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DIREITOS HUMANOS Prof. Mateus Silveira POLÍCIA CIVIL | RS D E L E G A D O D E P O L Í C I A Prof. Mateus Silveira www.acasadoconcurseiro.com.br direitos humanos Prof. Mateus Silveira POLÍCIA CIVIL | RS Delegado de Polícia Edital DIREITOS HUMANOS: 1. Teoria geral dos direitos humanos: conceito e terminologia. 2. Afirmação his- tórica dos direitos humanos. 3. Direitos humanos e responsabilidade do Estado. 4. Direitos humanos na Constituição Federal de 1988. 5. Interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos. 6. Declaração Universal dos Direitos Humanos (Resolução nº 217A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948). 7. Convenção Contra a Tortura e Outros Trata- mentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991). 8. Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública (Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010). 9. Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública (Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010). 10. Trata- mento nominal, inclusão e uso do nome social de travestis e transexuais nos registros estaduais relativos a serviços públicos prestados no âmbito do Poder Executivo Estadual (Decreto n° 48.118, de 27 de junho de 2011). 10.1. A Carteira de Nome Social para Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul (Decreto n° 49.122, de 17 de maio de 2012). 11. Lei Estadual 13.694, de 19 de janeiro de 2011. 12. Lei Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010. 13. Lei Estadual nº 13.320, de 21 de dezembro de 2009. BANCA: Fundatec CARGO: Delegado de Polícia Sumário DIREITOS HUMANOS ......................................................................................................................................... 9 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................................................... 9 Das categorias e Gerações de Direitos Humanos ............................................................................................ 10 Dimensão ou Geração de Direitos Humanos ................................................................................................... 11 Evolução histórica dos direitos humanos ........................................................................................................ 11 Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos ........................................................................................ 17 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) .......................................................................... 17 CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES. ............................................................................................................................................... 23 DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991. ............................................................................................. 23 PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010 (DOU 16.12.2010).. ................34 PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A) ...................................................39 DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011. (publicado no DOE nº 123 de 28 de junho de 2011) ...........44 DECRETO Nº 49.122 DE 17/05/2012 (PUBLICADO NO DOE EM 17 MAIO 2012) ............................................. 46 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988 ......................................................................47 Questões ......................................................................................................................................................... 53 Negros, pardos e Estatuto da Igualdade Racial ............................................................................................... 61 Estatuto da Igualdade Racial do Estado do Rio Grande do Sul ........................................................................ 73 Questões ......................................................................................................................................................... 79 Lei nº 13.320 ................................................................................................................................................... 88 9 direitoS humanos MATERIAL – POLÍCIA CIVIL DELEGADO Link utilizado para ver o vídeo “O que são Direitos Humanos?”: http://br.humanrights.com/#/what-are-human-rights Unidos pelos Direitos Humanos é uma organização internacional, sem fins lucrativos dedicada à implementação da Declaração Universal dos Direitos do Homem a nível local, regional, nacional e internacional. É composta por indivíduos, educadores e grupos em todo o mundo que estão ativamente a transmitir o conhecimento e a proteção dos direitos humanos por e para toda a Humanidade. Link do you tube no canal Casa do Saber: https://www.youtube.com/watch?v=fMBNL4HFEOQ DIREITOS HUMANOS Conceito: O conjunto de direitos e garantias assegurados nas declarações e tratados internacio- nais de direitos humanos. Conjunto de direitos considerado indispensável para vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. “Dá-se o nome de liberdades públicas, de direitos humanos ou individuais àquelas prerrogati- vas que tem o indivíduo em face do Estado.” CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS INERÊNCIA: os DH pertencem a todos os seres humanos; UNIVERSALIDADE: não importa a raça, a cor, o sexo, a origem, a condição social, a língua, a re- ligião ou opção sexual; TRANSNACIONALIDADE: não importa o local em que esteja o ser humano; INDIVISIBILIDADE: os DH não são fracionados; implica em unicidade, assegurando não ser pos- sível se reconhecer apenas alguns direitos humanos (atenção aos direitos sociais). INTERDEPENDÊNCIA: muitas vezes para o exercício de um dir. humano, passa-se obrigatoria- mente pelo anterior de outra geração/dimensão. 10 INDISPONIBILIDADE: o ser humano não pode abrir mão, dispor de um direito humano, por ser inerente a ele e nem os Estados podem suprimi-los, a partir do momento que os reconhece; IMPRESCRITIBILIDADE: um direito humano não prescreve por decurso de prazo. Atualmente a majoritária jurisprudência do STJ está aplicando a imprescritibilidade dos direitos humanos. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE POLÍTICO PRESO NA ÉPOCA DO REGIME MILITAR. TORTURA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO CAUSAL. NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – ART. 1º DECRETO 20.910/1932. IMPRESCRITIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL Nº 1.165.986 – SP (2008/0279634-1) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX – Julgado em 16/11/2010. INDIVIDUALIDADE: podem ser exercidos por apenas um indivíduo; COMPLEMENTARIEDADE: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, não ha- vendo hierarquia entre eles; INVIOLABILIDADE: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa ou auto- ridade; IRRENUNCIABILIDADE: são irrenunciáveis estes direitos. INTERRELACIONARIEDADE: os direitos humanos e os sistemas de proteção se inter-relacionam, possibilitando às pessoas escolher entre o mecanismo de proteção global ou regional não ha- vendo hierarquia entre eles; HISTORICIDADE: estão vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural do ser humano; VEDAÇÃO DO RETROCESSO OU DO REGRESSO: uma vez estabelecidos os direitos humanos, não se admite o retrocesso visando sua limitação ou diminuição. PREVALÊNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA: na solução de um caso concreto deve prevalecer a norma mais benéfica para a vítima da violação dos direitos humanos. Das categorias e Gerações de Direitos Humanos As dimensões ou gerações de DH: A doutrina menciona 3 dimensões clássicas dos DH: Liberda- de, Igualdade e Fraternidade. LIBERDADE: protege os direitos civis e políticosindividuais (liberdade, vida e segurança); IGUALDADE: protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas; FRATERNIDADE: também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os direitos di- fusos como meio ambiente, consumidor e desenvolvimento. curso – matéria – Prof. 11 Dimensão ou Geração de Direitos Humanos 1º Dimensão ou Geração: Direitos das Liberdades; Civis e Políticos. Vida, liberdade, segurança e propriedade. 2º Dimensão ou Geração: Direitos da Igualdade; Direitos Sociais e Econômicos. Sociais, econômicos, culturais, trabalhistas, saúde, educação e habitação. 3º Dimensão ou Geração: Fraternidade dos povos; Transindividuais/difusos/coletivos Paz, meio ambiente, patrimônio histórico e cultural, defesa do consumidor. Evolução histórica dos direitos humanos HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS 1. A ANTIGUIDADE ORIENTAL (período en- tre os séculos VIII e II a.C): é o primei- ro passo rumo à afirmação dos direitos humanos, com a emergência do pensa- mento de vários filósofos de influência até os dias de hoje (Zaratustra, Buda, Confúcio, Dêutero-Isaías), cujo ponto em comum foi a adoção de códigos de comportamento baseados no amor e respeito ao outro. • Antigo Egito: reconhecimento de direi- tos de indivíduos na codificação de Me- nes (3100-2850 a.C); • Suméria antiga: Código de Hammurabi, na Babilônia (1792-1750 a.C) – 1º códi- go de normas de condutas, preceituan- do esboços de direitos dos indivíduos, consolidando os costumes e estenden- do a lei a todos os súditos do império. • Suméria e Pérsia: Ciro II, no século VI a.C, aproximadamente em 539 a.C, os exércitos de Ciro, O Grande, 1º rei da antiga Pérsia, conquistou a cidade da Babilônia. Porém, foram as suas seguin- tes ações que marcaram um avanço muito importante para o homem. Ele libertou os escravos, declarou que to- das as pessoas tinham o direito de es- colher a sua própria religião e estabe- leceu a igualdade racial. Esses e outros decretos foram registrados num cilin- dro de argila na língua acádica. Esse do- cumento é conhecido atualmente como o Cilindro de Ciro. O Cilindro de Ciro (declaração de boa go- vernança) foi agora reconhecido como a 1º carta de direitos humanos do mundo. Está traduzido nas 6 línguas oficiais da ONU e é análogo aos quatro primeiros artigos da De- claração Universal dos Direitos do Homem. • China: no século VI e V a.C., Confún- cio lançou as bases para a sua filosofia, com ênfase na defesa do amor aos indi- víduos. • Budismo: introduziu um código de con- duta pelo qual se prega o bem comum e uma sociedade pacífica, sem prejuízo a qualquer ser humano. • Islamismo: prescrição da fraternidade e solidariedade aos vulneráveis. 12 A visão grega: consolidação dos direitos po- líticos, com a participação política dos cida- dãos (Atenas: A pólis e as deliberações em praça pública, na praça denominada Ágora). Platão, em sua obra A República (400 a.C), defendeu a igualdade e a noção de bem co- mum. Aristóteles, em Ética a Nicômaco, salientou a importância do agir com justiça, para o bem de todos da pólis, mesmo em face de leis injustas. Em Antígona (peça de Sófocles), a persona- gem luta para enterrar o seu irmão Polinice mesmo contra a ordem do tirano Creon- te, que havia criado uma lei proibindo que aqueles que atentassem contra lei da cida- de fossem enterrados. Travou-se, assim, uma reflexão sobre a su- perioridade normativa de determinadas normas, mesmo em face da vontade do poder (contra a tirania, contra a injustiça e contra o Estado opressor). A REPÚBLICA ROMANA: tem grande contri- buição na sedimentação do princípio da le- galidade. A Lei das Doze Tábuas, ao estipular a lex scripta como regente de condutas, deu um passo na direção da vedação ao arbítrio. Reconhecimento da igualdade entre todos os seres humanos, em especial pela aceita- ção do jus gentium, o direito aplicado a to- dos romanos ou não. Marco Túlio Cícero retoma a defesa da ra- zão reta (recta ratio), salientando, na Repú- blica, que a verdadeira lei é a lei da razão, inviolável mesmo em face da vontade do poder (apesar das diferenças os homens podem permanecer unidos se adotarem o “viver reto”). • INFLUÊNCIAS DO CRISTIANISMO (AN- TIGO E NOVO TESTAMENTO): Os cinco livros de Moisés (Torah): apregoam so- lidariedade e preocupação com o bem- -estar de todos (1800-1500 a.C.). Antigo testamento: faz menção à necessidade de respeito a todos, em especial aos vulneráveis. Cristianismo contribui para a disciplina: há vários trechos da Bíblia (Novo Testamento) que pregam a igual- dade e solidariedade com o semelhan- te. A IDADE MÉDIA E A IDADE MO- DERNA Na Idade Média, o poder dos governantes era ilimitado, pois era fundado na vontade divina (clero e a nobreza). Os primeiros movimentos de reivindicação de liberdades a determinados estamentos que surgiram foram a Declaração das Cortes de Leão, adotada na Península Ibérica em 1188 (Reino de Espanha), e a Magna Carta Inglesa, de 1215. A Carta Magna (1215) foi possivelmente a influência inicial mais significativa no amplo processo histórico que conduziu o constitu- cionalismo ocidental hoje conhecido. Em 1215, depois de que o Rei João Sem- -terra da Inglaterra violou um número de leis antigas e costumes pelos quais a Ingla- terra tinha sido governada, seus súditos, principalmente os barões revoltados com as arbitrariedades do seu soberano, forçaram o rei a assinar a Magna Carta que enume- ra o que mais tarde veio a ser considerados como direitos humanos. Entre eles, estava o direito da igreja de ser livre da interferên- cia governamental e os direitos de todos os cidadãos livres de possuirem e herdarem a propriedade e ser protegidos de impostos excessivos. Os princípios do devido proces- so legal e da igualdade na lei, bem como as determinações que proibiam o suborno e a má conduta oficial. • Renascimento e reforma protestante: a crise da Idade Média deu lugar ao surgi- mento dos Estados Nacionais absolutistas e a sociedade estamental (dividida por curso – matéria – Prof. 13 estamentos, o que impedia a ascensão social) medieval foi substituída pela forte centralização do poder na figura do rei. Com a erosão da importância dos esta- mentos (igreja e senhores feudais), surgiu a ideia da igualdade de todos submetidos ao poder absoluto do rei, o que não ex- clui a opressão e a violência, como a ex- termínio perpetrado contra indígenas na América. O Século XVII: o Estado Absolutista foi ques- tionado, em especial na Inglaterra. A busca pela limitação do poder é consagrada na Pe- tition Of Rights de 1628. A Petição de Direitos afirmou quatro prin- cípios: 1) nenhum tributo pode ser impos- to sem o consentimento do Parlamento; 2) nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do direito de habeas corpus); 3) nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos; 4) a Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz. A edição do Habeas Corpus Act (1679) for- maliza o mandado de proteção judicial aos que haviam sido injustamente presos, exis- tente tão somente no direito consuetudiná- rio inglês (common law). Em 1689 (após a Revolução Gloriosa): edi- ção da Declaração Inglesa de Direitos a Bill of Rights (1689), pela qual o poder autocrá- tico dos reis ingleses é reduzido de forma definitiva. Em 1701: aprovação do Act of Settlement, que enfim fixou a linha de sucessão da co- roa inglesa, reafirmou o poder do Parla- mento e da vontade da lei, resguardando-se os direitos dos súditos contra a volta da tira- nia dos monarcas. • Os pensadores e as principais ideias li- gadas aos direitos humanos: • Thomas Hobbes (Leviatã – 1651): é um dos primeiros textos que ver- sa claramente sobre o direito do ser humano, que é ainda tratado sendo pleno no estado da nature- za. Mas Hobbes conclui que o ser humano abdica de sua liberdade inicial e se submete ao poder do Estado (o Leviatã), cuja existência se justifica pelanecessidade de se dar segurança ao indivíduo, diante das ameaças de seus semelhantes. Entretanto, os indivíduos não pos- suiriam qualquer proteção contra o poder do Estado. • Hugo Grócio (Da guerra e da paz – 1625): defendeu a existência do di- reito natural, de cunho racionalista, reconhecendo, assim, que suas nor- mas decorrem de “princípios ine- rentes ao ser humano”. • John Locke (Tratado sobre o gover- no civil – 1689): defendeu o direi- to dos indivíduos mesmo contra a Estado, um dos pilares contempo- râneos do regime dos direitos hu- manos. O grande e principal obje- tivo das sociedades políticas sob a tutela de um determinado governo é a preservação dos direitos à vida, à liberdade e à propriedade. Logo, o governo não pode ser arbitrário e deve seu poder ser limitado pela supremacia do bem público. • Abbé Charles de Saint-Pierre (Proje- to de paz perpétua – 1713): defen- deu o fim das guerras europeias e o estabelecimento de mecanismos pa- cíficos para superar as controvérsias entre os Estados em uma precursora ideia de federação mundial. • Jean-Jacques Rousseau (Do con- trato social – 1762): prega que a vida em sociedade é baseada em um contrato (o pacto social) entre homens livres e iguais (qualidades inerentes aos seres humanos), que estruturam o Estado para zelar pelo bem-estar da maioria. Um governo 14 arbitrário e liberticida não poderia sequer alegar que teria sido acei- to pela população, pois a renúncia à liberdade seria o mesmo que re- nunciar à natureza humana, sendo inadmissível. • Cesare Beccaria (Dos delitos e das penas – 1766): sustentou a existência de limites para a ação do Estado na repressão penal, balizando os limites do jus puniendi que permanecem até hoje. • Kant (Fundamentação da metafísica dos costumes – 1785): defendeu a existência da dignidade intrínseca a todo ser racional, que não tem preço ou equivalente. Justamente em virtude dessa dignidade, não se pode tratar o ser humano como um meio, mas sim como um fim em si mesmo. AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS E O CONSTITUCIONALISMO LIBERAL As revoluções liberais, inglesa, americana e francesa e suas respectivas declarações de direitos marcaram a primeira afirmação his- tórica moderna dos direitos humanos. A Revolução Inglesa: teve como marcos a Petition of Rights – 1628, que buscou garan- tir determinadas liberdades individuais, e o Bill of Rigths, de 1689, que consagrou a su- premacia do Parlamento e o império da lei. A Revolução Americana: retrata o processo de independência das colônias britânicas na América do Norte, culminado em 1776, e ainda a criação da Constituição norte-ame- ricana de 1787. Somente em 1791 foram aprovadas dez emendas que, finalmente, introduziram um rol de direitos na Consti- tuição Americana. (1º Emenda Separação da igreja e o Estado; 2º Emenda direito de manter e portar armas;). A Revolução Francesa: adoção da Declara- ção Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão pela Assembleia Nacional Consti- tuinte francesa, em 27 de agosto de 1789, que consagra a igualdade e a liberdade que levou à abolição de privilégios, direitos feu- dais e imunidades de várias castas, em es- pecial da aristocracia de terras. O lema dos revolucionários era: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O Projeto de Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791, proposto por Olympe de Gouges, reivindi- cou a igualdade de direitos de gênero. Em 1791 – edição da 1º Constituição da França Revolucionária, que consagrou a perda dos direitos absolutos do monarca francês, implantando-se uma monarquia constitucional, mas ao mesmo tempo reco- nheceu o voto censitário. Declaração Francesa dos Direitos do Ho- mem e do Cidadão (1789): consagrada como a 1º com vocação universal. Esse uni- versalismo será o grande alicerce da futura afirmação dos direitos humanos do século XX, com a edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos. CONSTITUCIONALISMO SOCIAL Antecedentes: Final do século XVIII: pró- prios jacobinos franceses defendiam a am- pliação do rol de direitos da Declaração Francesa para abarcar também os direitos sociais, como direito à educação e à assis- tência social. Em 1793: revolucionários franceses edi- taram uma nova Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, redigida com forte apelo à igualdade e com reconhe- cimento de direitos sociais como educação. Europa do Século XIX: movimentos socialis- tas ganham apoio popular nos seus ataques ao modo de produção capitalista. Expoen- tes: Karl Marx, Engels e August Bebel. curso – matéria – Prof. 15 A Revolução Russa (1917): estimulou novos avanços na defesa da igualdade e justiça so- cial. Introdução dos chamados direitos sociais – que pretendiam assegurar condições mate- riais mínimas. DIREITOS DO HOMEM: Inatos aos seres hu- manos – vida, liberdade, não há necessida- de de codificação para que os mesmos se- jam respeitados. DIREITOS FUNDAMENTAIS: Estão positiva- dos em uma Constituição de um país. DIREITOS HUMANOS: Direitos do homem e/ou fundamentais positivados em tratados ou documentos de direitos humanos. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O míni- mo que uma pessoa deve ter para sua exis- tência. OS DIREITOS HUMANOS ANTES DA ONU A Liga das Nações foi uma organização in- ternacional criada em abril de 1919, quan- do a Conferência de Paz de Paris adotou seu pacto fundador, posteriormente inscrito em todos os tratados de paz. Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, a ideia de criar um organismo destinado à pre- servação da paz e à resolução dos conflitos internacionais por meio da mediação e do arbitramento já havia sido defendida por al- guns estadistas, especialmente o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. Con- tudo, a recusa do Congresso norte-america- no em ratificar o Tratado de Versalhes aca- bou impedindo que os Estados Unidos se tornassem membro do novo organismo. Com o fim da 1º Guerra Mundial (1914- 1918), os países vencedores se reuniram em Versalhes, no subúrbio de Paris na Fran- ça, em janeiro de 1919 para firmar um tra- tado de paz, o Tratado de Versalhes. Um dos pontos do tratado era a criação de um organismo internacional que tivesse como finalidade assegurar a paz num mundo trau- matizado pelas dimensões do conflito que se encerrara. Em 15/11/1920, teve lugar em Genebra/Suí- ça, a 1º Assembleia Geral da Liga das Nações. Os objetivos da organização eram impedir as guerras e assegurar a paz, a partir de ações diplomáticas, de diálogos e negociações para a solução dos litígios. Porém, infelizmente não se conseguiu impedir a 2º Guerra. A Liga das Nações, segundo a Profª. Drª. Flávia Piovesan: "tinha como finalidade pro- mover a cooperação, paz e segurança inter- nacional, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a indepen- dência política dos seus membros". O Brasil aderiu desde o início à Liga das Na- ções, porém por ato isolado do presidente da República Artur Bernardes que, após seis anos, desligou-se (denunciou) do tratado sem a anuência do Congresso Nacional. Já os Estados Unidos não ratificaram o tratado. As eleições para o congresso americano (Sena- do) em 1918 deram a vitória ao Partido Repu- blicano, que era oposição ao Presidente Woo- drow Wilson, portanto o Partido Republicano que assumiu o controle do Senado por duas vezes bloqueou a ratificação do tratado de Versalhes, favorecendo o isolamento do país, opondo-se à Sociedade das Nações. Assim, os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em separado a paz com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento de indenizações e de outras disposições do Tratado de Versalhes, mas excluiu explicitamente todos os assuntos relacionados com a Sociedade das Nações. Sem a participação americana e não pos- suindo forças armadas próprias, o poder de coerção da Liga das Nações baseava-se ape- nas em sanções econômicas e militares. Sua atuação foi bem-sucedida no arbitramentode disputas nos Bálcãs e na América Lati- 16 na, na assistência econômica e na proteção a refugiados, na supervisão do sistema de mandatos coloniais e na administração de territórios livres como a cidade de Dantzig. Mas ela se revelou impotente para bloquear a invasão japonesa da Manchúria (1931), a agressão italiana à Etiópia (1935) e o ataque russo à Finlândia (1939). Em abril de 1946, o organismo se autodissolveu, transferindo as responsabilidades que ainda mantinha para a recém-criada ONU. A ORGANIZAÇÃO INTERNACIO- NAL DO TRABALHO A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 1919, como parte do Tra- tado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. A sua constituição converteu-se na Parte XIII do Tratado de Versalhes (1919). Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na justiça social. É a úni- ca das agências do Sistema das Nações Uni- das com uma estrutura tripartite, composta de representantes de governos e de organi- zações de empregadores e de trabalhado- res. A OIT é responsável pela formulação e pela aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações). As convenções, uma vez ratificadas por de- cisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião.Na primeira Conferência Internacional do Tra- balho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. Em 1944, à luz dos efeitos da Grande De- pressão e da 2º Guerra Mundial, a OIT ado- tou a Declaração da Filadélfia como anexo da sua Constituição. A Declaração anteci- pou e serviu de modelo para a Carta das Na- ções Unidas e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Em junho de 1998 (86º sessão), foi adota- da a Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento. O documento é uma reafir- mação universal da obrigação de respeitar, promover e tornar realidade os princípios refletidos nas Convenções fundamentais da OIT, ainda que não tenham sido ratificadas pelos Estados-membros. Atualmente, a OIT estabeleceu um patamar mínimo de proteção dos trabalhadores e conseguiu identificar os sujeitos de prote- ção, tais como crianças, gestantes e idosos. A OIT tem sede em Genebra/Suíça. Direito Humanitário: As Convenções de Ge- nebra (1949) e seus Protocolos Adicionais são a essência do Direito Internacional Hu- manitário (DIH), o conjunto de leis que rege a conduta dos conflitos armados e busca limitar seus efeitos. Eles protegem especi- ficamente as pessoas que não participam dos conflitos (civis, profissionais de saúde e de socorro) e as que não mais participam das hostilidades (soldados feridos, doentes, náufragos e prisioneiros de guerra). curso – matéria – Prof. 17 Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos Tema: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) A DUDH é o 1º documento universal elabo- rado pela ONU. É composta de um preâm- bulo e 30 artigos. Trata-se de uma recomendação do Conse- lho Econômico e Social da ONU, feita pela Comissão de DH à Assembleia Geral da ONU que efetuou uma resolução recomendando o texto aos seus membros. No entanto o seu alcance é de norma jus cogens (norma imperativa aceita por todos as nações). Foi adotada e proclamada pele Res. 217-A da III Assembleia Geral em 10/12/1948. O Preâmbulo reconhece a DIGNIDADE DA PESSOA como núcleo da DUDH. A DUDH surge como exigência moral da hu- manidade para impedir que os atos bárba- ros cometidos nas duas guerras mundiais não se repitam mais. Por não possuir status de tratado interna- cional, após a promulgação da DUDH, ini- ciou-se o árduo trabalho de juridicizar os direitos humanos na esfera internacional. A estrutura da DUDH se baseia no Código de Napoleão, em que há um preâmbulo e princípios gerais introdutórios. Os arts. 1º e 2º inserem as ideias mestras da declara- ção, com referência aos princípios da digni- dade, liberdade, igualdade e fraternidade. Na mesma senda podemos dividir a DUDH em 4 partes: 1º parte: arts. 3 ao 11, que referem-se aos direitos individuais; 2º parte: arts. 12 ao 17, referem-se aos direi- tos do indivíduo e de participação política; 3º parte: arts. 18 a 21, refere-se às liberda- des políticas, públicas e religiosas, como li- berdade de associação; 4º parte: arts. 22 a 27, refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. Os arts. 28, 29 e 30 servem como um fe- chamento que dá sistematicidade e força a DUDH, declarando o dever do indivíduo pe- rante a sociedade e a proibição do uso dos direitos contra os fins das Nações Unidas. A DUDH nos seus artigos traz proteções aos direitos humanos de 1º e 2º dimensão, ou seja, direitos de liberdade e igualdade. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Introdução dos direitos e menção às três dimensões dos direitos humanos. Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo 2º I) Todo o homem tem capacidade para go- zar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli- gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nasci- mento, ou qualquer outra condição. 18 II) Não será também feita nenhuma distin- ção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem go- verno próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. Os dois artigos anteriores consagram o Di- reito a Igualdade e a Vedação à Discrimina- ção. Artigo 3º Toda pessoa tem direito à vida, à li- berdade e à segurança pessoal. DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS (Art. 1 ao Art. 3) Direito a Igualdade; Direito à Vida; Direito à Liberdade; Direito à Segurança; Direito à Propriedade. (Art. 17 da DUDH); Da Vedação à escravidão e à tortura, tratamento ou castigo cruel , desuma- no ou degradante. Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Princípio da Igualdade formal (igualda- de perante ou frente a lei) Artigo 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa pe- rante a lei. Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual prote- ção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a pre- sente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Garantias Processuais Este artigo regula o devido processo legal e o acesso a remédios que garantam o respei- to e a aplicação dos direitos humanos. Artigo 8º Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remé- dio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Princípio da Igualdade no Processo, da Atuação Imparcial do Julgador e da Publicidade dos Atos Processuais Artigo 10. Todo ser humano tem direito, em ple- na igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e impar- cial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação crimi- nal contra ele. Princípio da Presunção da Inocência e da Irretroatividade da Lei Penal Artigo 11. 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julga- mento público no qual lhe tenham sido as-seguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. curso – matéria – Prof. 19 2. Ninguém poderá ser culpado por qual- quer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito na- cional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. GARANTIAS PROCESSUAIS DA DUDH: Devido processo legal; Vedação à prisão, detenção e exílio arbitrá- rios; Igualdade no processo; Imparcialidade do julgador; Publicidade dos atos processuais; Princípio da presunção da inocência; Princípio da irretroatividade da lei penal. Direito à intimidade e à vida privada e à inviolabilidade domiciliar Artigo 12 Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interfe- rências ou ataques. Direito de Ir e Vir Artigo 13 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das frontei- ras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qual- quer país, inclusive o próprio, e a este re- gressar. • Direito de transitar pelo país; • Direito de deixar o país livremente; • Direito de regressar ao país quando desejar. Direito de Asilo Artigo 14. 1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou- tros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motiva- da por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Na- ções Unidas. Atenção – Não poderá ser invocado o Direi- to de Asilo quando: Crimes de direito comum; Atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Direito de Nacionalidade Artigo 15. 1. Todo ser humano tem direito a uma na- cionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mu- dar de nacionalidade. Direito de Constituir Família Artigo 16 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionali- dade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 20 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Direito de Propriedade Artigo 17. 1. Todo ser humano tem direito à proprie- dade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Direito à liberdade de expressão, pen- samento, religião e opinião. Artigo 18. Todo o homem tem direito à liberda- de de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa re- ligião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletiva- mente, em público ou em particular. Artigo 19. Todo o homem tem direito à liberda- de de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemen- te de fronteiras. Direito de reunião e associação Artigo 20 I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Direitos Políticos e Direito à proteção do Estado Artigo 21 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autori- dade do governo; esta vontade será expres- sa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro- cesso equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo 22 Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realiza- ção, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organiza- ção e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensá- veis à sua dignidade e ao livre desenvolvi- mento da sua personalidade. Direitos Trabalhistas Artigo 23. 1. Todo ser humano tem direito ao traba- lho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todo ser humano, sem qualquer distin- ção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Todo ser humano que trabalhe tem direi- to a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne- cessário, outros meios de proteção social. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. curso – matéria – Prof. 21 Artigo 24 Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. Direitos Trabalhistas Previstos na DUDH: Direito ao trabalho (emprego); Liberdade de escolha de emprego; Condições justas e favoráveis de trabalho; Proteção contra o desemprego; Igualdade de remuneração para igual trabalho; Direito a remuneração justa e satisfatória; Liberdade de associação em sindicatos; Direito à repouso e lazer; Direito à jornada limitada; Direito a férias. Direitos Sociais: Vida digna, proteção a maternidade e a infância. Artigo 25 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matri- mônio, gozarão da mesma proteção social. DIREITO À EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO Artigo 26. 1. Todo ser humano tem direito à instru- ção. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A ins- trução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade en- tre todas as nações e grupos raciais ou re- ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na- ções Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na esco- lha do gênero de instrução que será minis- trada a seus filhos. QUANTO AO DIREITO À EDUCAÇÃO: GRAU ELEMENTAR – Gratuita – Obrigatória; GRAU FUNDAMENTAL – Gratuita; GRAU TÉCNICO PROFISSIONAL – Acessível a todos – Mérito. Direitos Culturais Artigo 27 1. Toda pessoa tem o direito de participar li- vremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. Artigo 28 Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberda- des estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. 22 Artigo 29 1. Toda pessoa tem deveres para com a co- munidade, em que o livre e pleno desenvol- vimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limita- ções determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconheci- mento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên-cias da moral, da ordem pública e do bem- -estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contra- riamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas. Direitos Sociais na DUDH: • Direito do Trabalho; • Direito de uma garantia de vida social- mente digna; • Proteção à maternidade e infância; • Direito à instrução; • Direito de participação dos bens cultu- rais. Interpretação ampla e integradora da DUDH Artigo 30 Nenhuma disposição da presente Decla- ração pode ser interpretada como o reco- nhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ati- vidade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liber- dades aqui estabelecidos. curso – matéria – Prof. 23 CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES. DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991. Promulga a Convenção Contra a Tortura e Ou- tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atri- buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e Considerando que a Assembléia Geral das Na- ções Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York, adotou a 10 de dezembro de 1984, a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamen- tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan- tes; Considerando que o Congresso Nacional apro- vou a referida Convenção por meio do Decreto Legislativo nº 4, de 23 de maio de 1989; Considerando que a Carta de Ratificação da Convenção foi depositada em 28 de setembro de 1989; Considerando que a Convenção entrou em vigor para o Brasil em 28 de outubro de 1989, na for- ma de seu artigo 27, inciso 2; DECRETA: Art. 1º A Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, apensa por cópia ao presente De- creto, será executada e cumprida tão inteira- mente como nela se contém. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, em 15 de fevereiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República. CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES Os Estados Partes da presente Convenção, Considerando que, de acordo com os princípios proclamados pela Carta das Nações Unidas, o reconhecimento dos direitos iguais e inaliená- veis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Reconhecendo que estes direitos emanam da dignidade inerente à pessoa humana, Considerando a obrigação que incumbe os Es- tados, em virtude da Carta, em particular do Artigo 55, de promover o respeito universal e a observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais. Levando em conta o Artigo 5º da Declaração Universal e a observância dos Direitos do Ho- mem e o Artigo 7º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que determinam que ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou tra- tamento cruel, desumano ou degradante, Levando também em conta a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma- nos ou Degradantes, aprovada pela Assembléia Geral em 9 de dezembro de 1975, Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes em todo o mundo, Acordam o seguinte: 24 PARTE I ARTIGO 1º 1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmen- te a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confis- sões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja sus- peita de ter cometido; de intimidar ou co- agir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcioná- rio público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas de- corram. 2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumen- to internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo. ARTIGO 2º 1. Cada Estado Parte tomará medidas efi- cazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impe- dir a prática de atos de tortura em qualquer território sob sua jurisdição. 2. Em nenhum caso poderão invocar-se cir- cunstâncias excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pú- blica como justificação para tortura. 3. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não poderá ser invocada como justificação para a tortura. ARTIGO 3º 1. Nenhum Estado Parte procederá à ex- pulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura. 2. A fim de determinar a existência de tais razões, as autoridades competentes levarão em conta todas as considerações pertinen- tes, inclusive, quando for o caso, a existên- cia, no Estado em questão, de um quadro de violações sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos. ARTIGO 4º 1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados cri- mes segundo a sua legislação penal. O mes- mo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade ou participação na tortura. 2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem em conta a sua gravidade. ARTIGO 5º 1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os crime2 crimes nos casos em que o suposto autor se encontre em qualquer território sob sua jurisdição e o Estado não extradite de acordo com o Artigo 8º para qualquer dos Estados mencionados no pa- rágrafo 1 do presente Artigo. 3. Esta Convenção não exclui qualquer ju- risdição criminal exercida de acordo com o direito interno. ARTIGO 6º 1. Todo Estado Parte em cujo território se encontre uma pessoa suspeita de ter come- tido qualquer dos crimes mencionados no Artigo 4º, se considerar, após o exame das informações de que dispõe, que as circuns- tâncias o justificam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará outras medidas le- curso – matéria – Prof. 25 gais para assegurar sua presença. A deten- ção e outras medidas legais serão tomadas de acordo com a lei do Estado, mas vigora- rão apenas pelo tempo necessário ao início do processo penal ou de extradição. 2. O Estado em questão procederá imediata- mente a uma investigação preliminar dos fatos. 3. Qualquer pessoa detida de acordo com o parágrafo 1 terá assegurada facilidades para comunicar-se imediatamente com o repre- sentante mais próximo do Estado de que é nacional ou, se for apátrida, com o repre- sentante do Estado de residência habitual. 4. Quando o Estado, em virtude deste Ar- tigo, houver detido uma pessoa, notificará imediatamente os Estados mencionados no Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal detenção e sobre as circunstâncias que a justificam. O Estado que proceder à investigação prelimi- nar a que se refere o parágrafo 2 do presen- te Artigo comunicará sem demora seus re- sultados aos Estados antes mencionados e indicará se pretende exercer sua jurisdição. ARTIGO 7º 1. O Estado Parte no território sob a jurisdi- ção do qual o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados no Artigo 4º for encon- trado, se não o extraditar, obrigar-se-á, nos casos contemplados no Artigo 5º, a subme- ter o caso as suas autoridades competentes para o fim de ser omesmo processado. 2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer crime de natureza gra- ve, conforme a legislação do referido Esta- do. Nos casos previstos no parágrafo 2 do Artigo 5º, as regras sobre prova para fins de processo e condenação não poderão de modo algum ser menos rigorosas do que as que se aplicarem aos casos previstos no pa- rágrafo 1 do Artigo 5º. 3. Qualquer pessoa processada por qual- quer dos crimes previstos no Artigo 4º re- ceberá garantias de tratamento justo em todas as fases do processo. ARTIGO 8º 1. Os crimes a que se refere o Artigo 4° se- rão considerados como extraditáveis em qualquer tratado de extradição existente entre os Estados Partes. Os Estados Partes obrigar-se-ão a incluir tais crimes como ex- traditáveis em todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si. 2. Se um Estado Parte que condiciona a ex- tradição à existência de tratado de receber um pedido de extradição por parte do outro Estado Parte com o qual não mantém tratado de extradição, poderá considerar a presente Convenção com base legal para a extradição com respeito a tais crimes. A extradição su- jeitar-se-á ás outras condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação. 3. Os Estado Partes que não condicionam a extradição à existência de um tratado reco- nhecerão, entre si, tais crimes como extradi- táveis, dentro das condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação. 4. O crime será considerado, para o fim de extradição entre os Estados Partes, como se tivesse ocorrido não apenas no lugar em que ocorreu, mas também nos territórios dos Estados chamados a estabelecerem sua jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5º. ARTIGO 9º 1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assistência possível em relação aos procedimentos criminais instaurados relati- vamente a qualquer dos delitos menciona- dos no Artigo 4º, inclusive no que diz respei- to ao fornecimento de todos os elementos de prova necessários para o processo que estejam em seu poder. 2. Os Estados Partes cumprirão as obriga- ções decorrentes do parágrafo 1 do presen- te Artigo conforme quaisquer tratados de assistência judiciária recíproca existentes entre si. 26 ARTIGO 10 1. Cada Estado Parte assegurará que o en- sino e a informação sobre a proibição de tortura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar encar- regado da aplicação da lei, do pessoal médi- co, dos funcionários públicos e de quaisquer outras pessoas que possam participar da custódia, interrogatório ou tratamento de qualquer pessoa submetida a qualquer for- ma de prisão, detenção ou reclusão. 2. Cada Estado Parte incluirá a referida proi- bição nas normas ou instruções relativas aos deveres e funções de tais pessoas. ARTIGO 11 Cada Estado Parte manterá sistematicamen- te sob exame as normas, instruções, méto- dos e práticas de interrogatório, bem como as disposições sobre a custódia e o tratamen- to das pessoas submetidas, em qualquer ter- ritório sob sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura. ARTIGO 12 Cada Estado Parte assegurará suas autori- dades competentes procederão imediata- mente a uma investigação imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer território sob sua jurisdição. ARTIGO 13 Cada Estado Parte assegurará a qualquer pessoa que alegue ter sido submetida a tor- tura em qualquer território sob sua jurisdi- ção o direito de apresentar queixa perante as autoridades competentes do referido Es- tado, que procederão imediatamente e com imparcialidade ao exame do seu caso. Serão tomadas medidas para assegurar a prote- ção do queixoso e das testemunhas contra qualquer mau tratamento ou intimação em conseqüência da queixa apresentada ou de depoimento prestado. ARTIGO 14 1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um ato de tor- tura, o direito à reparação e a uma indeni- zação justa e adequada, incluídos os meios necessários para a mais completa reabili- tação possível. Em caso de morte da vítima como resultado de um ato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização. 2. O disposto no presente Artigo não afetará qualquer direito a indenização que a vítima ou outra pessoa possam ter em decorrência das leis nacionais. ARTIGO 15 Cada Estado Parte assegurará que nenhuma declaração que se demonstre ter sido presta- da como resultado de tortura possa ser invo- cada como prova em qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi prestada. ARTIGO 16 1. Cada Estado Parte se comprometerá a proibir em qualquer território sob sua juris- dição outros atos que constituam tratamen- to ou penas cruéis, desumanos ou degra- dantes que não constituam tortura tal como definida no Artigo 1, quando tais atos forem cometidos por funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consenti- mento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em particular, as obrigações mencionadas nos Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição das referências a tortura por referências a outras formas de tratamentos ou penas cru- éis, desumanos ou degradantes. 2. Os dispositivos da presente Convenção não serão interpretados de maneira a res- tringir os dispositivos de qualquer outro ins- trumento internacional ou lei nacional que proíba os tratamentos ou penas cruéis, de- sumanos ou degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão. curso – matéria – Prof. 27 PARTE II ARTIGO 17 1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortu- ra (doravante denominado o "Comitê) que desempenhará as funções descritas adian- te. O Comitê será composto por dez peritos de elevada reputação moral e reconhecida competência em matéria de direitos huma- nos, os quais exercerão suas funções a tí- tulo pessoal. Os peritos serão eleitos pelos Estados Partes, levando em conta uma dis- tribuição geográfica eqüitativa e a utilidade da participação de algumas pessoas com ex- periência jurídica. 2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Estados Partes. Cada Estado Parte pode indicar uma pessoa dentre os seus nacionais. Os Estados Partes terão pre- sente a utilidade da indicação de pessoas que sejam também membros do Comitê de Direitos Humanos estabelecido de acordo com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e que estejam dispostas a servir no Comitê contra a Tortura. 3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões bienais dos Estados Partes convo- cadas pelo Secretário-Geral das Nações Uni- das. Nestas reuniões, nas quais o quorum será estabelecido por dois terços dos Esta- dos Partes, serão eleitos membros do Co- mitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Par- tes presentes e votantes. 4. A primeira eleição se realizará no máxi- mo seis meses após a data de entrada em vigor da presente Convenção. Ao menos quatro meses antes da data de cada elei- ção, o Secretário-Geral das Nações Unidas enviará uma carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candidaturas no prazo de três meses. O Secretário-Geral organizará uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos assim designados, com indicações dos Estados Partes que os tiverem designado, e a comunicará aos Es- tados Partes. 5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas sejam apresentadas no- vamente, ser reeleitos. No entanto, o man- dato de cinco dos membros eleitos na pri- meira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere o pa- rágrafo 3 do presente Artigo indicará, porsorteio, os nomes desses cinco membros. 6. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demitir-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Estado Parte que apresentou sua candidatura indicará, entre seus nacionais, outro perito para cum- prir o restante de seu mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à aprovação da maioria dos Estados Partes. Considerar- -se-á como concedida a referida aprovação, a menos que a metade ou mais dos Estados Partes venham a responder negativamente dentro de um prazo de seis semanas, a con- tar do momento em que o Secretário-Geral das Nações Unidas lhes houver comunicado a candidatura proposta. 7. Correrão por conta dos Estados Partes as despesas em que vierem a incorrer os membros do Comitê no desempenho de suas funções no referido órgão. ARTIGO 18 1. O Comitê elegerá sua mesa para um perí- odo de dois anos. Os membros da mesa po- derão ser reeleitos. 2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras de procedimento; estas, contudo, deverão conter, entre outras, as seguintes disposições: a) o quórum será de seis membros; b) as decisões do Comitê serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes. 28 3. O Secretário-Geral das Nações Unidas co- locará à disposição do Comitê o pessoal e os serviços necessários ao desempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas em virtu- de da presente Convenção. 4. O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a primeira reunião do Comitê. Após a primeira reunião, o Comitê deverá reunir-se em todas as ocasiões previstas em suas regras de procedimento. 5. Os Estados Partes serão responsáveis pe- los gastos vinculados à realização das reuni- ões dos Estados Partes e do Comitê, inclu- sive o reembolso de quaisquer gastos, tais como os de pessoal e de serviço, em que incorrerem as Nações Unidas em conformi- dade com o parágrafo 3 do presente Artigo. ARTIGO 19 1. Os Estados Partes submeterão ao Comi- tê, por intermédio do Secretário-Geral das Nações Unidas, relatórios sobre as medi- das por eles adotadas no cumprimento das obrigações assumidas em virtude da pre- sente Convenção, dentro de prazo de um ano, a contar do início da vigência da pre- sente Convenção no Estado Parte interes- sado. A partir de então, os Estados Partes deverão apresentar relatórios suplementa- res a cada quatro anos sobre todas as novas disposições que houverem adotado, bem como outros relatórios que o Comitê vier a solicitar. 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os relatórios a todos os Estados Partes. 3. Cada relatório será examinado pelo Co- mitê, que poderá fazer os comentários ge- rais que julgar oportunos e os transmitirá ao Estado Parte interessado. Este poderá, em resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as observações que deseje formular. 4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão de incluir qualquer comentário que houver feito de acordo com o que estipula o parágrafo 3 do presente Artigo, junto com as observações conexas recebidas do Esta- do Parte interessado, em seu relatório anu- al que apresentará em conformidade com o Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte interessado, o Comitê poderá também in- cluir cópia do relatório apresentado em vir- tude do parágrafo 1 do presente Artigo. ARTIGO 20 1. O Comitê, no caso de vir a receber infor- mações fidedignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada sistematicamente no território de um Estado Parte, convidará o Estado Parte em questão a cooperar no exame das infor- mações e, nesse sentido, a transmitir ao Co- mitê as observações que julgar pertinentes. 2. Levando em consideração todas as ob- servações que houver apresentado o Esta- do Parte interessado, bem como quaisquer outras informações pertinentes de que dis- puser, o Comitê poderá, se lhe parecer justi- ficável, designar um ou vários de seus mem- bros para que procedam a uma investigação confidencial e informem urgentemente o Comitê. 3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos do parágrafo 2 do presente Arti- go, o Comitê procurará obter a colaboração do Estado Parte interessado. Com a concor- dância do Estado Parte em questão, a inves- tigação poderá incluir uma visita a seu ter- ritório. 4. Depois de haver examinado as conclu- sões apresentadas por um ou vários de seus membros, nos termos do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao Estado Parte interessado, junto com as ob- servações ou sugestões que considerar per- tinentes em vista da situação. 5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referência nos parágrafos 1 ao 4 do pre- sente Artigo serão confidenciais e, em todas as etapas dos referidos trabalhos, procurar- -se-á obter a cooperação do Estado Parte. curso – matéria – Prof. 29 Quando estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma investigação realiza- da de acordo com o parágrafo 2, o Comitê poderá, após celebrar consultas com o Es- tado Parte interessado, tomar a decisão de incluir um resumo dos resultados da investi- gação em seu relatório anual, que apresen- tará em conformidade com o Artigo 24. ARTIGO 21 1. Com base no presente Artigo, todo Esta- do Parte da presente Convenção poderá de- clarar, a qualquer momento, que reconhece a competência dos Comitês para receber e examinar as comunicações em que um Es- tado Parte alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Convenção. As referidas comuni- cações só serão recebidas e examinadas nos termos do presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a com- petência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em virtude do presente Artigo estarão sujei- tas ao procedimento que se segue: a) se um Estado Parte considerar que outro Estado Parte não vem cumprindo as dispo- sições da presente Convenção poderá, me- diante comunicação escrita, levar a questão ao conhecimento deste Estado Parte. Den- tro de um prazo de três meses a contar da data do recebimento da comunicação, o Es- tado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a comunicação explicações ou quais- quer outras declarações por escrito que es- clareçam a questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja possível e perti- nente, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão; b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da data do recebimento da comuni- cação original pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida satisfatoria- mente para ambos os Estado Partes inte- ressados, tanto um como o outro terão o direito de submetê-la ao Comitê, mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro Estado interessado; c) o Comitê tratará de todas as questões que se lhe submetam em virtude do presen- te Artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgota- dos, em consonância com os princípios do Direito internacional geralmente reconhe- cidos. Não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados recursos se pro- longar injustificadamente ou quando não for provável que a aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa que seja vítima de violação da pre- sente Convenção; d) o Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as comunica- ções previstas no presente Artigo; e) sem prejuízo das disposições da alínea c), o Comitê colocará seus bons ofícios à dis- posição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar uma solução amisto- sa para a questão, baseada no respeito às obrigações estabelecidas na presente Con- venção. Com vistas a atingir esse objetivo, o Comitê poderá constituir, se julgarcon- veniente, uma comissão de conciliação ad hoc; f) em todas as questões que se lhe subme- tam em virtude do presente Artigo, o Comi- tê poderá solicitar aos Estados Partes inte- ressados, a que se faz referência na alínea b), que lhe forneçam quaisquer informa- ções pertinentes; g) os Estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea b), terão o direito de fazer-se representar quando as questões forem examinadas no Comitê e de apresen- tar suas observações verbalmente e/ou por escrito; 30 h) o Comitê, dentro dos doze meses seguin- tes à data de recebimento de notificação mencionada na b), apresentará relatório em que: I) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se- -á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada; II) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre- ve exposição dos fatos; serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das observações orais apresentadas pelos Estados Partes interessados. Para cada questão, o relatório será encami- nhado aos Estados Partes interessados. 2. As disposições do presente Artigo entra- rão em vigor a partir do momento em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as declarações menciona- das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas declarações serão depositadas pelos Esta- dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na- ções Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao Secre- tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre- juízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a retirada da declaração, a menos que o Estado Parte in- teressado haja feito uma nova declaração. ARTIGO 22 1. Todo Estado Parte da presente Conven- ção poderá, em virtude do presente Artigo, declarar, a qualquer momento, que reco- nhece a competência do Comitê para rece- ber e examinar as comunicações enviadas por pessoas sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado Parte, das disposições da Convenção.O Comitê não receberá comuni- cação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito declaração dessa natureza. 2. O Comitê considerará inadmissível qual- quer comunicação recebida em conformi- dade com o presente Artigo que seja anô- nima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do direito de apresentar as referidas comu- nicações, ou que seja incompatível com as disposições da presente Convenção. 3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê levará todas as comunicações apresentadas em conformidade com este Artigo ao conhecimento do Estado Parte da presente Convenção que houver feito uma declaração nos termos do parágrafo 1 e so- bre o qual se alegue ter violado qualquer disposição da Convenção. Dentro dos seis meses seguintes, o Estado destinatário sub- meterá ao Comitê as explicações ou decla- rações por escrito que elucidem a questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adotado pelo Estado em questão. 4. O Comitê examinará as comunicações re- cebidas em conformidade com o presente Artigo á luz de todas as informações a ele submetidas pela pessoa interessada, ou em nome dela, e pelo Estado Parte interessado. 5. O Comitê não examinará comunicação al- guma de uma pessoa, nos termos do presente Artigo, sem que se haja assegurado de que; a) a mesma questão não foi, nem está sen- do, examinada perante uma outra instância internacional de investigação ou solução; b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos jurídicos internos disponíveis; não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados recursos se prolongar in- justificadamente ou quando não for prová- vel que a aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção. curso – matéria – Prof. 31 6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinado as comunicações previstas no presente Artigo. 7. O Comitê comunicará seu parecer ao Es- tado Parte e à pessoa em questão. 8. As disposições do presente Artigo entra- rão em vigor a partir do momento em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as declarações menciona- das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas declarações serão depositadas pelos Esta- dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na- ções Unidas, que enviará cópia das mesmas ao demais Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao Secre- tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre- juízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela, uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre retirada da declaração, a menos que o Estado Parte interessado haja feito uma nova declaração. ARTIGO 23 Os membros do Comitê e os membros das Comissões de Conciliação ad noc designa- dos nos termos da alínea e) do parágrafo 1 do Artigo 21 terão o direito às facilidades, privilégios e imunidades que se concedem aos peritos no desempenho de missões para a Organização das Nações Unidas, em conformidade com as seções pertinentes da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas. ARTIGO 24 O Comitê apresentará, em virtude da pre- sente Convenção, um relatório anula sobre suas atividades aos Estados Partes e à As- sembléia Geral das Nações Unidas. PARTE III ARTIGO 25 1. A presente Convenção está aberta à assi- natura de todos os Estados. 2. A presente Convenção está sujeita a rati- ficação. Os instrumentos de ratificação se- rão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. ARTIGO 26 A presente Convenção está aberta à Adesão de todos os Estados. Far-se-á a Adesão me- diante depósito do Instrumento de Adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Uni- das. ARTIGO 27 1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o vigésimo instrumento de ratificação ou ade- são houver sido depositado junto ao Secre- tário-Geral das Nações Unidas. 2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente Convenção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratifi- cação ou adesão, a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o Estado em questão houver deposita- do seu instrumento de ratificação ou ade- são. ARTIGO 28 1. Cada Estado Parte poderá declarar, por ocasião da assinatura ou da ratificação da presente Convenção ou da adesão a ela, que não reconhece a competência do Comi- tê quando ao disposto no Artigo 20. 2. Todo Estado Parte da presente Conven- ção que houver formulado uma reserva em conformidade com o parágrafo 1 do presen- te Artigo poderá, a qualquer momento, tor- nar sem efeito essa reserva, mediante noti- ficação endereçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas. 32 ARTIGO 29 1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá propor uma emenda e depositá-la junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará a proposta de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes que o notifiquem se desejam que se con- voque uma conferência dos Estados Partes destinada a examinar a proposta e submetê- -la a votação. Se, dentro dos quatro meses seguintes à data da referida comunicação, pelos menos um terço dos Estados Partes se manifestar a favor da referida convocação, o Secretário-Geral convocará uma conferência sob os auspícios das Nações Unidas. Toda emenda adotada pelamaioria dos Estados Partes presentes e votantes na conferência será submetida pelo Secretário-Geral à acei- tação de todos os Estados Partes. 2. Toda emenda adotada nos termos das disposições do parágrafo 1 do presente Ar- tigo entrará em vigor assim que dois terços dos Estados Partes da presente Convenção houverem notificado o Secretário-Geral das Nações Unidas de que a aceitaram em con- sonância com os procedimentos previstos por suas respectivas constituições. 3. Quando entrarem em vigor, as emen- das serão obrigatórias para todos os Esta- dos Partes que as tenham aceito, ao passo que os demais Estados Partes permanecem obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emendas anteriores por eles aceitas. ARTIGO 30 1. As controvérsias entre dois ou mais Esta- dos Partes com relação à interpretação ou à aplicação da presente Convenção que não puderem ser dirimidas por meio da nego- ciação serão, a pedido de um deles, subme- tidas a arbitragem. Se durante os seis meses seguintes à data do pedido de arbitragem, as Partes não lograrem pôr-se de acordo quanto aos termos do compromisso de ar- bitragem, qualquer das Partes poderá sub- meter a controvérsia à Corte Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em conformidade com o Estatuto da Corte. 2. Cada Estado poderá, por ocasião da as- sinatura ou da ratificação da presente Convenção, declarar que não se considera obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os demais Estados Partes não estarão obriga- dos pelo referido parágrafo com relação a qualquer Estado Parte que houver formula- do reserva dessa natureza. 3. Todo Estado Parte que houver formulado reserva nos termos do parágrafo 2 do pre- sente Artigo poderá retirá-la, a qualquer momento, mediante notificação endereça- da ao Secretário-Geral das Nações Unidas. ARTIGO 31 1. Todo Estado Parte poderá denunciar a presente Convenção mediante notificação por escrito endereçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá efeitos um ano depois da data de recebi- mento da notificação pelo Secretário-Geral. 2. A referida denúncia não eximirá o Estado Parte das obrigações que lhe impõe a pre- sente Convenção relativamente a qualquer ação ou omissão ocorrida antes da data em que a denúncia venha a produzir efeitos; a denúncia não acarretará, tampouco, a sus- pensão do exame de quaisquer questões que o Comitê já começara a examinar antes da data em que a denúncia veio a produzir efeitos. 3. A partir da data em que vier a produzir efeitos a denúncia de um Estado Parte, o Comitê não dará início ao exame de qual- quer nova questão referente ao Estado em apreço. ARTIGO 32 O Secretário-Geral das Nações Unidas co- municará a todos os Estados membros das Nações Unidas e a todos os Estados que as- sinaram a presente Convenção ou a ela ade- riram: curso – matéria – Prof. 33 a) as assinaturas, ratificações e adesões re- cebidas em conformidade com os Artigos 25 e 26; b) a data de entrada em vigor da Conven- ção, nos termos do Artigo 27, e a data de entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do Artigo 29; c) as denúncias recebidas em conformida- des com o Artigo 31. ARTIGO 33 1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente autênticos, será depo- sitada junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas en- caminhará cópias autenticadas da presente Convenção a todos os Estados. 34 PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010 (DOU 16.12.2010) Estabelece as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissio- nais de Segurança Pública. O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA e o MINISTRO DE ESTADO DA JUSTI- ÇA, no uso das atribuições que lhes conferem os incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da Constituição Federal de 1988, resolvem: Art. 1º Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacio- nais de Promoção e Defesa dos Direitos Huma- nos dos Profissionais de Segurança Pública, na forma do Anexo desta Portaria. Art. 2º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Ministério da Jus- tiça estabelecerão mecanismos para estimular e monitorar iniciativas que visem à implemen- tação de ações para efetivação destas diretrizes em todas as unidades federadas, respeitada a repartição de competências prevista no art. 144 da Constituição Federal de 1988. Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. PAULO DE TARSO VANNUCHI Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Repú- blica LUIZ PAULO TELES FERREIRA BARRETO Ministro de Estado da Justiça ANEXO DIREITOS CONSTITUCIONAIS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ 1) Adequar as leis e regulamentos discipli- nares que versam sobre direitos e deveres dos profissionais de segurança pública à Constituição Federal de 1988. 2) Valorizar a participação das instituições e dos profissionais de segurança pública nos processos democráticos de debate, divulga- ção, estudo, reflexão e formulação das polí- ticas públicas relacionadas com a área, tais como conferências, conselhos, seminários, pesquisas, encontros e fóruns temáticos. 3) Assegurar o exercício do direito de opi- nião e a liberdade de expressão dos profis- sionais de segurança pública, especialmen- te por meio da Internet, blogs, sites e fóruns de discussão, à luz da Constituição Federal de 1988. 4) Garantir escalas de trabalho que contem- plem o exercício do direito de voto por to- dos os profissionais de segurança pública. VALORIZAÇÃO DA VIDA 5) Proporcionar equipamentos de proteção individual e coletiva aos profissionais de segurança pública, em quantidade e quali- dade adequadas, garantindo sua reposição permanente, considerados o desgaste e prazos de validade. 6) Assegurar que os equipamentos de pro- teção individual contemplem as diferenças de gênero e de compleição física. 7) Garantir aos profissionais de segurança pública instrução e treinamento continuado quanto ao uso correto dos equipamentos de proteção individual. 8) Zelar pela adequação, manutenção e permanente renovação de todos os veícu- los utilizados no exercício profissional, bem como assegurar instalações dignas em to- das as instituições, com ênfase para as con- dições de segurança, higiene, saúde e am- biente de trabalho. curso – matéria – Prof. 35 9) Considerar, no repasse de verbas federais aos entes federados, a efetiva disponibiliza- ção de equipamentos de proteção individu- al aos profissionais de segurança pública. DIREITO À DIVERSIDADE 10) Adotar orientações, medidas e práticas concretas voltadas à prevenção, identifica- ção e enfrentamento do racismo nas insti- tuições de segurança pública, combatendo qualquer modalidade de preconceito. 11) Garantir respeito integral aos direitos constitucionais das profissionais de segu- rança pública femininas, considerando as especificidades relativas à gestação e à amamentação, bem como as exigências permanentes de cuidado com filhos crian- ças e adolescentes, assegurando a elas ins- talações físicas e equipamentos individuais específicos sempre que necessário. 12) Proporcionar espaços e oportunidades nas instituições de segurança pública para organização de eventos de integração fami- liar entre todos os profissionais, com ênfase em atividades recreativas, esportivas e cul- turais voltadas a crianças, adolescentes e jovens. 13) Fortalecer e disseminar nas instituições a cultura de não discriminação e de pleno respeito à liberdade de orientação sexual do profissional de segurança pública, com ênfase no combate à homofobia. 14) Aproveitar o conhecimento e a vivência dos profissionais de segurança pública ido- sos, estimulando a criação de espaços insti- tucionais para transmissão de experiências, bem como a formação de equipes de traba- lho composta por servidores de diferentes faixas etárias para exercitar
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