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ENADE COMENTADO 2007 
Medicina 
 
 
Chanceler
Dom Dadeus Grings
Reitor
Joaquim Clotet
Vice-Reitor
Evilázio Teixeira
Conselho Editorial
Ana Maria Lisboa de Mello
Elaine Turk Faria
Érico João Hammes
Gilberto Keller de Andrade
Helenita Rosa Franco
Jane Rita Caetano da Silveira
Jerônimo Carlos Santos Braga
Jorge Campos da Costa
Jorge Luis Nicolas Audy – Presidente
José Antônio Poli de Figueiredo
Jurandir Malerba
Lauro Kopper Filho
Luciano Klöckner
Maria Lúcia Tiellet Nunes
Marília Costa Morosini
Marlise Araújo dos Santos
Renato Tetelbom Stein
René Ernaini Gertz
Ruth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRS
Jerônimo Carlos Santos Braga – Diretor
Jorge Campos da Costa – Editor-chefe
Maria Helena Itaqui Lopes 
Caroline de Cássia Monteiro 
(Organizadoras) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENADE COMENTADO 2007 
Medicina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2010 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33
Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900 
Porto Alegre – RS – Brasil
Fone/fax: (51) 3320 3711
e-mail: edipucrs@pucrs.br - www.pucrs.br/edipucrs
© EDIPUCRS, 2010
CAPA Rodrigo Valls
REVISÃO DE TEXTO Rafael Saraiva
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Gabriela Viale Pereira
Questões retiradas da prova do ENADE 2007 da Medicina
 E56 ENADE comentado 2007 : medicina [recurso eletrônico] / 
 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro 
 (organizadoras). – Dados eletrônicos. – Porto Alegre 
 : EDIPUCRS, 2010.
 75 p. 
 
 Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader
 Modo de acesso: 
 <http://www.pucrs.br/orgaos/edipucrs/>
 ISBN 978-85-397-0037-0
 1. Ensino Superior - Brasil. 2. Exame Nacional de 
 Desempenho de Estudantes. 3. Medicina – Estudo e 
 Ensino. I. Lopes, Maria Helena. II. Monteiro, Caroline. 
 
 CDD 378.81
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 6 
COMPONENTE ESPECÍFICO - QUESTÕES OBJETIVAS 
QUESTÃO 11 ............................................................................................................. 8 
QUESTÃO 12 ............................................................................................................. 9 
QUESTÃO 13 ........................................................................................................... 11 
QUESTÃO 14 ........................................................................................................... 13 
QUESTÃO 15 ........................................................................................................... 14 
QUESTÃO 16 ........................................................................................................... 18 
QUESTÃO 17 ........................................................................................................... 20 
QUESTÃO 18 ........................................................................................................... 21 
QUESTÃO 19 ........................................................................................................... 22 
QUESTÃO 20 ........................................................................................................... 23 
QUESTÃO 21 ........................................................................................................... 24 
QUESTÃO 22 ........................................................................................................... 26 
QUESTÃO 23 ........................................................................................................... 28 
QUESTÃO 24 ........................................................................................................... 30 
QUESTÃO 25 ........................................................................................................... 34 
QUESTÃO 26 ........................................................................................................... 36 
QUESTÃO 27 ........................................................................................................... 38 
QUESTÃO 28 ........................................................................................................... 40 
QUESTÃO 29 ........................................................................................................... 43 
QUESTÃO 30 ........................................................................................................... 46 
QUESTÃO 31 ........................................................................................................... 48 
QUESTÃO 32 ........................................................................................................... 50 
QUESTÃO 33 ........................................................................................................... 52 
QUESTÃO 34 ........................................................................................................... 55 
QUESTÃO 35 ........................................................................................................... 58 
QUESTÃO 36 ........................................................................................................... 60 
COMPONENTE ESPECÍFICO - QUESTÕES DISCURSIVAS 
QUESTÃO 37 ........................................................................................................... 64 
QUESTÃO 38 ........................................................................................................... 66 
QUESTÃO 39 ........................................................................................................... 69 
QUESTÃO 40 ........................................................................................................... 71 
PROFESSORES COLABORADORES PARA ELABORAÇÃO DAS RESPOSTAS . 74 
 
 
6 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
APRESENTAÇÃO 
A construção do conhecimento é tarefa multivariada. Aos professores cabe a 
seleção de materiais de aprendizagem adequados e estímulos apropriados para que 
os alunos possam buscar o seu próprio desenvolvimento ativamente. É dessa forma 
que o material ora disponibilizado para estudo foi concebido. Trata-se de questões 
que foram apresentadas nos exames ENADE, nas duas versões do mesmo, em 
2004 e 2007. As questões foram em parte respondidas por alunos da Faculdade de 
Medicina, que estão concluindo o curso, neste ano de 2010, e também por 
professores das respectivas áreas abordadas, incluindo-se comentários com 
referências para busca da complementação de leitura e estudo. 
O resultado desse movimento coletivo, no qual se buscou a qualidade para 
auxiliar o estudo dos alunos torna-se agora, com muita satisfação, disponível através 
deste e-book. 
Agradecemos muito a todos os colaboradores que tornaram possível esse 
empreendimento. 
 
Direção da FAMED e Membros da Comissão ENADE 
Diretor: Ivan Carlos Antonello 
Vice-Diretora e Coordenadora da Comissão ENADE: Maria Helena Itaqui Lopes 
Membros da Comissão ENADE: Alfredo Cataldo Neto 
Carlos Kupski 
Hamilton Petry de Souza 
Mariangela Badalotti 
Margareth Salerno 
Vinicius Duval da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPONENTE ESPECÍFICO 
QUESTÕES OBJETIVAS 
 
8 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 11 
O médico da Unidade Básica de Saúde é acionado pela enfermeira, por solicitação 
dos pais, para averiguar uma possível reação pós-vacinal num lactente de 2 meses, 
do sexo masculino. A mãe relata que, 4 horas após receber as vacinas 
programadas, a criança passou a apresentar crise de choro inconsolável que já 
perdurava por 3 horas.Diante do quadro, o médico, acertadamente, notificou o caso 
como sendo uma provável reação devido à vacina contra 
(A) tétano. 
(B) poliomielite. 
(C) difteria. 
(D) coqueluche. 
(E) Haemophilus influenzae. 
 
Gabarito: D 
Comentários: 
A)Tétano – Pode provocar reações locais, como dor, eritema, edema ou 
induração local por até dez dias. 
B) Poliomielite – O principal risco associado (vacina oral) é a paralisia infantil 
associada à vacina. O risco dessa eventualidade é de um para 2,4 milhões de doses 
oferecidas à crianças saudáveis. O risco é muito maior em imunodeprimidos (cerca 
de 3 mil vezes maior). 
C) Difteria – Apenas dor e eritema no local da aplicação. 
D) Coqueluche – É o componente da vacina DPT que mais frequentemente 
causa efeitos colaterais. Dentre eles o choro persistente por mais de 3 horas, pode 
ocorrer de 380 a 550 para 100.000 doses oferecidas da vacina de células inteiras 
(DPT) e cai para 26 a 100 para a vacina acelular (DpaT). 
E) Haemophilus inflenzae – As reações adversas locais (dor, eritema, 
induração) e gerais (febre, irritabilidade, sonolência) são raras e de baixa 
intensidade. Em mais de 90% dos casos, os sintomas se limitam as primeiras 24 
horas após a aplicação. 
Referência 
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Calendário Básico de vacinação da criança. 
Disponível em: http:portal.saude.gov.br Acessado em: 15/6/2010. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 9 
QUESTÃO 12 
Um menino com 1 mês de vida, raça negra, morador de área urbana, com condições 
de vida adequadas, é levado à Unidade Básica de Saúde para atendimento de rotina 
e vacinação, pelos pais, que não têm queixas. Não oferecem nenhum medicamento 
ao seu filho, que recebe aleitamento materno exclusivo. O médico avalia a criança, 
que tem exame físico normal, com ganho de 40 g/dia desde o nascimento. Pergunta 
se oferecem vitamina D ao filho e a mãe diz que, apesar de ter sido prescrita pelo 
médico da maternidade, ela não considera necessária, já que oferece 
exclusivamente o seio. O médico deverá conversar com os pais e propor uma 
conduta. Considera-se correto que o médico 
(A) admita que a suplementação pode ser dispensada enquanto a criança estiver 
em aleitamento materno exclusivo, mas deverá ser iniciada assim que for 
introduzido outro alimento ou fórmula láctea. 
(B) esclareça que morar em área urbana e ser de raça negra são considerados 
fatores de risco para raquitismo e que a oferta de vitamina D é segura e evita o 
aparecimento desta doença. 
(C) admita que a suplementação é facultativa, desde que programem a coleta de 
cálcio e fósforo no sexto mês de vida da criança. 
(D) concorde com a mãe acerca do real efeito protetor do leite materno, mas 
aponte que a conduta, por ser universal, não pode ser individualizada, 
independentemente de não haver risco, como neste caso. 
(E) advirta a mãe sobre o atraso no início da oferta da vitamina D e esclareça que 
seu filho tem risco de desenvolver raquitismo, que pode levar a deformidades 
ósseas e predispor ao desenvolvimento de cretinismo. 
 
Gabarito: B 
Comentário: 
A prevenção do raquitismo através da exposição solar está na dependência 
do tempo de exposição ao sol, local de moradia (zona rural ou urbana), cor da pele, 
entre outros, sendo que a pele de cor mais escura diminui a absorção, assim como 
morar em área urbana. Devido a todas essas variáveis, a Academia Americana de 
Pediatria recomenda a administração de 200UI de vitamina D por dia para todas as 
crianças, mesmo as amamentadas exclusivamente ao seio materno, devendo ser 
iniciada nos primeiros 2 meses de vida. Assim, a assertiva correta é o item (B). 
A quantidade de vitamina D do leite humano é insuficiente, pois tem 
habitualmente uma concentração de 25 UI/L, portanto a assertiva (A) não é correta. 
 
10 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
Não há indicação de aferição de níveis séricos de cálcio e fósforo, como 
afirma o item C, assim como a administração não é facultativa, conforme a 
recomendação acima descrita. 
Crianças negras são especialmente suscetíveis ao raquitismo, sendo este um 
fator de aumento de risco, estando, portanto, incorreta a assertiva (D). 
O Cretinismo é uma deficiência mental causada pelo hipotireoidismo 
congênito, e não tem correlação com deficiência de vitamina D, como afirma a 
assertiva (E). 
Referência 
1. Prevention of Rickets and Vitamin D Deficiency: new guidelines for vitamin D 
intake: Pediatrics, vol.111, nº 4, p. 908-910, 2003. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 11 
QUESTÃO 13 
Um menino, com 3 anos e meio de idade, morador de zona rural, é levado ao médico 
pelos pais, que se queixam que a criança está branquinha e se cansa fácil. Nascida 
em hospital distante 30 km do domicílio, os pais puderam levá-la ao médico apenas 4 
vezes, uma vez no primeiro ano de vida. Aleitamento materno exclusivo até 8 meses 
de vida. Após o exame físico (peso e altura no percentil 50), o médico observa palidez 
intensa e solicita exames, abaixo descritos (entre parênteses, valores normais). 
Hemograma: Hb: 7,5 g/dL (11-14,5); Ht: 25% (33-43); VCM: 62 fL (74-89); HCM: 21 
p. (24-32); CHCM: 26 g/dL (32-37); 
RDW (variação do volume eritrocitário): 21% (12-14). 
Leucócitos: 7.500/mm3 (diferencial dentro dos limites da normalidade). 
Plaquetas: 475.000/mm3 (150.000-400.000 /mm3). 
 
Capacidade total de ligação do ferro: 655 μg/dL (250-425 μg/dL). 
 
Ferro sérico e Ferritina: em análise. 
Pode-se afirmar que: 
(A) a principal hipótese é de anemia ferropriva, uma vez que, além da microcitose e 
hipocromia, observa-se elevada variação do volume eritrocitário. 
(B) a presença de microcitose e hipocromia em criança bem nutrida impõe a α-
talassemia como principal diagnóstico. 
(C) o diagnóstico de β-talassemia (traço) é o mais provável, uma vez que há 
grande variação do volume eritrocitário e a criança é bem nutrida, além de ser a 
hemoglobinopatia mais freqüentemente diagnosticada nesta faixa etária. 
(D) o diagnóstico de anemia falciforme deve ser excluído com a realização da 
prova de falcização, uma vez que a alta capacidade de ligação do ferro e a 
acentuada anemia caracterizam este diagnóstico nesta idade. 
(E) a deficiência da atividade da G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase) nas 
hemácias é a principal hipótese diagnóstica, pois trata-se de um caso de 
anemia intensa, certamente aguda (criança com peso normal), em criança do 
sexo masculino. 
 
Gabarito: A 
Comentário: 
A) alternativa correta: anemia ferropriva apresenta-se com microcitose, 
hipocromia e aumento do elevada RDW (variação do volume eritrocitário). 
 
12 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
B) errada: criança bem nutrida não significa aporte de ferro adequado. 
C) errada: na β-talassemia (traço) a variação do volume eritrocitário é menor 
ou normal e no traço talassêmico em geral a anemia é leve. 
D) errada: anemia falciforme não tem alta capacidade de ligação do ferro. 
E) errada: deficiência da atividade da G6PD (glicose-6-fosfato desidrogenase) 
é uma anemia hemolítica, com VCM normal ou elevado. 
Referência 
1. Braunwald E., et al. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 16th ed. 
McGraw-Hill, 2006, p. 586-610. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 13 
QUESTÃO 14 
Um lactente de 2 meses é admitido em uma enfermaria pediátrica com quadro de 
vômitos repetidos e desidratação. Os pais negam febre ou outros sintomas, mas 
referem que o filho tem vômitos pós-alimentares há 1 mês. Ao exame físico, a 
criança apresenta-se desidratada de algum grau, hipoativa e é possível perceber 
pequena tumoração à palpação abdominal do epigástrio. Diante deste quadro, a 
hipótese diagnóstica mais provável, o exame complementar mais adequadoe o 
tratamento são respectivamente: 
(A) estenose hipertrófica do piloro; endoscopia; jejum e descompressão gástrica. 
(B) pâncreas anular; colangiopancreatografia; jejum e descompressão gástrica. 
(C) estenose hipertrófica do piloro; ultra-sonografia de abdome; tratamento 
cirúrgico. 
(D) estenose hipertrófica do piloro; pHmetria; jejum e descompressão gástrica. 
(E) pâncreas anular; pHmetria e tratamento cirúrgico. 
 
Gabarito: C 
Comentário: 
Essa questão apresenta um tema relevante em Pediatria Clínica e Cirúrgica, 
assunto de discussões clínicas no âmbito das especialidades citadas. A resposta 
correta é a assertiva (C): apresenta um quadro clínico clássico de Estenose 
Hipertrófica de Piloro, patologia prevalente (2 a 3:1.000 nascimentos vivos) e, 
raramente, o surgimento dos sintomas ocorre ao nascimento, bem como após os 5 
meses de idade. Com relação a investigação diagnóstica, considera-se a 
ultrassonografia abdominal altamente sensível e, por permitir a visualização direta da 
musculatura pilórica, tem sido aclamada como método de escolha para diagnóstico 
e/ou exclusão de EHP. Com relação ao tratamento indicado: é sempre cirúrgico, não 
havendo indicação cirúrgica de urgência, pois deve haver cuidados pré-operatórios 
importantes, tais como correção dos distúrbios eletrolíticos previamente à cirurgia; e o 
procedimento preconizado é a Piloromiotomia clássica de Fredet-Ramsted somente. 
Referências 
1. Ketzer de Souza J.C. Estenose Hipertrófica de Piloro. Cirurgia Pediátrica - 
Teoria e Prática. 1ª ed.São Paulo: Roca Ltda, 2008, p.345-350. 
2. Haller JO, Cohen HL. Hypertrophic pyloric stenosis: diagnosis using US. 
Radiology 1986;161:335– 9. 
 
14 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 15 
Mãe leva o seu filho de 5 anos a consulta ambulatorial na Unidade Básica de Saúde, 
queixando-se que o mesmo estaria muito baixo. Refere que o menino é o menor 
entre os amiguinhos. A criança não apresenta antecedentes mórbidos significativos. 
Ao exame físico, observa-se que o menor é clinicamente normal e encontra-se no 
percentil 10 para a idade. O pai e a mãe têm estaturas de 1,72 m e 1,60 m, 
respectivamente. A melhor conduta a ser adotada neste momento é 
(A) encaminhar o caso para um endocrinologista pediátrico, para avaliação e 
seguimento. 
(B) iniciar a investigação de baixa estatura com a realização de dosagem de 
hormônio de crescimento (GH) basal. 
(C) realizar prova terapêutica com GH por um período de 3 meses e reavaliar a 
curva de crescimento. 
(D) realizar exame de idade óssea, para descartar hipopituitarismo. 
(E) tranquilizar a mãe, pois a criança encontra-se nos limites de normalidade. 
 
Gabarito: E 
Comentário: 
O Ministério da Saúde e a Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) adotam 
os seguintes parâmetros para avaliação do estado nutricional de crianças (menores 
de 10 anos): peso por idade, estatura por idade, peso por estatura e IMC por idade. 
Os pontos de corte para avaliação do estado nutricional da criança utilizados são 
listados a seguir. 
 
Pontos de corte de peso para idade para crianças menores de 10 anos 
 
< Percentil 0,1 Peso muito baixo para idade 
≥ do Percentil 0,1 e < Percentil 3 Peso baixo para a idade 
≥Percentil 3 e < Percentil 97 Peso adequado ou eutrófico 
≥Percentil 97 Peso elevado para a idade 
 
Pontos de corte de estatura para idade para crianças menores de 10 anos 
< Percentil 3 Baixa estatura para a idade 
≥ Percentil 3 Estatura adequada para a idade 
ENADE Comentado 2007: Medicina 15 
Pontos de corte de peso por estatura para crianças menores de 10 anos 
< Percentil 3 Peso baixo para estatura 
≥ Percentil 3 e < Percentil 97 Peso adequado ou eutrófico 
≥ Percentil 97 Peso elevado para a estatura 
 
Pontos de corte de IMC por idade para menores de 20 anos 
< Percentil 3 Baixo IMC para idade 
≥ Percentil 3 e < Percentil 85 IMC adequado ou eutrófico 
≥Percentil 85 e < Percentil 97 Sobrepeso 
≥ Percentil 97 Obesidade 
 
O registro periódico do peso e estatura da criança na caderneta de saúde da 
criança é considerado o melhor método de acompanhamento do crescimento infantil. 
Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde 
recomendam a utilização dos valores de referência para o acompanhamento do 
crescimento e ganho de peso das Curvas da OMS de 2006 (crianças menores de 5 
anos) e 2007 (faixa etária dos 5 aos 19 anos). Embora não se trate de um caso de 
baixa estatura, são feitas algumas considerações a respeito dessa condição. 
Quando a criança está abaixo do percentil 3 apresenta baixa estatura. Nesse 
caso, também deve-se obter a altura de ambos os pais porque o cálculo do alvo 
parental indica o canal de crescimento da criança. A determinação da estatura-alvo 
do paciente é feita utilizando-se as fórmulas a seguir: 
 
Meninas = [altura da mãe + (altura do pai – 13 cm) / 2] ± 9 
 
Meninos = [altura do pai + (altura da mãe +13 cm) / 2] ± 10 
 
De modo geral, o paciente deve ser revisto três meses depois, para o cálculo 
da velocidade de crescimento. Na nova consulta também se avalia a idade óssea. 
Apresenta-se a seguir um algoritmo de decisão com respeito ao diagnóstico 
de baixa estatura. 
 
16 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
 
 
Apesar de existirem patologias determinantes de baixa estatura, as causas 
mais frequentes de baixa estatura na infância são variações extremas da 
normalidade, casos em que a velocidade de crescimento é normal. Em relação à 
baixa estatura sem causas patológicas, os dois grupos mais citados são descritos a 
seguir: 
 
Baixa estatura familiar (genética) 
Crianças que crescem abaixo do percentil 3 com velocidade de crescimento 
normal, cuja trajetória de crescimento vai ao encontro do canal familiar. Os pais são 
baixos (um ou ambos) e uma parte variável do canal familiar vai estar abaixo do 
percentil 3; portanto, essas crianças podem permanecer com baixa estatura na vida 
adulta. Não há atraso da idade óssea, e a puberdade e o estirão puberal ocorrem na 
idade cronológica usual. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 17 
Baixa estatura constitucional 
É também chamada de atraso constitucional do crescimento e maturação. 
Essas crianças nascem com tamanho normal, apresentam uma desaceleração do 
crescimento no primeiro ou segundo ano de vida, mantendo-se abaixo do percentil 
3, com velocidade normal durante toda a infância. Apresentam um atraso 
significativo da idade óssea e o início da puberdade, o desenvolvimento dos 
caracteres sexuais secundários e o estirão também atrasam. Os pais não são baixos 
e o canal familiar encontra-se acima do percentil 3, com potencial normal para 
estatura final. Frequentemente há uma história de atraso puberal na família. 
Referências 
1. Aerts DR, Giugliani ER. Vigilância do estado nutricional da criança. In: Duncan B, 
Schmidt MI, Giugliani ER, editores. Medicina ambulatorial: condutas clínicas em 
atenção primária. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004: 180- 189. 
2. Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE. 
SAÚDE DA CRIANÇA. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento 
infantil. Brasília (DF): O Ministério, 2002. (Série Cadernos de Atenção Básica, 
11. Série A: Normas e manuais técnicos, p.173). 
3. Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO. 
GERÊNCIA DE SAÚDE COMUNITÁRIA. Atenção à saúde da criança de 0 a 12 
anos. Maria Lucia Medeiros Lenz, Rui Flores (org.). Porto Alegre. Hospital Nossa 
Senhora da Conceição, 2009. Disponível em: 
http://www2.ghc.com.br/GepNet/publicacoes/livroatencaoacrianca.pdf. Acesso 
em 10/7/2010 
4. Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. 
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃOBÁSICA. COORDENAÇÃO GERAL DA POLÍTICA 
DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. Incorporação das curvas de crescimento da 
Organização Mundial da Saúde de 2006 e 2007 no SISVAN. Disponível em: 
http://dtr2004.saude.gov.br/nutricao/documentos/curvas_oms_2006_2007.pdf. Acesso 
em 10/7/2010. 
5. Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. 
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. COORDENAÇÃO GERAL DA 
POLÍTICA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. Vigilância Alimentar e 
Nutricional (SISVAN). Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_basicas_sisvan.pdf. 
Acesso em 10/7/2010. 
6. Zeferino AMB, Barros Filho AA, Bettiol H, Barbieri MA. Acompanhamento do 
crescimento. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2003; 79 (Supl.1): S23-S32. 
 
18 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 16 
Uma menina saudável, com 9 anos de idade, é levada ao pronto-socorro do 
hospital de referência de seu domicílio, com queixa de dor e inchaço em 
articulação de joelho direito há 1 dia e febre hoje. Os pais referiam queda de 
bicicleta e trauma fechado em perna esquerda há 10 dias, que evoluiu bem após 
formação de hematoma no local. Ao exame, a criança estava em bom estado, 
corada, hidratada e não havia envolvimento de outras articulações. O joelho 
direito apresentava edema, calor e hiperemia e a criança queixava-se de muita 
dor. O pediatra solicitou a avaliação do ortopedista, que indicou a punção da 
articulação, após a avaliação física e do Rx, que demonstrava edema de partes 
moles adjacentes e discreto alargamento da cápsula articular. Os médicos 
conversaram com os pais acerca da hipótese de artrite séptica e da necessidade 
de internação para a punção, exames de sangue e tratamento. Os pais da criança 
solicitam a realização de ultrassonografia antes da punção, disponível em um 
hospital a 250 km de distância, em uma situação de difícil locomoção. Os 
médicos devem 
(A) explicar aos pais que não há vantagem em se realizar a ultra-sonografia e que 
as informações obtidas com o Rx são as mesmas que podem ser extraídas da 
ultra-sonografia e que não poderiam autorizar a saída para outro hospital, 
exceto com a alta a pedido. 
(B) transferir a criança para internação em outro hospital, ainda que distante, pois 
exames de ultra-sonografia ou tomografia realmente se impõem nesta 
circunstância. 
(C) solicitar aos pais a assinatura de um termo de responsabilidade e liberá-los 
para procurarem um hospital que possa oferecer todos os recursos, uma vez 
que a punção só pode ser realizada sob a visão da ultra-sonografia. 
(D) tranqüilizar os pais acerca da segurança do procedimento para a análise do 
líquido, especialmente a bacteriologia, e da importância de se iniciar 
precocemente o tratamento intravenoso com oxacilina. 
(E) administrar antiinflamatório intravenoso e encaminhar de ambulância para a 
realização da ultra-sonografia e retorno, para então realizar a punção e iniciar o 
tratamento com vancomicina, uma vez que a artrite ocorreu após trauma 
fechado. 
 
Gabarito: D 
 
 
ENADE Comentado 2007: Medicina 19 
Comentário: 
Resposta A: 
As informações obtidas com a ecografia complementam as informações 
radiológicas, especialmente quanto à presença de derrame articular e sua 
consistência (fluido, grumoso). No entanto, em articulações superficiais, a presença 
de derrame articular de qualquer origem é detectável clinicamente e facilmente 
verificado por punção articular sob anestesia local. Adicionalmente sob o ponto de 
vista ético e legal, a alta a pedido em menores de idade não é praticável, sendo 
necessária comunicação ao conselho tutelar ou autoridade policial, quando tal 
atitude gerar risco para o menor. Qualquer transferência deve ser precedida de 
contato médico a médico para garantir a vaga e o atendimento e repassar as 
informações relevantes por relatório médico. 
Resposta B: 
O padrão ouro para diagnóstico da patologia é a punção articular seguida de 
exame bacteriológico, o que pode ser feito com anestesia local, mesmo em um 
ambulatório, não sendo imprescindíveis os exames sofisticados de imagem. 
Resposta C: 
A punção de articulações superficiais dispensa o uso de métodos de imagem 
para orientação. A exceção é a articulação do quadril (profunda) que é feita sob 
orientação de um intensificador de imagens, com anestesia geral. O termo de 
responsabilidade já foi comentado. 
Resposta D: 
A punção é realmente o padrão ouro no diagnóstico. A maior parte das 
infecções em crianças acima dos 4 anos é causada por Staphylococcus aureus, 
sendo indicada a administração de oxacilina por via intravenosa associada ou não a 
drenagem cirúrgica conforme as condições específicas do caso. 
Resposta E: 
A ecografia é dispensável no caso, sendo imperativa a punção articular. A 
Vancomicina é reservada para o caso de germes resistentes, o que não é frequente 
em infecções comunitárias. 
Referência 
1. Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos. Atualização em conhecimentos 
ortopédicos – Pediatria. B. Stephens Richards MD (editor). São Paulo: Livraria 
Atheneu, 2002. p. 39-49. 
 
20 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 17 
Uma adolescente de 16 anos completos, saudável, estudante do ensino médio, 
procura atendimento na Unidade Básica de Saúde, sem acompanhante. Refere 
que já iniciou a vida sexual e gostaria de fazer uso da pílula anticoncepcional, 
apesar de utilizar o preservativo. O médico que a atende diz que só pode 
prescrever o método pedido após falar com um de seus pais ou responsável legal. 
A conduta do médico está 
(A) errada. Tal atitude pode ser considerada infração ética, pois, mesmo sendo 
menor de idade, a paciente mostra-se capaz de tomar decisões relativas à sua 
saúde e não há necessidade de comunicar aos responsáveis legais assuntos 
de sua vida sexual. 
(B) correta. A paciente é menor de idade, portanto, legalmente incapaz. É 
importante que seus pais ou o responsável legal saibam que ela tem vida 
sexual. Com a anuência deles, a pílula pode ser prescrita. 
(C) errada. Ele poderia prescrever a pílula anticoncepcional, desde que reforçasse 
a necessidade de continuar usando o preservativo e convocasse os pais ou o 
responsável legal para deixá-los cientes da situação. 
(D) errada. Não há obrigação em informar os pais ou o responsável, mas ele não 
pode prescrever método anticoncepcional para adolescente, devendo 
encaminhá-la a serviço especializado em adolescência para orientação 
multiprofissional. 
(E) correta. Ele deve exigir a presença dos pais ou do responsável, mesmo porque 
a pílula anticoncepcional está contra-indicada para adolescente, pelo risco de 
abandono do uso do preservativo. 
 
Gabarito: A 
Comentário: 
A paciente, embora menor, tem o direito a manter o conteúdo do seu contato 
médico protegido pelo princípio da confidencialidade. Não existe nenhuma obrigação 
pela parte dos médicos em comunicar aos pais da paciente qualquer orientação com 
relação à orientação sexual a ela dada, incluindo prescrição de contraceptivos orais. 
Não há obrigatoriedade de encaminhá-la a serviço especializado: serviços de 
atendimento primário têm como prerrogativa prescrição de fármacos a critério de seu 
juízo clínico. Não existe contraindicação para uso de AO em adolescentes. 
Referência 
1. Francisconi C. F., Goldim J.R. Aspectos Bioéticos da Confidencialidade e 
Privacidade; Introdução à Bioética. Conselho Federal de Medicina, 1998, p. 269-284. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 21 
QUESTÃO 18 
Mulher de 25 anos, primigesta, vai para a primeira consulta de acompanhamento pré-
natal na Unidade Básica de Saúde (UBS). Sua idade gestacional, pela menstruação, é 
de 10 semanas. Refere enjôos, por vezes com vômitos, perdeu um pouco de pesodesde que soube estar grávida. Tem tido sonolência e tonturas com escurecimento 
visual com relativa freqüência, melhorando ao se deitar por alguns instantes. Não toma 
café da manhã, pois está sempre atrasada para o trabalho, fazendo apenas duas 
refeições: almoço e jantar. Apesar de a gestação ser desejada, ela e o marido têm tido 
discussões freqüentes e ela acha que em parte por culpa dela, pois está com pouca 
paciência com o marido, chorando por qualquer motivo, mesmo insignificante. Está com 
medo de seu casamento acabar em separação. Ao exame físico, peso =61 kg, altura 
=1,64 m, PA = 110 x70 mmHg, pulso =80 bpm. O médico explicará à paciente que 
(A) os enjôos são comuns, mas como ela tem vômitos, com perda de peso e 
tonturas, será necessária internação por alguns dias para hidratação e 
medicações intravenosas. No hospital, um nutricionista orientará a dieta. 
(B) esses sintomas são próprios da gravidez e a orientará quanto à dieta correta e 
fracionada. Se for necessário, será encaminhada para um nutricionista. As 
alterações emocionais são comuns na gravidez. Se não houver melhora, 
necessitará de uma avaliação psicológica. 
(C) perder peso na gravidez não é normal. Por isso, ela deverá tomar vitaminas e 
procurar um nutricionista. Concomitantemente, deverá procurar orientação 
psicológica para “salvar seu casamento”. 
(D) os sintomas apresentados podem ser considerados próprios da gestação, 
exceto as tonturas e sonolência freqüentes. Por isso, a encaminhará a um 
especialista. Solicitará orientação nutricional e psicológica, se esses serviços 
forem oferecidos na UBS. 
(E) os sintomas apresentados são comuns na gravidez, por causa da queda dos 
níveis de progesterona que ocorre após a implantação embrionária, o que 
também leva a alterações emocionais. 
 
Gabarito: B 
Comentário: 
A resposta B é autoexplicativa, não requer comentário nenhum 
complementar. O único comentário pertinente, seria a questão E que fala da redução 
dos níveis de progesterona, que na verdade ocorre exatamente o contrário. 
Referência 
1. Rezende J. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 2005. 10ª ed. 
cap. 8, p. 143-173. 
 
22 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 19 
Paciente de 25 anos procura ambulatório para primeira rotina ginecológica de sua 
vida. Refere início da vida sexual por volta dos 15 anos e diz que já teve vários 
parceiros sexuais. Utiliza a pílula anticoncepcional, indicada por uma amiga, pois 
muitas vezes se esquece do preservativo. Ao exame ginecológico, é encontrada 
hiperemia no colo uterino e algumas micropapilas no intróito vaginal. Submetida a 
colposcopia, encontrou-se epitélio acetobranco, que, à biópsia, mostrou tratar-se de 
neoplasia intraepitelial cervical grau I (NIC I), com positividade para o papilomavírus 
humano (HPV). Nesse caso, é correto 
(A) suspender a pílula anticoncepcional, que é fator de risco para NIC I, e retornar 
em um ano para a colpocitologia oncológica. 
(B) tratar a paciente e seu parceiro com medicação antiviral, por ser elevada a 
concomitância de positividade no parceiro sexual. 
(C) explicar à paciente que ela tem um câncer em fase inicial e encaminhá-la para 
tratamento especializado, comunicando-se previamente com o colega que irá 
atendê-la. 
(D) fazer apenas controle anual e recomendar que o parceiro faça uma avaliação. 
(E) explicar que ela tem uma lesão que pode progredir para um câncer de colo 
uterino e deve submeter-se a tratamento da infecção pelo HPV. 
 
Gabarito: E 
Comentário: 
A paciente com lesão intraepitelial de baixo grau tem indicação de avaliação 
citológica e colposcópica no período que não exceda seis meses, observando sua 
regressão, a priori, de 58% no primeiro ano. O tratamento com agentes 
medicamentosos só ocorre em pesquisas clínicas até o presente momento. 
A resposta que mais se aproxima seria a alternativa E, considerando que a 
chance de evolução ao câncer é de apenas 1% nessas lesões de baixo grau e que o 
tratamento é conservador. 
Referência 
1. Berek J. Berek & Novak: tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan S.A. 14ª Ed. Cap. 17, p. 417-448. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 23 
QUESTÃO 20 
Mulher de 37 anos, um parto há 4 anos com nascimento de criança normal, procura 
atendimento em pronto-socorro com queixa de sangramento vaginal há cerca de 
uma hora. Última menstruação normal há 8 semanas, referindo teste de gravidez de 
urina positivo há 2 semanas. Ao exame físico, paciente afebril, observando-se 
sangramento vaginal em moderada quantidade, sem se notarem restos ovulares. Ao 
toque, colo amolecido com dilatação de cerca de 1 cm, útero de volume aumentado, 
compatível com o tempo de atraso menstrual. Os dados clínicos permitem afirmar: 
(A) Trata-se de um abortamento completo, em vista de ter ocorrido na fase inicial 
da gravidez. 
(B) As chances de ser abortamento por aneuploidia do concepto são pequenas, 
considerando-se que a gestação anterior foi normal. 
(C) Trata-se, provavelmente, de abortamento inevitável, pois há dilatação cervical e 
sangramento. 
(D) O quadro clínico caracteriza ameaça de aborto, podendo a paciente retornar 
para casa, necessitando apenas de repouso. 
(E) Ausência de restos ovulares na vagina, durante o exame ginecológico, descarta 
abortamento incompleto. 
 
Gabarito: C 
Comentário: 
No abortamento completo o colo está fechado. A aneuploidia (gestação com 
defeito genético) não é afastada por haver uma gestação normal anterior. Na 
ameaça de aborto o colo também está fechado e o sangramento costuma ser leve e 
a ausência de restos ovulares no exame vaginal não descartam abortamento 
incompleto. Portanto, é caso típico de abortamento inevitável, ou seja, o útero ainda 
contém o material ovular, eventualmente embrião vivo, mas a dilatação cervical 
denota essa probabilidade clínica. 
Referência 
1. Rezende J. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 2005. 10ª ed. 
cap. 23, p. 749-775. 
 
24 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 21 
Mulher de 23 anos procura pronto-socorro com queixa de dor em todo o abdome 
inferior, que iniciou há uma semana e vem piorando progressivamente. Última 
menstruação, há 10 dias. Nega febre, náuseas ou vômitos e refere hábito intestinal e 
micções normais. Relata ainda que vinha apresentando corrimento vaginal há 2 
meses e estava para marcar consulta ginecológica, quando o quadro atual se 
iniciou. Como método anticoncepcional, refere “tabelinha” e, eventualmente, 
preservativo. Ao exame físico, temperatura de 37,8 °C, abdome levemente 
distendido, com ruídos presentes. Dor à palpação de abdome inferior, pouco mais 
doloroso à descompressão brusca. Ao exame ginecológico, presença de secreção 
purulenta no colo uterino, que se encontra hiperemiado. Ao toque vaginal, útero de 
tamanho normal, dor à palpação pélvica, inclusive em regiões anexiais e à 
mobilização cervical. É correto afirmar: 
(A) É um quadro infeccioso genital alto, provavelmente decorrente de uma vaginite 
prévia, recomendando-se cultura de secreção vaginal e tratamento com 
antibiótico após antibiograma. 
(B) Trata-se de abdome agudo infeccioso com sinais de irritação peritoneal, 
recomendando-se a realização de laparotomia exploradora. 
(C) Deve-se realizar, inicialmente, hemograma e radiografia de abdome e, havendo 
leucocitose ou leucopenia e sinais de íleo paralítico, indicar laparotomia de 
urgência. 
(D) Trata-se de infecção genital superior polimicrobiana por contaminação 
ascendente, com provável participação inicial de clamídia ou gonococo. Deve 
ser iniciado tratamento com esquema antibiótico de amplo espectro. 
(E) O diagnóstico é doença inflamatória pélvica grave com irritação peritoneal. Amelhor abordagem terapêutica é a antibioticoterapia de amplo espectro 
seguida, em 12 horas, pela exploração cirúrgica. 
 
Gabarito: D 
Comentário: 
Trata-se de uma infecção genital ascendente de muito provável contaminação 
sexual (90% dos casos) por Chlamydia trachomatis (CT) ou Neisseria gonorrhoeae 
(NG), pois as relações sexuais não são seguramente protegidas e os sinais e 
sintomas são bastante evidentes, com quadro de pelve-peritonite álgica leve, 
febrícula, cervicite purulenta e toque vaginal doloroso. O risco de comprometimento 
das trompas de Falópio é significativo em infecções clinicamente evidentes, tanto 
ENADE Comentado 2007: Medicina 25 
por CT quanto por NG. No caso, atenção deve ser dispensada a idade da paciente e 
a, provável, prole não estabelecida. 
Nesse momento, a apresentação clínica não justifica uma intervenção 
cirúrgica e o tratamento com antibióticos deve ser imediato, independente da 
pesquisa etiológica. A doença tende a ser polimicrobiana (no caso, reforçado pela 
queixa da paciente de corrimento vaginal) o que justifica o uso de antimicrobianos de 
amplo espectro que abranja CT, NG, anaeróbios, gram-negativos e Streptococcus. 
Embora não haja náuseas e vômitos para uso de terapia oral, o quadro geral 
suscita o uso da via parenteral inicial. Um esquema que pode ser adotado é a 
Cefoxitina 2g a cada 6h, associada a Doxiciclina 100mg VO ou EV de 12/12h. Outra 
opção é a Clindamicina 900mg EV 8/8h associado à Gentamicina com dose de 
ataque de 2mg/kg e manutenção de 1,5mg/kg a cada 8h (cuidado deve ser 
dispensado com a função renal). 
Nesse caso, é recomendável, além do hemograma completo, uma 
ultrassonografia transvaginal para avaliar a possibilidade de abscesso tubo-ovariano, 
que justificaria a associação com Metronidazol ou Clindamicina. Não esquecer o 
diagnóstico diferencial com gravidez ectópica, apendicite, infecções do trato urinário, 
torção ou ruptura de cistos ovarianos e litíase ureteral. 
Referência 
1. Berek J. Berek & Novak: tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan S.A. 14ª Ed. Cap. 16, p. 404-416. 
 
26 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 22 
Mulher de 58 anos procura serviço médico ambulatorial queixando-se de urgência 
miccional com perdas urinárias e noctúria, com piora progressiva há alguns anos. 
Questionada, refere alguma perda urinária desencadeada com o ato de tossir ou 
espirrar. Menopausa aos 51 anos, sem terapêutica hormonal. Refere 4 gestações, 
com 3 partos vaginais hospitalares e 1 abortamento espontâneo. Durante o exame 
ginecológico, observou-se cistocele leve, sem perda de urina à manobra de 
Valsalva. A melhor opção de exame subsidiário e provável tratamento são: 
(A) ultra-sonografia perineal e fármaco parassimpatomimético. 
(B) teste urodinâmico e fármaco anticolinérgico. 
(C) teste do cotonete e tratamento cirúrgico. 
(D) teste urodinâmico e fármaco bloqueador alfa-adrenérgico. 
(E) ultra-sonografia perineal e tratamento cirúrgico. 
 
Gabarito: B 
Comentário: 
Essa paciente tem incontinência urinária de esforço ou de estresse e, 
segundo o consenso, urodinâmica não seria critério necessário para diagnóstico de 
incontinência urinária desse tipo. A realização desse exame deveria ser considerada 
em casos complexos, quando a história e exame físico não fossem suficientemente 
elucidativos ou em que existisse suspeita de condição oculta (neurológica 
subclínica). No entanto, de acordo com a Sociedade Internacional de Continência 
(ICS), através de seu subcomitê de normatização e terminologia, na tentativa de 
uniformizar as definições das disfunções do trato urinário inferior (LUTD), desde 
2002 adotou como norma que toda disfunção fosse definida por sinais, sintomas e 
achados urodinâmicos, devendo ser aplicada para todas as idades. Portanto, a 
resposta certa deve iniciar por teste urodinâmico (B ou D). 
Quanto ao tratamento está baseado na inibição da acetilcolina, efeito 
parassimpaticolítico como o da atropina. Fisiopatologicamente a disfunção deriva do 
estímulo adicional da acetilcolina que é liberada nas terminações colinérgicas do 
detrusor, promovendo sua contração. Os anticolinérgicos melhoram a acomodação 
vesical do músculo detrusor e à medida que o volume vesical aumenta, essa 
medicação reduz a hiperatividade, permite alívio da urgência, oferece maior 
ENADE Comentado 2007: Medicina 27 
capacidade de armazenamento e retardo do primeiro desejo miccional. Assim, a 
resposta para o tratamento dessa situação deve ser o uso de fármaco 
anticolinérgico (B). 
Se, como já foi dito, para definir a disfunção do trato urinário inferior é 
necessária a urodinâmica, qualquer resposta que não envolva esse exame no 
presente caso é incorreta. Ao se discutir fármacos ao definirmos 
parassimpaticolíticos como escolha, está incorreto o uso de drogas com efeitos 
contrários, ou seja, parassimpaticomiméticos ou bloqueadores adrenérgicos. A 
cirurgia só estaria indicada em casos refratários aos antagonistas colinérgicos ou de 
intolerância aos seus para-efeitos. 
Referências 
1. Guidelines for the surgical management of Female Stress Urinary Incontinence: 
Uptodate, 2009. 
2. Jarvis GJ, Stamps S. An assessment of urodynamic examination in 
incontinent women. Br. J Obst Gyn, 1980; 87: 893-896. 
 
28 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 23 
Mulher de 66 anos, do lar, procura atendimento ambulatorial para acompanhamento 
médico de rotina. Foi submetida recentemente a cirurgia por fratura no fêmur direito, 
após queda por escorregamento em casa. Relata menopausa aos 51 anos e diz que 
nunca fez uso da terapêutica hormonal da pós-menopausa, apesar das fortes ondas 
de calor na época. Atualmente ainda sente alguns calores. Queixa-se de desânimo 
para as atividades diárias e não tem vontade de sair de casa, por vezes sentindo-se 
triste sem motivo aparente, acreditando que isso seja devido à saída do filho de 
casa, porque se casou, embora o veja quase diariamente. Refere que era muito 
alegre e disposta antes da menopausa. 
Nega problemas no relacionamento conjugal, mas o desejo sexual está muito 
diminuído. Nesse caso 
(A) é esperado que o hormônio folículo estimulante (FSH) esteja baixo, 
estimulando pouco o ovário. Assim, há menor produção de androgênios, 
levando a redução da libido. 
(B) se a paciente tivesse feito uso da terapêutica hormonal da pós-menopausa, a 
chance de fratura seria similar, já que ela teve uma fratura do tipo traumático. 
(C) os calores que a paciente sente agora não têm relação com a deficiência 
estrogênica, pois a menopausa ocorreu há 15 anos. Assim, a terapêutica 
hormonal não a aliviaria. 
(D) o estado depressivo da paciente decorre do desequilíbrio entre o hormônio 
folículo estimulante (FSH) e o luteinizante (LH), que altera os níveis de 
serotonina. 
(E) a fratura deve ter sido decorrente de osteoporose, possivelmente conseqüente 
ao hipoestrogenismo prolongado. 
 
Gabarito: E 
Comentário: 
a) A secreção de FSH está sob controle (por feedback negativo), majoritariamente 
pelos níveis de inibina e secundariamente pelos níveis de estrogênio. Tanto a 
inibina quanto o estrogênio estão diminuídos na pós-menopausa, o que leva à 
elevação dos níveis de FSH. A produção de androgênios é estimulada pelo LH, 
que também está aumentado na pós-menopausa. Redução na produção 
androgênica pode levar à diminuição da libido. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 29 
b) Em torno de 50% das fraturas na pós-menopausa são secundárias ao 
hipoestrogenismo (osteoporose pós-menopáusica). O osso mais atingido pela 
osteoporose por hipoestrogenismo é o trabecular, presente 
predominantemente nas vértebras e nas epífises dos ossoslongos (como o 
fêmur), por ter metabolismo mais ativo. O uso de terapia hormonal reduz 
significativamente a perda de massa óssea e o risco das fraturas secundárias 
ao hipoestrogenismo. 
c) Os fogachos em 75% das pacientes se mantêm por menos de cinco anos. 
Entretanto, 5 a 10% terão fogachos indefinidamente. A terapêutica hormonal 
(TH) teria grande chance de reduzir os fogachos dessa paciente, mas não 
deve ser indicada, pois a mesma está há mais de dez anos em 
hipoestrogenismo e, nesse caso, a TH aumentaria o risco de eventos 
cardiovasculares. 
d) O hipoestrogenismo é o fator envolvido na depressão, e não o “equilíbrio” 
entre FSH e LH, ambos aumentados nessa fase. 
Na fraturas de fêmur, a questão do envelhecimento per se não pode ser 
esquecida como causa, mas, certamente, o hipoestrogenismo levando à 
osteoporose tem papel fundamental. 
Referência 
1. Berek J. Berek & Novak: tratado de ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan S.A. 14ª ed. cap. 32, p. 974-988. 
 
30 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 24 
Uma mulher de 60 anos, diabética, hipertensa grave de longa data, portadora de 
angina estável, procura o pronto-socorro com náusea e intensa dor precordial, com 
irradiação para o braço esquerdo, há 1 hora. Ela afirma que costuma ter dor 
semelhante, de menor intensidade, provocada por esforços físicos, que cede com o 
uso de nitrato sublingual e repouso, em 15 a 20 minutos. Estava repousando após o 
almoço, quando se iniciou a dor atual. Está calma, pálida, hemodinamicamente 
estável, pulso rítmico, com ausculta cardíaca e pulmonar normais. O 
eletrocardiograma mostra: 
 
 
 
O hospital não dispõe de Serviço de Hemodinâmica e não há vaga na unidade de 
tratamento intensivo. O diagnóstico mais provável e as medidas que devem ser 
implementadas na sala de emergência, após acesso venoso, repouso e 
monitorização cardíaca e de pressão, são: 
(A) angina instável; iniciar analgesia com morfina ou nitroglicerina, aspirina, 
clopidogrel e betabloqueador e anticoagulação profilática com heparina de 
baixo peso molecular. 
(B) angina prolongada em paciente já portadora de insuficiência coronária crônica; 
iniciar analgesia com nitroglicerina, oxigênio por cateter, aspirina e 
betabloqueador. 
(C) angina instável ou infarto agudo do miocárdio sem elevação de ST; iniciar 
analgesia com morfina ou nitroglicerina, oxigênio por cateter, aspirina e 
betabloqueador e anticoagulação plena com heparina; iniciar coleta seriada de 
enzimas cardíacas. 
(D) angina instável ou infarto agudo do miocárdio sem elevação de ST; iniciar 
analgesia com morfina, oxigênio por cateter e fibrinólise, com estreptoquinase 
ou alteplase, seguida de aspirina e betabloqueador e anticoagulação plena com 
heparina; iniciar coleta de enzimas somente depois de 2 horas do início dos 
sintomas. 
(E) infarto agudo do miocárdio sem elevação de ST; iniciar fibrinólise com 
estreptoquinase ou alteplase, analgesia com nitroglicerina, betabloqueador e 
anticoagulação plena com heparina; iniciar coleta seriada de enzimas cardíacas. 
 
ENADE Comentado 2007: Medicina 31 
Gabarito: C 
Comentário: 
Manejo clínico no atendimento dos pacientes com angina instável / infarto 
agudo do miocárdio sem elevação do segmento ST. 
As Síndromes Isquêmicas Agudas sem supra do segmento ST englobam 
pacientes com angina instável (AI) ou com infarto agudo do miocárdio sem supra do 
ST (IAMSST). Ela é caracterizada por uma desproporção entre a oferta e a demanda 
de 02 pelo miocárdio e, geralmente, associa-se à ruptura de placa aterosclerótica 
acompanhada de estreitamento da artéria coronária devido a um trombo não 
oclusivo e também a risco aumentado de morte cardíaca. 
Todos os pacientes com SIMI ou suspeita de SIMI devem realizar 
eletrocardiograma (ECG). Idealmente, o ECG deve ser realizado em até 10 minutos 
após a chegada do paciente ao hospital. O ECG deve ser repetido nos casos não 
diagnósticos, pelo menos uma vez, em até 6 horas. Na presença de 
eletrocardiograma prévio, o mesmo deve ser utilizado para comparação. Qualquer 
alteração nova ou presumidamente nova do segmento ST ou onda T está associada 
com maior chance de doença coronária. 
Em pacientes que se apresentam com quadro sugestivo de SCA, nos 
quais o diagnóstico de infarto do miocárdio não está estabelecido, os 
marcadores bioquímicos são úteis para confirmar o diagnóstico de infarto. Os 
marcadores devem ser medidos na admissão e repetidos pelo menos uma vez, 
6-9 horas após (preferencialmente 9-12 horas após o início dos sintomas), caso 
a primeira dosagem seja normal ou discretamente elevada. A CK-MB e 
troponinas são os marcadores bioquímicos de escolha. Para pacientes que 
chegam precocemente à emergência (antes de 6 horas do início dos sintomas), 
mioglobina e subformas de CKMB podem ser consideradas em adição a um 
marcador mais tardio (CK-MB ou troponina). 
O manejo clínico dos pacientes com SIMI ou suspeita de SIMI de risco 
intermediário ou alto deve ser realizado da seguinte forma: 
A – Internação: Todos os pacientes com SIMI de risco intermediário e alto 
devem ser internados em Unidade Coronária (UCO), sempre que possível. 
 
32 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
B – Oxigenoterapia: Geralmente a suplementação de oxigênio é mantida por 
até 4 horas após o desaparecimento da dor. A administração desnecessária de 
oxigênio por tempo prolongado pode causar vasoconstrição sistêmica e ser 
prejudicial quando desnecessária. 
C – Analgesia e sedação: Recomenda-se a utilização de analgésicos potentes 
a pacientes com dor isquêmica, refratários à terapêutica antianginosa. O sulfato de 
morfina é considerado o analgésico de eleição, sendo administrado quando a dor 
não for aliviada com o uso de nitratos sublingual, ou nos casos de recorrência da dor 
apesar da adequada terapêutica anti-isquêmica. 
D – Nitratos: O tratamento é iniciado administrando-se o nitrato por via 
sublingual (nitroglicerina, mononitrato ou dinitrato de isossorbida). Caso não haja 
alívio rápido da dor, esses pacientes podem se beneficiar com a administração 
intravenosa. Os nitratos estão contraindicados na presença de hipotensão arterial 
importante (pressão arterial sistólica PAS< 100 mmHg) ou uso prévio de sildenafil 
nas últimas 24h. 
E – Betabloqueadores: Seus benefícios estão relacionados à diminuição da 
frequência cardíaca, pressão arterial e contratilidade miocárdica, provocando uma 
redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio. Recomenda-se o uso rotineiro de 
beta-bloqueador oral nos pacientes sem contraindicação, devendo-se iniciar sua 
utilização com o paciente estável. 
G- Ácido Acetil-Salicílico: Deve ser utilizado em todo paciente com suspeita 
de Síndrome Coronariana Aguda. A dose recomendada é de 200 mg/dia e a dose de 
manutenção a longo prazo de 100 mg/dia. É contraindicado apenas nos pacientes 
que apresentam hipersensibilidade ao fármaco ou sangramento digestivo ativo, 
sendo então prescrito Clopidogrel. 
H – Heparina Não Fracionada (HNF): Forma um complexo com a 
antitrombina III e acelera, de forma marcante, a inibição da trombina. A 
consequência imediata é a redução dos fenômenos trombóticos, pela formação 
reduzida de fibrina e menor ativação plaquetária. A dose recomendada é 5.000 UI 
em "bolus", seguida de 1.000 UI/h, por via intravenosa. O TTPA deve permanecer 
entre duas e três vezes do valor controle. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 33 
 
 
 
 
Considerações: 
É melhor utilizar a expressão sindrome coronariana aguda com supra de st ( 
scacsst) ou sem supra de st (scassst). Não havendo elevação dos marcadores é 
angina instável. 
Quanto ao tratamento, a utilizaçãode antitrombótico inclui não só o aas como 
também clopidogrel. 
Referências 
1. Braunwald’s heart disease 8ª ed. 2007, cap. 51 e 53. 
2. Condutas práticas em cardiologia.Editora manole, 2010: Hurs’t the heart. 12ª ed. 
3. Hurs’t the heart. 12ª ed. cap. 59 e 60. 
 
34 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 25 
Uma senhora de 56 anos, com peso de cerca de 60 kg, foi atropelada. É levada pelo 
SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao pronto-socorro, onde chega 
1 hora depois do atropelamento. Está consciente, embora queixosa e agitada. Tem 
fratura exposta de perna esquerda, com extensa laceração de partes moles. O 
sangramento foi controlado com um torniquete, aplicado logo acima do joelho. O 
socorrista que atendeu a vítima no local explica que o sangramento era, 
inicialmente, muito intenso e difuso. Tentou controlá-lo com enfaixamento 
compressivo, mas não conseguiu. Optou então por usar o torniquete, aplicado há 
cerca de 30 minutos. Não há outras lesões aparentes. Sinais vitais: pulso: 120 
batimentos por minuto, regular; freqüência respiratória: 32 ventilações por minuto, 
sendo a expansão torácica simétrica e superficial; pressão arterial: 80 x 60 mmHg. O 
tratamento do choque desta paciente 
(A) deve ser feito com a administração precoce de drogas vasoativas, além da 
reposição volêmica adequada. O objetivo é garantir a normalização da pressão 
arterial, para manter a perfusão cerebral. 
(B) deveria ter sido iniciado já no local do atropelamento, antes do transporte, com 
a administração rápida de 2 litros de Ringer lactato ou de soro fisiológico, para 
normalizar a pressão arterial. 
(C) fica muito prejudicado pelo uso do torniquete, que piora a perfusão distal da 
perna. Sua retirada pode levar às complicações da síndrome de reperfusão. O 
socorrista deve ser orientado a não adotar mais tal estratégia para controlar a 
hemorragia. 
(D) deve ser feito pelo controle da hemorragia, em centro cirúrgico, e pela 
reposição de volume (solução salina e sangue). O controle da adequação da 
reanimação volêmica é feito pelo débito urinário, que deve ser de, pelo menos, 
30 mL/hora. 
(E) deve ser iniciado logo depois de excluída lesão cerebral e abdominal, de 
preferência por tomografia computadorizada. O tratamento de tais lesões pode 
ser mais urgente. 
 
Gabarito: D 
Comentário: 
(A) Segundo o Colégio Americano de Cirurgiões, o uso de drogas 
vasopressoras estão contraindicados no choque hipovolêmico, uma vez 
que nessa patologia, a resposta fisiológica ao choque inicia com aumento 
do débito cardíaco seguido de vasoconstricção periférica ocasionada pela 
ENADE Comentado 2007: Medicina 35 
ação de catecolaminas endógenas (adrenalina, dopamina) e outros 
hormônios com ação vasoativos (bradicinina, histamina, beta-endorfinas). 
Sendo assim, o efeito adicional de drogas vasoativas seria ínfimo. 
(B) Como houve dificuldade em parar o sangramento com medidas simples no 
local do acidente, há a necessidade rápida do deslocamento da vítima a 
um centro de atendimento a pacientes politraumatizados, com centro 
cirúrgico para tratar o caso. 
(C) O torniquete foi necessário para parar o sangramento, pois não foi 
possível com o enfaixamento compressivo, porém a vítima tem que ser 
deslocada rapidamente a um centro cirúrgico para controle adequado do 
sangramento e choque. 
(D) CORRETA 
(E) O controle do choque é prioridade frente a esses problemas apontados na 
alternativa “E”, apenas as vias aéreas (Airway) e a ventilação (Breathing) 
teriam prioridade ante ao choque, abordado no item circulação. 
Referência 
1. GOLDMAN L., Ausiello D. Cecil: Tratado de Medicina Interna, 23ª edição, 2008. 
cap.107 , p. 742-749. 
 
36 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 26 
Um homem de 40 anos, assintomático, procura o ambulatório médico para controle 
de hepatite B. Afirma que há 6 meses procurou a Unidade Básica de Saúde de sua 
cidade com náusea e vômitos. Na ocasião, o médico solicitou exames, confirmou o 
diagnóstico de hepatite B e encaminhou-o para seguimento ambulatorial. Como 
mudou de cidade, só agora está procurando seguimento médico. Quer saber se 
pode retomar o uso de bebidas alcoólicas e deixar de usar preservativo nas relações 
sexuais com sua esposa. Não trouxe os exames iniciais. O exame físico é normal e 
os exames laboratoriais mostram: ALT = 90 U/L, AST = 70 U/L, bilirrubinas normais, 
HBsAg: (+),anti-HBc: (+), anti-HBs: (-), HBeAg: (-), anti-HBe: (+), anti-HCV: (-) e anti-
HAV IgG: (+). A orientação correta é 
(A) explicar que o uso de preservativo não será determinado pelo risco de 
transmissão de hepatite A ou B e a restrição ao álcool deve ser mantida até a 
normalização das transaminases; solicitar sorologia de vírus B para a esposa e 
os filhos. 
(B) manter o uso de preservativo, não liberar álcool e solicitar sorologia de vírus B 
para a esposa e para os contactantes domiciliares. 
(C) manter a restrição alcoólica; o uso de preservativo segue a mesma orientação 
da população em geral; a esposa e os filhos devem receber imunização passiva 
para hepatite A e B. 
(D) dizer que o uso de preservativo e a restrição ao álcool seguem a mesma 
orientação da população em geral; a esposa e os filhos devem receber 
imunização ativa para hepatite B. 
(E) manter o uso de preservativo e a restrição ao álcool até a normalização das 
transaminases; indicar imunização ativa para a esposa e contactantes 
domiciliares. 
 
Gabarito: B 
Comentário: 
Esse paciente é portador do vírus da hepatite B e, apesar de ser 
assintomático, com exame físico normal, pouco aumento de transaminases e 
marcador de replicação do vírus da hepatite B negativo (isto é, HBeAg negativo), 
há constante risco de transmissão parenteral, sexual e vertical (caso fosse 
mulher) do vírus B. Portanto, nesse caso, deve manter uso de preservativo com o 
contato sexual. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 37 
Como o álcool também é hepatotóxico, devemos sempre orientar a abstenção 
total de ingesta alcoólica em qualquer indivíduo portador de doença hepática crônica 
ativa ou inativa, independente do nível de transaminases. 
Quanto aos contactantes domiciliares, esposa e filhos, devemos solicitar 
sorologias para sabermos senão são também portadores do HBV e conforme 
resultado, indicar imunização ativa contra o vírus hepatite a fim de adquirirem 
imunidade, confirmada com o anti-HBs positivo. 
Em relação ao vírus da hepatite A, esse indivíduo apresenta um anti-HVA IgG 
positivo, resultado que representa imunidade contra vírus da hepatite A, que pode 
ser adquirida por contato prévio (geralmente de forma assintomática na infância) ou 
através de imunização ativa. 
Referência 
1. Goldman L., Ausiello D. Cecil Medicine. 23ª ed. Philadelphia: Saunders Elsevier: 
2008. p.1.101-1.116. 
 
38 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 27 
Un hombre de 52 años procura la emergencia de un hospital, quejándose de orina 
oscura hace dos días y de dolor intenso en la región lombar derecha, con irradiación 
para el vientre, hace una hora. No tiene histórico médico relevante. Dice que el dolor 
en la espalda es muy fuerte y no hay posición que le mejore. Ha tomado 2 pastillas de 
paracetamol, pero no ha mejorado. Esta muy mareado, pero no ha vomitado. Se 
sospecha de cólico nefrético, siendo el paciente medicado por via intravenosa, con 
mejoría de todos los sintomas. El examen de orina revela hematuria (> 1.000.000 
hemacias/mL) y la ultrasonografía muestra un cálculo de 0,4 cm en el uréter derecho, 
a 1,5 cm de la yuncción ureterovesical, con ureterohidronefrosis muy discreta. Para 
dar seguimiento al tratamiento de este paciente, debe considerarseque 
(A) la mayor parte de los cálculos ureterales con menos de 0,5 cm de diámetro es 
eliminada espontáneamente. 
(B) el riesgo de infección y de pérdida de la función renal es muy grande, porque el 
cálculo es obstructivo. 
(C) lo ideal es que el paciente sea sometido tan pronto sea posible a la retirada o la 
fragmentación del cálculo, para evitar nuevas crisis de dolor. 
(D) aunque muy frecuentemente recomendada, la ingestión de grandes cantidades 
de líquido no disminuye el riesgo de formación de nuevos cálculos. 
(E) diuréticos tiazídicos deben ser evitados, porque aumentan la calciuria; debe 
prescribirse vitamina D, para prevenir la formación de nuevos cálculos de 
oxalato de calcio. 
 
Gabarito: A 
Comentário: 
O principal determinante da eliminação espontânea de um cálculo ureteral é o 
seu tamanho e, com menos importância, a sua localização. Segundo as estatísticas, 
a metade dos pacientes com cálculos entre 4 e 6 mm, vão necessitar de intervenção 
para a sua retirada. Nos casos de eliminação espontânea, esta ocorre, em média, 
após 22 dias, sendo que, em 40 dias, aproximadamente, 95% dos pacientes 
eliminam os cálculos (ver referências abaixo). 
Comentários sobre as outras opções: 
A opção B não é correta porque não existem evidências de infecção no caso 
descrito, e a hidronefrose, além de discreta, desaparecerá com a eliminação 
espontânea do cálculo. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 39 
A opção C não é correta porque existe efetivamente uma boa probabilidade 
de que o cálculo saia espontaneamente, sem necessidade de manipulação da via 
urinária, o que aumentaria o risco de complicações. Como no caso não há indícios 
de infecção, pode-se aguardar a eliminação espontânea do cálculo. 
A afirmação da opção D não é correta, pois ao contrário, a ingestão de grande 
quantidade de líquido aumentará a chance de eliminação espontânea do cálculo. 
A opção E não é correta porque os tiazídicos diminuem a calciúria, a vitamina 
D aumenta a calcemia, aumentando a chance de desenvolvimento de urolitíase. 
Referências 
1. Miller OF. Time of Stone passage for observed ureteral calculi: a guide for 
patient education. Journal Urol 1999; 162:688. 
2. Parekatil SJ. External validation of outcome prediction model for 
ureteral/renal calculi. J Urol 2006; 175:575. 
 
40 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 28 
Num plantão noturno de pronto-socorro, são admitidos três pacientes com quadro 
súbito de diminuição da consciência. 
- Paciente 1: homem de 65 anos, hipertenso com tratamento irregular. A família 
relata quadro agudo de cefaléia, náusea, vômito e provavelmente um episódio de 
convulsão tônico-clônica. Está comatoso, com hemiplegia esquerda e pressão 
arterial de 190 X160 mmHg. 
- Paciente 2: mulher de 30 anos, sem antecedentes mórbidos, com quadro súbito de 
cefaléia holocraniana de forte intensidade, acompanhada de náusea. Está 
sonolenta, sem déficit motor, com sinais de irritação meníngea e pressão arterial de 
140 X 90 mmHg. 
- Paciente 3: homem de 50 anos, diabético, tabagista, com antecedente de febre 
reumática e com fibrilação atrial há pelo menos 12 meses. Está sonolento, com 
hemiparesia esquerda e pressão arterial de 150 X100 mmHg. 
 
São realizadas tomografias computadorizadas dos 3 pacientes, expostas abaixo: 
 
 
 
É mais provável que as imagens I, II e III correspondam, respectivamente, aos 
pacientes 
(A) 3, 2 e 1 
(B) 3, 1 e 2 
(C) 2, 3 e 1 
(D) 2, 1 e 3 
(E) 1, 2 e 3 
 
Gabarito: B 
ENADE Comentado 2007: Medicina 41 
Comentário: 
São apresentadas 3 Tomografias Computadorizadas do Encéfalo, sem uso de 
contraste iodado, para correlação com 3 quadros clínicos neurológicos, cuja 
características são compatíveis com Acidente Vascular Cerebral Encefálico ( AVE ). 
Para responder essa pergunta o aluno deverá ter conhecimentos de imagem, 
que permitam o diagnóstico diferencial entre os quadros isquêmicos e os 
hemorrágicos, correlacionando os dados tomográficos com os casos clínicos. Em 
primeiro lugar, analisaremos as histórias clínicas desses supostos pacientes. 
No paciente 1 estamos diante de uma história típica de AVE hemorrágico,pela 
apresentação abrupta, presença de fatores de risco para hemorragia cerebral 
(hipertenso mal controlado) e sinais neurológicos compatíveis com Síndrome de 
Hipertensão Intracraniana (cefaleia, náusea, vômitos e deterioração do sensório) 
associados à lesão piramidal manifesta por déficit motor e convulsões. Tais 
pacientes apresentam, via de regra, extensos hematomas cerebrais profundos, 
denominados para-capsulares (daí o déficit motor). 
Na paciente 2, mulher, jovem (30 anos ), sem história pregressa de doença 
neurológica quadro de instalação súbita com cefaleia intensa, náuseas e síndrome 
meníngea. Trata-se de uma apresentação clássica de hemorragia subaracnoidea 
em vista da ausência de déficit motor, associado a sinais clínicos de irritação 
meníngea, além do grupo etário, típico dos pacientes que apresentam ruptura de 
aneurismas cerebrais. 
No paciente 3, um homem com 50 anos de idade, encontramos várias causas 
de doença vascular isquêmica agravadas pela presença de fibrilação atrial que 
certamente é responsável por um processo embólico envolvendo a artéria carótida 
direita, num evento que explicaria o quadro abrupto de sonolência, hemiplegia 
esquerda e HAS. 
Em relação às imagens apresentadas, os alunos devem saber que a 
presença de sangue fora dos vasos cerebrais, produz uma imagem de alta 
densidade, branca, semelhante ao cálcio da calota óssea, configurando 
extravasamento de sangue em direção ao parênquima cerebral ou espaço 
subaracnoideo. Nos quadros isquêmicos, por outro lado, observa-se no parênquima 
cerebral áreas escuras, que representam o acúmulo de água extravascular, 
 
42 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
indicando a presença de edema secundário a isquemia. Sendo assim, podemos 
afirmar com segurança que a TC I pertence a um paciente com isquemia hemisférica 
direita, a TC II indica um extenso hematoma cerebral profundo para-capsular e a TC 
III uma hemorragia subaracnoidea pela definição, através do sangue extravasado, 
das cisternas do espaço subaracnoideo. 
Correlacionando, agora, os quadros clínicos com as imagens, não resta 
dúvida que a resposta certa para questão é a B. 
Quero salientar, que essa questão me parece muito bem elaborada, 
abordando uma patologia muito prevalente (AVE) e que representa a tendência atual 
do ensino da patologia neurológica correlacionando quadro clínico X imagem. 
Referência 
1. Mark S. Greenberg. Handbook of Neurosurgery. p. 737, 738,745,754,755, 756. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 43 
QUESTÃO 29 
Uma mulher de 24 anos, portadora de anemia falciforme, é levada à Unidade Básica 
de Saúde (UBS) por apresentar febre e tosse há 8 horas. A mãe diz que trouxe a 
filha, porque constatou temperatura de 40 graus, há 2 horas. A jovem está sonolenta 
– o que a mãe atribui à dipirona que tomou – sem dor, com T = 38,8 ºC, pressão 
arterial = 112 × 74 mmHg, pulso = 126 bat/min e freqüência respiratória = 32 
mov/min; há estertores subcrepitantes em base pulmonar esquerda e sopro sistólico 
3+/6+ em área mitral, sem irradiação. O médico suspeita de pneumonia e sugere 
removê-la para um hospital onde possa fazer avaliação radiológica e laboratorial e, 
provavelmente, permanecer internada. A mãe reluta em aceitar. A enfermeira da 
UBS argumenta que conhece bem a paciente e os familiares e que concorda que a 
jovem poderia tentar fazer tratamento domiciliar sob observação do agente de 
saúde. O médico deve 
(A) insistir na remoção, porque se sabe que as infecções pulmonares em 
portadoresde anemia falciforme têm como principal agente etiológico 
Pseudomonas sp, necessitando antibioticoterapia intravenosa. 
(B) concordar com o tratamento domiciliar, desde que haja acompanhamento diário 
do agente de saúde, e iniciar tratamento com levofloxacina ou claritromicina por 
via oral. 
(C) insistir na remoção, porque os dados de que dispõe, pela anamnese e exame 
da paciente, indicam uma infecção com repercussão clínica de moderada a 
grave. 
(D) insistir na remoção, porque esta paciente necessita de transfusão de glóbulos 
vermelhos para aumentar o transporte de oxigênio. 
(E) concordar com o tratamento domiciliar, desde que seja possível trazer a 
paciente diariamente à UBS para avaliação médica, e iniciar levofloxacina ou 
ciprofloxacina por via oral. 
 
Gabarito: C 
Comentário: 
Portadores de anemia falciforme apresentam defeito do sistema 
imunológico que exige assistência meticulosa e nas circunstâncias descritas no 
caso precisam contar com recursos diagnósticos e terapêuticos reservados ao 
ambiente hospitalar. 
Febre de início recente com taquipneia e sinais de repercussão 
hemodinâmica são dados preocupantes que indicam uma emergência médica. 
 
44 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
Além disso, o quadro de sonolência precisa ser esclarecido. Pode estar 
relacionado a baixa saturação de oxigênio por infecção respiratória, mas também é 
preciso afastar possibilidade de meningite. Nesse caso, conhecer bem a paciente e 
seus familiares não garantem a assistência necessária para evitar o risco de o 
quadro evoluir de forma negativa. 
 
(A) insistir na remoção, porque se sabe que as infecções pulmonares em 
portadores de anemia falciforme têm como principal agente etiológico Pseudomonas 
sp, necessitando antibioticoterapia intravenosa. 
Comentário: Principal agente etiológico é o streptococus pneumoniae que vai 
requerer uso de antibioticoterapia inicialmente empírica (penicilina ou derivados) em 
nível hospitalar por se tratar de uma portadora de anemia falciforme. 
 
(B) concordar com o tratamento domiciliar, desde que haja 
acompanhamento diário do agente de saúde, e iniciar tratamento com 
levofloxacina ou claritromicina por via oral. 
Comentário: por se tratar de uma portadora de anemia falciforme que a deixa 
mais suscetível a contrair infecções (asplenia funcional), visita da ACS e 
antibioticoterapia via oral seriam medidas inadequadas. 
 
(C) insistir na remoção, porque os dados de que dispõe, pela anamnese e 
exame da paciente, indicam uma infecção com repercussão clínica de moderada 
a grave. 
 
(D) insistir na remoção, porque esta paciente necessita de transfusão de 
glóbulos vermelhos para aumentar o transporte de oxigênio. 
Comentário: por se tratar de uma portadora de anemia falciforme que a deixa 
mais suscetível a contrair infecções (asplenia funcional), essa paciente irá requerer 
investigação e tratamento em nível hospitalar que não se limita a manejar 
desaturação de oxigênio. 
 
ENADE Comentado 2007: Medicina 45 
(E) concordar com o tratamento domiciliar, desde que seja possível trazer a 
paciente diariamente à UBS para avaliação médica, e iniciar levofloxacina ou 
ciprofloxacina por via oral. 
Comentário: pelos motivos já expostos, o tratamento proposto nessa 
alternativa não está indicado. 
Referências 
1. Angulo IL. Sickle cell crisis. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 427-430, apr./dec. 2003. 
2. Benz Jr., E. in Harrison. Principles of Internal Medicine. Editora McGraw Hill, 
ch. 98, p.635-638, 2008. 
3. The Management of Sickle Cell Disease. NIH Publication Nº. 02-2117, june 
2002. Disponível em www.nhlbi.nih.gov/health/prof/blood/sickle/index.htm. 
 
46 Maria Helena Lopes, Caroline Monteiro (Orgs.) 
QUESTÃO 30 
Um homem de 75 anos, com quadro demencial avançado e câncer de próstata com 
metástases vertebrais, é trazido ao ambulatório médico. Os familiares relatam que 
há 5 dias diminuiu muito a ingesta alimentar, tem apresentado febre e notaram urina 
turva e de odor fétido. Foi orquiectomizado há 6 anos, recebe analgésicos comuns 
eventualmente, além de medicação anti-hipertensiva e haloperidol quando tem 
agitação. Dosagens recentes de PSA e cálcio são normais. O exame mostra um 
paciente que não contactua nem reconhece as pessoas, está emagrecido e 
levemente edemaciado, desidratado, taquicárdico, febril, com pressão arterial de 89 
x 60 mmHg. Os familiares queixam-se das dificuldades que têm para mantê-lo bem 
cuidado e solicitam internação definitiva em um hospital de cuidados paliativos. Não 
há previsão de vaga nesse tipo de hospital. A conduta médica mais adequada é 
(A) explicar que se trata de uma intercorrência infecciosa, mas que, diante do 
quadro demencial avançado, não há sentido em iniciar antibiótico; indicar uma 
internação rápida apenas para hidratação parenteral e, em seguida, 
encaminhar o paciente para casa. 
(B) concordar com a internação definitiva, esclarecer que, diante do quadro 
neoplásico avançado, não há sentido em introduzir qualquer cuidado adicional 
e encaminhá-lo para espera da vaga hospitalar em casa. 
(C) concordar com a internação definitiva, providenciar sonda nasoenteral para 
hidratação e alimentação e deixar o paciente aguardar a vaga hospitalar em 
casa. 
(D) concordar com a internação definitiva, providenciar sonda nasoenteral para 
hidratação, alimentação e administração de antibiótico e deixar o paciente 
aguardar a vaga hospitalar em casa. 
(E) explicar que se trata de uma intercorrência infecciosa de gravidade relativa que 
requer internação, provavelmente breve, para hidratação e antibioticoterapia 
parenterais, e que, após esse período, deverá voltar para casa com os 
cuidados habituais. 
 
Gabarito: E 
Comentário: 
(A) explicar que se trata de uma intercorrência infecciosa, mas que, diante do 
quadro demencial avançado, não há sentido em iniciar antibiótico; indicar uma 
internação rápida apenas para hidratação parenteral e, em seguida, encaminhar o 
paciente para casa. 
ENADE Comentado 2007: Medicina 47 
Essa opção não se justifica, pois a complicação que o paciente apresenta é 
potencialmente reversível. Não administrar tratamento com antibióticos adequados 
para a intercorrência infecciosa é inadequado. O fato de o paciente ter um quadro 
demencial não deve interferir nessa decisão. 
(B) concordar com a internação definitiva, esclarecer que, diante do quadro 
neoplásico avançado, não há sentido em introduzir qualquer cuidado adicional e 
encaminhá-lo para espera da vaga hospitalar em casa. 
Essa opção também julga que um tratamento como antibioticoterapia para 
uma infecção potencialmente reversível, não deve ser utilizado em vistas a uma 
neoplasia avançada. A evolução de uma neoplasia de próstata avançada com 
metástases ósseas, embora incurável, pode ser de muitos meses e eventualmente 
de anos. 
(C) concordar com a internação definitiva, providenciar sonda nasoenteral para 
hidratação e alimentação e deixar o paciente aguardar a vaga hospitalar em casa. 
Essa opção também não contempla tratar o motivo reversível de 
desestabilização do paciente. 
(D) concordar com a internação definitiva, providenciar sonda nasoenteral 
para hidratação, alimentação e administração de antibiótico e deixar o paciente 
aguardar a vaga hospitalar em casa.O paciente apresenta um quadro de infecção 
com repercussão hemodinâmica. Não é adequado enviar o paciente para casa. 
(E) explicar que se trata de uma intercorrência infecciosa de gravidade 
relativa que requer internação, provavelmente breve, para hidratação e 
antibioticoterapia parenterais, e que, após esse período, deverá voltar para casa 
com os cuidados habituais. 
Tratar a intercorrência

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