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FILIAÇÃO E MULTIPARENTALIDADE PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL - PUCRS ESCOLA DE DIREITO GRADUAÇÃO - DISC.: DIREITO DE FAMÍILA Profª. Me. Camila V. Martta camila@camilamartta.adv.br 22 de março de 2019. FILIAÇÃO A partir da CF/88: arts. 226 -227 A evolução da FAMÍLIA e da FILIAÇÃO FAMÍLIA PATRIMONIAL/INSTITUCIONAL => FAMÍLIA EUDEMONISTA A família não é mais um fim em si mesmo, mas um meio para a busca da felicidade. Base da sociedade. FILIAÇÃO? Deixou de ser classificada, adjetivada, para se tornar igualitária. A partir da CF/88 filho é filho. (SUBSTANTIVO) PARENTESCO • (I) o parentesco consanguíneo ou biológico, que é aquele gerado pelo fato de determinadas pessoas descenderem biologicamente entre si, com transmissão de material genético entre as gerações, o que conhecemos como vínculos de sangue; • (II) o parentesco por afinidade, que é o parentesco formado entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro, como os sogros, cunhados etc.; • (III) o parentesco civil, que é aquele derivado de qualquer outra origem que não as duas anteriores. RELAÇÕES DE PARENTESCO ART. 1.591, CCB – LINHA RETA ART. 1.592, CCB – COLATERAL / TRANSVERSAL ART. 1.593, CCB – NATURAL OU CIVIL, conforme resulte da consanguinidade ou outra origem ( ADOÇÃO, REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA, PATERNIDADE SOCIOAFETIVA). ART. 1.595, CCB - POR AFINIDADE – decorrente do casamento/união estável. PARENTESCO: no sentido jurídico quer exprimir a relaçao ou a ligação jurídica existente entre pessoas, unidas pela evidência de fato natural (nascimento) ou de fato jurídico (casamento/adoção). PARENTALIDADE /FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA AFETIVIDADE: É a relação de carinho e cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido, como um estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar seus sentimentos e emoções a outrem. (MALUF, Adriana. 2012. p. 18). As relações de afeto parecem caminhar à frente nos projetos familiares e, por isso, conduzem à assunção de responsabilidades pela constituição das famílias. (HIRONAKA, Giselda. 2000. p.22). PARENTALIDADE /FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA A afetividade assumiu uma crescente importância nas questões familiares, que acabou por ser considerada digna de atenção e exercício efetivo. (CALDERON, Ricardo. 2013. p. 204). Princípio da afetividade – tem assento constitucional (LÔBO, Paulo Luiz Netto. 2003. p. 42) pelos seguintes fundamentos: 1. Iguladade de filiação; 2. Adoção como escolha afetiva; 3. Igualdade das famílias – todas têm a mesma dignidade. 4. Direito à convivência familiar, como prioridade da criança e do adolescente. PARENTALIDADE /FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA FAMÍLIA: Só tem sentido enquanto unida pelos laços de respeito, consideração, amor e afetividade. (OLIVEIRA, José S. 2002. p.242). Parentesco: Em não sendo bilógico, pode ser jurídico. E o afeto, neste caso, embasa ou dá suporte ao jurídico. Enunciado nº 256 CJF – Com base no art. 1.593 do CCB: “A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de paresntesco civil”. Enunciado nº 6 do IBDFAM – “Do reconhecimento jurídico da filiação socioafetiva decorrem todos os direitos e deveres inerentes à autoridade parental". Parentalidade Socioafetiva • Parentalidade socioafetiva se refere a situação em que uma pessoa se torna pai ou mãe de outra por causa da convivência de ambas e da formação de uma família, apesar de não serem parentes consanguíneos ou por afinidade. • Multiparentalidade se refere a situação em que uma pessoa pode ter mais de um pai, ou mais de uma mãe, registrados ao mesmo tempo como pais e mães no seu registro civil. Requisitos para Identificação do estado de Posse de Filho Nome (nominatio); Tratamento (tractatio); Reputação (reputatio). • (I) comportamento social típico de pais e filhos, identificado pelo critérios clássicos de nome, trato e fama, sendo que basta um deles para a satisfação desse requisito; • (II) convivência familiar duradoura – em oposição a uma convivência episódica –; e • (III) relação de afetividade familiar, no sentido de intenção ou vontade de constituição de família, excetuadas, portanto, as situações em que, embora se viva sob um mesmo teto, não haja o estado de posse de filho, como quando há o acolhimento doméstico de uma criança desabrigada ou a relação entre padrinhos e seus afilhados. PARENTALIDADE /FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA STJ: um debate de quase 3 décadas. Com a facilidade de acesso do exame de DNA a prova do vínculo biológico ficou facilitada. Mas o DNA vai responder e resolver todos os problemas? Paternidade de fato/ Paternidade social / Pai é quem cria. Sujeito tem pai registral mas quer saber seu ascendente genético. Biológico x Afetivo PARENTALIDADE /FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA STJ: Pedido de Reconhecimento de paternidade biológica feito pelo filho: A qualquer tempo poderia prevalecer o vínculo biológico. Direito de reconhecimento do ascendente genético. Pedido de Cancelamento de Paternidade Socioafetiva feito pelo pai socioafetivo: Não podia. Prevalecia o vínculo socioafetivo, mesmo que fosse demonstrada a inexistência de vínculo biológico. Até 2016 era o cenário que se tinha. E A MULTIPARENTALIDADE? Em decorrência de todo esse debate o quê prevaleceu: a paternidade biológica ou a paternidade afetiva? Nas certidões da nascimento antigas só havia uma linha para escrever o nome do pai/mãe e duas linhas para cada casal de avôs paternos e maternos. Recurso Extraordinário nº 898.060 – Repercussão Geral nº 622 que fixou a seguinte tese: A paternidade socioafetiva declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento da filiação biológica, decorrente de seus vínculos biológicos, com todas as consequências decorrentes. MULTIPARENTALIDADE – PRINCIPAIS EFEITOS Atualmente, as certidões de nascimento estão padronizadas, com um espaço razoável, escrito apenas FILIAÇÃO; TESE INVERSA: Bio não impede Afetivo; Multimaternidade também é possível; Filiação plena; Registro necessário, nome facultativo (Adultos); Guarda e convivência familiar; Alimentos Recíprocos (pai ao filho – filho aos pais); Direito a dupla herança (Resp nº 1.618.230-RS) Divisão da herança do filho? 50% para cada ascendente? ENUNCIADOS CJF VIII Jornada de Direito Civil - Enunciado 632 Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade paterna ou materna, o filho terá direito à participação na herança de todos os ascendentes reconhecidos. VIII Jornada de Direito Civil - Enunciado 642 Nas hipóteses de multiparentalidade, havendo o falecimento do descendente com o chamamento de seus ascendentes à sucessão legítima, se houver igualdade em grau e diversidade em linha entre os ascendentes convocados a herdar, a herança deverá ser dividida em tantas linhas quantos sejam os genitores. Muito obrigada!
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