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PC RS Delegado de Policia 2018 Direitos Humanos

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DIREITOS HUMANOS
Prof. Mateus Silveira
POLÍCIA CIVIL | RS
D E L E G A D O D E P O L Í C I A
Prof. Mateus Silveira
www.acasadoconcurseiro.com.br
direitos humanos
Prof. Mateus Silveira
POLÍCIA CIVIL | RS 
Delegado de Polícia
Edital
DIREITOS HUMANOS: 1. Teoria geral dos direitos humanos: conceito e terminologia. 2. Afirmação his-
tórica dos direitos humanos. 3. Direitos humanos e responsabilidade do Estado. 4. Direitos humanos na 
Constituição Federal de 1988. 5. Interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos 
direitos humanos. 6. Declaração Universal dos Direitos Humanos (Resolução nº 217A (III) da Assembleia 
Geral das Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948). 7. Convenção Contra a Tortura e Outros Trata-
mentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991). 8. 
Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública (Portaria Interministerial nº 4.226, 
de 31 de dezembro de 2010). 9. Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos 
Profissionais de Segurança Pública (Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010). 10. Trata-
mento nominal, inclusão e uso do nome social de travestis e transexuais nos registros estaduais relativos 
a serviços públicos prestados no âmbito do Poder Executivo Estadual (Decreto n° 48.118, de 27 de junho 
de 2011). 10.1. A Carteira de Nome Social para Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul 
(Decreto n° 49.122, de 17 de maio de 2012). 11. Lei Estadual 13.694, de 19 de janeiro de 2011. 12. Lei 
Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010. 13. Lei Estadual nº 13.320, de 21 de dezembro de 2009.
BANCA: Fundatec
CARGO: Delegado de Polícia
Sumário
DIREITOS HUMANOS ......................................................................................................................................... 9
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................................................... 9
Das categorias e Gerações de Direitos Humanos ............................................................................................ 10
Dimensão ou Geração de Direitos Humanos ................................................................................................... 11
Evolução histórica dos direitos humanos ........................................................................................................ 11
Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos ........................................................................................ 17
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) .......................................................................... 17
CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU 
DEGRADANTES. ............................................................................................................................................... 23
DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991. ............................................................................................. 23
PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010 (DOU 16.12.2010).. ................34
PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A) ...................................................39
DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011. (publicado no DOE nº 123 de 28 de junho de 2011) ...........44
DECRETO Nº 49.122 DE 17/05/2012 (PUBLICADO NO DOE EM 17 MAIO 2012) ............................................. 46
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988 ......................................................................47
Questões ......................................................................................................................................................... 53
Negros, pardos e Estatuto da Igualdade Racial ............................................................................................... 61
Estatuto da Igualdade Racial do Estado do Rio Grande do Sul ........................................................................ 73
Questões ......................................................................................................................................................... 79
Lei nº 13.320 ................................................................................................................................................... 88
9
direitoS humanos
MATERIAL – POLÍCIA CIVIL DELEGADO
Link utilizado para ver o vídeo “O que são Direitos Humanos?”:
http://br.humanrights.com/#/what-are-human-rights
Unidos pelos Direitos Humanos é uma organização internacional, sem fins lucrativos dedicada à 
implementação da Declaração Universal dos Direitos do Homem a nível local, regional, nacional 
e internacional. É composta por indivíduos, educadores e grupos em todo o mundo que estão 
ativamente a transmitir o conhecimento e a proteção dos direitos humanos por e para toda a 
Humanidade. 
Link do you tube no canal Casa do Saber:
https://www.youtube.com/watch?v=fMBNL4HFEOQ
DIREITOS HUMANOS
Conceito: O conjunto de direitos e garantias assegurados nas declarações e tratados internacio-
nais de direitos humanos.
Conjunto de direitos considerado indispensável para vida humana pautada na liberdade, 
igualdade e dignidade.
“Dá-se o nome de liberdades públicas, de direitos humanos ou individuais àquelas prerrogati-
vas que tem o indivíduo em face do Estado.”
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
INERÊNCIA: os DH pertencem a todos os seres humanos;
UNIVERSALIDADE: não importa a raça, a cor, o sexo, a origem, a condição social, a língua, a re-
ligião ou opção sexual;
TRANSNACIONALIDADE: não importa o local em que esteja o ser humano;
INDIVISIBILIDADE: os DH não são fracionados; implica em unicidade, assegurando não ser pos-
sível se reconhecer apenas alguns direitos humanos (atenção aos direitos sociais).
INTERDEPENDÊNCIA: muitas vezes para o exercício de um dir. humano, passa-se obrigatoria-
mente pelo anterior de outra geração/dimensão.
 
10
INDISPONIBILIDADE: o ser humano não pode abrir mão, dispor de um direito humano, por ser 
inerente a ele e nem os Estados podem suprimi-los, a partir do momento que os reconhece;
IMPRESCRITIBILIDADE: um direito humano não prescreve por decurso de prazo.
Atualmente a majoritária jurisprudência do STJ está aplicando a imprescritibilidade dos direitos 
humanos.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E 
MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE POLÍTICO PRESO NA ÉPOCA DO REGIME MILITAR. 
TORTURA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO CAUSAL. NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO 
QUINQUENAL – ART. 1º DECRETO 20.910/1932. IMPRESCRITIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL Nº 
1.165.986 – SP (2008/0279634-1) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX – Julgado em 16/11/2010.
INDIVIDUALIDADE: podem ser exercidos por apenas um indivíduo;
COMPLEMENTARIEDADE: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, não ha-
vendo hierarquia entre eles;
INVIOLABILIDADE: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa ou auto-
ridade;
IRRENUNCIABILIDADE: são irrenunciáveis estes direitos.
INTERRELACIONARIEDADE: os direitos humanos e os sistemas de proteção se inter-relacionam, 
possibilitando às pessoas escolher entre o mecanismo de proteção global ou regional não ha-
vendo hierarquia entre eles;
HISTORICIDADE: estão vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural do ser humano;
VEDAÇÃO DO RETROCESSO OU DO REGRESSO: uma vez estabelecidos os direitos humanos, 
não se admite o retrocesso visando sua limitação ou diminuição.
PREVALÊNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA: na solução de um caso concreto deve prevalecer a 
norma mais benéfica para a vítima da violação dos direitos humanos.
Das categorias e Gerações de Direitos Humanos
As dimensões ou gerações de DH: A doutrina menciona 3 dimensões clássicas dos DH: Liberda-
de, Igualdade e Fraternidade.
LIBERDADE: protege os direitos civis e políticosindividuais (liberdade, vida e segurança);
IGUALDADE: protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas;
FRATERNIDADE: também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os direitos di-
fusos como meio ambiente, consumidor e desenvolvimento.
curso – matéria – Prof.
11
Dimensão ou Geração de Direitos Humanos
1º Dimensão ou Geração:
Direitos das Liberdades;
Civis e Políticos.
Vida, liberdade, segurança e propriedade.
2º Dimensão ou Geração: 
Direitos da Igualdade;
Direitos Sociais e Econômicos.
Sociais, econômicos, culturais, trabalhistas, saúde, 
educação e habitação.
3º Dimensão ou Geração: 
Fraternidade dos povos; 
Transindividuais/difusos/coletivos
Paz, meio ambiente, patrimônio histórico e cultural, 
defesa do consumidor.
Evolução histórica dos direitos 
humanos
HISTÓRIA DOS DIREITOS 
HUMANOS
1. A ANTIGUIDADE ORIENTAL (período en-
tre os séculos VIII e II a.C): é o primei-
ro passo rumo à afirmação dos direitos 
humanos, com a emergência do pensa-
mento de vários filósofos de influência 
até os dias de hoje (Zaratustra, Buda, 
Confúcio, Dêutero-Isaías), cujo ponto 
em comum foi a adoção de códigos de 
comportamento baseados no amor e 
respeito ao outro.
 • Antigo Egito: reconhecimento de direi-
tos de indivíduos na codificação de Me-
nes (3100-2850 a.C);
 • Suméria antiga: Código de Hammurabi, 
na Babilônia (1792-1750 a.C) – 1º códi-
go de normas de condutas, preceituan-
do esboços de direitos dos indivíduos, 
consolidando os costumes e estenden-
do a lei a todos os súditos do império.
 • Suméria e Pérsia: Ciro II, no século VI 
a.C, aproximadamente em 539 a.C, os 
exércitos de Ciro, O Grande, 1º rei da 
antiga Pérsia, conquistou a cidade da 
Babilônia. Porém, foram as suas seguin-
tes ações que marcaram um avanço 
muito importante para o homem. Ele 
libertou os escravos, declarou que to-
das as pessoas tinham o direito de es-
colher a sua própria religião e estabe-
leceu a igualdade racial. Esses e outros 
decretos foram registrados num cilin-
dro de argila na língua acádica. Esse do-
cumento é conhecido atualmente como 
o Cilindro de Ciro.
O Cilindro de Ciro (declaração de boa go-
vernança) foi agora reconhecido como a 1º 
carta de direitos humanos do mundo. Está 
traduzido nas 6 línguas oficiais da ONU e é 
análogo aos quatro primeiros artigos da De-
claração Universal dos Direitos do Homem.
 • China: no século VI e V a.C., Confún-
cio lançou as bases para a sua filosofia, 
com ênfase na defesa do amor aos indi-
víduos.
 • Budismo: introduziu um código de con-
duta pelo qual se prega o bem comum e 
uma sociedade pacífica, sem prejuízo a 
qualquer ser humano.
 • Islamismo: prescrição da fraternidade e 
solidariedade aos vulneráveis.
 
12
A visão grega: consolidação dos direitos po-
líticos, com a participação política dos cida-
dãos (Atenas: A pólis e as deliberações em 
praça pública, na praça denominada Ágora).
Platão, em sua obra A República (400 a.C), 
defendeu a igualdade e a noção de bem co-
mum.
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, salientou 
a importância do agir com justiça, para o 
bem de todos da pólis, mesmo em face de 
leis injustas.
Em Antígona (peça de Sófocles), a persona-
gem luta para enterrar o seu irmão Polinice 
mesmo contra a ordem do tirano Creon-
te, que havia criado uma lei proibindo que 
aqueles que atentassem contra lei da cida-
de fossem enterrados.
Travou-se, assim, uma reflexão sobre a su-
perioridade normativa de determinadas 
normas, mesmo em face da vontade do 
poder (contra a tirania, contra a injustiça e 
contra o Estado opressor).
A REPÚBLICA ROMANA: tem grande contri-
buição na sedimentação do princípio da le-
galidade. A Lei das Doze Tábuas, ao estipular 
a lex scripta como regente de condutas, deu 
um passo na direção da vedação ao arbítrio.
Reconhecimento da igualdade entre todos 
os seres humanos, em especial pela aceita-
ção do jus gentium, o direito aplicado a to-
dos romanos ou não.
Marco Túlio Cícero retoma a defesa da ra-
zão reta (recta ratio), salientando, na Repú-
blica, que a verdadeira lei é a lei da razão, 
inviolável mesmo em face da vontade do 
poder (apesar das diferenças os homens 
podem permanecer unidos se adotarem o 
“viver reto”).
 • INFLUÊNCIAS DO CRISTIANISMO (AN-
TIGO E NOVO TESTAMENTO): Os cinco 
livros de Moisés (Torah): apregoam so-
lidariedade e preocupação com o bem-
-estar de todos (1800-1500 a.C.). Antigo 
testamento: faz menção à necessidade 
de respeito a todos, em especial aos 
vulneráveis. Cristianismo contribui para 
a disciplina: há vários trechos da Bíblia 
(Novo Testamento) que pregam a igual-
dade e solidariedade com o semelhan-
te.
A IDADE MÉDIA E A IDADE MO-
DERNA
Na Idade Média, o poder dos governantes 
era ilimitado, pois era fundado na vontade 
divina (clero e a nobreza).
Os primeiros movimentos de reivindicação 
de liberdades a determinados estamentos 
que surgiram foram a Declaração das Cortes 
de Leão, adotada na Península Ibérica em 
1188 (Reino de Espanha), e a Magna Carta 
Inglesa, de 1215.
A Carta Magna (1215) foi possivelmente a 
influência inicial mais significativa no amplo 
processo histórico que conduziu o constitu-
cionalismo ocidental hoje conhecido.
Em 1215, depois de que o Rei João Sem-
-terra da Inglaterra violou um número de 
leis antigas e costumes pelos quais a Ingla-
terra tinha sido governada, seus súditos, 
principalmente os barões revoltados com as 
arbitrariedades do seu soberano, forçaram 
o rei a assinar a Magna Carta que enume-
ra o que mais tarde veio a ser considerados 
como direitos humanos. Entre eles, estava o 
direito da igreja de ser livre da interferên-
cia governamental e os direitos de todos os 
cidadãos livres de possuirem e herdarem a 
propriedade e ser protegidos de impostos 
excessivos. Os princípios do devido proces-
so legal e da igualdade na lei, bem como as 
determinações que proibiam o suborno e a 
má conduta oficial. 
 • Renascimento e reforma protestante: a 
crise da Idade Média deu lugar ao surgi-
mento dos Estados Nacionais absolutistas 
e a sociedade estamental (dividida por 
curso – matéria – Prof.
13
estamentos, o que impedia a ascensão 
social) medieval foi substituída pela forte 
centralização do poder na figura do rei. 
Com a erosão da importância dos esta-
mentos (igreja e senhores feudais), surgiu 
a ideia da igualdade de todos submetidos 
ao poder absoluto do rei, o que não ex-
clui a opressão e a violência, como a ex-
termínio perpetrado contra indígenas na 
América.
O Século XVII: o Estado Absolutista foi ques-
tionado, em especial na Inglaterra. A busca 
pela limitação do poder é consagrada na Pe-
tition Of Rights de 1628.
A Petição de Direitos afirmou quatro prin-
cípios: 1) nenhum tributo pode ser impos-
to sem o consentimento do Parlamento; 
2) nenhum súdito pode ser encarcerado 
sem motivo demonstrado (a reafirmação 
do direito de habeas corpus); 3) nenhum 
soldado pode ser aquartelado nas casas 
dos cidadãos; 4) a Lei Marcial não pode ser 
usada em tempo de paz.
A edição do Habeas Corpus Act (1679) for-
maliza o mandado de proteção judicial aos 
que haviam sido injustamente presos, exis-
tente tão somente no direito consuetudiná-
rio inglês (common law).
Em 1689 (após a Revolução Gloriosa): edi-
ção da Declaração Inglesa de Direitos a Bill 
of Rights (1689), pela qual o poder autocrá-
tico dos reis ingleses é reduzido de forma 
definitiva.
Em 1701: aprovação do Act of Settlement, 
que enfim fixou a linha de sucessão da co-
roa inglesa, reafirmou o poder do Parla-
mento e da vontade da lei, resguardando-se 
os direitos dos súditos contra a volta da tira-
nia dos monarcas.
 • Os pensadores e as principais ideias li-
gadas aos direitos humanos:
 • Thomas Hobbes (Leviatã – 1651): 
é um dos primeiros textos que ver-
sa claramente sobre o direito do 
ser humano, que é ainda tratado 
sendo pleno no estado da nature-
za. Mas Hobbes conclui que o ser 
humano abdica de sua liberdade 
inicial e se submete ao poder do 
Estado (o Leviatã), cuja existência 
se justifica pelanecessidade de se 
dar segurança ao indivíduo, diante 
das ameaças de seus semelhantes. 
Entretanto, os indivíduos não pos-
suiriam qualquer proteção contra 
o poder do Estado.
 • Hugo Grócio (Da guerra e da paz – 
1625): defendeu a existência do di-
reito natural, de cunho racionalista, 
reconhecendo, assim, que suas nor-
mas decorrem de “princípios ine-
rentes ao ser humano”.
 • John Locke (Tratado sobre o gover-
no civil – 1689): defendeu o direi-
to dos indivíduos mesmo contra a 
Estado, um dos pilares contempo-
râneos do regime dos direitos hu-
manos. O grande e principal obje-
tivo das sociedades políticas sob a 
tutela de um determinado governo 
é a preservação dos direitos à vida, 
à liberdade e à propriedade. Logo, 
o governo não pode ser arbitrário 
e deve seu poder ser limitado pela 
supremacia do bem público.
 • Abbé Charles de Saint-Pierre (Proje-
to de paz perpétua – 1713): defen-
deu o fim das guerras europeias e o 
estabelecimento de mecanismos pa-
cíficos para superar as controvérsias 
entre os Estados em uma precursora 
ideia de federação mundial.
 • Jean-Jacques Rousseau (Do con-
trato social – 1762): prega que a 
vida em sociedade é baseada em 
um contrato (o pacto social) entre 
homens livres e iguais (qualidades 
inerentes aos seres humanos), que 
estruturam o Estado para zelar pelo 
bem-estar da maioria. Um governo 
 
14
arbitrário e liberticida não poderia 
sequer alegar que teria sido acei-
to pela população, pois a renúncia 
à liberdade seria o mesmo que re-
nunciar à natureza humana, sendo 
inadmissível.
 • Cesare Beccaria (Dos delitos e 
das penas – 1766): sustentou a 
existência de limites para a ação 
do Estado na repressão penal, 
balizando os limites do jus puniendi 
que permanecem até hoje. 
 • Kant (Fundamentação da 
metafísica dos costumes – 1785): 
defendeu a existência da dignidade 
intrínseca a todo ser racional, que 
não tem preço ou equivalente. 
Justamente em virtude dessa 
dignidade, não se pode tratar o ser 
humano como um meio, mas sim 
como um fim em si mesmo.
AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS E 
O CONSTITUCIONALISMO LIBERAL
As revoluções liberais, inglesa, americana e 
francesa e suas respectivas declarações de 
direitos marcaram a primeira afirmação his-
tórica moderna dos direitos humanos.
A Revolução Inglesa: teve como marcos a 
Petition of Rights – 1628, que buscou garan-
tir determinadas liberdades individuais, e o 
Bill of Rigths, de 1689, que consagrou a su-
premacia do Parlamento e o império da lei.
A Revolução Americana: retrata o processo 
de independência das colônias britânicas na 
América do Norte, culminado em 1776, e 
ainda a criação da Constituição norte-ame-
ricana de 1787. Somente em 1791 foram 
aprovadas dez emendas que, finalmente, 
introduziram um rol de direitos na Consti-
tuição Americana. (1º Emenda Separação 
da igreja e o Estado; 2º Emenda direito de 
manter e portar armas;).
A Revolução Francesa: adoção da Declara-
ção Francesa dos Direitos do Homem e do 
Cidadão pela Assembleia Nacional Consti-
tuinte francesa, em 27 de agosto de 1789, 
que consagra a igualdade e a liberdade que 
levou à abolição de privilégios, direitos feu-
dais e imunidades de várias castas, em es-
pecial da aristocracia de terras. O lema dos 
revolucionários era: Liberdade, Igualdade e 
Fraternidade. O Projeto de Declaração dos 
Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791, 
proposto por Olympe de Gouges, reivindi-
cou a igualdade de direitos de gênero.
Em 1791 – edição da 1º Constituição da 
França Revolucionária, que consagrou a 
perda dos direitos absolutos do monarca 
francês, implantando-se uma monarquia 
constitucional, mas ao mesmo tempo reco-
nheceu o voto censitário.
Declaração Francesa dos Direitos do Ho-
mem e do Cidadão (1789): consagrada 
como a 1º com vocação universal. Esse uni-
versalismo será o grande alicerce da futura 
afirmação dos direitos humanos do século 
XX, com a edição da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos.
CONSTITUCIONALISMO SOCIAL
Antecedentes: Final do século XVIII: pró-
prios jacobinos franceses defendiam a am-
pliação do rol de direitos da Declaração 
Francesa para abarcar também os direitos 
sociais, como direito à educação e à assis-
tência social.
Em 1793: revolucionários franceses edi-
taram uma nova Declaração Francesa dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, redigida 
com forte apelo à igualdade e com reconhe-
cimento de direitos sociais como educação.
Europa do Século XIX: movimentos socialis-
tas ganham apoio popular nos seus ataques 
ao modo de produção capitalista. Expoen-
tes: Karl Marx, Engels e August Bebel.
curso – matéria – Prof.
15
A Revolução Russa (1917): estimulou novos 
avanços na defesa da igualdade e justiça so-
cial.
Introdução dos chamados direitos sociais – 
que pretendiam assegurar condições mate-
riais mínimas. 
DIREITOS DO HOMEM: Inatos aos seres hu-
manos – vida, liberdade, não há necessida-
de de codificação para que os mesmos se-
jam respeitados.
DIREITOS FUNDAMENTAIS: Estão positiva-
dos em uma Constituição de um país.
DIREITOS HUMANOS: Direitos do homem 
e/ou fundamentais positivados em tratados 
ou documentos de direitos humanos.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O míni-
mo que uma pessoa deve ter para sua exis-
tência.
OS DIREITOS HUMANOS ANTES 
DA ONU
A Liga das Nações foi uma organização in-
ternacional criada em abril de 1919, quan-
do a Conferência de Paz de Paris adotou seu 
pacto fundador, posteriormente inscrito em 
todos os tratados de paz.
Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, a 
ideia de criar um organismo destinado à pre-
servação da paz e à resolução dos conflitos 
internacionais por meio da mediação e do 
arbitramento já havia sido defendida por al-
guns estadistas, especialmente o presidente 
dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. Con-
tudo, a recusa do Congresso norte-america-
no em ratificar o Tratado de Versalhes aca-
bou impedindo que os Estados Unidos se 
tornassem membro do novo organismo.
Com o fim da 1º Guerra Mundial (1914-
1918), os países vencedores se reuniram 
em Versalhes, no subúrbio de Paris na Fran-
ça, em janeiro de 1919 para firmar um tra-
tado de paz, o Tratado de Versalhes. Um 
dos pontos do tratado era a criação de um 
organismo internacional que tivesse como 
finalidade assegurar a paz num mundo trau-
matizado pelas dimensões do conflito que 
se encerrara.
Em 15/11/1920, teve lugar em Genebra/Suí-
ça, a 1º Assembleia Geral da Liga das Nações. 
Os objetivos da organização eram impedir as 
guerras e assegurar a paz, a partir de ações 
diplomáticas, de diálogos e negociações para 
a solução dos litígios. Porém, infelizmente 
não se conseguiu impedir a 2º Guerra. 
A Liga das Nações, segundo a Profª. Drª. 
Flávia Piovesan: "tinha como finalidade pro-
mover a cooperação, paz e segurança inter-
nacional, condenando agressões externas 
contra a integridade territorial e a indepen-
dência política dos seus membros".
O Brasil aderiu desde o início à Liga das Na-
ções, porém por ato isolado do presidente 
da República Artur Bernardes que, após seis 
anos, desligou-se (denunciou) do tratado 
sem a anuência do Congresso Nacional.
Já os Estados Unidos não ratificaram o tratado. 
As eleições para o congresso americano (Sena-
do) em 1918 deram a vitória ao Partido Repu-
blicano, que era oposição ao Presidente Woo-
drow Wilson, portanto o Partido Republicano 
que assumiu o controle do Senado por duas 
vezes bloqueou a ratificação do tratado de 
Versalhes, favorecendo o isolamento do país, 
opondo-se à Sociedade das Nações. Assim, os 
Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade 
das Nações e negociaram em separado a paz 
com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, 
que confirmou a pagamento de indenizações e 
de outras disposições do Tratado de Versalhes, 
mas excluiu explicitamente todos os assuntos 
relacionados com a Sociedade das Nações.
Sem a participação americana e não pos-
suindo forças armadas próprias, o poder de 
coerção da Liga das Nações baseava-se ape-
nas em sanções econômicas e militares. Sua 
atuação foi bem-sucedida no arbitramentode disputas nos Bálcãs e na América Lati-
 
16
na, na assistência econômica e na proteção 
a refugiados, na supervisão do sistema de 
mandatos coloniais e na administração de 
territórios livres como a cidade de Dantzig. 
Mas ela se revelou impotente para bloquear 
a invasão japonesa da Manchúria (1931), a 
agressão italiana à Etiópia (1935) e o ataque 
russo à Finlândia (1939). Em abril de 1946, o 
organismo se autodissolveu, transferindo as 
responsabilidades que ainda mantinha para 
a recém-criada ONU.
A ORGANIZAÇÃO INTERNACIO-
NAL DO TRABALHO
A Organização Internacional do Trabalho 
(OIT) foi criada em 1919, como parte do Tra-
tado de Versalhes, que pôs fim à Primeira 
Guerra Mundial.
A sua constituição converteu-se na Parte 
XIII do Tratado de Versalhes (1919).
Fundou-se sobre a convicção primordial de 
que a paz universal e permanente somente 
pode estar baseada na justiça social. É a úni-
ca das agências do Sistema das Nações Uni-
das com uma estrutura tripartite, composta 
de representantes de governos e de organi-
zações de empregadores e de trabalhado-
res. A OIT é responsável pela formulação e 
pela aplicação das normas internacionais do 
trabalho (convenções e recomendações). 
As convenções, uma vez ratificadas por de-
cisão soberana de um país, passam a fazer 
parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil 
está entre os membros fundadores da OIT 
e participa da Conferência Internacional do 
Trabalho desde sua primeira reunião.Na 
primeira Conferência Internacional do Tra-
balho, realizada em 1919, a OIT adotou seis 
convenções.
Em 1944, à luz dos efeitos da Grande De-
pressão e da 2º Guerra Mundial, a OIT ado-
tou a Declaração da Filadélfia como anexo 
da sua Constituição. A Declaração anteci-
pou e serviu de modelo para a Carta das Na-
ções Unidas e para a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (DUDH).
Em junho de 1998 (86º sessão), foi adota-
da a Declaração da OIT sobre os Princípios 
e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu 
Seguimento. O documento é uma reafir-
mação universal da obrigação de respeitar, 
promover e tornar realidade os princípios 
refletidos nas Convenções fundamentais da 
OIT, ainda que não tenham sido ratificadas 
pelos Estados-membros.
Atualmente, a OIT estabeleceu um patamar 
mínimo de proteção dos trabalhadores e 
conseguiu identificar os sujeitos de prote-
ção, tais como crianças, gestantes e idosos.
A OIT tem sede em Genebra/Suíça.
Direito Humanitário: As Convenções de Ge-
nebra (1949) e seus Protocolos Adicionais 
são a essência do Direito Internacional Hu-
manitário (DIH), o conjunto de leis que rege 
a conduta dos conflitos armados e busca 
limitar seus efeitos. Eles protegem especi-
ficamente as pessoas que não participam 
dos conflitos (civis, profissionais de saúde 
e de socorro) e as que não mais participam 
das hostilidades (soldados feridos, doentes, 
náufragos e prisioneiros de guerra).
curso – matéria – Prof.
17
Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos
Tema:
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)
A DUDH é o 1º documento universal elabo-
rado pela ONU. É composta de um preâm-
bulo e 30 artigos.
Trata-se de uma recomendação do Conse-
lho Econômico e Social da ONU, feita pela 
Comissão de DH à Assembleia Geral da ONU 
que efetuou uma resolução recomendando 
o texto aos seus membros. No entanto o 
seu alcance é de norma jus cogens (norma 
imperativa aceita por todos as nações).
Foi adotada e proclamada pele Res. 217-A 
da III Assembleia Geral em 10/12/1948.
O Preâmbulo reconhece a DIGNIDADE DA 
PESSOA como núcleo da DUDH.
A DUDH surge como exigência moral da hu-
manidade para impedir que os atos bárba-
ros cometidos nas duas guerras mundiais 
não se repitam mais.
Por não possuir status de tratado interna-
cional, após a promulgação da DUDH, ini-
ciou-se o árduo trabalho de juridicizar os 
direitos humanos na esfera internacional. 
A estrutura da DUDH se baseia no Código 
de Napoleão, em que há um preâmbulo e 
princípios gerais introdutórios. Os arts. 1º 
e 2º inserem as ideias mestras da declara-
ção, com referência aos princípios da digni-
dade, liberdade, igualdade e fraternidade.
Na mesma senda podemos dividir a DUDH 
em 4 partes:
1º parte: arts. 3 ao 11, que referem-se aos 
direitos individuais;
2º parte: arts. 12 ao 17, referem-se aos direi-
tos do indivíduo e de participação política;
3º parte: arts. 18 a 21, refere-se às liberda-
des políticas, públicas e religiosas, como li-
berdade de associação;
4º parte: arts. 22 a 27, refere-se aos direitos 
econômicos, sociais e culturais. 
Os arts. 28, 29 e 30 servem como um fe-
chamento que dá sistematicidade e força a 
DUDH, declarando o dever do indivíduo pe-
rante a sociedade e a proibição do uso dos 
direitos contra os fins das Nações Unidas.
A DUDH nos seus artigos traz proteções aos 
direitos humanos de 1º e 2º dimensão, ou 
seja, direitos de liberdade e igualdade.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS 
DIREITOS HUMANOS
Introdução dos direitos e menção às 
três dimensões dos direitos humanos.
Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e 
iguais em dignidade e direitos. São dotadas de 
razão e consciência e devem agir em relação 
umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo 2º 
I) Todo o homem tem capacidade para go-
zar os direitos e as liberdades estabelecidos 
nesta Declaração sem distinção de qualquer 
espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli-
gião, opinião política ou de outra natureza, 
origem nacional ou social, riqueza, nasci-
mento, ou qualquer outra condição. 
 
18
II) Não será também feita nenhuma distin-
ção fundada na condição política, jurídica 
ou internacional do país ou território a que 
pertença uma pessoa, quer se trate de um 
território independente, sob tutela, sem go-
verno próprio, quer sujeito a qualquer outra 
limitação de soberania.
Os dois artigos anteriores consagram o Di-
reito a Igualdade e a Vedação à Discrimina-
ção.
Artigo 3º Toda pessoa tem direito à vida, à li-
berdade e à segurança pessoal. 
DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS (Art. 
1 ao Art. 3)
Direito a Igualdade;
Direito à Vida;
Direito à Liberdade;
Direito à Segurança;
Direito à Propriedade. (Art. 17 da DUDH);
Da Vedação à escravidão e à tortura, 
tratamento ou castigo cruel , desuma-
no ou degradante.
Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão 
ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos 
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, 
nem a tratamento ou castigo cruel, desumano 
ou degradante.
Princípio da Igualdade formal (igualda-
de perante ou frente a lei)
Artigo 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em 
todos os lugares, reconhecida como pessoa pe-
rante a lei.
Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e tem 
direito, sem qualquer distinção, a igual prote-
ção da lei. Todos tem direito a igual proteção 
contra qualquer discriminação que viole a pre-
sente Declaração e contra qualquer incitamento 
a tal discriminação.
Garantias Processuais
Este artigo regula o devido processo legal e 
o acesso a remédios que garantam o respei-
to e a aplicação dos direitos humanos.
Artigo 8º Todo o homem tem direito a receber 
dos tribunais nacionais competentes remé-
dio efetivo para os atos que violem os direitos 
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela 
constituição ou pela lei.
Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, 
detido ou exilado.
Princípio da Igualdade no Processo, 
da Atuação Imparcial do Julgador e da 
Publicidade dos Atos Processuais
Artigo 10. Todo ser humano tem direito, em ple-
na igualdade, a uma audiência justa e pública 
por parte de um tribunal independente e impar-
cial, para decidir sobre seus direitos e deveres 
ou do fundamento de qualquer acusação crimi-
nal contra ele.
Princípio da Presunção da Inocência e 
da Irretroatividade da Lei Penal
Artigo 11.
1. Todo ser humano acusado de um ato 
delituoso tem o direito de ser presumido 
inocente até que a sua culpabilidade tenha 
sido provada de acordo com a lei, em julga-
mento público no qual lhe tenham sido as-seguradas todas as garantias necessárias à 
sua defesa.
curso – matéria – Prof.
19
2. Ninguém poderá ser culpado por qual-
quer ação ou omissão que, no momento, 
não constituíam delito perante o direito na-
cional ou internacional. Também não será 
imposta pena mais forte do que aquela que, 
no momento da prática, era aplicável ao ato 
delituoso.
GARANTIAS PROCESSUAIS DA DUDH:
Devido processo legal;
Vedação à prisão, detenção e exílio arbitrá-
rios;
Igualdade no processo;
Imparcialidade do julgador;
Publicidade dos atos processuais;
Princípio da presunção da inocência;
Princípio da irretroatividade da lei penal.
Direito à intimidade e à vida privada e 
à inviolabilidade domiciliar
Artigo 12
Ninguém será sujeito a interferências na 
sua vida privada, na sua família, no seu lar 
ou na sua correspondência, nem a ataques 
à sua honra e reputação. Toda pessoa tem 
direito à proteção da lei contra tais interfe-
rências ou ataques.
Direito de Ir e Vir
Artigo 13
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de 
locomoção e residência dentro das frontei-
ras de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qual-
quer país, inclusive o próprio, e a este re-
gressar.
 • Direito de transitar pelo país;
 • Direito de deixar o país livremente;
 • Direito de regressar ao país quando 
desejar. 
Direito de Asilo
Artigo 14.
1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem 
o direito de procurar e de gozar asilo em ou-
tros países.
2. Este direito não pode ser invocado em 
caso de perseguição legitimamente motiva-
da por crimes de direito comum ou por atos 
contrários aos objetivos e princípios das Na-
ções Unidas.
Atenção – Não poderá ser invocado o Direi-
to de Asilo quando:
Crimes de direito comum;
Atos contrários aos objetivos e princípios 
das Nações Unidas.
Direito de Nacionalidade
Artigo 15.
1. Todo ser humano tem direito a uma na-
cionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de 
sua nacionalidade, nem do direito de mu-
dar de nacionalidade.
Direito de Constituir Família
Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, 
sem qualquer restrição de raça, nacionali-
dade ou religião, têm o direito de contrair 
matrimônio e fundar uma família. Gozam 
de iguais direitos em relação ao casamento, 
sua duração e sua dissolução. 
 
20
2. O casamento não será válido senão com o 
livre e pleno consentimento dos nubentes.
Direito de Propriedade
Artigo 17.
1. Todo ser humano tem direito à proprie-
dade, só ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de 
sua propriedade.
Direito à liberdade de expressão, pen-
samento, religião e opinião.
Artigo 18. Todo o homem tem direito à liberda-
de de pensamento, consciência e religião; este 
direito inclui a liberdade de mudar de religião 
ou crença e a liberdade de manifestar essa re-
ligião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo 
culto e pela observância, isolada ou coletiva-
mente, em público ou em particular.
Artigo 19. Todo o homem tem direito à liberda-
de de opinião e expressão; este direito inclui a 
liberdade de, sem interferências, ter opiniões e 
de procurar, receber e transmitir informações e 
idéias por quaisquer meios, independentemen-
te de fronteiras.
Direito de reunião e associação
Artigo 20 
I) Todo o homem tem direito à liberdade de 
reunião e associação pacíficas. 
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte 
de uma associação. 
Direitos Políticos e Direito à proteção 
do Estado
Artigo 21
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte 
no governo de seu país, diretamente ou por 
intermédio de representantes livremente 
escolhidos.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso 
ao serviço público do seu país. 
3. A vontade do povo será a base da autori-
dade do governo; esta vontade será expres-
sa em eleições periódicas e legítimas, por 
sufrágio universal, por voto secreto ou pro-
cesso equivalente que assegure a liberdade 
de voto.
Artigo 22
Toda pessoa, como membro da sociedade, 
tem direito à segurança social e à realiza-
ção, pelo esforço nacional, pela cooperação 
internacional e de acordo com a organiza-
ção e recursos de cada Estado, dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensá-
veis à sua dignidade e ao livre desenvolvi-
mento da sua personalidade.
Direitos Trabalhistas
Artigo 23.
1. Todo ser humano tem direito ao traba-
lho, à livre escolha de emprego, a condições 
justas e favoráveis de trabalho e à proteção 
contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distin-
ção, tem direito a igual remuneração por 
igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalhe tem direi-
to a uma remuneração justa e satisfatória, 
que lhe assegure, assim como à sua família, 
uma existência compatível com a dignidade 
humana, e a que se acrescentarão, se ne-
cessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar 
sindicatos e neles ingressar para proteção 
de seus interesses.
curso – matéria – Prof.
21
Artigo 24
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, 
inclusive a limitação razoável das horas de 
trabalho e férias periódicas remuneradas.
Direitos Trabalhistas Previstos na DUDH:
Direito ao trabalho (emprego);
Liberdade de escolha de emprego;
Condições justas e favoráveis de trabalho;
Proteção contra o desemprego;
Igualdade de remuneração para igual trabalho;
Direito a remuneração justa e satisfatória;
Liberdade de associação em sindicatos;
Direito à repouso e lazer;
Direito à jornada limitada;
Direito a férias.
Direitos Sociais: Vida digna, proteção a 
maternidade e a infância.
Artigo 25
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de 
vida capaz de assegurar a si e a sua família 
saúde e bem estar, inclusive alimentação, 
vestuário, habitação, cuidados médicos e os 
serviços sociais indispensáveis, e direito à 
segurança em caso de desemprego, doença, 
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de 
perda dos meios de subsistência fora de seu 
controle. 
2. A maternidade e a infância têm direito a 
cuidados e assistência especiais. Todas as 
crianças nascidas dentro ou fora do matri-
mônio, gozarão da mesma proteção social.
DIREITO À EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO
Artigo 26. 
1. Todo ser humano tem direito à instru-
ção. A instrução será gratuita, pelo menos 
nos graus elementares e fundamentais. A 
instrução elementar será obrigatória. A ins-
trução técnico-profissional será acessível a 
todos, bem como a instrução superior, esta 
baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do 
pleno desenvolvimento da personalidade 
humana e do fortalecimento do respeito 
pelos direitos humanos e pelas liberdades 
fundamentais. A instrução promoverá a 
compreensão, a tolerância e a amizade en-
tre todas as nações e grupos raciais ou re-
ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na-
ções Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na esco-
lha do gênero de instrução que será minis-
trada a seus filhos.
QUANTO AO DIREITO À EDUCAÇÃO:
GRAU ELEMENTAR – Gratuita – Obrigatória;
GRAU FUNDAMENTAL – Gratuita;
GRAU TÉCNICO PROFISSIONAL – Acessível 
a todos – Mérito.
Direitos Culturais
Artigo 27
1. Toda pessoa tem o direito de participar li-
vremente da vida cultural da comunidade, 
de fruir as artes e de participar do processo 
científico e de seus benefícios. 
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos 
interesses morais e materiais decorrentes 
de qualquer produção científica, literária ou 
artística da qual seja autor.
Artigo 28
Toda pessoa tem direito a uma ordem social 
e internacional em que os direitos e liberda-
des estabelecidos na presente Declaração 
possam ser plenamente realizados.
 
22
Artigo 29
1. Toda pessoa tem deveres para com a co-
munidade, em que o livre e pleno desenvol-
vimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, 
toda pessoa estará sujeita apenas às limita-
ções determinadas pela lei, exclusivamente 
com o fim de assegurar o devido reconheci-
mento e respeito dos direitos e liberdades 
de outrem e de satisfazer às justas exigên-cias da moral, da ordem pública e do bem-
-estar de uma sociedade democrática. 
3. Esses direitos e liberdades não podem, 
em hipótese alguma, ser exercidos contra-
riamente aos propósitos e princípios das 
Nações Unidas.
Direitos Sociais na DUDH:
 • Direito do Trabalho;
 • Direito de uma garantia de vida social-
mente digna;
 • Proteção à maternidade e infância;
 • Direito à instrução;
 • Direito de participação dos bens cultu-
rais.
Interpretação ampla e integradora da 
DUDH
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Decla-
ração pode ser interpretada como o reco-
nhecimento a qualquer Estado, grupo ou 
pessoa, do direito de exercer qualquer ati-
vidade ou praticar qualquer ato destinado à 
destruição de quaisquer dos direitos e liber-
dades aqui estabelecidos.
curso – matéria – Prof.
23
CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS 
CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES.
DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991.
Promulga a Convenção Contra a Tortura e Ou-
tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos 
ou Degradantes.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atri-
buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da 
Constituição, e
Considerando que a Assembléia Geral das Na-
ções Unidas, em sua XL Sessão, realizada em 
Nova York, adotou a 10 de dezembro de 1984, a 
Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamen-
tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes;
Considerando que o Congresso Nacional apro-
vou a referida Convenção por meio do Decreto 
Legislativo nº 4, de 23 de maio de 1989;
Considerando que a Carta de Ratificação da 
Convenção foi depositada em 28 de setembro 
de 1989;
Considerando que a Convenção entrou em vigor 
para o Brasil em 28 de outubro de 1989, na for-
ma de seu artigo 27, inciso 2;
DECRETA:
Art. 1º A Convenção Contra a Tortura e Outros 
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes, apensa por cópia ao presente De-
creto, será executada e cumprida tão inteira-
mente como nela se contém.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de 
sua publicação.
Brasília, em 15 de fevereiro de 1991; 170º 
da Independência e 103º da República.
CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E 
OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS 
CRUÉIS, DESUMANOS 
OU DEGRADANTES
Os Estados Partes da presente Convenção,
Considerando que, de acordo com os princípios 
proclamados pela Carta das Nações Unidas, o 
reconhecimento dos direitos iguais e inaliená-
veis de todos os membros da família humana é 
o fundamento da liberdade, da justiça e da paz 
no mundo,
Reconhecendo que estes direitos emanam da 
dignidade inerente à pessoa humana,
Considerando a obrigação que incumbe os Es-
tados, em virtude da Carta, em particular do 
Artigo 55, de promover o respeito universal e a 
observância dos direitos humanos e liberdades 
fundamentais.
Levando em conta o Artigo 5º da Declaração 
Universal e a observância dos Direitos do Ho-
mem e o Artigo 7º do Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos, que determinam que 
ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou tra-
tamento cruel, desumano ou degradante,
Levando também em conta a Declaração sobre 
a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura 
e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-
nos ou Degradantes, aprovada pela Assembléia 
Geral em 9 de dezembro de 1975,
Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a 
tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, 
desumanos ou degradantes em todo o mundo,
Acordam o seguinte:
 
24
PARTE I
ARTIGO 1º
1. Para os fins da presente Convenção, o 
termo "tortura" designa qualquer ato pelo 
qual dores ou sofrimentos agudos, físicos 
ou mentais, são infligidos intencionalmen-
te a uma pessoa a fim de obter, dela ou de 
uma terceira pessoa, informações ou confis-
sões; de castigá-la por ato que ela ou uma 
terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-
peita de ter cometido; de intimidar ou co-
agir esta pessoa ou outras pessoas; ou por 
qualquer motivo baseado em discriminação 
de qualquer natureza; quando tais dores ou 
sofrimentos são infligidos por um funcioná-
rio público ou outra pessoa no exercício de 
funções públicas, ou por sua instigação, ou 
com o seu consentimento ou aquiescência. 
Não se considerará como tortura as dores 
ou sofrimentos que sejam consequência 
unicamente de sanções legítimas, ou que 
sejam inerentes a tais sanções ou delas de-
corram.
2. O presente Artigo não será interpretado 
de maneira a restringir qualquer instrumen-
to internacional ou legislação nacional que 
contenha ou possa conter dispositivos de 
alcance mais amplo.
ARTIGO 2º
1. Cada Estado Parte tomará medidas efi-
cazes de caráter legislativo, administrativo, 
judicial ou de outra natureza, a fim de impe-
dir a prática de atos de tortura em qualquer 
território sob sua jurisdição.
2. Em nenhum caso poderão invocar-se cir-
cunstâncias excepcionais tais como ameaça 
ou estado de guerra, instabilidade política 
interna ou qualquer outra emergência pú-
blica como justificação para tortura.
3. A ordem de um funcionário superior ou 
de uma autoridade pública não poderá ser 
invocada como justificação para a tortura.
ARTIGO 3º
1. Nenhum Estado Parte procederá à ex-
pulsão, devolução ou extradição de uma 
pessoa para outro Estado quando houver 
razões substanciais para crer que a mesma 
corre perigo de ali ser submetida a tortura.
2. A fim de determinar a existência de tais 
razões, as autoridades competentes levarão 
em conta todas as considerações pertinen-
tes, inclusive, quando for o caso, a existên-
cia, no Estado em questão, de um quadro 
de violações sistemáticas, graves e maciças 
de direitos humanos.
ARTIGO 4º
1. Cada Estado Parte assegurará que todos 
os atos de tortura sejam considerados cri-
mes segundo a sua legislação penal. O mes-
mo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a 
todo ato de qualquer pessoa que constitua 
cumplicidade ou participação na tortura.
2. Cada Estado Parte punirá estes crimes 
com penas adequadas que levem em conta 
a sua gravidade.
ARTIGO 5º
1. Cada Estado Parte tomará as medidas 
necessárias para estabelecer sua jurisdição 
sobre os crime2 crimes nos casos em que 
o suposto autor se encontre em qualquer 
território sob sua jurisdição e o Estado não 
extradite de acordo com o Artigo 8º para 
qualquer dos Estados mencionados no pa-
rágrafo 1 do presente Artigo.
3. Esta Convenção não exclui qualquer ju-
risdição criminal exercida de acordo com o 
direito interno.
ARTIGO 6º
1. Todo Estado Parte em cujo território se 
encontre uma pessoa suspeita de ter come-
tido qualquer dos crimes mencionados no 
Artigo 4º, se considerar, após o exame das 
informações de que dispõe, que as circuns-
tâncias o justificam, procederá à detenção 
de tal pessoa ou tomará outras medidas le-
curso – matéria – Prof.
25
gais para assegurar sua presença. A deten-
ção e outras medidas legais serão tomadas 
de acordo com a lei do Estado, mas vigora-
rão apenas pelo tempo necessário ao início 
do processo penal ou de extradição.
2. O Estado em questão procederá imediata-
mente a uma investigação preliminar dos fatos.
3. Qualquer pessoa detida de acordo com o 
parágrafo 1 terá assegurada facilidades para 
comunicar-se imediatamente com o repre-
sentante mais próximo do Estado de que é 
nacional ou, se for apátrida, com o repre-
sentante do Estado de residência habitual.
4. Quando o Estado, em virtude deste Ar-
tigo, houver detido uma pessoa, notificará 
imediatamente os Estados mencionados no 
Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal detenção e 
sobre as circunstâncias que a justificam. O 
Estado que proceder à investigação prelimi-
nar a que se refere o parágrafo 2 do presen-
te Artigo comunicará sem demora seus re-
sultados aos Estados antes mencionados e 
indicará se pretende exercer sua jurisdição.
ARTIGO 7º
1. O Estado Parte no território sob a jurisdi-
ção do qual o suposto autor de qualquer dos 
crimes mencionados no Artigo 4º for encon-
trado, se não o extraditar, obrigar-se-á, nos 
casos contemplados no Artigo 5º, a subme-
ter o caso as suas autoridades competentes 
para o fim de ser omesmo processado.
2. As referidas autoridades tomarão sua 
decisão de acordo com as mesmas normas 
aplicáveis a qualquer crime de natureza gra-
ve, conforme a legislação do referido Esta-
do. Nos casos previstos no parágrafo 2 do 
Artigo 5º, as regras sobre prova para fins 
de processo e condenação não poderão de 
modo algum ser menos rigorosas do que as 
que se aplicarem aos casos previstos no pa-
rágrafo 1 do Artigo 5º.
3. Qualquer pessoa processada por qual-
quer dos crimes previstos no Artigo 4º re-
ceberá garantias de tratamento justo em 
todas as fases do processo.
ARTIGO 8º
1. Os crimes a que se refere o Artigo 4° se-
rão considerados como extraditáveis em 
qualquer tratado de extradição existente 
entre os Estados Partes. Os Estados Partes 
obrigar-se-ão a incluir tais crimes como ex-
traditáveis em todo tratado de extradição 
que vierem a concluir entre si.
2. Se um Estado Parte que condiciona a ex-
tradição à existência de tratado de receber 
um pedido de extradição por parte do outro 
Estado Parte com o qual não mantém tratado 
de extradição, poderá considerar a presente 
Convenção com base legal para a extradição 
com respeito a tais crimes. A extradição su-
jeitar-se-á ás outras condições estabelecidas 
pela lei do Estado que receber a solicitação.
3. Os Estado Partes que não condicionam a 
extradição à existência de um tratado reco-
nhecerão, entre si, tais crimes como extradi-
táveis, dentro das condições estabelecidas 
pela lei do Estado que receber a solicitação.
4. O crime será considerado, para o fim de 
extradição entre os Estados Partes, como 
se tivesse ocorrido não apenas no lugar em 
que ocorreu, mas também nos territórios 
dos Estados chamados a estabelecerem sua 
jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do 
Artigo 5º.
ARTIGO 9º
1. Os Estados Partes prestarão entre si a 
maior assistência possível em relação aos 
procedimentos criminais instaurados relati-
vamente a qualquer dos delitos menciona-
dos no Artigo 4º, inclusive no que diz respei-
to ao fornecimento de todos os elementos 
de prova necessários para o processo que 
estejam em seu poder.
2. Os Estados Partes cumprirão as obriga-
ções decorrentes do parágrafo 1 do presen-
te Artigo conforme quaisquer tratados de 
assistência judiciária recíproca existentes 
entre si.
 
26
ARTIGO 10
1. Cada Estado Parte assegurará que o en-
sino e a informação sobre a proibição de 
tortura sejam plenamente incorporados no 
treinamento do pessoal civil ou militar encar-
regado da aplicação da lei, do pessoal médi-
co, dos funcionários públicos e de quaisquer 
outras pessoas que possam participar da 
custódia, interrogatório ou tratamento de 
qualquer pessoa submetida a qualquer for-
ma de prisão, detenção ou reclusão.
2. Cada Estado Parte incluirá a referida proi-
bição nas normas ou instruções relativas 
aos deveres e funções de tais pessoas.
ARTIGO 11
Cada Estado Parte manterá sistematicamen-
te sob exame as normas, instruções, méto-
dos e práticas de interrogatório, bem como 
as disposições sobre a custódia e o tratamen-
to das pessoas submetidas, em qualquer ter-
ritório sob sua jurisdição, a qualquer forma 
de prisão, detenção ou reclusão, com vistas a 
evitar qualquer caso de tortura.
ARTIGO 12
Cada Estado Parte assegurará suas autori-
dades competentes procederão imediata-
mente a uma investigação imparcial sempre 
que houver motivos razoáveis para crer que 
um ato de tortura tenha sido cometido em 
qualquer território sob sua jurisdição.
ARTIGO 13
Cada Estado Parte assegurará a qualquer 
pessoa que alegue ter sido submetida a tor-
tura em qualquer território sob sua jurisdi-
ção o direito de apresentar queixa perante 
as autoridades competentes do referido Es-
tado, que procederão imediatamente e com 
imparcialidade ao exame do seu caso. Serão 
tomadas medidas para assegurar a prote-
ção do queixoso e das testemunhas contra 
qualquer mau tratamento ou intimação em 
conseqüência da queixa apresentada ou de 
depoimento prestado.
ARTIGO 14
1. Cada Estado Parte assegurará, em seu 
sistema jurídico, à vítima de um ato de tor-
tura, o direito à reparação e a uma indeni-
zação justa e adequada, incluídos os meios 
necessários para a mais completa reabili-
tação possível. Em caso de morte da vítima 
como resultado de um ato de tortura, seus 
dependentes terão direito à indenização.
2. O disposto no presente Artigo não afetará 
qualquer direito a indenização que a vítima 
ou outra pessoa possam ter em decorrência 
das leis nacionais.
ARTIGO 15
Cada Estado Parte assegurará que nenhuma 
declaração que se demonstre ter sido presta-
da como resultado de tortura possa ser invo-
cada como prova em qualquer processo, salvo 
contra uma pessoa acusada de tortura como 
prova de que a declaração foi prestada.
ARTIGO 16
1. Cada Estado Parte se comprometerá a 
proibir em qualquer território sob sua juris-
dição outros atos que constituam tratamen-
to ou penas cruéis, desumanos ou degra-
dantes que não constituam tortura tal como 
definida no Artigo 1, quando tais atos forem 
cometidos por funcionário público ou outra 
pessoa no exercício de funções públicas, ou 
por sua instigação, ou com o seu consenti-
mento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em 
particular, as obrigações mencionadas nos 
Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição 
das referências a tortura por referências a 
outras formas de tratamentos ou penas cru-
éis, desumanos ou degradantes.
2. Os dispositivos da presente Convenção 
não serão interpretados de maneira a res-
tringir os dispositivos de qualquer outro ins-
trumento internacional ou lei nacional que 
proíba os tratamentos ou penas cruéis, de-
sumanos ou degradantes ou que se refira à 
extradição ou expulsão.
curso – matéria – Prof.
27
PARTE II
ARTIGO 17
1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortu-
ra (doravante denominado o "Comitê) que 
desempenhará as funções descritas adian-
te. O Comitê será composto por dez peritos 
de elevada reputação moral e reconhecida 
competência em matéria de direitos huma-
nos, os quais exercerão suas funções a tí-
tulo pessoal. Os peritos serão eleitos pelos 
Estados Partes, levando em conta uma dis-
tribuição geográfica eqüitativa e a utilidade 
da participação de algumas pessoas com ex-
periência jurídica.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em 
votação secreta dentre uma lista de pessoas 
indicadas pelos Estados Partes. Cada Estado 
Parte pode indicar uma pessoa dentre os 
seus nacionais. Os Estados Partes terão pre-
sente a utilidade da indicação de pessoas 
que sejam também membros do Comitê de 
Direitos Humanos estabelecido de acordo 
com o Pacto Internacional de Direitos Civis 
e Políticos e que estejam dispostas a servir 
no Comitê contra a Tortura.
3. Os membros do Comitê serão eleitos em 
reuniões bienais dos Estados Partes convo-
cadas pelo Secretário-Geral das Nações Uni-
das. Nestas reuniões, nas quais o quorum 
será estabelecido por dois terços dos Esta-
dos Partes, serão eleitos membros do Co-
mitê os candidatos que obtiverem o maior 
número de votos e a maioria absoluta dos 
votos dos representantes dos Estados Par-
tes presentes e votantes.
4. A primeira eleição se realizará no máxi-
mo seis meses após a data de entrada em 
vigor da presente Convenção. Ao menos 
quatro meses antes da data de cada elei-
ção, o Secretário-Geral das Nações Unidas 
enviará uma carta aos Estados Partes para 
convidá-los a apresentar suas candidaturas 
no prazo de três meses. O Secretário-Geral 
organizará uma lista por ordem alfabética 
de todos os candidatos assim designados, 
com indicações dos Estados Partes que os 
tiverem designado, e a comunicará aos Es-
tados Partes.
5. Os membros do Comitê serão eleitos para 
um mandato de quatro anos. Poderão, caso 
suas candidaturas sejam apresentadas no-
vamente, ser reeleitos. No entanto, o man-
dato de cinco dos membros eleitos na pri-
meira eleição expirará ao final de dois anos; 
imediatamente após a primeira eleição, o 
presidente da reunião a que se refere o pa-
rágrafo 3 do presente Artigo indicará, porsorteio, os nomes desses cinco membros.
6. Se um membro do Comitê vier a falecer, 
a demitir-se de suas funções ou, por outro 
motivo qualquer, não puder cumprir com 
suas obrigações no Comitê, o Estado Parte 
que apresentou sua candidatura indicará, 
entre seus nacionais, outro perito para cum-
prir o restante de seu mandato, sendo que a 
referida indicação estará sujeita à aprovação 
da maioria dos Estados Partes. Considerar-
-se-á como concedida a referida aprovação, 
a menos que a metade ou mais dos Estados 
Partes venham a responder negativamente 
dentro de um prazo de seis semanas, a con-
tar do momento em que o Secretário-Geral 
das Nações Unidas lhes houver comunicado 
a candidatura proposta.
7. Correrão por conta dos Estados Partes 
as despesas em que vierem a incorrer os 
membros do Comitê no desempenho de 
suas funções no referido órgão.
ARTIGO 18
1. O Comitê elegerá sua mesa para um perí-
odo de dois anos. Os membros da mesa po-
derão ser reeleitos.
2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras 
de procedimento; estas, contudo, deverão 
conter, entre outras, as seguintes disposições:
a) o quórum será de seis membros;
b) as decisões do Comitê serão tomadas por 
maioria de votos dos membros presentes.
 
28
3. O Secretário-Geral das Nações Unidas co-
locará à disposição do Comitê o pessoal e os 
serviços necessários ao desempenho eficaz 
das funções que lhe são atribuídas em virtu-
de da presente Convenção.
4. O Secretário-Geral das Nações Unidas 
convocará a primeira reunião do Comitê. 
Após a primeira reunião, o Comitê deverá 
reunir-se em todas as ocasiões previstas em 
suas regras de procedimento.
5. Os Estados Partes serão responsáveis pe-
los gastos vinculados à realização das reuni-
ões dos Estados Partes e do Comitê, inclu-
sive o reembolso de quaisquer gastos, tais 
como os de pessoal e de serviço, em que 
incorrerem as Nações Unidas em conformi-
dade com o parágrafo 3 do presente Artigo.
ARTIGO 19
1. Os Estados Partes submeterão ao Comi-
tê, por intermédio do Secretário-Geral das 
Nações Unidas, relatórios sobre as medi-
das por eles adotadas no cumprimento das 
obrigações assumidas em virtude da pre-
sente Convenção, dentro de prazo de um 
ano, a contar do início da vigência da pre-
sente Convenção no Estado Parte interes-
sado. A partir de então, os Estados Partes 
deverão apresentar relatórios suplementa-
res a cada quatro anos sobre todas as novas 
disposições que houverem adotado, bem 
como outros relatórios que o Comitê vier a 
solicitar.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas 
transmitirá os relatórios a todos os Estados 
Partes.
3. Cada relatório será examinado pelo Co-
mitê, que poderá fazer os comentários ge-
rais que julgar oportunos e os transmitirá ao 
Estado Parte interessado. Este poderá, em 
resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as 
observações que deseje formular.
4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a 
decisão de incluir qualquer comentário que 
houver feito de acordo com o que estipula 
o parágrafo 3 do presente Artigo, junto com 
as observações conexas recebidas do Esta-
do Parte interessado, em seu relatório anu-
al que apresentará em conformidade com o 
Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte 
interessado, o Comitê poderá também in-
cluir cópia do relatório apresentado em vir-
tude do parágrafo 1 do presente Artigo.
ARTIGO 20
1. O Comitê, no caso de vir a receber infor-
mações fidedignas que lhe pareçam indicar, 
de forma fundamentada, que a tortura é 
praticada sistematicamente no território de 
um Estado Parte, convidará o Estado Parte 
em questão a cooperar no exame das infor-
mações e, nesse sentido, a transmitir ao Co-
mitê as observações que julgar pertinentes.
2. Levando em consideração todas as ob-
servações que houver apresentado o Esta-
do Parte interessado, bem como quaisquer 
outras informações pertinentes de que dis-
puser, o Comitê poderá, se lhe parecer justi-
ficável, designar um ou vários de seus mem-
bros para que procedam a uma investigação 
confidencial e informem urgentemente o 
Comitê.
3. No caso de realizar-se uma investigação 
nos termos do parágrafo 2 do presente Arti-
go, o Comitê procurará obter a colaboração 
do Estado Parte interessado. Com a concor-
dância do Estado Parte em questão, a inves-
tigação poderá incluir uma visita a seu ter-
ritório.
4. Depois de haver examinado as conclu-
sões apresentadas por um ou vários de seus 
membros, nos termos do parágrafo 2 do 
presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao 
Estado Parte interessado, junto com as ob-
servações ou sugestões que considerar per-
tinentes em vista da situação.
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se 
faz referência nos parágrafos 1 ao 4 do pre-
sente Artigo serão confidenciais e, em todas 
as etapas dos referidos trabalhos, procurar-
-se-á obter a cooperação do Estado Parte. 
curso – matéria – Prof.
29
Quando estiverem concluídos os trabalhos 
relacionados com uma investigação realiza-
da de acordo com o parágrafo 2, o Comitê 
poderá, após celebrar consultas com o Es-
tado Parte interessado, tomar a decisão de 
incluir um resumo dos resultados da investi-
gação em seu relatório anual, que apresen-
tará em conformidade com o Artigo 24.
ARTIGO 21
1. Com base no presente Artigo, todo Esta-
do Parte da presente Convenção poderá de-
clarar, a qualquer momento, que reconhece 
a competência dos Comitês para receber e 
examinar as comunicações em que um Es-
tado Parte alegue que outro Estado Parte 
não vem cumprindo as obrigações que lhe 
impõe a Convenção. As referidas comuni-
cações só serão recebidas e examinadas 
nos termos do presente Artigo no caso de 
serem apresentadas por um Estado Parte 
que houver feito uma declaração em que 
reconheça, com relação a si próprio, a com-
petência do Comitê. O Comitê não receberá 
comunicação alguma relativa a um Estado 
Parte que não houver feito uma declaração 
dessa natureza. As comunicações recebidas 
em virtude do presente Artigo estarão sujei-
tas ao procedimento que se segue:
a) se um Estado Parte considerar que outro 
Estado Parte não vem cumprindo as dispo-
sições da presente Convenção poderá, me-
diante comunicação escrita, levar a questão 
ao conhecimento deste Estado Parte. Den-
tro de um prazo de três meses a contar da 
data do recebimento da comunicação, o Es-
tado destinatário fornecerá ao Estado que 
enviou a comunicação explicações ou quais-
quer outras declarações por escrito que es-
clareçam a questão, as quais deverão fazer 
referência, até onde seja possível e perti-
nente, aos procedimentos nacionais e aos 
recursos jurídicos adotados, em trâmite ou 
disponíveis sobre a questão;
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a 
contar da data do recebimento da comuni-
cação original pelo Estado destinatário, a 
questão não estiver dirimida satisfatoria-
mente para ambos os Estado Partes inte-
ressados, tanto um como o outro terão o 
direito de submetê-la ao Comitê, mediante 
notificação endereçada ao Comitê ou ao 
outro Estado interessado;
c) o Comitê tratará de todas as questões 
que se lhe submetam em virtude do presen-
te Artigo somente após ter-se assegurado 
de que todos os recursos jurídicos internos 
disponíveis tenham sido utilizados e esgota-
dos, em consonância com os princípios do 
Direito internacional geralmente reconhe-
cidos. Não se aplicará esta regra quando a 
aplicação dos mencionados recursos se pro-
longar injustificadamente ou quando não 
for provável que a aplicação de tais recursos 
venha a melhorar realmente a situação da 
pessoa que seja vítima de violação da pre-
sente Convenção;
d) o Comitê realizará reuniões confidenciais 
quando estiver examinando as comunica-
ções previstas no presente Artigo;
e) sem prejuízo das disposições da alínea c), 
o Comitê colocará seus bons ofícios à dis-
posição dos Estados Partes interessados no 
intuito de se alcançar uma solução amisto-
sa para a questão, baseada no respeito às 
obrigações estabelecidas na presente Con-
venção. Com vistas a atingir esse objetivo, 
o Comitê poderá constituir, se julgarcon-
veniente, uma comissão de conciliação ad 
hoc;
f) em todas as questões que se lhe subme-
tam em virtude do presente Artigo, o Comi-
tê poderá solicitar aos Estados Partes inte-
ressados, a que se faz referência na alínea 
b), que lhe forneçam quaisquer informa-
ções pertinentes;
g) os Estados Partes interessados, a que se 
faz referência na alínea b), terão o direito 
de fazer-se representar quando as questões 
forem examinadas no Comitê e de apresen-
tar suas observações verbalmente e/ou por 
escrito;
 
30
h) o Comitê, dentro dos doze meses seguin-
tes à data de recebimento de notificação 
mencionada na b), apresentará relatório em 
que:
I) se houver sido alcançada uma solução nos 
termos da alínea e), o Comitê restringir-se-
-á, em seu relatório, a uma breve exposição 
dos fatos e da solução alcançada;
II) se não houver sido alcançada solução 
alguma nos termos da alínea e), o Comitê 
restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre-
ve exposição dos fatos; serão anexados ao 
relatório o texto das observações escritas e 
as atas das observações orais apresentadas 
pelos Estados Partes interessados.
Para cada questão, o relatório será encami-
nhado aos Estados Partes interessados.
2. As disposições do presente Artigo entra-
rão em vigor a partir do momento em que 
cinco Estado Partes da presente Convenção 
houverem feito as declarações menciona-
das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas 
declarações serão depositadas pelos Esta-
dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na-
ções Unidas, que enviará cópia das mesmas 
aos demais Estados Partes. Toda declaração 
poderá ser retirada, a qualquer momento, 
mediante notificação endereçada ao Secre-
tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-
juízo do exame de quaisquer questões que 
constituam objeto de uma comunicação já 
transmitida nos termos deste Artigo; em 
virtude do presente Artigo, não se receberá 
qualquer nova comunicação de um Estado 
Parte uma vez que o Secretário-Geral haja 
recebido a notificação sobre a retirada da 
declaração, a menos que o Estado Parte in-
teressado haja feito uma nova declaração.
ARTIGO 22
1. Todo Estado Parte da presente Conven-
ção poderá, em virtude do presente Artigo, 
declarar, a qualquer momento, que reco-
nhece a competência do Comitê para rece-
ber e examinar as comunicações enviadas 
por pessoas sob sua jurisdição, ou em nome 
delas, que aleguem ser vítimas de violação, 
por um Estado Parte, das disposições da 
Convenção.O Comitê não receberá comuni-
cação alguma relativa a um Estado Parte que 
não houver feito declaração dessa natureza.
2. O Comitê considerará inadmissível qual-
quer comunicação recebida em conformi-
dade com o presente Artigo que seja anô-
nima, ou que, a seu juízo, constitua abuso 
do direito de apresentar as referidas comu-
nicações, ou que seja incompatível com as 
disposições da presente Convenção.
3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 
2, o Comitê levará todas as comunicações 
apresentadas em conformidade com este 
Artigo ao conhecimento do Estado Parte da 
presente Convenção que houver feito uma 
declaração nos termos do parágrafo 1 e so-
bre o qual se alegue ter violado qualquer 
disposição da Convenção. Dentro dos seis 
meses seguintes, o Estado destinatário sub-
meterá ao Comitê as explicações ou decla-
rações por escrito que elucidem a questão 
e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico 
adotado pelo Estado em questão.
4. O Comitê examinará as comunicações re-
cebidas em conformidade com o presente 
Artigo á luz de todas as informações a ele 
submetidas pela pessoa interessada, ou em 
nome dela, e pelo Estado Parte interessado. 
5. O Comitê não examinará comunicação al-
guma de uma pessoa, nos termos do presente 
Artigo, sem que se haja assegurado de que;
a) a mesma questão não foi, nem está sen-
do, examinada perante uma outra instância 
internacional de investigação ou solução;
b) a pessoa em questão esgotou todos os 
recursos jurídicos internos disponíveis; não 
se aplicará esta regra quando a aplicação 
dos mencionados recursos se prolongar in-
justificadamente ou quando não for prová-
vel que a aplicação de tais recursos venha 
a melhorar realmente a situação da pessoa 
que seja vítima de violação da presente 
Convenção.
curso – matéria – Prof.
31
6. O Comitê realizará reuniões confidenciais 
quando estiver examinado as comunicações 
previstas no presente Artigo.
7. O Comitê comunicará seu parecer ao Es-
tado Parte e à pessoa em questão.
8. As disposições do presente Artigo entra-
rão em vigor a partir do momento em que 
cinco Estado Partes da presente Convenção 
houverem feito as declarações menciona-
das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas 
declarações serão depositadas pelos Esta-
dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na-
ções Unidas, que enviará cópia das mesmas 
ao demais Estados Partes. Toda declaração 
poderá ser retirada, a qualquer momento, 
mediante notificação endereçada ao Secre-
tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-
juízo do exame de quaisquer questões que 
constituam objeto de uma comunicação já 
transmitida nos termos deste Artigo; em 
virtude do presente Artigo, não se receberá 
nova comunicação de uma pessoa, ou em 
nome dela, uma vez que o Secretário-Geral 
haja recebido a notificação sobre retirada 
da declaração, a menos que o Estado Parte 
interessado haja feito uma nova declaração.
ARTIGO 23
Os membros do Comitê e os membros das 
Comissões de Conciliação ad noc designa-
dos nos termos da alínea e) do parágrafo 1 
do Artigo 21 terão o direito às facilidades, 
privilégios e imunidades que se concedem 
aos peritos no desempenho de missões 
para a Organização das Nações Unidas, em 
conformidade com as seções pertinentes da 
Convenção sobre Privilégios e Imunidades 
das Nações Unidas.
ARTIGO 24
O Comitê apresentará, em virtude da pre-
sente Convenção, um relatório anula sobre 
suas atividades aos Estados Partes e à As-
sembléia Geral das Nações Unidas.
PARTE III
ARTIGO 25
1. A presente Convenção está aberta à assi-
natura de todos os Estados.
2. A presente Convenção está sujeita a rati-
ficação. Os instrumentos de ratificação se-
rão depositados junto ao Secretário-Geral 
das Nações Unidas.
ARTIGO 26
A presente Convenção está aberta à Adesão 
de todos os Estados. Far-se-á a Adesão me-
diante depósito do Instrumento de Adesão 
junto ao Secretário-Geral das Nações Uni-
das.
ARTIGO 27
1. A presente Convenção entrará em vigor 
no trigésimo dia a contar da data em que o 
vigésimo instrumento de ratificação ou ade-
são houver sido depositado junto ao Secre-
tário-Geral das Nações Unidas.
2. Para os Estados que vierem a ratificar a 
presente Convenção ou a ela aderir após o 
depósito do vigésimo instrumento de ratifi-
cação ou adesão, a Convenção entrará em 
vigor no trigésimo dia a contar da data em 
que o Estado em questão houver deposita-
do seu instrumento de ratificação ou ade-
são.
ARTIGO 28
1. Cada Estado Parte poderá declarar, por 
ocasião da assinatura ou da ratificação da 
presente Convenção ou da adesão a ela, 
que não reconhece a competência do Comi-
tê quando ao disposto no Artigo 20.
2. Todo Estado Parte da presente Conven-
ção que houver formulado uma reserva em 
conformidade com o parágrafo 1 do presen-
te Artigo poderá, a qualquer momento, tor-
nar sem efeito essa reserva, mediante noti-
ficação endereçada ao Secretário-Geral das 
Nações Unidas.
 
32
ARTIGO 29
1. Todo Estado Parte da presente Convenção 
poderá propor uma emenda e depositá-la 
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. 
O Secretário-Geral comunicará a proposta 
de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes 
que o notifiquem se desejam que se con-
voque uma conferência dos Estados Partes 
destinada a examinar a proposta e submetê-
-la a votação. Se, dentro dos quatro meses 
seguintes à data da referida comunicação, 
pelos menos um terço dos Estados Partes se 
manifestar a favor da referida convocação, o 
Secretário-Geral convocará uma conferência 
sob os auspícios das Nações Unidas. Toda 
emenda adotada pelamaioria dos Estados 
Partes presentes e votantes na conferência 
será submetida pelo Secretário-Geral à acei-
tação de todos os Estados Partes.
2. Toda emenda adotada nos termos das 
disposições do parágrafo 1 do presente Ar-
tigo entrará em vigor assim que dois terços 
dos Estados Partes da presente Convenção 
houverem notificado o Secretário-Geral das 
Nações Unidas de que a aceitaram em con-
sonância com os procedimentos previstos 
por suas respectivas constituições.
3. Quando entrarem em vigor, as emen-
das serão obrigatórias para todos os Esta-
dos Partes que as tenham aceito, ao passo 
que os demais Estados Partes permanecem 
obrigados pelas disposições da Convenção e 
pelas emendas anteriores por eles aceitas.
ARTIGO 30
1. As controvérsias entre dois ou mais Esta-
dos Partes com relação à interpretação ou 
à aplicação da presente Convenção que não 
puderem ser dirimidas por meio da nego-
ciação serão, a pedido de um deles, subme-
tidas a arbitragem. Se durante os seis meses 
seguintes à data do pedido de arbitragem, 
as Partes não lograrem pôr-se de acordo 
quanto aos termos do compromisso de ar-
bitragem, qualquer das Partes poderá sub-
meter a controvérsia à Corte Internacional 
de Justiça, mediante solicitação feita em 
conformidade com o Estatuto da Corte.
2. Cada Estado poderá, por ocasião da as-
sinatura ou da ratificação da presente 
Convenção, declarar que não se considera 
obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os 
demais Estados Partes não estarão obriga-
dos pelo referido parágrafo com relação a 
qualquer Estado Parte que houver formula-
do reserva dessa natureza.
3. Todo Estado Parte que houver formulado 
reserva nos termos do parágrafo 2 do pre-
sente Artigo poderá retirá-la, a qualquer 
momento, mediante notificação endereça-
da ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
ARTIGO 31
1. Todo Estado Parte poderá denunciar a 
presente Convenção mediante notificação 
por escrito endereçada ao Secretário-Geral 
das Nações Unidas. A denúncia produzirá 
efeitos um ano depois da data de recebi-
mento da notificação pelo Secretário-Geral.
2. A referida denúncia não eximirá o Estado 
Parte das obrigações que lhe impõe a pre-
sente Convenção relativamente a qualquer 
ação ou omissão ocorrida antes da data em 
que a denúncia venha a produzir efeitos; a 
denúncia não acarretará, tampouco, a sus-
pensão do exame de quaisquer questões 
que o Comitê já começara a examinar antes 
da data em que a denúncia veio a produzir 
efeitos.
3. A partir da data em que vier a produzir 
efeitos a denúncia de um Estado Parte, o 
Comitê não dará início ao exame de qual-
quer nova questão referente ao Estado em 
apreço.
ARTIGO 32
O Secretário-Geral das Nações Unidas co-
municará a todos os Estados membros das 
Nações Unidas e a todos os Estados que as-
sinaram a presente Convenção ou a ela ade-
riram:
curso – matéria – Prof.
33
a) as assinaturas, ratificações e adesões re-
cebidas em conformidade com os Artigos 
25 e 26;
b) a data de entrada em vigor da Conven-
ção, nos termos do Artigo 27, e a data de 
entrada em vigor de quaisquer emendas, 
nos termos do Artigo 29;
c) as denúncias recebidas em conformida-
des com o Artigo 31.
ARTIGO 33
1. A presente Convenção, cujos textos em 
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e 
russo são igualmente autênticos, será depo-
sitada junto ao Secretário-Geral das Nações 
Unidas.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas en-
caminhará cópias autenticadas da presente 
Convenção a todos os Estados.
 
34
PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO 
DE 2010 (DOU 16.12.2010)
Estabelece as Diretrizes Nacionais de Promoção 
e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissio-
nais de Segurança Pública.
O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA 
DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA e o MINISTRO DE ESTADO DA JUSTI-
ÇA, no uso das atribuições que lhes conferem os 
incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da 
Constituição Federal de 1988, resolvem:
Art. 1º Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacio-
nais de Promoção e Defesa dos Direitos Huma-
nos dos Profissionais de Segurança Pública, na 
forma do Anexo desta Portaria.
Art. 2º A Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República e o Ministério da Jus-
tiça estabelecerão mecanismos para estimular 
e monitorar iniciativas que visem à implemen-
tação de ações para efetivação destas diretrizes 
em todas as unidades federadas, respeitada a 
repartição de competências prevista no art. 144 
da Constituição Federal de 1988.
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de 
sua publicação.
PAULO DE TARSO VANNUCHI
Ministro de Estado Chefe da Secretaria de 
Direitos Humanos da Presidência da Repú-
blica
LUIZ PAULO TELES FERREIRA BARRETO
Ministro de Estado da Justiça
ANEXO
DIREITOS CONSTITUCIONAIS E 
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
1) Adequar as leis e regulamentos discipli-
nares que versam sobre direitos e deveres 
dos profissionais de segurança pública à 
Constituição Federal de 1988.
2) Valorizar a participação das instituições e 
dos profissionais de segurança pública nos 
processos democráticos de debate, divulga-
ção, estudo, reflexão e formulação das polí-
ticas públicas relacionadas com a área, tais 
como conferências, conselhos, seminários, 
pesquisas, encontros e fóruns temáticos.
3) Assegurar o exercício do direito de opi-
nião e a liberdade de expressão dos profis-
sionais de segurança pública, especialmen-
te por meio da Internet, blogs, sites e fóruns 
de discussão, à luz da Constituição Federal 
de 1988.
4) Garantir escalas de trabalho que contem-
plem o exercício do direito de voto por to-
dos os profissionais de segurança pública.
VALORIZAÇÃO DA VIDA
5) Proporcionar equipamentos de proteção 
individual e coletiva aos profissionais de 
segurança pública, em quantidade e quali-
dade adequadas, garantindo sua reposição 
permanente, considerados o desgaste e 
prazos de validade.
6) Assegurar que os equipamentos de pro-
teção individual contemplem as diferenças 
de gênero e de compleição física.
7) Garantir aos profissionais de segurança 
pública instrução e treinamento continuado 
quanto ao uso correto dos equipamentos 
de proteção individual.
8) Zelar pela adequação, manutenção e 
permanente renovação de todos os veícu-
los utilizados no exercício profissional, bem 
como assegurar instalações dignas em to-
das as instituições, com ênfase para as con-
dições de segurança, higiene, saúde e am-
biente de trabalho.
curso – matéria – Prof.
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9) Considerar, no repasse de verbas federais 
aos entes federados, a efetiva disponibiliza-
ção de equipamentos de proteção individu-
al aos profissionais de segurança pública.
DIREITO À DIVERSIDADE
10) Adotar orientações, medidas e práticas 
concretas voltadas à prevenção, identifica-
ção e enfrentamento do racismo nas insti-
tuições de segurança pública, combatendo 
qualquer modalidade de preconceito.
11) Garantir respeito integral aos direitos 
constitucionais das profissionais de segu-
rança pública femininas, considerando as 
especificidades relativas à gestação e à 
amamentação, bem como as exigências 
permanentes de cuidado com filhos crian-
ças e adolescentes, assegurando a elas ins-
talações físicas e equipamentos individuais 
específicos sempre que necessário.
12) Proporcionar espaços e oportunidades 
nas instituições de segurança pública para 
organização de eventos de integração fami-
liar entre todos os profissionais, com ênfase 
em atividades recreativas, esportivas e cul-
turais voltadas a crianças, adolescentes e 
jovens.
13) Fortalecer e disseminar nas instituições 
a cultura de não discriminação e de pleno 
respeito à liberdade de orientação sexual 
do profissional de segurança pública, com 
ênfase no combate à homofobia.
14) Aproveitar o conhecimento e a vivência 
dos profissionais de segurança pública ido-
sos, estimulando a criação de espaços insti-
tucionais para transmissão de experiências, 
bem como a formação de equipes de traba-
lho composta por servidores de diferentes 
faixas etárias para exercitar

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