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TEORIA GERAL DA PROVA CONCEITO: “São os instrumentos aptos a formar a convicção do juiz quanto à existência ou não de de uma situação fática”. ⚫ PRINCÍPIOS RELACIONADOS À PROVA 1) PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE PELO JUIZ ⚫ Também chamado de Princípio da Verdade Material ou da Verdade Real, já que no processo penal, ao contrário do processo civil, a condenação só pode vir através de fato realmente provado. Há a revelia no processo penal, mas não tem os mesmos efeitos do processo civil, já que a ausência de defesa por parte do réu não se faz presumir serem os fatos imputados contra ele, remanescendo a obrigação da acusação de provar, decorrência do Princípio da presunção de inocência. 2) PRINCÍPIO DA LIBERDADE DAS PROVAS ⚫ “No processo penal podem ser utilizados quaisquer meios de prova, ainda que não especificados na lei, desde que não sejam inconstitucionais, ilegais ou imorais” ⚫ Diante deste princípio, há duas espécies de provas: a) Provas NOMINADAS: São aquelas previstas expressamente no CPP. Exs: Exame de corpo de delito, oitiva de testemunhas, interrogatório. b) Provas INOMINADAS: São aqueles que NÃO estão previstas no CPP, mas PODEM ser utilizadas. ⚫ EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE DAS PROVAS a) Em relação ao estado das pessoas, a prova deve observar as restrições estabelecidas na lei civil – artigo 155 § único do CPP. Exs: Idade, estado civil, óbito. b) Certas pessoas são proibidas de depor, nos termos do art. 207 do CPP. Pessoas que em razão de FUNÇÃO, MINISTÉRIO, OFÍCIO ou PROFISSÃO tomaram conhecimento de algum fato, só podem sobre ele depor se DESOBRIGADOS PELA PARTE INTERESSADA. OBS: Advogado – Ainda que desobrigado pela parte interessada, NUNCA poderá depor sobre fato que tomou conhecimento no exercício da advocacia. 3) PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE ⚫ De acordo com esse princípio, o acusado NÃO É OBRIGADO A PRODUZIR PROVA CONTRA SI MESMO. ⚫ Abrangência do princípio: a) Direito ao silêncio – Previsto no art. 5º inciso LXIII da CF. A CF fala no direito do PRESO, mas deve-se interpretar de maneira extensiva, abrangendo SUSPEITOS, INDICIADOS, ACUSADOS ou mesmo CONDENADOS. Testemunha tem direito ao silêncio? NÃO, sob pena de responder por falso testemunho, já que a testemunha tem a obrigação de dizer a verdade. Porém, se de suas respostas puder resultar uma autoincriminação, também estará protegida pelo direito ao silêncio. Gravações feitas pela imprensa ou de conversa informal do preso com os policiais, SEM A ADVERTÊNCIA FORMAL QUANTO AO DIREITO AO SILÊNCIO, torna ILÍCITA a prova que contra si produza o acusado. O juiz JAMAIS poderá fundamentar a sentença condenatória com base no silêncio, uma vez que este é garantia fundamental prevista expressamente na CF, ou seja, não existe, em processo penal, a regra do “quem cala consente”. b) Direito de não praticar qualquer comportamento ATIVO que possa incriminá-lo. Assim, o acusado não é obrigado a participar de reconstituição do crime, p. ex. Entretanto, é obrigado a participar de reconhecimento pessoal, já que este não envolve nenhum comportamento ativo. c) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora que envolva o seu corpo humano, ou seja, produzir qualquer PROVA INVASIVA, que é a prova que implique na utilização ou extração de alguma parte dele. Exs: Ninguém é obrigado a soprar o bafômetro ou ceder material genético para exame de DNA. Entretanto, a prova produzida voluntária ou involuntariamente com outra finalidade, PODE SER UTILIZADA, como, por exemplo, apreender uma escova de cabelo ou de dentes para coletar o material genético delas ou o exame clínico nos casos de embriaguez ao volante (não confundir com o exame de sangue). ⚫ OBJETO DA PROVA O que precisa ser provado no processo penal? a) Deve ser provado o fato narrado, seja pela acusação, seja pela defesa. b) Os costumes, direito consuetudinário, deve ser provado. Ex: Qualificadora repouso noturno no crime de furto. c) Regulamentos e portarias devem ser provados, exceto se forem complementos de norma penal em branco. Ex: A portaria 344 da ANVISA que informa o que é droga ou não. d) O direito estrangeiro, estadual e municipal. A jurisprudência entretanto informa que o juiz é obrigado a conhecer o direito municipal e o estadual da localidade onde exerce sua função. O que NÃO precisa ser provado? a) Fatos NOTÓRIOS, que são fatos de conhecimento público geral b) Fatos AXIOMÁTICOS, que são fatos intuitivos, evidentes. Ex: Provar que cocaína causa dependência. c) Fatos INÚTEIS, que não tem qualquer importância para o caso d) PRESUNÇÕES LEGAIS, que é são as afirmações da lei de que um fato é existente ou verdadeiro independentemente de prova. Não esquecer que neste caso há presunções ABSOLUTAS (que não admitem prova em contrário) e RELATIVAS (que admitem prova em contrário). ⚫ PROVA DIRETA E PROVA INDIRETA Prova direta, é aquela que recai diretamente sobre o fato probando, já a prova indireta (que boa parte da doutrina também chama de INDÍCIO, previsto no art. 239 do CPP) é a prova da existência de um fato que, por indução ou raciocínio lógico faz-se concluir a existência do fato probando. A prova indireta, desde que formada por um CONJUNTO COESO E COERENTE, autoriza a condenação de alguém. ⚫ PROVA EMPRESTADA É a utilização da prova em um processo que foi PRODUZIDA EM OUTRO PROCESSO. É possível sua utilização desde que as PARTES SEJAM AS MESMAS, principalmente o acusado, para que a garantia fundamental do contraditório possa ser respeitada. O valor da prova emprestada é o mesmo da prova originariamente produzida, apesar de ingressar no processo pela forma documental. Ex: Testemunho dado em um processo é juntado em outro. Embora seja um mero documento, deverá ser apreciada como prova testemunhal. SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA 1o. sistema: Sistema da íntima convicção do Juiz: - Permite que o julgador avalie a prova com ampla liberdade, porém, sem a obrigação de fundamentar sua convicção. - No Brasil verifica-se apenas no Tribunal do Júri, pois os jurados não são obrigados a fundamentar o seu voto. 2o. sistema: Sistema da prova tarifada ou Sistema da certeza moral do legislador - A lei atribui o valor a cada prova, cabendo ao juiz simplesmente obedecer o mandamento legal. 3o. sistema: Sistema da persuasão racional do juiz ou sistema do livre convencimento motivado - É o sistema adotado no processo penal brasileiro, com fulcro no art. 93, IX da CF, que determina que todas as decisões judiciais deverão ser motivadas. - São considerados efeitos deste sistema: a) Não existe prova com valor absoluta, nem mesmo a confissão. b) O juiz deve valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para rechaçá-las, ou seja, ao afastar uma prova, o julgador deve explicar o motivo de assim estar fazendo. c) Somente são válidas as provas constantes do processo, ou seja, conhecimentos privados do juiz não poderão ser usados como prova. Ex: Fato que tomou conhecimento na vida privada mas não consta dos autos. Artigo 155 do CPP – Elementos informativos e prova - Elementos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória. Não há contraditório. O juiz, na sentença, não pode fundamentar sua decisão exclusivamente com elementos colhidos durante a investigação. No entanto, tais elementos não devem ser ignorados, podendo ser somados às provas produzidas em Juízo, servindo como mais um elemento de convicção do juiz. - Por outro lado, prova são os elementos colhidos com contraditório e geralmente na fase judicial da persecução penal (que envolve investigação + processo judicial). O artigo 155 elenca 3 exceções de provas que podem ser colhidas antes do processo judicial: 1) Provas cautelares: São aquelas em que existeum risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo. Exs: Mandado de busca e apreensão e interceptação telefônica. Em relação a essas provas, o contraditório é diferido, ou seja, ocorre a posteriori, já na fase judicial, uma vez que se realizados no momento da produção da prova, fariam com que a mesma perdesse sua essência. 2) Provas não repetíveis: São aquelas que não tem como serem novamente coletadas ou produzidas, em virtude do desaparecimento ou destruição da fonte probatória. Exs: Perícias nos casos de lesões corporais e nos casos de estupro. Nestas provas o contraditório também é deferido, sendo que no caso de uma perícia, a nomeação de assistente técnico pela parte interessada só se dará na fase judicial, nos termos do art. 159 §5º II do CPP. 3) Provas antecipadas: São aquelas produzidas com a observância do contraditório real, perante o juiz, antes de ser o momento processual oportuno e até mesmo antes de iniciado o processo, em razão de sua relevância e urgência. Exemplo mais comum deste tipo de prova é o caso previsto no art. 225 do CPP. Art. 156 do CPP 1) Ônus da Prova: Também chamado de ônus probandi, é o encargo que recai sobre a parte de provar a veracidade do fato por ela alegado. - Distribuição do ônus da prova segundo a corrente majoritária: A acusação deve provar a existência de fato típico, bem como a autoria e a relação de causalidade, sendo também sua obrigação comprovar o elemento subjetivo (dolo ou culpa). Como não é possível entrar na cabeça do agente para saber qual era sua real intenção na conduta, a prova do dolo deve ser feita de acordo com os elementos objetivos do caso concreto. - Já a defesa deverá provar: a) Fato modificativo (excludentes de ilicitude) b) Fato impeditivo (excludentes de culpabilidade) c) Fato extintivo (causas extintivas da punibilidade) 2) A questão do juiz inquisidor - O incisos I e II preveem a possibilidade do juiz determinar, de ofício, a produção de provas, sendo que para a doutrina, tais hipóteses são inconstitucionais em razão de no Brasil viger o sistema acusatório e não o sistema inquisitivo. Entretanto, para parte da doutrina, apenas o inciso I será inconstitucional, já que o inciso II prevê a possibilidade de produção de prova com o intuito de dirimir dúvida sobre ponto relevante contribuindo, em tese, para um julgamento mais justo. ARTIGO 157 DO CPP - STF, no julgamento do HC 82788, relatado pelo Min. Celso de Mello, afirmou que, independente da natureza da prova, se material ou processual, a prova deverá ser considerada ILÍCITA, esvaziando assim o conceito de prova ilegítima (que é aquela produzida com violação das regras de direito processual, sendo que decretada a ilegitimidade, a solução se daria no campo da teoria das nulidades). - Art. 157 §1º: Prova ilícita por derivação. Conceito: “Meios probatórios que, não obstante produzidos validamente em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite contaminando-os por efeito de repercussão causal” - É a chamada teoria dos frutos da árvore envenenada. Ex: Desaparecimento de pessoa com suspeita de homicídio. A é o principal suspeito. A é torturado e acaba confessando que matou e jogou o corpo no rio, sendo que em diligências este corpo é encontrado. Este encontro, analisado individualmente é LÍCITO. Mas, se analisarmos a origem do encontro, ou seja, uma tortura, verifica-se a ilicitude por derivação. OBS: Ao julgar o HC 80949, o STF considerou ilícita uma gravação feita por policiais de uma confissão, uma vez que o acusado não foi cientificado sobre seu direito de permanecer calado. OBS 2: Até 2008 tal teoria era aplicada pela Jurisprudência nacional com base em julgados norte-americanos. Desde então, tal teoria está positivada no ordenamento jurídico pátrio. LIMITAÇÕES OU EXCEÇÕES À PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO 1) Teoria da fonte independente – Art. 157 §1º do CPP. Conceito: “Se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve legitimamente novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais dados probatórios são admissíveis, pois não contaminados pelo vício da ilicitude originária”. Origem da teoria: Caso Byron vs USA – 1970: Byron foi preso ilegalmente e com a prisão obtiveram suas impressões digitais, que eram a prova. Entretanto, após descobriu-se que o FBI já tinha essas impressões e esta prova, portanto, foi considerada originária de fonte independente. Ex: A furta um carro e para o mesmo em sua garagem. Uma semana depois, ou seja, sem flagrante, a Polícia, sem mandado, invade a casa de A e apreende o carro. Prova ilícita por derivação. Entretanto, se conseguir provar o fato por fonte independente, como p.ex. filmagens do dia do crime, são provas lícitas. 2) Teoria da descoberta inevitável – Art. 157 §2º do CPP, muito embora o legislador, neste parágrafo, explique o que seria fonte independente. Trata-se de impropriedade do legislador. Conceito: “Essa teoria será aplicável caso se demonstre que a prova seria produzida de qualquer maneira, independentemente da prova ilícita originária”. Origem: Nix vs Williams II – 1984: Nix estava sendo acusado de matar, mas o corpo não havia sido encontrado. Nix então foi torturado e entregou onde havia escondido o corpo. Fato é que mais de 200 pessoas da cidade estavam procurando o corpo e a Suprema Corte norte-americana entendeu que ainda que Nix não tivesse confessado sobre tortura, na situação concreta, com mais de 200 pessoas procurando, o encontro do cadáver seria inevitável. OBS: Não é possível se valer desta teoria com base em dados meramente especulativos, sendo indispensável a existência de dados concretos que demonstrem que a descoberta seria inevitável. 3) Teoria do nexo causal atenuado – Art. 157 §1º do CPP. Segundo a doutrina esta teoria está prevista na expressão “salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras”. - Conceito: “Ocorre quando um ato posterior totalmente independente afasta a ilicitude originária. O vício da ilicitude é atenuado em virtude do espaço temporal decorrido entre a prova primária e a secundária, ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória”. - Origem: Won Sun vs USA – 1973: A é preso ilegalmente e acaba confessando o crime e delatando B. B também confessa o crime e delata C. C, semanas após, comparece espontaneamente e acompanhado de advogado e acaba confessando o crime. Num primeiro momento, a acusação contra C era ilegal, pois originada da prisão ilegal de A. Mas como C, de forma totalmente independente e autônoma confessa depois, o nexo causal com a ilegalidade da prisão de A é quebrado em relação a C. 4) Teoria do encontro fortuito de provas: - Conceito: “Ocorre quando a autoridade policial, no cumprimento de uma diligência, casualmente encontra provas que não estão na linha de desdobramento natural da investigação. Entretanto, se houve desvio de finalidade, a prova será considerada ilícita”. - Muito usada no Brasil, principalmente em relação à interceptação telefônica, pois se no curso de uma interceptação telefônica legal para apuração do crime A eu descubro elementos probatórios em relação à prática do crime B, desde que este seja conexo, esses dados poderão funcionar como notitia criminis deste delito B. 5) Princípio da proporcionalidade. - Conceito: “O exercício do poder é ilimitado, somente sendo justificadas restrições a direitos individuais por razões de necessidade (dentre as medidas idôneas a atingir o fim proposto, deve-se optar pela menos gravosa), adequação (a medida adotada deve ser idônea para atingiro fim proposto) e supremacia do valor a ser protegido (entre os valores em conflito, deve prevalecer o de maior relevância, também chamado de proporcionalidade em sentido estrito). - Proporcionalidade e provas ilícitas pro reo: Não há duvida alguma acerca da validade desta prova. Se a vedação a provas ilícitas existe para proteger os direitos fundamentais do cidadão, seria uma incongruência muito grande condenar alguém sabendo ser ele inocente, ainda que através de prova ilícita. - Proporcionalidade e provas ilícitas pro societat: Há doutrinadores que admitem tal possibilidade, sobretudo no caso de organizações criminosas e da gravidade do delito. Entretanto, o STF não admite tal interpretação. INUTILIZAÇÃO DA PROVA ILÍCITA - ART. 157 §3º DO CPP. - A impossibilidade de utilização da prova ilícita pelo juiz não implica necessariamente na destruição física da prova. - Caso a prova pertença a alguém, deve a ela ser devolvida. Caso a prova constitua o corpo de delito em relação a quem praticou o ilicitude para obtê-la, não poderá ser destruída. - Momento processual do desentranhamento: Em regra, o juiz deve apreciar a ilicitude da prova antes da audiência de instrução e julgamento. Neste caso, o recurso cabível será o RESE, com base no art. 581, XIII do CPP. Entretanto, caso a prova seja apresentada na audiência, o desentranhamento será determinado na sentença, cabendo recurso de apelação. - Nada impede que a acusação utilize um MS para manter a prova nos autos, desde que alegue direito líquido e certo e a defesa utilize um HC caso haja potencial risco à liberdade de locomoção do acusado com a prova colacionada aos autos. OBS: Descontaminação do julgado. - Foi vetado pelo Presidente da República o §4º do art. 157 do CPP que dizia: “O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão”. - A fundamentação do veto foi uma eventual manipulação do juiz natural, uma vez que poderia ser plantada no processo prova ilícita apenas com o objetivo de afastar o juiz. OBS: Busca e apreensão em escritório de advocacia: - De acordo com a Lei 8.904/94 (Estatuto da Advocacia), com redação dada pela Lei 11.767/2008, o mandado de busca e apreensão deve ser específico e pormenorizado, e deve ser cumprido na presença de representante da OAB ou ao menos que se comprove que a OAB foi notificada da diligência e não enviou representante, sendo vedada a utilização de documentos e objetos pertencentes a clientes do advogado investigado, salvo se tais clientes também estiverem sendo investigados como co-autores ou partícipes do advogado. PROVAS EM ESPÉCIE PROVA PERICIAL – ARTS. 158 A 184 DO CPP - Conceito: Perícia é o exame feito por pessoas com conhecimentos técnicos, indispensável para a comprovação de fatos que interessam à decisão da causa. Em regra, a autoridade policial pode (na verdade trata-se de um dever – art. 6o. Do CPP - já que muitas circunstâncias desaparecerão até o início do processo-crime) determinar a realização de qualquer perícia no curso do inquérito policial, sendo a única exceção o exame de insanidade mental previsto no art. 149 do CPP, no qual o Delegado de Polícia poderá apenas representar ao juiz pela realização do exame. PERITO - Conceito: É a pessoa que possui uma formação cultural especializada, sendo necessário que seja portador de diploma de curso superior e que traz seus conhecimentos ao processo auxiliando o juiz e as partes na descoberta da verdade. - Pode ser de duas espécies: a) Perito oficial: É a pessoa investida na função por lei, ou seja, trata-se de funcionário público de carreira. No caso de perito oficial, basta apenas um para a realização do exame. b) Perito não-oficial: É a pessoa nomeada pelo juiz ou pela autoridade policial para realizar determinada perícia. Sua nomeação é sempre subsidiária, ou seja, somente no caso de não haver perito oficial. Neste caso, a perícia deve ser realizada por DOIS peritos não oficiais, sendo que se for realizado por um só será causa de NULIDADE RELATIVA, ou seja, deve ser arguida pela parte no momento oportuno e também deverá ser comprovado o prejuízo pela parte interessada. O perito não-oficial sempre deverá PRESTAR COMPROMISSO de bem desempenhar seu trabalho, sendo que se não houver este compromisso, o STF entende tratar-se de MERA IRREGULARIDADE, ou seja, não ensejará nulidade do processo. Há uma Súmula neste sentido, Súmula 361/STF de 1963, que parte da doutrina entende estar ultrapassada, mas não foi formalmente revogada pelo STF. ASSISTENTE TÉCNICO - Conceito: “É um auxiliar das partes dotado de conhecimentos científicos que traz ai processo informações especializadas relacionadas ao objeto da perícia. É um auxiliar das partes, contratado por ela, e logo tem atuação evidentemente parcial”. De acordo com o previsto no art. 159 §§3º,4º e 5º do CPP, a intervenção do assistente técnico somente será possível após sua admissão pelo juiz e após a apresentação do laudo pelo perito, oportunidade em que o assistente técnico poderá contraditar a prova pericial, inclusive apresentando quesitos. PERITOS X ASSISTENTES TÉCNICOS – DIFERENÇAS - Peritos (incluindo os não-oficiais) tem o dever da IMPARCIALIDADE, logo estão sujeitos às mesmas causas de impedimento e suspeição dos juízes. Como são contratados por uma das partes, os assistentes técnicos não possuem tal dever. - Os peritos não-oficiais (e evidentemente os oficiais) são considerados funcionários públicos para fins penais. Já os assistentes técnicos não. - Caso os peritos façam uma afirmação falsa em seus laudos, praticarão o crime de falsa perícia, previsto no art. 342 do CP. O assistente técnico jamais responderá por este crime, podendo, a depender do caso concreto, responder pelo crime de falsidade ideológica, quando colocar afirmação falsa em seu relatório EXAME DE CORPO DE DELITO - Conceito: “É o conjunto de vestígios materiais ou visíveis deixados pela infração penal, sendo que em regra, o exame não é necessário para o INÍCIO DO PROCESSO (podendo ser realizado no decurso do mesmo) Exceções: a) Art. 50 §1º da Lei de Drogas: Exige-se o laudo de constatação provisório para início do processo e também para a lavratura de eventual flagrante, para fins e caracterização da materialidade delitiva. b) Art. 525 do CPP: Nos crimes de violação dos direitos autorais (crimes contra a propriedade imaterial) - Obrigatoriedade do exame de corpo de delito: Obrigatório nas infrações penais que deixam vestígios, chamadas de infrações de fato permanente ou infrações penais não transeuntes. Por outro lado, é dispensável nas infrações que NÃO deixam vestígios, também chamadas de infrações penais transeuntes. - Exame de corpo de delito DIRETO x INDIRETO Direto: É aquele realizado pelos peritos diretamente sobre o corpo de delito. Indireto: Ocorre quando a prova testemunhal (art. 167 do CPP) ou documental supre a ausência de exame direto, em virtude do desaparecimento dos vestígios deixados pela infração penal. Também pode ser elaborado pelo perito um laudo de exame indireto, valendo-se o profissional de documentos (Ex: Laudo de lesão corporal com base no relatório médico feito quando do atendimento da vítima logo após o evento). SISTEMA DE APRECIAÇÃO JUDICIAL DO LAUDO PERICIAL - Em decorrência do CPP ter adotado o sistema do livre convencimento motivado ou sistema de persuação racional do juiz, o CPP adotou o SISTEMA LIBERATÓRIO, no qual o juiz pode aceitar ou rejeitar o laudo pericial, podendo decidir a causa contrariamente à prova técnica, desde que de forma fundamentada, sendo que muitas vezes o julgador utilizado os argumentos do assistente técnico. O sistema liberatório está expressamente previsto no art. 182 do CPP. CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DO EXAME DE CORPODE DELITO - Caso não haja exame de corpo de delito, e também não sendo sua ausência suprida por exame indireto, mas sendo ainda possível fazê-lo, o processo estará contaminado por uma nulidade absoluta, nos termos do art. 564, III, b) do CPP. No entanto, caso ao final do processo não haja comprovação do corpo de delito, deve o juiz absolver o acusado por ausência de comprovação da materialidade do fato. INTERROGATÓRIO - Conceito: “É o ato pelo qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação que lhe é feita e também em relação à sua pessoa, para que o julgador possa aferir de forma mais precisa as circunstâncias judiciais, previstas no art. 59 do CP, afim de fixar a pena-base”. - Natureza jurídica: O interrogatório tem natureza mista, ou seja, é considerado meio de prova (conceito tradicional) e também meio de defesa (a partir da reforma do CPP de 2003). PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA - No processo penal é composto pela defesa técnica e também pelo direito a autodefesa. - Defesa técnica: É aquela patrocinada por advogado, sendo que é irrenunciável por parte do réu. Caso o advogado abandone o processo, senão por motivo imperioso e sem comunicação prévia ao juiz, será multado no valor de 10 a 100 salários mínimos – art. 265 do CPP. É possível que a defesa de dois acusados do mesmo processo seja feita pelo mesmo advogado, desde que não haja colidência de teses defensivas. - Autodefesa: É a defesa feita pelo próprio acusado, sendo que esta pode ser renunciada pelo réu. Ex: Exercer o direito ao silêncio em seu interrogatório. Caso o réu seja advogado, nada impede que ele faça também sua defesa técnica. A autodefesa manifesta-se de 3 formas: 1) Direito de audiência: O acusado tem o direito de ser ouvido pelo juiz, de modo a tentar formar a convicção dele no sentido de sua absolvição. Excepcionalmente, o juiz poderá realizar o interrogatório do réu preso por videoconferência para atender a uma das finalidades: a) Risco à segurança pública, quando houver fundado receio de que o réu poderá fugir durante o deslocamento; b) Quando, por enfermidade ou outra circunstância pessoal, o comparecimento do réu na audiência for difícil; c) Para impedir a influência do réu no ânimo da vítima ou de testemunha, desde que não seja possível ouvir estas por videoconferência (sendo possível, nos termos do art. 217 do CPP a retirada do réu da sala durante o depoimento); d) em caso de gravíssima questão de ordem pública. 2) Direito de presença: O acusado tem o direito de acompanhar os atos da instrução ao lado de seu defensor, sendo que o STF tem vários julgados no sentido de que a presença não pode ser suprimida por conta da ineficiência do aparato estatal. Tal direito divide-se em direito de presença direta (ou seja, o acusado está fisicamente presente, inclusive podendo conversar com seu defensor sobre as possíveis perguntas que podem ser feitas) ou indireta (presença mediante videoconferência). 3) Capacidade postulatório autônoma: Independentemente de advogado, o acusado pode praticar determinados atos processuais sozinho como impetrar habeas corpus e interpor recursos (sendo que as razões devem ser interpostas por advogado). - MOMENTO DA REALIZAÇÃO DO INTERROGATÓRIO O interrogatório deverá ser o último ato da instrução processual, salvo se houver pedido de diligência – art. 400 do CPP. Caso o interrogatório não ocorra no momento devido, quando, p.ex., o acusado está foragido, poderá ser realizado a qualquer tempo, enquanto a decisão não transitar em julgado. Fundamentos: art. 185 do CPP, que fala que o interrogatório pode ser realizado no curso do processo penal; art. 196, ao prever que a todo o tempo poderá ser realizado novo interrogatório; e art. 616 ao prever que no julgamento das apelações, o Tribunal poderá proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências. - CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO 1) Trata-se de ato personalíssimo: Ou seja, o réu não pode ser interrogado por pessoa interposta, mediante procuração. 2) O interrogatório é ato privativo do juiz: Ou seja, é ato presidido pelo magistrado. Nos depoimentos das testemunhas, as mesmas são inquiridas primeiro pelas partes e depois pelo juiz. No interrogatório a ordem se inverte (sendo que primeiro pergunta a acusação e depois a defesa). 3) O interrogatório, a partir de 2003, passou a ser um ato sujeito ao contraditório: Até 2003, no interrogatório só participavam o juiz, o escrivão e o réu, sendo que atualmente as partes, seus advogados e o MP também participam – art. 188, sendo que o STF entende que até mesmo o corréu tem o direito de formular perguntas aos demais acusados, sobretudo nos casos de delação premiada. 4) Também a partir de 2003, o interrogatório passou a ser ato assistido tecnicamente: Caso o interrogado não seja assistido por advogado, ficará caracterizada nulidade absoluta do ato. Caso não compareça o MP, ficará caracterizada nulidade relativa, sendo necessária a comprovação do prejuízo. O interrogado também terá direito a entrevista prévia e reservada com seu defensor. Caso o interrogatório seja por videoconferência, ficará garantido canal telefônico reservado entre eles – art. 185 §5º do CPP. 5) O interrogatório é um ato público: Evidentemente, caso haja necessidade, poderá ser decretado o segredo de justiça do ato. 6) O interrogatório é um ato oral: Sendo que no caso do interrogado ser surdo-mudo, proceder-se-á de acordo com o art. 192 do CPP. 7) O interrogatório é ato individual: O corréu não pode estar presente no interrogatório dos demais acusados, afim de se preservar eventual acareação. Entretanto, os advogados dos demais acusados podem estar presentes e até mesmo fazer perguntas – art. 191 do CPP. - Condução coercitiva do interrogado: Embora esteja expressamente previsto no art. 260 do CPP, tal artigo NÃO foi recepcionado pela Constituição Federal, já que ao acusado é garantido o direito ao silêncio, sendo possível sua condução coercitiva apenas no caso de reconhecimento pessoal, que não exige conduta positiva do acusado. - Art. 198 também NÃO foi recepcionado pela Constituição Federal, ou seja, o silêncio do acusado em seu interrogatório, em hipótese alguma poderá ser usado em seu desfavor no momento da prolação da sentença. CONFISSÃO - Conceito: “É a aceitação formal da imputação da infração penal feita por aquele a quem foi atribuída a autoria do delito”. - Valor probatório da confissão: Previsto no art. 197 do CPP, trata-se de prova, como qualquer outra, de VALOR RELATIVO, ou seja, sozinha não é apta a fundamentar uma condenação. - Classificação da confissão: 1) Simples: O acusado confessa a prática do delito sem invocar qualquer tese de defesa. 2) Qualificada: O acusada confessa a prática do delito, mas opõe algum fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito de punir. Ex: Confessa, mas alega legítima defesa. 3) Extrajudicial: Realizada FORA do processo (até mesmo em sede de inquérito policial). Realizada sem o contraditório e sem a ampla defesa. A Jurisprudência (inclusive do STF) admite sua utilização SUBSIDIÁRIA, ou seja, pode essa confissão ser utilizada, desde que embasada por outras provas. 4) Judicial: Realizada em Juízo e com a observância do contraditório e da ampla defesa. 5) Confissão delatória: É a delação premiada. Para a Jurisprudência, uma delação premiada por si só não tem fundamento idôneo para a condenação, devendo estar respaldada por outros elementos probatórios. 6) Confissão implícita: Ocorre quando o acusado paga a indenização decorrente do crime praticado. Cuidado! Essa confissão NÃO tem valor probatório. 7) Confissão ficta ou presumida: É a baseada no silêncio do acusado ou seja, na ausência de contestação dos fatos a ele imputados. NÃO existe confissão ficta no processopenal em razão do direito ao silêncio do acusado. E se o acusado for citado por edital e não apresentar defesa ou nomear advogado? Aplica-se o art. 366 do CPP, ficando suspensos o CURSO DO PROCESSO e o PRAZO PRESCRICIONAL. Então existe REVELIA no processo penal? Sim, mas com efeitos diferentes do processo civil. O efeito da revelia no processo penal está previsto no art. 367 do CPP, na situação em que o réu for intimado PESSOALMENTE e não comparecer. A partir deste momento, será desnecessária a intimação do acusado para qualquer outro ato do processo, exceto a sentença condenatória. Réu citado pessoalmente e que não nomeia advogado ou comparece em Juízo, será declarado revel, sendo-lhe nomeado defensor dativo, correndo o processo normalmente. - Características da confissão: 1) Retratabilidade. 2) Divisibilidade: O acusado pode confessar uma parte e negar a outra, ou se são vários os fatos imputados, poderá confessar um e negar os demais. Ambas características estão previstas no art. 200 do CPP. 3) Trata-se de ato personalíssimo: Não adianta o acusado outorgar procuração para que terceiro possa confessar em seu lugar. DECLARAÇÕES DO OFENDIDO - Ofendido é a vítima. O ofendido NÃO é considerado testemunha, logo não presta o compromisso de dizer a verdade e consequentemente não pratica o crime de falso testemunho, mas pode responder pelo crime de denunciação caluniosa, imputando a alguém crime de que SABE ser inocente – Art. 339 do CP. - Tanto a Autoridade Judiciária quanto a Autoridade Policial poderão determinar a condução coercitiva do ofendido, nos termos do art. 201 §1º do CPP. Entretanto, a vítima NÃO pode ser obrigada a realizar exame pericial. - Como todos os demais meios de prova, as declarações da vítima tem valor relativo, ainda que no caso de crimes praticados às escondidas, sobretudo os crimes sexuais. PROVA TESTEMUNHAL - Conceito: “Testemunha é toda pessoa humana capaz de depor e estranha ao processo, chamada a declarar a respeito de fato percebido por seus sentidos e relativos à causa”. CARACTERÍSTICAS DA PROVA TESTEMUNHAL: 1) Judicialidade: Prova testemunhal deve ser colhida em Juízo e na presença das partes. Exceção: Art. 217 do CPP: Quando o réu puder interferir no estado de ânimo da testemunha e esta não puder ser ouvida por videoconferência, o juiz determinará a retirada do réu da sala de audiências, mas seu advogado permanecerá no local. 2) Oralidade: A testemunha deve depor de foram oral. Exceção: Art. 221 §1º do CPP: Presidente e Vice-Presidente da República e Presidentes da Câmara dos Deputados, Senado Federal e STF poderão optar pelo depoimento escrito. 3) Individualidade: Cada testemunha é ouvida separadamente da outra, sendo que sequer podem ouvir o depoimento uma das outras. Ainda deverá ser providenciado pelo Poder Judiciário que as testemunhas não fiquem no mesmo espaço. 4) Objetividade: A testemunha depõe sobre fatos, não podendo emitir opiniões pessoas, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. Ex: Peritos ao deporem sobre seus laudos – Art. 213 do CPP. 5) Contraditoriedade: A prova testemunhal está submetida ao contraditório. Nos termos do art. 212 as perguntas serão formuladas diretamente pelas partes (inovação de 2008), sendo que após a inquirição das partes, o juiz poderá complementar a inquirição. Quem pergunta primeiro é quem arrolou a testemunha, exceção feita ao Rito do Tribunal do Júri, no qual, nos termos do art. 473, o juiz-presidente pergunta primeiro, depois a acusação e por fim a defesa. Caso o juiz não respeite a ordem prevista no art. 212 e resolva perguntar primeiro, verificar-se-á uma causa de NULIDADE ABSOLUTA, conforme entendimento do STJ ao julgar o HC 121216 CLASSIFICAÇÃO DAS TESTEMUNHAS: 1) Numerárias: São as computadas para efeito de aferição do número máximo permitido. São as arroladas pelas partes e que prestam o compromisso legal de dizerem a verdade. 2) Extranumerárias: Não são as computadas para efeito de aferição do número máximo permitido. São ouvidas por iniciativa do juiz e as que nada sabem a respeito dos fatos, de acordo com o art. 209 §2º do CPP. 3) Informantes: São as que não prestam compromisso legal, mas que por interesse do Juiz podem ser ouvidas. 4) Referidas: São aquelas mencionadas por outras testemunhas – art. 209 §1º do CPP. 5) Próprias: Prestam informações sobre a infração penal. 6) Impróprias, instrumentárias, instrumentais ou fedatárias: Prestam declarações sobre a regularidade de um ato do processo ou do inquérito policial. Ex: São necessárias duas testemunhas de leitura quando o indiciado não quiser ou não puder assinar seu interrogatório policial, sobretudo na lavratura do auto de prisão em flagrante. 7) Direta ou visual: É aquela que depõe sobre um fato que testemunhou ou viu. 8) Indireta ou auricular: Depõe sobre um fato que apenas ouviu dizer. 9) Testemunha da coroa: É o depoimento do agente policial infiltrado. DESISTÊNCIA DA OITIVA: Possível antes ou até mesmo durante o curso da audiência. No Tribunal do Júri, após instaurada a sessão, só poderá haver a desistência com a concordância da parte contrária e do juiz-presidente. DEVERES DA TESTEMUNHA: 1) Dever de depor: Atenuado em relação ao ascendente, descendente, afim em linha reta, cônjuge e irmão, que podem recusar-se a depor, exceto se não houver outro meio de prova – art. 206. Nos termos do art. 207, também são proibidas de depor, exceto se desoneradas pela parte interessada e quiserem dar seu testemunho as pessoas que em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo. O advogado, ainda que desobrigado pela parte interessada, está proibido de depor sobre fatos que tomou conhecimento no exercício da profissão, nos termos do art. 7o. inciso XIX da Lei 8.906/94, assim como os padres, de acordo com o Código Canônico. Parlamentares também não são obrigados a depor sobre fatos que tomaram conhecimento em razão do exercício do mandato, nos termos do art. 5o. §6º da CF. Detentores de imunidade diplomática também não são obrigados a depor, o mesmo valendo para juízes e promotores que oficiaram no inquérito ou processo. Por fim, o jornalista não é obrigado a revelar sua fonte. 2) Dever de comparecimento: Sob pena de multa (de até 10 salários mínimos), responsabilização por crime de desobediência e condução coercitiva. As exceções a este dever são: a) art. 220 – As pessoas impossibilitadas de comparecer; b) art. 221 - As autoridades inquiridas com data marcada e; c) as testemunhas ouvidas através de carta precatória e carta rogatória, sendo que neste último caso, quando estamos no rito do Júri, onde as testemunhas são ouvidas em plenário, aquela que mora em outra comarca NÃO é obrigada a deslocar-se para a comarca onde está acontecendo o julgamento. 3) Dever de prestar compromisso de dizer a verdade – art. 203: As exceções são: a) Os parentes do réu, elencados no art. 206, caso queiram depor; b) Os menores de 14 anos; c) Os deficientes mentais – art. 208. 4) Dever de dizer a verdade: Corrente majoritária e mais atual entende que somente tem o dever de dizer a verdade e portanto responder pelo crime de falso testemunho as pessoas que prestam o compromisso de dizerem a verdade. 5) Dever de comunicar alteração de endereço: No prazo máximo de 1 ano de sua mudança, a testemunha deverá comunicar o Juízo a alteração, sobre pena de sofrer as sanções previstas ao não-comparecimento. INCIDENTES PROCESSUAIS EM RELAÇÃO ÀS TESTEMUNHAS 1) Contradita: Significa IMPUGNAR a testemunha, afim de que ela não seja ouvida pelo juiz, alegando circunstância que a torne suspeita de parcialidade ou indigna de fé. É realizado antes do início do depoimento. De acordo com o art. 214, o juiz consigna a contradita e a resposta da testemunha, mas só a exclui ou não lhe defere o compromisso de dizer a verdadenos casos previstos nos arts. 207 (os que devem guardar sigilo em razão da função) e 208 (menores de 14 anos, débeis mentais e parentes do réu). 2) Arguição de parcialidade: Neste caso, alega-se circunstância que torna a testemunha suspeita de ser parcial (exs: amigo íntimo ou namorado de uma das partes). Também se procede conforme o art. 214 e neste caso a testemunha é ouvida (pois o instituto jurídico para impedir a testemunha de depor é a contradita), sendo que a arguição é meio para questionar a imparcialidade da testemunha. NÚMERO DE TESTEMUNHAS – IGUAL PARA AS PARTES - Rito Ordinário: 8 para cada FATO - Rito Sumário: 5 testemunhas - Rito Sumariíssimo: 3 testemunhas - Rito do Tribunal do Júri: 5 testemunhas, que podem ser ouvidas em plenário. OBS: No caso de haver assistente de acusação, as testemunhas por ele arroladas juntam-se às arroladas pelo MP para cômputo do limite máximo. DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS – ARTIGOS 226 A 228 DO CPP
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