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Mecânica dos Solos 2 Aula 08: Resistência ao Cisalhamento dos Solos PROFª: LETÍCIA AZEVEDO DE FARIAS PEREIRA EMAIL: let ic ia .azevedo@ufersa.edu.br UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI -ÁRIDO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ✓Conteúdo ✓ Conceito de Resistência ao Cisalhamento dos Solos ✓ Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb Resistência ao Cisalhamento dos Solos A resistência de qualquer material é a maior tensão que o mesmo pode suportar, ou seja, se for aplicada uma tensão que exceda a sua resistência, a ruptura acontecerá. Vários materiais empregados na construção resistem bem a tensões de compressão, porém tem capacidade limitada para suportar tensões de tração e de cisalhamento. Resistência ao Cisalhamento dos Solos Tensões de cisalhamento - são a principal causa do movimento relativo entre as partículas do solo. Assim, quando falamos em resistência do solo falamos implicitamente da sua resistência ao cisalhamento. Resistência ao Cisalhamento dos Solos Resistência ao cisalhamento + Permeabilidade + Compressibilidade = Suporte básico para resolução dos problemas práticos da engenharia geotécnica. Resistência ao Cisalhamento dos Solos Um carregamento externo aplicado na superfície, ou na própria geometria da superfície da massa de solo, contribui para o desenvolvimento de tensões tangenciais ou de cisalhamento, que podem chegar a valores próximos a máxima tensão cisalhante que o solo suporta sem haver ruptura do material. Esta é a tensão cisalhante de resistência do solo! Resistência ao Cisalhamento dos Solos Deve-se entender a natureza da resistência ao cisalhamento para se analisar os problemas de estabilidade do solo, tais como: ▪ Capacidade de carga ▪ Estabilidade de taludes ▪Pressão lateral em estruturas de contenção de terra Resistência ao Cisalhamento dos Solos Ao lado temos uma ilustração sobre o aspecto da distribuição de tensões e a intensidade destas tensões (mostrada a meia seção). Os maiores valores de tensões ocorrem nas proximidades do carregamento, região em que se tem as maiores deformações e que há a possibilidade de haver ruptura, dependendo da resistência ao cisalhamento do solo. Resistência ao Cisalhamento dos Solos Nos solos, a ruptura por cisalhamento ocorre quando as tensões são tais que deslizam ou rolam umas sobre as outras. Portanto, se pode dizer que a resistência ao cisalhamento depende da interação entre as partículas. Essa interação pode ser dividida em duas categorias: Resistência ao Cisalhamento dos Solos Resistência Friccional (de atrito) Resistência Coesiva (coesão) Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Coeficiente de empuxo em repouso Conceitos de tensões no solo + cálculo das tensões verticais num plano horizontal. • Assim como se definiram as tensões num plano horizontal, elas poderiam ser consideradas em qualquer outro plano no interior do solo; • As tensões principais atuantes estão indicadas no esquema ao lado... Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Coeficiente de empuxo em repouso • A tensão normal no plano vertical depende da: • Constituição do solo • Histórico de tensões a que ele esteve submetido anteriormente • Normalmente, ele é referido à tensão vertical, e a relação entre tensão horizontal efetiva e a tensão vertical efetiva é denominada coeficiente de empuxo em repouso e indicada pelo símbolo Ko. Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Coeficiente de empuxo em repouso • Exemplo: Se um solo é formado pela sedimentação dos grãos, ao se acrescentar uma nova camada de material a tensão aumenta em σ = ɣn.h. As tensões horizontais também aumentam, mas não com o mesmo valor, em virtude do atrito entre as partículas. O valor de Ko: 0,4 e 0,5 – para areias 0,5 e 0,7 – para argilas Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Coeficiente de empuxo em repouso Deve-se chamar atenção para o fato de que o Ko é definido em termos de tensões efetivas. As pressões neutras são iguais em qualquer direção, pois a água não apresenta qualquer resistência ao cisalhamento. Tensões totais = Tensões efetivas + Pressão neutra Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Coeficiente de empuxo em repouso Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Tesões num plano genérico Num plano genérico no interior do subsolo, a tensão atuante não é necessariamente normal ao plano. Para efeito de análises, ela pode ser decomposta numa componente normal e noutra paralela ao plano. Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Tesões num plano genérico A componente normal é chamada de tensão normal, σ A componente tangencial é chamada de tensão cisalhante, τ Porém, elas não são tensões que podem existir individualmente. Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Tesões num plano genérico Tensões normais são consideradas positivas quando são de compressão Tensões de Cisalhamento são consideradas positivas quando atuam no sentido anti-horário Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Tesões num plano genérico Em qualquer ponto do solo, a tensão atuante e a sua inclinação em relação à normal ao plano variam conforme o plano considerado. Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Tesões num plano genérico Demonstra-se que sempre existem planos em que a tensão atuante é normal ao próprio plano, não existindo a componente de cisalhamento. Demonstra-se ainda que esses planos, em qualquer situação, são ortogonais entre si e recebem o nome de planos de tensões principais. A maior delas é a tensão principal maior, σ1, a menor é a tensão principal menor, σ3. Estado de Tensões e Critérios de Ruptura ✓ Tesões num plano genérico No estado plano de deformações, quando se conhecem os planos e as tensões principais num ponto, pode-se determinar as tensões em qualquer plano que passa por esse ponto. O cálculo é feito pelas equações de equilíbrio dos esforços aplicadas a um prisma triangular definido pelos dois planos principais e o plano considerado. Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critérios de ruptura são formulações que procuram refletir as condições em que ocorre a ruptura dos materiais. A análise do estado de tensões que provoca a ruptura é o estudo da resistência ao cisalhamento dos solos. Os critérios de ruptura que melhor representam o comportamento dos solos são os de Coulomb e de Mohr. Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb O critério de Coulomb pode ser expresso como: “Não há ruptura se a tensão de cisalhamento não ultrapassar um valor dado pela expressão c + f.σ, sendo c e f constantes do material e σ a tensão normal existente no plano de cisalhamento”. Os parâmetros c e f são denominados, respectivamente, de coesão e ângulo de atrito interno. Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb O critério de Mohr pode ser expresso como: “Não há ruptura enquanto o círculo representativo do estado de tensões se encontrar no interior de uma curva, que é a envoltória dos círculos relativos a estados de ruptura, observados experimentalmente para o material”. Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Mohr (1900) apresentou a teoria para ruptura em materiais que afirmava que um material se rompe por causa da combinação da: Tensão normal + Tensão de Cisalhamento E não da máxima tensão normal ou da máxima tensão de cisalhamento isoladas. Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Como é afirmado pelo critério de ruptura de Mohr-Coulomb, a ruptura por cisalhamento ocorrerá quando a tensãocisalhante em um plano atingir um determinado valor (obtido através da equação anterior). A inclinação do plano de ruptura em relação ao plano principal maior é dado através da seguinte representação: Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Tensão Normal em um Plano de Ângulo ϴ Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Tensão Cisalhante em um Plano de Ângulo ϴ Ângulo ϴ referente às Tensões Principais Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Tensões Principais Critério de Ruptura de Mohr- Coulomb Círculo de Mohr O círculo de Mohr é usado para determinar quais as tensões principais irão produzir esta combinação de tensão cisalhante e normal, e o ângulo do plano no qual isto irá ocorrer. Círculo de Mohr O estado de tensões atuantes em todos os planos que passam por um ponto pode ser representado graficamente num sistema de coordenadas em que as abscissas são as tensões normais e as ordenadas são as tensões cisalhantes. As equações acabam definindo o círculo de Mohr. Ele é facilmente construído quando são conhecidas as duas tensões principais. Círculo de Mohr Identificando um plano pelo ângulo ϴ que forma com o plano principal maior, as componentes de tensão atuante neste plano são determinadas pela interseção da reta que passa pelo centro do círculo e forma um ângulo 2ϴ com o eixo das abscissas. Círculo de Mohr O mesmo ponto pode ser obtido pela interseção com a circunferência da reta que, partindo do ponto representativo da tensão principal menor, forma um ângulo ϴ com o eixo das abscissas. Círculo de Mohr Círculo de Mohr Da análise do círculo de Mohr, podemos concluir: 1. A máxima tensão de cisalhamento em módulo ocorre em planos que formam 45° com os planos principais. 2. A máxima tensão de cisalhamento é igual à semi- diferença das tensões principais (σ1-σ3)/2 Da análise do círculo de Mohr, podemos concluir: 3. As tensões de cisalhamento em planos ortogonais são numericamente iguais, mas de sinal contrário. 4. Em dois planos formando o mesmo ângulo com o plano principal maior, com sentido contrário, ocorrem tensões normais iguais e tensão de cisalhamento iguais, mas de sentido contrário. Círculo de Mohr Trajetória de Tensões Círculo de Mohr Devido a Mecânica dos Solos em alguns casos não considerar o sinal das tensões de cisalhamento nos problemas de engenharia de solos é costume representar o Círculo de Mohr somente através de um semicírculo. Círculo de Mohr ✓ Exercício Sendo 100 kPa e 240 kPa as tensões principais de um elemento de solo, determinar: a) As tensões que atuam num plano que determina um ângulo de 30° com o plano principal maior b) A inclinação do planos em que a tensão normal é de 200 kPa, e a tensão de cisalhamento nesse plano c) Os planos em que ocorre a tensão de cisalhamento de 35 kPa e as tensões normais nesses planos d) A máxima tensão de cisalhamento, o plano em que ela ocorre e a tensão normal neste plano e) O plano de máxima obliquidade e as tensões que nele atuam Círculo de Mohr ✓ Exercício Sendo 100 kPa e 240 kPa as tensões principais de um elemento de solo, determinar: a) As tensões que atuam num plano que determina um ângulo de 30° com o plano principal maior Círculo de Mohr ✓ Exercício Sendo 100 kPa e 240 kPa as tensões principais de um elemento de solo, determinar: b) A inclinação do planos em que a tensão normal é de 200 kPa, e a tensão de cisalhamento nesse plano Círculo de Mohr ✓ Exercício Sendo 100 kPa e 240 kPa as tensões principais de um elemento de solo, determinar: c) Os planos em que ocorre a tensão de cisalhamento de 35 kPa e as tensões normais nesses planos Círculo de Mohr ✓ Exercício Sendo 100 kPa e 240 kPa as tensões principais de um elemento de solo, determinar: d) A máxima tensão de cisalhamento, o plano em que ela ocorre e a tensão normal neste plano Círculo de Mohr ✓ Exercício Sendo 100 kPa e 240 kPa as tensões principais de um elemento de solo, determinar: e) O plano de máxima obliquidade e as tensões que nele atuam Círculo de Mohr Referências ▪ PINTO, C. DE S. Curso básico de Mecânica dos solos em 16 aulas. Com exercícios resolvidos. 3 ed. São Paulo. Oficina de textos. 2006. ▪ DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6 ed. Tradução All Tasks. São Paulo. Cengage Learning. 2011. ▪ MARANGON, Marcio. Mecânica dos Solos II - Notas de aulas. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nugeo/pagina-do- aluno/notas-de-aula/mecanica-dos-solos-ii/>. Acesso em 25 nov 2018.
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