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Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Tutelas de Urgência / Tutela Antecipada vs. Tutela Cautelar / Tutela Antecipada / Antecipação de Tutela de Urgência / Antecipação de Tutela Sanção / Antecipação de Tutela em caso de pedido “incontroverso” / Requisitos da tutela das obrigações de fazer, não fazer e dar / Momento de Concessão 2º Horário. Cabimento de antecipação de tutela em reconvenção e em ações dúplices / Cabimento de antecipação de tutela nas ações monitórias / Cabimento de liminar nas ações em que trabalhador pede a movimentação ou levantamento do FGTS / Questões – Última Prova da AGU / Procedimento / Rito Sumário / Peculiaridades em Relação ao Rito Ordinário / Pedido Contraposto vs. Reconvenção 1º Horário TUTELAS DE URGÊNCIA O processo traz consigo sempre um ônus temporal, afinal é composto por atos processuais que dependem de certo tempo para serem produzidos. Porém, o direito do autor muitas vezes não pode esperar, daí a necessidade das chamadas tutelas de urgência, que podem ser antecipada ou cautelar. O Professor Kazuo Watanabe estuda a cognição judicial num plano horizontal e num plano vertical. No plano horizontal, ele estuda a liberdade cognitiva, sendo que na maioria dos processos essa liberdade é ampla para o juiz, havendo certas exceções, como no caso da Medida Provisória, em que só cabe analisar direito líquido e certo. Já, no momento do proferimento da sentença, em sentido vertical a cognição é exauriente, pois se complementa a sua cognição em profundidade. Mas, antes de exaurir a cognição vertical, o juiz pode proferir as chamadas tutelas de urgência, que acautelam ou antecipam os efeitos práticos antes mesmo da tutela exauriente, desde que haja, é claro, fumus boni iuris e periculum in mora. Então, as tutelas de urgência são fruto de uma cognição sumária. A tutela de urgência é fruto de cognição sumária e por isso é precária, de modo que decisão a respeito é sempre proferida com cláusula rebus sic stantibus. A sentença Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br é fruto de cognição exauriente, que ultrapassa, portanto, em nível vertical, a profundidade da cognição sumária. Sendo exauriente, produz preclusão judicato, de modo que, proferida a sentença, o juiz não pode alterá-la as exceções da lei (julgamento de embargos de declaração, correção de erro material, correção de erro de cálculo e efeito regressivo de determinados recursos1, todas listadas no art. 463 do CPC). Conforme o juiz vai aprofundando sua cognição, pode alterar sua opinião, por isso se diz que a decisão objeto da tutela de urgência é dada com cláusula rebus sic stantibus. Assim, o juiz pode conceder antecipação que havia negado antes ou revogar uma anteriormente concedida, não havendo preclusão pro judicato para as tutelas de urgência. 1. Tutela Antecipada vs. Tutela Cautelar Tanto a tutela antecipada como a tutela cautelar são tutelas de urgência fruto de cognição sumária e precária. A tutela cautelar não possibilita que a parte usufrua dos efeitos práticos da sentença, apenas visa proteger o direito, de forma a evitar a deterioração do direito da parte no curso do processo. Por exemplo, uma ação de cobrança leva algum tempo para se consumar, então se pode pedir uma cautelar de arresto para bloqueio dos bens do devedor, de modo a evitar o dilapidamento do seu patrimônio. Classicamente, antecipação de tutela e medidas cautelares têm as seguintes diferenças: a. A cautelar apenas protege o direito do autor contra o decurso do tempo. É um mero instrumento que garante a efetividade e a utilidade do provimento final, mas não antecipa nada para o autor, é dotada de mera referibilidade com o provimento final. Como diria Calamandrei, as cautelares têm instrumentalidade ao 1 Obs: O efeito regressivo é a possibilidade de o juiz se retratar logo após proferir a sentença. Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo; II - por meio de embargos de declaração. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br quadrado – trata-se de um instrumento do instrumento, afinal o processo também é um instrumento. Na cautelar de arresto, por exemplo, ela apenas bloqueia os bens do devedor, mas o que se pede é a expropriação dos bens do devedor. As cautelares são dotadas apenas de referibilidade, elas são reflexos do que se quer ao final, não exatamente o que se pretende ao final. b. A tutela antecipada antecipa e permite a fruição imediata de parte ou de todos os efeitos práticos do provimento final, é dotada de satisfatividade (sob a ótica do autor) e tem relação direta com o provimento final. Por exemplo, pela reintegração da posse em sede limitar, pode-se usufruir de imediato da posse. Devido às semelhanças entre ambas, vigora hoje a ideia de fungibilidade entre cautelares e tutelas antecipadas, conferindo-lhes o mesmo regime jurídico e permitindo-se que o juiz conceda uma por outra. A fungibilidade está prevista no parágrafo 7º do art. 273 do CPC. Apesar de sua redação, entende-se que ela é de duplo sentido vetorial. § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) É difícil se diferenciar tutela antecipada de tutela cautelar quando, por exemplo, o devedor pretende que o juiz declare que na verdade ele não é devedor, então se pede liminarmente a sustação de protesto, de modo a se afastar o protesto já realizado contra ele. Dada a sentença declarando que aquele não é o devedor, pode-se cancelar o protesto, então, para uma corrente, se tratade antecipação de efeito prático do pedido, seguindo-se a linha de tutela antecipada. Porém, há autores que entendem que a diferenciação da tutela antecipada e da cautelar não é bem essa. Isso porque existem efeitos práticos principais e acessórios, sendo que a declaração é efeito acessório, sendo que para Cássio Scarpinella Bueno entende que sustação de protesto tem natureza de cautelar. Nesse contexto, Bedaque ainda traz as figuras de cautelares satisfativa e das não satisfativas, sendo essa a linha da doutrina italiana. Percebe-se que muitas vezes há uma zona cinzenta na diferenciação da tutela cautelar e da tutela cautelar. Diante disso, criou-se a fungibilidade entre as tutelas de urgência, afinal ambas dependem de uma cognição sumária. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2. Tutela Antecipada A atual redação do art. 273 permite a concessão da antecipação de tutela para qualquer tipo de procedimento, demonstrados sempre a prova inequívoca da verossimilhança das alegações (fumus boni iuris) e o risco de dano grave, irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora). Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) Tal dispositivo convive com dispositivos antigos que previam concessão de liminares em procedimentos especiais a partir de requisitos próprios, como é o caso, por exemplo, das ações possessórias de força nova (art. 924 e seguintes). Nesses casos, se o autor não consegue provar os requisitos específicos, não poderá obter a antecipação provando os requisitos genéricos do art. 273. Já, em se tratando de possessória de força velha (mais de ano e dia), segue-se o rito ordinário, quando se deve cumprir com requisitos genéricos do art. 273. A redação inicial do CPC não tratava da tutela antecipada, só em 1994, com a Lei 8.952, veio o art. 273. Mas, em 1990, com o advento do CDC, já havia a possibilidade de antecipação de tutela no âmbito consumerista (Lei 8078-90 art. 84, §3º). CDC, Art. 84, § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. Por exemplo, na relação jurídico-tributária, pode-se utilizar de ação declaratória de inexistência de relação jurídica para que o juiz, por tutela, gere a certeza de que o débito tributário não existe. Antecipam-se alguns efeitos práticos de uma futura procedência. Por exemplo, havendo antecipação de tutela, evita-se a autuação fiscal, a fim de possibilitar a obtenção de certidão negativa. Outro exemplo é da ação rescisória, em que não se permite propriamente a antecipação de desconstituição da coisa julgada, antecipam-se tão somente os efeitos práticos, não havendo incompatibilidade da certeza trazida pela coisa julgada com a incerteza da precariedade. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Não vigora mais a tese de que pedidos declaratórios e constitutivos não poderiam ser antecipados por conta da sumariedade e da precariedade da cognição. É que, na verdade, o que se antecipam são os efeitos práticos do provimento final, muitas vezes apenas um ou uma pequena parte deles. 2.1. Antecipação de Tutela de Urgência O art. 273 prevê várias espécies de antecipação de tutela. Para todas elas, exige-se o requerimento do autor, ou seja, não se concede antecipação de tutela de ofício (medidas cautelares, excepcionalmente, podem ser concedidas de ofício em razão do chamado poder geral de cautela). Além disso, exige-se prova inequívoca da verossimilhança das alegações (prova sobre a qual não pesa dúvida e que é suficiente para demonstrar a verossimilhança, a plausibilidade das alegações do autor) e risco de dano grave, irreparável ou de difícil reparação. A expressão “prova inequívoca da verossimilhança das alegações” pode parecer meio contraditória. A inequivocidade da prova diz respeito à própria prova, a qual deve gerar o fumus boni iuris (a verossimilhança). Se se demonstra por um documento a verossimilhança das alegações, ele é uma prova legítima e inequívoca, que viabiliza um juízo de probabilidade. A inequivocidade diz respeito à fonte da prova, à prova em si. Nesse sentido, Marinoni diz que é prova inequívoca para surgimento do verossímil, ou seja, para o juízo de verossimilhança. O quarto requisito da antecipação de urgência é a reversibilidade do provimento antecipado, pois, dada a precariedade da tutela antecipada, o provimento dever ser reversível, considerada a possibilidade de um provimento final de improcedência. Na jurisprudência, entende-se que o requisito não é absoluto, podendo o juiz afastá-lo no caso concreto, ponderando os direitos e interesses em jogo, fundamentando sua decisão. Vide REsp 144.656-ES. Por exemplo, diante de conflito entre o direito à vida e ao direito patrimonial, deve-se priorizar o primeiro, afinal é ele o mais próximo do núcleo dos direitos fundamentais, da dignidade da pessoa humana. Nesses casos, de maneira fundamentada, através do raciocínio chamado de ponderação de interesses, o juiz deve afastar o requisito da reversibilidade considerando o caso concreto. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTARIO. TUTELA ANTECIPATORIA. DIREITOS PATRIMONIAIS. CONCESSÃO: POSSIBILIDADE. INTELIGENCIA DO ART. 273 DO CPC. RECURSO NÃO CONHECIDO. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br I - A TUTELA ANTECIPATORIA PREVISTA NO ART. 273 DO CPC PODE SER CONCEDIDA EMCAUSAS ENVOLVENDO DIREITOS PATRIMONIAIS OU NÃO- PATRIMONIAIS, POIS O ALUDIDO DISPOSITIVO NÃO RESTRINGIU O ALCANCE DO NOVEL INSTITUTO, PELO QUE E VEDADO AO INTERPRETE FAZE-LO. NADA OBSTA, POR OUTRO LADO, QUE A TUTELA ANTECIPATORIA SEJA CONCEDIDA NAS AÇÕES MOVIDAS CONTRA AS PESSOAS JURIDICAS DE DIREITO PUBLICO INTERNO. II - A EXIGENCIA DA IRREVERSIBILIDADE INSERTA NO PAR. 2. DO ART. 273 DO CPC NÃO PODE SER LEVADA AO EXTREMO, SOB PENA DE O NOVEL INSTITUTO DA TUTELA ANTECIPATORIA NÃO CUMPRIR A EXCELSA MISSÃO A QUE SE DESTINA. III - RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. 2.2. Antecipação de Tutela Sanção A tutela sanção é a antecipação de tutela em razão do abuso do direito de defesa do réu. Esse abuso supre o requisito do periculum in mora, mas ainda se faz necessária a demonstração do fumus boni iuris, da reversibilidade do provimento e de que haja o requerimento do autor. É o caso do réu que, promove uma série de condutas protelatórias no curso do processo, sendo que o mesmo pode se sujeitar, à antecipação de tutela, sem prejuízo do cabimento de multas punitivas. 2.3. Antecipação de Tutela em caso de pedido “incontroverso” Até 2002, o art. 273 só trazia a antecipação urgência e antecipação sanção. Somente então a lei trouxe no parágrafo 6º a figura da antecipação de pedido incontroverso. § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) O parágrafo 6º do art. 273 traz a controvérsia sobre a possibilidade de prolação de sentença parcial da parte incontroversa do pedido. O legislador optou conscientemente pela forma de antecipação de tutela, pois essa decisão produz efeitos imediatos, enquanto que, da sentença, cabe apelação com efeito suspensivo. Não se pode, porém, desconsiderar que a incontrovérsia leva ao exaurimento da cognição, o que retira a precariedade do provimento. Logo, aqui, não vigora o requisito da reversibilidade e há a preclusão pro judicato apesar do revestimento da antecipação da tutela. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Exige-se também o requerimento do autor. Não se exige periculum in mora e há mais do que o fumus boni iuris, pois há a incontrovérsia de parte do pedido. Vale observar que o STJ não admite trânsito em julgado parcial. Apesar da redação do parágrafo 6º, não é necessário, nesse caso, que haja cumulação de pedidos, podendo haver um único pedido e apenas parte dele ser incontroverso. 2.4. Requisitos da tutela das obrigações de fazer, não fazer e dar Os arts. 461 e 461-A trazem a possibilidade de antecipação de tutela nas ações de dar, fazer e não fazer. Embora o dispositivo faça parecer que só tem aplicabilidade a antecipação da tutela de urgência, também se aplica a de sanção e da parte incontroversa do pedido. 3. Momento de Concessão A antecipação de tutela é a priori fruto de cognição sumária, sendo que ao longo do processo os requisitos podem estar presentes ou não, havendo variabilidade. Pode-se conceder a antecipação de tutela liminarmente, inclusive inaudita altera partes, ou seja, sem sequer ouvir a outra parte. A antecipação de tutela pode ser concedida em qualquer momento em que se faça necessária, inclusive na hora da sentença, até porque a sentença não é imediatamente exequível. Com isso, ter-se-ia uma sentença confirmatória da tutela antecipatória, essa sim exequível provisoriamente na forma do art. 520, VII do CPC. Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) Para Marinoni, o juiz deve dar duas decisões autônomas, uma agravável e outra apelável. Para Nelson Nery, basta que o juiz, na sentença, já antecipe a tutela, cabendo apenas um recurso, que seria o de apelação sem efeito suspensivo, malgrado tal efeito possa ser requerido ao relator do recurso. Este segundo é o posicionamento do STJ. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2º Horário No caso de sentença de procedência, confirma-se a antecipação de tutela e a apelação não terá efeito suspensivo. Se a sentença for de improcedência, a antecipação será revogada, ainda que o juiz não tenha sido expresso nesse sentido, pois a cognição definitiva supera a sumária. Essas revogações se operam ex tunc, por isso que a antecipação não pode ser irreversível. Discute-se a respeito do destino de um agravo de instrumento contra a decisão que defere a antecipação de tutela se, antes do seu julgamento, sobrevier sentença. Primeiro caso: sentença de improcedência Tal sentença revoga a antecipação, o que faz com que o agravo perca o objeto. Segundo caso: sentença de procedência A sentença de procedência confirma a antecipação de tutela, o que leva a que a apelação não tenha efeito suspensivo. Permite-se a execução provisória da sentença. Isso basta para que se mantenha o interesse recursal no julgamento do agravo, já que, se for provido para cassar a antecipação de tutela, a sentença deixa de ser dela confirmatória, passando a ser uma simples sentença de procedência e que, portanto, não pode ser executada provisoriamente, já que a apelação tem efeito suspensivo (como efeito prático da procedência do agravo, tem-se o imediato trancamento da execução provisória). Cabimento de antecipação de tutela em reconvenção e em ações dúplices A reconvenção é uma ação que o réu move contra o autor no mesmo processo em que é demandado; nas ações de natureza dúplices, o réu pode contra-atacar na própria contestação. No procedimento sumário não cabe reconvenção, mas pedido contraposto. Em ambos os casos cabe antecipação de tutela. Lembre-se que na reconvenção o réu é o autor; mas nas ações de natureza dúplice, o contra-ataque é feito no bojo da contestação, de modo que o próprio réu pode receber do juiz uma antecipação de tutela. Cabimento de antecipação de tutela nas ações monitórias A ação monitória trata-se de ação intermediária entre procedimento cognitivo e executivo. Cabe antecipação de tutela em ação monitória, mas desde que não haja a conversão do mandado de pagamento em título Executivo, quando não haveria interesse na antecipação de tutela.Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Cabimento de liminar nas ações em que trabalhador pede a movimentação ou levantamento do FGTS A Lei 8.036/90 impede a concessão de qualquer tutela de urgência nas ações que visam a movimentação do FGTS na conta vinculada do trabalhador. É claro que tal não é absoluto, podendo o juiz conceder conforme o caso concreto, com base no art. 5º XXXV da CRFB. 4. Questões – Última Prova da AGU Questão 136 O recurso relativo à antecipação da tutela perde objeto quando a sentença superveniente revoga, expressa ou implicitamente, a liminar antecipatória, ou, sendo de procedência integral ou parcial, tem aptidão para, por si só, irradiar os mesmos efeitos da medida antecipatória. Gabarito: Certo. No art. 520 do CPC, há uma relação de sentenças que não têm efeito suspensivo. Se for uma delas, é exequível não por confirmação da tutela antecipada, pouco importando o agravo de instrumento, pois, ainda que o mesmo seja cassado, a sentença já é por si só exequível. Questão 134 A antecipação de tutela na ação ordinária de cobrança de quantia certa tem o efeito de autorizar a execução provisória, com a conseqüente penhora de bens do devedor, providência que assegura a efetividade do processo. Gabarito: Certo. Questão 132 O juiz poderá antecipar a tutela pretendida pelo autor sem a presença do risco de dano imediato e irreparável, baseando-se apenas no abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação Gabarito: Certo. Trata-se da antecipação sanção, com todos os seus requisitos. Questão 133 Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A medida cautelar e a tutela antecipatória representam providências de natureza emergencial e são adotadas em caráter provisório. O que as distingue é que a cautelar assegura uma pretensão, enquanto a tutela antecipa, realiza de imediato uma pretensão. A sistemática atual do processo civil brasileiro admite a fungibilidade das medidas urgentes, antecipatórias e cautelares, desde que presentes os respectivos pressupostos legais. Gabarito: Certo. Art. 273, parágrafo 7º do CPC. PROCEDIMENTO 1. Rito Sumário Existem o rito comum ordinário, o sumário e os especiais. A ideia do rito sumário é dar uma maior celeridade para ações com menor valor da causa e matérias menos complexas. A ideia do legislador foi concentrar basicamente o procedimento em duas audiências, sendo que primeiramente haverá a audiência de conciliação e depois a de instrução em julgamento. Para se determinar que o rito sumário se mostra o adequado, utilizam-se de dois critérios: a. Pelo critério do valor da causa, são ações com valor inferior a 60 salários mínimos Vale observar que, havendo correção do valor da causa para acima de 60 salários, o juiz deve readequar para o rito ordinário. O juiz ainda pode alterar de ofício o rito, afinal ele deve velar pela regularidade do processo. No caso, o juiz deve converter e intimar o autor para que emende a petição inicial. Aqui se enquadram aquelas ações que não são cabíveis no Juizado. Se a ação é de competência do JEF, o autor não pode optar por ajuizar a ação no Juizado ou na Vara Cível pelo Rito Sumário. Se o caso se enquadrar na competência do Juizado, não há opção entre Vara Cível e Juizado, pois a competência do Juizado na Justiça Federal é absoluta. Vale observar que, na Justiça Estadual, é possível a escolha. Obs: Em hipótese alguma tramitarão no Juizado ações de estado e incapacidade das pessoas. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br b. As matérias estão no art. 275 do CPC. São elas: Ações que tenham como causa de pedir arrendamento rural (locação de terra) e parceria agrícola, ou seja, contratos agrícolas. Cobrança ao condômino de quaisquer das quantias devidas ao condomínio. Ação de ressarcimento por danos causados em prédios urbanos ou rústicos, caso em que tramitará na Justiça Federal quando o prédio for da União ou autarquia. Trata-se de responsabilidade civil. Ação de responsabilidade civil por danos causados em acidente de veículo terrestre, não necessariamente motorizado, incluindo-se inclusive acidente com bicicleta. Cobrança de seguro relativo a acidente de veículo. É o caso de acidente e que se pretende cobrar da seguradora quando não houve o ressarcimento do valor devido. O contrato de seguro aqui não é título executivo, pois deve haver dilação probatória do acidente. Além disso, aqui não se exige sequer o automóvel seja terrestre, cabendo ao rito sumário acidente com lancha da marinha, por exemplo. Obs: O único contrato de seguro que é título executivo é o contrato de vida, sendo que a única prova que se deve fazer é do óbito do segurado. Ação de cobrança de honorários de profissional liberal, como dentista, arquiteto, etc. O dispositivo fala ainda em outros casos previstos em lei, que são: ação revisional de aluguel, ação de adjudicação compulsória, ação de usucapião especial, ações discriminatórias, ação de retificação do registro civil e ação entre representante comercial autônomo e representado. 2. Peculiaridades em Relação ao Rito Ordinário No rito sumário, se o autor pretende fazer prova oral ou testemunhal, deve juntar na própria petição inicial o rol de testemunhas, rol de quesitos e indicação do assistente técnico. Desde que a prova tenha sido requerida na petição inicial, apesar da letra da lei, o STJ tem admitido que o juiz abra prazo posterior para a juntada do rol de testemunhas, dos quesitos da perícia e do assistente técnico. Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudênciados Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A contestação no rito sumário deve apresentar as mesmas peculiaridades da petição inicial, ou seja, deve ser apresentado o rol de testemunhas e de quesitos. No rito sumário, o não comparecimento do réu à audiência ou pelo menos de preposto com poderes para transigir implica revelia. A lei não estabelece sanção para a ausência do autor. Para a doutrina, isso viola o princípio da paridade de armas, pelo que a consequência deveria ser a extinção do processo. Não para o STJ, que entende que não se pode interpretar ampliativamente normas punitivas. Entende o STJ que, se o réu comparecer pessoalmente sem advogado e não houver conciliação, de nada adianta entregar ao juiz a contestação assinada pelo advogado e com procuração nos autos, pois o réu a priori não tem capacidade postulatória para produzir defesa em audiência como exige a lei, por isso o ato será tido como inexistente. Vide REsp 336.848. Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz. Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RITO SUMÁRIO. COMPARECIMENTO DO RÉU À AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO. AUSÊNCIA DE SEU PATRONO. APRESENTAÇÃO DEDEFESA ESCRITA, FIRMADA POR ADVOGADO. IMPOSSIBILIDADE. RÉU REVEL. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 36, 37, 277, 278 e 319 DO C.P.C. RECURSO IMPROVIDO. 1. Os atos processuais devem ser praticados por advogados devidamente habilitados, sob pena de serem considerados inexistentes, nos termos do parágrafo do art. 37 do Código de Processo Civil. A não apresentação de defesa por advogado acarreta os efeitos do art. 319 do Estatuto Processual Civil. 2. A presença do patrono da parte ré é imprescindível na audiência de conciliação do procedimento sumário, uma vez que neste momento processual será oportunizada a prática de atos defensivos e outros relativos à produção de prova, os quais jamais podem ser realizados pela própria parte, mas, sim, por intermédio de seu causídico. 3. Conquanto o réu tenha comparecido a audiência conciliatória, a defesa em juízo deve ser praticada por defensor regularmente habilitado, circunstância que não se verifica na espécie, motivo pelo qual evidencia-se o acerto do decisum atacado, Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br pois a apresentação de contestação por pessoa sem capacidade postulatória, ocasiona a inexistência do ato e, por conseguinte, a revelia do réu. 4. Recuso especial a que se nega provimento. Todas as respostas do réu devem ser oferecidas em audiência, inclusive a impugnação ao valor da causa e as exceções rituais. Pedido Contraposto vs. Reconvenção O pedido contraposto não é uma ação reconvencional, mas, tão somente, um contra-ataque do réu feito na própria contestação, que tem como requisito que haja uma conexão com os fatos narrados na petição inicial, diferentemente da reconvenção, que admite a conexão com fatos trazidos pelo próprio réu na contestação. Mesmo que no pedido contraposto o valor seja acima de 60 salários mínimos, não há limitação legal para isso, de modo que o processo deve continuar correndo no rito sumário. Para a doutrina quase unânime, a ação declaratória incidental quando apresentada pelo réu tem natureza de reconvenção, por isso não se mostra cabível no rito sumário. As intervenções de terceiros vem regulada pelo art. 280 do CPC, não sendo em regra admitidas no rito sumário. Admite-se a assistência, seja a simples ou a litisconsorcial, o recurso do terceiro prejudicado (que para muitos tem natureza de assistência) e intervenção fundada em contrato de seguro (cabível a denunciação da lide, em regra; em se tratando de relação de consumo, porém, cabível se mostra o chamamento ao processo, conforme art. 101, II do CDC). Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) CDC, Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de Processo Civil Data: 18/07/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este. Havendo apresentação pelo réu de impugnação ao valor da causa ou exceção de incompetência, o juiz pode julgar isso na própria audiência de conciliação, pois deve sanear o processo ao máximo para a Audiência de Instrução e Julgamento. O juiz pode proferir a sentença na própria AIJ, mas, sendo de natureza mais complexas, pode-se abrir prazo para apresentação de memoriais pelas partes.
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