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Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 04 Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço social Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 1 AULA 06 Serviço Social Tribunal de Justiça de São Paulo Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 2 SUMÁRIO AULA 06 MOVIMENTOS SOCIAIS .......................................................... 3 1. O que é movimento social e porque seu estudo é importante? .............. 3 2. O que caracteriza um movimento social? ........................................... 5 3. Movimentos Sociais no Brasil ............................................................ 6 3.1. Definindo os termos classes sociais e movimentos sociais ................. 7 3.2. Classes Sociais: Concepções Contemporâneas. ................................ 9 3.3. Movimentos Sociais: O Conceito. ................................................... 11 3.4. Movimento-classe: Uma visão integrada. ....................................... 15 4. Antecedentes: A Era Movimentista (1970-1980). ............................... 21 5. Cenário dos movimentos sociais na atualidade no Brasil ..................... 29 6. A Relação do Serviço Social com os Movimentos Sociais na Contemporaneidade. .......................................................................... 33 QUESTÕES DE PROVAS ...................................................................... 47 GABARITO ........................................................................................ 60 BIBLIOGRAFIA.................................................................................. 61 Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 3 AULA 06 MOVIMENTOS SOCIAIS AULA 06 MOVIMENTOS SOCIAIS 1. O que é movimento social e porque seu estudo é importante? Desde logo é preciso demarcar nosso entendimento sobre o que são movimentos sociais. Nós os encaramos como ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expressar suas demandas (cf. Gohn, 2008). Na ação concreta, essas formas adotam diferentes estratégias que variam da simples denúncia, passando pela pressão direta (mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de desobediência civil, negociações etc.) até as pressões indiretas. Na atualidade, os principais movimentos sociais atuam por meio de redes sociais, locais, regionais, nacionais e internacionais ou transnacionais, e utilizam- se muito dos novos meios de comunicação e informação, como a internet. Por isso, exercitam o que Habermas denominou de o agir comunicativo. A criação e o desenvolvimento de novos saberes, na atualidade, são também produtos dessa comunicabilidade. Na realidade histórica, os movimentos sempre existiram, e cremos que sempre existirão. Isso porque representam forças sociais organizadas, aglutinam as pessoas não como força-tarefa de ordem numérica, mas como campo de atividades e experimentação social, e essas atividades são fontes geradoras de criatividade e inovações socioculturais. A experiência da qual são portadores não advém de forças congeladas do passado - embora este tenha importância crucial ao criar uma memória que, quando resgatada, dá sentido às lutas do presente. A Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 4 experiência recria-se cotidianamente, na adversidade das situações que enfrentam. Concordamos com antigas análises de Touraine, em que afirmava que os movimentos são o coração, o pulsar da sociedade. Eles expressam energias de resistência ao velho que oprime ou de construção do novo que liberte. Energias sociais antes dispersas são canalizadas e potencializadas por meio de suas práticas em "fazeres propositivos". Os movimentos realizam diagnósticos sobre a realidade social, constroem propostas. Atuando em redes, constroem ações coletivas que agem como resistência à exclusão e lutam pela inclusão social. Constituem e desenvolvem o chamado empowerment de atores da sociedade civil organizada à medida que criam sujeitos sociais para essa atuação em rede. Tanto os movimentos sociais dos anos 1980 como os atuais têm construído representações simbólicas afirmativas por meio de discursos e práticas. Criam identidades para grupos antes dispersos e desorganizados, como bem acentuou Melucci (1996). Ao realizar essas ações, projetam em seus participantes sentimentos de pertencimento social. Aqueles que eram excluídos passam a se sentir incluídos em algum tipo de ação de um grupo ativo. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 5 1. 2012/FCC/TRF - 2ªR. O potencial de formação de redes de movimentos sociais pode ser expresso a partir a- do universalismo abstrato, sem referência concreta e substantiva ao cotidiano dos sujeitos submetidos à exclusão ou à discriminação. b- do sentido individual atribuído à carência vivenciada no dia a dia do sujeito e a possibilidade de sua identificação objetiva em torno dela. c- da capacidade de atuar isoladamente com as várias dimensões, entendidas como as condições materiais de existência, condições simbólicas de sua reprodução e políticas decorrentes. d- da busca dos nexos que os atores políticos organizados constroem entre as demandas materiais e o sentido subjetivo das privações, criando identidades coletivas. e- da possibilidade de se ater nas demandas restritas às condições materiais individuais que dizem respeito a um conjunto de exclusões sociais alusivo a determinado segmento populacional Resposta Correta: Letra d- da busca dos nexos que os atores políticos organizados constroem entre as demandas materiais e o sentido subjetivo das privações, criando identidades coletivas. 2. O que caracteriza um movimento social? Definições já clássicas sobre os movimentos sociais citam como suas características básicas o seguinte: * Possuem identidade, tem opositor e articulam ou fundamentam-se em um projeto de vida e de sociedade; * Historicamente, observa-se que têm contribuído para organizar e conscientizar a sociedade; * Apresentam conjuntos de demandas via práticas de pressão/mobilização; * Têm certa continuidade e permanência; * Não são só reativos, movidos apenas pelas necessidades (fome ou qualquer forma de opressão); * Podem surgir e desenvolver-se também a partir de uma reflexão sobre sua própria experiência. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 6 * Na atualidade, apresentam um ideário civilizatório que coloca como horizonte a construção de uma sociedade democrática; * Hoje em dia, suas ações são pela sustentabilidade, e não apenas autodesenvolvimento;* Lutam contra a exclusão, por novas culturas políticas de inclusão; * Lutam pelo reconhecimento da diversidade cultural; * Questões como a diferença e a multiculturalidade têm sido incorporadas para a construção da própria identidade dos movimentos; * Há neles uma ressignificação dos ideais clássicos de igualdade, fraternidade e liberdade. * A igualdade é ressignificada com a tematização da justiça social; * A fraternidade se retraduz em solidariedade; * A liberdade associa-se ao princípio da autonomia - da constituição do sujeito, não individual, mas autonomia de inserção na sociedade, de inclusão social, de autodeterminação com soberania; Finalmente, os movimentos sociais tematizam e redefinem a esfera pública, realizam parcerias com outras entidades da sociedade civil e política, tem grande poder de controle social e constroem modelos de inovações sociais. 3. Movimentos Sociais no Brasil Introdução Classes sociais e movimentos sociais são dois conceitos fundamentais nas Ciências Sociais. Eles têm interpretações e significados distintos segundo os diferentes paradigmas teórico-explicativos de análise da realidade social. Algumas teorias atribuem conteúdo, mais econômico às classes e mais políticos aos movimentos. Outras estabelecem relações entre os dois conceitos; outros ainda postulam hierarquias de importância ou de determinação entre classes e movimentos. Dada a importância que estes conceitos têm na compreensão da realidade social será feito um resumo de suas principais definições. O objetivo do texto é fornecer ao leitor um instrumental interpretativo para suas leituras e estudos. A partir das definições serão explicitados os movimentos sociais e sua relação com as classes sociais. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 7 3.1. Definindo os termos classes sociais e movimentos sociais O conceito de classe social é o mais polêmico. Alguns autores o tratam no campo predominantemente econômico, com implicações sobre todo sistema de poder na sociedade e no Estado. Outros o estudam no campo da estratificação social, e outros ainda no universo do modo e estilo de vida das pessoas. Nas teorias clássicas de análise sobre o social, do final do século passado e primeira metade do século XX, encontra-se quatro grandes blocos explicativos, a saber: a) Teoria Marxista clássica: Foi com a teoria marxista que ele se tornou um conceito central de análise do social, do econômico e do político. Marx trata as classes como uma estrutura objetiva de posições sociais. A classe designa e explica todas as formas de hierarquia e dominação social. Só podemos entender as classes no universo de suas relações com outras classes e não é possível entender as classes sem tratar de luta de classes, pois a lógica que rege suas relações é de conflito, dominação e exploração. As classes se constituem segundo a posição que os indivíduos as ocupam no processo de produção. O modo de produção capitalista repousa sobre a exploração de uma classe por outra, dos que detêm o capital sobre os que detêm apenas a força de trabalho, da burguesia sobre o proletariado. Entre essas duas classes, Marx (1818 -1883) identificou uma classe intermediária, a pequena burguesia, que tenderia a desaparecer e ser absorvida pelo proletariado. Distingue ainda a classe em si- que resulta da organização objetiva da produção, os indivíduos agrupados segundo a sua posição no trabalho, não conscientes; e a classe social – que supõe a tomada de consciência coletiva dos interesses de classe, ou seja – a classe já organizada, plena de conhecimento sobre seus interesses e as tarefas históricas que deve realizar. b) Teoria da Ação social de Max Weber (1864-1920): A análise de classe de Weber é construída na forma de uma teoria da ação social. Ele elaborou uma abordagem multidimensional baseada em três elementos básicos: poder, riqueza e prestígio. Classe social é uma das estruturas da sociedade – a estrutura econômica, aos lados dos grupos de status da ordem social; e dos partidos – a estrutura da ordem política, o poder. Interesses econômicos no mercado levam à criação da classe. Segundo Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 8 Weber, uma classe se define notadamente pela posse de meios para edificar uma fortuna ou para constituir um capital, conferindo-lhe privilégios. Portanto, as classes são posições comuns dentro do mercado. Para Weber, uma ação de classe resulta de um sentimento comunitário de interesses e é ordenada em defesa de seus interesses, embora as classes não sejam uma comunidade. Elas se utilizam de ações comuns e organizam ações comuns. Weber identificou quatro classes essenciais: a classe trabalhadora, a pequena burguesia, os intelectuais e profissionais liberais (sem propriedade), e a classe privilegiada e educada que controla a propriedade. Ele também concebe grupos de status no interior das classes econômicas, estratificadas e hierarquicamente enfileirados de acordo com as demandas do mercado e refletindo uma diversidade de interesses e preferências (Chilcote, 1995:86). c) Teorias funcionalistas norte-americanas: As classes sociais são vistas como o estilo de vida que os indivíduos têm na sociedade. Elas são uma categoria que classifica os indivíduos na sociedade de consumo. Nos estudos da sociologia norte americana dos anos 40 e 50, deste século, o interesse e o desenvolvimento de pesquisas de mercado e ao comportamento dos indivíduos no consumo dos bens materiais e simbólicos. Como decorrência, eles procuraram explicar também o comportamento político das classes sociais, principalmente em termos de previsão de seu comportamento eleitoral. Os principais indicadores para classificar os indivíduos eram: renda, educação e ocupação. d) Classe social como campo de força: Esta interpretação foi elaborada inicialmente por Maurice Halbwachs (1877-1945) e estabelece uma articulação entre a teoria marxista e a teoria norte americana. Ela formula uma explicação centrada nas forças sociais de integração e deixa num segundo plano o processo de produção. A sociedade estaria organizada em círculos concêntricos e cada círculo corresponde a uma classe social. As que estão no centro do círculo são as mais instruídas, as mais ricas e as mais integradas. A classe operária encontra-se na periferia. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 9 3.2. Classes Sociais: Concepções Contemporâneas. Nas teorias contemporâneas o conceito de classe social foi bastante reformulado incorporando aspectos subjetivos, mesmo nas abordagens neomarxistas. Podemos identificar três blocos principais: a) Teorias marxistas contemporâneas: classe social continua sendo categoria econômica fundamental que aglutina grupos, indivíduos e movimentos na sociedade civil e política. Entretanto, a abordagem não tem uma tônica exclusivamente econômica e as classes não são dadas a priori, mas se constituem na história segundo suas lutas e ações coletivas. A experiência adquirida e as tradições culturais herdadas são importantes para a constituição da classe. À medida que se desenvolvem uma práxis, as classes criam uma identidade. Assim, as classes se formam por meio das relações que os indivíduos e grupos estabelecem,e isso ocorre segundo um processo. Neste bloco, temos os estudos de Poulantzas, de historiadores Ingleses como E. Hobsbawm e E. P. Thompson, e outros. No Brasil podemos citar como representante dessa abordagem, entre outros, Francisco de Oliveira. Alguns autores denominados como pós-marxistas, também retomaram a discussão sobre as classes na modernidade. Eles enfatizam a autonomia da política e da ideologia em relação à economia. Laclau e Mouffe, por exemplo, esboçam um projeto de democracia radical onde o modelo de luta das classes na sociedade não se reduz ás contradições entre a burguesia e o proletariado; eles incorporam naquele projeto uma multiplicidade de autores sociais. Eles veem a classe trabalhadora como um dos muitos agentes possíveis envolvidos com a transformação social. Argumentam que a sociedade é capaz de se organizar de infinitas maneiras. Política e ideologia são separadas de qualquer base social e, em seu lugar, o discurso determina toda ação (vide Chicote, 1995:96). Ainda no espectro da herança do marxismo, temos outras contribuições ao debate sobre as classes na era atual. Alguns autores moldaram suas teorias segundo um contexto estrutural, concebendo as classes como estruturas de poder. Nicos Poulantzas (1975), por exemplo, desenvolveu a tese de que as estruturas da sociedade, mais do que as pessoas influentes, determinam acontecimentos políticos. Ele dividiu as classes em dominantes versus classes populares. Outros autores ainda, na busca de um substituto para o papel revolucionário do proletariado, Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 10 criaram teorias específicas sobre as classes sociais, como Herbert Marcuse, Louis Althusser, André Gorz, Ralph Miliband etc. Mas a ênfase na luta de classes não foi abandonada entre vários marxistas contemporâneos. Harry Braverman e Esping-Andersen, por exemplo, “tratam os conflitos e a luta de classes associadas às categorias estruturais de análise no nível do Estado e da produção. As estruturas do estado seriam moldadas pela luta de classe e não por simples mecanismos que servem ao processo de reprodução capitalista e repressão da classe trabalhadora. ” (Chilcote, 1995; 94). Nos debates contemporâneos sobre a situação das classes sociais no mundo do trabalho registra-se a tese da exclusão social, atualmente, quase hegemônica entre os analistas que têm abordagens críticas aos efeitos perversos da globalização na sociedade, como Robert Castel (1998), P. Rosavallon (1995) etc. Vários autores pós- marxistas têm se insurgido contra ela, como S. Paugam (1996), Pedro Demo (1998), R. Kurtz 91997) etc. Demo afirma: Evita-se a terminologia das classes sociais, traduzindo um possível esgotamento de certa maneira tradicional de explicar a questão social com base principalmente no confronto das desigualdades sociais. [...] Num primeiro momento, confundindo-se classes sócias com desigualdade, imagina-se que, não se apresentando a teoria das classes sociais como capaz de dar conta, sozinha, da complexidade do capitalismo atual, ipso facto não teria também a questão da desigualdade qualquer potencial explicativo [...] quem não consegue entender que a exclusão é a forma de inclusão, ou seja, uma maneira de exercer uma função dialética no sistema, não percebeu ainda o que significa dialética na história (1998; 18 e 105). b) Teoria de Pierre Bourdieu: O modelo teórico de Bourdieu baseia-se numa análise interna do comportamento dos indivíduos num contexto dado. Ele não se preocupa com os condicionamentos estruturais externos, para explicar a ação dos indivíduos na História. Dois conceitos são centrais em sua obra: campo e habitus. A classe social é vista numa sociedade constituída por um conjunto de campos sociais. Para Bourdieu, os indivíduos adquirirem durante o processo de socialização habitus de classe e a partir deles estruturam seus comportamentos e produzem sentimentos de pertencimento de classe. Mas os indivíduos não agem apenas segundo as posições adquiridas ou herdadas, eles também reelaboram estratégias de reprodução e com isso montam o acervo de recursos e capitais que utilizam em dados campos sociais, travando lutas simbólicas entre dominantes e dominados. Cada classe social é definida por um modo de vida (bens de consumo, práticas Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 11 culturais etc.) e por um acervo específico de recursos em termos de capital econômico e cultural. Bourdieu agrupa as classes em: dominante, pequena burguesia e classe popular. c) Teorias norte americanas contemporâneas: O conceito de classe nunca teve grande relevância nas abordagens norte americanas. Mas podemos identificar duas correntes básicas: Primeira, as classes sociais são definidas não apenas pela quantidade de dinheiro ou bens que possuam, mas também pelos: sistema de comportamento (atitudes), conjunto de valores e modo de vida. Segunda, baseada numa visão pluralista de diversos grupos de interesse e de pressão na sociedade, a classe é analisada num sistema político de democracia representativa. Robert Dahl e Ralf Dahrendorf são exemplos dessa abordagem. Dahrendorf construiu “tipos ideais de classe numa sociedade pós-capitalista na qual a autoridade não depende necessariamente da riqueza e prestígio, o conflito entre as classes e grupos é mínimo, e o pluralismo de instituições e interesses permite uma ampla participação nas decisões” (Chilcote, 1995:89). 3.3. Movimentos Sociais: O Conceito. A crise contemporânea do mundo globalizado tem gerado alterações nas teorias sobre sociedade. Muitas delas passaram a enfatizar as ações coletivas organizadas em torno de questões de identidade – sexo, raça, nacionalidade, etnia etc. destacando os novos movimentos sociais. Os atores desses movimentos ganharam centralidade nos estudos, enquanto novos sujeitos sociais, em detrimento da ênfase que era dada anteriormente às classes sociais, em especial ao proletariado, enquanto agentes fundamentais na explicação da realidade social (vide OFF, 1989). Em consequência ao novo cenário, vários autores têm destacado que o conflito social mudou no mundo moderno, da esfera da produção para a esfera dos problemas da cultura e, nesta, os problemas de identidade cultural seriam os mais importantes gerando movimentos em torno de questões de raça, gênero, nacionalidade, etc. Outros, como o ex-líder estudantil francês e parlamentar do Partido Verde, Daniel Conh-Bendit, reconhecem a importância dos conflitos culturais, mas atribui uma determinação econômica àqueles conflitos. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 12 Resulta que se têm dois modelos de análise: Um culturalista (enfatizado os movimentos sociais); Outro classista (enfatizando mais as estruturas econômicas, as classes sociais, as contradições sociais e os conflitos de classes). Abaixo se defende uma terceira posição, que destaca a importância da cultura na construção da identidade de um movimento social, mas concebem os movimentos segundo um cenário pontuado por lutas, conflitos e contradições, cuja origem está nos problemas da sociedade dividida em classes, com interesses, visões, valores, ideologias e projetos de vida diferenciados. Apesar do número razoável de estudos específicos sobrea problemática dos movimentos sociais, não podemos afirmar que existam teorias bastante elaboradas a seu respeito. Parte dessa lacuna é dada pela multiplicidade de interpretações e enfoques sobre o que são movimentos sociais. Um conjunto díspar de fenômenos sociais tem sido denominado como movimentos sociais. Na tentativa de clarificar a questão criaram-se novas taxionomias ou tipologias empíricas sem fundamentação teórica. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 13 2. 2009/CESPE/FUB. O universo referencial dos movimentos sociais pode estar vinculado a uma classe social, uma etnia, uma religião, um partido político ou a outras categorias sociais. Certo / Errado Comentário: O universo básico referencial dos Movimentos Sociais pode estar representado por uma classe social, uma etnia, uma região, uma religião, um partido político, ou por inúmeras outras categorias. No que tange à classe social, como acertadamente advertiu Gohn (1985 e 1988), tanto a classe dominante como a dominada, com suas respectivas frações, podem constituir- se em sujeitos sociais dos movimentos, insatisfeitas com as relações sociais vigentes ou propostas. Resposta Correta: Certo. No cenário internacional, dentre os autores que têm dado as maiores contribuições para o estudo dos movimentos sociais destacamos Alberto Melucci, Alain Touraine, Manuel Castells, Sidney Tarrow e Charles Tilly. Melucci destaca a questão da identidade coletiva como categoria central em sua abordagem. Ele afirma que a análise dos movimentos sociais oferece uma chave teórica e metodológica que pode ser aplicada para além do campo do empírico das ações coletivas. Em 1996 ele acrescentou: “movimentos são um sinal; eles não são meramente o resultado de uma crise. Eles assinalam uma profunda transformação na lógica e no processo que guiam as sociedades complexas. Como os profetas, eles falam antes: eles anunciam o que está tomando forma mesmo antes de sua direção e conteúdo tornarem-se claros. Os movimentos contemporâneos são os profetas do presente (Melucci, 1996:01). Touraine, em 1998, definiu os movimentos sociais como ações coletivas que combinam “a defesa de interesses com a designação de um opositor. Luta- se contra um adversário social em nome de valores culturais” (1998:4). Segundo ele, há três formas de conflitos envolvidos nos movimentos sociais, um localizado Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 14 na esfera da organização social, outro na esfera da mudança social e o terceiro na esfera cultural. Manoel Castells, espanhol radicado nos Estados Unidos, foi a principal influência teórica nos estudos produzidos sobre os movimentos sociais no Brasil, nos anos 70 e 80. Em 1996, ele os definiu como “ações coletivas propositivas as quais resultam, na vitória ou no fracasso, em transformações nos valores e instituições da sociedade. ” (1997:3). Sidney Tarrow (1994) considera os movimentos com forma de opinião de massa. Segundo uma conceituação clássica feita por Tilly (1978), um movimento social é fenômeno de opinião de massa lesada, mobilizada em contato com as autoridades. Para Tilly, os movimentos seriam a contraparte não institucionalizada dos partidos políticos, dos sindicatos, associações etc., tendo surgido no século XIX como uma ampliação do próprio campo da política. Eles também lutam pelo poder e pela institucionalização de seus interesses, mas de uma forma desordenada, utilizando-se de procedimentos não convencionais como passeatas, protestos, atos de violência etc. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 15 3. 2012/FCC/TJ-PE. Na abordagem clássica, a ideia é a de que os movimentos sociais existem quando há: I. Um princípio de identidade construído coletivamente ou de identificação em torno de interesses e valores comuns no campo da cidadania. II. Definição coletiva de um campo de conflitos e dos adversários centrais nesse campo. III. A construção de projeto de transformação ou de utopias de mudança social nos campos societário, cultural ou sistêmico. Está correto o que se afirma em a- I, apenas. b- II, apenas. c- III, apenas. d- I e II, apenas. e- I, II e III. Comentário: Usando como referências os apontamentos de Melucci, Touraine e Castells, Scherer Warren afirma ainda que “um movimento social existe quando há: (1) um princípio de identidade construído coletivamente ou de identificação em torno de interesses e valores comuns no campo da cidadania; (2) a definição coletiva de um campo de conflitos e dos adversários centrais nesse campo; (3) a construção de projeto de transformação ou de utopias comuns de mudança social nos campos societário, cultural ou sistêmico.” Resposta Correta: Letra e- I, II e III. 3.4. Movimento-classe: Uma visão integrada. Para definir movimento social devem-se estabelecer algumas diferenças: * Uma, primeira, é entre o movimento e grupo de interesses. Na grande imprensa cotidiana observa-se o uso da expressão movimento para designar a ação de grupos em função de seus interesses. Assim lê-se, “iniciou-se na Câmara um movimento para aprovar...” Este uso do termo é irregular, pois na realidade deveria ser “ iniciou-se um lobbie”, que é um grupo de interesse e não Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 16 um movimento social. Interesses comuns de um grupo são um componente de um movimento, mas não suficiente para caracterizá-lo como tal. Primeiro, porque a ação de um grupo de pessoas tem de ser qualificada por uma série de parâmetros para ser um movimento social. Este grupo tem que formar um coletivo social e, para tal, necessita ter uma identidade em comum. Ser negro, mulher, defender as baleias, ou não ter teto para morar, são adjetivos que qualificam um grupo dando-lhe objetivos comuns para a ação. Mas eles têm uma realidade anterior à aglutinação de seus interesses. Eles têm uma história de experiências culturais. As inovações culturais, econômicas ou outro tipo de ação que vierem a gerar, partem do substrato em comum das carências ou demandas que reivindicam, articuladas pelos legados da herança cultural que possuem. A partir dessa base, eles criam e renovam seus repertórios das ações, ideias, valores, etc. * Uma segunda diferença deve ser feita quanto ao uso ampliado da expressão ao se designar a ação histórica dos grupos sociais, tais como: o movimento da classe trabalhadora. Aqui se trata de uma categoria da dialética, a de movimento, em oposição à estática. É a ação da classe em movimento e não um movimento específico da classe. Esta diferença possibilita demarcar dois sentidos para o termo movimento: um ampliado e geral, e outro restrito e específico. * Uma terceira diferença deve ser feita entre modos de ação coletiva e movimento social propriamente. Um protesto (pacífico ou não), uma rebelião, uma invasão, uma luta armada, são modos de estruturação de ações coletivas; poderão ser estratégias de ação de um movimento social, mas, sozinhos, não são movimentos sociais. * Finalmenteuma quarta diferenças refere-se à esfera onde ocorre a ação coletiva. Trata-se de um espaço não institucionalizado, nem na esfera pública estatal e nem na esfera privada. Mas devemos tomar cuidado com as generalizações empíricas, denominado de movimento tudo que estiver na esfera não institucional. Os espaços coletivos não institucionalizados situam-se na esfera pública não governamental, ou não estatal, possibilitando aos movimentos dar visibilidade às suas ações. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 17 Podemos tirar uma primeira dedução, a saber: Movimento Social refere-se à ação dos homens na história. Esta ação envolve um fazer – por meio de um conjunto de práticas sociais – e um pensar – por meio de um conjunto de ideias que motiva ou dá fundamento à ação. Trata-se de uma práxis, portanto. As lutas sociais conferem aos movimentos um caráter cíclico. Eles são como as ondas e as marés, vão e voltam segundo a dinâmica do conflito social, da luta social, da busca do novo ou reposição/conservação do velho. Estes fatores conferem às ações dos movimentos caráter reativo, ativo ou passivo. Não bastam as carências para haver um movimento. Elas têm de se traduzir em demandas, que por sua vez poderão se transformar em reivindicações, através de uma ação coletiva. O conjunto deste processo é parte constitutiva da formação de um movimento social. Os fatores: carências, legitimidade da demanda, poder político das bases, cenário conjuntural do país darão a força de um movimento, gerando o campo de forças do movimento social e uma dada cultura política. Deve-se lembrar também que muitos dos chamados novos movimentos sociais, abrangem dimensões subjetivas da ação social, relativas ao sistema de valores dos grupos sociais, não compreensíveis para análise à luz apenas das explicações macro objetivas, como usualmente é tratada a questão das carências econômicas. Trata-se de carências de outra ordem, situadas no plano de valores, da moral. A partir das considerações acima se formulou uma definição ampla para o conceito de movimento social, a saber: Movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 18 desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é considerada a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo (Gohn, 1997b). Os movimentos geram uma série de inovações nas esferas públicas e privadas, participando direta ou indiretamente da luta política de um país e contribuindo para o desenvolvimento e transformação da sociedade civil e política. Os movimentos aglutinam bases demandantes, assessores e lideranças, e tem estreitas relações com uma série de outras entidades sociopolíticas como partidos e facções políticas legais ou clandestinas – igrejas, sindicatos, ONGS – nacionais e internacionais – setores da mídia e atores sociais formadores de opinião pública, universidades, parlamentares municipais, estaduais e federais; e até mesmo pequenos e médios empresários, etc., articulados em redes sociais com interesses em comuns. É necessário destacar que a simples existência de relações não implica que os movimentos sejam internamente harmoniosos ou homogêneos. Ao contrário, o usual é a existência de conflitos e tendências internas. Mas, as formas como eles se apresentam no espaço público, o discurso que elaboram, as práticas que articulam nos eventos externos, criam um imaginário social de unidade, uma visão de totalidade. A solidariedade é o princípio que costura as diferenças internas fazendo com que a representação simbólica construída e projetada para o outro – não movimento – seja coerente e articulada em propostas que encubram essas diferenças, apresentando- se, usualmente, de forma clara e objetiva. Para tal é preciso que se observem os códigos político-culturais expressos nas reivindicações dos movimentos (apresentados nas linguagens de seus discursos e falas e nos documentos que constroem). São estes códigos que sistematizam as demandas e criam representações sobre as mesmas. A forma como as demandas são codificadas varia segundo a cultura política local, ou seja, segundo o repertório das tradições culturais e as forças sociopolíticas de uma dada conjuntura histórica onde o movimento está ocorrendo. Em relação aos tipos, pode ter movimentos de diferentes classes e camadas sociais. O tipo de ação social envolvido é que será o indicador do caráter do movimento. Pode se ter movimentos transformadores, reformistas, redentores e alternativos. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 19 Giddens (1993) aglutina os movimentos entre as ações que são geradas por tensões estruturais (movimentos dos negros), crenças generalizadas (movimentos dos direitos civis), distúrbios e violências (movimentos de rua, quebra- quebra etc.) e movimentos que são deflagrados por situações de controle social (movimento contra as reformas da Constituição brasileira, por exemplo). Os movimentos são vistos por Giddens como respostas e estímulos externos. Touraine (1989), sem se preocupar com a criação de uma tipologia, apresenta um leque de registros históricos de movimentos sociais, subdividindo-os em messiânicos, camponeses, de defesa comunitária, de defesa da identidade, lutas urbanas, novos movimentos sociais, movimentos históricos, movimentos políticos e lutas culturais. 4. 2012/FCC/MPE-AP. Maria da Glória Gohn (1997) ao estudar a teoria dos movimentos sociais conclui que: I. eles são fluídos, fragmentados e perpassados por outros processos sociais, como uma teia de aranha eles tecem redes que se quebram facilmente, dada a sua fragilidade. II. eles são como as ondas do mar que vão e voltam, constroem ciclos na história, ora delineando fenômenos bem configurados, ora saindo nas sombras e penumbras, como névoa esvoaçante. III. os movimentos progressistas contribuem para a redefinição das utopias, para restaurar a esperança e a crença de que vale a pena lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. Está correto o que se afirma em a- I, apenas. b- II, apenas. c- III, apenas. d- I e II, apenas. e- I, II e III. Comentário: Os movimentos sociais são fluidos, fragmentados, constroem ciclos na história, em movimentos de claro e escuro e contribuem para a redefinição de utopias. Resposta Correta: letra e- I, II e III. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 20 5. 2013/FCC/TRT - 15ª R. Gohn (2010) afirma que há atores sociais que são sujeitos sócio políticos, cujas ações coletivas estão voltadas para os problemas sociais, econômicos, culturais e ambientais públicosem direção à superação das desigualdades sociais. Para a autora, são esses sujeitos: I. Movimentos Sociais propriamente ditos. II. Redes de mobilização compostas por associações de várias naturezas, incluindo as Organizações Não Governamentais - ONGs, fóruns, plenárias e articulações nacionais e transnacionais. III. Conselhos institucionalizados que atuam na esfera pública estatal. Está correto o que se afirma em a- I, apenas. b- I e II, apenas. c- II e III, apenas. d- I e III, apenas. e- I, II e III. Resposta Correta: Letra e- I, II, III. I. Movimentos Sociais propriamente ditos. II. Redes de mobilização compostas por associações de várias naturezas, incluindo as Organizações Não Governamentais - ONGs, fóruns, plenárias e articulações nacionais e transnacionais. III. Conselhos institucionalizados que atuam na esfera pública estatal. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 21 4. Antecedentes: A Era Movimentista (1970-1980). Década de 1970 e parte dos anos 1980. No Brasil e em vários outros países da América Latina, no fim da década de 1970 e parte dos anos 1980, ficaram famosos os movimentos sociais populares articulados por grupos de oposição aos regimes militares, especialmente pelos movimentos de base cristãos, sob a inspiração da teologia da libertação. No fim dos anos 1980 e ao longo dos anos 1990, o cenário sociopolítico transformou-se de maneira radical. Inicialmente, houve declínio das manifestações de rua, que conferiam visibilidade aos movimentos populares nas cidades. Alguns analistas diagnosticaram que eles estavam em crise, porque haviam perdido seu alvo e inimigo principal: os regimes militares. Em realidade, as causas da desmobilização são várias. O fato inegável é que os movimentos sociais dos anos 1970/1980, no Brasil, contribuíram decisivamente, via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários direitos sociais, que foram inscritos em leis na nova Constituição Federal de 1988. 6. 2012/FCC/ TRF-2ª R. No final dos anos de 1970, a nova cidadania, ou cidadania ampliada, que começou a ser formulada pelos movimentos sociais, pode ser compreendida como a- uma concepção que se limita à provisão de direitos legais e ao acesso a direitos definidos previamente. b- vinculada a uma estratégia das classes dominantes e do Estado de incorporação política gradual dos setores excluídos. c- constituição de sujeitos sociais ativos - agentes políticos -, definindo o que consideram ser seus direitos e lutando para seu reconhecimento. d- uma ideia baseada e fixada em uma referência central e no significado do conceito liberal. e- aquela que está mais confinada dentro dos limites das relações com o Estado, ou entre Estado e indivíduos. Resposta Correta: Letra c- constituição de sujeitos sociais ativos - agentes políticos -, definindo o que consideram ser seus direitos e lutando para seu reconhecimento. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 22 7. 2012/FCC/MPE-PE. Para Carvalho (1998), o processo constituinte, o amplo movimento de “Participação Popular na Constituinte”, marca uma nova fase dos movimentos sociais porque se caracteriza como a- momento em que as experiências da fase anterior são sistematizadas e traduzidas em propostas políticas mais elaboradas e levadas aos canais institucionais conquistados. b- predominantemente reivindicativa, de ação direta ou “de rua”, com a manutenção de relações de subordinação e de tutela por parte do Estado e dos partidos. c reivindicação de participar, apenas para obter ou garantir direitos já conquistados ao longo do processo histórico de participação popular. d- atrelamento às proposições populistas, corrente de pensamento político que se colocava a serviço do interesse público e coletivo para o fortalecimento dos espaços públicos. e- estabelecimento de relações de tutela pelo “centralismo democrático” do partido comunista, que focava sua luta pela manutenção da ordem geral da sociedade e, consequentemente, pela superação das condições de vulnerabilidade social. Comentário: Década de 80 Entidades representativas se organizam na articulação em federações municipais, estaduais e nacionais CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do Partido dos Trabalhadores, Processo constituinte, o amplo movimento de “Participação Popular na Constituinte”, que elaborou emendas populares e coletou subscrições em todo o país. Momento em que as experiências da “fase” anterior, predominantemente reivindicativa, de ação direta ou “de rua”, são sistematizadas e traduzidas em propostas políticas mais elaboradas e levadas aos canais institucionais conquistados, como a própria iniciativa popular de lei que permitiu as emendas constituintes. Resposta Correta: Letra a- momento em que as experiências da fase anterior são sistematizadas e traduzidas em propostas políticas mais elaboradas e levadas aos canais institucionais conquistados. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 23 Década de 1990 A partir de 1990, ocorreu o surgimento de outras formas de organização popular, mais institucionalizadas - como os Fóruns Nacionais de Luta pela Moradia, pela Reforma Urbana, o Fórum Nacional de Participação Popular etc. Os fóruns estabeleceram a prática de encontros nacionais em larga escala, gerando grandes diagnósticos dos problemas sociais, assim como definindo metas e objetivos estratégicos para solucioná-los. Emergiram várias iniciativas de parceria entre a sociedade civil organizada e o poder público, impulsionadas por políticas estatais, tais como a experiência do Orçamento Participativo, a política de Renda Mínima, Bolsa Escola etc. Todos atuam em questões que dizem respeito à participação dos cidadãos na gestão dos negócios públicos. A criação de uma Central dos Movimentos Populares foi outro fato marcante nos anos 1990, no plano organizativo; estruturou vários movimentos populares em nível nacional, tal como a luta pela moradia, assim como buscou uma articulação e criou colaborações entre diferentes tipos de movimentos sociais, populares e não populares. Ética na Política Ética na Política, um movimento do início dos anos 1990, teve grande importância histórica, porque contribuiu decisivamente para a deposição - via processo democrático - de um presidente da República por atos de corrupção, fato até então inédito no país. Na época, contribuiu também para o ressurgimento do movimento dos estudantes com novo perfil de atuação, os "caras-pintadas". Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 24 8 . 2012/VUNES/TJ-SP. Os movimentos sociais latino-americanos ocuparam o centro do cenário político na década de 1990 a partir de resistências contra as privatizações e os programas de ajuste estrutural. É nesse contexto que ocorre o incremento da resistência e da luta popular na América Latina, que abarca as mais diversas formas de protesto social. No Brasil, ainda nos anos 90, surgem também mobilizações coletivas centradas mais em questões________________ com mobilizações que partemde um chamamento à consciência individual das pessoas, apresentando-se mais como___________ do que como movimentos sociais. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto. a- éticas e morais … campanhas b- jurídicas e operacionais … paralisações c- políticas e culturais … agitações d- econômicas e estruturais … piquetes e- legais e pessoais … manifestações Comentário: Segundo Gonh (2004), nos anos 90, ocorreu o Movimento pela Ética na Política, na fase do impeachment de Collor. Nesse momento, se redefiniu novamente o cenário das lutas sociais. Destaca-se ainda que as mobilizações coletivas na década de 1990 partem para o chamamento a consciência individual das pessoas e elas, usualmente, tem se apresentado mais como “Campanhas” do que como movimentos sociais. Resposta Correta: Letra a- éticas e morais … campanhas. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 25 9. 2009/CESPE/FUB. A institucionalização da participação popular em conselhos e conferências de políticas e de direitos, nos anos 90 do século passado, contribuiu para o fortalecimento dos movimentos sociais no Brasil. Certo / Errado Comentário: Na década de 80 os movimentos sociais estavam articulados e fortalecidos pelo desejo de redemocratização do país. Em 1988, com a CF, os conselhos se institucionalizaram e em 90 as contrarreformas neoliberais acarretaram o inverso do que a questão propõem, não houve fortalecimento dos movimentos sociais e sim a desmobilização destes. Resposta Correta: Errado 10. 2010/CESPE/RE-BA. Recorrer ao indicador participação e controle social democrático implica discutir o papel e as atribuições dos movimentos sociais e dos conselhos de gestão, instituídos após a publicação da Constituição Federal de 1988. Certo/ Errado Comentário: Indicador 3 – Participação e controle social democrático: busca analisar os mecanismos de controle que a sociedade dispõe para acompanhar e fazer valer o exercício da cidadania; esse indicador implica discutir o papel e as atribuições dos movimentos sociais e dos Conselhos de gestão, instituídos após a Constituição de 1988. Um dado importante é o grau de mobilização e participação social em torno de determinada política e/ou programa social, o que pode ser percebido na identificação de existência de Fóruns específicos, na realização e participação da população em conferências e conselhos, na existência de ações sistemáticas e planejadas para socialização de informações e mobilização. Outro dado importante é compreender a criação, estrutura e funcionamento dos Conselhos, com observação dos seguintes elementos: estrutura física e equipe técnica do Conselho, existência e garantia de recursos para financiamento dos Conselhos, processo de escolha e nomeação dos conselheiros, composição do colegiado para verificar se existe paridade entre Estado e sociedade civil, caráter e periodicidade das reuniões do Conselho, formas de encaminhamento e acompanhamento das decisões (deliberações) do Conselho. Outro dado que pode ser analisado se refere à atuação e autonomia do Conselho, a fim de verificar como estes realizam o acompanhamento e fiscalização das ações governamentais, se participam no processo de planejamento da política correspondente, se analisam os relatórios anuais referentes ao órgão gestor; se discutem politicamente o conteúdo, abrangência, alcance e funções da política social; se possuem autonomia na tomada de decisões sobre as políticas sociais, frente ao poder executivo; se suas decisões (deliberações) são cumpridas pelo poder executivo. Resposta Correta: Certo Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 26 11. 2015/CETRO/MDS. Sobre a relação entre o Estado e a chamada Sociedade Civil na Constituição da Política Social Brasileira nas últimas décadas, assinale a alternativa correta. a- Os chamados movimentos sociais da década de 1980 caracterizam-se pelo seu caráter meramente sugestivo, sem intenção de efetiva reivindicação. b- Somente na década de 1990 que os chamados movimentos sociais passam a deter caráter reivindicatório, podendo-se destacar o movimento de impeachment do então Presidente da República. c- Na década de 1990, a ideia de participação social passa a ser vista como sendo “solidária” por meio de trabalho de voluntariado e concepção de responsabilidade social de indivíduos e empresas. d- Com a politização da participação da sociedade civil na década de 1990, focada em valores morais e conectada com o coletivo, constatam-se um desenvolvimento e amadurecimento na ocupação de espaços públicos participativos. e- Na década de 1980, por opressão do regime da época, há uma clara despolitização do significado de participação social, havendo uma ênfase à participação individualista, ligada a valores morais por meio de ações de responsabilidade social de indivíduos, empresas e movimentos ligados a instituições religiosas. Comentário: Empresa-cidadã: uma estratégia de hegemonia. A RSE, para a autora, resulta de um momento de maior organização do empresariado, que busca intervir na sociedade. Indaga- se se está em curso no país, desde os anos 1990, uma nova “cultura empresarial”, pautada na concepção de cidadania: Parece haver, princípio, uma “concordância geral”, no meio empresarial, de que o exercício da cidadania alavanca um processo histórico de mudanças rumo a uma sociedade com igualdade e justiça social, pois cada cidadão indiferenciado abandona a postura passiva de “ficar esperando por uma ação do Estado” e toma para si, por meio da solidariedade e da ajuda mútua, a responsabilidade de zelar pelo bem comum, semeando um futuro melhor para a coletividade, num presente sem conflitos e lutas de classe (César, 2005, p. 217-18). Resposta Correta: Letra c- Na década de 1990, a ideia de participação social passa a ser vista como sendo “solidária” por meio de trabalho de voluntariado e concepção de responsabilidade social de indivíduos e empresas. À medida que as políticas neoliberais avançaram, outros movimentos sociais foram surgindo: * Contra as reformas estatais; * A Ação da Cidadania contra a Fome; * Movimentos de desempregados; * Ações de aposentados ou pensionistas do sistema previdenciário. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 27 As lutas de algumas categorias profissionais emergiram no contexto de crescimento da economia informal, no setor de transportes urbanos, por exemplo: * Apareceram os transportes alternativos ("perueiros"); * No sistema de transportes de cargas pesadas nas estradas, os "caminhoneiros". Algumas dessas ações coletivas surgiram como respostas à crise socioeconômica, atuando mais como grupos de pressão do que como movimentos sociais estruturados. Os atos e manifestações pela paz, contra a violência urbana, também são exemplos dessa categoria. Se antes a paz era um contraponto à guerra, hoje ela é almejada como necessidade ao cidadão/cidadã comum, em seu cotidiano, principalmente nas ruas, onde motoristas são vítimas de assaltos relâmpagos, sequestros e assassinatos. * Grupos de mulheres foram organizados nos anos 1990 em função de sua atuação na política, criando redes de conscientização de seusdireitos e frentes de lutas contra as discriminações. * O movimento dos homossexuais também ganhou impulso e as ruas, organizando passeatas, atos de protestos e grandes marchas anuais. Numa sociedade marcada pelo machismo, isso também é uma novidade histórica. * O mesmo ocorreu com o movimento negro ou afrodescendente, que deixou de ser predominantemente movimento de manifestações culturais para ser, sobretudo, movimento de construção de identidade e luta contra a discriminação racial. * Os jovens também criaram inúmeros movimentos culturais, especialmente na área da música, enfocando temas de protesto, pelo rap, hip hop etc. Devem-se destacar ainda três outros importantes movimentos sociais no Brasil, nos anos 1990: Indígenas; Funcionários públicos - especialmente das áreas da educação e da saúde; Ecologistas. Os Indígenas cresceram em número e em organização nessa década, passando a lutar pela demarcação de suas terras e pela venda de seus produtos a preços justos e em mercados competitivos. Os Funcionários públicos organizaram-se em associações e sindicatos contra as reformas governamentais que progressivamente retiram direitos Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 28 sociais, reestruturam as profissões e arrocharam os salários em nome da necessidade dos ajustes fiscais. Os ecologistas proliferaram após a conferência Eco-92, dando origem a diversas organizações não governamentais. ONGS As ONGs passaram a ter muito mais importância nos anos 1990 do que os próprios movimentos sociais. Trata-se de ONGs diferentes das que atuavam nos anos 1980 junto a movimentos populares. Agora são inscritas no universo do terceiro setor, voltadas para a execução de políticas de parceria entre o poder público e a sociedade, atuando em áreas onde a prestação de serviços sociais é carente ou até mesmo ausente, como na educação e saúde, para clientelas como meninos e meninas que vivem nas ruas, mulheres com baixa renda, escolas de ensino fundamental etc. 12. 2011/CESGRANRIO/ FINEP. Do ponto de vista conceitual, é correto afirmar que movimento social e organização não governamental (ONG) são organizações de a- mesma natureza e que se sucedem no tempo. b- mesma natureza e uma pode ser ferramenta da outra. c- mesma natureza e pressupõem a mobilização social d- natureza diversa, porque o movimento social constitui uma atividade que se esgota em si mesma quando concluída. e- natureza diversa, porque o movimento social é conformado por sujeitos que se mobilizam em prol de interesses próprios. Resposta Correta: Letra e- natureza diversa, porque o movimento social é conformado por sujeitos que se mobilizam em prol de interesses próprios Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 29 5. Cenário dos movimentos sociais na atualidade no Brasil Para compreender os movimentos sociais é preciso delinear um quadro referencial mais amplo, relativo à conjuntura que constitui o campo sociopolítico e econômico no qual ocorrem os movimentos. Algumas características básicas dessa conjuntura na atualidade, no campo do associativismo, são: 1 | Há um novo cenário neste milênio: novos tipos movimentos, novas demandas, novas identidades, novos repertórios. Proliferam movimentos multi e pluriclassistas. Surgiram movimentos que ultrapassam fronteiras da nação, são transnacionais, como o já citado movimento alter ou antiglobalização. Mas também emergiram com força movimentos com demandas seculares como a terra, para produzir (MST) ou para viver seu modo de vida (indígenas). Movimentos identitários, reivindicatórios de direitos culturais que lutam pelas diferenças: étnicas, culturais, religiosas, de nacionalidades etc. Movimentos comunitários de base, amalgamados por ideias e ideologias, foram enfraquecidos pelas novas formas de se fazer política, especialmente pelas novas estratégias dos governos, em todos os níveis da administração. Novos movimentos comunitaristas surgiram - alguns recriando formas tradicionais de relações de autoajuda; outros organizados de cima para baixo, em função de programas e projetos sociais estimulados por políticas sociais. 2 | Criaram-se várias novidades no campo da organização popular, tais como a atuação em redes e maior consciência da questão ambiental ao demandar projetos que possam vir a ter viabilidade econômica sem destruir o meio ambiente. 3 | A nova conjuntura econômica e política tem papel social fundamental para explicar o cenário associativista atual. As políticas neoliberais desorganizaram os antigos movimentos e propiciaram arranjos para o surgimento de novos atores, organizados em ONGs, associações e organizações do terceiro setor. 4 | As reformas neoliberais deslocaram as tensões para o plano cotidiano, gerando violência, diminuição de oportunidades no mundo do trabalho formal, formas precárias de emprego, constrangimento dos direitos dos indivíduos, cobrança sobre seus deveres em nome de um ativismo formal etc. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 30 5 | O Estado promoveu reformas e descentralizou operações de atendimento na área social; foram criados canais de mediações e inúmeros novos programas sociais; institucionalizaram-se formas de atendimento às demandas. De um lado, observa-se que esse fato foi uma vitória, porque demandas anteriores foram reconhecidas como direito, inscrevendo-as em práticas da gestão pública. De outro, a forma como têm sido implementadas as novas políticas, ancoradas no pragmatismo tecnocrático, tem resultado na maioria dos projetos sociais implementados passando a ter caráter fiscalizatório, ou sendo partícipes de redes clientelistas, e não de controle social de fato. Um panorama dos movimentos sociais neste novo milênio pode ser descrito em torno de 13 eixos temáticos, que envolvem as seguintes lutas e demandas (Gohn, 2010): 1. Movimentos sociais em torno da questão urbana, pela inclusão social e por condições de habitabilidade na cidade. Exemplos: a. Movimentos pela moradia, expresso em duas frentes de luta: articulação de redes sociopolíticas compostas por intelectuais de centro-esquerda e movimentos populares que militam ao redor do tema urbano (o hábitat, a cidade propriamente dita). Eles participaram do processo de construção e obtenção do Estatuto da Cidade; redes de movimentos sociais populares dos Sem-Teto (moradores de ruas e participantes de ocupações de prédios abandonados), apoiados por pastorais da Igreja Católica e outras; b. Movimentos e ações de grupos de camadas médias contra a violência urbana e demandas pela paz (no trânsito, nas ruas, escolas, ações contra as pessoas e seu patrimônio etc.); c. Mobilizações e movimentos de recuperação de estruturas ambientais, físico- espaciais (como praças, parques), assim como de equipamentos e serviços coletivos (área da saúde, educação, lazer, esportes e outros serviços públicos degradados nos últimos anos pelas políticas neoliberais); ou ainda mobilizações de segmentos atingidos pelos projetos de modernização ou expansão de serviços. 2. Mobilização e organização popular em torno de estruturas institucionais de participação na gestão política-administrativa da cidade: Serviço Social – Tribunal de Justiça SãoPaulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 31 a. Orçamento Participativo e Conselhos Gestores (saúde, educação, assistência social, criança e adolescente, idoso); b. Conselhos da Condição Feminina, Populações Afrodescendentes etc. 3. Movimentos em torno da questão da saúde, como: a. Sistema Único de Saúde (SUS); b. Conferências nacionais, estaduais e municipais da saúde; c. Agentes comunitários de saúde; d. Portadores de necessidades especiais; e. Portadores de doenças específicas: insuficiência renal, lúpus, Parkinson, mal de Alzheimer, câncer, doenças do coração etc. 4. Movimentos de demandas na área do direito: a. Humanos: situação nos presídios, presos políticos, situações de guerra etc.; b. Culturais: preservação e defesa das culturas locais, patrimônio e cultura das etnias dos povos. 5. Mobilizações e movimentos sindicais contra o desemprego. 6. Movimentos decorrentes de questões religiosas de diferentes crenças, seitas e tradições religiosas. 7. Mobilizações e movimentos dos sem-terra, na área rural e suas redes de articulação com as cidades por meio da participação de desempregados e moradores de ruas, nos acampamentos do MST, movimentos dos pequenos produtores agrários, Quebradeiras de Coco do Nordeste etc. 8. Movimentos contra as políticas neoliberais: a. Mobilizações contra as reformas estatais que retiram direitos dos trabalhadores do setor privado e público; b. Atos contrarreformas das políticas sociais; c. Denúncias sobre as reformas que privatizam órgãos e aparelhos estatais. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 32 9. Grandes fóruns de mobilização da sociedade civil organizada: contra a globalização econômica ou alternativa à globalização neoliberal (contra ALCA, por exemplo); o Fórum Social Mundial (FSM), iniciativa brasileira, com dez edições ocorridas no Brasil e no exterior; o Fórum Social Brasileiro, inúmeros fóruns sociais regionais e locais; fóruns da educação (Mundial, de São Paulo); fóruns culturais (jovens, artesões, artistas populares etc.). 10. Movimento das cooperativas populares: material reciclável, produção doméstica alternativa de alimentos, produção de bens e objetos de consumo, produtos agropecuários etc. Trata-se de uma grande diversidade de empreendimentos, heterogêneos, unidos ao redor de estratégias de sobrevivência (trabalho e geração de renda), articulados por ONGs que têm propostas fundadas na economia solidária, popular e organizados em redes solidárias, autogestionárias. Muitas dessas ONGs têm matrizes humanistas, propõem a construção de mudanças socioculturais de ordem ética, a partir de uma economia alternativa que se contrapõe à economia de mercado capitalista. 11. Mobilizações do Movimento Nacional de Atingidos pelas Barragens, hidrelétricas, implantação de áreas de fronteiras de exploração mineral ou vegetal etc. 12. Movimentos sociais no setor das comunicações, a exemplo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 33 13. 2011/COPEVE-UFAL/UFAL. No contexto da crise contemporânea do capital, os movimentos sociais em escala planetária a- têm avançado nas suas lutas e ampliado os direitos sociais. b- têm sofrido um refluxo nas suas lutas, em função das grandes conquistas no campo dos direitos trabalhistas em expansão. c- têm-se articulado mundialmente para novas conquistas, frente aos avanços alcançados no campo dos direitos sociais. d- estão em refluxo e, na maioria, com lutas pontuais sem terem no seu horizonte a construção de um novo projeto societário. e- têm tido uma influência do pensamento pós-moderno no sentido de articular as lutas localizadas numa dimensão anticapitalista e revolucionária. Resposta Correta: Letra d- estão em refluxo e, na maioria, com lutas pontuais sem terem no seu horizonte a construção de um novo projeto societário. 6. A Relação do Serviço Social com os Movimentos Sociais na Contemporaneidade. O item trata da incorporação da temática movimentos sociais pelo Serviço Social, destacando o Movimento de Reconceituação latino-americano e a aproximação limitada aos sujeitos coletivos organizados e às tendências teórico-críticas. A incorporação do debate dos movimentos sociais no Serviço Social A aproximação política com os interesses dos setores populares se deu de forma tardia na profissão, dado o surgimento do Serviço Social brasileiro atrelado a Doutrina Social da Igreja Católica e ao viés reformista de tendência empiricista e pragmatista no continente, alçado nos marcos do pensamento conservador das Ciências Sociais até o final da década de 1950. Assimilando esses princípios teóricos e políticos, a profissão tem sua emersão configurada junto a organizações e grupos da classe dominante. Os primeiros movimentos aos quais Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 34 o Serviço Social se vincula no país são de base militante tradicional católica – o Apostolado Leigo, a Ação Social e a Ação Católica. O esforço político e teórico de superação do tradicional surge apenas nos marcos da década de 1960, expressa no denominado Movimento de Reconceituação latino- americano, que tem seus mais profícuos rebatimentos no Brasil na segunda metade dos anos 1970. As alterações e diferenciações no interior da mesma profissão e a luta por hegemonia entre distintas perspectivas críticas ao Serviço Social tradicional – de modernização e de ruptura – são expressão da complexa relação entre os determinantes das transformações societárias e o que é constitutivo da própria profissão. O Serviço Social sofre a influência macros societária do período, de profundas mudanças econômicas, sociais, políticas e ideoculturais, oriundas do exaurimento do padrão rígido de acumulação capitalista e das consequentes respostas que lhe são dadas pelo movimento das classes sociais em confronto. Netto (1981, p.60) compreende por Serviço Social tradicional a prática profissional empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada. Esse se fundamenta em uma ética liberal burguesa e sua teleologia consiste na correção funcionalista de resultantes psicossociais considerados negativos ou indesejáveis, sempre pressupostos a ordenação capitalista da vida como um dado factual ineliminável. O movimento de contestação aos fundamentos tradicionais do Serviço Social circunscreve-se na conjuntura continental de neocolonização, típica do capitalismo monopolista. Apesar das particularidades que envolviam a formação histórica das nações latino-americanas, elas configuravam-se como os últimos espaços disponíveis para a expansão do capital. Em um contexto de Guerra Fria pós-1945, os tensionamentos das estruturas sociais do mundo capitalista refletiam duas opções: a incorporação subordinada e dependente ao império econômico das grandes corporações através do reformismo-desenvolvimentista, ou a perspectiva revolucionária socialista de rompimento das amarras imperialistas, como vista no advento das democracias populares e na revolução cubana. O caráter político da transferência desse padrão de acumulação previa, como condicionante econômico, aestabilidade na relação entre as classes. Para tanto, estabilidade se convertia no lema autocrático estadunidense “[...] desenvolvimento com segurança [...]”, pela elevada centralização Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 35 do poder das burguesias e dos governos pró-capitalistas das nações periféricas (FERNANDES, 1976, p.251-255). Conforme Iamamoto (2002), os rebatimentos desse contexto incidiram fortemente sobre a profissão, tanto no que diz respeito aos novos projetos, recursos materiais e humanos exigidos, como pela repercussão no que lhe é constitutivo: a matéria sobre a qual opera e suas respectivas áreas de atuação e unidade profissional. O Método BH, proposto pela Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais formulou um novo projeto profissional, alicerçado na ruptura com o tradicionalismo. A unidade profissional constituía-se na crítica ao caráter asséptico e transclassista tradicional; o objeto de atuação seria a “[...] ação social da classe oprimida [...]”; e os objetivos profissionais constariam em dois âmbitos: o objetivo-meta – “[...] a transformação da sociedade e do homem [...]” e os objetivos-meios – “[...] a conscientização, a capacitação e a organização [...]” (NETTO, 2007, p.279). O reconhecimento do Serviço Social como profissão, dada sua laicização e afirmação enquanto categoria profissional assalariada esteve diretamente vinculada às bases econômicas, sociais e políticas da organização monopólica. Na medida em que se acentuavam as disparidades, outros projetos de sociedade ganharam espaço no interior da profissão, ultrapassando os limites do “[...] compósito referencial ideal incorporado pelo projeto sócio-político conservador próprio à burguesia monopolista” (NETTO, 2007, p.128). A contradição entre a mobilização popular e o projeto reformista autocrático-burguês, presente nas relações periféricas de dependência, imprimiu ao Serviço Social no seu complexo teórico, prático e político um repensar de autocrítica e contestação, constituindo as bases necessárias para a negação do tônus humanista-cristão e da prática assistencialista que incorporou em sua gênese histórica e trajetória profissional. O repensar de abrangência continental assume acentuada radicalidade na tendência político-ideológica de ruptura com o tradicionalismo, enquanto projeto vivo de mudanças profissionais, inscrito na Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 36 “[...] dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de luta pela libertação nacional e de transformações da estrutura capitalista excludente, concentradora e exploradora” (FALEIROS, 1986, p.51). Esta tendência profissional apenas foi possível através da construção de uma relação orgânica com os movimentos sociais, viabilizada por dois condicionantes conjunturais e acadêmicos: a emersão das organizações de classe dos trabalhadores e a interlocução com a tradição marxista. O primeiro condicionante, a organização da classe trabalhadora, se configurou na conjuntura internacional da década de 1960 (delimitada pela crise de legitimidade da ordem burguesa, pelo questionamento às instituições, órgãos estatais e ao acirramento das desigualdades) por uma ação de cariz revolucionário, como o “[...] principal elemento de transbordamento, ruptura e confrontação” (ANTUNES, 2006, p.41). À ebulição das ações dos trabalhadores questionando os pilares fundantes da sociabilidade do capital somava-se a emersão de novos atores sociais: os denominados movimentos contra culturais e novos movimentos sociais (movimentos étnicos, ecológicos, urbanos, antinucleares, feministas, etc.). A presença desses novos sujeitos políticos organizados, comprometidos com projetos nacional-populares e democráticos, somados à ação político-partidária e sindical, desencadeou um processo intenso de lutas, com fecundos rebatimentos nos países de capitalismo dependente. Na América Latina, onde se desenvolvia um forte sentimento de libertação nacional e social, gestaram-se as condições políticas propícias à organização e mobilização de diversificados sujeitos coletivos, dos quais se destacam especialmente dois: os diretamente vinculados à Igreja Católica através da Teologia da Libertação: as Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s), a Ação Popular (AP), a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Juventude Operária Católica (JOC), e os envolvidos com a Educação Popular, de influência de Paulo Freire: o Movimento de Educação de Base (MEB). Críticos às ditaduras de esquerda e ao socialismo real de totalitarismo stalinista, tais organizações eram imbuídas de uma leitura marxista “[...] humanista e militante [...]”, a qual valorizava como protagonista histórico o povo e o popular (FALEIROS, 1986, p.59). Esses movimentos propunham como norte um “[...] socialismo humanista [...]”, a ser alcançado através da estratégia revolucionária, que, além do trabalho de conscientização, pressupunha ação insurrecional. Serviço Social – Tribunal de Justiça São Paulo. Aula 06 Movimentos Sociais Professora Conceição Costa www.pontodosconcursos.com.br | Professora Conceição Costa 37 O segundo condicionante, os condutos teóricos da tradição marxista, eram, em grande parte, responsáveis pela forma como o Serviço Social realizou sua aproximação a temática dos movimentos sociais, no bojo das contradições do Movimento de Reconceituação. A interlocução entre os setores progressistas da profissão e o amplo e heterogêneo universo marxista foi perpassada por avanços e limites. Possibilitou tanto a polarização entre discussões e propostas, a contestação pública ao pensamento conservador, a ruptura com a imagem de uma profissão homogênea presente nos marcos do tradicionalismo, como foi acompanhada por “[...] inúmeros equívocos e impasses teóricos, políticos e profissionais” (IAMAMOTO, 2001, p.210). Tendo por influência as correntes críticas das Ciências Sociais e da Pedagogia, a vertente de ruptura do Serviço Social promove uma diluição do pensamento marxiano, substituindo-o por uma documentação primária de terceiros (SILVA e SILVA, 2002, p.79). A plural organização política latino-americana, possuidora de um rol eclético de influências, das encíclicas de João XXIII a Paulo Freire, perpassando clássicos da militância marxista (Lênin, Trotsky, Mao e Guevara), foi a principal referência pela qual se deu a aproximação profissional com o universo marxista. O traço mais evidente desse diálogo é a ausência da teoria de Marx, tendo por condutos teóricos manuais de divulgação do “[...] marxismo oficial [...]”, de influência neopositivistas, “[...] cujas produções foram seletivamente apropriadas, numa ótica utilitária, em função de exigências prático-imediatas, prescindindo-se de qualquer avaliação crítica” (IAMAMOTO, 2001, p.211). Segundo Netto (2007, p.149) o ecletismo das elaborações reconceptualizadas envolveu principalmente três circunstâncias: a recusa à importação de teorias, por meio da crítica à produção estadunidense e a valorização autóctone, vista como “[...] necessária ao fortalecimento das ideologias na América Latina [...]”; o confucionismo ideológico, que buscou sintetizar sobre um mesmo dogmatismo as inquietudes da esquerda cristã às gerações não ortodoxas e não tradicionais; e, por fim, o reducionismo próprio ao ativismo político, ao qual são precursores Manoel Zabala, Herman Zabala e Juan
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