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Aula 00 Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas Professores: Diego Cerqueira, Ricardo Vale 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 1 de 59 DIREITO CONSTITUCIONAL P/ OAB - 1ª FASE XXV EXAME DE ORDEM Ol amigos do Estratgia OAB! com muito prazer que hoje daremos incio ao nosso ÒCurso de Direito Constitucional p/ 1» fase do XXV Exame Ordem da OABÓ. Antes de mais nada, gostaramos de dar uma rpida ÒpalavrinhaÓ acerca do Exame da OAB, que, sem dvida, um passo importantssimo na carreira de vocs! A prova da OAB vem se tornando cada vez mais difcil com o passar do tempo. Analisando-se todos os exames j organizados pela FGV, a mdia histrica de aprovao de +-20% dos inscritos. Ou seja, uma mdia baixa... H uma srie de razes que explica isso. No entanto, consideramos que os 3 (trs) principais problemas dos alunos so os seguintes: No ter o hbito de leitura: As provas da FGV esto apresentando textos cada vez maiores, exigindo do candidato o hbito pela leitura. No dia da prova objetiva, voc precisar de muita informao. Se, durante a sua preparao, voc no tiver lido bastante, dificilmente conseguir identificar as ÒpegadinhasÓ da banca. No conhecer a banca examinadora: muito comum que o candidato estude sem foco e perca muito tempo com assuntos pouco ou quase nunca cobrados pela FGV no Exame de Ordem. Chega o dia da prova e cai tudo diferente do que voc tinha estudado... No resolver provas anteriores: As questes da FGV tm um estilo bastante peculiar. So casos prticos, que exigem conhecimento terico e adequada interpretao do futuro advogado. A metodologia do Estratgia Concursos se direciona a combater exatamente esses 3 (trs) grandes problemas. Nos cursos para a OAB, voc ter acesso a: 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 2 de 59 Para que voc tenha uma noo de como o nosso curso ser construdo, apresentamos a seguir o Raio-X da OAB em Direito Constitucional. Essa anlise foi feita a partir de um exame detalhado de todos os exames da OAB aplicados pela FGV. Assim, aps o XXIV Exame de Ordem, temos as seguintes estatsticas de cobrana: X Ð DIREITO CONSTITUCIONAL ASSUNTOS Questes % TEMA 1: TEORIA GERAL DA CONSTITUIÌO 12 6,70% TEMA 2: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 29 16,20% TEMA 3: NACIONALIDADE 8 4,47% TEMA 4: DIREITOS POLêTICOS 10 5,59% TEMA 5: PARTIDOS POLêTICOS 2 1,12% TEMA 6: ORGANIZAÌO POLêTICO-ADMINISTRATIVA + INTERVENÌO FEDERAL 20 11,17% TEMA 7: ADMINISTRAÌO PòBLICA 2 1,12% TEMA 8: PRINCêPIO DA SEPARAÌO DOS PODERES 1 0,56% TEMA 9: PODER EXECUTIVO 10 5,59% TEMA 10: PODER LEGISLATIVO + TRIBUNAIS DE CONTAS 13 7,26% TEMA 11: PROCESSO LEGISLATIVO 14 7,82% TEMA 12: PODER JUDICIçRIO 10 5,59% TEMA 13: FUNÍES ESSENCIAIS Ë JUSTIA 3 1,68% TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 32 17,88% TEMA 15: ORDEM SOCIAL E OUTROS TEMAS 10 5,59% TEMA 16: ORDEM ECONïMICA E FINANCEIRA 1 0,56% TEMA 17: DEFESA DO ESTADO 2 1,12% TOTAL 179 100,00% Meus amigos, perceberam como a banca joga (rs)? Essa tabela ser o nosso guia de bolso. Mais do que isso: Ser o verdadeiro Òcaminho das pedrasÓ para quem quer arrebentar em Direito Constitucional. Uma anlise cuidadosa das estatsticas nos indica que, se voc souber os temas ÒControle de ConstitucionalidadeÓ, ÒDireitos e Deveres Individuais e ColetivosÓ, ÒOrganizao Poltico-AdministrativaÓ, ÒPoder Executivo, Teoria Resumida (baseada em estatísticas): Os professores explicarão a teoria apenas na medida do necessário para que você consiga resolver todas as provas da OAB. Nemmais nem menos! Resolução de TODAS as questões das provas da OAB aplicadas pela FGV: Você terá a oportunidade de praticar bastante e estudar com segurança e confiança de tudo que já foi objeto das provas anteriores. Fórum de dúvidas, no qual você terá acesso direto ao professor. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 3 de 59 Poder e Processo Legislativo, Poder Judicirio e Ordem SocialÓ ir mandar muito bem na prova. S aqui temos +- 75% do que j foi objeto de cobrana! J Prontos para comearmos nossa jornada? Forte abrao a todos e bons estudos! Diego e Ricardo Facebook do Prof. Diego Cerqueira: https://www.facebook.com/coachdiegocerqueira Instagram: @profdiegocerqueira Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Instagram: @profricardovale Aulas Tpicos abordados Data Aula 00 Teoria Geral da Constituio / Separao de Poderes / Princpios fundamentais 23/11/17 Aula 01 Direitos e deveres individuais e coletivos 07/12/17 Aula 02 Nacionalidade / Direitos polticos / Partidos Polticos 14/12/17 Aula 03 Organizao Poltico-Administrativa 25/12/17 Aula 04 Administrao Pblica 30/12/17 Aula 05 Poder Executivo. 04/01/18 Aula 06 Poder Legislativo. 17/01/18 Aula 07 Processo Legislativo. 24/01/18 Aula 08 Poder Judicirio 31/01/18 Aula 09 Outros temas: Funes Essenciais Justia / Ordem Social / Ordem Econmica e Financeira / Defesa do Estado 15/02/18 Aula 10 Controle de Constitucionalidade 20/02/18 Aula Extra Reviso 01 26/02/18 Aula Extra Reviso 02 01/03/18 Aula Extra Reviso 03 05/03/18 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 4 de 59 1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO A Constituio a Òlei fundamental e supremaÓ. ela que determina a organizao e o funcionamento do Estado, bem como ela que define os direitos e garantias fundamentais. A Constituio serve como fundamento de validade de todo o ordenamento jurdico. o estatuto do Poder Poltico. De acordo com o Prof. J.J Canotilho, a Constituio um Òsistema abertoÓ composto por normas de dois tipos: i) regras e; ii) princpios. As regras so mais concretas, servindo para definir determinadas condutas. J, os princpios so mais abstratos: no definem condutas, mas sim diretrizes para que se alcance a mxima concretizao da norma. As regras no admitem o cumprimento ou descumprimento parcial; elas seguem a lgica do Òtudo ou nadaÓ. Nesse sentido, quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito determinar qual delas foi suprimida. Por outro lado, os princpios podem ter sua aplicao mitigada. No caso de coliso, o conflito apenas aparente, ou seja, um no ser excludo pelo outro. Assim, apesar de a Constituio, por exemplo, garantir a livre manifestao do pensamento (art. 5¼, IV), esse direito no absoluto. Encontra limites na proteo vida privada (art. 5¼, X). O intrprete, ento, dever se valer da tcnica da harmonizao (ponderao de valores). Quando Canotilho diz que a Constituio um Òsistema abertoÓ, significa que a Constituio dinmica, adaptando-se realidade social de modo a concretizar o Estado democrtico de direito e captar a evoluo dos valores da sociedade, sob pena de perder sua fora normativa. Se formos buscar na doutrina, iremos identificar que no h uma uniformidadequando quanto ao conceito de Constituio, podendo este ser analisado a partir de diversas concepes. Mas, para fins prova, precisaremos levar alguns pontos importantes. Vejamos. ü Sentido sociolgico: Tem sua origem no sculo XIX, definido por Ferdinand Lassalle. A Constituio , em verdade, um fato social, e no uma norma jurdica. A Constituio real e efetiva de um Estado consiste na soma dos fatores reais de poder (guarde essa expresso) que vigoram na sociedade. o reflexo das relaes de poder que existem no mbito do Estado e a soma das foras econmicas, sociais, polticas e religiosas que forma a Constituio real. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 5 de 59 Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constituies: uma real, efetiva, correspondente soma dos fatores reais de poder que regem este pas; e outra, escrita, que consistiria apenas numa Òfolha de papelÓ. ü Sentido poltico: Para Carl Schmitt, a Constituio uma deciso poltica fundamental que visa estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. O que interessa to-somente que a Constituio um produto da vontade do titular do Poder Constituinte. Da ser chamada pela doutrina de Teoria Òvoluntarista ou decisionistaÓ. Schmitt distingue Constituio de leis constitucionais. A primeira dispe sobre matrias de grande relevncia jurdica, como o caso da forma de Estado e de Governo, relao entre os poderes, repartio de competncia. As segundas, seriam normas que fazem parte formalmente do texto, mas que tratam de assuntos de menor importncia. ü Sentido jurdico: Para Hans Kelsen, a Constituio entendida como norma jurdica pura, sem qualquer cunho sociolgico, poltico ou filosfico. Ela a norma superior e fundamental, que organiza e estrutura o poder poltico, limita a atuao estatal e estabelece direitos e garantias individuais. Kelsen concebeu o ordenamento jurdico como um sistema de escalonamento hierrquico das normas. Sob essa tica, as normas jurdicas inferiores (normas fundadas) sempre retiram seu fundamento de validade das normas jurdicas superiores (normas fundantes). Assim, um decreto retira seu fundamento de validade das leis ordinrias; por sua vez, a validade das leis ordinrias se apoia na Constituio. Nesse sentido, precisamos compreender a Constituio a partir de dois sentidos: o lgico-jurdico e o jurdico-positivo. No sentido lgico- jurdico, a Constituio a norma hipottica fundamental (imaginada) que serve como fundamento lgico transcendental da validade da Constituio em sentido jurdico-positivo. Esta norma no possui um enunciado explcito, consistindo apenas numa ordem, dirigida a todos, de obedincia Constituio positiva. J no sentido jurdico-positivo a Constituio a norma positiva suprema, que serve para regular a criao de todas as outras. documento solene, cujo texto s pode ser alterado mediante procedimento especial. No Brasil, esta Constituio , atualmente, a de 1988. Mas Diego, e qual a posio do STF? O Supremo no tem apenas uma viso de perceber a Constituio. A Corte adota mltiplas acepes, ora entendendo a Constituio como um fato social, ora 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 6 de 59 como valor ou norma jurdica. Todas elas so importantes e possuem suas contribuies e fragilidades. 2. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO As Constituies, de forma geral, dividem-se em trs partes: prembulo, parte dogmtica e disposies transitrias. O prembulo a parte que antecede o texto constitucional. Serve para apresentar e definir as intenes do Constituinte, proclamando os princpios e rompendo com a ordem jurdica anterior. elemento de integrao. Segundo o STF, o prembulo fonte de interpretao1, mas no norma constitucional; no dispe de fora normativa ou carter vinculante. No serve de parmetro para a declarao de inconstitucionalidade e no estabelece limites para o Poder Constituinte. Por isso, que suas disposies no so de reproduo obrigatria pelas Constituies Estaduais. A parte dogmtica o texto constitucional propriamente dito, que prev os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente. Destaca-se que falamos em Òcorpo permanenteÓ porque, a princpio, essas normas no tm carter transitrio, embora possam ser modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional. Por fim, a parte transitria visa integrar a ordem jurdica antiga nova, quando do advento de uma nova Constituio, garantindo a segurana jurdica e evitando o colapso entre um ordenamento jurdico e outro. Suas normas so formalmente constitucionais, embora, no texto da CF/88, apresente numerao prpria (vejam ADCT). A parte transitria pode ser modificada por reforma constitucional. Alm disso, tambm pode servir como paradigma para o controle de constitucionalidade das leis. 3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO Embora as Constituies formem um todo sistematizado, suas normas esto agrupadas em ttulos, captulos e sees, com contedo, origem e finalidade diferentes, possuindo um carter polifactico (Òmuitas facesÓ). 1 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9» edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 53-55 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 7 de 59 A doutrina agrupa as normas constitucionais conforme suas finalidades, no que se denominam elementos da constituio. Para fins de reviso, seguiremos a doutrina clssica do Prof. Jos Afonso da Silva, a saber: 4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Ao estudar as diversas Constituies, a doutrina prope muitos critrios para classific-las. Vamos apenas trabalhar os elementos fundamentais, uma passada rpida neste tema; famoso ÒbizÓJ, para fins de reviso. 1) Classificao quanto origem: a) Outorgadas: so aquelas impostas, que surgem sem participao popular. Resultam de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante. Ex: CF de 1824, 1937 e 1967 e a EC n¼ 01/1969. b) Democrticas: nascem com participao popular, por processo democrtico, fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte. Ex: CF de 1891, 1934, 1946 e 1988. c) Cesaristas/bonapartistas: so outorgadas, mas necessitam de referendo popular, cabendo ao povo apenas a sua ratificao. d) Dualista: resultado de duas foras antagnicas: monarquia enfraquecida X a burguesia em ascenso. Visam estabelecem limitao ao poder, formando as chamadas monarquias constitucionais. •São normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Exemplos: Título III (Da Organizaçãodo Estado) e IV (Da Organização dos Poderes). Elementos orgânicos: •São normas que compõem os direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação do poder estatal. Ex: Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), exceto Capítulo II (Dos Direitos Sociais). Elementos limitativos: •São as normas que traduzem o compromisso com o bem estar social. Refletem a existência do Estado social, intervencionista, prestacionista. Ex: “Dos Direitos Sociais, DaOrdem Econômicae Financeira e Da Ordem Social”. Elementos socioideológicos: •São normas destinadas a prover solução de conflitos constitucionais, bem como a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. Ex: art. 102, I, “a” e arts. 34 a 36. Elementos de estabilização constitucional: •São as normas que estabelecem regras de aplicação da constituição. Ex: preâmbulo, disposições constitucionais transitórias e art. 5º, § 1º, CF. Elementos formais de aplicabilidade: 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 8 de 59 2) Classificao quanto forma: a) Escritas/instrumentais: so elaboradas por um rgo constituinte especialmente encarregado dessa tarefa por meio de documentos solenes. Podem ser codificadas - nico texto; ou legais - pluritextuais ou inorgnicas. A CF/88 escrita e codificada. b) No escritas/costumeiras/consuetudinrias: esto em variadas fontes normativas (leis, costumes, jurisprudncia, acordos/convenes. No h um rgo encarregado de elaborar. Ex: Constituio inglesa. 3) Classificao quanto ao modo de elaborao: a) Dogmticas/sistemticas: so escritas, tendo sido elaboradas por um rgo constitudo para esta finalidade, segundo os dogmas e valores. Subdividem-se em: ortodoxas: quando refletem uma s ideologia ou heterodoxas (eclticas): quando se originam de ideologias distintas. Ex: CF/88 dogmtica ecltica. b) Histricas/costumeiras: so do tipo no escritas. So criadas lentamente com as tradies; sntese dos valores histricos.Ex: Constituio inglesa. 4) Classificao quanto estabilidade (alterabilidade): a) Super-rgida: h um ncleo intangvel, as chamadas clusulas ptreas, sendo as demais normas alterveis por processo legislativo diferenciado. b) Rgida: modificada por procedimento mais dificultoso do que as demais leis. sempre escrita, mas a recproca no verdadeira: nem toda Constituio escrita rgida. A CF/88 rgida. Ex: CF/1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. c) Semirrgida ou semiflexvel: para algumas normas, o processo legislativo de alterao mais dificultoso que o ordinrio; para outras no. Ex: Carta Imperial do Brasil (1824) d) Flexvel: pode ser modificada pelo procedimento legislativo ordinrio, pelo mesmo processo das leis comuns. ATENÌO! importante salientar que a maior ou menor rigidez da Constituio no lhe assegura estabilidade. Sabe-se hoje que a estabilidade se relaciona mais com o amadurecimento da sociedade e das instituies estatais do que com o processo legislativo de modificao do texto constitucional. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 9 de 59 5) Classificao quanto ao contedo: a) Material: conjunto de normas, escritas ou no, que regulam os aspectos essenciais da vida estatal; ainda que exista normas fora do texto constitucional, estas faro parte da Constituio material. A anlise aqui em relao ao contedo. Ex: Carta do Imprio de 1824. b) Constituio formal/procedimental: normas que esto inseridas formalmente no texto de uma Constituio rgida, independentemente de seu contedo; foi solenemente elaborada por uma Assembleia Constituinte. Ex: CF/88 6) Classificao quanto extenso: a) Analticas/prolixas: de contedo extenso, tratando de matrias que no apenas a organizao bsica do Estado. Contm normas apenas formalmente constitucionais. A CF/88 analtica. b) Sintticas/concisas/sumrias: apresentam apenas os elementos substancialmente constitucionais. Ex: CF norte-americana. O detalhamento nas leis infraconstitucionais. Constituies negativas. 7) Quanto correspondncia com a realidade (ontolgica): a) Normativas: regulam efetivamente o processo poltico do Estado; correspondem realidade poltica e social; tm valor jurdico. Ex: CF brasileiras de 1891, 1934 e 1946. b) Nominativas: buscam regular o processo poltico, mas no conseguem realizar este objetivo; so prospectivas, pois visam, um dia, a sua concretizao; mas no possuem valor jurdico: so Constituies Òde fachadaÓ. c) Semnticas: no tm por objetivo regular a poltica estatal. Visam apenas formalizar a situao existente do poder poltico. Ex: Constituies de 1937, 1967 e 1969. *Destaca-se que essa classificao foi criada por Karl Loewenstein. Embora existam controvrsias na doutrina, podemos classificar a CF/88 como normativa. 8) Classificao quanto finalidade: a) Constituio-garantia: seu principal objetivo proteger as liberdades pblicas contra a arbitrariedade do Estado. So tambm chamadas de negativas; buscam limitar a ao estatal; impem a omisso ou negativa de atuao do Estado. b) Constituio-dirigente: traa diretrizes/objetivo/metas que devem nortear a ao estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas programticas. Segundo Canotilho, voltam-se garantia do existente, aliada instituio de um programa ou linha de direo para o futuro. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 10 de 59 Assim, as Constituies-dirigentes, alm de assegurarem as liberdades negativas (j alcanadas), passam a exigir uma atuao positiva do Estado em favor dos indivduos. Ex: CF/88 E a nossa CF/88 de que tipo? Para fins de prova, guardem com carinho que nossa Constituio possui as seguintes caractersticas: Democrtica, promulgada, escrita, codificada, dogmtica, ecltica, rgida, formal, analtica, normativa* e dirigente. 5. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Meus amigos, este um tema que at ento no era cobrado em provas da OAB. Mas, no XIX exame de ordem, a banca resolver trazer para o certame. Ento, vamos aqui fazer uma brevssima reviso. A Constituio de 1824 a chamada Carta Imperial. Foi a 1» Constituio Brasileira. Trata-se de uma Constituio outorgada, que previa a existncia de um ÒPoder ModeradorÓ. Estabelecia apenas os direitos de 1» gerao. Mas, o voto era censitrio e a manifestao poltica dependia de manifestao de riqueza. As mulheres, os mendigos e os analfabetos no votavam. A Constituio de 1891 foi 1» Constituio que adotou a forma republicana e o Estado Federativo. Foi tambm a primeira Constituio promulgada. Aqui, ainda h a existncia dos direitos de 1» gerao apenas e a situao do voto censitrio. Mas, tem-se os primeiros passos da histria do controle de Constitucionalidade (controle difuso) e o estabelecimento do 1¼ remdio constitucional: Habeas Corpus. Na Constituio de 1934 temos um marco. 1» Constituio social do Brasil, trazendo os direitos sociais (2» gerao). Foi uma Constituio democrtica, promulgada. Surgimento dos primeiros instrumentos do controle concentrado: a) Representao de Inconstitucionalidade Interventiva Federal; b) papel do Senado e c) Princpio de reserva de plenrio. A Constituio de 1937 a Constituio ÒPolacaÓ, inspirada num modelo fascista da Carta ditatorial Polonesa/1935. Constituio autoritria. Houve retrocesso nos direitos e garantias fundamentais; perda dos direitos polticos; •Criação do voto secreto e direito à voto da mulheres. •Introduz oMandado de Segurança Individual e a Ação Popular no texto da Constituição. Dica! 00000000000- DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 11 de 59 e censura prvia, trazendo tambm a possibilidade de prescrio de pena de morte em alguns casos. J a Constituio de 1946 foi uma Constituio promulgada. Houve evoluo na defesa dos direitos fundamentais; surgimento do alistamento e o voto obrigatrio para ambos sexos; a livre manifestao do pensamento; a funo social da propriedade e reconhecimento do direito de greve. Na Constituio de 1967 temos uma Constituio outorgada, com verdadeiro retrocesso na defesa dos direitos fundamentais, inclusive, com a criao da ao de suspenso de direitos individuais e polticos. Em 1968, houve o Ato Institucional AI-5, responsvel pela restrio de direitos e um alinhamento ao regime ditatorial. A Constituio de 1969, na verdade, acabou sendo uma reescrita da anterior. Veio, inclusive por Emenda Constitucional de 1969. Embora a forma seja a mesma, no seu contedo a doutrina entende que houve um novo texto. Houve concentrao/centralizao do poder tanto horizontalmente (legislativo, executivo e judicirio), quanto verticalmente (Unio, Estados e Municpios), nas mos do Presidente da Repblica. 1. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) A Constituio de determinado pas veiculou os seguintes artigos: Art. X. As normas desta Constituio podero ser alteradas mediante processo legislativo prprio, com a aprovao da maioria qualificada de trs quintos dos membros das respectivas Casas Legislativas, em dois turnos de votao, exceto as normas constitucionais que no versarem sobre a estrutura do Estado ou sobre os direitos e garantias fundamentais, que podero ser alteradas por intermdio de lei infraconstitucional. Art. Y. A presente Constituio, concebida diretamente pelo Exmo. Sr. Presidente da Repblica, dever ser submetida consulta popular, por meio de plebiscito, visando sua aprovao definitiva. Art. Z. A ordem econmica ser fundada na livre iniciativa e na valorizao do trabalho humano, devendo seguir os princpios reitores da democracia liberal e da social democracia, bem como o respeito aos direitos fundamentais de primeira dimenso (direitos civis e polticos) e de segunda dimenso (direitos sociais, econmicos, culturais e trabalhistas). Com base no fragmento acima, certo afirmar que a classificao da Constituio do referido pas seria a) semirrgida, promulgada, heterodoxa. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 12 de 59 b) flexvel, outorgada, compromissria. c) rgida, bonapartista e ortodoxa. d) semiflexvel, cesarista e compromissria. Comentrios: Opa! Sempre comentei com os alunos que um dia a OAB iria cobrar o tema da classificao das Constituies. E ela veio! (rs). Questo fresquinha do XXI Exame de Ordem, meus amigos. De acordo com o art. X, pode-se dizer que a Constituio semirrgida (ou semiflexvel). Isso porque parte dela depende, para ser alterada, de processo legislativo mais dificultoso do que o das leis. Outra parte poder ser alterada por processo legislativo idntico ao das leis. Pelo art. Y, pode-se identificar que a Constituio cesarista. uma Constituio outorgada, mas que depende de ulterior ratificao popular. Por fim, o art. Z nos mostra que a Constituio dirigente (compromissria). uma Constituio que, alm de garantir os direitos e garantias individuais, estabelece diretrizes para a concretizao dos direitos econmicos e sociais. Gabarito letra D. 2. (FGV / XIX Exame de Ordem Ð 2016) O constitucionalismo brasileiro, desde 1824, foi construdo a partir de vertentes tericas que estabeleceram continuidades e clivagens histricas no que se refere essncia e interrelao das funes estatais, tanto no plano vertical como no horizontal, bem como proteo dos direitos fundamentais. A partir dessa constatao, assinale a afirmativa correta. a) A Constituio de 1824 adotou, de maneira rgida, a tripartio das funes estatais, que seriam repartidas entre o Executivo, o Legislativo e o Judicirio. b) A Constituio de 1891 disps sobre o federalismo de cooperao e delineou um Estado Social e Democrtico de Direito. c) A Constituio de 1937 considerou o Supremo Tribunal Federal o guardio da Constituio, detendo a ltima palavra no controle concentrado de constitucionalidade. d) A Constituio de 1946 foi promulgada e reinaugurou o perodo democrtico no Brasil, tendo contemplado um rol de direitos e garantias individuais. Comentrios: Letra A: errada. A Constituio de 1824 previa tambm a existncia do Poder Moderador, que estaria nas mos do Imperador. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 13 de 59 Letra B: errada. A Constituio de 1934 que inaugurou o Constitucionalismo social no Brasil, inovando com os direitos 2» gerao. Foi uma Constituio democrtica, promulgada. Letra C: errada. O controle concentrado de constitucionalidade surge, de fato, somente com a EC n¼ 16/1965, que foi editada sob a gide da Constituio de 1946. At ento, funcionava apenas o controle difuso de constitucionalidade e alguns embries de instrumentais de controle concentrado. Letra D: correta. Perfeito. Como vimos, a Constituio/1946 trouxe um novo perodo democrtico no Brasil, com uma evoluo na defesa dos direitos fundamentais e o encerramento da vigncia da Constituio/1937 (denominada ÒPolacaÓ) durante o perodo do Estado Novo (Getlio Vargas). 3. (FGV/Prefeitura de Cuiab-MT - 2016) Edilberto, advogado constitucionalista, idealizou um modelo constitucional com as seguintes caractersticas: a primeira parte no poderia sofrer qualquer tipo de alterao, devendo permanecer imutvel; a segunda parte poderia ser alterada a partir de um processo legislativo qualificado, mais complexo que aquele inerente legislao infraconstitucional; e a terceira parte poderia ser alterada com observncia do mesmo processo legislativo afeto legislao infraconstitucional. Ë luz da classificao predominante das Constituies, correto afirmar que uma Constituio dessa natureza seria classificada como: (A) rgida; (B) flexvel; (C) semirrgida; (D) fortalecida; (E) plstica. Comentrios: Letra A: errada. A constituio rgida aquela que a modificao de todo o seu texto deve ocorrer por procedimento mais dificultoso do que as demais leis. Letra B: errada. A constituio flexvel a que pode ter o seu texto modificado pelo procedimento legislativo ordinrio. Letra C: correta. Opa! Este o gabarito! Na constituio semirrgida tambm chamada de semiflexvel parte de seu texto modificado por um processo legislativo mais difcil, enquanto outra parte modificada por um processo semelhante ao das leis comuns. (legislao infraconstitucional) Letra D: errada. Tal denominao no adotada pela corrente doutrinria para a classificao das Constituies Federais. Letra E: errada. No existe um consenso doutrinrio em relao a definio de constituio plstica, havendo doutrina que defende ser ela sinnimo de flexvel e doutrina que entende ser ela suscetvel de adaptao a uma nova realidade social, 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OABProfs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 14 de 59 por meio de integrao normativa futura, realizada pelo legislador ordinrio. Ento, no h uma posio firme sobre o conceito de constituio plstica. 4. (FGV/MPE-RJ - 2016) Pedro, estudante de direito, disse ao seu professor que lera, em um livro, que a Constituio brasileira era classificada como rgida. O professor explicou-lhe que deve ser classificada como rgida a Constituio que: (A) precise ser observada por todos os que vivam no territrio do respectivo Pas; (B) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das Constituies que se formam a partir do costume; (C) vincule todas as estruturas estatais de poder aos seus comandos; (D) s possa ser reformada mediante um processo legislativo qualificado, mais complexo que o comum; (E) no possa ser revogada por outra Constituio, ainda que haja uma revoluo. Comentrios: Esta questo foi bem tranquila pessoal! Vimos em aula que uma das caractersticas da Constituio Federal de 1988 que ela classificada como rgida. Para ser modificada necessrio o respeito a um procedimento mais dificultoso do que para as demais leis. O gabarito a letra D. 6. CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO O constitucionalismo pode ser entendido como um movimento poltico-social cujo objetivo a limitao do poder estatal. Por bvio, o constitucionalismo no foi um movimento homogneo em todos os Estados. Mas quando que teve origem o constitucionalismo? a) O constitucionalismo antigo: Teve origem na antiguidade clssica, no seio do povo hebreu, que se organizava politicamente por meio do regime teocrtico. Os detentores do poder estavam limitados pela lei do Senhor. Na Idade Mdia, uma importante manifestao do constitucionalismo foi a Magna Carta inglesa (1215), que representou uma limitao ao poder monrquico, que, antes, podia tudo. A vontade do rei estaria limitada pela lei. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 15 de 59 Anos mais frente, na Idade Moderna, a doutrina identifica novas manifestaes do constitucionalismo, como o Petition of Rights (1628), Habeas Corpus Act (1679) e o Bill of Rights (1689). Tratam-se de documentos que garantiram proteo aos direitos fundamentais, visando limitar a ingerncia estatal e controlar o poder poltico. b) O constitucionalismo moderno: Embora, num primeiro momento, as ideias do constitucionalismo no estivessem condicionadas existncia de Constituies escritas, com o tempo essas se tornaram ferramentas essenciais para o movimento. Nesse sentido, so marcos do constitucionalismo moderno a Constituio dos Estados Unidos da Amrica (1787) e a Constituio da Frana (1791). J havia, anteriormente, alguns documentos escritos, como o caso dos pactos (Magna Carta, Bill of Rights, Petition of Rights), forais, cartas de franquia e contratos de colonizao. Considera-se que esses documentos so embries do constitucionalismo moderno e das constituies escritas.2 O constitucionalismo moderno nasce com um forte vis liberal, consagrando valores maiores como a liberdade e a proteo propriedade privada, evidenciando o voluntarismo e a exigncia de que o Estado se abstenha de intervir na esfera privada (absentesmo estatal). Com a ascenso do constitucionalismo moderno, tambm surgem novas ideias e prticas, dentre as quais citamos a separao de poderes, a proteo e garantia dos direitos individuais e a supremacia constitucional. c) O Neoconstitucionalismo: O neoconstitucionalismo, tambm chamado de constitucionalismo contemporneo, avanado ou de direitos, tem como marco histrico o ps 2» Guerra Mundial. Representa uma resposta s atrocidades cometidas pelos regimes totalitrios (nazismo e fascismo) e, justamente por isso, tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. Esse novo pensamento se reflete no contedo das Constituies. Se antes elas se limitavam a estabelecer os fundamentos da organizao do Estado e do Poder, agora passam a prever valores e opes polticas gerais (reduo das desigualdades) e especficas (obrigao de provimento do Estado). O Prof. Lus Roberto Barroso, de forma bem objetiva, nos explica que o neoconstitucionalismo identifica um amplo conjunto de modificaes ocorridas no Estado e no direito constitucional. 3 O marco histrico dessas mudanas a formao do Estado Constitucional de Direito, cuja consolidao se deu ao longo das ltimas dcadas do sculo 2 FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Curso de Direito Constitucional, 38» edio. So Paulo. Ed. Saraiva: 2012, pp.30-31 3 BARROSO, Lus Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionalizao do Direito: O triunfo tardio do Direito Constitucional no Brasil. In: Revista da Associao dos Juzes Federais do Brasil. Ano 23, n. 82, 2005. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 16 de 59 XX. Este Estado comea a se formar no ps-Segunda Guerra Mundial, em face do reconhecimento da fora normativa da Constituio. A legalidade, a partir da, subordina-se Constituio, sendo a validade das normas jurdicas dependente de sua compatibilidade com as normas constitucionais. H uma mudana de paradigmas: o Estado Legislativo de Direito d lugar ao Estado Constitucional de Direito. O marco filosfico, por sua vez, o ps-positivismo, que reconhece a centralidade dos direitos fundamentais e reaproximao do Direito da tica e da Justia. O princpio da dignidade da pessoa humana ganha relevncia; busca-se a concretizao dos direitos fundamentais e a garantia de condies mnimas de existncia aos indivduos (Òmnimo existencialÓ). Os princpios passam a ser encarados como verdadeiras normas jurdicas. No marco terico tem-se o conjunto de mudanas que incluem a fora normativa da Constituio, visando garantir a concretizao dos valores inseridos no texto constitucional; a expanso da jurisdio constitucional, cabendo ao Poder Judicirio proteger os direitos fundamentais e o desenvolvimento da nova dogmtica da interpretao constitucional. Assim, o neoconstitucionalismo est voltado a reconhecer a supremacia da Constituio, cujo contedo passa a condicionar a validade de todo o Direito e a estabelecer deveres de atuao para os rgos de direo poltica. A Constituio, do ponto de vista formal, est no topo do ordenamento jurdico, sendo paradigma interpretativo de todos os ramos do Direito. 5. (FGV / XVII Exame de Ordem Unificado Ð 2015) Dois advogados, com grande experincia profissional e com a justa preocupao de se manterem atualizados, concluem que algumas ideias vm influenciando mais profundamente a percepo dos operadores do direito a respeito da ordem jurdica. Um deles lembra que a Constituio brasileira vem funcionando como verdadeiro ÒfiltroÓ, de forma a influenciar todas as normas do ordenamento ptrio com os seus valores. O segundo, concordando, adiciona que o crescente reconhecimento da natureza normativo-jurdica dos princpios pelos tribunais, especialmente pelo Supremo Tribunal Federal, tem aproximado as concepes de Direito e Justia (buscada no dilogo racional) e oferecido um papel de maior destaque aos magistrados. As posies apresentadas pelos advogados mantm relao com umaconcepo terico-jurdica que, no brasil e em outros pases, vem sendo denominada de: (A) Neoconstitucionalismo. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 17 de 59 (B) Positivismo-normativista. (C) Neopositivismo. (D) Jusnaturalismo. Comentrios: No enunciado da questo, percebemos que os advogados levantaram algumas ideias interessantes: a) a Constituio funciona como ÒfiltroÓ, influenciando todas as normas do ordenamento ptrio. A Constituio o centro do sistema jurdico, condicionando a validade de todo o Direito. b) reconhecimento pelos tribunais da natureza normativo-jurdica dos princpios. Essa uma caracterstica do ps-positivismo, que passa a considerar os princpios verdadeiras normas jurdicas. c) aproximao entre as concepes de Direito e Justia. d) papel de maior destaque aos magistrados. Todas essas caractersticas se referem, conforme estudamos, ao neoconstitucionalismo. O gabarito a letra A. 7. JUSNATURALISMO, POSITIVISMO E PÓS- POSITIVISMO O jusnaturalismo, o positivismo e o ps-positivismo so correntes doutrinrias com distintas concepes acerca do Direito. A corrente jusnaturalista defende que o direito uno (vlido em todo e qualquer lugar), imutvel (no se altera com o tempo) e independente da vontade humana (a lei fruto da razo). Para os jusnaturalistas, h um direito anterior ao direito positivo (escrito), que resultado da prpria natureza (razo) humana: trata-se do direito natural. O jusnaturalismo apresenta diferentes escolas, com diferentes concepes. As principais so a Escola Tomista e a Escola do Direito Natural e das Gentes. A primeira delas tem como fundamento a doutrina de So Toms de Aquino, segundo o qual existe um direito eterno, que vem de Deus, sendo este revelado parcialmente pela Igreja e parcialmente pela razo. J para a segunda, a Escola do Direito Natural e das Gentes, o fundamento do Direito Natural se encontra na razo humana e na sua caracterstica de ser social. Seu principal representante Hugo Grcio. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 18 de 59 Para o positivismo jurdico, o direito se resume quele criado pelo Estado na forma de leis, independentemente de seu contedo, sendo a Constituio seu fundamento de validade. Esta, por sua vez, tem como fundamento de validade a norma hipottica fundamental, que pode ser reduzida na frase Òa Constituio deve ser obedecidaÓ (sentido lgico-jurdico de Kelsen). Na tica positivista, no h vnculo entre direito e moral ou entre direito e tica. Esse distanciamento entre direito e moral legitimou as atrocidades e barbries da 2» Guerra Mundial; ao Òamparo da leiÓ (fruto da vontade popular), perpetraram-se graves violaes aos direitos humanos. O ps-positivismo, por sua vez, uma forma aperfeioada de positivismo, em que se entende que o Direito no se encontra isolado da moral, devendo esta ser considerada tanto quando de sua criao como quando de sua aplicao. Assim, princpios como a dignidade humana ou a igualdade influenciariam na criao e na aplicao das leis. (Ex: Constituio Alem de 1949 - Lei Fundamental de Bohn e a Constituio Italiana de 1947). 8. INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO Interpretar a Constituio significa compreender, investigar o significado do seu texto. A Hermenutica Constitucional serve para solucionar, no caso concreto, conflitos entre bens jurdicos protegidos pela Carta Magna, bem como para dar eficcia e aplicabilidade s normas constitucionais. Para fins de prova, basta relembrarmos os mtodos ou elementos clssicos da escola de Savigny. Literal/gramatical: •O elemento literal, como o nome diz, busca analisar o texto da norma em sua literalidade. Indica que a norma significa o que nela estiver escrito. Histórico: •Aqui se avalia o momento de elaboração da norma (ideologia então vigente). Entretanto, há doutrina que faz ponderação quanto a esse método, afirmando que se deve realizar uma interpretação histórica evolutiva; o momento da ratio legis (fundamento racional que mantém a CF). Sistemático: •Enxerga a Constituição com um grande sistema em que as normas devem ser interpretadas em conjunto, visando dar maior qualidade interpretativa. Teleológico: •Aqui, busca-se a finalidade da norma; é o estudo dos propósitos, dos objetivos; da essência. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 19 de 59 Importante destacar que at 1945, reinava a concepo de positivismo jurdico, em que se tinha a ideia do ordenamento como um complexo de regras, assim entendida como normas jurdicas objetivas, descritivas e concretas. Aqui, a doutrina aponta que os princpios no possuam normatividade defendida; eram apenas aplicados eventualmente em casos difceis. Entretanto, com o fim da 2» Guerra mundial, entendeu-se que a lei no poderia ser analisada apenas de forma literal. Os princpios, na viso de Dworkin, passam a ter normatividade prpria; carregados de contedo axiolgico; verdadeiras normas abertas e abstratas. 6. (FGV/MPE-RJ - 2016) Ednaldo, estudante de direito, observou que os direitos fundamentais honra e liberdade de expresso estavam constantemente em conflito, tendo srias dvidas de como proceder para superar esse estado de coisas. Pedro, emrito professor de direito constitucional, observou que a soluo passava pela classificao desses direitos fundamentais como princpios constitucionais. Em ateno observao de Pedro, correto afirmar que, na situao referida por Ednaldo, o conflito: (A) ser resolvido a partir da ponderao dos princpios envolvidos, conforme as circunstncias do caso concreto; (B) no pode ser resolvido, pois tanto o direito honra como liberdade de expresso devem ser protegidos; (C) ser resolvido conferindo-se, sempre, maior importncia ao princpio democrtico, presente na liberdade de expresso; (D) no pode ser resolvido pelo Poder Judicirio, pois somente o Legislativo pode disciplinar o contedo dos princpios; (E) ser resolvido conferindo-se, sempre, maior importncia ao princpio da privacidade, presente no direito honra. Comentrios: Conforme explica Canotilho, a Constituio Federal composta de normas regras e normas princpios. A questo trata do conflito entre as normas princpios e este resolvido pela ponderao entre eles. Assim, nenhum dos princpios ser excludo totalmente, mas um ir se sobrepor o outro, prevalecendo em um caso concreto. o princpio da concordncia prtica ou da harmonizao. O gabarito a letra A. 00000000000 - DEMO 0 Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 20 de 59 9. HIERARQUIA DAS NORMAS Para compreender bem o Direito Constitucional fundamental o estudo da hierarquia das normas, atravs do que a doutrina denomina Òpirmide de KelsenÓ. Essa pirmide foi baseada na ideia de que as normas jurdicas inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamentode validade das normas jurdicas superiores (normas fundantes). A pirmide de Kelsen tem a Constituio como seu vrtice (topo), por ser esta o fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurdico pode se opor Constituio: ela superior a todas as demais normas jurdicas, as quais so, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais. Vejamos H normas constitucionais originrias e normas constitucionais derivadas. As originrias so produto do Poder Constituinte Originrio (o poder que elabora uma nova Constituio); elas integram o texto desde que ele foi promulgado, em 1988. J as normas constitucionais derivadas so aquelas que resultam da manifestao do Poder Constituinte Derivado (o poder que altera a Constituio); so as chamadas emendas constitucionais. relevante destacar, nesse ponto, alguns entendimentos doutrinrios e jurisprudenciais bastante cobrados em prova: No existe hierarquia entre normas constitucionais originrias. No importa qual o contedo da norma. Todas Constituição, Emendas Constitucionais e Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos aprovados pelo rito das Emendas Constitucionais Outros Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos Leis Complementares, Ordinárias e Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos, Resoluções Legislativas, Tratados Internacionais em geral e Decretos Autônomos Normas Infralegais 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 21 de 59 as normas constitucionais originrias tm o mesmo status hierrquico. Nessa tica, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais tm a mesma hierarquia do ADCT. No existe hierarquia entre normas constitucionais originrias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se situam no mesmo patamar. As normas constitucionais originrias no podem ser declaradas inconstitucionais. Segundo o STF, elas gozam de presuno absoluta de Constitucionalidade. No podem ser objeto de controle de constitucionalidade. J as emendas (normas constitucionais derivadas) podero, sim, ser objeto de controle. Aqui h apenas uma presuno apenas relativa. O alemo Otto Bachof desenvolveu relevante obra doutrinria denominada ÒNormas constitucionais inconstitucionaisÓ, na qual defende a possibilidade de que existam normas constitucionais originrias eivadas de inconstitucionalidade. Para o jurista, o texto constitucional possui dois tipos de normas: as clusulas ptreas (contedo no pode ser abolido pelo Poder Constituinte Derivado) e as normas constitucionais originrias. As clusulas ptreas seriam superiores s demais normas constitucionais originrias e serviriam de parmetro para o controle de constitucionalidade destas. *No entanto, bastante cuidado: no Brasil, a tese de Bachof no admitida. As clusulas ptreas se encontram no mesmo patamar hierrquico das demais normas constitucionais originrias. Com a promulgao da EC n¼. 45/2004, abriu-se uma nova e importante possibilidade no ordenamento jurdico brasileiro. Os tratados e convenes internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional (Cmara e Senado), em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser equivalentes s emendas constitucionais. Situam-se, portanto, no topo da pirmide de Kelsen, tendo ÒstatusÓ de emenda constitucional. Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito especial, ingressam no chamado Òbloco de constitucionalidadeÓ. O primeiro tratado de direitos humanos a receber este status foi a ÒConveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu Protocolo FacultativoÓ. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 22 de 59 Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinrio, tm, segundo o STF, ÒstatusÓ supralegalÓ. Significa que se situam logo abaixo da Constituio e acima das demais normas. No entanto, as normas imediatamente abaixo da Constituio (infraconstitucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos so as leis (complementares, ordinrias e delegadas), as medidas provisrias, os decretos legislativos, as resolues legislativas, os tratados internacionais em geral incorporados ao ordenamento jurdico e os decretos autnomos. Mas, elas no possuem hierarquia entre si, segundo doutrina majoritria. So normas so primrias, sendo capazes de gerar direitos e criar obrigaes, desde que no contrariem a Constituio. Assim, temos: a) Ao contrrio do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo grau hierrquico. Eventual conflito elas, no ser resolvido por um critrio hierrquico; a soluo depender da repartio constitucional de competncias. Qual ente federativo competente para tratar do tema objeto da lei? Assim, plenamente possvel que, num caso concreto, uma lei municipal prevalea diante de uma lei federal. b) Existe hierarquia entre a Constituio Federal, as Constituies Estaduais e as Leis Orgnicas dos Municpios? SIM. A Constituio Federal est num patamar superior ao das Constituies Estaduais que, por sua vez, so hierarquicamente superiores s Leis Orgnicas. b) As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais dificultoso, tm o mesmo nvel hierrquico das leis ordinrias. O que as diferencia o contedo. Como exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre direito tributrio sejam estabelecidas por lei complementar. c) As leis complementares podem tratar de tema reservado s leis ordinrias. Esse entendimento deriva da tica do Òquem pode mais, pode menosÓ. Ora, se a CF/88 exige lei ordinria (cuja aprovao mais simples!) para tratar de determinado assunto, no h bice a que uma lei complementar regule o tema. No entanto, caso isso ocorra, a lei complementar ser considerada materialmente ordinria; essa lei complementar poder, ento, ser revogada ou modificada por simples lei ordinria. Diz-se que, nesse caso, a lei complementar ir subsumir-se ao regime constitucional da lei ordinria. 4 d) As leis ordinrias no podem tratar de tema reservado s leis complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomodinmica). 4AI 467822 RS, p. 04-10-2011. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 23 de 59 e) Os regimentos dos tribunais do Poder Judicirio so considerados normas primrias, equiparados hierarquicamente s leis ordinrias. Na mesma situao, encontram-se as resolues do CNMP (Conselho Nacional do Ministrio pblico) e do CNJ (Conselho Nacional de Justia). f) Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Cmara dos Deputados), por constiturem resolues legislativas, tambm so considerados normas primrias, equiparados s leis ordinrias. Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas so normas secundrias, no tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de impor obrigaes. No podemcontrariar as normas primrias, sob pena de invalidade. o caso dos decretos regulamentares, portarias, instrues normativas, dentre outras. *Tenham bastante cuidado para no confundir os decretos autnomos (normas primrias, equiparadas s leis) com os decretos regulamentares (normas secundrias, infralegais). 7. (FGV / XXI Exame de Ordem Ð 2016) Carlos pleiteia determinado direito, que fora regulado de forma mais genrica no corpo principal da CRFB/88 e de forma mais especfica no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias Ð o ADCT. O problema que o corpo principal da Constituio da Repblica e o ADCT estabelecem solues jurdicas diversas, sendo que ambas as normas poderiam incidir na situao concreta. Carlos, diante do problema, consulta um(a) advogado(a) para saber se a soluo do seu caso deve ser regida pela norma genrica oferecida pelo corpo principal da Constituio da Repblica ou pela norma especfica oferecida pelo ADCT. Com base na CRFB/88, assinale a opo que apresenta a proposta correta dada pelo(a) advogado(a). a) Como o corpo principal da CRFB/88 possui hierarquia superior a todas as demais normas do sistema jurdico, deve ser aplicvel, afastada a aplicao das normas do ADCT. b) Como o ADCT possui o mesmo status jurdico das demais normas do corpo principal da CRFB/88, a norma especfica do ADCT deve ser aplicada no caso concreto. c) Como o ADCT possui hierarquia legal, no pode afastar a soluo normativa presente na CRFB/88. d) Como o ADCT possui carter temporrio, no possvel que venha a reger qualquer caso concreto, posto que sua eficcia est exaurida. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 24 de 59 Comentrios: Mais uma questo do XXI Exame de Ordem. A OAB adora o tema da hierarquia das normas constitucionais. Fiquem ligados! Acabamos de estudar que no existe hierarquia entre normas constitucionais originrias. No importa qual o contedo da norma. Todas as normas constitucionais originrias tm o mesmo status hierrquico. Por isso comentamos que, por exemplo, as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais tm a mesma hierarquia do ADCT. Letra A: errada. No h hierarquia entre as normas do corpo principal da CRFB/88 e as normas do ADCT. Letra B: correta. As normas do ADCT e as normas do ADCT possuem o mesmo nvel hierrquico. Assim, eventual conflito ser solucionado pela aplicao do princpio da especialidade, devendo ser aplicada a norma do ADCT ao caso concreto. Letra C: errada. O ADCT possui hierarquia constitucional. Letra D: errada. Nem todas as normas do ADCT j tiveram sua eficcia exaurida. Assim, possvel a incidncia da norma do ADCT no caso concreto. 8. (IV Exame de Ordem Unificado Ð 2011) Em 2010, o Congresso Nacional aprovou por Decreto Legislativo a Conveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia. Essa conveno j foi aprovada na forma do artigo 5¼, ¤ 3¼, da Constituio, sendo sua hierarquia normativa de: (A) lei federal ordinria. (B) emenda constitucional. (C) lei complementar. (D) status supralegal. Comentrios: Questo Òtiro curtoÓ! A Conveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia foi o primeiro tratado internacional de direitos humanos aprovado pelo rito equivalente ao de uma emenda constitucional. Logo, sua hierarquia normativa a de emenda constitucional. O gabarito a letra B. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 25 de 59 10. PODER CONSTITUINTE Poder Constituinte aquele que cria a Constituio, enquanto os poderes constitudos so aqueles estabelecidos por ela, ou seja, so aqueles que resultam de sua criao. Pergunta importante que se deve fazer a seguinte: quem o titular do Poder Constituinte? Para Emmanuel Sieys, a titularidade do Poder Constituinte da nao. Todavia, numa leitura moderna dessa teoria, h que se concluir que a titularidade do Poder Constituinte do povo, pois s este pode determinar a criao ou modificao de uma Constituio. O poder constituinte pode ser de dois tipos: originrio ou derivado. Poder constituinte originrio (de primeiro grau ou genuno) o poder de criar uma nova Constituio. Apresenta seis caractersticas que o distinguem do derivado: poltico, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado juridicamente e autnomo. Poltico: um poder de fato (e no de direito). Ele extrajurdico, anterior ao direito. ele que cria o ordenamento jurdico de um Estado. Inicial: o que d incio a uma nova ordem jurdica, rompendo com a anterior. A manifestao tem o efeito de criar um novo Estado. Incondicionado: no se sujeita a qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua manifestao. Permanente: se manifesta a qualquer tempo. Ele no se esgota com a elaborao de uma nova Constituio, mas permanece em Òestado de latnciaÓ, aguardando um novo chamado para manifestar-se, aguardando um novo Òmomento constituinteÓ. Ilimitado juridicamente: no se submete a limites determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidados, por exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento jurdico anterior. Embora a doutrina majoritria reconhea que o Poder Constituinte Originrio ilimitado juridicamente, o Prof. Canotilho afirma que ele dever obedecer a Òpadres e modelos de conduta espirituais, culturais, ticos e sociais radicados na conscincia jurdica geral da comunidadeÓ. 5 5 CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituio, 7» edio. Coimbra: Almedina, 2003. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 26 de 59 f) Autnomo: tem liberdade para definir o contedo da nova Constituio. Destaque-se que muitos autores tratam essa caracterstica como sinnimo de ilimitado. O Poder Constituinte Derivado (poder constituinte de segundo grau) o poder de modificar a Constituio Federal bem como de elaborar as Constituies Estaduais. fruto do poder constituinte originrio, estando previsto na prpria Constituio. Tem como caractersticas ser jurdico, derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. a) Jurdico: regulado pela Constituio, estando, portanto, previsto no ordenamento jurdico vigente. b) Derivado: fruto do poder constituinte originrio. c) Limitado ou subordinado: limitado pela Constituio, no podendo desrespeit-la, sob pena de inconstitucionalidade. d) Condicionado: a forma de seu exerccio determinada pela Constituio. Assim, a aprovao de emendas constitucionais, por exemplo, deve obedecer ao procedimento estabelecido no art. 60, CF. O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: i) Poder Constituinte Reformador e; ii) Poder Constituinte Decorrente. O primeiro consiste no poder de modificar a Constituio. J o segundo o poder que a CF/88 confere aos Estados de se auto-organizarem, por meio da elaborao de suas prprias Constituies. Ambos devem respeitar as limitaes e condies impostas pela Constituio Federal. O Poder Constituinte Originrio previu2 (dois) procedimentos de modificao formal da Constituio: i) emenda constitucional e; ii) reviso constitucional. Ambos esto previstos diretamente na Constituio Federal, constituem manifestao do Poder Constituinte Derivado, mas devem obedincia s regras impostas pelo Poder Constituinte Originrio. A doutrina majoritria considera que a reforma constitucional gnero, do qual so espcies a emenda e a reviso constitucional6. Existe ainda um processo informal de modificao da Constituio, o qual chamado pela doutrina de mutao constitucional. A mutao constitucional obra do Poder Constituinte Difuso. O Supremo Tribunal, nesse sentido, reconhece no Brasil a possibilidade de mutao constitucional. Guarde com carinho!!! J 6 SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35a edio. Ed. Malheiros, So Paulo, 2012, pp. 62 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 27 de 59 10.1. Emenda Constitucional Atualmente, a nica possibilidade de alterao formal da Constituio mediante Emenda constitucional. A proposta de emenda constitucional discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. As emendas constitucionais podem ser elaboradas a qualquer tempo; assim, o Poder Constituinte Derivado poder se manifestar a qualquer momento, alterando a Constituio. Basta que sejam observados os limites constitucionais ao poder de reforma. A aprovao das emendas constitucionais feita em sesso bicameral, ou seja, cada uma das Casas do Congresso Nacional atuar separadamente na discusso e votao dessa espcie normativa. Como consequncia, as emendas constitucionais so promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal. Pelo principio da simetria, o procedimento de emenda constitucional, previsto no art. 60, CF/88, de reproduo obrigatria nas Constituies Estaduais. Segundo o STF, o procedimento de modificao das Constituies estaduais deve ter exatamente a mesma rigidez do procedimento exigido para alterao da Carta Magna.7 10.2. Limitaes Constitucionais ao Poder de Reforma As limitaes constitucionais ao poder de reforma so de 4 (quatro) tipos diferentes: i) limitaes materiais; ii) limitaes formais; iii) limitaes circunstanciais; e iv) limitaes temporais. 7 ADI-MC 1.722, rel. Min. Marco Aurélio, 10.12. 1997. EMENDA CONSTITUCIONAL PROCEDIMENTO çRDUO, MAIS DIFICULTOSO QUE O DE ELABORAÌO DAS LEIS PROCEDIMENTO PERMANENTE, PODENDO SER REALIZADO A QUALQUER TEMPO OBSERVåNCIA OBRIGATîRIA PELOS ESTADOS- MEMBROS 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 28 de 59 a) Limitaes materiais So aquelas que restringem o poder de reforma quanto ao contedo, matria. Decorrem da inteno do Poder Constituinte Originrio de estabelecer um ncleo essencial que no poder ser suprimido por meio de emenda constitucional. A doutrina divide em dois grupos: i) explcitas e; ii) implcitas. As limitaes explcitas esto expressamente previstas no texto constitucional. A CF/88 estabelece, em seu art. 60, ¤ 4¼, que certas matrias no podero ser objeto de emendas constitucionais tendentes a aboli- las. So as chamadas clusulas ptreas. Trata-se de ncleo intangvel, que est protegido contra investidas do poder de reforma. Nesse sentido, no ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir: relevante destacar que as matrias que constituem clusulas ptreas podem ser objeto de emenda constitucional; o que elas no podem ser objeto de emendas tendentes a aboli-las. Para o Supremo Tribunal, o que no se autoriza, portanto, de forma alguma, que o ncleo essencial das clusulas ptreas seja esvaziado. Òas limitaes materiais (...) no significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina na Constituio originria, mas apenas a proteo do ncleo essencial dos princpios e institutos.Ó8 Nesse sentido, uma emenda constitucional que estabelea o voto facultativo no estar violando clusula ptrea e ser plenamente vlida. Da mesma forma, tambm ser vlida emenda que amplie direitos e garantias individuais. Ainda podemos afirmar como sendo plenamente constitucional emenda que transfira competncia de um ente federativo para outro, desde que resguardado certo grau de autonomia de cada um deles.9 8 MS 23.047-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence. DJ 14.11.2003. 9 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6» edio. Editora Saraiva, 2011, pp. 143. CLçUSULAS PTREAS FORMA FEDERATIVA DE ESTADO VOTO DIRETO, SECRETO, UNIVERSAL E PERIîDICO SEPARAÌO DOS PODERES DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 29 de 59 Uma emenda constitucional poder criar uma clusula ptrea? No. Emenda constitucional no pode criar clusula ptrea; apenas o Poder Constituinte Originrio tem esse poder. Destaque-se, inclusive, que o novo direito ou garantia individual (criado pela emenda constitucional) no pode ser considerado uma clusula ptrea. Deve-se ter especial cuidado aos Òdireitos e garantias individuaisÓ, tambm considerados clusulas ptreas. Eles no esto arrolados apenas no art. 5¼, da CF/88; h diversos outros direitos e garantias individuais espalhados pelo texto constitucional, os quais tambm devem ser considerados clusula ptrea, a exemplo do princpio da anterioridade tributria (art. 150, III, b) e o princpio da anterioridade eleitoral (art. 16). H, ainda, as limitaes implcitas. So limites tcitos, que asseguram a efetividade das clusulas ptreas expressas.10 Nas palavras de Michel Temer, Òdizem respeito forma de criao de norma constitucional bem como as que impedem a pura e simples supresso dos dispositivos atinentes intocabilidade dos temas j elencados (art. 60, ¤ 4o, CF)Ó.11 A doutrina aponta as seguintes limitaes implcitas ao poder de reforma: Titularidade do Poder Constituinte Originrio; Titularidade do Poder Constituinte Derivado; Procedimentos de reforma constitucional. A titularidade do Poder Constituinte Originrio do povo: cabe a ele decidir a convenincia e a oportunidade de se elaborar uma nova Constituio. Por esse motivo, inconstitucional qualquer emenda Constituio que retire tal atribuio do povo, outorgando-a a qualquer rgo constitudo. No que se refere titularidade do poder constituinte derivado, pelas mesmas razes expressas acima, inconstitucional qualquer emenda Constituio que transfira a competncia de reformar a Constituio, atribuda ao Congresso Nacional (representante do povo), a outro rgo do Estado (ao Presidente da Repblica, por exemplo). Por fim, o procedimento de reviso constitucional (ADCT, art. 3¼), bem como o de emenda constitucional (CF, art. 60), so limitaes materiais implcitas. Seriaflagrantemente inconstitucional, por exemplo, emenda Constituio que estabelecesse novo qurum para a aprovao de emendas constitucionais. 10 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional, 1993. 11TEMER, M. Elementos de direito constitucional, 19a ed., p. 145. 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 30 de 59 Da mesma forma, no seria vlida emenda constitucional que criasse novas clusulas ptreas. No Brasil, no se admite, portanto, a Òdupla revisoÓ. Esse artifcio, defendido por parte da doutrina, consistiria em alterar, mediante emenda constitucional, o art. 60, ¤ 4¼, com o intuito de suprimir ou restringir uma das clusulas ptreas; em seguida, num segundo momento, outra emenda constitucional poderia abolir normas antes gravadas pela clusula ptrea. b) Limitaes formais As limitaes formais ao processo de reforma Constituio se devem rigidez constitucional. Como voc se lembra, a CF/88 do tipo rgida e, como tal, exige um processo especial para modificao do seu texto, mais difcil do que aquele de elaborao das leis. Essas limitaes formais esto previstas no art. 60, I ao III, e ¤¤ 2¼, 3¼ e 5¼. Vejamos o quadro a seguir: A primeira limitao formal reforma da Constituio se refere iniciativa. Os incisos I a III do art. 60 estabelecem os legitimados no processo legislativo de reforma da Constituio. 1/3 (um tero), no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; Presidente da Repblica; mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A segunda limitao formal reforma da Constituio diz respeito discusso, votao e aprovao da proposta de emenda constitucional. De acordo com o art. 60, ¤ 2¼ da CF/88, a proposta de emenda constitucional ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, L IM IT A Í E S F O R M A IS A O P R O C E S S O D E R E F O R M A INICIATIVA RESTRITA Ð ART. 60, INCISOS, CF VOTAÌO E DISCUSSÌO EM DOIS TURNOS EM CADA CASA LEGISLATIVA E DELIBERAÌO QUALIFICADA PARA APROVAÌO DO PROJETO DE EMENDA CONSTITUCIONAL PROMULGAÌO PELAS MESAS DA CåMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, COM O RESPECTIVO NòMERO DE ORDEM VEDAÌO Ë REAPRESENTAÌO, NA MESMA SESSÌO LEGISLATIVA, DE PROPOSTA DE EMENDA NELA REJEITADA OU TIDA POR PREJUDICADA (IRREPETIBILIDADE) 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 31 de 59 considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. A terceira limitao formal ao poder de reforma diz respeito promulgao. O art. 60, ¤ 3¼, determina que a emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem. Vale destacar que: Diferentemente do que ocorre no projeto de lei, a proposta de emenda Constituio no se submete a sano ou veto do Chefe do Poder Executivo; Ao contrrio do que ocorre no processo legislativo das leis, o Presidente da Repblica no dispe de competncia para promulgao de uma emenda Constituio; A numerao das emendas Constituio segue ordem prpria, distinta daquela das leis (EC n¼ 1; EC n¼ 2; EC n¼ 3.......). A quarta limitao formal ao poder de reforma est prevista no art. 60, ¤ 5¼, CF/88. Trata-se do princpio da irrepetibilidade, segundo o qual Òa matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativaÓ. Assim, uma proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada somente poder ser objeto de nova proposta na prxima sesso legislativa. Cuidado! H diferena em relao ao processo legislativo das leis. A matria constante de projeto de lei rejeitado poder constituir objeto de novo projeto, na mesma sesso legislativa, desde que mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). Ento, meus amigos, guardem com muito carinho! A irrepetibilidade de proposta de emenda constitucional rejeitada ou havida por prejudicada absoluta; j a irrepetibilidade de projeto de lei rejeitado relativa. c) Limitaes circunstanciais Essas limitaes impedem a reforma da Constituio em situao de instabilidade poltica do Estado. Diante de certas situaes excepcionais e de anormalidade institucional, a Constituio no poder ser reformada. O objetivo garantir a independncia do Poder Constituinte Derivado. A Carta da Repblica instituiu trs circunstncias excepcionais que impedem a modificao do seu texto: estado de stio, estado de defesa e interveno 00000000000 - DEMO Direito Constitucional 1ª Fase - XXV Exame da OAB Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale - Aula 00 Profs. Diego Cerqueira e Ricardo Vale www.estrategiaoab.com.br Página 32 de 59 federal (CF, art. 60, ¤ 1o). Destaca-se que, nesses perodos, as propostas de emenda Constituio podero ser apresentadas, discutidas e votadas. O que no se permite a promulgao de emendas constitucionais. d) Limitaes temporais Segundo a doutrina majoritria, a CF/88 no possui limitaes temporais ao poder de reforma. Estas consistiriam no estabelecimento de um lapso temporal dentro do qual a Constituio seria imodificvel. Ex: A Constituio do Imprio de 1824 estabeleceu um limite temporal ao poder de reforma: seu texto somente poderia ser modificado aps 4 anos de sua vigncia. 9. (FGV / XXII Exame de Ordem Ð 2017) Parlamentar brasileiro, em viagem oficial, visita o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, recebendo numerosas informaes acerca do seu funcionamento e de sua rea de atuao. Uma, todavia, chamou especialmente sua ateno: a referida Corte Constitucional reconhecia a possibilidade de alterao da Constituio material Ð ou seja, de suas normas Ð sem qualquer mudana no texto formal. Surpreendido com essa possibilidade, procura sua assessoria jurdica a fim de saber se o Supremo Tribunal Federal fazia uso de tcnica semelhante no mbito da ordem jurdica brasileira. A partir da hiptese apresentada, assinale a opo que apresenta a informao dada pela assessoria jurdica. a) No. O Supremo Tribunal Federal somente pode reconhecer nova norma no sistema jurdico constitucional a partir de emenda constituio produzida pelo poder constituinte derivado reformador. b) Sim. O Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o fenmeno da mutao constitucional, pode atribuir ao texto inalterado uma nova interpretao, que expressa, assim, uma nova norma. c) No. O surgimento de novas normas constitucionais somente pode ser admitido por intermdio das vias formais de alterao, todas expressamente previstas no prprio texto da Constituio. d) Sim. O sistema jurdico-constitucional brasileiro, seguindo linhas interpretativas contemporneas, admite, como regra, a interpretao da Constituio independentemente de limites semnticos concedidos pelo texto. Comentrios: O STF reconhece, no Brasil, a possibilidade de mutao constitucional, assim chamado o processo informal de mudana da Constituio. Pela mutao
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