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RESUMO MAQUIAVEL

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RESUMO MAQUIAVEL
Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Sustenta-se enfaticamente que Maquiavel discorreu sobre a liberdade, ao oferecer preciosos conselhos para a sua conquista ou salvaguarda. Em 1498 Maquiavel passa então a ocupar a Segunda Chancelaria, posição de considerável responsabilidade na administração do Estado. Depois da redação de O Príncipe, a vida de Maquiavel é marcada por uma contínua alternância de esperanças e decepções. Busca incessantemente voltar às funções públicas.
Quando se trata do Estado, Maquiavel rejeita a tradição idealista de Platão, Aristóteles e Santo Tomás de Aquino e segue a trilha inaugurada pelos historiadores antigos, como Tácito, Políbio, Tucídies e Tito Lívio. Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma ordem natural e eterna. A ordem necessária a política não é natural, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e quando alcançada não será definitiva.
Natureza humana e história
Guiada pela busca da “verdade efetiva”, Maquiavel conclui que por toda parte, e em o tempo, é possível observar a presença de traços humanos imutáveis. A história é cíclica, repete-se indefinidamente, já que não há meios absolutos para “domesticar” a natureza humana. A ordem sucede à desordem e esta, por sua vez, clama por uma nova ordem. O poder político tem pois uma origem mundana. Nasce da própria “malignidade” que é intrínseca à natureza humana. O poder aparece como a única possibilidade de enfrentar o conflito ainda que qualquer forma de “domesticação” seja precária e transitória. A perversidade das paixões humanas sempre volta a se manifestar, mesmo que tenha permanecido oculta por algum tempo.
Anarquia X Principado e República
Maquiavel sugere que há basicamente duas respostas à anarquia decorrente da natureza humana e do confronto entre os grupos sociais: o Principado e a República. Todos os estados que existiram e existem são principados ou repúblicas, indicando a possibilidade de dois regimes políticos, que se distinguem pelo número de pessoas que detêm o poder: uma só ou um conjunto de cidadãos. Na primeira forma de regime, Maquiavel analisa as condições da ação política, suas possibilidades e seus limites a partir da figura do príncipe; segundo Maquiavel, os meios materiais que o príncipe dispõe para agir são as leis e as armas. Também enaltece o exército constituído por cidadãos leais que lutam por amor à pátria, o exército popular é visto como o único capaz de alcanças a coesão necessária para a manutenção do Estado.
Ele deve ainda preocupar-se ainda, com a arte do governo. Esta arte é adquirida pelo conhecimento das principais características do ser humano. Os homens são descritos como geralmente ingratos, simuladores, volúveis, covardes, ambiciosos, pérfidos e interesseiros. Não que sejam naturalmente maus, mas que tem tendências a buscas seus próprios interesses. 
O príncipe deve aprender a usar da força quando for preciso, fazendo-se temer. Segundo Maquiavel aquele que governa deve recorrer não só as leis, mas também a força. Ao tratar da ação de fortuna, Maquiavel não nega a sua existência nem a sua influência nos negócios humanos, para os antigos, a Fortuna não era uma força maligna inexorável. Ao contrário, sua imagem era a de uma deusa boa, uma aliada potencial, suja simpatia era importante atrair. Como se tratava de uma deusa que era também mulher, para atrair suas graças era necessário mostrar-se vir, um homem de verdadeira virilidade, de inquestionável coragem. Virtú é o termo empregado por Maquiavel para indicar um conjunto de qualidades, sentido de realidade, compreensão das circunstâncias, habilidade de avaliação do momento, aptidão para se adaptar as diferentes situações, capacidade de adotar medidas extraordinárias. 
Enfim, o êxito do agente político, seja ele um príncipe ou o conjunto dos cidadãos, vai depender da sua virtu, da sua disposição de adequar as suas estratégias de ação às particularidades do momento, alterando a sua conduta de acordo com as circunstâncias.
Maquiavel enfatiza assim a diferença entre as repúblicas capazes de expansão e as projetadas apenas à conservação. Ele sustenta que somente aquelas que optarem pela expansão, buscando a potência garantiram ao longo do tempo a manutenção da liberdade. As dissensões mediadas por mecanismos institucionais, podem produzir boas leis e liberdade. Segundo Maquiavel, é preciso que o legislador tenha em mente, ao promulgar as leis, que a natureza criou homens com a pulsão insaciável de tudo possuir e a impotência de tudo atingir, o que os torna ambiciosos e insatisfeitos, a ambição cessa apenas quando a necessidade se instaura. O legislador deve formular leis de modo a cultivar um estado de necessidade, para que a ambição não se manifeste. As leis podem ser capazes de frear os impulsos destrutivos dos homens e leva-los a praticar o bem e agir de acordo com o interesse comum. 
Maquiavel defende que um regime político só escapa da degeneração enquanto permanece marcado pela urgência que o fez surgir, e conhece sua decadência quando essa necessidade desaparece do horizonte. Maquiavel considera que essa corrupção comporta graus e diferenciações. Se a corrupção tiver se alastrado por todas as partes da república, principalmente entre o povo a liberdade não terá mais lugar. Nos casos em que se chegou a um estágio máximo de corrupção, somente uma reforma ampla e radical da república é capas de impedir sua ruína. As leis não conseguem amis reprimir a corrupção, e as instituições deixaram de ser eficientes. Torna-se então indispensável o recurso a métodos extraordinários, como as armas e a violência. Em tal situação, defende a ação de um só homem, que se apodere do poder, para dispor dele da maneira que bem entender, empregando os meios que considere necessários para reformar as leis e as instituições, ou seja, é preciso retornar ao momento pré-jurídico, no qual o agente político encontra-se fora de toda legalidade e moralidade.
Se a corrupção ainda não alcançou o seu máximo grau, é possível combate-la, segundo Maquiavel, com a renovação contínua, isto é, o retorno aos princípios que se encontram no momento da instituição da república. Assim, o meio mais eficaz de não ver a república se corromper é não esquecer sua necessidade originária, fazendo reviver continuamente o momento da sua fundação, por meio de mecanismos que recuperem seu vigor inicial.
Para Maquiavel, os governos republicanos favorece o surgimento das virtudes cívicas, uma vez que proporciona aos cidadãos, uma campo de possibilidade para o desenvolvimento de suas potencialidades. No regime republicanos, os impulsos humanos podem ser canalizados por meio de instituições públicas, para a busca da grandeza e da potência da cidade. As repúblicas são consideradas superiores porque têm uma longevidade maior do que os principados, estão mais capacitados a se adaptar às circunstancias do tempo, em razão da variedade e da diversidade de seus cidadãos.

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