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Processo Penal Provas Penais

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TEORIA GERAL DA PROVA
CONCEITO: “São os instrumentos aptos a formar
a convicção do juiz quanto à existência ou não
de de uma situação fática”.
⚫ PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PROVA
1) PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE PELO JUIZ
⚫ Também chamado de Princípio da Verdade Material
ou da Verdade Real, já que no processo penal, ao
contrário do processo civil, a condenação só pode vir
através de fato realmente provado. Há a revelia no
processo penal, mas não tem os mesmos efeitos do
processo civil, já que a ausência de defesa por parte do
réu não se faz presumir serem os fatos imputados
contra ele, remanescendo a obrigação da acusação de
provar, decorrência do Princípio da presunção de
inocência.
2) PRINCÍPIO DA LIBERDADE DAS PROVAS
⚫ “No processo penal podem ser utilizados
quaisquer meios de prova, ainda que não
especificados na lei, desde que não sejam
inconstitucionais, ilegais ou imorais”
⚫ Diante deste princípio, há duas espécies de
provas:
a) Provas NOMINADAS: São aquelas previstas
expressamente no CPP. Exs: Exame de corpo
de delito, oitiva de testemunhas, interrogatório.
b) Provas INOMINADAS: São aqueles que NÃO
estão previstas no CPP, mas PODEM ser
utilizadas.
⚫ EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE DAS PROVAS
a) Em relação ao estado das pessoas, a prova deve observar
as restrições estabelecidas na lei civil – artigo 155 § único do
CPP. Exs: Idade, estado civil, óbito.
b) Certas pessoas são proibidas de depor, nos termos do art.
207 do CPP. Pessoas que em razão de FUNÇÃO,
MINISTÉRIO, OFÍCIO ou PROFISSÃO tomaram
conhecimento de algum fato, só podem sobre ele depor se
DESOBRIGADOS PELA PARTE INTERESSADA.
OBS: Advogado – Ainda que desobrigado pela parte
interessada, NUNCA poderá depor sobre fato que tomou
conhecimento no exercício da advocacia.
3) PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE
⚫ De acordo com esse princípio, o acusado NÃO É
OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO.
⚫ Abrangência do princípio:
a) Direito ao silêncio – Previsto no art. 5º inciso LXIII da CF. A
CF fala no direito do PRESO, mas deve-se interpretar de
maneira extensiva, abrangendo SUSPEITOS, INDICIADOS,
ACUSADOS ou mesmo CONDENADOS.
Testemunha tem direito ao silêncio? NÃO, sob pena de
responder por falso testemunho, já que a testemunha tem a
obrigação de dizer a verdade. Porém, se de suas respostas
puder resultar uma autoincriminação, também estará
protegida pelo direito ao silêncio.
Gravações feitas pela imprensa ou de conversa
informal do preso com os policiais, SEM A
ADVERTÊNCIA FORMAL QUANTO AO
DIREITO AO SILÊNCIO, torna ILÍCITA a prova
que contra si produza o acusado.
O juiz JAMAIS poderá fundamentar a sentença
condenatória com base no silêncio, uma vez
que este é garantia fundamental prevista
expressamente na CF, ou seja, não existe, em
processo penal, a regra do “quem cala
consente”.
b) Direito de não praticar qualquer
comportamento ATIVO que possa incriminá-lo.
Assim, o acusado não é obrigado a participar de
reconstituição do crime, p. ex. Entretanto, é
obrigado a participar de reconhecimento
pessoal, já que este não envolve nenhum
comportamento ativo.
c) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora
que envolva o seu corpo humano, ou seja, produzir
qualquer PROVA INVASIVA, que é a prova que
implique na utilização ou extração de alguma parte
dele. Exs: Ninguém é obrigado a soprar o bafômetro
ou ceder material genético para exame de DNA.
Entretanto, a prova produzida voluntária ou
involuntariamente com outra finalidade, PODE SER
UTILIZADA, como, por exemplo, apreender uma
escova de cabelo ou de dentes para coletar o material
genético delas ou o exame clínico nos casos de
embriaguez ao volante (não confundir com o exame
de sangue).
⚫ OBJETO DA PROVA
O que precisa ser provado no processo penal?
a) Deve ser provado o fato narrado, seja pela
acusação, seja pela defesa.
b) Os costumes, direito consuetudinário, deve ser
provado. Ex: Qualificadora repouso noturno no
crime de furto.
c) Regulamentos e portarias devem ser
provados, exceto se forem complementos de
norma penal em branco. Ex: A portaria 344 da
ANVISA que informa o que é droga ou não.
d) O direito estrangeiro, estadual e municipal. A
jurisprudência entretanto informa que o juiz é
obrigado a conhecer o direito municipal e o
estadual da localidade onde exerce sua função.
O que NÃO precisa ser provado?
a) Fatos NOTÓRIOS, que são fatos de conhecimento
público geral
b) Fatos AXIOMÁTICOS, que são fatos intuitivos, evidentes.
Ex: Provar que cocaína causa dependência.
c) Fatos INÚTEIS, que não tem qualquer importância para o
caso
d) PRESUNÇÕES LEGAIS, que é são as afirmações da lei
de que um fato é existente ou verdadeiro
independentemente de prova. Não esquecer que neste
caso há presunções ABSOLUTAS (que não admitem
prova em contrário) e RELATIVAS (que admitem prova em
contrário).
⚫ PROVA DIRETA E PROVA INDIRETA
Prova direta, é aquela que recai diretamente
sobre o fato probando, já a prova indireta (que
boa parte da doutrina também chama de
INDÍCIO, previsto no art. 239 do CPP) é a
prova da existência de um fato que, por
indução ou raciocínio lógico faz-se concluir a
existência do fato probando.
A prova indireta, desde que formada por um
CONJUNTO COESO E COERENTE, autoriza a
condenação de alguém.
⚫ PROVA EMPRESTADA
É a utilização da prova em um processo que foi
PRODUZIDA EM OUTRO PROCESSO. É possível
sua utilização desde que as PARTES SEJAM AS
MESMAS, principalmente o acusado, para que a
garantia fundamental do contraditório possa ser
respeitada.
O valor da prova emprestada é o mesmo da prova
originariamente produzida, apesar de ingressar no
processo pela forma documental. Ex: Testemunho
dado em um processo é juntado em outro. Embora
seja um mero documento, deverá ser apreciada como
prova testemunhal.
SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA 
PROVA
1o. sistema: Sistema da íntima convicção do Juiz:
- Permite que o julgador avalie a prova com
ampla liberdade, porém, sem a obrigação de
fundamentar sua convicção.
- No Brasil verifica-se apenas no Tribunal do
Júri, pois os jurados não são obrigados a
fundamentar o seu voto.
2o. sistema: Sistema da prova tarifada ou Sistema
da certeza moral do legislador
- A lei atribui o valor a cada prova, cabendo ao
juiz simplesmente obedecer o mandamento
legal.
3o. sistema: Sistema da persuasão racional do
juiz ou sistema do livre convencimento motivado
- É o sistema adotado no processo penal
brasileiro, com fulcro no art. 93, IX da CF, que
determina que todas as decisões judiciais
deverão ser motivadas.
- São considerados efeitos deste sistema:
a) Não existe prova com valor absoluta, nem mesmo a
confissão.
b) O juiz deve valorar todas as provas produzidas no
processo, mesmo que para rechaçá-las, ou seja, ao
afastar uma prova, o julgador deve explicar o motivo
de assim estar fazendo.
c) Somente são válidas as provas constantes do
processo, ou seja, conhecimentos privados do juiz não
poderão ser usados como prova. Ex: Fato que tomou
conhecimento na vida privada mas não consta dos
autos.
Artigo 155 do CPP – Elementos 
informativos e prova
- Elementos informativos são aqueles colhidos
na fase investigatória. Não há contraditório. O
juiz, na sentença, não pode fundamentar sua
decisão exclusivamente com elementos
colhidos durante a investigação. No entanto,
tais elementos não devem ser ignorados,
podendo ser somados às provas produzidas em
Juízo, servindo como mais um elemento de
convicção do juiz.
- Por outro lado, prova são os elementos
colhidos com contraditório e geralmente na
fase judicial da persecução penal (que envolve
investigação + processo judicial).
O artigo 155 elenca 3 exceções de provas que podem
ser colhidas antes do processo judicial:
1) Provas cautelares: São aquelas em que existeum
risco de desaparecimento do objeto da prova em razão
do decurso do tempo. Exs: Mandado de busca e
apreensão e interceptação telefônica.
Em relação a essas provas, o contraditório é diferido, ou
seja, ocorre a posteriori, já na fase judicial, uma vez
que se realizados no momento da produção da prova,
fariam com que a mesma perdesse sua essência.
2) Provas não repetíveis: São aquelas que não tem
como serem novamente coletadas ou produzidas, em
virtude do desaparecimento ou destruição da fonte
probatória. Exs: Perícias nos casos de lesões
corporais e nos casos de estupro.
Nestas provas o contraditório também é deferido, sendo
que no caso de uma perícia, a nomeação de
assistente técnico pela parte interessada só se dará na
fase judicial, nos termos do art. 159 §5º II do CPP.
3) Provas antecipadas: São aquelas produzidas com a
observância do contraditório real, perante o juiz,
antes de ser o momento processual oportuno e até
mesmo antes de iniciado o processo, em razão de sua
relevância e urgência.
Exemplo mais comum deste tipo de prova é o caso
previsto no art. 225 do CPP.
Art. 156 do CPP
1) Ônus da Prova: Também chamado de ônus probandi, é o
encargo que recai sobre a parte de provar a veracidade do
fato por ela alegado.
- Distribuição do ônus da prova segundo a corrente
majoritária:
A acusação deve provar a existência de fato típico, bem
como a autoria e a relação de causalidade, sendo
também sua obrigação comprovar o elemento subjetivo
(dolo ou culpa).
Como não é possível entrar na cabeça do agente para saber
qual era sua real intenção na conduta, a prova do dolo
deve ser feita de acordo com os elementos objetivos do
caso concreto.
- Já a defesa deverá provar:
a) Fato modificativo (excludentes de ilicitude)
b) Fato impeditivo (excludentes de culpabilidade)
c) Fato extintivo (causas extintivas da punibilidade)
2) A questão do juiz inquisidor
- O incisos I e II preveem a possibilidade do juiz
determinar, de ofício, a produção de provas, sendo
que para a doutrina, tais hipóteses são
inconstitucionais em razão de no Brasil viger o sistema
acusatório e não o sistema inquisitivo.
Entretanto, para parte da doutrina, apenas o inciso I será
inconstitucional, já que o inciso II prevê a possibilidade
de produção de prova com o intuito de dirimir dúvida
sobre ponto relevante contribuindo, em tese, para
um julgamento mais justo.
ARTIGO 157 DO CPP
- STF, no julgamento do HC 82788, relatado pelo
Min. Celso de Mello, afirmou que, independente
da natureza da prova, se material ou
processual, a prova deverá ser considerada
ILÍCITA, esvaziando assim o conceito de prova
ilegítima (que é aquela produzida com violação
das regras de direito processual, sendo que
decretada a ilegitimidade, a solução se daria no
campo da teoria das nulidades).
- Art. 157 §1º: Prova ilícita por derivação.
Conceito: “Meios probatórios que, não obstante
produzidos validamente em momento posterior,
encontram-se afetados pelo vício da ilicitude
originária, que a eles se transmite
contaminando-os por efeito de repercussão
causal” - É a chamada teoria dos frutos da
árvore envenenada.
Ex: Desaparecimento de pessoa com suspeita de
homicídio. A é o principal suspeito. A é torturado
e acaba confessando que matou e jogou o
corpo no rio, sendo que em diligências este
corpo é encontrado. Este encontro, analisado
individualmente é LÍCITO. Mas, se analisarmos
a origem do encontro, ou seja, uma tortura,
verifica-se a ilicitude por derivação.
OBS: Ao julgar o HC 80949, o STF considerou
ilícita uma gravação feita por policiais de uma
confissão, uma vez que o acusado não foi
cientificado sobre seu direito de permanecer
calado.
OBS 2: Até 2008 tal teoria era aplicada pela
Jurisprudência nacional com base em julgados
norte-americanos. Desde então, tal teoria está
positivada no ordenamento jurídico pátrio.
LIMITAÇÕES OU EXCEÇÕES À PROVA ILÍCITA POR
DERIVAÇÃO
1) Teoria da fonte independente – Art. 157 §1º do CPP.
Conceito: “Se o órgão da persecução penal demonstrar
que obteve legitimamente novos elementos de
informação a partir de uma fonte autônoma de prova,
que não guarde qualquer relação de dependência,
nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta
não mantendo vínculo causal, tais dados probatórios
são admissíveis, pois não contaminados pelo vício da
ilicitude originária”.
Origem da teoria: Caso Byron vs USA – 1970: Byron foi
preso ilegalmente e com a prisão obtiveram suas
impressões digitais, que eram a prova. Entretanto,
após descobriu-se que o FBI já tinha essas
impressões e esta prova, portanto, foi considerada
originária de fonte independente.
Ex: A furta um carro e para o mesmo em sua garagem.
Uma semana depois, ou seja, sem flagrante, a Polícia,
sem mandado, invade a casa de A e apreende o carro.
Prova ilícita por derivação. Entretanto, se conseguir
provar o fato por fonte independente, como p.ex.
filmagens do dia do crime, são provas lícitas.
2) Teoria da descoberta inevitável – Art. 157 §2º
do CPP, muito embora o legislador, neste
parágrafo, explique o que seria fonte
independente. Trata-se de impropriedade do
legislador.
Conceito: “Essa teoria será aplicável caso se
demonstre que a prova seria produzida de
qualquer maneira, independentemente da prova
ilícita originária”.
Origem: Nix vs Williams II – 1984: Nix estava sendo
acusado de matar, mas o corpo não havia sido
encontrado. Nix então foi torturado e entregou onde
havia escondido o corpo. Fato é que mais de 200
pessoas da cidade estavam procurando o corpo e a
Suprema Corte norte-americana entendeu que ainda
que Nix não tivesse confessado sobre tortura, na
situação concreta, com mais de 200 pessoas
procurando, o encontro do cadáver seria inevitável.
OBS: Não é possível se valer desta teoria com base em
dados meramente especulativos, sendo indispensável
a existência de dados concretos que demonstrem que
a descoberta seria inevitável.
3) Teoria do nexo causal atenuado – Art. 157 §1º do
CPP. Segundo a doutrina esta teoria está prevista
na expressão “salvo quando não evidenciado o
nexo de causalidade entre umas e outras”.
- Conceito: “Ocorre quando um ato posterior
totalmente independente afasta a ilicitude
originária. O vício da ilicitude é atenuado em
virtude do espaço temporal decorrido entre a prova
primária e a secundária, ou por conta de
circunstâncias supervenientes na cadeia
probatória”.
- Origem: Won Sun vs USA – 1973: A é preso
ilegalmente e acaba confessando o crime e
delatando B. B também confessa o crime e delata
C. C, semanas após, comparece espontaneamente
e acompanhado de advogado e acaba
confessando o crime. Num primeiro momento, a
acusação contra C era ilegal, pois originada da
prisão ilegal de A. Mas como C, de forma
totalmente independente e autônoma confessa
depois, o nexo causal com a ilegalidade da prisão
de A é quebrado em relação a C.
4) Teoria do encontro fortuito de provas:
- Conceito: “Ocorre quando a autoridade policial, no
cumprimento de uma diligência, casualmente encontra
provas que não estão na linha de desdobramento natural
da investigação. Entretanto, se houve desvio de finalidade,
a prova será considerada ilícita”.
- Muito usada no Brasil, principalmente em relação à
interceptação telefônica, pois se no curso de uma
interceptação telefônica legal para apuração do crime A eu
descubro elementos probatórios em relação à prática do
crime B, desde que este seja conexo, esses dados
poderão funcionar como notitia criminis deste delito B.
5) Princípio da proporcionalidade.
- Conceito: “O exercício do poder é ilimitado,
somente sendo justificadas restrições a direitos
individuais por razões de necessidade (dentre as
medidas idôneas a atingir o fim proposto, deve-se
optar pela menos gravosa), adequação (a medida
adotada deve ser idônea para atingiro fim
proposto) e supremacia do valor a ser protegido
(entre os valores em conflito, deve prevalecer o de
maior relevância, também chamado de
proporcionalidade em sentido estrito).
- Proporcionalidade e provas ilícitas pro reo: Não há
duvida alguma acerca da validade desta prova. Se a
vedação a provas ilícitas existe para proteger os
direitos fundamentais do cidadão, seria uma
incongruência muito grande condenar alguém
sabendo ser ele inocente, ainda que através de prova
ilícita.
- Proporcionalidade e provas ilícitas pro societat: Há
doutrinadores que admitem tal possibilidade,
sobretudo no caso de organizações criminosas e da
gravidade do delito. Entretanto, o STF não admite tal
interpretação.
INUTILIZAÇÃO DA PROVA ILÍCITA - ART. 157
§3º DO CPP.
- A impossibilidade de utilização da prova ilícita
pelo juiz não implica necessariamente na
destruição física da prova.
- Caso a prova pertença a alguém, deve a ela ser
devolvida. Caso a prova constitua o corpo de
delito em relação a quem praticou o ilicitude
para obtê-la, não poderá ser destruída.
- Momento processual do desentranhamento: Em regra,
o juiz deve apreciar a ilicitude da prova antes da
audiência de instrução e julgamento. Neste caso, o
recurso cabível será o RESE, com base no art. 581,
XIII do CPP. Entretanto, caso a prova seja
apresentada na audiência, o desentranhamento será
determinado na sentença, cabendo recurso de
apelação.
- Nada impede que a acusação utilize um MS para
manter a prova nos autos, desde que alegue direito
líquido e certo e a defesa utilize um HC caso haja
potencial risco à liberdade de locomoção do acusado
com a prova colacionada aos autos.
OBS: Descontaminação do julgado.
- Foi vetado pelo Presidente da República o §4º
do art. 157 do CPP que dizia: “O juiz que
conhecer do conteúdo da prova declarada
inadmissível não poderá proferir a sentença ou
acórdão”.
- A fundamentação do veto foi uma eventual
manipulação do juiz natural, uma vez que
poderia ser plantada no processo prova ilícita
apenas com o objetivo de afastar o juiz.
OBS: Busca e apreensão em escritório de advocacia:
- De acordo com a Lei 8.904/94 (Estatuto da Advocacia),
com redação dada pela Lei 11.767/2008, o mandado
de busca e apreensão deve ser específico e
pormenorizado, e deve ser cumprido na presença de
representante da OAB ou ao menos que se comprove
que a OAB foi notificada da diligência e não enviou
representante, sendo vedada a utilização de
documentos e objetos pertencentes a clientes do
advogado investigado, salvo se tais clientes também
estiverem sendo investigados como co-autores ou
partícipes do advogado.
PROVAS EM ESPÉCIE
PROVA PERICIAL – ARTS. 158 A 
184 DO CPP
- Conceito: Perícia é o exame feito por pessoas com
conhecimentos técnicos, indispensável para a
comprovação de fatos que interessam à decisão da
causa. Em regra, a autoridade policial pode (na
verdade trata-se de um dever – art. 6o. Do CPP - já
que muitas circunstâncias desaparecerão até o início
do processo-crime) determinar a realização de
qualquer perícia no curso do inquérito policial, sendo
a única exceção o exame de insanidade mental
previsto no art. 149 do CPP, no qual o Delegado de
Polícia poderá apenas representar ao juiz pela
realização do exame.
PERITO
- Conceito: É a pessoa que possui uma formação cultural
especializada, sendo necessário que seja portador de
diploma de curso superior e que traz seus
conhecimentos ao processo auxiliando o juiz e as
partes na descoberta da verdade.
- Pode ser de duas espécies:
a) Perito oficial: É a pessoa investida na função por lei,
ou seja, trata-se de funcionário público de carreira. No
caso de perito oficial, basta apenas um para a
realização do exame.
b) Perito não-oficial: É a pessoa nomeada pelo juiz
ou pela autoridade policial para realizar
determinada perícia. Sua nomeação é sempre
subsidiária, ou seja, somente no caso de não haver
perito oficial.
Neste caso, a perícia deve ser realizada por DOIS
peritos não oficiais, sendo que se for realizado por
um só será causa de NULIDADE RELATIVA, ou
seja, deve ser arguida pela parte no momento
oportuno e também deverá ser comprovado o
prejuízo pela parte interessada.
O perito não-oficial sempre deverá PRESTAR
COMPROMISSO de bem desempenhar seu
trabalho, sendo que se não houver este
compromisso, o STF entende tratar-se de
MERA IRREGULARIDADE, ou seja, não
ensejará nulidade do processo. Há uma Súmula
neste sentido, Súmula 361/STF de 1963, que
parte da doutrina entende estar ultrapassada,
mas não foi formalmente revogada pelo STF.
ASSISTENTE TÉCNICO
- Conceito: “É um auxiliar das partes dotado de
conhecimentos científicos que traz ai processo
informações especializadas relacionadas ao objeto da
perícia. É um auxiliar das partes, contratado por ela, e
logo tem atuação evidentemente parcial”.
De acordo com o previsto no art. 159 §§3º,4º e 5º do
CPP, a intervenção do assistente técnico somente será
possível após sua admissão pelo juiz e após a
apresentação do laudo pelo perito, oportunidade em
que o assistente técnico poderá contraditar a prova
pericial, inclusive apresentando quesitos.
PERITOS X ASSISTENTES TÉCNICOS – DIFERENÇAS
- Peritos (incluindo os não-oficiais) tem o dever da
IMPARCIALIDADE, logo estão sujeitos às mesmas causas de
impedimento e suspeição dos juízes. Como são contratados por
uma das partes, os assistentes técnicos não possuem tal dever.
- Os peritos não-oficiais (e evidentemente os oficiais) são
considerados funcionários públicos para fins penais. Já os
assistentes técnicos não.
- Caso os peritos façam uma afirmação falsa em seus laudos,
praticarão o crime de falsa perícia, previsto no art. 342 do CP. O
assistente técnico jamais responderá por este crime, podendo,
a depender do caso concreto, responder pelo crime de falsidade
ideológica, quando colocar afirmação falsa em seu relatório
EXAME DE CORPO DE DELITO
- Conceito: “É o conjunto de vestígios materiais ou visíveis
deixados pela infração penal, sendo que em regra, o exame não
é necessário para o INÍCIO DO PROCESSO (podendo ser
realizado no decurso do mesmo)
Exceções:
a) Art. 50 §1º da Lei de Drogas: Exige-se o laudo de constatação
provisório para início do processo e também para a lavratura de
eventual flagrante, para fins e caracterização da materialidade
delitiva.
b) Art. 525 do CPP: Nos crimes de violação dos direitos autorais
(crimes contra a propriedade imaterial)
- Obrigatoriedade do exame de corpo de delito:
Obrigatório nas infrações penais que deixam vestígios, chamadas de
infrações de fato permanente ou infrações penais não transeuntes. Por
outro lado, é dispensável nas infrações que NÃO deixam vestígios,
também chamadas de infrações penais transeuntes.
- Exame de corpo de delito DIRETO x INDIRETO
Direto: É aquele realizado pelos peritos diretamente sobre o corpo de delito.
Indireto: Ocorre quando a prova testemunhal (art. 167 do CPP) ou
documental supre a ausência de exame direto, em virtude do
desaparecimento dos vestígios deixados pela infração penal. Também
pode ser elaborado pelo perito um laudo de exame indireto, valendo-se o
profissional de documentos (Ex: Laudo de lesão corporal com base no
relatório médico feito quando do atendimento da vítima logo após o
evento).
SISTEMA DE APRECIAÇÃO JUDICIAL DO LAUDO PERICIAL
- Em decorrência do CPP ter adotado o sistema do livre
convencimento motivado ou sistema de persuação racional do
juiz, o CPP adotou o SISTEMA LIBERATÓRIO, no qual o juiz
pode aceitar ou rejeitar o laudo pericial, podendo decidir a
causa contrariamente à prova técnica, desde que de forma
fundamentada, sendo que muitas vezes o julgador utilizado os
argumentos do assistente técnico. O sistema liberatório está
expressamente previsto no art. 182 do CPP.
CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DO EXAME DE CORPODE
DELITO
- Caso não haja exame de corpo de delito, e também não sendo
sua ausência suprida por exame indireto, mas sendo ainda
possível fazê-lo, o processo estará contaminado por uma
nulidade absoluta, nos termos do art. 564, III, b) do CPP. No
entanto, caso ao final do processo não haja comprovação do
corpo de delito, deve o juiz absolver o acusado por ausência de
comprovação da materialidade do fato.
INTERROGATÓRIO
- Conceito:
“É o ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação
que lhe é feita e também em relação à sua pessoa, para
que o julgador possa aferir de forma mais precisa as
circunstâncias judiciais, previstas no art. 59 do CP, afim de
fixar a pena-base”.
- Natureza jurídica:
O interrogatório tem natureza mista, ou seja, é considerado
meio de prova (conceito tradicional) e também meio de
defesa (a partir da reforma do CPP de 2003).
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA
- No processo penal é composto pela defesa técnica e também
pelo direito a autodefesa.
- Defesa técnica: É aquela patrocinada por advogado, sendo que é
irrenunciável por parte do réu.
Caso o advogado abandone o processo, senão por motivo
imperioso e sem comunicação prévia ao juiz, será multado no
valor de 10 a 100 salários mínimos – art. 265 do CPP.
É possível que a defesa de dois acusados do mesmo processo
seja feita pelo mesmo advogado, desde que não haja colidência
de teses defensivas.
- Autodefesa: É a defesa feita pelo próprio acusado, sendo que esta
pode ser renunciada pelo réu. Ex: Exercer o direito ao silêncio em
seu interrogatório.
Caso o réu seja advogado, nada impede que ele faça também sua
defesa técnica.
A autodefesa manifesta-se de 3 formas:
1) Direito de audiência: O acusado tem o direito de ser ouvido pelo
juiz, de modo a tentar formar a convicção dele no sentido de sua
absolvição. Excepcionalmente, o juiz poderá realizar o
interrogatório do réu preso por videoconferência para atender a
uma das finalidades: a) Risco à segurança pública, quando houver
fundado receio de que o réu poderá fugir durante o deslocamento;
b) Quando, por enfermidade ou outra circunstância pessoal, o
comparecimento do réu na audiência for difícil;
c) Para impedir a influência do réu no ânimo da vítima ou de
testemunha, desde que não seja possível ouvir estas por
videoconferência (sendo possível, nos termos do art. 217 do CPP
a retirada do réu da sala durante o depoimento); d) em caso de
gravíssima questão de ordem pública.
2) Direito de presença: O acusado tem o direito de acompanhar os
atos da instrução ao lado de seu defensor, sendo que o STF tem
vários julgados no sentido de que a presença não pode ser
suprimida por conta da ineficiência do aparato estatal. Tal direito
divide-se em direito de presença direta (ou seja, o acusado está
fisicamente presente, inclusive podendo conversar com seu
defensor sobre as possíveis perguntas que podem ser feitas) ou
indireta (presença mediante videoconferência).
3) Capacidade postulatório autônoma: Independentemente de advogado, o
acusado pode praticar determinados atos processuais sozinho como
impetrar habeas corpus e interpor recursos (sendo que as razões devem ser
interpostas por advogado).
- MOMENTO DA REALIZAÇÃO DO INTERROGATÓRIO
O interrogatório deverá ser o último ato da instrução processual, salvo se
houver pedido de diligência – art. 400 do CPP.
Caso o interrogatório não ocorra no momento devido, quando, p.ex., o acusado
está foragido, poderá ser realizado a qualquer tempo, enquanto a decisão
não transitar em julgado. Fundamentos: art. 185 do CPP, que fala que o
interrogatório pode ser realizado no curso do processo penal; art. 196, ao
prever que a todo o tempo poderá ser realizado novo interrogatório; e art.
616 ao prever que no julgamento das apelações, o Tribunal poderá proceder
a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar
outras diligências.
- CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO
1) Trata-se de ato personalíssimo:
Ou seja, o réu não pode ser interrogado por pessoa interposta,
mediante procuração.
2) O interrogatório é ato privativo do juiz:
Ou seja, é ato presidido pelo magistrado. Nos depoimentos das
testemunhas, as mesmas são inquiridas primeiro pelas partes e
depois pelo juiz. No interrogatório a ordem se inverte (sendo
que primeiro pergunta a acusação e depois a defesa).
3) O interrogatório, a partir de 2003, passou a ser um ato sujeito ao
contraditório:
Até 2003, no interrogatório só participavam o juiz, o escrivão e o réu, sendo que
atualmente as partes, seus advogados e o MP também participam – art. 188,
sendo que o STF entende que até mesmo o corréu tem o direito de formular
perguntas aos demais acusados, sobretudo nos casos de delação premiada.
4) Também a partir de 2003, o interrogatório passou a ser ato assistido
tecnicamente:
Caso o interrogado não seja assistido por advogado, ficará caracterizada
nulidade absoluta do ato. Caso não compareça o MP, ficará caracterizada
nulidade relativa, sendo necessária a comprovação do prejuízo.
O interrogado também terá direito a entrevista prévia e reservada com seu
defensor. Caso o interrogatório seja por videoconferência, ficará garantido
canal telefônico reservado entre eles – art. 185 §5º do CPP.
5) O interrogatório é um ato público:
Evidentemente, caso haja necessidade, poderá ser decretado o segredo
de justiça do ato.
6) O interrogatório é um ato oral:
Sendo que no caso do interrogado ser surdo-mudo, proceder-se-á de
acordo com o art. 192 do CPP.
7) O interrogatório é ato individual:
O corréu não pode estar presente no interrogatório dos demais
acusados, afim de se preservar eventual acareação. Entretanto, os
advogados dos demais acusados podem estar presentes e até
mesmo fazer perguntas – art. 191 do CPP.
- Condução coercitiva do interrogado:
Embora esteja expressamente previsto no art. 260 do CPP, tal
artigo NÃO foi recepcionado pela Constituição Federal, já que
ao acusado é garantido o direito ao silêncio, sendo possível sua
condução coercitiva apenas no caso de reconhecimento
pessoal, que não exige conduta positiva do acusado.
- Art. 198 também NÃO foi recepcionado pela Constituição
Federal, ou seja, o silêncio do acusado em seu interrogatório,
em hipótese alguma poderá ser usado em seu desfavor no
momento da prolação da sentença.
CONFISSÃO
- Conceito: “É a aceitação formal da imputação da infração penal feita por
aquele a quem foi atribuída a autoria do delito”.
- Valor probatório da confissão:
Previsto no art. 197 do CPP, trata-se de prova, como qualquer outra, de VALOR
RELATIVO, ou seja, sozinha não é apta a fundamentar uma condenação.
- Classificação da confissão:
1) Simples: O acusado confessa a prática do delito sem invocar qualquer tese
de defesa.
2) Qualificada: O acusada confessa a prática do delito, mas opõe algum fato
modificativo, impeditivo ou extintivo do direito de punir. Ex: Confessa, mas
alega legítima defesa.
3) Extrajudicial: Realizada FORA do processo (até mesmo em
sede de inquérito policial). Realizada sem o contraditório e sem
a ampla defesa. A Jurisprudência (inclusive do STF) admite sua
utilização SUBSIDIÁRIA, ou seja, pode essa confissão ser
utilizada, desde que embasada por outras provas.
4) Judicial: Realizada em Juízo e com a observância do
contraditório e da ampla defesa.
5) Confissão delatória: É a delação premiada. Para a
Jurisprudência, uma delação premiada por si só não tem
fundamento idôneo para a condenação, devendo estar
respaldada por outros elementos probatórios.
6) Confissão implícita: Ocorre quando o acusado paga a
indenização decorrente do crime praticado. Cuidado! Essa
confissão NÃO tem valor probatório.
7) Confissão ficta ou presumida: É a baseada no silêncio do acusado ou seja,
na ausência de contestação dos fatos a ele imputados. NÃO existe confissão
ficta no processopenal em razão do direito ao silêncio do acusado.
E se o acusado for citado por edital e não apresentar defesa ou nomear
advogado? Aplica-se o art. 366 do CPP, ficando suspensos o CURSO DO
PROCESSO e o PRAZO PRESCRICIONAL.
Então existe REVELIA no processo penal? Sim, mas com efeitos diferentes do
processo civil. O efeito da revelia no processo penal está previsto no art. 367
do CPP, na situação em que o réu for intimado PESSOALMENTE e não
comparecer. A partir deste momento, será desnecessária a intimação do
acusado para qualquer outro ato do processo, exceto a sentença
condenatória.
Réu citado pessoalmente e que não nomeia advogado ou comparece em Juízo,
será declarado revel, sendo-lhe nomeado defensor dativo, correndo o
processo normalmente.
- Características da confissão:
1) Retratabilidade.
2) Divisibilidade: O acusado pode confessar uma parte e negar a
outra, ou se são vários os fatos imputados, poderá confessar
um e negar os demais.
Ambas características estão previstas no art. 200 do CPP.
3) Trata-se de ato personalíssimo: Não adianta o acusado
outorgar procuração para que terceiro possa confessar em seu
lugar.
DECLARAÇÕES DO OFENDIDO
- Ofendido é a vítima. O ofendido NÃO é considerado testemunha,
logo não presta o compromisso de dizer a verdade e
consequentemente não pratica o crime de falso testemunho,
mas pode responder pelo crime de denunciação caluniosa,
imputando a alguém crime de que SABE ser inocente – Art. 339
do CP.
- Tanto a Autoridade Judiciária quanto a Autoridade Policial
poderão determinar a condução coercitiva do ofendido, nos
termos do art. 201 §1º do CPP. Entretanto, a vítima NÃO pode
ser obrigada a realizar exame pericial.
- Como todos os demais meios de prova, as declarações da vítima
tem valor relativo, ainda que no caso de crimes praticados às
escondidas, sobretudo os crimes sexuais.
PROVA TESTEMUNHAL
- Conceito: “Testemunha é toda pessoa humana capaz de depor e
estranha ao processo, chamada a declarar a respeito de fato
percebido por seus sentidos e relativos à causa”.
CARACTERÍSTICAS DA PROVA TESTEMUNHAL:
1) Judicialidade: Prova testemunhal deve ser colhida em Juízo e na
presença das partes.
Exceção: Art. 217 do CPP: Quando o réu puder interferir no estado de
ânimo da testemunha e esta não puder ser ouvida por
videoconferência, o juiz determinará a retirada do réu da sala de
audiências, mas seu advogado permanecerá no local.
2) Oralidade: A testemunha deve depor de foram oral.
Exceção: Art. 221 §1º do CPP: Presidente e Vice-Presidente da
República e Presidentes da Câmara dos Deputados, Senado Federal
e STF poderão optar pelo depoimento escrito.
3) Individualidade: Cada testemunha é ouvida separadamente da outra, sendo
que sequer podem ouvir o depoimento uma das outras. Ainda deverá ser
providenciado pelo Poder Judiciário que as testemunhas não fiquem no
mesmo espaço.
4) Objetividade: A testemunha depõe sobre fatos, não podendo emitir opiniões
pessoas, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. Ex: Peritos ao
deporem sobre seus laudos – Art. 213 do CPP.
5) Contraditoriedade: A prova testemunhal está submetida ao contraditório. Nos
termos do art. 212 as perguntas serão formuladas diretamente pelas partes
(inovação de 2008), sendo que após a inquirição das partes, o juiz poderá
complementar a inquirição. Quem pergunta primeiro é quem arrolou a
testemunha, exceção feita ao Rito do Tribunal do Júri, no qual, nos termos do
art. 473, o juiz-presidente pergunta primeiro, depois a acusação e por fim a
defesa. Caso o juiz não respeite a ordem prevista no art. 212 e resolva
perguntar primeiro, verificar-se-á uma causa de NULIDADE ABSOLUTA,
conforme entendimento do STJ ao julgar o HC 121216
CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS:
1) Numerárias: São as computadas para efeito de aferição do
número máximo permitido. São as arroladas pelas partes e que
prestam o compromisso legal de dizerem a verdade.
2) Extranumerárias: Não são as computadas para efeito de
aferição do número máximo permitido. São ouvidas por
iniciativa do juiz e as que nada sabem a respeito dos fatos, de
acordo com o art. 209 §2º do CPP.
3) Informantes: São as que não prestam compromisso legal, mas
que por interesse do Juiz podem ser ouvidas.
4) Referidas: São aquelas mencionadas por outras testemunhas –
art. 209 §1º do CPP.
5) Próprias: Prestam informações sobre a infração penal.
6) Impróprias, instrumentárias, instrumentais ou fedatárias:
Prestam declarações sobre a regularidade de um ato do
processo ou do inquérito policial. Ex: São necessárias duas
testemunhas de leitura quando o indiciado não quiser ou não
puder assinar seu interrogatório policial, sobretudo na lavratura
do auto de prisão em flagrante.
7) Direta ou visual: É aquela que depõe sobre um fato que
testemunhou ou viu.
8) Indireta ou auricular: Depõe sobre um fato que apenas ouviu
dizer.
9) Testemunha da coroa: É o depoimento do agente policial
infiltrado.
DESISTÊNCIA DA OITIVA:
Possível antes ou até mesmo durante o curso da audiência. No Tribunal do Júri, após
instaurada a sessão, só poderá haver a desistência com a concordância da parte
contrária e do juiz-presidente.
DEVERES DA TESTEMUNHA:
1) Dever de depor: Atenuado em relação ao ascendente, descendente, afim em linha
reta, cônjuge e irmão, que podem recusar-se a depor, exceto se não houver outro
meio de prova – art. 206. Nos termos do art. 207, também são proibidas de depor,
exceto se desoneradas pela parte interessada e quiserem dar seu testemunho as
pessoas que em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
segredo. O advogado, ainda que desobrigado pela parte interessada, está proibido
de depor sobre fatos que tomou conhecimento no exercício da profissão, nos termos
do art. 7o. inciso XIX da Lei 8.906/94, assim como os padres, de acordo com o
Código Canônico. Parlamentares também não são obrigados a depor sobre fatos que
tomaram conhecimento em razão do exercício do mandato, nos termos do art. 5o. §6º
da CF. Detentores de imunidade diplomática também não são obrigados a depor, o
mesmo valendo para juízes e promotores que oficiaram no inquérito ou processo. Por
fim, o jornalista não é obrigado a revelar sua fonte.
2) Dever de comparecimento: Sob pena de multa (de até 10
salários mínimos), responsabilização por crime de
desobediência e condução coercitiva. As exceções a este dever
são: a) art. 220 – As pessoas impossibilitadas de comparecer;
b) art. 221 - As autoridades inquiridas com data marcada e; c)
as testemunhas ouvidas através de carta precatória e carta
rogatória, sendo que neste último caso, quando estamos no rito
do Júri, onde as testemunhas são ouvidas em plenário, aquela
que mora em outra comarca NÃO é obrigada a deslocar-se para
a comarca onde está acontecendo o julgamento.
3) Dever de prestar compromisso de dizer a verdade – art. 203: As
exceções são: a) Os parentes do réu, elencados no art. 206,
caso queiram depor; b) Os menores de 14 anos; c) Os
deficientes mentais – art. 208.
4) Dever de dizer a verdade: Corrente majoritária e mais atual
entende que somente tem o dever de dizer a verdade e portanto
responder pelo crime de falso testemunho as pessoas que
prestam o compromisso de dizerem a verdade.
5) Dever de comunicar alteração de endereço: No prazo máximo
de 1 ano de sua mudança, a testemunha deverá comunicar o
Juízo a alteração, sobre pena de sofrer as sanções previstas ao
não-comparecimento.
INCIDENTES PROCESSUAIS EM RELAÇÃO ÀS
TESTEMUNHAS
1) Contradita: Significa IMPUGNAR a testemunha, afim de que
ela não seja ouvida pelo juiz, alegando circunstância que a
torne suspeita de parcialidade ou indigna de fé. É realizado
antes do início do depoimento.
De acordo com o art. 214, o juiz consigna a contradita e a
resposta da testemunha, mas só a exclui ou não lhe defere o
compromisso de dizer a verdadenos casos previstos nos arts.
207 (os que devem guardar sigilo em razão da função) e 208
(menores de 14 anos, débeis mentais e parentes do réu).
2) Arguição de parcialidade: Neste caso, alega-se
circunstância que torna a testemunha suspeita de ser
parcial (exs: amigo íntimo ou namorado de uma das
partes). Também se procede conforme o art. 214 e
neste caso a testemunha é ouvida (pois o instituto
jurídico para impedir a testemunha de depor é a
contradita), sendo que a arguição é meio para
questionar a imparcialidade da testemunha.
NÚMERO DE TESTEMUNHAS – IGUAL PARA AS
PARTES
- Rito Ordinário: 8 para cada FATO
- Rito Sumário: 5 testemunhas
- Rito Sumariíssimo: 3 testemunhas
- Rito do Tribunal do Júri: 5 testemunhas, que podem ser
ouvidas em plenário.
OBS: No caso de haver assistente de acusação, as
testemunhas por ele arroladas juntam-se às arroladas
pelo MP para cômputo do limite máximo.
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E 
COISAS – ARTIGOS 226 A 228 DO CPP

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