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Aula 03 Conhecimentos Específicos p/ TJ-SP (Assistente Social) Professor: Ana Paula de Oliveira Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 AULA 03: Políticas Públicas e Serviço Social/ Seguridade Social no Brasil (Saúde, Previdência e Assistência Social): relação Estado/sociedade / contexto atual e neoliberalismo/ Legislação social: Lei nº 8.212/1991, complementos e alterações (Lei Orgânica da Seguridade Social) / Lei nº 8.080/1990, complementos e alterações (Lei Orgânica da Saúde) / Lei nº 8.213/1991, complementos e alterações (Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências) / Lei nº 8.742/1993, complementos e alterações (Lei Orgânica da Assistência Social) SUMÁRIO PÁGINA 1. Introdução 2 2. As diferentes conceituações de políticas públicas. 3 2.1 O significado clássico da política 3 2.2 A política como política pública 3 2.3 Relação das Políticas Públicas com os Direitos de Cidadania 12 3. Política de Seguridade Social no Brasil: organização, 15 gestão, controle social e financiamento 3.1 Lei Orgânica da Seguridade Social 26 3.2 Lei Orgânica da Saúde 29 3.3 Lei 8213/1991 39 3.4 Lei Orgânica da Assistência Social 50 4. Classes subalternas e Assistência Social 61 5. Resumo d@ concurseir@ 65 6. Questões comentadas 79 7. Lista de questões 96 8. Gabarito 106 9. Indicação de conteúdo complementar 106 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Alun@! É muito importante que você se aproprie da discussão sobre políticas públicas, pois ainda retomaremos o conteúdo no decorrer do curso, ao tratarmos sobre interdisciplinaridade e redes, família, crianças e adolescente, idosos...Na verdade a discussão sobre políticas públicas perpassará muito de todo o conteúdo que ainda será estudado nas próximas aulas. 1. INTRODUÇÃO Car@ alun@! Nesta aula estudaremos a Seguridade Social no Brasil. Portanto, trataremos das políticas de Previdência, Assistência Social e Saúde a partir da Constituição Federal de 1988. Analisando a tendência da Vunesp podemos verificar que a banca privilegia, em suas questões, a Assistência Social. Por este motivo, você verá que nos debruçaremos muito mais no estudo dessa política. Estudaremos também conceituações mais gerais sobre a categorização de políticas públicas, e sua interface com o Serviço Social. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 107 0 5 29 7 0 3 3 6 08 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Para a aula dessa semana, além do conteúdo básico comumente utilizado nesse curso de conhecimentos específicos do Serviço Social, tomamos como referência as seguintes obras constantes do edital: 3. BAPTISTA, Myrian V. Algumas reflexões sobre o sistema de garantia de direitos. Revista Serviço Social e Sociedade. N. 109. São Paulo: Cortez Editora, 2012. 28. YAZBEK, Maria Carmelita. Classes Subalternas e Assistência Social. São Paulo, Cortez Editora, 8ª edição. Fôlego alun@! Pois o conteúdo é extenso, e não há como ser diferente. O nosso edital estabeleceu vários temas e bibliografias. Quando sentir-se cansado, não perca de visto seu objetivo!!!! Depois que tornar-se um assistente social do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, terá tempo e mais dinheiro para poder descansar (rs)! Por agora, foco!!!!! Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 2. As diferentes conceituações de políticas públicas Car@ alun@! Entramos agora numa discussão, no sentido pleno da palavra. A conceituação de política pública não é unanime entre os diferentes autores, mesmo dentro do Serviço Social. No nosso edital não há referência em um autor específico. Assim, para este curso tomamos como base os estudos da Professora Potyara Amazoneida, sobretudo em seu texto intitulado “Discussões conceituais sobre política social como política pública e direito de cidadania”. 2.1 O significado clássico da política O termo política tem origem grega. Era associado à pólis, isto é, à cidade, e indicava toda a atividade humana que tinha como referência a esfera social, pública e cidadã. Com o decorrer do tempo, o termo política foi perdendo seu sentido original e adquirindo várias conotações, mas sempre mantendo como centro da atividade política o Estado. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 a) A coerção pura e simples, como acontece nas ditaduras ou nos Estados restritos; e b) A política como instrumento de consenso, negociação e entendimento entre as partes conflitantes, usado nas democracias ou nos Estados ampliados. A política resulta do imperativo de convivência entre os homens, os quais, ao viverem em sociedade, passam a conflitar em decorrência de suas diferenças. Diante desses conflitos há, na história das sociedades modernas, duas principais formas de regulação social (Rua, 1998), a saber: A política, ao contrário da simples coerção, possibilita o exercício de procedimentos democráticos. Não estamos sendo ingênuos e inferindo que a política não implica na possibilidade de coerção. Entretanto, esta coerção está (ou deveria estar) circunscrita aos limites das leis legitimadas pela sociedade, e de princípios irrevogáveis (pelo menos deveriam ser), previamente fixados. Da mesma forma, o poder coercitivo do Estado, além de lhe ser delegado pela sociedade, deve ser também controlado por ela (controle democrático). Trata-se assim, a política, “de uma possibilidade de resolver conflitos sem a recíproca destruição Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 É por meio da luta política que a cidadania se amplia e amadurece. Oi? Perai professora, como é mesmo isso? 052 970 33608 É assim: a política pública é mais ampla. Política social é um dos gêneros de política pública. dos conflitantes e com ganhos expressivos em termos de convivência” (Nogueira, 2001, p.13/14). A política, dialeticamente, é uma arena de conflito de interesses. Contudo, é justamente por ser conflituosa (e contraditória), que a política permite a formação de contra poderes em busca de ganhos para a comunidade e de ampliação da cidadania. 2.2 A Política como Política Pública A Professora Potyara Pereira explica que a política, na sua configuração recente e restrita, tem a conotação de política pública, e tem a política social como uma espécie do gênero. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 A Policy Science destaca-se por não ter como objeto privilegiadoa estrutura dos governos, ou o comportamento dos atores políticos, e nem o que os governos podem ou não fazer, mas sim o que os governos efetivamente fazem. Por conseguinte, o objeto privilegiado desse ramo de conhecimento é a politica pública, assim como a dinâmica de sua formação e processamento. Com essa disposição, a policy science pretende não apenas se diferenciar dos tradicionais estudos políticos, mas também resgatar a relação orgânica entre teoria politica e prática política, sem cair na esterilidade dos estudos formais e legais (Howlett e Ramesh). Segundo Lasswell (apud Howlett e Ramesh), esse ramo de conhecimento tem três características principais: a) é multidisciplinar; b) é intervencionista; c) é normativa. A política pública faz parte do ramo de conhecimento denominado policy science, que, segundo Howlett e Ramesh (1995, p.2) surgiu nos Estados Unidos e na Europa, no segundo pós-guerra. Com o crescente distanciamento que se verificou entre prescrição e a ação dos Estados modernos, novas abordagens teóricas e metodológicas emergiram com o intuito de conciliar teoria e prática. Disso resultou a valorização da análise empírica das políticas realmente existentes para a construção de teorias. No contexto dessas mudanças e reorientações teóricas e metodológicas, várias abordagens se constituíram ou se reformularam. Vamos destacar aqui a Policy Science. Essa delimitação teórica não significa, porém, que haja unanimidade na definição do conceito de politica pública, na interpretação da sua dinâmica de constituição e processamento, e na Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 A que privilegia o Estado como produtor exclusivo de politica pública, a ponto de conceber o termo público como sinônimo do termo estatal; e A que privilegia a relação dialeticamente contraditória entre Estado e sociedade como o fermento da constituição e processamento dessa politica. Neste sentido, a politica publica não é só do Estado, visto que para sua existência, a sociedade também exerce papel ativo e decisivo. Preste atenção alun@! Pois este conteúdo costuma ser cobrado em forma de pegadinha. Política pública não é sinônimo de politica estatal!!!!! concepção da natureza da relação entre Estado e sociedade (requerida por essa dinâmica). Dentre as competitivas interpretações conhecidas, destacam-se duas: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br Quando se fala de política pública, estamos falando de um tipo de política cuja principal marca definidora é o fato de ser pública, isto é, de todos, orientada pelo interesse comum, e não porque seja estatal (do Estado) ou coletiva (de grupos particulares da sociedade) e muito menos individual. (PEREIRA, 2002) a) Constitui um marco ou linha de05297033608 orientação para a ação pública, sob a responsabilidade de uma autoridade também pública, sob o controle da sociedade; b) Visa concretizar direitos sociais conquistados pela sociedade e incorporados nas leis (materializados através de programas, projetos e serviços sociais) c) Guia-se pelo princípio do interesse comum, ou público, e da soberania popular; d) Deve visar à satisfação das necessidades sociais e não das necessidades do capital (Gough, 2003). Coisa (res) de todos (publica), que se pauta pelo interesse comum. É ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões do governo. O caráter público da política pública significa que ela é pautada em um conjunto de decisões e ações que resulta ao mesmo tempo de ingerências do Estado e da sociedade, apresentando as seguintes características (PEREIRA, 2002, p.98): 9 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br A palavra política, que compõe o termo política pública, tem uma conotação específica. Refere-se a medidas e formas de ação formuladas e executadas pelos Estados modernos, com vista ao atendimento de legítimas demandas e necessidades sociais. O estudo da política pública é também o estudo do Estado em ação (Meny e Toenig) nas suas permanentes relações de reciprocidade e antagonismo com a sociedade, a qual constitui o espaço privilegiado das classes sociais. No período posterior ao segundo pós-guerra, as políticas públicas, longe de serem receitas governamentais, resultaram de novas relações entre Estado e sociedade, em que os conceitos de justiça social e equidade tornaram-se menos abstratos, como já falamos no decorrer da aula. A Professora Potyara Pereira (2002, p.100/101) defende que duas são as principais funções da política pública: 10 de 107 a) Concretizar direitos conquistados pela sociedade e incorporados nas leis; e b) Alocar e distribuir bens públicos; Politica pública não significa só ação. Pode ser também não-ação intencional de uma autoridade pública frente a um problema ou responsabilidade de sua competência. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Neste sentido, a autora classifica as políticas públicas tendo como parâmetro os principais padrões de arenas de conflito em que a politica é produzida, associados à forma de regulamentação que resulta desses padrões. Assim, são basicamente quatro os tipos de política, a saber: a) Politica regulamentadora: politicas que “consistem em ditar as regras autoritárias que afetam o comportamento dos cidadãos” (Meny e Thoenig, p.99); b) Política constitutiva: ações que, basicamente, definem regras sobre normas ou o poder constituído. Além destes dois tipos, temos as políticas distributivas e redistributivas, que são muito cobradas nas provas de concursos. c) Política redistributiva: tem o objetivo de produzir um maior equilíbrio na distribuição de bens, ou seja, redistribuir a renda concentrada por classe social e reduzir a desigualdade social. Neste sentido, o poder público “dita critérios que dão acesso a vantagens a categorias de casos e sujeitos” em detrimento de outros; Ex: isenção de IPTU para pessoas de baixa renda. d) Política distributiva: Políticas que não incitam confrontos de interesses. Os governos retiram de um fundo público constituído com recursos arrecadados da população um montante para atender demandas e necessidades sociais pontuais. Este tipo de política não tem caráter universal. Ex: distribuição de cadeiras de rodas a pessoas com deficiência. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS – DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO 2.3 Relação das Políticas Públicas com os Direitos de Cidadania Vamos tratar agora de um tema muito debatido dentro do Serviço Social: OS DIREITOS DE CIDADANIA.Na maior parte das vezes, no entanto, de forma bem superficial.... Existem atualmente quatro gerações de direitos que, mais do que constituir uma classificação para fins analíticos, indicam um processo real de ininterruptos esforços da humanidade para conquistar direitos, transitando de valores liberais para social-democratas, de modo progressivo. Portanto, a história de conquista desses direitos é a história de sua expansão e fusão. E é isso que, de certa forma, torna a cidadania um processo paradoxal. É importante destacar que esta conceituação também não é inequívoca dentro das Ciências Sociais. Diferentes autores classificam a geração de direitos (ou as dimensões de direitos) de modo diferente. Vamos lá!!! Como demostrou T.H.Marshall (1967) os primeiros direitos conquistados foram os civis que, no século XVIII, inspiraram-se no ideário liberal. São direitos individuais de caráter negativo (pois preconizam a abstenção do Estado), relacionados à liberdade. Posteriormente, surgiram, no século XIX, os direitos políticos, que demarcaram a transição para as liberdades positivas (que exigem a atuação do Estado). Estes são os direitos de primeira geração. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 No século XX, surgiram os direitos econômicos, sociais e culturais, ou simplesmente os direitos sociais, referenciados no princípio da igualdade. São considerados direitos fundamentais de segunda geração, e tem como instituição responsável o Estado. Foi com o advento dos direitos sociais que as tensões entre princípios liberais e social-democratas se evidenciaram. Muitos adeptos da ideologia liberal, diante das mudanças estruturais impostas pelo segundo pós-guerra e da ameaça criada pelas conquistas operárias socialistas, preferiram encampar e regular os direitos sociais. Assim, a cidadania acabou por se constituir como uma fusão entre direitos individuais e sociais, em que os direitos civis constituem a base de sustentação e de ampliação dos direitos políticos e sociais, ao mesmo tempo em que são fortalecidos por eles. Esse processo tensionou, recriou e expandiu a cidadania, associando a ela novos temas e dimensões. Mas, no modo de produção capitalista, concretizá-la significa lutar permanentemente contra um problema que lhe é intrínseco: a divisão da sociedade em classes impõe diferenciações de acessos e usufrutos, submetendo o universalismo jurídico à lógica do mercado. (PEREIRA, 2002) No que diz respeito aos direitos sociais, o fato de eles dependerem de recursos para serem efetivados, impõe, às políticas públicas que devem concretizá-los, desafios reais. Por isso, contemporaneamente tais políticas (notadamente a social) devem se inscrever num quadro de mudanças que também preveja a recuperação e transformação do Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 107 DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Estado, tendo como horizonte uma estratégia que vá além dos direitos como postulação normativa respaldada no seguinte lema: que o livre desenvolvimento de cada um seja a condição do livre desenvolvimento de todos. (Marx e Engels, 1988, p.87) Na atualidade ganharam visibilidade os chamados direitos difusos, que, para muitos analistas, são extensões dos direitos sociais num mundo globalizado e tecnologicamente avançado. Relacionados aos valores da fraternidade e solidariedade, em tal categoria é difícil demarcar os titulares e a instituição que os defenderá, posto que nela se insere toda a humanidade, que tem direito, por exemplo, ao meio-ambiente, ao desenvolvimento, etc. Alguns teóricos classificam também os direitos de quarta geração, mas aqui vamos nos ater na definição acima, em consonância com os estudos da Professora Potyara Pereira (2002). Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 107 DIREITOS DIFUSOS – DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 3. POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL Tendo falado sobre direitos e cidadania, vamos localizar essa discussão agora aqui no Brasil. Em nosso país, a Constituição Federal de 1988 é um marco, no que tange aos direitos sociais. A chamada Constituição Cidadã foi promulgada em 05 de outubro de 1988. Por meio dela foi instituído um sistema de proteção social sem precedentes na história do Brasil, “[…] abarcando os direitos e garantias fundamentais de uma forma moderna e abrangente, protegendo, assim, os direitos individuais, civis e políticos, e os direitos coletivos e sociais, como os direitos dos trabalhadores e os direitos à saúde, à educação, à moradia e ao lazer” (AITH, 2007, p. 79) Em relação aos direitos sociais, os avanços e contribuições da CF/1988 são inegáveis. A referida legislação traz um capítulo próprio para esse tema (Capítulo II, arts. 6o a 11). Vale o destaque do artigo 6o (BRASIL, 1988): São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional 90/2015). O sistema de proteção, presente na Carta Magna e de expressiva relevância, encontra-se no Título VIII, o qual dispõe sobre o conceito de seguridade social. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Conforme o Art. 194, a seguridade social brasileira “[…] compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Essas três políticas não foram eleitas aleatoriamente pelo legislador constituinte. Antes, são políticas complementares, as quais têm por finalidade “[…] a garantia de certos patamares mínimos de vida da população, em face de reduções provocadas por contingências sociais e econômicas”. (SIMÕES, 2008, p. 100) É importante lembrar alun@ que no cenário internacional, em contexto de aprofundamento da crise do capital, a ideologia neoliberal ganha forças, ou seja, a busca por direitos sociais estava em dissonância com os rumos do desenvolvimento do capitalismo. Desta feita, Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 107 CF/1988 に Artigo 194 に Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência Social) Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 concomitantemente à proposta de garantia de direitos sociais universais básicos, o texto da Constituição chamada “Cidadã” traz incoerências e contradições quanto à concepção de Seguridade Social. A Professora Maria Lucia Lopes da Silva (2011, p. 98) afirma que “[…] o significado da Seguridade Social na Constituição de 1988 é a expressão da correlação de forças que se estabeleceu naquele contexto singular e histórico do Brasil”. Aautora ainda acrescenta: […] a seguridade social configurada na Constituição Federal de 1988 enseja um sistema de proteção social amplo e articulado, e responsabiliza o Estado e a sociedade pela sua estruturação e sustentação. Esse significado é fortalecido pelos objetivos que orientam a sua organização e pelo formato de financiamento, destinação e aplicação de recursos que lhe foi conferido (SILVA, 2011, p. 100). O conceito de Seguridade Social, conforme introduzido na CF de 1988, incorpora o tripé do direito à Saúde, de forma universal (art. 196); à Previdência Social, o direito de seus contribuintes (art. 201); e à Assistência Social, o direito de quem dela necessite (arts. 203 e 204). Para fixar: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 107 052 970 336 08 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 De acordo com Boschetti (2006, p. 161): […] a previdência se manteve como contrapartida do trabalho e/ou da contribuição direta. A assistência social, por sua vez, foi direcionada restritivamente aos pobres excluídos do trabalho e aos incapazes de trabalhar. Diferentemente dessas duas políticas, a saúde foi o único direito assegurado incondicionalmente como derivado da cidadania, ou seja, nem determinado pela inserção no sistema produtivo, nem concedido em função de critérios de baixa renda. O Texto Constitucional estabelece a competência do poder público na organização da Seguridade Social, com base nos seguintes objetivos: universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade na forma de participação no custeio; diversidade da base de financiamento; caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do governo, nos órgãos colegiados (BRASIL [CF/1988], 2008, art. 194, § único). Esses objetivos são manifestos e aplicados em graus e maneiras distintas pelas três políticas que a compõem. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 No que diz respeito à saúde, a CF de 1988 estabelece, no artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Em 1990, é instituído o Sistema Único de Saúde (SUS), pela Lei 8.080/1990, que dispõe sobre a organização e o funcionamento dos serviços de saúde; unifica o sistema e descentraliza a gestão, e é regulamentada pelo Decreto Presidencial 7508/2011. Trataremos desta legislação de modo mais aprofundado, ainda nessa aula!! Sobre a Assistência Social, preconiza, conforme o artigo 203 da CF de 1988 (BRASIL, 1988): A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente da contribuição à seguridade socia 05297033608 l, e tem por objetivos: I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; III – a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 107 SAÚDE ASSISTÊNCIA SOCIAL Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 No ano de 1991, o primeiro Projeto de Lei (3.099/1989) de regulamentação da Assistência Social, elaborado pelo deputado Raimundo Bezerra, é vetado na íntegra pelo então Presidente Fernando Collor de Melo. Somente em 1993, com a aprovação da Lei 8.742, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a área é regulamentada, e a Assistência Social passa a ser entendida como um direito de todo cidadão que dela necessitar, e dever do Estado. Também apresentaremos com detalhes as disposições da LOAS! Porém, essa nova concepção da política de Assistência Social como direito enfrenta obstáculos para sua real efetivação. Dentre os avanços e contribuições que a lei traz, ressalta-se, de acordo com Pereira (1998), o privilégio do status de cidadania sobre o de contrato; o estabelecimento de mínimos sociais como direito de todos. A legislação preconiza ainda a participação da sociedade civil, o que implica, entretanto, um aumento da caridade privada, e a marginalização do estatuto da cidadania, num movimento de desconstrução do direito adquirido. O esvaziamento do setor público acarreta um retrocesso histórico em que se dá o retorno à família e aos órgãos da sociedade civil sem fins lucrativo como agentes do bem-estar social. Reconhecidamente, família e sociedade civil representam importantes atores no enfrentamento da questão social, porém, o entrave dessa questão está em seu caráter substitutivo dos serviços públicos e não em seu caráter complementar (PEREIRA, 1998). No que diz respeito à Previdência Social, a CF de 1988 preconiza, em seu artigo 201: Os planos de previdência social, mediante contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 107 PREVIDÊNCIA SOCIAL Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes de acidente de trabalho, velhice e reclusão; ajuda à manutenção dos dependentes de segurados de baixa renda; proteção ao trabalhador em situações de desemprego involuntário; pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge, companheiro e dependentes. (BRASIL, CF de 1988) De acordo com Silva (2011, p. 97), o referido diploma legal estabelece avanços para a área da Previdência Social, dentre os quais se destacam a ampliação da cobertura, a irredutibilidade do valor dos benefícios, que passam a ter o piso vinculado ao salário-mínimo; o direito de participação de qualquer cidadão no sistema mediante contribuição direta, e não somente por exercício do trabalho assalariado. A CF de 1988 deixa dúvidas quanto ao que seria Previdência Social. Todavia, a partir da contrarreforma de 1998, fica estabelecido que a Previdência Social que compõe a Seguridade Social é aquela que se organiza sob a forma do Regime Geral de Previdência Social (RGPS - CF de 1988, art. 201, em vigor) que abrange os trabalhadores regidos pela CLT, bem como servidores públicos civis e militares, do Distrito Federal, dos estados e municípios em que os Regimes Próprios de Servidores Púbicos não estão organizados, entre outros trabalhadores. Conceitualmente, há uma unidade entre as três áreas que compõem a Seguridade Social, porém, como aponta Cabral (2000), a política traçadapara cada uma dessas áreas, sua administração e execução têm ocorrido de maneira fragmentada. As três áreas não estão agregadas a uma mesma instituição e dificilmente Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 partilham de planos e projetos comuns. Por isso, segundo Boschetti (2009), a Seguridade Social no Brasil qualifica-se como um sistema híbrido, que associa direitos derivados do trabalho (previdência), com direitos universais (saúde) e seletivos (assistência social). Em detrimento de uma concepção universal de Seguridade Social, Boschetti (2008, p.7) afirma que, desde a implantação das primeiras legislações sociais no Brasil, que regulavam as relações de produção e trabalho, “[…] é possível identificar a construção de um desenho, ainda embrionário, de um sistema de proteção social baseado na lógica do complexo previdenciário-assistencial […]”, que estabeleceu uma relação contraditória entre previdência e assistência social. A primeira é destinada àqueles capazes de trabalhar e a última àqueles tidos como incapazes de realizar atividade laborativa, característica esta que se mantém até os dias atuais. Tais críticas encontram repercussão nas análises de Mota (2010, p. 133-134), quando argumenta que as políticas componentes do sistema de Seguridade Social no Brasil: […] longe de formarem um amplo e articulado mecanismo de proteção, adquiriram a perversa posição de conformarem uma unidade contraditória: enquanto avançam a mercantilização e a privatização das políticas de saúde e previdência social, restringindo o acesso e os benefícios que lhes são próprios, a assistência social se amplia na condição de política não contributiva, transformando-se num novo fetiche de enfrentamento à desigualdade social. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Assim, diante da característica inerente ao sistema capitalista, da impossibilidade de garantir o direito ao trabalho a todas as pessoas, o Estado, por meio da assistência social, atende também aos pobres que estão aptos para trabalhar, mas não conseguem se inserir no mercado de trabalho, ou o fazem de maneira precária, sem garantia de rendimento mínimo para suas necessidades básicas, invocando, portanto, a política de assistência social como solução para combater a pobreza e enfrentar a desigualdade social (MOTA, 2010). Sobre o panorama da Seguridade Social no Brasil, Silva (2011, p.104-105) conclui que, desde sua construção, seu desenho […] está sendo progressivamente modificado, de forma regressiva em relação aos direitos e ao alcance social […] No rol dos fatores limitadores de implementação da seguridade social, conforme inscrita na Constituição Federal de 1988 inclui-se a condição contemporânea do trabalho, marcada pelo desemprego maciço e prolongado, as relações de trabalho precarizadas e o crescimento gigantesco da chamada economia informal. Além disso, incluem-se: as orientações macroeconômicas hegemônicas nas últimas décadas que favorecem o capital, fortalecendo o comando central da acumulação sob a regência do capital portador de juros; a crescente cooptação dos movimentos sociais pelas forças políticas no poder; o arrefecimento das lutas sindicais […] a não elaboração e execução do orçamento único de seguridade social da forma recomendada constitucionalmente, e outros aspectos vitais à sua conformação como um sistema amplo e coeso de proteção social. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 107 ASSISTÊNCIA SOCIAL Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Portanto, verifica-se que, a partir da década de 1990, o Estado brasileiro inicia um período de contrarreforma, delineado pelo avanço neoliberal, que busca reduzir os avanços da área de Seguridade Social aprovados na CF de 1988 (BOSCHETTI, 2006). Sob os argumentos de crise fiscal do Estado, o governo adota uma política econômica orientada pela busca do superávit primário – com contingência de recursos públicos, Desvinculação das Receitas da União (DRU), corte dos gastos em políticas sociais, aspectos que propiciam a expansão de espaços de acumulação do capital, com a privatização das políticas de saúde e previdência, e notória expansão da assistência social, notadamente direcionada ao combate da extrema pobreza, em consonância com os ditames de organismos internacionais (SITCOVSKY, 2010). Esse panorama, no entanto, não afasta a perspectiva de que a Seguridade Social, como afirma Silva (2011 p. 105-106) […] constitui um campo de luta dos trabalhadores. Ela atua no âmbito da redução das desigualdades sociais, e, nesta condição, é espinha dorsal do sistema de proteção social no Brasil […] Assim, como um campo de lutas, “a seguridade social não é vista como um fim, mas como via de ingresso ou de transição a um padrão de civilidade, que começa pela garantia de direitos no capitalismo, mas que não se esgota nele Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 (BOSCHETTI, Nov. 2007, p.37). Não obstante, nos marcos do capitalismo, a luta pela universalização da seguridade pressupõe, entre outras coisas, 1) “a defesa da assistência social como direito, e não como substitutivo paliativo do trabalho e do emprego” (BOSCHETTI, maio 2009, p. 43); 2) a defesa da saúde pública acessível a todos os brasileiros; 3) a defesa da política de previdência social como uma política de proteção às diferentes formas de trabalho, apoiada em um “contrato social” solidário, para o qual cada um contribui de acordo com suas condições, e usufrui os benefícios, conforme suas necessidades. Destaca-se, em consonância com esses pressupostos, a defesa da Carta de Maceió intitulada Seguridade Social Pública: É Possível, elaborada pelo conjunto Conselho Federal de Serviço Social/Conselho Regional de Serviço Social (Cfess/Cress), representando a categoria de assistentes sociais brasileiros. O documento em questão reconhece os avanços da CF de 1988 no que diz respeito à seguridade social no Brasil. Entretanto, ao reafirmar a concepção de Seguridade Social “[...] entendida como um padrão de proteção social de qualidade, com cobertura universal para as situações de risco, vulnerabilidade ou danos dos cidadãos brasileiros” (CFESS, 2000, p. 1), aponta para a necessária incorporação de outras políticas sociais, como educação, habitação, cultura, para que a Seguridade Social se constitua como “[...] um verdadeiro padrão de proteção social no Brasil” (CFESS, 2000) que reafirme a universalização dos direitos sociais. LEGISLAÇÃO SOCIAL Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 107 Car@ alun@! Agora vamos estudar as legislações das políticas de seguridade social. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 3.1 Lei nº 8.212/1991 – Lei Orgânica da Seguridade Social Essa lei não costuma ser muito pedida nos certames, mas é bom que você tenha conhecimento sobre seu conteúdo.A Lei Orgânica da Seguridade Social, decretada em 24 de julho de 1991, dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Assim, no Artigo 1º da Lei conceitua-se a Seguridade Social como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Os Títulos II, III e IV da Lei tratam, respectivamente, da Saúde, da Previdência Social e da Assistência Social. Como na sequência da aula iremos nos ater a cada uma das legislações específicas destas áreas, optamos por não trazer o conteúdo neste momento. Em sequência, a lei trata sobre: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 107 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA SEGURIDADE SOCIAL: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios; e) eqüidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento; g) caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados. 052 970 336 08 ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL: Sistema Nacional de Seguridade Social - organiza as ações nas áreas de Saúde, Previdência e Assistência Social; Propostas Orçamentarias - elaboradas por Comissão integradas por 3 (três) representantes, sendo um da área da Saúde, um da área da Previdência e um da área da Assistência Social. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 107 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL: Financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, por meio de recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais; Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; b) as dos empregadores domésticos; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de- contribuição; d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; Car@ alun@ Não deixe de ler a Lei Orgânica da Seguridade Social!!! Aqui trouxemos apenas os principais pontos!!! Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 3.2 Lei nº 8.080/1990 – Lei Orgânica da Saúde (LOS) Em 19 de setembro de 1990 foi decretada a Lei Orgânica da Saúde (LOS), que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, bem como sobre outras providências. De modo geral, os Artigos 1º, 2º e 3º, constantes no Título I, tratam da disposição preliminar e das disposições gerais. No que se refere à primeira, a lei regulamenta as ações e serviços de saúde para todo o território nacional. Já as disposições gerais definem a saúde como direito fundamental, e dever do Estado. Outrossim, dispõe que este dever das esferas estatais não exclui a responsabilidade das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. Assim, cabe ao Estado o provimento das condições indispensáveis ao pleno exercício da saúde, por meio da formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de danos e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. No Artigo 3º aparece uma ideia fundamental, qual seja: os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do país, tendo como: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 107 SAÚDE に DIREITO FUNDAMENTAL に DEVER DO ESTADO Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 107 Neste sentido, essas ações e serviços de saúde são organizados por meio de um Sistema Único de Saúde (SUS), composto por órgãos e instituições federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e as fundações mantidas pelo Poder Público. Em suma, o Título II da Lei, trata dos objetivos e atribuições; dos princípios e diretrizes; da organização da direção e da gestão; da competência e das atribuições; dos subsistemas de atenção; da assistência terapêutica e da incorporação da tecnologia em saúde. OBJETIVOS DO SUS: I – a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II – a formulação de política de saúde destinada a promover redução de danos e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a promoção, proteção e recuperação. III - assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada de ações assistenciais e das atividades preventivas. Determinantes e condicionantes da saúde: a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 CAMPO DE ATUAÇÃO DO SUS: I – a execução de ações: a) de vigilância sanitária; b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador; e d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; II – a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; III – a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; IV – a vigilância nutricional e a orientação alimentar; V – a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; VI – a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; VII – o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias para a saúde; VIII – a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; IX – a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; X – o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; XI – a formulação e execução da política de sangue e seus derivados. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da red 05297033608 e de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E GESTÃO DO SUS: as ações e serviços de saúde são organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente; a direção do SUS é única e em cada esfera de governo é exercida da seguinte forma: I – no âmbito da União – Ministério da Saúde; II – no âmbito dos Estados e Distrito Federal – Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; III – no âmbito dos municípios – Secretaria de Saúde ou órgão equivalente. Os municípios poderão constituir consórcios administrativos intermunicipais para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam; Criação de Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior; Criação de Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite - foros de negociação e pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS), com os seguintes objetivos: I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e administrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com a definição da política consubstanciada em planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde; II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à integração das ações e serviços dos entes federados; III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integração de territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os entes federados. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES: Este capítulo da LOS dispõe sobre as competências e atribuições de cada esfera de governo, isto é, da União, dos Estados e dos Municípios. As atribuições comuns estão dispostas no Artigo 15º – Vale a pena você dar uma olhada! Na sequência, especificamente nos Artigos 16º, 17º e 18º, constam as competências de cada uma das esferas. Para que você possa entender melhor, vamos trazer algumas delas, mas, lembre-se: É importante que você leia a LOS! Competências da União: - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; - participar na formulação e na implementação das políticas de controle das agressões ao meio ambiente; de saneamento básico; e relativas às condições e aos ambientes de trabalho; - definir e coordenar os sistemas de redes integradas de assistência de alta complexidade; de redes de laboratórios de saúde pública; de vigilância epidemiológica; e vigilância sanitária - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador; - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica; - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano; - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde; - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional; Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES: Competências do Estado: - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde; - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS); - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde; - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços: de vigilância epidemiológica; de vigilância sanitária; de alimentação e nutrição; e de saúde do trabalhador; - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico; - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho; - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional; - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa; - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde; - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos e substânciasde consumo humano; - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES: Competências do Município: - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual; - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho; - executar serviços: de vigilância epidemiológica; vigilância sanitária; de alimentação e nutrição; de saneamento básico; e de saúde do trabalhador; - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde; - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para controlá-las; - formar consórcios administrativos intermunicipais; - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; - celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde; - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Os capítulos V, VI e VII da LOS tratam dos Subsistemas que compõem o SUS, isto é, o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, no qual estão contemplados os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração institucional às população indígenas; o Subsistema de Atendimento e Internação Domiciliar, realizados por equipes multidisciplinares que atuam nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora; o Subsistema de Acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós- parto imediato, que obriga os serviços de saúde a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. No capítulo VIII a LOS define o que é a assistência terapêutica integral e a incorporação da tecnologia em saúde. Para nós, assistentes sociais, sobretudo para você que almeja inserção na Defensoria Pública, é importante se ater ao primeiro ítem, pois, define como assistência terapêutica integral a dispensação de medicamentos e produtos de interesse à saúde, bem como a oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar. No Título III a Lei Orgânica dispõe sobre os serviços privados de assistência à saúde. Lembre-se que a iniciativa privada pode participar do SUS, em caráter complementar. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 107 Produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas coletoras e equipamentos médicos Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Outro ponto importante diz respeito ao Financiamento, constante no Título V. De acordo com a LOS, os recursos provêm do orçamento da seguridade social, considerando as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentária; dos serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saúde; da ajuda, contribuições, doações e donativos; das alienações patrimoniais e rendimentos de capital; das taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e das rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. A Lei ainda dispõe que os recursos do SUS devem ser depositados em conta especial, para cada esfera de sua atuação, e movimentados sob a fiscalização dos respectivos Conselhos de Saúde. Para o estabelecimento dos valores a serem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, utiliza-se a combinação dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas e projetos: I - perfil demográfico da região; II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior; V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais; VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede; VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União 3.3 Lei nº 8.213/1991 (Plano de Benefícios da Previdência Social) A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Na sequência apresentaremos os conteúdos mais pedidos nas provas de concursos!!! FINALIDADE DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Assegurar aos seus beneficiários, por intermédio de contribuição, os meis indispensaveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 107 Car@ alun@ Não deixe de ler a LOS!!! Aqui trouxemos apenas os principais pontos!!! Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL: Regime Geral da Previdência Social (RGPS): operacionalizado pelo INSS. Garante a cobertura das situações de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 107 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: I - universalidade de participação nos planos previdenciários; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios; IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente; V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lheso poder aquisitivo; VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo; VII - previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional; VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 morte daqueles de quem dependiam economicamente, exceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador; Regime Próprio de Previdência social: destinado a servidores públicas da esfera federal, estadual ou municipal. Regime Facultativo Complementar de Previdência Social: objeto de lei específica. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) Benefíciários: segurados e dependentes Quem são os segurados? O empregado; O empregado doméstico; O contribuinte individual; O trabalhador avulso; O segurado especial; O segurado facultativo IMPORTANTE: O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social, desde que amparados por regime próprio de previdência social. Quem são os dependentes? Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; os pais; o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave. BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Atualmente, a Previdência Social operacionaliza a concessão das seguintes modalidades de benefícios para os seus segurados e dependentes: Aposentadoria por idade (urbana e rural): concedida ao trabalhador urbano aos 65 anos (para homens) e aos 60 anos (para mulheres), desde que tenham o mínimo de 180 contribuições válidas; e ao trabalhador rural, aos 60 anos (se homem) e aos 55 anos (se mulher), desde que tenha período de 180 meses de atividade rural comprovada. Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência: benefício Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 107 O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho, mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica; Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 aprovado pela LC 142, de 8 de maio de 2013, que prevê o direito à aposentadoria com tempo de contribuição reduzido ao trabalhador que cumprir os seguintes requisitos: 1) ter idade de 60 anos (homem) ou 55 anos (mulher); 2) carência mínima de 180 meses de contribuição; 3) 180 meses de contribuição na condição da pessoa com deficiência e; 4) comprovação da condição de pessoa com deficiência na data de entrada do requerimento ou da implementação dos requisitos para o benefício. A referida lei considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, impossibilitem que a pessoa participe de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas que não possuem tal impedimento. Aposentadoria por invalidez: devida ao trabalhador que for considerado, pela perícia médica do INSS, incapacitado para exercer sua atividade laborativa habitual, respeitados os prazos de carência. Aposentadoria por tempo de contribuição (urbana e rural): benefício pago ao trabalhador que comprovar carência (idade mínima de 48 anos para mulher e 53 anos para o homem) e tempo mínimo de contribuição (a partir de 15 anos). Para ter acesso à aposentadoria integral deve ser respeitado o período de 35 anos de contribuição para o homem, e 30 anos para a mulher. Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência: tem direito a pessoa com deficiência segurada da previdência social, observadas as seguintes condições: 1) 25 anos de tempo de contribuição na condição de deficiente, se homem, e 20 anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; 2) Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 aos 29 anos de tempo de contribuição, na condição de deficiente, se homem, e 24 anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; 3) aos 33 anos de tempo de contribuição na condição de deficiente, se homem, e 28 anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve; 4) carência de 180 meses de contribuição; e 5) comprovação da condição de pessoa com deficiência na data da entrada do requerimento ou na da implementação dos requisitos para o benefício. A constatação da deficiência é realizada por meio de avaliações médica e social de perícia própria do INSS, para fins de definição da deficiência e do grau de impedimento, que pode ser leve, moderado ou grave, conforme especificado no art. 3o da LC 142/2013. A referida lei considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, impossibilitem que a pessoa participe de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas que não possuem tal impedimento. Conforme definido no Decreto 8.142/2013, o benefício somente será concedido se o segurado estiver na condição de deficiente no momento do requerimento, ou quando tiver completado os requisitos mínimos exigidos. O marco inicial para a análise do direito adquirido é a vigência da LC 142/2013 e do art. 70-A do Decreto 8.145/2013. Aposentadoria especial: concedida ao segurado que comprovar, além do tempo de contribuição, exposição habitual e permanente a agentes químicos, físicos ou biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos). Auxílio-doença previdenciário: benefício concedido ao segurado que fique impedido de trabalhar por mais de 15 dias consecutivos Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 em decorrência de doença ou acidente de trabalho ou de qualquer outra natureza. Auxílio-acidente: beneficio de caráter indenizatório devido ao trabalhador empregado, avulso ou segurado especial que recebia auxílio-doença em decorrência de um acidente de trabalho, e tenha permanecido com sequelas que reduzam sua capacidade laborativa. Salário-maternidade(urbano e rural): concedido à trabalhadora segurada, urbana ou rural, que se encontre afastada de suas atividades laborais cotidianas em decorrência de parto, aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial para fins de adoção, respeitado o tempo de carência, quando necessário. Observação: O benefício será devido ao adotante do sexo masculino, para adoção, ou guarda para fins de adoção, ocorrida a partir de 25 de outubro de 2013, data de publicação da Lei 12.873/2013. A partir de 23 de janeiro de 2013, data da vigência do art. 71-B da Lei 8.213/1991, fica garantido, no caso de falecimento da segurada ou segurado que tinha direito ao recebimento de salário-maternidade, o pagamento do benefício ao cônjuge ou companheiro(a), desde que este também possua as condições necessárias à concessão do benefício em razão de suas próprias contribuições. Salário-família: benefício concedido aos trabalhadores empregados, avulsos ou rurais, com o objetivo de auxiliar no sustento dos filhos, ou equiparados de qualquer condição (sob guarda, por exemplo), de até 14 anos de idade incompletos ou inválidos, independentemente de carência e desde que o salário de contribuição seja inferior ao igual ao limite máximo permitido. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Para fins de recebimento do benefício, o valor máximo do salário de contribuição do segurado deverá ser igual ou inferior ao valor de R$ 1.212,64 (atualizado de acordo com a Portaria Interministerial MTPS/MF 1/8/2017). Os dois próximos benefícios são garantidos exclusivamente aos dependentes dos segurados: Auxílio-reclusão: concedido aos dependentes do segurado considerado de baixa renda que for recluso em regime fechado ou semiaberto, ainda que não prolatada a sentença condenatória; ou tenha sido internado em estabelecimento de cumprimento de medida socioeducativa (para segurados entre 16 e 18 anos), sob custódia do Juizado da Infância e Juventude. O benefício perdura enquanto o segurado estiver preso, e só deverá ser pago se o segurado presidiário não estiver recebendo salário de empresa, auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço. Para fins de recebimento do benefício, é considerada pessoa de baixa renda o segurado que tenha salário de contribuição mensal igual ou inferior ao valor de R$ 1.292, 43 (atualizado de acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF 01/01/2017)1. Pensão por morte: destinada aos dependentes do segurado trabalhador ou aposentado que tenha falecido. Para recebê-la, deve ser comprovada a qualidade de segurado. O número de contribuições do segurado, o tempo do casamento ou da união estável antes de seu falecimento, e a idade do(s) dependentes(s) determinará o período pelo qual o benefício será pago, conforme Lei n.13.135, de 17 de junho de 2015. 1 A atualização dos valores do teto do salário de contribuição para fins de recebimento dos benefícios auxílio-reclusão e salário-família é realizada anualmente, conforme a Lei 8.213/1991. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 Seguro - desemprego do pescador artesanal: Também conhecido como “seguro-defeso”, o seguro-desemprego do pescador artesanal é uma assistência financeira temporária concedida aos pescadores profissionais artesanais que, durante o período de “defeso”, são obrigados a paralisar a sua atividade para preservação da espécie. Para ter direito o pescador deve comprovar que exerce a pesca de maneira ininterrupta, seja sozinho ou em regime de economia familiar. Pecúlio: O pecúlio é um benefício extinto em 16/04/1994, que consiste na devolução em cota única das contribuições efetuadas para o INSS pelo cidadão que permaneceu em atividade após ter se aposentado. Os valores a serem devolvidos terão como data limite 15/04/1994, véspera da lei 8.870, que extinguiu este benefício para os aposentados por idade e tempo de contribuição. Pensão especial por hanseníase: É um benefício devido às pessoas atingidas pela hanseníase, que tenham sido submetidas a isolamento e internação compulsórias em hospitais-colônias até 31 de dezembro de 1986. Trata-se de uma pensão mensal, vitalícia e intransferível. O INSS realiza apenas o pagamento deste benefício, mas não determina as regras de concessão nem analisa os pedidos. O requerimento dever ser enviado por correio à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH). Pensão especial da síndrome da talidomida: Benefício especifico aos portadores da Síndrome da Talidomida nascidos a partir de 1º de março de 1958, data do início da comercialização da droga denominada Talidomida no Brasil. Trata-se de uma pensão especial, mensal, vitalícia e intransferível. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 107 Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 O INSS operacionaliza também a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para a pessoa com deficiência e idoso, normatizado pela Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, Lei 8.742/1993, e regulamentado pelos Decretos 6.214 (26/9/2007), 6.564 (12/8/2008) e 7.617 (17/11/2011), sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social. O BPC constitui-se como não contributivo, de caráter pessoal, intransferível, não vitalício, que consiste numa transferência de renda no valor de um salário-mínimo ao idoso com 65 anos ou mais e à pessoa com deficiência que tem impedimentos de longo prazo, de acordo com avaliação social e médica de equipe técnica do INSS. O requerente do benefício precisa ainda comprovar que não possui meios de prover sua própria manutenção ou tê-la provida por sua família, devendo perfazer renda familiar per capita inferior a ¼ de salário-mínimo. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 107 Benefícios dependentes: da Previdência Social para os segurados e seus Segurados: Aposentadoria05297033608 por idade (urbana e rural); aposentadoria por idade da pessoa com deficiência; aposentadoria por invalidez; aposentadoria por tempo de contribuição (urbana e rural); aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência; aposentadoria especial; auxílio-doença previdenciário; auxílio-acidente; salário-maternidade (urbano e rural); e salário- família, além das pensões de natureza especial. Dependentes: Auxílio-reclusão e pensão por morte. Conhecimentos Específicos para o TJƒSP Teoria e exercícios comentados Profa. Ana Paula に Aula 03 SERVIÇOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: Perícia Médica: tem por finalidades precípuas a execução e o controle das atividades médico-periciais necessárias para avaliar a capacidade laborativa, em face das situações previstas em lei (Orientação Interna 79 INSS/DRRH, DIRBEN de 11/08/2003, que institui o Manual de Perícia Médica do INSS). Serviço Social: atividade realizada por assistentes sociais que contribui para viabilizar o acesso dos cidadãos aos direitos assegurados na política de Previdência Social, bem como para potencializar a articulação dessa política com as demais políticas sociais na garantia dos direitos sociais da população (Resolução 203/ PRES/INSS, 29/5/2012, que
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