Buscar

Resumo livro "O que é ética?" Álvaro Valls

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Em seu livro “O que é ética?”, Álvaro Valls afirma que a ética é entendida como um estudo científico ou filosófico das ações humanas, mas também a vida pode ser considerada ética quando seguimos um padrão de comportamento considerado correto. O que determina esse padrão é a sociedade e o tempo em que vivemos, por isso, ao observar a ética vigente em diferentes sociedades percebe-se a variedade de costumes, valores, ideais, normas e a própria sabedoria. Valls questiona então se não haveria uma ética absoluta, que ultrapassasse as fronteiras de tempo e espaço, no entanto, ainda não há ao certo uma resposta para isso. 
O autor cita dois filósofos de grande importância no estudo da ética: Sócrates e Kant. Sócrates, utilizando-se da maiêutica, indagava as leis, e através do que ele chamava de consulta ao seu “demônio interior” buscava compreender de acordo com suas convicções pessoais a justiça dessas leis. Kant, por sua vez, buscava uma ética universal que se apoiasse apenas na igualdade entre os homens e buscava encontrar as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro e do agir livre. 
O segundo capítulo traz o pensamento ético na Grécia antiga, que surgiu da busca de um princípio absoluto de conduta. Platão parte da ideia de que os homens buscam a felicidade, que seria esta, encontrada após a morte. Assim, durante a vida o homem deveria procurar, através da dialética, a contemplação das ideias do Ser e do Bem, que são imutáveis, procurando descobrir uma escala de bens que o levem ao absoluto. De acordo com o filósofo, a prática da virtude é a coisa mais preciosa para o homem, já que é também uma espécie de purificação, aproximando-o e assimilando-o a Deus. 
Assim como Platão, Aristóteles também parte da correlação entre o Ser e o Bem, porém leva em consideração a variedade dos seres, de forma que os bens buscados por cada um também varia. Para ele o pensamento é o elemento divino no homem e o que há de mais precioso, de forma que a felicidade se dá através da contemplação pois imita melhor a atividade divina. 
No capítulo “Ética e religião”, Valls relaciona esses dois aspectos partindo da Grécia antiga, em que a moral e a religião eram ainda bastante naturalistas, de forma que os deuses eram personificações de forças naturais. No entanto, com a religião judaica e um deus que não se identifica com essas forças, o agir do homem passa a ser não mais de acordo com a natureza e sim de acordo com a vontade do Deus pessoal, que é santo, fazendo com que o homem busque também a santidade. A religião trouxe também um moralismo centrado nas questões sexuais que se apoderou inclusive de pessoas não ligadas à religião; “o pensamento ético que conhecemos está, portanto, todo ele ligado à religião, à interpretação da Bíblia e à teologia” (p. 38). 
A Idade Moderna traz consigo tendências que buscam unir uma ética religiosa e uma reflexão filosófica, e traz também teorias que ignoram a religião. Existem, segundo o autor, duas tendências atuais importantes: uma, desenvolvida com o capitalismo, que busca a vantagem particular, assemelhando-se ao hedonismo grego; e outra que se encontra entre os positivistas lógicos que ignoram a metafísica e se dedicam a pesquisar as formas da linguagem moral, formulações éticas válidas, etc. 
No quarto capítulo são retomados alguns ideais éticos: o dos gregos, que buscavam a ideia do Bem e a vida de acordo com a natureza; do cristianismo que se baseava na religião; do renascimento e iluminismo, que o ideal era viver de acordo com a liberdade pessoal; o de Hegel, que estava em uma vida livre dentro de um Estado livre, de forma que os direitos dos homens fossem preservados e seus deveres cobrados. Valls traz ainda nesse capítulo a reflexão ético-social do século XX, que afirma que a sociedade não se comporta mais de forma ética, pois vive amoralmente, isso ocorre pois “os meios de comunicação de massa, as ideologias, os aparatos econômicos e do Estado, já não permitem mais a existência de sujeitos livres, de cidadãos conscientes e participantes, de consciências com capacidade julgadora” (p. 47). 
No capítulo “A liberdade” o autor afirma que ao falar de ética falamos em liberdade, uma vez que essa está relacionada à normas, e normas nos dizem como agir. E se nos dizem como agir, dizem também como não agir, de forma que somos, então, livres para escolher nossas ações.
De acordo com Valls, as doutrinas éticas se articulam entre dois extremos que a tornam impossível: a totalidade do determinismo e a totalidade da liberdade. “A ética se refere às ações humanas, e se elas são totalmente determinadas de fora para dentro, não há espaço para a liberdade, como autodeterminação, e, consequentemente, não há espaço para a ética” (p. 49). Em oposição ao determinismo, a liberdade total também nega a ética. O autor cita filósofos que acreditavam que o sábio é livre mesmo que esteja aprisionado, no entanto, essa liberdade se restringe ao pensamento, e liberdade para pensar sem poder agir como tal não é liberdade humana. 
Já que os dois extremos expostos negam a ética, o autor finaliza o capítulo dizendo que a preocupação da ética é “com as formas humanas de resolver as contradições entre necessidade e possibilidade, entre tempo e eternidade, entre o individual e o social, entre o econômico e o moral, entre o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural e entre a inteligência e a vontade [...] o homem não é o que apenas é, pois ele precisa tornar-se um homem, realizando em sua vida a síntese das contradições que o constituem inicialmente” (p. 56). 
O capítulo seguinte retoma mais uma vez a ética grega, cristã, medieval, etc., e alega que, por mais que os enfoques filosóficos e condições históricas variem, algumas noções ainda são consistentes na ética como a distinção entre bem e mal, por exemplo. Agir eticamente é agir de acordo com o bem e cabe ao homem distinguir e escolher qual caminho seguir. 
O último capítulo aborda a ética atual e três pontos problemáticos da eticidade são destacados: família, sociedade civil e Estado. Ao falar da família, o autor levanta questões a respeito do amor, da fidelidade, das relações hétero e homossexuais e feminismo, dizendo que formulações éticas adequadas ainda não foram encontradas para esses casos. Em relação à sociedade civil, o texto critica o trabalho e a propriedade que, no país em que vivemos, poucos tem acesso. Já quanto ao Estado, “a liberdade do indivíduo só se completa como liberdade do cidadão de um Estado livre e de direito” (p. 54). 
Após a leitura do livro, conclui-se que ética é, então, um padrão de certo e errado determinado por uma sociedade em um determinado tempo que, através de normas nos dizem como agir. Tendo essa noção de bem e mal e a possibilidade de escolher qual caminho seguir é que o homem irá tomar sua posição. O que ocorre é que para distinguir as coisas e tomar uma posição, é necessário ser um sujeito pensante, consciente e crítico, no entanto, com a massificação dos meios de comunicação (a televisão principalmente) a mídia domina e direciona o povo para o caminho que deseja. Essa dominação da mídia sobre nós se dá, muitas vezes, com apoio do governo, que precisa de uma população sem consciência ética para que os governantes possam continuar com seu comportamento antiético. Outro fator que contribui para essa dominação é o sistema capitalista e a propriedade privada que, no Brasil, poucos tem acesso. E é essa dominação que nos torna inertes perante as circunstâncias e sem a subjetividade necessária exigida pela moral, ou seja, nos tornamos amorais. 
As duas citações a seguir do autor expõem essas ideias: 
“Os meios de comunicação de massa, as ideologias, os aparatos econômicos e do Estado, já não permitem mais a existência de sujeitos livres, de cidadãos conscientes e participantes, de consciências com capacidade julgadora” (p. 47). 
“Para que o homem seja livre, ele precisa do seu espaço interior, de sua casa, de seu salão, de sua praça, de sua terra” (p. 77).

Outros materiais