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1 Apresentação da equipe: Djalma Santos Edson Pontes Luciano Andrade Ricardo Pacheco Stefanni Reis Silvia Matos 2 O Direito e a Psicologia Jurídica (Forense) 3 A busca da compreensão sobre o fenômeno delitivo vem desde a Antiguidade. Houve momentos em que o deliquente, considerado enquanto tal a partir de uma visão individualista, foi entendido como um ser anormal (por exemplo, na Grécia Antiga), o que, em geral, o levava à expulsão Clã. No século III, muitos entendiam que o desvio que levava a pessoa a afastar- se das normas sociais era intervenção do demônio. Somente com o advento das idéias renascentistas o homem começou a ser como dono de seu próprio destino e reconduzido a sua condição humana, por conta da abertura de pensamentos próprios da época. Nessa fase, há também uma intensa busca em se humanizar as penas e o tratamento dos condenados. Enfatizando-se as causas sociais e econômicas. 4 O Direito e a Psicologia Jurídica (Forense) Há, porém, até os dias atuais, uma inquietude que move os estudiosos, de diversas áreas a saber, a buscar uma explicação para o comportamento criminoso. A convergência entre psicologia e direito sobressai-se para tentar conjugar as teorias psicológicas com as determinações legais, resvalando no fator de que estas últimas são determinadas pela ética social. Estas considerações iniciais trazem uma visão macroscópica, parte-se da premissa de que a compreensão do comportamento criminoso abre um espectro teórico, cuja compreensão, com a intenção de inibir a prática delitiva e fomentar políticas públicas que previnam a ocorrência criminosa, solicita uma ampla interdisciplinaridade. Ainda mais porque nenhuma atingiu um grau de previsibilidade efetiva do comportamento humano. 5 O Direito e a Psicologia Jurídica (Forense) No estudo dedicado ao delinquente, demonstra extensa gama de componentes de origem intrapsíquica, identificáveis na origem do comportamento delitivo: Os valores, crenças e conceitos; A cópia e/ou identificação com modelos (pessoas significativas); A influência do grupo ou equipe à qual o indivíduo pertence ou com a qual participa de ações; O condicionamento capaz de produzir comportamentos estereotipados inadequados; Emoções extremas, que conduzem a momentos de descontrole em que o indivíduo comete ações fora do domínio consciente, embora responsável por ela. 6 O Direito e a Psicologia Jurídica (Forense) 7 O que é Forense? Forense é um termo relativo aos tribunais ou ao Direito. Ciência Forense é a aplicação de um conjunto de técnicas científicas para responder a questões relacionadas ao Direito, podendo se aplicar a crimes ou atos civis. O esclarecimento de crimes é a função de destaque da prática forense. Através da análise dos vestígios deixados na cena do crime, os peritos, especialistas nas mais diversas áreas, conseguem chegar a um criminoso. Algumas das áreas científicas que estão relacionadas à Ciência Forense são a Antropologia, Biologia, Computação, Matemática, Química, e várias outras áreas ligadas à Medicina, como por exemplo, a Psicologia Forense. 8 Psicologia e Medicina Forense A Psicologia Forense é uma área da psicologia que está relacionada com a ciência forense, e consequentemente, com questões judiciais. A psicologia forense é a metodologia da psicologia aplicada ao contexto legal. Nesta área, são estudadas as condições que fazem a ligação entre o Homem e a Lei. No caso de crimes, a psicologia tem a função de determinar a vontade do sujeito e a sua capacidade civil e penal. A Medicina forense ou medicina legal pode ser dividida em muitas áreas, sendo que uma delas é a psicologia forense. 9 Psicologia Jurídica: Psicologia do Direito: explica a essência do direito, a sua fundamentação psicológica. Seria semelhante à Filosofia do Direito. Psicologia no Direito: estuda a estrutura das normas Jurídicas enquanto estímulos dos vetores das condutas humanas: produz ou evita certos comportamentos. Psicologia para o Direito: disciplina auxiliar do direito, convocada a iluminar os fins do próprio direito. Aplicada ao seu melhor exercício. Prof. Dr. Jorge Trindade 10 A Psicologia Jurídica e sua aplicação no âmbito do Direito Penal 11 Exemplos • psicologia criminal (júri, depoimento, interrogatório) • psicologia da vítima • psicologia penitenciária • psicologia judicial (acusado, testemunhas, réu) • psicologia do trânsito • psicologia a serviço da criança e do adolescente • psicologia da família (SAP) • psicologia das decisões judiciais • psicologia do testemunho • psicologia investigativa 12 A Psicologia Jurídica atende a uma demanda do judiciário e estuda o agente psicológico do delito, utilizando-se também da Psicanálise, além de tratar de questões como: inimputabilidade, imputabilidade, semi-imputabilidade, progressão de pena, execução penal e, perícia. A Psicologia Jurídica é utilizada no âmbito penal somente em casos, como: assassinatos em série, crimes altamente violentos, etc... A utilização da Psicologia Jurídica no campo criminal como em outros campos serve para a busca por justiça, servindo como meio e não fim para encontrá-la. 13 A Importância da Psicologia Jurídica para os Profissionais do Direito 1. Parece não haver dúvida de que o sistema de justiça tem se aperfeiçoado em todos os sentidos ao longo do tempo. Isso é fruto do esforço de doutrinadores, legisladores, professores, magistrados, estudiosos, não só do Direito, mas também da Sociologia, da Psicologia e de outros ramos do conhecimento. 14 2. Entretanto, é razoável estimar que uma parte dos erros judiciais está associada ao desconhecimento de assuntos psicológicos essenciais. 15 3. Se pretendemos aprimorar a Justiça e as Instituições, devemos conhecer os mecanismos psicológicos do comportamento humano. 4. Como acontece na Medicina – onde um grande número de consultas médicas, na verdade, é a busca de soluções para problemas psicológicos - também muitos conflitos jurídicos são decorrentes, motivados ou permeados, por questões de natureza emocional e psicológica. 16 5. Pensemos nas questões de família: • separação, • divórcio, • regulamentação de visitas, • guarda e a adoção, e logo veremos o manancial de problemas emocionais, tais como: a raiva, o ciúme e medo de perder o objeto amado, o ódio, a retaliação ou a vingança de um cônjuge contra o outro (a Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um excelente exemplo disso). 17 6. Pensemos no Direito Penal. A começar pelo crime e suas motivações. Todo crime é o resultado grave de uma alteração do comportamento humano (conduta). Homicídio Parricídio/ Matricídio Parenticídio/ Filicídio Todos são expressões criminosas carregadas de sentimentos conflituosos. 6.1. Destaque especial merece o crime passional e o uxoricídio (assassinato da própria esposa), amores que matam (!?). 18 6.2. Pensemos nos delitos sexuais, • nas personalidades perversas, • na pedofilia, • nos crimes perpetrados por sádicos e masoquistas, e por todos os lados, veremos questões psicológicas informando o mundo jurídico. 6.3. Pensemos, mais especificamente nas questões de Inimputabilidade e na Responsabilidade Diminuída 6.4. Pensemos também nas Medidasde Segurança e no procedimento de Declaração do Incidente de Insanidade Mental. 19 Vamos pensar agora no outro lado. 7. Pensemos na vítima e quão valioso é o estudo acerca da personalidade das vítimas (vitimologia). Por que determinados tipos psicológicos são mais suscetíveis ao crime do que outros; que aspectos conscientes e inconscientes os levam ao lugar da vítima; que mensagens (linguagem) a vítima está emitindo para seu algoz? 7.1. Pensemos no doloroso processo de re-vitimização (Primária, Secundária e Terciária), na segunda agressão que pode representar a má condução de um procedimento policial, senão mesmo judicial, capaz de fazer a pessoa já vitimada a reviver o momento traumático como um novo insulto. 7.2. Nesse contexto, podemos observar a importância do depoimento sem dano. 20 8. Pensemos também no homem condenado (réu), que está cumprindo pena, e logo veremos a importância da Psicologia Jurídica no Direito Penitenciário. Afastado pelo direito da sociedade que feriu, ele deverá ser reintegrado, pois a função da pena é retributiva e ressocializadora. 21 9. Pensemos ainda no Direito da Criança e do Adolescente e no modelo da Proteção Integral proposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O direito à família natural; O direito à família saudável, livre de drogas e outras dependências; O direito à escola e ao processo de aprendizado formal exitoso; O direito à saúde, que a OMS refere não apenas como bem-estar físico, mas também emocional e social. 22 10. Pensemos nos Direitos do Idoso, daquelas pessoas que trabalharam, produziram, viveram antes de nós e sonharam o que hoje é realidade para nós, e que nos brindaram com sua experiência e que, por tudo isso, merecem cuidados especiais, que estão no umbral mais avançado da existência e, também por isso, merecem esmerada atenção psicológica. 11. Pensemos na importância da Psicologia Jurídica nos delitos de trânsito – especialidade que hoje se denomina Direito do Trânsito ou Automobilístico, cujas ações tramitam nas Varas Especializadas de Acidentes de Trânsito; mas Pensemos também na delicada tarefa de seleção e preparo de motoristas, bem como na reabilitação de indivíduos sinistrados. 23 12. Passemos ainda para um outro lado e logo comprovaremos a importância da Psicologia Jurídica no âmbito do Direito Civil quando, por exemplo, trata da capacidade das pessoas, do agente da compra-venda ou da doação, e, mais especificamente, da interdição, mormente quando a causa é a doença mental ou psicológica. 13. Pensemos ainda no Processo Penal, nos procedimentos de oitiva de testemunhas, na veracidade dos depoimentos, no interrogatório do réu e nas estratégias de convencimento dos jurados, aspectos que autorizam falar de uma verdadeira Psicologia do Júri. 24 14. Pensemos no Direito do Consumidor e aí novamente encontramos a importância da Psicologia Jurídica nas hipóteses do dano moral e do dano psicológico, nas prestações de serviços médicos, hospitalares, de saúde em geral; nos descapacitados em particular e nas intervenções em casos de tratamento de saúde mental. 15. Pensemos no toxidependentes, na Psicologia dos usuários de drogas, quase sempre vítimas de uma outra psicologia – aquela que anima a mente inescrupulosa dos traficantes. 16.Pensemos na proposta da Justiça Terapêutica, já implementada em muitos países desenvolvidos (USA, Canadá) e em alguns Estados brasileiros. 25 17. Pensemos no trabalhador e no trabalhador desempregado, humilhado, e como ele irá olhar o rosto dos filhos quando chegar em casa com as mãos vazias de pão (Psicologia no Direito do Trabalho e nos Direitos Sociais, dano psicológico e no acosso moral = saúde do trabalhador). O acosso moral, um tema recente que vem sendo tratado com rigor pelos organismos internacionais do trabalho, se refere ao abuso de poder, à pressão, à perseguição, à desqualificação, ao amedrontamento e às ameaças que os trabalhadores sofrem no ambiente de trabalho, tanto no âmbito dos serviços públicos e das universidades como no das empresas privadas, problema que tem causado diversas doenças psicossomáticas nas vítimas e inclusive suicídios 18. Enfim, por qualquer lado que se olhe o vasto Panorama Jurídico está estampada a importância da Psicologia Jurídica e esses exemplos servem para demonstrar como a Psicologia Jurídica permeia todos os ramos do direito, do cível ao crime, do administrativo ao trabalhista, do direito material ao processual. 26 19. Pensemos ainda nos direitos do funcionário público que ficou enfermo pela rotina do trabalho ou pelo excesso de responsabilidade ou de risco, como o professor ou o policial – civil ou militar – que expõe sua própria vida e nem sempre é condizentemente remunerado. Pensemos na matéria dos Concursos Públicos e na seleção e recrutamento de recursos humanos, e outra vez lá está a contribuição da Psicologia Jurídica. 27 20. Pensemos na mulher violentada ou agredida, às vezes dentro do próprio lar, e na violência que ela sofre, às vezes, na frente dos próprios filhos. 28 21. Pensemos no réu alcoolista, naquele que deliberadamente recorre ao álcool para, nesse estado, cometer o crime, e naquele outro que o comete por um vício ou defeito da mente ou da personalidade. 22. Pensemos ainda no importante auxílio que a Psicologia Jurídica pode oferecer ao próprio advogado como pessoa humana, ao promotor e, sobretudo, o que a Psicologia pode informar quanto à produção das decisões judiciais: a psicossociologia (sociopsicologia) das decisões judiciais e na formação dos magistrados (psicologia dos magistrados). 23. Pensemos na tarefa policial e na investigação criminal; nas teorias criminológicas de explicação da delinquência, da violência e da guerra, do direito dos expatriados e dos grupos minoritários, na psicologia criminal e política e até mesmo no direito internacional. 29 A Psicologia é fundamental ao Direito e, bem mais que isso, essencial para a Justiça. Então, já não é mais preciso recorrer a argumentos ad terrorem para mostrar que uma grande parte dos erros judiciais decorre da falta de conhecimento da Psicologia Jurídica. 30 Sendo assim, tudo mostra que a enciclopédia jurídica é também uma enciclopédia da psicologia. Direito e Psicologia são duas disciplinas co-irmãs que nascem com o mesmo fim. Direito e Psicologia compartilham do mesmo objeto de estudo, ou seja, o homem e seu comportamento. Direito e Psicologia estão ambos destinados a servir o homem e a promover um mundo melhor. Podemos dizer, figurativa e expressivamente, que Direito e Psicologia precisam dar as mãos. 31 Em todas as áreas da vida em sociedade, não podemos julgar pela primeira impressão, um olhar mais atento nos revela grandes mistérios. 32 33 “As pessoas não devem diferenciar-se em deliquentes e não delinquentes, senão em menos ou mais resistentes às tendências delitivas”. Myra y Lopéz, 2007, p. 278 “Eu apelo para o futuro; eu apelo para uma época em que o ódio e a crueldade não mais controlarão os corações dos homens. Época em que poderemos aprender através da razão, do bom senso, do entendimento e da fé que cada vida vale a pena ser salva e que a compaixão é o maior atributo do homem”. Clarence Darrow (1857-1938) F I M 34F I M Questionário 1 – O que é Psicologia Jurídica? R.: É a aplicação de um conjunto de técnicas científicas para responder a questões relacionadas ao Direito, podendo se aplicar a crimes ou atos civis. 2 – O que acontecia com o delinquente na época da Grécia antiga? R.: O delinquente era considerado como um ser anormal, o que, em geral, o levava à expulsão do clã. 3 – Qual o entendimento da sociedade no século III, sobre o desvio que levava a pessoa a afastar-se das normas? R.: Era a intervenção do demônio. 35
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