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Direitos Humanos Direitos Humanos Livro Eletrônico 1 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online APLICAÇÃO DA LEI A GRUPOS VULNERÁVEIS Atenção! Além dos três grandes marcos do Direito Internacional dos Direitos Humanos, há três vertentes dos Direitos Humanos: • A proteção dos Direitos Humanos de modo genérico; • O Direito Internacional Humanitário, que é a proteção das pessoas nos conflitos armados, de âmbito nacional ou internacional. As pessoas que participam são tanto as que não participam da hostilidade como as que participam e estão feridos ou são ex-combatentes. • Direito Internacional do Refugiado. Aplicação da lei para grupos vulneráveis: mulheres; crianças e adoles- centes; vítimas da criminalidade e do abuso de poder; refugiados e deslo- cados internos. a) Mulheres A Carta das Nações Unidas, de 1945, foi o primeiro instrumento jurídico internacional a afirmar explicitamente os direitos iguais do homem e da mulher e a incluir o gênero como uma das formas proibidas de discriminação (juntamente com a raça, língua e religião). Estas garantias foram repetidas na Declaração Universal dos Direitos Huma- nos, de 1948, como, por exemplo, se verifica no artigo XVI da Declaração Artigo XVI. 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, naciona- lidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nu- bentes. 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. http://www.grancursosonline.com.br 2 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online A partir daí os direitos iguais para a mulher têm sido ajustados e ampliados em inúmeros tratados internacionais de direitos humanos. Conquanto essa igualdade prevista nos tratados, em 1979, no âmbito da ONU, adotou-se um tratado específico para as mulheres, qual seja: a “Conven- ção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher”. Pergunta: se em todos os tratados já era prevista a igualdade, por qual razão, então, se julgou necessário elaborar um instrumento jurídico separado para a proteção das mulheres? Resposta: julgou-se necessário pelo simples fato de que, apesar dos varia- dos tratados, não se verificava suficientemente a proteção às mulheres. Como o preâmbulo da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimi- nação contra a Mulher explicita: “as mulheres ainda não possuem direitos iguais aos dos homens e a discriminação contra a mulher continua a existir em todas as sociedades”. Obs.:� O Brasil concedeu liberdade de voto para as mulheres em 1932. Atenção! De acordo com a Convenção de proteção às mulheres, a expressão “discri- minação contra as mulheres” significa: – qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo que tenha como efeito ou como objetivo comprometer ou destruir o reconhecimento, o gozo ou o exercício pelas mulheres, seja qual for seu estado civil, com base na igualdade dos homens e das mulheres, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais no campo político, econômico, social, cul- tural, civil ou qualquer outro campo. �Obs.: Na Arábia Saudita, por exemplo, a mulher não pode dirigir, pois acreditam que esse ato pode prejudicar o útero dela, evitando a reprodução. http://www.grancursosonline.com.br 3 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online O Brasil já assinou e ratificou a referida Convenção sobre as mulheres. Muitos outros países também o fizeram. Ocorre que há muitas reservas à Convenção, o que tem ocasionado muita controvérsia. Muitas das reservas parecem ir contra o objeto e a finalidade da Convenção. Algumas delas, por exemplo, são feitas ao princípio geral de não-discriminação, enquanto outras tentam limitar as dis- posições da Convenção que estabelecem direitos iguais à mulher em relação à família, cidadania e no âmbito jurídico”. Atenção! Reserva significa ressalva. Na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos, em 1993, os Estados membros da ONU declararam que: – Os direitos humanos da mulher e da menina fazem parte de forma inalie- nável, integral e indivisível dos direitos humanos universais. A participa- ção plena e igualitária da mulher na vida política, civil, econômica, social e cultural em nível regional, nacional e internacional, e a erradicação de todas as formas de discriminação baseada no sexo são objetivos priori- tários da comunidade internacional. Pelo artigo 17 da Convenção sobre a Mulher criou-se o Comitê para a Eli- minação da Discriminação contra as Mulheres cuja finalidade é supervisionar a implementação de suas disposições. O Comitê é composto de 23 peritos designados pelos Estados Partes à Con- venção, os quais exercem suas funções a título pessoal. Atenção! O Comitê não está capacitado a receber denúncias provenientes de particulares ou denúncias de um Estado Parte em relação à conduta de outros. http://www.grancursosonline.com.br 4 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Em vista disso, em 1999, elaborou-se um Protocolo Facultativo à Conven- ção na qual se previu um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher que receberá comunicações de violações de Direitos Humanos contra as mulheres. Atenção! O caso da Maria da Penha foi para o sistema das Américas, não para o Comitê da ONU. Trata-se, no entanto, de um Protocolo Facultativo podendo ou não o país adotá-lo. Somente se o país assinar e ratificar o referido Protocolo é que a comunica- ção poderá ser aceita a seu desfavor. Artigo 2º as comunicações podem ser apresentadas por indivíduos ou grupos de indivíduos, que se encontrem sob a jurisdição do Estado Parte e aleguem ser víti- mas de violação de quaisquer dos direitos estabelecidos na Convenção por aquele Estado Parte, ou em nome desses indivíduos ou grupos de indivíduos. Sempre que for apresentada em nome de indivíduos ou grupos de indivíduos, a comunicação deverá contar com seu consentimento, a menos que o autor possa justificar estar agindo em nome deles sem o seu consentimento. Artigo 3º as comunicações deverão ser feitas por escrito e não poderão ser anô- nimas. Nenhuma comunicação relacionada a um Estado Parte da Convenção que não seja parte do presente Protocolo será recebida pelo Comitê. Atenção! O país que não faz parte do Comitê não responde às questões alegadas pelo Comitê. Artigo 4º. 1. O Comitê não considerará a comunicação, exceto se tiver reconhecido que todos os recursos da jurisdição interna foram esgotados ou que a utilização http://www.grancursosonline.com.br 5 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online desses recursos estaria sendo protelada além do razoável ou deixaria dúvida quan- to a produzir o efetivo amparo. b) Crianças e adolescentes A criança precisa de cuidados e proteção especiais, sendo dependente do auxílio do adulto, principalmente em seus primeiros anos de existência. Não é suficiente para a criança que apenas os mesmos direitos humanos e liberdades de um adulto lhe sejam concedidos. Em vista disso, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou em 20 de novembro de 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança – CDC, por meio da qual se reconhece a necessidade de cuidados e proteção especiais, incluindo a proteção jurídicaadequada para a criança, tanto antes como após o nasci- mento. O Brasil ratificou esta Convenção em 24 de setembro de 1990. Pergunta: nos termos da Convenção, quem é considerado criança? Resposta: considera-se como criança todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes. Atenção! A idade, no Brasil, foi definida no artigo 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente – Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. A CDC não deixa dúvida de que as crianças podem desfrutar dos mesmos direitos humanos e liberdades dos adultos. Certos direitos fundamentais, como http://www.grancursosonline.com.br 6 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online o direito à vida, liberdade e segurança pessoal, o direito à liberdade de pensa- mento e expressão e o direito a reuniões e associações pacíficas são reiterados firmemente na Convenção. Além disso, também estabelece proteção contra violência, negligência e exploração da criança, bem como define as razões e as condições pelas quais a criança pode ser legalmente privada de sua liberdade, assim como os direitos da criança acusada de uma infração penal. Atenção! A CDC não dispõe a impossibilidade de serem aplicadas penas privativas de liberdade à criança, mas existem algumas regras básicas. Na CDC previu-se um Comitê com a finalidade de examinar os progressos alcançados na aplicação da Convenção. Trata-se de Comitê composto de 10 especialistas de reconhecida integridade moral e competência nas áreas cobertas na CDC, eleitos pelos Estados Partes que exercerão as funções a título pessoal. É importante registrar que antes da aprovação da CDC, no âmbito também da ONU, aprovou-se, em 29 de novembro de 1985, as regras mínimas para a Administração da Justiça, da Infância e da Juventude, denominadas de Regras de Beijing. Por estas Regras, estipulou-se que os países instituam a Justiça da Infância e da Juventude como parte integrante do processo de desenvolvimento nacional de cada país contribuindo ao mesmo tempo para a sua proteção e para a manu- tenção da paz e da ordem na sociedade. Quanto à responsabilidade penal, nas Regras de Beijing, previu-se que nos sistemas jurídicos que reconheçam o conceito de responsabilidade penal para jovens, seu começo não deverá fixar-se numa idade demasiada precoce, levando-se em conta as circunstâncias que acompanham a maturidade emocio- nal, mental e intelectual. Como direitos dos jovens infratores assegurou-se os seguintes: http://www.grancursosonline.com.br 7 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online – presunção da inocência; – direito de ser informado das acusações; – direito de não responder às acusações; – direito à assistência judiciária; – direito à presença dos pais ou tutores; – direito à confrontação com testemunhas e a interrogá-las; – direito de apelação ante uma autoridade superior. Por fim, outra regra atinente às crianças são as Diretrizes da ONU para a pre- venção da delinquência juvenil, conhecidas como Diretrizes de Riad, adotadas pela Assembleia Geral da ONU, em 14 de dezembro de 1990. De acordo com essas Diretrizes, a prevenção da delinquência juvenil é parte essencial da pre- venção do delito na sociedade. Os jovens podem desenvolver atitudes não criminais se se dedicarem a ativi- dades lícitas e socialmente úteis, orientados rumo à sociedade e considerando a vida com critérios humanistas. Além disso, para se obter êxito, é imprescindível que se reconheça a impor- tância da aplicação de políticas e medidas progressistas de prevenção da delin- quência que evitem criminalizar e penalizar a criança por uma conduta que não cause grandes prejuízos ao seu desenvolvimento e que nem prejudique os demais. ��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Monti. http://www.grancursosonline.com.br 1 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis II DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online APLICAÇÃO DA LEI A GRUPOS VULNERÁVEIS II c) Vítimas da criminalidade e do abuso de poder A Declaração das Nações Unidas sobre os Princípios Fundamentais de Jus- tiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e do Abuso do Poder (Declaração das Vítimas) é o único instrumento internacional que oferece orientação aos Estados Membros sobre a questão da proteção e reparação às vítimas da criminalidade e do abuso de poder. Atenção! a Declaração não é um tratado e, consequentemente, não cria obrigações legais aos Estados. Somente poucos dispositivos de tratados criam obrigações legais aos Esta- dos Partes com respeito ao tratamento das vítimas do crime e do abuso do poder. Entre eles: – direito das vítimas de captura ou detenção ilegal à indenização; – vítimas de pena cumprida em virtude de erro judicial devem ser indeniza- das em conformidade com a lei; – vítimas de tortura possuem o direito à indenização justa e adequada; A Declaração das Vítimas define vítimas de crime como sendo: – As pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, nomeadamente a sua integridade física ou mental, ou sofrimento de ordem emocional, ou perda material, ou grave atentado a seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou omissões que violem as leis penais em vigor em um Estado Membro, incluindo as que proíbem o abuso do poder. http://www.grancursosonline.com.br 2 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis II DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online d) Refugiados A Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 define o termo refu- giado como aplicável a qualquer pessoa que, – (...) em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de Janeiro de 1951, e devido a fundados temores de perseguição por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política, encon- tre-se fora do país de sua nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção desse país; ou que, não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa, em consequência de tais acontecimentos, ou não queira, devido a tal temor, regressar a ele. A Convenção também estabelece regras mínimas para o tratamento dos refu- giados, além de prescrever os direitos fundamentais que estes assistem. Após a entrada em vigor da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados em 1954, verificou-se que o problema dos refugiados não se esgotaria tão somente no âmbito dos acontecimentos ocorridos na segunda Guerra Mundial. A eclosão de conflitos após 1º de Janeiro de 1951 originou um fluxo de novos refugiados que não se achavam em posição de reivindicar a Convenção e beneficiar-se de sua proteção. Assim, em 4 de Outubro de 1967, entrou em vigor o Protocolo sobre o Esta- tuto dos Refugiados das Nações Unidas. Ao remover as limitações temporais contidas na definição de “refugiado” pre- vista no artigo 1. da Convenção, o Protocolo estendeu a aplicação desta defini- ção a qualquer pessoa cuja condição fosse condizente. No Brasil, instituiu-se a Lei 9.474, de 1997, por meio da qual se reconheceu o refugiado como todo o indivíduo que: I – devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; http://www.grancursosonline.com.br 3 Aplicação da Lei a Grupos VulneráveisII DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online II – não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua resi- dência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circuns- tâncias descritas no inciso anterior; III – devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país. Atenção! Há dois princípios importantes em relação ao refúgio: – não devolução: a pessoa não quer ou não pode; e – fundado temor. Os efeitos da condição dos refugiados previstos na Lei 9.474, de 1997, serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e descendentes, assim como aos demais membros do grupo familiar que do refugiado dependerem economica- mente, desde que se encontrem em território nacional. Atenção! No âmbito da ONU há um comissariado específico para tratar dos refugiados chamado ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (1951). A proposta deste órgão é cooperar com os países na proteção desse grupo de vulneráveis. e) Deslocados internos Quando a pessoa, devido ao temor de perseguição, busca refúgio em outros países, seus interesses são protegidos pela Convenção dos Refugiados de 1951 e pelo Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967. http://www.grancursosonline.com.br 4 Aplicação da Lei a Grupos Vulneráveis II DIREITOS HUMANOS www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Caso se tratar de vítimas de situações de conflito armado, elas gozam do direito de proteção previsto nas Convenções de Genebra de 1949 e nos Protoco- los Adicionais de 1977. Em princípio, o direito internacional dos direitos humanos oferece proteção a todas as pessoas, sem distinção de qualquer natureza. Ocorre que se as pessoas são removidas de um lugar para outro dentro de seus próprios países, surgem problemas específicos relacionados a seus direi- tos e a sua proteção. Definição de deslocados internos: – Pessoas ou grupos de pessoas compelidas a fugir de seus domicílios ou dos locais em que residiam habitualmente, de maneira súbita e impre- vista, em consequência de conflitos armados, tensões internas, viola- ções massivas dos direitos humanos e desastres naturais ou provocados pelo homem, e que não atravessaram uma fronteira nacional reconhe- cida internacionalmente. No Direito Internacional há alguns tratados regionais que tentam proteger os deslocados internos, um exemplo é a Convenção da União Africana para a Pro- teção e Assistência aos Deslocados Internos na África (Convenção de Kampala), adotada em 2009. ���Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Monti. http://www.grancursosonline.com.br 1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1991 – Convenção contra a Tortura e outras Penas DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES DECRETO N. 40/1991 – CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTRAS PENAS CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTRAS PENAS OU TRATAMENTOS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES Histórico • Criação da ONU, em 1945, mediante a celebração da Carta da ONU. • 1948: Declaração Universal dos Direitos Humanos. • 1966: Pactos Internacionais dos Direitos Civis e Políticos; e dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. HISTÓRICO DE APROVAÇÃO NO DIREITO INTERNO 10 de dezembro de 1984: assembleia Geral da ONU na XL Reunião, realizada em Nova Iorque, adotou o texto da Convenção contra a tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 23 de setembro de 1985: Brasil assinou, na sede da ONU, a Convenção. 23 de maio de 1989: Congresso Nacional aprovou a Convenção por meio do Decreto Legislativo n. 4. 28 de setembro de 1989: Brasil efetuou o depósito da Carta de Ratificação da Convenção. 15 de fevereiro de 1991: convenção entrou em vigor no Brasil por intermédio do Decreto n. 40, que promulgou o texto da Convenção. Contexto histórico: a convenção contra a tortura surge durante o contexto histórico do pós-segunda guerra mundial, em que várias pessoas foram torturadas ao longo dos con- flitos, ocorrências que embasaram a criação de uma convenção internacional para que os países assumissem o compromisso de não realizar práticas de tortura, prevendo punições a agentes praticantes de tais atos. Ainda que conste a proibição da tortura na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pactos Internacionais dos Direitos Civis e Políticos, ambos possuem aspectos de alcance geral, o que não traria o mesmo impacto de uma convenção específica que trate da prática de tortura e a aplicação de penas cruéis, desumanas ou degradantes, o que garantiria uma proteção também especí- fica para as vítimas. 5m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1991 – Convenção contra a Tortura e outras Penas DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES STATUS HIERÁRQUICO Status hierárquico: norma supralegal, uma vez que foi tratado aprovado antes da entrada em vigor da EC n. 45/2004, que inseriu o art. 5, § 3º na CF/1988: Art. 5º […] § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Obs.: As normas supralegais encontram-se situadas hierarquicamente acima das leis, sta- tus adquirido pela Convenção contra a tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, uma vez que ela foi inserida no ordenamento jurídico em momento anterior a EC n. 45/2004. PREÂMBULO Os Estados-Partes da presente Convenção, Considerando que, de acordo com os princípios proclamados pela Carta das Nações Unidas, o reconhecimento dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da famí- lia humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, reconhecendo que estes direitos emanam da dignidade inerente à pessoa humana, Considerando a obrigação que incumbe aos Estados, em virtude da Carta, em particular do art. 55, de promover o respeito universal e a observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais. Levando em conta o art. 5º da Declaração Universal e a observância dos Direitos do Homem e o art. 7º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que determinam que ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, 10m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1991 – Convenção contra a Tortura e outras Penas DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES ART. 55 DA CARTA DA ONU Cooperação Internacional Econômica e Social Art. 55. Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações pacífi- cas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas favorecerão: a) níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econô- mico e social; b) a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos; a coopera- ção internacional, de caráter cultural e educacional; e c) o respeito universal e efetivo raça, sexo, língua ou religião. Art. V. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Art. 7º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou cientificas. Obs.: Sempre antes deelaborar uma convenção internacional específica, a ONU propunha uma declaração acerca do assunto, que tinha por objetivo apresentar uma regra orientativa para que fosse possível aos países adquirir conhecimento acerca da proposta e decidir se iriam aderir ou não a convenção futura. Levando também em conta a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, aprovada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro de 1975, Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes em todo o mundo, Acordam o seguinte: DEFINIÇÃO DE TORTURA E INTERPRETAÇÃO DA CONVENÇÃO Definição de tortura Tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou men- tais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1991 – Convenção contra a Tortura e outras Penas DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando: Tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência uni- camente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para tortura. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não poderá ser invo- cada como justificação para a tortura. Cada estado-parte se comprometerá a proibir em qualquer território sob sua jurisdição outros atos que constituam tratamento ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, mas que não constituam tortura tal como definida nesta Convenção, quando tais atos forem cometidos por funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Interpretação Os dispositivos da Convenção não serão interpretados de maneira a restringir os dispo- sitivos de qualquer outro instrumento internacional ou lei nacional que proíba os tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão. OBRIGAÇÕES DOS ESTADOS Cada estado-parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer território sob sua jurisdição. 15m 20m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1991 – Convenção contra a Tortura e outras Penas DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES LEGISLAÇÃO Cada estado-parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados crimes segundo a sua legislação penal. De igual modo deve ser considerado crime à tentativa de tortura e todo ato de qual- quer pessoa que constitua cumplicidade ou participação na tortura. Cada estado-parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem em conta a sua gravidade. Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997: define os crimes de tortura e dá outras providências. JURISDIÇÃO Cada estado-parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes de tortura (ou tentativa) nos seguintes casos: a) quando os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio ou aeronave registrada no Estado em questão; b) quando o suposto autor for nacional do Estado em questão; c) quando a vítima for nacional do Estado em questão e este o considerar apropriado. ATENÇÃO A Convenção não exclui qualquer jurisdição criminal exercida de acordo com o direito interno. ASSISTÊNCIA ENTRE OS ESTADOS Os Estados-Partes prestarão entre si a maior assistência possível em relação aos proce- dimentos criminais instaurados relativamente a qualquer dos crimes de tortura, inclusive no que diz respeito ao fornecimento de todos os elementos de prova necessários para o pro- cesso que estejam em seu poder. 25m 6 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1991 – Convenção contra a Tortura e outras Penas DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES ENSINO E INFORMAÇÃO Cada estado-parte assegurará que o ensino e a informação sobre a proibição de tor- tura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar encar- regado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos funcionários públicos e de quais- quer outras pessoas que possam participar da custódia, interrogatório ou tratamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão. Cada estado-parte incluirá a proibição da tortura nas normas ou instruções relativas aos deveres e funções de tais pessoas. ATUALIZAÇÃO DAS NORMAS Cada estado-parte manterá sistematicamente sob exame as normas, instruções, métodos e práticas de interrogatório, bem como as disposições sobre a custódia e o tratamento das pessoas submetidas, em qualquer território sob sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura. INVESTIGAÇÃO IMPARCIAL Cada estado-parte assegurará suas autoridades competentes procederão imediata- mente a uma investigação imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer território sob sua jurisdição. 30m ���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Monti Favaro. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu- siva deste material. 1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES DECRETO N. 40/1191 – CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTRAS PENAS II DIREITO DE APRESENTAR QUEIXA Cada Estado-Parte assegurará a qualquer pessoa que alegue ter sido submetida à tor- tura, em qualquer território sob sua jurisdição, o direito de apresentar queixa perante as auto- ridades competentes do referido Estado, que procederão imediatamente e com imparciali- dade ao exame do seu caso. Serão tomadas medidas para assegurar a proteção do queixoso e das testemunhas contra qualquer mau tratamento ou intimação em consequência da queixa apresentada ou de depoimento prestado. Obs.: é muito comum que essa convenção internacional seja cobrada em provas para a área de segurança pública, uma vez que o Estado é representado por um agente público (policial militar, guarda municipal etc.) o qual durante sua atuação pode vir a praticar algum ato que enseje na prática de tortura, o que justificaria a cobrança des- se conteúdo para os futuros profissionais atuantes da área (ainda que a convenção se aplique a qualquer agente público). DIREITO À REPARAÇÃO E INDENIZAÇÃO Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um ato de tortura, o direito à reparação e a uma indenização justa e adequada, incluídos os meios necessá- rios para a mais completa reabilitação possível. Em caso de morte da vítima como resultado de umato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização. Meio de prova – declaração Cada Estado-Parte assegurará que nenhuma declaração que se demonstre ter sido pres- tada como resultado de tortura possa ser invocada como prova em qualquer processo. Exceção: se a declaração for contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi prestada. 5m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES EXTRADIÇÃO, DEVOLUÇÃO OU EXPULSÃO Nenhum Estado-Parte procederá à expulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer que a pessoa corre perigo de ali ser submetida à tortura. A fim de determinar a existência destas razões, as autoridades competentes levarão em conta todas as considerações pertinentes, inclusive, quando for o caso, a existência, no Estado em questão, de um quadro de violações sistemáticas, graves e maciças de direi- tos humanos. Extradição O Estado Parte no território sob a jurisdição do qual o suposto autor de crimes de tortura for encontrado, se não o extraditar, obrigar-se-á a submeter o caso às suas autoridades competentes para que o autor dos crimes seja processado. Essas autoridades tomarão sua decisão de acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer crime de natureza grave, conforme a legislação do referido Estado. Qualquer pessoa processada pelos crimes de tortura receberá garantias de tratamento justo em todas as fases do processo. Detenção Todo Estado-Parte em cujo território se encontre uma pessoa suspeita de ter cometido tortura (ou tentativa de tortura), se considerar, após o exame das informações de que dispõe, que as circunstâncias o justificam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará outras medidas legais para assegurar sua presença. A detenção e outras medidas legais serão tomadas de acordo com a lei do Estado, mas vigorarão apenas pelo tempo necessário ao início do processo penal ou de extradição. O Estado em questão procederá imediatamente a uma investigação preliminar dos fatos. Qualquer pessoa detida terá asseguradas facilidades para comunicar-se imediatamente com o representante mais próximo do Estado de que é nacional ou, se for apátrida, com o representante do Estado de residência habitual. Comitê contra a Tortura Comitê: composto por 10 peritos de elevada reputação moral e reconhecida competên- cia em matéria de direitos humanos, os quais exercerão suas funções a título pessoal. 10m 15m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES Os peritos serão eleitos pelos Estados-Partes, levando em conta uma distribuição geográfica equitativa e a utilidade da participação de algumas pessoas com experiên- cia jurídica. Eleição: votação secreta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Estados-Partes. Cada Estado-Parte pode indicar uma pessoa dentre os seus nacionais. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões bienais dos Estados-Partes convoca- das pelo Secretário-Geral das Nações Unidas. Mandato: serão eleitos para um mandato de 4 anos. Poderão, caso suas candidaturas sejam apresentadas novamente, ser reeleitos. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demitir-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Estado-Parte que apresentou sua candidatura indicará, entre seus nacionais, outro perito para cumprir o restante de seu mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à aprovação da maioria dos demais Estados-Partes. Despesas: correrão por conta dos Estados-Partes as despesas em que vierem a incorrer os membros do Comitê no desempenho de suas funções no referido órgão. Mesa: o Comitê elegerá sua mesa pelo período de 2 anos. Os membros da mesa pode- rão ser reeleitos. Quórum de deliberação: 6 membros. Decisões do Comitê: serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes. RELATÓRIOS A SEREM SUBMETIDOS AO COMITÊ Os Estados-Partes submeterão ao Comitê, por intermédio do Secretário-Geral das Nações Unidas, relatórios sobre as medidas por eles adotadas no cumprimento das obriga- ções assumidas em virtude da presente Convenção, dentro de prazo de 1 ano, a contar do início da vigência da presente Convenção no Estado-Parte interessado. A partir de então, os Estados-Partes deverão apresentar relatórios suplementares a cada 4 anos sobre todas as novas disposições que forem adotadas, bem como outros relató- rios que o Comitê vier a solicitar. 20m 25m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES PROCEDIMENTO NO COMITÊ No caso de o Comitê vir a receber informações fidedignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada sistematicamente no território de um Estado-Parte, convidará esse País a cooperar no exame das informações e, nesse sentido, a transmitir ao Comitê as observações que julgar pertinentes. Levando em consideração todas as observações que houver apresentado o Estado-Parte interessado, bem como quaisquer outras informações pertinentes de que dispuser, o Comitê poderá, se lhe parecer justificável, designar um ou vários de seus membros para que proce- dam a uma investigação confidencial e informem urgentemente o Comitê. Com a anuência do Estado-Parte, a investigação poderá incluir uma visita a seu terri- tório. Depois de haver examinado as conclusões apresentadas por um ou vários de seus membros, o Comitê as transmitirá ao Estado-Parte interessado, junto com as observações ou sugestões que considerar pertinentes em vista da situação. Todos os trabalhos do Comitê serão confidenciais e, em todas as etapas dos referi- dos trabalhos, procurar-se-á obter a cooperação do Estado-Parte. Quando estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma investigação, o Comitê poderá, após celebrar consultas com o Estado-Parte interessado, tomar a decisão de incluir um resumo dos resultados da investigação em seu relatório anual. DIRETO DO CONCURSO 1. (CESPE/DPE-PE) A tortura é um crime que viola o direito internacional, porém, em cir- cunstâncias excepcionais, como em casos de segurança nacional, se comprovada grave ameaça à segurança pública, pode ser exercida com limites. COMENTÁRIO A prática de tortura não é permitida sob nenhuma hipótese, não sendo possível estabele- cer limites para a sua realização. 30m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES 2. (CESPE/DPE-PE) Nos termos da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, é possível admitir-se a comprovação de existência de circunstâncias excepcionais, tais como ameaça ou estado de guerra e ins- tabilidade política interna, como justificação para tortura. COMENTÁRIO Não se admite nenhuma circunstância excepcional que permita a prática de tortura. 3. (CEBRASPE/CGE-CE/2019) Acerca da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes e de suas disposições, julgue os itens que se seguem. I – A referida convenção entrou em vigor no Brasil alguns anos após a promulgação da Constituição Federal de 1988. II – Essa convenção não se opõe à utilização excepcional de tortura em caso de ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna, atos comprovados de terrorismo ou uso de armas de destruição em massa. III – Policiais e outros encarregados de custódia, interrogatório ou tratamentode pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou reclusão que eventualmente parti- ciparem de treinamento sobre a proibição de aplicar tortura receberão incentivos sala- riais como forma de ampliar a divulgação da referida convenção no território nacional. IV – A referida convenção prevê que cada Estado-parte assegurará à vítima de ato de tortura o direito à reparação justa e adequada dos danos sofridos, incluídos os meios necessários para a mais completa reabilitação possível, e, em caso de morte da víti- ma como resultado de ato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização. Estão certos apenas os itens a. I e III. b. I e IV. c. II e IV. d. I, II e III. e. II, III e IV. 6 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES COMENTÁRIO • A convenção citada, de fato, entra em vigor no Brasil em momento posterior à Consti- tuição Federal de 1988. • Não existe qualquer hipótese prevista na convenção quanto à utilização excepcional de práticas de tortura. • Não existe qualquer previsão quanto a treinamentos relacionados ao tema e à conces- são de incentivos salariais para policiais e encarregados de custódia. 4. (FCC/DPE-AM/2019) Conforme prevê a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamen- tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, NÃO são considerados como tortura dores ou sofrimentos a. que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. b. produzidos por agentes públicos com o intuito de obter informações essenciais para segurança nacional, saúde ou vida de um número indeterminado de pessoas, esgota- das outras alternativas. c. de natureza mental, moral ou psicológica produzidos em meio a situações de conflito deflagrado ou emergência pública. d. decorrentes de condições inadequadas de encarceramento, ainda que sistemáticas, graves e maciças. e. produzidos em contextos de dominação quando diretamente relacionados com a vio- lência estrutural baseada na idade, gênero e etnia. COMENTÁRIO As sanções legítimas, quando aplicadas adequadamente, não possuem qualquer relação com a tortura ou penas cruéis. A prática de tortura está atribuída à violação por parte do agente público contra os direitos da pessoa, podendo ser de caráter moral, físico etc. 7 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES 5. (IBFC/SEAP-MG/2018) De acordo com o preceituado no Decreto n. 40/1991 (Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes), não deve ser considerado “tortura”: a. qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, infor- mações ou confissões. b. qualquer ato pelo qual dores físicas venham a ser impostas para infligir castigo por ato que uma terceira pessoa tenha cometido. c. qualquer ato pelo qual sofrimentos agudos de natureza mental venham a ser infligidos para o fim de intimidar ou coagir determinada pessoa. d. qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza. e. qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. 6. (VUNESP/PC-SP/2018) A Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes dispõe, expressamente, que cada Estado Parte as- segurará, em seu ordenamento jurídico, à vítima de um ato de tortura, direito: a. a ter proteção especial para depor como testemunha contra seu ofensor, com direito aos meios e condições suficientes para viver em lugar seguro custeado pelo Estado. b. à reparação e a uma indenização justa e adequada, incluindo os meios necessários à sua mais completa reabilitação possível. c. a obter indenização justa e em dinheiro por parte do ofensor e uma pensão mensal a ser suportada pelo próprio Estado. d. a obter a devida justiça com o julgamento do seu ofensor e que este seja compelido a reparar os danos causados. e. a receber assistência legal, psicológica, social e financeira do poder público e do pró- prio ofensor para refazer sua vida em todos os seus aspectos. COMENTÁRIO A convenção não impõe que o ofensor repare os danos causados, até por que no Brasil, a tese adotada é a da responsabilidade civil objetiva, em que o Estado sempre res- ponderá independentemente de culpa do seu agente. 35m 8 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Decreto n. 40/1191 – Convenção Contra a Tortura e Outras Penas II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES GABARITO 1. E 2. E 3. b 4. a 5. e 6. b ���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Monti Favaro. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu- siva deste material. 1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos DIREITOS HUMANOS PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES HISTÓRICO Findada a 2ª Guerra Mundial, institui-se, por meio da Carta da ONU, no ano de 1945, a Organização das Nações Unidas – ONU. Em 1948, a Assembleia Geral da ONU adotou e proclamou, mediante a Resolução 217 A (III), em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH. Como pleitear que um país respeite os Direitos Fundamentais de uma pessoa? A DUDH não tinha previsão para que nenhum cidadão pudesse chegar a um Conselho ou Comitê os direitos violados. Em razão disso, no âmbito da Comissão de Direitos Humanos da ONU (atualmente Conse- lho), foram elaborados dois tratados que visaram atribuir conteúdo jurídico à Declaração Universal: ° Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (Decreto n. 592, de 1992) (Direitos de 1ª geração); ° Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Decreto n. 591, de 1992) (Direitos de 2ª geração). Esses Pactos foram adotados no âmbito da XXI Sessão da Assembleia Geral da ONU: ° Pacto dos Direitos Civis e Políticos foi adotado em 16 de dezembro de 1966; ° Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi adotado em 19 de dezembro de 1966. A China faz parte do Conselho de Segurança da ONU, mas não faz parte do Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Esses dois Pactos, junto com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, compõem a Carta Internacional dos Direitos Humanos (International Bill of Rights), a partir do qual se inaugurou o sistema global de proteção dos direitos humanos ou sistema onusiano. Histórico da aprovação do Pacto pelo Brasil • Congresso Nacional aprovou o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos por meio do Decreto Legislativo n. 226, de 12 de dezembro de 1991; • Internacionalmente, este Pacto entrou em vigor para o Brasil, em 24 de abril de 1992; • Posteriormente, foi expedido o Decreto n. 592, de 6 de julho de 1992, por meio do qual se incorporou o Pacto ao ordenamento jurídico brasileiro; • Anexo ao Decreto n. 592, de 1992, que promulgouo Pacto, está o texto do Pacto Inter- nacional sobre Direitos Civis e Políticos; • Este Pacto é composto por um preâmbulo e 6 partes. 5m 10m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES Preâmbulo Os Estados Partes são aqueles que aderiram ao Pacto; Os Estados Partes do presente Pacto; Considerando que, em conformidade com os princípios proclamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa humana; Reconhecendo que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, não se pode realizar o ideal do ser humano livre, gozando das liberdades civis e políticas, libertos do terror e da miséria, a não ser que se criem condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos civis e políticos, assim como dos seus direitos econômicos, sociais e culturais; Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover o res- peito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem; Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com seus semelhantes e para com a coleti- vidade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reconhe- cidos no presente Pacto. Acordam o seguinte: Compromisso dos Estados-partes do Pacto • Respeitar e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natu- reza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer condição. O estrangeiro que está apenas de passagem pelo Brasil não tem direito aos direitos fun- damentais enumerados no artigo 5º da CF? Se tem, por que no caput desse artigo apenas são referidos os estrangeiros residentes? Os estrangeiros de passagem pelo Brasil não têm direito, por exemplo, a habeas corpus? Sim, o Supremo Tribunal Federal assim o considerou numa interpretação extensiva do caput do artigo 5º. • Tomar as providências necessárias com vistas a tornar efetivos os direitos reconheci- dos no Pacto, levando em consideração seus respectivos procedimentos constitucio- nais e as disposições do Pacto; 15m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES • Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no Pacto tenham sido violados, possa ter o recurso efetivo, mesmo que a violência tenha sido cometida por pessoas que agiam no exercício de funções oficiais; • Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito determinado pela competente autoridade judicial, administrativa ou legislativa ou por qualquer outra auto- ridade competente prevista no ordenamento jurídico do Estado em questão; • Garantir o cumprimento pelas autoridades competentes de qualquer decisão que julgar procedente tal recurso. • Assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis e políticos enunciados no Pacto. DIREITOS ENUMERADOS NO PACTO DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor livremente se suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da coopera- ção econômica internacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacio- nal. Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus meios de subsistência. Os Estados-Partes do presente Pacto, inclusive aqueles que tenham a responsabilidade de administrar territórios não autônomos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direito à autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade com as disposições da Carta das Nações Unidas. Direito à vida O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito deverá ser protegido pela lei Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. Na CF está estabelecido que não haverá pena de morte, salvo nos casos de guerra decla- rada nos termos (...). Se for um caso de guerra declarada, não é arbitrário. 20m 25m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES Direito à vida – pena de morte Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições deste Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em jul- gado e proferida por tribunal competente. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação da pena. A anis- tia, o indulto ou a comutação da pena poderá ser concedido em todos os casos. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez. Proibição da tortura Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Esse direito não tem nenhuma exceção. Será proibido sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiên- cias médicas ou científicas. Durante a 2ª Guerra Mundial muitos foram submetidos a experiências médicas ou científicas. ��������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Monti Favaro. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material. 30m 1 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS II PROIBIÇÃO DA ESCRAVIDÃO • Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão e o tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos. • Ninguém poderá ser submetido à servidão. • Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou obrigatórios; • É admissível, nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente; • Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados “trabalhos forçados ou obrigatórios”: ° qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles que se oponham ao serviço militar por motivo de consciência; ° qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade; ° qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais. O Pacto de San José da Costa Rica é um documento no âmbito regional, o que está sendo aqui tratado é o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que é do âmbito interna- cional: um é no sistema global,sistema da ONU, e outro no sistema da OEA, que é um sis- tema regional. As mesmas disposições estão previstas no Pacto de San José com uma única grande diferença: no Pacto de San Jose são referidas quatro possibilidades nas quais não são consi- derados trabalhos forçados obrigatórios: serviço militar, os que decorrem por motivo de cala- midade, obrigações cívicas e o trabalho que decorre para o preso – o Pacto de San Jose não considera como forçado o trabalho para o preso. 5m 2 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES DIREITO À LIBERDADE E SEGURANÇA PESSOAIS • Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. • Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Na CF há duas hipóteses que não são arbitrárias: flagrante delito ou uma sentença penal condenatória. • Ninguém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos. • Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser condu- zida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser colocada em liberdade. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou encarceramento terá o direito de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legislação de seu encarcera- mento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito à indenização. RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa humana. As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em circunstâncias excepcionais, das pessoas condenadas e receber tratamento distinto, condizente com sua condição de pessoa não condenada. As pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das adultas e julgadas o mais rápido possível. PROIBIÇÃO DE PRISÃO CIVIL Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual. 10m 15m 3 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES Na CF havia duas exceções: uma pessoa que não pagasse pensão alimentícia e o depo- sitário infiel. O STF, comparando essas disposições com o Pacto de San Jose da Costa Rica, concluiu que lá só existe uma hipótese de prisão civil por dívida e afastou a hipótese do depo- sitário infiel (Súmula Vinculante n. 25). De acordo com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual – sem qualquer exceção. DIREITO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o direito de nele livre- mente circular e escolher sua residência. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país. O direito à liberdade de locomoção não poderá ser objeto de restrição, salvo quando estas estejam previstas em lei e sejam necessárias para proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos no Pacto. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do direito de entrar em seu próprio país. EXPULSÃO Um estrangeiro que se ache legalmente no território de um Estado Parte só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei e, a menos que razões imperativas de segurança nacional a isso se oponham, terá a possibilidade de expor as razões que militem contra sua expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autoridades competentes, ou por uma ou várias pessoas especialmente designadas pelas referidas auto- ridades, e de fazer-se representar com esse objetivo. DIREITOS ASSEGURADOS À PESSOA ACUSADA CIVIL OU CRIMINALMENTE Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com devidas garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. 20m 4 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer por motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança nacional em uma socie- dade democrática, quer quando o interesse da vida privada das Partes o exija. Entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento oposto, ou processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou à tutela de menores. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E OUTRAS GARANTIAS Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias: • ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; • dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua escolha; Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias: • ser julgado sem dilações indevidas( procrastinação); • estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por intermédio de defensor de sua escolha; • de ser informado, caso não tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da justiça assim exija, de ter um defensor designado de ofício gratuita- mente, se não tiver meios para remunerá-lo; Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias: • De interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e de obter o compare- cimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições de que dispõem as de acusação; 25m 5 www.grancursosonline.com.br Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos II DIREITOS HUMANOS A N O TA ÇÕ ES • De ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua empregada durante o julgamento; • De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada. ���������������������������������������������������������������������������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Monti Favaro. A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material. Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos Professor: Luciano Favaro Direito à personalidade jurídica Todo o ser humano tem direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica. Direito à privacidade Ninguém poderá sofrer ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas honra e reputação. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas ingerências ou ofensas.Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino. Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião Os Estados Partes comprometem-se a respeitar a liberdade dos pais e, quando for o caso, dos tutores legais, de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias convicções. DIREITO À VIDA. TRANSFUSÃO DE SANGUE. (...). LIBERDADE DE CRENÇA RELIGIOSA E DIREITO À VIDA. IMPOSSIBILIDADE DE RECUSA DE TRATAMENTO MÉDICO QUANDO HÁ RISCO DE VIDA DE MENOR. VONTADE DOS PAIS SUBSTITUÍDA PELA MANIFESTAÇÃO JUDICIAL.(...) Conflito no caso concreto de dois princípios fundamentais consagrados em nosso ordenamento jurídico-constitucional: de um lado o direito à vida e de outro, a liberdade de crença religiosa. A liberdade de crença abrange não apenas a liberdade de cultos, mas também a possibilidade de o indivíduo se orientar segundo posições religiosas estabelecidas. No caso concreto, a menor autora não detém capacidade civil para expressar sua vontade. A menor não possui consciência suficiente das implicações e da gravidade da situação pata decidir conforme sua vontade. Esta é substituída pela de seus pais que recusam o tratamento consistente em transfusões de sangue. Os pais podem ter sua vontade substituída em prol de interesses maiores, principalmente em se tratando do próprio direito à vida. A restrição à liberdade de crença religiosa encontra amparo no princípio da proporcionalidade, porquanto ela é adequada à preservar à saúde da autora: é necessária porque em face do risco de vida a transfusão de sangue torna-se exigível e, por fim ponderando-se entre vida e liberdade de crença, pesa mais o direito à vida, principalmente em se tratando não da vida de filha menor impúbere (...). TRF-4 - AC: 155 RS 2003.71.02.000155-6, Relator: VÂNIA HACK DE ALMEIDA, Data de Julgamento: 24/10/2006, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 01/11/2006 PÁGINA: 686, Porto Alegre,RS Direito à opinião Ninguém poderá ser discriminado por suas opiniões. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão. Esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza, independentemente de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha. Direito à opinião O exercício à liberdade de opinião implicará deveres e responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para: – a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; – b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas. Proibição de propaganda de guerra Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da guerra. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou a violência. Direito de reunião e de associação O direito de reunião pacífica será reconhecido. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus interesses. Direito de reunião e de associação O exercício desses direitos estarão sujeitos apenas às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem pública, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. Família A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, contrair casamento e constituir família. Casamento algum será celebrado sem o consentimento livre e pleno dos nubentes. Família Os Estados Partes deverão adotar as medidas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o casamento e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que assegurem a proteção necessária para os filhos. Direito à criança Toda criança terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, sexo, língua, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer por parte de sua família, da sociedade e do Estado. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e deverá receber um nome. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. Direitos políticos Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer discriminação e sem restrições infundadas: – de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente escolhidos; – de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores; – de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país. Proibição da forma de discriminação A lei deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação. Minorias étnicas, religiosas ou linguísticas Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua. Suspensão de Direitos Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados Partes podem adotar, na estrita medida exigida pela situação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do Pacto, desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social. Suspensão de Direitos – Exemplo Art. 138 CF/88. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: IV - suspensão da liberdade de reunião; Suspensão de Direitos NÃO podem ser suspensos os seguintes direitos: – Direito à vida; – Proibição da tortura, penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes; – Proibição da escravidão e servidão; – Proibição da prisão civil; Suspensão de Direitos NÃO podem ser suspensos os seguintes direitos: –Direito à reserva legal (ninguém poderá ser condenado poratos omissões que não constituam delito de acordo com o direito nacional ou internacional, no momento em que foram cometidos); – Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica em qualquer lugar; – Direito à liberdade de pensamento, consciência e de religião. Suspensão de Direitos Os Estados Partes que fizerem uso do direito de suspensão devem comunicar imediatamente aos outros Estados Partes do Pacto, por intermédio do Secretário-Geral da ONU, as disposições que tenham suspendido, bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados partes deverão fazer uma nova comunicação, igualmente por intermédio do Secretário-Geral da ONU, na data em que terminar tal suspensão. Interpretação Nenhuma disposição do Pacto poderá ser interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar- se a quaisquer atividades ou praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limitações mais amplas do que aquelas nele previstas. Interpretação Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado Parte do presente Pacto em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau. Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais Professor: Luciano Favaro Histórico Histórico Findada a 2ª Guerra Mundial, institui-se, por meio da Carta das Nações Unidas, no ano de 1945, a Organização das Nações Unidas – ONU. Em 1948, a Assembleia Geral da ONU adotou e proclamou, mediante a Resolução 217 A (III), em 10 de dezembro, a Declaração Universal dos Direitos Humanos – DUDH. Histórico Em razão disso, no âmbito da Comissão de Direitos Humanos da ONU (atualmente Conselho), foram elaborados dois tratados que visaram atribuir conteúdo jurídico à Declaração Universal: – Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; – Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Histórico Esses Pactos foram adotados no âmbito da XXI Sessão da Assembleia Geral da ONU: – Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos foi adotado em 16 de dezembro de 1966; – Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi adotado em 19 de dezembro de 1966. Carta Internacional dos Direitos Humanos Esses dois Pactos junto com a Declaração Universal dos Direitos Humanos compõem a Carta Internacional dos Direitos Humanos (International Bill of Rights), a partir do qual se inaugurou o sistema global de proteção dos direitos humanos. Incorporação do Pacto ao ordenamento jurídico brasileiro Texto do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi aprovado pelo Congresso Nacional mediante Decreto Legislativo n. 226, de 12 de dezembro de 1991. Internacionalmente: Brasil depositou a carta de Adesão ao Pacto em 24 de janeiro de 1992 tendo entrado em vigor em 24 de abril de 1992. Internamente: Pacto foi promulgado mediante o Decreto n. 591, de 6 de julho de 1992. Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais Estrutura O Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais possui um preâmbulo. É composto por 31 artigos divididos em 5 partes. Enumera direitos da segunda geração de direitos humanos. Preâmbulo Os Estados Partes do presente Pacto, •Considerando que, em conformidade com os princípios proclamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, •Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa humana, •Reconhecendo que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, não se pode realizar o ideal do ser humano livre, liberto do terror e da miséria, a não ser que se criem condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, assim como dos seus direitos civis e políticos, • Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem, • Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reconhecidos no presente Pacto, Acordam o seguinte: Compromissos dos Estados-partes do Pacto Compromissos dos Estados-Partes do Pacto Adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas. Compromissos dos Estados-Partes do Pacto Garantir que os direitos enunciados no Pacto e exercerão sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação. Compromissos dos Estados-Partes do Pacto Os países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar que garantirão os direitos econômicos reconhecidos no Pacto àqueles que não sejam seus nacionais. Isonomia Assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos econômicos, sociais e culturais enumerados no Pacto. Limitações previstas em lei Os Estados Partes reconhecem que, no exercício dos direitos assegurados em conformidade com o Pacto pelo Estado, este poderá submeter tais direitos unicamente às limitações estabelecidas em lei, somente na medida compatível com a natureza desses direitos e exclusivamente com o objetivo de favorecer o bem-estar geral em uma sociedade democrática. Restrição ou suspensão dos direitos fundamentais NÃO se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer país em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau. Como tornar efetivos os direitos reconhecidos no Pacto? Os Estados Partes concordam em que as medidas de ordem internacional destinada a tornar efetivos os direitos reconhecidos no Pacto incluem, sobretudo, a conclusão de convenções, a adoção de recomendações, a prestação de assistência técnica e a organização, em conjunto com os governos interessados, e no intuito de efetuar consultas e realizar estudos, de reuniões regionais e de reuniões técnicas. Interpretação Nenhuma das disposições do Pacto poderá ser interpretada em detrimento do direito inerente a todos os povos de desfrutar e utilizar plena e livremente suas riquezas e seus recursos naturais. Interpretação Nenhuma das disposições do Pacto poderá ser interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou de praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos ou liberdades reconhecidos no Pacto ou impor-lhe limitações mais amplas do que aquelas nele previstas. Direitos enumerados no Pacto Direito à autodeterminação Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: III - autodeterminação dos povos. Direito à autodeterminação Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação
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