Constitui›es, a doutrina prop›e muitos critŽrios para 
classific‡-las. Vamos apenas trabalhar os elementos fundamentais, uma passada 
r‡pida neste tema; famoso ÒbizœÓJ, para fins de revis‹o. 
1) Classifica‹o quanto ˆ origem: 
a) Outorgadas: s‹o aquelas impostas, que surgem sem participa‹o 
popular. Resultam de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa 
dominante. Ex: CF de 1824, 1937 e 1967 e a EC n¼ 01/1969. 
b) Democr‡ticas: nascem com participa‹o popular, por processo 
democr‡tico, fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional 
Constituinte. Ex: CF de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
c) Cesaristas/bonapartistas: s‹o outorgadas, mas necessitam de 
referendo popular, cabendo ao povo apenas a sua ratifica‹o. 
d) Dualista: Ž resultado de duas foras antag™nicas: monarquia 
enfraquecida X a burguesia em ascens‹o. Visam estabelecem limita‹o 
ao poder, formando as chamadas monarquias constitucionais. 
•São normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Exemplos: Título
III (Da Organizaçãodo Estado) e IV (Da Organização dos Poderes).
Elementos	orgânicos:	
•São normas que compõem os direitos e garantias fundamentais, limitando a
atuação do poder estatal. Ex: Título II (Dos Direitos e Garantias
Fundamentais), exceto Capítulo II (Dos Direitos Sociais).
Elementos	
limitativos:	
•São as normas que traduzem o compromisso com o bem estar social.
Refletem a existência do Estado social, intervencionista, prestacionista. Ex:
“Dos Direitos Sociais, DaOrdem Econômicae Financeira e Da Ordem Social”.
Elementos	
socioideológicos:	
•São normas destinadas a prover solução de conflitos constitucionais, bem
como a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
Ex: art. 102, I, “a” e arts. 34 a 36.
Elementos	de	
estabilização	
constitucional:
•São as normas que estabelecem regras de aplicação da constituição. Ex:
preâmbulo, disposições constitucionais transitórias e art. 5º, § 1º, CF.
Elementos	formais	
de	aplicabilidade:	
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2) Classifica‹o quanto ˆ forma: 
a) Escritas/instrumentais: s‹o elaboradas por um —rg‹o 
constituinte especialmente encarregado dessa tarefa por meio de 
documentos solenes. Podem ser codificadas - œnico texto; ou legais - 
pluritextuais ou inorg‰nicas. A CF/88 Ž escrita e codificada. 
b) N‹o escritas/costumeiras/consuetudin‡rias: est‹o em variadas 
fontes normativas (leis, costumes, jurisprudncia, acordos/conven›es. 
N‹o h‡ um —rg‹o encarregado de elaborar. Ex: Constitui‹o inglesa. 
3) Classifica‹o quanto ao modo de elabora‹o: 
a) Dogm‡ticas/sistem‡ticas: s‹o escritas, tendo sido elaboradas por 
um —rg‹o constitu’do para esta finalidade, segundo os dogmas e valores. 
Subdividem-se em: ortodoxas: quando refletem uma s— ideologia ou 
heterodoxas (eclŽticas): quando se originam de ideologias distintas. Ex: 
CF/88 Ž dogm‡tica eclŽtica. 
b) Hist—ricas/costumeiras: s‹o do tipo n‹o escritas. S‹o criadas 
lentamente com as tradi›es; s’ntese dos valores hist—ricos.Ex: 
Constitui‹o inglesa. 
4) Classifica‹o quanto ˆ estabilidade (alterabilidade): 
a) Super-r’gida: h‡ um nœcleo intang’vel, as chamadas cl‡usulas 
pŽtreas, sendo as demais normas alter‡veis por processo legislativo 
diferenciado. 
b) R’gida: modificada por procedimento mais dificultoso do que as 
demais leis. ƒ sempre escrita, mas a rec’proca n‹o Ž verdadeira: nem 
toda Constitui‹o escrita Ž r’gida. A CF/88 Ž r’gida. Ex: CF/1891, 1934, 
1937, 1946, 1967 e 1988. 
c) Semirr’gida ou semiflex’vel: para algumas normas, o processo 
legislativo de altera‹o Ž mais dificultoso que o ordin‡rio; para outras 
n‹o. Ex: Carta Imperial do Brasil (1824) 
d) Flex’vel: pode ser modificada pelo procedimento legislativo ordin‡rio, 
pelo mesmo processo das leis comuns. 
 
 ATEN‚ÌO! ƒ importante salientar que a maior ou 
menor rigidez da Constitui‹o n‹o lhe assegura 
estabilidade. Sabe-se hoje que a estabilidade se 
relaciona mais com o amadurecimento da sociedade 
e das institui›es estatais do que com o processo 
legislativo de modifica‹o do texto constitucional. 
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5) Classifica‹o quanto ao conteœdo: 
a) Material: conjunto de normas, escritas ou n‹o, que regulam os 
aspectos essenciais da vida estatal; ainda que exista normas fora do texto 
constitucional, estas far‹o parte da Constitui‹o material. A an‡lise aqui 
Ž em rela‹o ao conteœdo. Ex: Carta do ImpŽrio de 1824. 
b) Constitui‹o formal/procedimental: normas que est‹o inseridas 
formalmente no texto de uma Constitui‹o r’gida, 
independentemente de seu conteœdo; foi solenemente elaborada por 
uma Assembleia Constituinte. Ex: CF/88 
6) Classifica‹o quanto ˆ extens‹o: 
a) Anal’ticas/prolixas: de conteœdo extenso, tratando de matŽrias que 
n‹o apenas a organiza‹o b‡sica do Estado. Contm normas apenas 
formalmente constitucionais. A CF/88 Ž anal’tica. 
b) SintŽticas/concisas/sum‡rias: apresentam apenas os elementos 
substancialmente constitucionais. Ex: CF norte-americana. O 
detalhamento Ž nas leis infraconstitucionais. Constitui›es negativas. 
7) Quanto ˆ correspondncia com a realidade (ontol—gica): 
a) Normativas: regulam efetivamente o processo pol’tico do Estado; 
correspondem ˆ realidade pol’tica e social; tm valor jur’dico. Ex: CF 
brasileiras de 1891, 1934 e 1946. 
b) Nominativas: buscam regular o processo pol’tico, mas n‹o 
conseguem realizar este objetivo; s‹o prospectivas, pois visam, um dia, 
a sua concretiza‹o; mas n‹o possuem valor jur’dico: s‹o Constitui›es 
Òde fachadaÓ. 
c) Sem‰nticas: n‹o tm por objetivo regular a pol’tica estatal. Visam 
apenas formalizar a situa‹o existente do poder pol’tico. Ex: 
Constitui›es de 1937, 1967 e 1969. 
*Destaca-se que essa classifica‹o foi criada por Karl Loewenstein. Embora 
existam controvŽrsias na doutrina, podemos classificar a CF/88 como 
normativa. 
8) Classifica‹o quanto ˆ finalidade: 
a) Constitui‹o-garantia: seu principal objetivo Ž proteger as 
liberdades pœblicas contra a arbitrariedade do Estado. S‹o tambŽm 
chamadas de negativas; buscam limitar a a‹o estatal; imp›em a 
omiss‹o ou negativa de atua‹o do Estado. 
b) Constitui‹o-dirigente: traa diretrizes/objetivo/metas que devem 
nortear a a‹o estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas 
program‡ticas. Segundo Canotilho, voltam-se ˆ garantia do existente, 
aliada ˆ institui‹o de um programa ou linha de dire‹o para o futuro. 
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Assim, as Constitui›es-dirigentes, alŽm de assegurarem as 
liberdades negativas (j‡ alcanadas), passam a exigir uma atua‹o 
positiva do Estado em favor dos indiv’duos. Ex: CF/88 
 E a nossa CF/88 Ž de que tipo? Para fins de prova, 
guardem com carinho que nossa Constitui‹o possui as 
seguintes caracter’sticas: 
 Democr‡tica, promulgada, escrita, 
codificada, dogm‡tica, eclŽtica, r’gida, 
formal, anal’tica, normativa* e dirigente. 
	
5.	HISTÓRICO	DAS	CONSTITUIÇÕES	BRASILEIRAS	
Meus amigos, este Ž um tema que atŽ ent‹o n‹o era cobrado em provas da OAB. 
Mas, no XIX exame de ordem, a banca resolver trazer para o certame. Ent‹o, 
vamos aqui fazer uma brev’ssima revis‹o. 
A Constitui‹o de 1824 Ž a chamada Carta Imperial. Foi a 1» Constitui‹o 
Brasileira. Trata-se de uma Constitui‹o outorgada, que previa a existncia 
de um ÒPoder ModeradorÓ. Estabelecia apenas os direitos de 1» gera‹o. Mas, 
o voto era censit‡rio e a manifesta‹o pol’tica dependia de manifesta‹o 
de riqueza. As mulheres, os mendigos e os analfabetos n‹o votavam. 
 
A Constitui‹o de 1891 foi 1» Constitui‹o que adotou a forma republicana 
e o Estado Federativo. Foi tambŽm a primeira Constitui‹o promulgada. 
Aqui, ainda h‡ a existncia dos direitos de 1» gera‹o apenas e a situa‹o do 
voto censit‡rio. Mas, tem-se os primeiros passos da hist—ria do controle de 
Constitucionalidade (controle difuso) e o estabelecimento do 1¼ remŽdio 
constitucional: Habeas Corpus. 
 
Na Constitui‹o de 1934 temos um marco. 1» 
Constitui‹o social do Brasil, trazendo os direitos 
sociais (2» gera‹o). Foi uma Constitui‹o democr‡tica, 
promulgada. Surgimento dos primeiros instrumentos do 
controle concentrado: a) Representa‹o de 
Inconstitucionalidade Interventiva Federal; b) papel do 
Senado e c) Princ’pio de reserva de plen‡rio. 
 
A Constitui‹o de 1937 Ž a Constitui‹o ÒPolacaÓ, inspirada num modelo 
fascista da Carta ditatorial Polonesa/1935. Constitui‹o autorit‡ria. Houve 
retrocesso nos direitos e garantias fundamentais; perda dos direitos pol’ticos; 
•Criação do voto
secreto e direito à
voto da mulheres.
•Introduz oMandado
de Segurança
Individual e a Ação
Popular no texto da
Constituição.
Dica!
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e censura prŽvia, trazendo tambŽm a possibilidade de prescri‹o de pena de 
morte em alguns casos. 
 
J‡ a Constitui‹o de 1946 foi uma Constitui‹o promulgada. Houve 
evolu‹o na defesa dos direitos fundamentais; surgimento do alistamento e 
o voto obrigat—rio para ambos sexos; a livre manifesta‹o do pensamento; 
a fun‹o social da propriedade e reconhecimento do direito de greve. 
 
Na Constitui‹o de 1967 temos uma Constitui‹o outorgada, com 
verdadeiro retrocesso na defesa dos direitos fundamentais, inclusive, com a 
cria‹o da a‹o de suspens‹o de direitos individuais e pol’ticos. Em 1968, houve 
o Ato Institucional AI-5, respons‡vel pela restri‹o de direitos e um 
alinhamento ao regime ditatorial. 
 
A Constitui‹o de 1969, na verdade, acabou sendo uma reescrita da anterior. 
Veio, inclusive por Emenda Constitucional de 1969. Embora a forma seja a 
mesma, no seu conteœdo a doutrina entende que houve um novo texto. Houve 
concentra‹o/centraliza‹o do poder tanto horizontalmente (legislativo, 
executivo e judici‡rio), quanto verticalmente (Uni‹o, Estados e Munic’pios), nas 
m‹os do Presidente da Repœblica. 
	
	
	
1. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) A Constitui‹o de determinado pa’s 
veiculou os seguintes artigos: 
Art. X. As normas desta Constitui‹o poder‹o ser alteradas mediante 
processo legislativo pr—prio, com a aprova‹o da maioria qualificada de 
trs quintos dos membros das respectivas Casas Legislativas, em dois 
turnos de vota‹o, exceto as normas constitucionais que n‹o versarem 
sobre a estrutura do Estado ou sobre os direitos e garantias fundamentais, 
que poder‹o ser alteradas por intermŽdio de lei infraconstitucional. 
Art. Y. A presente Constitui‹o, concebida diretamente pelo Exmo. Sr. 
Presidente da Repœblica, dever‡ ser submetida ˆ consulta popular, por 
meio de plebiscito, visando ˆ sua aprova‹o definitiva. 
Art. Z. A ordem econ™mica ser‡ fundada na livre iniciativa e na valoriza‹o 
do trabalho humano, devendo seguir os princ’pios reitores da democracia 
liberal e da social democracia, bem como o respeito aos direitos 
fundamentais de primeira dimens‹o (direitos civis e pol’ticos) e de segunda 
dimens‹o (direitos sociais, econ™micos, culturais e trabalhistas). 
Com base no fragmento acima, Ž certo afirmar que a classifica‹o da 
Constitui‹o do referido pa’s seria 
a) semirr’gida, promulgada, heterodoxa. 
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b) flex’vel, outorgada, compromiss—ria. 
c) r’gida, bonapartista e ortodoxa. 
d) semiflex’vel, cesarista e compromiss—ria. 
 
Coment‡rios: 
Opa! Sempre comentei com os alunos que um dia a OAB iria cobrar o tema da 
classifica‹o das Constitui›es. E ela veio! (rs). Quest‹o fresquinha do XXI Exame 
de Ordem, meus amigos. 
De acordo com o art. X, pode-se dizer que a Constitui‹o Ž semirr’gida (ou 
semiflex’vel). Isso porque parte dela depende, para ser alterada, de processo 
legislativo mais dificultoso do que o das leis. Outra parte poder‡ ser alterada por 
processo legislativo idntico ao das leis. 
Pelo art. Y, pode-se identificar que a Constitui‹o Ž cesarista. ƒ uma Constitui‹o 
outorgada, mas que depende de ulterior ratifica‹o popular. 
Por fim, o art. Z nos mostra que a Constitui‹o Ž dirigente (compromiss—ria). ƒ 
uma Constitui‹o que, alŽm de garantir os direitos e garantias individuais, 
estabelece diretrizes para a concretiza‹o dos direitos econ™micos e sociais. 
Gabarito letra D. 
 
2. (FGV / XIX Exame de Ordem Ð 2016) O constitucionalismo brasileiro, 
desde 1824, foi constru’do a partir de vertentes te—ricas que estabeleceram 
continuidades e clivagens hist—ricas no que se refere ˆ essncia e ˆ 
interrela‹o das fun›es estatais, tanto no plano vertical como no 
horizontal, bem como ˆ prote‹o dos direitos fundamentais. A partir dessa 
constata‹o, assinale a afirmativa correta. 
a) A Constitui‹o de 1824 adotou, de maneira r’gida, a triparti‹o das fun›es 
estatais, que seriam repartidas entre o Executivo, o Legislativo e o Judici‡rio. 
b) A Constitui‹o de 1891 disp™s sobre o federalismo de coopera‹o e delineou um 
Estado Social e Democr‡tico de Direito. 
c) A Constitui‹o de 1937 considerou o Supremo Tribunal Federal o guardi‹o da 
Constitui‹o, detendo a œltima palavra no controle concentrado de 
constitucionalidade. 
d) A Constitui‹o de 1946 foi promulgada e reinaugurou o per’odo democr‡tico no 
Brasil, tendo contemplado um rol de direitos e garantias individuais. 
Coment‡rios: 
Letra A: errada. A Constitui‹o de 1824 previa tambŽm a existncia do Poder 
Moderador, que estaria nas m‹os do Imperador. 
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Letra B: errada. A Constitui‹o de 1934 Ž que inaugurou o Constitucionalismo 
social no Brasil, inovando com os direitos 2» gera‹o. Foi uma Constitui‹o 
democr‡tica, promulgada. 
Letra C: errada. O controle concentrado de constitucionalidade surge, de fato, 
somente com a EC n¼ 16/1965, que foi editada sob a Žgide da Constitui‹o de 
1946. AtŽ ent‹o, funcionava apenas o controle difuso de constitucionalidade e 
alguns embri›es de instrumentais de controle concentrado. 
Letra D: correta. Perfeito. Como vimos, a Constitui‹o/1946 trouxe um novo 
per’odo democr‡tico no Brasil, com uma evolu‹o na defesa dos direitos 
fundamentais e o encerramento da vigncia da Constitui‹o/1937 (denominada 
ÒPolacaÓ) durante o per’odo do Estado Novo (Getœlio Vargas). 
 
3. (FGV/Prefeitura de Cuiab‡-MT - 2016) Edilberto, advogado 
constitucionalista, idealizou um modelo constitucional com as seguintes 
caracter’sticas: a primeira parte n‹o poderia sofrer qualquer tipo de 
altera‹o, devendo permanecer imut‡vel; a segunda parte poderia ser 
alterada a partir de um processo legislativo qualificado, mais complexo que 
aquele inerente ˆ legisla‹o infraconstitucional; e a terceira parte poderia 
ser alterada com observ‰ncia do mesmo processo legislativo afeto ˆ 
legisla‹o infraconstitucional. Ë luz da classifica‹o predominante das 
Constitui›es, Ž correto afirmar que uma Constitui‹o dessa natureza seria 
classificada como: 
(A) r’gida; 
(B) flex’vel; 
(C) semirr’gida; 
(D) fortalecida; 
(E) pl‡stica. 
Coment‡rios: 
Letra A: errada. A constitui‹o r’gida Ž aquela que a modifica‹o de todo o seu texto 
deve ocorrer por procedimento mais dificultoso do que as demais leis. 
Letra B: errada. A constitui‹o flex’vel Ž a que pode ter o seu texto modificado pelo 
procedimento legislativo ordin‡rio. 
Letra C: correta. Opa! Este Ž o gabarito! Na constitui‹o semirr’gida tambŽm 
chamada de semiflex’vel parte de seu texto Ž modificado por um processo legislativo 
mais dif’cil, enquanto outra parte Ž modificada por um processo semelhante ao das 
leis comuns. (legisla‹o infraconstitucional) 
Letra D: errada. Tal denomina‹o n‹o Ž adotada pela corrente doutrin‡ria para a 
classifica‹o das Constitui›es Federais. 
Letra E: errada. N‹o existe um consenso doutrin‡rio em rela‹o a defini‹o de 
constitui‹o pl‡stica, havendo doutrina que defende ser ela sin™nimo de flex’vel e 
doutrina que entende ser ela suscet’vel de adapta‹o a uma nova realidade social, 
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por meio de integra‹o normativa futura, realizada pelo legislador ordin‡rio. Ent‹o, 
n‹o h‡ uma posi‹o firme sobre o conceito de constitui‹o pl‡stica. 
 
4. (FGV/MPE-RJ - 2016) Pedro, estudante de direito, disse ao seu professor 
que lera, em um livro, que a Constitui‹o brasileira era classificada como 
r’gida. O professor explicou-lhe que deve ser classificada como r’gida a 
Constitui‹o que: 
(A) precise ser observada por todos os que vivam no territ—rio do respectivo Pa’s; 
(B) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das Constitui›es que se formam a partir 
do costume; 
(C) vincule todas as estruturas estatais de poder aos seus comandos; 
(D) s— possa ser reformada mediante um processo legislativo qualificado, mais 
complexo que o comum; 
(E) n‹o possa ser revogada por outra Constitui‹o, ainda que haja uma revolu‹o. 
 
Coment‡rios: 
Esta quest‹o foi bem tranquila pessoal! Vimos em aula que uma das 
caracter’sticas da Constitui‹o Federal de 1988 Ž que ela Ž classificada como 
r’gida. Para ser modificada Ž necess‡rio o respeito a um procedimento mais 
dificultoso do que para as demais leis. O gabarito Ž a letra D. 
 
6.	CONSTITUCIONALISMO	E	
NEOCONSTITUCIONALISMO	
O constitucionalismo pode ser entendido como um movimento pol’tico-social 
cujo objetivo Ž a limita‹o do poder estatal. Por —bvio, o constitucionalismo 
n‹o foi um movimento homogneo em todos os Estados. Mas quando Ž que teve 
origem o constitucionalismo? 
a) O constitucionalismo antigo: Teve origem na antiguidade cl‡ssica, no 
seio do povo hebreu, que se organizava politicamente por meio do regime 
teocr‡tico. Os detentores do poder estavam limitados pela lei do Senhor. 
Na Idade MŽdia, uma importante manifesta‹o do constitucionalismo foi a 
Magna Carta inglesa (1215), que representou uma limita‹o ao poder 
mon‡rquico, que, antes, podia tudo. A vontade do rei estaria limitada pela lei. 
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Anos mais ˆ frente, na Idade Moderna, a doutrina identifica novas 
manifesta›es do constitucionalismo, como o Petition of Rights (1628), Habeas 
Corpus Act (1679) e o Bill of Rights (1689). Tratam-se de documentos que 
garantiram prote‹o aos direitos fundamentais, visando limitar a ingerncia 
estatal e controlar o poder pol’tico. 
 b) O constitucionalismo moderno: Embora, num primeiro momento, as 
ideias do constitucionalismo n‹o estivessem condicionadas ˆ existncia de 
Constitui›es escritas, com o tempo essas se tornaram ferramentas essenciais 
para o movimento. 
Nesse sentido, s‹o marcos do constitucionalismo moderno a Constitui‹o dos 
Estados Unidos da AmŽrica (1787) e a Constitui‹o da Frana (1791). J‡ havia, 
anteriormente, alguns documentos escritos, como Ž o caso dos pactos (Magna 
Carta, Bill of Rights, Petition of Rights), forais, cartas de franquia e contratos de 
coloniza‹o. Considera-se que esses documentos s‹o embri›es do 
constitucionalismo moderno e das constitui›es escritas.2 
O constitucionalismo moderno nasce com um forte viŽs liberal, consagrando 
valores maiores como a liberdade e a prote‹o ˆ propriedade privada, 
evidenciando o voluntarismo e a exigncia de que o Estado se abstenha de 
intervir na esfera privada (absente’smo estatal). Com a ascens‹o do 
constitucionalismo moderno, tambŽm surgem novas ideias e pr‡ticas, dentre as 
quais citamos a separa‹o de poderes, a prote‹o e garantia dos direitos 
individuais e a supremacia constitucional. 
c) O Neoconstitucionalismo: O neoconstitucionalismo, tambŽm chamado de 
constitucionalismo contempor‰neo, avanado ou de direitos, tem como marco 
hist—rico o p—s 2» Guerra Mundial. Representa uma resposta ˆs atrocidades 
cometidas pelos regimes totalit‡rios (nazismo e fascismo) e, justamente por 
isso, tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. 
Esse novo pensamento se reflete no conteœdo das Constitui›es. Se antes elas 
se limitavam a estabelecer os fundamentos da organiza‹o do Estado e do 
Poder, agora passam a prever valores e op›es pol’ticas gerais (redu‹o 
das desigualdades) e espec’ficas (obriga‹o de provimento do Estado). 
O Prof. Lu’s Roberto Barroso, de forma bem objetiva, nos explica que o 
neoconstitucionalismo identifica um amplo conjunto de modifica›es 
ocorridas no Estado e no direito constitucional. 3 
O marco hist—rico dessas mudanas Ž a forma‹o do Estado Constitucional 
de Direito, cuja consolida‹o se deu ao longo das œltimas dŽcadas do sŽculo 
																																								 																				 	
2 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edi‹o. S‹o Paulo. Ed. Saraiva: 2012, pp.30-31 
3
	BARROSO, Lu’s Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionaliza‹o do Direito: O triunfo tardio do Direito Constitucional 
no Brasil. In: Revista da Associa‹o dos Ju’zes Federais do Brasil. Ano 23, n. 82, 2005.	
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XX. Este Estado comea a se formar no p—s-Segunda Guerra Mundial, em face 
do reconhecimento da fora normativa da Constitui‹o. 
A legalidade, a partir da’, subordina-se ˆ Constitui‹o, sendo a validade das 
normas jur’dicas dependente de sua compatibilidade com as normas 
constitucionais. H‡ uma mudana de paradigmas: o Estado Legislativo de 
Direito d‡ lugar ao Estado Constitucional de Direito. 
O marco filos—fico, por sua vez, Ž o p—s-positivismo, que reconhece a 
centralidade dos direitos fundamentais e reaproxima‹o do Direito da ƒtica e da 
Justia. O princ’pio da dignidade da pessoa humana ganha relev‰ncia; busca-se 
a concretiza‹o dos direitos fundamentais e a garantia de condi›es m’nimas de 
existncia aos indiv’duos (Òm’nimo existencialÓ). Os princ’pios passam a ser 
encarados como verdadeiras normas jur’dicas. 
No marco te—rico tem-se o conjunto de mudanas que incluem a fora 
normativa da Constitui‹o, visando garantir a concretiza‹o dos valores 
inseridos no texto constitucional; a expans‹o da jurisdi‹o constitucional, 
cabendo ao Poder Judici‡rio proteger os direitos fundamentais e o 
desenvolvimento da nova dogm‡tica da interpreta‹o constitucional. 
Assim, o neoconstitucionalismo est‡ voltado a reconhecer a supremacia da 
Constitui‹o, cujo conteœdo passa a condicionar a validade de todo o Direito e 
a estabelecer deveres de atua‹o para os —rg‹os de dire‹o pol’tica. A 
Constitui‹o, do ponto de vista formal, est‡ no topo do ordenamento jur’dico, 
sendo paradigma interpretativo de todos os ramos do Direito. 
 
 
5. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Dois advogados, com 
grande experincia profissional e com a justa preocupa‹o de se manterem 
atualizados, concluem que algumas ideias vm influenciando mais 
profundamente a percep‹o dos operadores do direito a respeito da ordem 
jur’dica. Um deles lembra que a Constitui‹o brasileira vem funcionando 
como verdadeiro ÒfiltroÓ, de forma a influenciar todas as normas do 
ordenamento p‡trio com os seus valores. O segundo, concordando, 
adiciona que o crescente reconhecimento da natureza normativo-jur’dica 
dos princ’pios pelos tribunais, especialmente pelo Supremo Tribunal 
Federal, tem aproximado as concep›es de Direito e Justia (buscada no 
di‡logo racional) e oferecido um papel de maior destaque aos magistrados. 
As posi›es apresentadas pelos advogados mantm rela‹o com umaconcep‹o te—rico-jur’dica que, no brasil e em outros pa’ses, vem sendo 
denominada de: 
(A) Neoconstitucionalismo. 
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(B) Positivismo-normativista. 
(C) Neopositivismo. 
(D) Jusnaturalismo. 
 
Coment‡rios: 
No enunciado da quest‹o, percebemos que os advogados levantaram algumas 
ideias interessantes: 
a) a Constitui‹o funciona como ÒfiltroÓ, influenciando todas as normas do 
ordenamento p‡trio. A Constitui‹o Ž o centro do sistema jur’dico, 
condicionando a validade de todo o Direito. 
b) reconhecimento pelos tribunais da natureza normativo-jur’dica dos 
princ’pios. Essa Ž uma caracter’stica do p—s-positivismo, que passa a 
considerar os princ’pios verdadeiras normas jur’dicas. 
c) aproxima‹o entre as concep›es de Direito e Justia. 
d) papel de maior destaque aos magistrados. 
Todas essas caracter’sticas se referem, conforme estudamos, ao 
neoconstitucionalismo. O gabarito Ž a letra A. 
 
7.	JUSNATURALISMO,	POSITIVISMO	E	PÓS-
POSITIVISMO	
O jusnaturalismo, o positivismo e o p—s-positivismo s‹o correntes doutrin‡rias 
com distintas concep›es acerca do Direito. A corrente jusnaturalista defende 
que o direito Ž uno (v‡lido em todo e qualquer lugar), imut‡vel (n‹o se altera 
com o tempo) e independente da vontade humana (a lei Ž fruto da raz‹o). 
Para os jusnaturalistas, h‡ um direito anterior ao direito positivo (escrito), que 
Ž resultado da pr—pria natureza (raz‹o) humana: trata-se do direito natural. 
O jusnaturalismo apresenta diferentes escolas, com diferentes concep›es. As 
principais s‹o a Escola Tomista e a Escola do Direito Natural e das Gentes. A 
primeira delas tem como fundamento a doutrina de S‹o Tom‡s de Aquino, 
segundo o qual existe um direito eterno, que vem de Deus, sendo este revelado 
parcialmente pela Igreja e parcialmente pela raz‹o. 
J‡ para a segunda, a Escola do Direito Natural e das Gentes, o fundamento do 
Direito Natural se encontra na raz‹o humana e na sua caracter’stica de ser 
social. Seu principal representante Ž Hugo Gr—cio. 
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Para o positivismo jur’dico, o direito se resume ˆquele criado pelo Estado na 
forma de leis, independentemente de seu conteœdo, sendo a 
Constitui‹o seu fundamento de validade. Esta, por sua vez, tem como 
fundamento de validade a norma hipotŽtica fundamental, que pode ser reduzida 
na frase Òa Constitui‹o deve ser obedecidaÓ (sentido l—gico-jur’dico de Kelsen). 
Na —tica positivista, n‹o h‡ v’nculo entre direito e moral ou entre direito e 
Žtica. Esse distanciamento entre direito e moral legitimou as atrocidades e 
barb‡ries da 2» Guerra Mundial; ao Òamparo da leiÓ (fruto da vontade popular), 
perpetraram-se graves viola›es aos direitos humanos. 
O p—s-positivismo, por sua vez, Ž uma forma aperfeioada de positivismo, em 
que se entende que o Direito n‹o se encontra isolado da moral, devendo 
esta ser considerada tanto quando de sua cria‹o como quando de sua aplica‹o. 
Assim, princ’pios como a dignidade humana ou a igualdade influenciariam na 
cria‹o e na aplica‹o das leis. (Ex: Constitui‹o Alem‹ de 1949 - Lei 
Fundamental de Bohn e a Constitui‹o Italiana de 1947). 
8.	INTERPRETAÇÃO	DA	CONSTITUIÇÃO	
Interpretar a Constitui‹o significa compreender, investigar o significado do seu 
texto. A Hermenutica Constitucional serve para solucionar, no caso concreto, 
conflitos entre bens jur’dicos protegidos pela Carta Magna, bem como para dar 
efic‡cia e aplicabilidade ˆs normas constitucionais. Para fins de prova, basta 
relembrarmos os mŽtodos ou elementos cl‡ssicos da escola de Savigny. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Literal/gramatical:
•O elemento literal,
como o nome diz,
busca analisar o texto
da norma em sua
literalidade. Indica que
a norma significa o que
nela estiver escrito.
Histórico:
•Aqui se avalia o
momento de elaboração
da norma (ideologia
então vigente).
Entretanto, há doutrina
que faz ponderação
quanto a esse método,
afirmando que se deve
realizar uma
interpretação histórica
evolutiva; o momento da
ratio legis (fundamento
racional que mantém a
CF).
Sistemático:
•Enxerga a Constituição
com um grande sistema
em que as normas
devem ser
interpretadas em
conjunto, visando dar
maior qualidade
interpretativa.
Teleológico:
•Aqui, busca-se a
finalidade da norma; é
o estudo dos
propósitos, dos
objetivos; da essência.
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Importante destacar Ž que atŽ 1945, reinava a concep‹o de positivismo 
jur’dico, em que se tinha a ideia do ordenamento como um complexo de regras, 
assim entendida como normas jur’dicas objetivas, descritivas e concretas. 
Aqui, a doutrina aponta que os princ’pios n‹o possu’am normatividade 
defendida; eram apenas aplicados eventualmente em casos dif’ceis. 
Entretanto, com o fim da 2» Guerra mundial, entendeu-se que a lei n‹o poderia 
ser analisada apenas de forma literal. Os princ’pios, na vis‹o de Dworkin, 
passam a ter normatividade pr—pria; carregados de conteœdo axiol—gico; 
verdadeiras normas abertas e abstratas. 
 
	
	
6. (FGV/MPE-RJ - 2016) Ednaldo, estudante de direito, observou que os 
direitos fundamentais ˆ honra e ˆ liberdade de express‹o estavam 
constantemente em conflito, tendo sŽrias dœvidas de como proceder para 
superar esse estado de coisas. Pedro, emŽrito professor de direito 
constitucional, observou que a solu‹o passava pela classifica‹o desses 
direitos fundamentais como princ’pios constitucionais. Em aten‹o ˆ 
observa‹o de Pedro, Ž correto afirmar que, na situa‹o referida por 
Ednaldo, o conflito: 
(A) ser‡ resolvido a partir da pondera‹o dos princ’pios envolvidos, conforme as 
circunst‰ncias do caso concreto; 
(B) n‹o pode ser resolvido, pois tanto o direito ˆ honra como ˆ liberdade de 
express‹o devem ser protegidos; 
(C) ser‡ resolvido conferindo-se, sempre, maior import‰ncia ao princ’pio 
democr‡tico, presente na liberdade de express‹o; 
(D) n‹o pode ser resolvido pelo Poder Judici‡rio, pois somente o Legislativo pode 
disciplinar o conteœdo dos princ’pios; 
(E) ser‡ resolvido conferindo-se, sempre, maior import‰ncia ao princ’pio da 
privacidade, presente no direito ˆ honra. 
 
Coment‡rios: 
Conforme explica Canotilho, a Constitui‹o Federal Ž composta de normas regras 
e normas princ’pios. A quest‹o trata do conflito entre as normas princ’pios e este 
Ž resolvido pela pondera‹o entre eles. Assim, nenhum dos princ’pios ser‡ 
exclu’do totalmente, mas um ir‡ se sobrepor o outro, prevalecendo em um caso 
concreto. ƒ o princ’pio da concord‰ncia pr‡tica ou da harmoniza‹o. O gabarito 
Ž a letra A. 
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9.	HIERARQUIA	DAS	NORMAS	
Para compreender bem o Direito Constitucional Ž fundamental o estudo da 
hierarquia das normas, atravŽs do que a doutrina denomina Òpir‰mide de 
KelsenÓ. Essa pir‰mide foi baseada na ideia de que as normas jur’dicas 
inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamentode validade das 
normas jur’dicas superiores (normas fundantes). 
A pir‰mide de Kelsen tem a Constitui‹o como seu vŽrtice (topo), por ser 
esta o fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. 
Assim, nenhuma norma do ordenamento jur’dico pode se opor ˆ Constitui‹o: 
ela Ž superior a todas as demais normas jur’dicas, as quais s‹o, por isso mesmo, 
denominadas infraconstitucionais. Vejamos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
H‡ normas constitucionais origin‡rias e normas constitucionais 
derivadas. As origin‡rias s‹o produto do Poder Constituinte Origin‡rio (o poder 
que elabora uma nova Constitui‹o); elas integram o texto desde que ele foi 
promulgado, em 1988. J‡ as normas constitucionais derivadas s‹o aquelas que 
resultam da manifesta‹o do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a 
Constitui‹o); s‹o as chamadas emendas constitucionais. 
ƒ relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrin‡rios e 
jurisprudenciais bastante cobrados em prova: 
 N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. N‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas 
Constituição,	Emendas	Constitucionais	e	Tratados	
Internacionais	sobre	Direitos	Humanos	aprovados	
pelo	rito	das	Emendas	Constitucionais	
Outros	Tratados	Internacionais	sobre	Direitos	
Humanos	
Leis	Complementares,	Ordinárias	e	Delegadas,	
Medidas	Provisórias,	Decretos	Legislativos,	
Resoluções	Legislativas,	Tratados	Internacionais	
em	geral	e	Decretos	Autônomos	
Normas	Infralegais
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as normas constitucionais origin‡rias tm o mesmo status 
hier‡rquico. Nessa —tica, as normas definidoras de direitos e 
garantias fundamentais tm a mesma hierarquia do ADCT. 
 N‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se 
situam no mesmo patamar. 
 As normas constitucionais origin‡rias n‹o podem ser 
declaradas inconstitucionais. Segundo o STF, elas gozam de 
presun‹o absoluta de Constitucionalidade. N‹o podem ser 
objeto de controle de constitucionalidade. J‡ as emendas (normas 
constitucionais derivadas) poder‹o, sim, ser objeto de controle. 
Aqui h‡ apenas uma presun‹o apenas relativa. 
 O alem‹o Otto Bachof desenvolveu relevante obra 
doutrin‡ria denominada ÒNormas constitucionais 
inconstitucionaisÓ, na qual defende a possibilidade de 
que existam normas constitucionais origin‡rias eivadas 
de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto 
constitucional possui dois tipos de normas: as cl‡usulas 
pŽtreas (conteœdo n‹o pode ser abolido pelo Poder 
Constituinte Derivado) e as normas constitucionais 
origin‡rias. As cl‡usulas pŽtreas seriam superiores ˆs 
demais normas constitucionais origin‡rias e serviriam de 
par‰metro para o controle de constitucionalidade destas. 
*No entanto, bastante cuidado: no Brasil, a tese de 
Bachof n‹o Ž admitida. As cl‡usulas pŽtreas se 
encontram no mesmo patamar hier‡rquico das demais 
normas constitucionais origin‡rias. 
Com a promulga‹o da EC n¼. 45/2004, abriu-se uma nova e importante 
possibilidade no ordenamento jur’dico brasileiro. Os tratados e conven›es 
internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso 
Nacional (C‰mara e Senado), em dois turnos, por trs quintos dos votos dos 
respectivos membros, passaram a ser equivalentes ˆs emendas 
constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da pir‰mide de Kelsen, tendo 
ÒstatusÓ de emenda constitucional. 
Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito 
especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. O primeiro 
tratado de direitos humanos a receber este status foi a ÒConven‹o Internacional 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo FacultativoÓ. 
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Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito 
ordin‡rio, tm, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegalÓ. Significa que se situam 
logo abaixo da Constitui‹o e acima das demais normas. 
No entanto, as normas imediatamente abaixo da Constitui‹o 
(infraconstitucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos s‹o 
as leis (complementares, ordin‡rias e delegadas), as medidas provis—rias, os 
decretos legislativos, as resolu›es legislativas, os tratados internacionais em 
geral incorporados ao ordenamento jur’dico e os decretos aut™nomos. 
Mas, elas n‹o possuem hierarquia entre si, segundo doutrina majorit‡ria. 
S‹o normas s‹o prim‡rias, sendo capazes de gerar direitos e criar obriga›es, 
desde que n‹o contrariem a Constitui‹o. Assim, temos: 
a) Ao contr‡rio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis 
federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo 
grau hier‡rquico. Eventual conflito elas, n‹o ser‡ resolvido por um 
critŽrio hier‡rquico; a solu‹o depender‡ da reparti‹o 
constitucional de competncias. Qual ente federativo Ž competente 
para tratar do tema objeto da lei? Assim, Ž plenamente poss’vel que, num 
caso concreto, uma lei municipal prevalea diante de uma lei federal. 
b) Existe hierarquia entre a Constitui‹o Federal, as Constitui›es 
Estaduais e as Leis Org‰nicas dos Munic’pios? SIM. A Constitui‹o 
Federal est‡ num patamar superior ao das Constitui›es Estaduais 
que, por sua vez, s‹o hierarquicamente superiores ˆs Leis Org‰nicas. 
b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um 
procedimento mais dificultoso, tm o mesmo n’vel hier‡rquico das 
leis ordin‡rias. O que as diferencia Ž o conteœdo. Como exemplo, 
citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre direito 
tribut‡rio sejam estabelecidas por lei complementar. 
c) As leis complementares podem tratar de tema reservado ˆs leis 
ordin‡rias. Esse entendimento deriva da —tica do Òquem pode mais, 
pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordin‡ria (cuja aprova‹o Ž mais 
simples!) para tratar de determinado assunto, n‹o h‡ —bice a que uma 
lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, a lei 
complementar ser‡ considerada materialmente ordin‡ria; essa lei 
complementar poder‡, ent‹o, ser revogada ou modificada por simples lei 
ordin‡ria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir‡ subsumir-se ao 
regime constitucional da lei ordin‡ria. 4 
d) As leis ordin‡rias n‹o podem tratar de tema reservado ˆs leis 
complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de 
inconstitucionalidade formal (nomodin‰mica). 
																																								 																				 	
4AI 467822 RS, p. 04-10-2011.	
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e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judici‡rio s‹o considerados 
normas prim‡rias, equiparados hierarquicamente ˆs leis 
ordin‡rias. Na mesma situa‹o, encontram-se as resolu›es do CNMP 
(Conselho Nacional do MinistŽrio pœblico) e do CNJ (Conselho Nacional de 
Justia). 
f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e C‰mara dos 
Deputados), por constitu’rem resolu›es legislativas, tambŽm s‹o 
considerados normas prim‡rias, equiparados ˆs leis ordin‡rias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas s‹o 
normas secund‡rias, n‹o tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de 
impor obriga›es. N‹o podemcontrariar as normas prim‡rias, sob pena de 
invalidade. ƒ o caso dos decretos regulamentares, portarias, instru›es 
normativas, dentre outras. 
*Tenham bastante cuidado para n‹o confundir os decretos aut™nomos (normas 
prim‡rias, equiparadas ˆs leis) com os decretos regulamentares (normas 
secund‡rias, infralegais). 
 
 
7. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) Carlos pleiteia determinado direito, 
que fora regulado de forma mais genŽrica no corpo principal da CRFB/88 
e de forma mais espec’fica no Ato das Disposi›es Constitucionais 
Transit—rias Ð o ADCT. O problema Ž que o corpo principal da Constitui‹o 
da Repœblica e o ADCT estabelecem solu›es jur’dicas diversas, sendo que 
ambas as normas poderiam incidir na situa‹o concreta. Carlos, diante do 
problema, consulta um(a) advogado(a) para saber se a solu‹o do seu 
caso deve ser regida pela norma genŽrica oferecida pelo corpo principal da 
Constitui‹o da Repœblica ou pela norma espec’fica oferecida pelo ADCT. 
Com base na CRFB/88, assinale a op‹o que apresenta a proposta correta 
dada pelo(a) advogado(a). 
a) Como o corpo principal da CRFB/88 possui hierarquia superior a todas as demais 
normas do sistema jur’dico, deve ser aplic‡vel, afastada a aplica‹o das normas do 
ADCT. 
b) Como o ADCT possui o mesmo status jur’dico das demais normas do corpo 
principal da CRFB/88, a norma espec’fica do ADCT deve ser aplicada no caso 
concreto. 
c) Como o ADCT possui hierarquia legal, n‹o pode afastar a solu‹o normativa 
presente na CRFB/88. 
d) Como o ADCT possui car‡ter tempor‡rio, n‹o Ž poss’vel que venha a reger 
qualquer caso concreto, posto que sua efic‡cia est‡ exaurida. 
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Coment‡rios: 
Mais uma quest‹o do XXI Exame de Ordem. A OAB adora o tema da hierarquia 
das normas constitucionais. Fiquem ligados! 
Acabamos de estudar que n‹o existe hierarquia entre normas constitucionais 
origin‡rias. N‹o importa qual Ž o conteœdo da norma. Todas as normas 
constitucionais origin‡rias tm o mesmo status hier‡rquico. Por isso 
comentamos que, por exemplo, as normas definidoras de direitos e garantias 
fundamentais tm a mesma hierarquia do ADCT. 
Letra A: errada. N‹o h‡ hierarquia entre as normas do corpo principal da CRFB/88 
e as normas do ADCT. 
Letra B: correta. As normas do ADCT e as normas do ADCT possuem o mesmo 
n’vel hier‡rquico. Assim, eventual conflito ser‡ solucionado pela aplica‹o 
do princ’pio da especialidade, devendo ser aplicada a norma do ADCT ao caso 
concreto. 
Letra C: errada. O ADCT possui hierarquia constitucional. 
Letra D: errada. Nem todas as normas do ADCT j‡ tiveram sua efic‡cia exaurida. 
Assim, Ž poss’vel a incidncia da norma do ADCT no caso concreto. 
 
8. (IV Exame de Ordem Unificado Ð 2011) Em 2010, o Congresso Nacional 
aprovou por Decreto Legislativo a Conven‹o Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficincia. Essa conven‹o j‡ foi aprovada na 
forma do artigo 5¼, ¤ 3¼, da Constitui‹o, sendo sua hierarquia normativa 
de: 
(A) lei federal ordin‡ria. 
(B) emenda constitucional. 
(C) lei complementar. 
(D) status supralegal. 
 
Coment‡rios: 
Quest‹o Òtiro curtoÓ! A Conven‹o Internacional sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficincia foi o primeiro tratado internacional de direitos humanos aprovado 
pelo rito equivalente ao de uma emenda constitucional. Logo, sua hierarquia 
normativa Ž a de emenda constitucional. O gabarito Ž a letra B. 
 
 
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10.	PODER	CONSTITUINTE	
Poder Constituinte Ž aquele que cria a Constitui‹o, enquanto os poderes 
constitu’dos s‹o aqueles estabelecidos por ela, ou seja, s‹o aqueles que 
resultam de sua cria‹o. Pergunta importante que se deve fazer Ž a seguinte: 
quem Ž o titular do Poder Constituinte? 
Para Emmanuel Sieys, a titularidade do Poder Constituinte Ž da na‹o. Todavia, 
numa leitura moderna dessa teoria, h‡ que se concluir que a titularidade do 
Poder Constituinte Ž do povo, pois s— este pode determinar a cria‹o ou 
modifica‹o de uma Constitui‹o. O poder constituinte pode ser de dois tipos: 
origin‡rio ou derivado. 
Poder constituinte origin‡rio (de primeiro grau ou genu’no) Ž o poder de 
criar uma nova Constitui‹o. Apresenta seis caracter’sticas que o distinguem 
do derivado: Ž pol’tico, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado 
juridicamente e aut™nomo. 
 Pol’tico: Ž um poder de fato (e n‹o de direito). Ele Ž extrajur’dico, 
anterior ao direito. ƒ ele que cria o ordenamento jur’dico de um Estado. 
 Inicial: Ž o que d‡ in’cio a uma nova ordem jur’dica, rompendo 
com a anterior. A manifesta‹o tem o efeito de criar um novo Estado. 	
 Incondicionado: n‹o se sujeita a qualquer forma ou 
procedimento predeterminado em sua manifesta‹o. 	
 Permanente: se manifesta a qualquer tempo. Ele n‹o se esgota 
com a elabora‹o de uma nova Constitui‹o, mas permanece em 
Òestado de latnciaÓ, aguardando um novo chamado para manifestar-se, 
aguardando um novo Òmomento constituinteÓ. 
 Ilimitado juridicamente: n‹o se submete a limites 
determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a 
estrutura do Estado ou os direitos dos cidad‹os, por exemplo, sem ter 
sua validade contestada com base no ordenamento jur’dico anterior. 
 
 Embora a doutrina majorit‡ria reconhea que o Poder 
Constituinte Origin‡rio Ž ilimitado juridicamente, o Prof. 
Canotilho afirma que ele dever‡ obedecer a Òpadr›es e 
modelos de conduta espirituais, culturais, Žticos e sociais 
radicados na conscincia jur’dica geral da comunidadeÓ. 5 
																																								 																				 	
5
	CANOTILHO, JosŽ Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui‹o, 7» edi‹o. Coimbra: Almedina, 2003. 
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 f) Aut™nomo: tem liberdade para definir o conteœdo da nova 
Constitui‹o. Destaque-se que muitos autores tratam essa 
caracter’stica como sin™nimo de ilimitado. 
O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) Ž o 
poder de modificar a Constitui‹o Federal bem como de elaborar as 
Constitui›es Estaduais. ƒ fruto do poder constituinte origin‡rio, estando 
previsto na pr—pria Constitui‹o. Tem como caracter’sticas ser jur’dico, derivado, 
limitado (ou subordinado) e condicionado. 
a) Jur’dico: Ž regulado pela Constitui‹o, estando, portanto, previsto no 
ordenamento jur’dico vigente. 
b) Derivado: Ž fruto do poder constituinte origin‡rio. 
c) Limitado ou subordinado: Ž limitado pela Constitui‹o, n‹o podendo 
desrespeit‡-la, sob pena de inconstitucionalidade. 
d) Condicionado: a forma de seu exerc’cio Ž determinada pela 
Constitui‹o. Assim, a aprova‹o de emendas constitucionais, por 
exemplo, deve obedecer ao procedimento estabelecido no art. 60, CF. 	
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: i) Poder Constituinte 
Reformador e; ii) Poder Constituinte Decorrente. 
O primeiro consiste no poder de modificar a Constitui‹o. J‡ o segundo Ž o poder 
que a CF/88 confere aos Estados de se auto-organizarem, por meio da 
elabora‹o de suas pr—prias Constitui›es. Ambos devem respeitar as limita›es 
e condi›es impostas pela Constitui‹o Federal. 
O Poder Constituinte Origin‡rio previu2 (dois) procedimentos de modifica‹o 
formal da Constitui‹o: i) emenda constitucional e; ii) revis‹o 
constitucional. 
Ambos est‹o previstos diretamente na Constitui‹o Federal, constituem 
manifesta‹o do Poder Constituinte Derivado, mas devem obedincia ˆs regras 
impostas pelo Poder Constituinte Origin‡rio. A doutrina majorit‡ria considera 
que a reforma constitucional Ž gnero, do qual s‹o espŽcies a emenda e a 
revis‹o constitucional6. 
Existe ainda um processo informal de modifica‹o da Constitui‹o, o qual Ž 
chamado pela doutrina de muta‹o constitucional. A muta‹o constitucional 
Ž obra do Poder Constituinte Difuso. O Supremo Tribunal, nesse sentido, 
reconhece no Brasil a possibilidade de muta‹o constitucional. Guarde com 
carinho!!! J 
																																								 																				 	
6
	SILVA, JosŽ Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35a edi‹o. Ed. Malheiros, S‹o Paulo, 2012, pp. 62 
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10.1. Emenda Constitucional 
Atualmente, a œnica possibilidade de altera‹o formal da Constitui‹o Ž 
mediante Emenda constitucional. A proposta de emenda constitucional Ž 
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos 
respectivos membros. 
As emendas constitucionais podem ser elaboradas a qualquer tempo; assim, o 
Poder Constituinte Derivado poder‡ se manifestar a qualquer momento, 
alterando a Constitui‹o. Basta que sejam observados os limites constitucionais 
ao poder de reforma. 
A aprova‹o das emendas constitucionais Ž feita em sess‹o bicameral, ou 
seja, cada uma das Casas do Congresso Nacional atuar‡ separadamente na 
discuss‹o e vota‹o dessa espŽcie normativa. Como consequncia, as emendas 
constitucionais s‹o promulgadas pelas Mesas da C‰mara dos Deputados e 
do Senado Federal. 
Pelo principio da simetria, o procedimento de emenda constitucional, previsto 
no art. 60, CF/88, Ž de reprodu‹o obrigat—ria nas Constitui›es Estaduais. 
Segundo o STF, o procedimento de modifica‹o das Constitui›es estaduais deve 
ter exatamente a mesma rigidez do procedimento exigido para altera‹o da 
Carta Magna.7 
 
 
 
 
 
10.2. Limita›es Constitucionais ao Poder de Reforma 
As limita›es constitucionais ao poder de reforma s‹o de 4 (quatro) tipos 
diferentes: i) limita›es materiais; ii) limita›es formais; iii) limita›es 
circunstanciais; e iv) limita›es temporais. 
																																								 																				 	
7
	ADI-MC	1.722,	rel.	Min.	Marco	Aurélio,	10.12.	1997.	
EMENDA 
CONSTITUCIONAL
PROCEDIMENTO 
çRDUO, MAIS 
DIFICULTOSO QUE 
O DE ELABORA‚ÌO 
DAS LEIS
PROCEDIMENTO 
PERMANENTE, 
PODENDO SER 
REALIZADO A 
QUALQUER TEMPO
OBSERVåNCIA 
OBRIGATîRIA 
PELOS ESTADOS-
MEMBROS
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a) Limita›es materiais 
S‹o aquelas que restringem o poder de reforma quanto ao conteœdo, ˆ 
matŽria. Decorrem da inten‹o do Poder Constituinte Origin‡rio de estabelecer 
um nœcleo essencial que n‹o poder‡ ser suprimido por meio de emenda 
constitucional. A doutrina divide em dois grupos: i) expl’citas e; ii) impl’citas. 
As limita›es expl’citas est‹o expressamente previstas no texto 
constitucional. A CF/88 estabelece, em seu art. 60, ¤ 4¼, que certas matŽrias 
n‹o poder‹o ser objeto de emendas constitucionais tendentes a aboli-
las. S‹o as chamadas cl‡usulas pŽtreas. Trata-se de nœcleo intang’vel, que 
est‡ protegido contra investidas do poder de reforma. Nesse sentido, n‹o ser‡ 
objeto de delibera‹o a proposta de emenda tendente a abolir: 
 
 
 
 
 
ƒ relevante destacar que as matŽrias que constituem cl‡usulas pŽtreas podem 
ser objeto de emenda constitucional; o que elas n‹o podem Ž ser objeto de 
emendas tendentes a aboli-las. Para o Supremo Tribunal, o que n‹o se autoriza, 
portanto, de forma alguma, Ž que o nœcleo essencial das cl‡usulas pŽtreas seja 
esvaziado. Òas limita›es materiais (...) n‹o significam a intangibilidade literal 
da respectiva disciplina na Constitui‹o origin‡ria, mas apenas a prote‹o do 
nœcleo essencial dos princ’pios e institutos.Ó8 
Nesse sentido, uma emenda constitucional que estabelea o voto facultativo n‹o 
estar‡ violando cl‡usula pŽtrea e ser‡ plenamente v‡lida. Da mesma forma, 
tambŽm ser‡ v‡lida emenda que amplie direitos e garantias individuais. Ainda 
podemos afirmar como sendo plenamente constitucional emenda que transfira 
competncia de um ente federativo para outro, desde que resguardado certo 
grau de autonomia de cada um deles.9 
																																								 																				 	
8 MS 23.047-MC, Rel. Min. Sepœlveda Pertence. DJ 14.11.2003. 
9
	MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6» edi‹o. Editora Saraiva, 2011, pp. 
143. 	
CLçUSULAS PƒTREAS
FORMA 
FEDERATIVA 
DE ESTADO
VOTO DIRETO, 
SECRETO, 
UNIVERSAL E 
PERIîDICO
SEPARA‚ÌO 
DOS PODERES
DIREITOS E 
GARANTIAS 
INDIVIDUAIS
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 Uma emenda constitucional poder‡ criar uma cl‡usula 
pŽtrea? 
N‹o. Emenda constitucional n‹o pode criar cl‡usula 
pŽtrea; apenas o Poder Constituinte Origin‡rio tem esse 
poder. Destaque-se, inclusive, que o novo direito ou 
garantia individual (criado pela emenda constitucional) 
n‹o pode ser considerado uma cl‡usula pŽtrea. 
Deve-se ter especial cuidado aos Òdireitos e garantias individuaisÓ, tambŽm 
considerados cl‡usulas pŽtreas. Eles n‹o est‹o arrolados apenas no art. 5¼, da 
CF/88; h‡ diversos outros direitos e garantias individuais espalhados 
pelo texto constitucional, os quais tambŽm devem ser considerados cl‡usula 
pŽtrea, a exemplo do princ’pio da anterioridade tribut‡ria (art. 150, III, b) e o 
princ’pio da anterioridade eleitoral (art. 16). 
H‡, ainda, as limita›es impl’citas. S‹o limites t‡citos, que asseguram a 
efetividade das cl‡usulas pŽtreas expressas.10 Nas palavras de Michel Temer, 
Òdizem respeito ˆ forma de cria‹o de norma constitucional bem como as que 
impedem a pura e simples supress‹o dos dispositivos atinentes ˆ intocabilidade 
dos temas j‡ elencados (art. 60, ¤ 4o, CF)Ó.11 A doutrina aponta as seguintes 
limita›es impl’citas ao poder de reforma: 
 Titularidade do Poder Constituinte Origin‡rio; 
 Titularidade do Poder Constituinte Derivado; 
 Procedimentos de reforma constitucional. 
A titularidade do Poder Constituinte Origin‡rio Ž do povo: cabe a ele 
decidir a convenincia e a oportunidade de se elaborar uma nova Constitui‹o. 
Por esse motivo, Ž inconstitucional qualquer emenda ˆ Constitui‹o que retire 
tal atribui‹o do povo, outorgando-a a qualquer —rg‹o constitu’do. 
No que se refere ˆ titularidade do poder constituinte derivado, pelas 
mesmas raz›es expressas acima, Ž inconstitucional qualquer emenda ˆ 
Constitui‹o que transfira a competncia de reformar a Constitui‹o, atribu’da 
ao Congresso Nacional (representante do povo), a outro —rg‹o do Estado (ao 
Presidente da Repœblica, por exemplo). 
Por fim, o procedimento de revis‹o constitucional (ADCT, art. 3¼), bem como o 
de emenda constitucional (CF, art. 60), s‹o limita›es materiais impl’citas. 
Seriaflagrantemente inconstitucional, por exemplo, emenda ˆ Constitui‹o 
que estabelecesse novo qu—rum para a aprova‹o de emendas constitucionais. 
																																								 																				 	
10
	CANOTILHO,	J.	J.	Gomes.	Direito	Constitucional,	1993.	
11TEMER, M. Elementos de direito constitucional, 19a ed., p. 145. 
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Da mesma forma, n‹o seria v‡lida emenda constitucional que criasse novas 
cl‡usulas pŽtreas. 
No Brasil, n‹o se admite, portanto, a Òdupla revis‹oÓ. Esse artif’cio, 
defendido por parte da doutrina, consistiria em alterar, mediante emenda 
constitucional, o art. 60, ¤ 4¼, com o intuito de suprimir ou restringir uma das 
cl‡usulas pŽtreas; em seguida, num segundo momento, outra emenda 
constitucional poderia abolir normas antes gravadas pela cl‡usula pŽtrea. 
b) Limita›es formais 
As limita›es formais ao processo de reforma ˆ Constitui‹o se devem ˆ 
rigidez constitucional. Como voc se lembra, a CF/88 Ž do tipo r’gida e, como 
tal, exige um processo especial para modifica‹o do seu texto, mais dif’cil do 
que aquele de elabora‹o das leis. Essas limita›es formais est‹o previstas no 
art. 60, I ao III, e ¤¤ 2¼, 3¼ e 5¼. Vejamos o quadro a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
A primeira limita‹o formal ˆ reforma da Constitui‹o se refere ˆ iniciativa. 
Os incisos I a III do art. 60 estabelecem os legitimados no processo legislativo 
de reforma da Constitui‹o. 
 1/3 (um tero), no m’nimo, dos membros da C‰mara dos Deputados 
ou do Senado Federal; 
 Presidente da Repœblica; 
 mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da 
federa‹o, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa 
de seus membros. 
A segunda limita‹o formal ˆ reforma da Constitui‹o diz respeito ˆ 
discuss‹o, vota‹o e aprova‹o da proposta de emenda constitucional. De 
acordo com o art. 60, ¤ 2¼ da CF/88, a proposta de emenda constitucional ser‡ 
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
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INICIATIVA RESTRITA Ð ART. 60, INCISOS, CF
VOTA‚ÌO E DISCUSSÌO EM DOIS TURNOS EM CADA 
CASA LEGISLATIVA E DELIBERA‚ÌO QUALIFICADA 
PARA APROVA‚ÌO DO PROJETO DE EMENDA 
CONSTITUCIONAL
PROMULGA‚ÌO PELAS MESAS DA CåMARA DOS 
DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, COM O 
RESPECTIVO NòMERO DE ORDEM
VEDA‚ÌO Ë REAPRESENTA‚ÌO, NA MESMA SESSÌO 
LEGISLATIVA, DE PROPOSTA DE EMENDA NELA 
REJEITADA OU TIDA POR PREJUDICADA 
(IRREPETIBILIDADE)
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Direito	Constitucional			
1ª	Fase	-	XXV	Exame	da	OAB 	
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considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos 
respectivos membros. 
A terceira limita‹o formal ao poder de reforma diz respeito ˆ promulga‹o. 
O art. 60, ¤ 3¼, determina que a emenda ˆ Constitui‹o ser‡ promulgada pelas 
Mesas da C‰mara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo 
nœmero de ordem. Vale destacar que: 
 Diferentemente do que ocorre no projeto de lei, a proposta de 
emenda ˆ Constitui‹o n‹o se submete a san‹o ou veto do 
Chefe do Poder Executivo; 
 Ao contr‡rio do que ocorre no processo legislativo das leis, o 
Presidente da Repœblica n‹o disp›e de competncia para 
promulga‹o de uma emenda ˆ Constitui‹o; 
 A numera‹o das emendas ˆ Constitui‹o segue ordem 
pr—pria, distinta daquela das leis (EC n¼ 1; EC n¼ 2; EC n¼ 3.......). 
A quarta limita‹o formal ao poder de reforma est‡ prevista no art. 60, ¤ 5¼, 
CF/88. Trata-se do princ’pio da irrepetibilidade, segundo o qual Òa matŽria 
constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada n‹o pode 
ser objeto de nova proposta na mesma sess‹o legislativaÓ. Assim, uma proposta 
de emenda rejeitada ou havida por prejudicada somente poder‡ ser objeto de 
nova proposta na pr—xima sess‹o legislativa. 
 Cuidado! H‡ diferena em rela‹o ao processo legislativo 
das leis. A matŽria constante de projeto de lei 
rejeitado poder‡ constituir objeto de novo projeto, na 
mesma sess‹o legislativa, desde que mediante 
proposta da maioria absoluta dos membros de 
qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). 
Ent‹o, meus amigos, guardem com muito carinho! A 
irrepetibilidade de proposta de emenda 
constitucional rejeitada ou havida por prejudicada 
Ž absoluta; j‡ a irrepetibilidade de projeto de lei 
rejeitado Ž relativa. 
c) Limita›es circunstanciais 
Essas limita›es impedem a reforma da Constitui‹o em situa‹o de 
instabilidade pol’tica do Estado. Diante de certas situa›es excepcionais e de 
anormalidade institucional, a Constitui‹o n‹o poder‡ ser reformada. O 
objetivo Ž garantir a independncia do Poder Constituinte Derivado. 
A Carta da Repœblica instituiu trs circunst‰ncias excepcionais que impedem a 
modifica‹o do seu texto: estado de s’tio, estado de defesa e interven‹o 
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federal (CF, art. 60, ¤ 1o). Destaca-se que, nesses per’odos, as propostas de 
emenda ˆ Constitui‹o poder‹o ser apresentadas, discutidas e votadas. O que 
n‹o se permite Ž a promulga‹o de emendas constitucionais. 
d) Limita›es temporais 
Segundo a doutrina majorit‡ria, a CF/88 n‹o possui limita›es temporais ao 
poder de reforma. Estas consistiriam no estabelecimento de um lapso temporal 
dentro do qual a Constitui‹o seria imodific‡vel. Ex: A Constitui‹o do ImpŽrio 
de 1824 estabeleceu um limite temporal ao poder de reforma: seu texto somente 
poderia ser modificado ap—s 4 anos de sua vigncia. 
 
 
9. (FGV / XXII Exame de Ordem Ð 2017) Parlamentar brasileiro, em viagem 
oficial, visita o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, recebendo 
numerosas informa›es acerca do seu funcionamento e de sua ‡rea de 
atua‹o. Uma, todavia, chamou especialmente sua aten‹o: a referida 
Corte Constitucional reconhecia a possibilidade de altera‹o da 
Constitui‹o material Ð ou seja, de suas normas Ð sem qualquer mudana 
no texto formal. Surpreendido com essa possibilidade, procura sua 
assessoria jur’dica a fim de saber se o Supremo Tribunal Federal fazia uso 
de tŽcnica semelhante no ‰mbito da ordem jur’dica brasileira. A partir da 
hip—tese apresentada, assinale a op‹o que apresenta a informa‹o dada 
pela assessoria jur’dica. 
a) N‹o. O Supremo Tribunal Federal somente pode reconhecer nova norma no 
sistema jur’dico constitucional a partir de emenda ˆ constitui‹o produzida pelo 
poder constituinte derivado reformador. 
b) Sim. O Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o fen™meno da muta‹o 
constitucional, pode atribuir ao texto inalterado uma nova interpreta‹o, que 
expressa, assim, uma nova norma. 
c) N‹o. O surgimento de novas normas constitucionais somente pode ser admitido 
por intermŽdio das vias formais de altera‹o, todas expressamente previstas no 
pr—prio texto da Constitui‹o. 
d) Sim. O sistema jur’dico-constitucional brasileiro, seguindo linhas interpretativas 
contempor‰neas, admite, como regra, a interpreta‹o da Constitui‹o 
independentemente de limites sem‰nticos concedidos pelo texto. 
Coment‡rios: 
O STF reconhece, no Brasil, a possibilidade de muta‹o constitucional, assim 
chamado o processo informal de mudana da Constitui‹o. Pela muta‹o

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