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No filme Matrix, existe uma realidade virtual, em que a grande maioria dos seres humanos vivem, não é real é uma ficção, uma rede de ilusão que disfarça e mascara a realidade, seu protagonista Neo está vivendo nessa sociedade, interage nessa realidade virtual, mas procura respostas, pois, sente-se diferente, a pergunta o impulsiona, mas não aceita uma verdade imposta, quer ser livre e segue buscando a verdade, não confia no destino, pois não gosta da idéia de não ter domínio sobre sua vida.
Nesse assunto pode-se relacionar Neo com Descartes, na procura pela verdade, pois Descartes duvida de tudo (dúvida metódica, um artifício metodológico) quer descobrir os fundamentos filosóficos, surge à dúvida natural, que se compõe de dois contextos, o argumento do erro dos sentidos e o argumento dos sonhos.
Descartes demonstra que os sentidos são enganosos, toma como princípio tudo aquilo que indicar o menor motivo de engano, isso será tido como falso. Do pouco que sabe de si mesmo, Descartes sabe que é uma coisa que pensa. “Eu penso, logo existo”. É tão real e firme essa suposição que os céticos não podem derrubá-la e ele aceita como o primeiro princípio da filosofia que procurava, chega na 1ª certeza à única coisa da qual nada poderia o iludir é que não exista um eu quando este pensa que existe.
No argumento dos sonhos evidencia que as percepções humanas operam não apenas durante a vigília, mas também nos sonhos, por isso mesmo essas percepções não são confiáveis, não podem servir como tendo prioridade no processo de conhecimento. A célebre dúvida metafísica invoca a figura de um deus enganador, que seria responsável pelo erro, sendo assim, Descartes se depara com a questão da bondade divina. “Existe um Deus que não é enganador”.
O argumento cosmológico “Deus é a causa da idéia que temos dele.” Na terceira meditação Deus é apontado como o autor da idéia de causa perfeita existente em nós, sendo a causa da própria idéia. Deus que é onipresente, onisciente e onipotente, pois alcançar a idéia de perfeição é afirmar a existência do ser perfeito, uma perfeição não existente não seria uma perfeição.
A diferença entre o sonho e a realidade é problemática, pois o virtual (filme), o sonho (fantasia), pode ser recente e se transformar em realidade, não garantindo que se é uma dualidade, tem um corpo separado da mente, mas pode indicar diferentes formas de viver e de ser.
Neo procura algo, a verdade, pois sente que vive na ilusão Matrix, e busca respostas, Neo não gosta de obedecer a ordens, pois a Matrix está em toda parte, foi posta perante ele para que não veja a verdade. Que verdade?	
Tudo que lhe era oferecido por Morpheu era a verdade.
Na quarta meditação, Descartes faz a “Distinção entre o verdadeiro e falso.” explica de onde vem à razão do erro ou falsidade, a origem do erro é a fraqueza da constituição finita do homem e o desconhecimento de uma verdade clara e distinta, o entendimento é limitado, esse desnível, desequilíbrio entre a imaginação e o entendimento causa o erro. 
No mito o escolhido, salva a humanidade, quando Neo, desperta e sai da usina, segue na busca da verdade, no filme, a raça humana é escrava, prisioneira da ilusão, tendo corpo e mente separado. As sensações nos enganam e podem ser aprendidas. O treinamento de Neo não visava torná-lo capaz de fazer coisas admiráveis, mas sim de fazê-lo confiar no real e na sua habilidade de modificar-se.
Neo busca a liberdade, pois acredita nela, os conhecimentos técnicos podem ser implantados, mas o conhecimento da verdade do real vai além das sensações. Só com ousadia busca-se o conhecimento, que nos permite distinguir o real, ser livre e feliz, isso não pode ser implantado, deve ser construído. O real é descrito no filme por Morpheu, que acorda os humanos do sono, “Neo começa a acreditar,” envolve um saber diferente do científico, esse precisa ter certeza, emoção, inteligência, compreensão e intuição.
“Da existência das coisas materiais e distinção real entre a alma e o corpo do homem” que na meditação sexta, gera uma das grandes dificuldades, a de perceber e analisar o corpo e a mente como uno ou separado. Descartes institui uma regra geral para se conhecer outras coisas, das que existem fora do corpo, o engano passa a existir quando se refletia que elas podiam ser aceitas por si mesmas, sem um eu. No nosso livro texto o professor coloca de modo prático a maneira que Descartes obtêm o conhecimento, começa na 1ª certeza e vai subindo uma escada até atingir o conhecimento.
“Penso, logo existo”; “Eu sou uma coisa pensante”; “Deus existe”; “Deus é bom”; “Deus coloca em mim a inclinação de acreditar que objetos exteriores existem”; “Objetos exteriores existem”; “Constância e a coerência em nossa memória”; “Conhecimento”. Certezas a que Descartes chegou à sua investigação para determinar o que é verdadeiro. Certezas que, conforme já apontamos, vão dando base uma à outra, formando um quebra-cabeça. Repare que a “coerência e constância”, uma dessas certezas, será o que a física, a química e todas as ciências buscaram provar através de seus princípios (fórmulas). (FRANCIOTTI, pág. 44).
Não pondere sua capacidade, tenha certeza que é capaz, seguir além do conhecimento e agir, pois saber é viver o que se conhece, Em Matrix o corpo está separado da mente, homens são escravos. No mundo real corpo e mente está unida, probabilidade de salvação e liberdade, a escravidão humana está incluída na destruição do ambiente e ao uso impróprio da tecnologia.
O agente diz que os humanos são vírus e não mamíferos chega a essa conclusão, observando o comportamento da espécie humana. A ilusão não pode dizer quem é cada ser humano, o oráculo diz o que é necessário e imprescindível ouvir, mas o ser humano tem aptidão de construir a si mesmo.
Procurei fazer uma comparação entre o filme Matrix e as teorias de Descartes, para analisar melhor a relação existente. Morpheus é um personagem real, sabe tudo sobre Matrix, tem certeza que Neo é o escolhido para salvar os humanos, mesmo assim, faz indagações sobre o que é real para Neo, quer saber o que ele pensa.
Acredito que: na hipótese de Neo pensar e também acreditar na teoria de Descartes, sua resposta seria a explicação de como reflete, raciocina e pondera, sobre o real, sobre sua vida, seus sonhos, ou mesmo na realidade virtual vivida em Matrix e na realidade do mundo real apresentada por Morpheus, vê claramente que não existem sinais certos de que estar acordado, se distingue de estar sonhando, pois quando ele troca de mundo está geralmente acordando e fica confuso, indeciso, sofre e reluta em aceitar certos fatos e eventos.
Como no filme, as dúvidas de Descartes, também não foram respondidas de modo definitivo, pois sua filosofia era, mesmo, a filosofia da dúvida, conduzindo isso para o nosso estudo.
O que é real?
Como se tem certeza que não se está num mundo virtual?
Até que ponto é real ou é sonho?
As perguntas levam aos fundamentos, mas para o senso comum elas soam falso, fora da realidade, pode-se sentir que as preocupações dos filósofos são diferentes das do homem comum, esses escolhem não questionar e não procurar a verdade.
No final quando ele realmente acredita ser o escolhido consegue vencer, a excitação do corpo, o beijo faz a mente tornar a pensar e a viver. Será que se é tão racional como se pensa? 
Neo não vê as ilusões de Matrix, e o que o salva é o amor de Triniti, mas a solução entre o que é real e sonho está bem longe de ser acolhida e aceita por todos. A resposta aos questionamentos, não há respostas, determinantes e definitivas.
Bibliografia:
JAPIASSÚ, Hilton, Dicionário Básico de Filosofia de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes. 4º. ed. atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 2006.
Textos Webteca, Descartes Meditações Metafísicas. UFSC.
FRANCIOTTI, Marco Antônio. História da Filosofia III. Florianópolis: FILOSOFIA/EAD/UFSC, 2009, 143 pag.
www.cti.furg.br/~marcia/video-matrix.htm - acesso: 01/05/09.

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