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11. Coletânea Filosofia Rede Juris

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Exame de Ordem 
Filosofia do Direito 
Prof. Adilson Brandão 
 
 
 
 
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1 
 
 
 
 
Exame de Ordem 
Filosofia do Direito 
Prof. Adilson Brandão 
 
 
 
 
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2 
 
Sumário 
 FILOSOFIA DO DIREITO ........................................................................................................................................... 4 
História da Filosofia Ocidental ................................................................................................................ 5 
Sócrates ................................................................................................................................................... 8 
Platão ...................................................................................................................................................... 8 
Os governantes................................................................................................................................ 9 
Aristóteles ............................................................................................................................................. 10 
Constituição e formas de governo ........................................................................................................ 10 
Os Desvios da Política ............................................................................................................................ 11 
Oligarquia e Democracia ....................................................................................................................... 12 
As classes sociais “Corpo” e “Alma” ..................................................................................................... 12 
O regime ideal ....................................................................................................................................... 13 
Filosofia Medieval ................................................................................................................................. 14 
Iluminismo ............................................................................................................................................. 16 
Jusnaturalismo ...................................................................................................................................... 21 
Jusnaturalismo e a edificação do conceito de “Estado de Direito” .............................................. 21 
O Juspositivismo .................................................................................................................................... 23 
A Teoria Pura do Direito ................................................................................................................ 25 
Distinção entre Direito Natural e Direito Positivo ................................................................................ 27 
Critérios de distinção entre direito natural e direito positivo .............................................................. 27 
Legalidade e legitimidade ..................................................................................................................... 28 
O conceito de legalidade ............................................................................................................... 28 
Legitimidade .................................................................................................................................. 29 
 ÉTICA, MORAL E DIREITO...................................................................................................................................... 31 
ÉTICA: .................................................................................................................................................... 31 
MORAL................................................................................................................................................... 33 
DIREITO.................................................................................................................................................. 33 
TEORIA DOS CÍRCULOS E DO MÍNIMO ÉTICO........................................................................................ 35 
 HERMENÊUTICA ................................................................................................................................................... 36 
Compreendendo a mim e aos outros .................................................................................................... 37 
Validade da interpretação ..................................................................................................................... 37 
 UTILITARISMO ...................................................................................................................................................... 40 
Perspectiva moral e política .................................................................................................................. 41 
Características gerais ..................................................................................................................... 41 
 
Exame de Ordem 
Filosofia do Direito 
Prof. Adilson Brandão 
 
 
 
 
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3 
 
Princípios fundamentais ................................................................................................................ 42 
Influência do utilitarismo no direito penal .................................................................................... 43 
Consequências............................................................................................................................... 43 
 
 
 
 
Exame de Ordem 
Filosofia do Direito 
Prof. Adilson Brandão 
 
 
 
 
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4 
 
 FILOSOFIA DO DIREITO 
A Filosofia visa contribuir com a formação holística do jurista; busca oferecer um 
instrumental capaz de viabilizar uma melhor compreensão do universo jurídico e 
objetiva, enfim, instigar o jurista a pensar o Direito para além dos limites da ciência 
jurídica e do Direito Positivo. 
 
A Filosofia do Direito figura como disciplina do eixo fundamental na formação do 
profissional do Direito, ou seja, está inserida entre os conhecimentos que constituem a 
base sobre a qual o jurista irá construir seu edifício jurídico. 
 
De uma forma geral os profissionais das várias carreiras jurídicas, bem como os 
acadêmicos de Direito, pouco se interessam pelas lições da Filosofia do Direito e a 
tratam como um peso ou obstáculo que precisa ser superado, já que é conteúdo 
obrigatório no currículo do curso. 
 
Contudo, por detrás dessa visão predominante, há realidades que podem ser exploradas 
a fim de trazerem ao acadêmico ou ao profissional do Direito, grandes contribuições 
para uma leitura mais completa do universo jurídico. Aqueles que conseguem 
ultrapassar as primeiras barreiras da racionalidade imediatista, experimentam grandes 
ganhos ao filosofarem sobre o Direito e percebem a importância que essa atitude tem. 
 
Tanto autores, ao escreverem suas obras, como docentes, ao elaborarem seus planos de 
ensino de Filosofia do Direito, utilizam estratégias variadas e almejam objetivos 
diferenciados. No entanto, independente dessa diversidade, algumas semelhanças 
podem ser detectadas quando se pretende diagnosticar a importância da Filosofia no 
conjunto da formação do profissional do Direito. Essas semelhanças aparecem nas 
apresentações ou introduções das obras dedicadas a esse conteúdo. 
 
Em 2008 foi sancionada a lei 11.684/08 que estabelece a presença da Filosofia em todas 
as séries do Ensino Médio de Escolas Públicas e Particulares de todo o país; há 
Universidades Públicas e Particulares cobrando conteúdos de Filosofia em suas seleções; 
o ENEM (Exame Nacionaldo Ensino Médio), espera que o candidato domine vários 
conteúdos de Filosofia ou que estão a ela vinculados de forma interdisciplinar ou 
transdisciplinar; há uma tendência, em fazer com que as provas sejam mais reflexivas e 
menos técnicas; o que impõe a necessidade de se ter uma compreensão que integre 
conhecimentos de várias áreas, e há consenso em dizer que a filosofia tem uma missão 
especial nesse sentido. 
O Direito não fica de fora dessas tendências. Ele, por sua própria natureza, é amplo e 
 
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interdisciplinar. O jurista não pode prescindir de absorver uma formação que congregue 
conhecimentos vindos de várias áreas, afinal, o Direito é universal e interfere, direta ou 
indiretamente, em todas as situações. 
 
História da Filosofia Ocidental 
A Filosofia nasce com o desejo de encontrar respostas capazes de satisfazer uma 
curiosidade humana alimentada por uma Razão inquieta. As respostas até então 
existentes estavam fundamentadas nas fábulas, na religiosidade e mitos e, portanto 
revestidas de mistérios, forças sobrenaturais e fé; não suportavam questionamentos e 
usavam o aparato cultural para terem sentido. Ao buscar superar essa metodologia, a 
Filosofia enfrenta os desafios de desbravar novos caminhos; de enfrentar as tradições e 
chocar com as verdades já prontas e acabadas. 
 
Essas verdades eram apregoadas prioritariamente através dos mitos que eram 
transmitidos oralmente de geração para geração. O Mito é uma narrativa lendária, 
pertencente à tradição cultural de um povo, que explica através do apelo ao 
sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da 
natureza e a origem e os valores básicos do próprio povo. 
 
Em outras palavras, Mito é uma história que surge no seio da cultura de um povo e que 
tem a finalidade de explicar as diversas dúvidas existentes, bem como organizar a vida 
social e possibilitar a perpetuação desse povo. 
 
Os Mitos não se preocupavam com uma explicação que pudesse ser racionalizada. Ao 
contrário, os Mitos se constituíam como verdades acríticas que transmitidas de geração 
para geração, oralmente. 
 
Com o aparecimento da escrita, o uso cada vez mais intenso da moeda, o aumento das 
relações comerciais nas cidades-estados portuárias gregas, o germe da democracia 
vivenciado através dos debates nas praças públicas, entre outros fatores, os Mitos 
começam a se enfraquecer e, aos poucos, surge a possibilidade e a necessidade da 
Filosofia. 
 
A Filosofia nasce na Grécia antiga, aproximadamente no século final do século VII - início 
do século VI a. C. e o primeiro filósofo de que se tem notícia é Tales de Mileto. “Todas as 
coisas são feitas de água (umidade), teria dito Tales de Mileto; E assim começam a 
Filosofia e a Ciência” (RUSSELL, 2001. p. 21). Demócrito de Abdera (o Átomo); Heráclito 
(o Logos fogo); Parmênides eo Ser (só o ser é, o não ser não é)… Tales e seus 
 
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contemporâneos praticaram uma Filosofia voltada para a compreensão dos fenômenos 
naturais (Filosofia pré-socrática). Buscaram explicar os fenômenos naturais, que até 
então eram explicados através dos mitos (forma sobrenatural). 
 
Os Filósofos da Natureza ou cosmológicos usam uma metodologia de cunho 
predominantemente racional, utilizando elementos da natureza como arché. 
Essa busca pela compreensão do que acontece no mundo natural sem se valer de 
explicações, que extrapolem este mesmo mundo, é a mais importante marca dos 
primeiros filósofos. Esse desejo de compreender o mundo natural levou os primeiros 
filósofos a investigarem acerca de algum elemento que desse sustentabilidade à ordem 
presente no mundo. Assim nasceu a busca pela arché, um elemento primordial que seria 
a causa de toda realidade. Um elemento que tivesse presente em tudo, que tivesse 
gerado tudo e que não tivesse sido gerado por nada. Esse princípio de tudo é 
insistentemente procurado pelos primeiros filósofos. Segundo Reale (1990a, p. 30), 
arché pode ser entendido como “a) a fonte e origem de todas as coisas; b) o termo 
último de todas as coisas; c) o sustentáculo permanente que mantém todas as coisas (a 
‘substância’, poderíamos dizer, usando um termo posterior). Em suma, o “princípio” 
pode ser definido como aquilo do qual provêm, aquilo no qual se concluem e aquilo pelo 
qual existem e subsistem todas as coisas”. 
 
Evidentemente a busca por um elemento primordial se faz dentro de um contexto que 
leva em conta outros pressupostos, tais como o compromisso com o logos (razão 
informadora do discurso racional); a convicção de que a ordem presente no cosmos era 
acessível à racionalidade humana. Levando-se em conta esses e outros fatores, a 
humanidade, representada pelos gregos, abre uma nova forma de compreender e 
interpretar a vida, a sociedade e o mundo. Surge, assim, o que posteriormente será 
chamado de Filosofia (amante da sabedoria). 
 
Depois dessa fase introdutória da Filosofia, surge no cenário grego a emblemática figura 
de Sócrates que inaugura um período novo chamado de Período Clássico. Nesse período 
aparecem as figuras de Sócrates em permanente oposição aos Sofistas; Platão, idealista, 
fundador de uma visão metafísica de realidade; e Aristóteles, valorizador do 
materialismo e da experiência (um rrealista). Para Russell (2001, p. 66), Sócrates, Platão 
e Aristóteles são as “três maiores figuras da Filosofia Grega”. 
 
A Filosofia Clássica debate amplamente sobre a questão ontológica, metafísica e 
gnosiológica. 
 
ONTOLOGIA: significa “estudo do ser” e consiste em uma parte da filosofia que estuda a 
 
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natureza do ser, a existência e a realidade. A palavra é formada através dos termos 
gregos ontos (ser) e logos (estudo, discurso). 
Ontologia jurídica: é uma expressão do âmbito do direito, que tem como objetivo 
entender e explicar a essência do Direito, as suas particularidades e como o Direito está 
relacionado com o ser humano. 
 
METAFÍSICA: A palavra metafísica é de origem grega onde Meta significa além e Physis 
significa: Natureza; Universo; Física. 
 
Metafísica é uma área do conhecimento que faz parte da Filosofia. Estuda os princípios 
da realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, 
etc). 
 
A metafísica busca também dar explicações sobre a essência dos seres e as razões de 
estarmos no mundo. Outro campo de análise da Metafísica são as relações e interações 
dos seres humanos com o Universo. 
 
O grego Aristóteles foi o filósofo que pensou e produziu mais conhecimentos sobre 
metafísica na antiguidade. Já na época Moderna, podemos destacar os estudos do 
matemático e filósofo frânces René Descartes. 
 
As principais questões levantadas e analisadas pela metafísica são: O que é real?; O que 
é liberdade?; O que é sobrenatural? O que fazemos no nosso planeta? Existe uma causa 
primária de todas as coisas? 
 
GNOSIOLOGIA (ou gnoseologia): é a parte da Filosofia que estuda o conhecimento 
humano. É formada a partir do termo grego “gnosis” que significa “conhecimento” e 
“logos” que significa “doutrina, teoria, verbo, razão, palavra, conceito”. 
Pode ser entendida como a teoria geral do conhecimento, na qual se reflete sobre a 
concordância do pensamento entre sujeito e objeto. Nesse contexto, objeto é qualquer 
coisa exterior ao espírito, uma ideia, um fenômeno, um conceito, etc., mas visto de 
forma consciente pelo sujeito. 
O objetivo da gnosiologia é refletir sobre a origem, essência e limites do conhecimento, 
do ato cognitivo (ação de conhecer). 
Epistemologia é também uma teoria do conhecimento mas distingue-seda gnosiologia 
por estar associada ao conhecimento científico (episteme) ou seja, às pesquisas 
científicas e todos os princípios, leis e hipóteses relacionadas. 
 
A Filosofia Clássica discute também sobre os valores que devem ser considerados para a 
 
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construção de uma sociedade justa e solidária. Nesse ponto, os filósofos se posicionam 
claramente sobre o conceito de justiça, o papel dos agentes detentores do poder político 
e até dão orientações sobre os princípios fundamentais da vida social. 
 
Sócrates 
Método Maiêutico 
 
Platão 
 Mundo sensível (dos sentidos). 
 Mundo das idéias (inteligível). 
O filósofo Platão (428-347 a.C.) foi um dos maiores críticos da democracia do seu 
tempo. Pelo menos daquela que era praticada em Atenas e que ele conheceu de perto. 
O fator decisivo da aversão dele à democracia deveu-se ao julgamento e condenação a 
que foi submetido no areópago o seu velho mestre, o sábio Sócrates. Como é sabido, foi 
injustamente acusado de impiedade (desprezo pela tradição) e de ter corrompido a 
juventude ateniense, educando-a na suspeição dos deuses da cidade. Caso célebre 
acontecido no ano de 399 a.C. e que culminou com Sócrates sendo obrigado a beber a 
cicuta (veneno oficial com que se executavam os condenados em Atenas). Esse crime 
jurídico que vitimou o amável ancião fez com que ele passasse a se dedicar, entre outras 
coisas, à busca de um regime político ideal, que evitasse para sempre a possibilidade de 
reproduzir-se uma injustiça como a que vitimou o velho sábio. 
 
 A Justiça 
O debate é no sentido de determinar como constituir uma sociedade justa. Como 
tal não existe na realidade, os participantes se dispõe então a imaginá-la, bem como 
determinar sua organização, governo e a qualidade dos seus governantes. Para Platão, a 
educação (paidéia) seria o ponto de partida e principal instrumento de seleção e 
avaliação das aptidões de cada um. Sendo a alma humana (psikê) um composto de três 
partes: 
 o apetite, 
 a coragem e 
 a razão. 
Todos nascem com essa combinação, só que uma delas predomina sobre as demais: 
 Se alguém deixa envolver-se apenas pelas impressões geradas pelas sensações 
motivadas pelo apetite, termina pertencendo às classes inferiores; 
 
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 por outro lado, se manifesta um espírito corajoso e resoluto, seguramente irá fazer 
parte da classe dos guardiões, dos soldados, responsáveis pela segurança da 
coletividade e pelas guerras; 
 finalmente, se o indivíduo deixa-se guiar pela sabedoria e pela razão é obvio que 
apresenta as melhores condições para integrar-se nos setores dirigentes dessa 
almejada sociedade. 
 
A alma e as classes 
Partes da Alma Virtude Classes sociais 
Concupiscível - Apetitiva Temperança Trabalhadores 
Sensitiva – Irascível Coragem Guardiões 
Racional – Logística Prudência Governantes 
 
A justiça é feita 
Desta forma, com cada indivíduo ocupando o espaço que lhe é devido, a justiça está 
feita. A Justiça (dikê) é aqui entendida não como uma distribuição equânime da 
igualdade, como modernamente se entende, mas como a necessidade de que cada um 
reconheça o seu lugar na sociedade segundo a natureza das coisas e não tente ocupar o 
espaço que pertence a outro. Concepção que lembra muito a teoria cósmica de 
Aristóteles, exposta na Física, segundo a qual os corpos mais densos ocupam os lugares 
centrais enquanto que os mais leves flutuam ao seu redor. 
 
Platão, neste seu entendimento da justiça, manifesta um espírito eminentemente 
conservador ao pretender que cada classe social se conforme com a situação que ocupa 
na pólis e não tente alterá-la ou subvertê-la. Fazendo-se uma leitura moderna dessas 
conclusões, os trabalhadores jamais poderiam reivindicar o poder político pois esse deve 
pertencer exclusivamente aos mais instruídos e mais sábios. Como se vê, o filósofo não 
pretende abolir as classes sociais, como muitos dos seus intérpretes afirmavam. Bem ao 
contrário. A intenção dele foi reformar o sistema de classes estabelecido pelas diferenças 
de renda e patrimônio (ricos, pobres e remediados), comuns na maioria das épocas 
históricas, substituindo-o por um outro baseado nas atribuições naturais com que cada 
um é dotado (razão, coragem, apetite). 
 
Os governantes 
Um dos aspectos mais conhecidos e polêmicos da filosofia de Platão é o que trata dos 
governantes (arcontes), pois para ele a sociedade ideal deveria ser governada pelos 
 
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filósofos, ou pelo filósofo-rei, porque somente o homem sábio tem a inteira idéia do 
bem, do belo e da justiça. Consequentemente, ele terá menos inclinação para cometer 
injustiças ou de praticar o mal, impedindo os governados de se rebelarem contra a 
ordem social. 
 
Aristóteles 
Aristóteles escreveu sobre ética, metafísica, lógica, vários tratados políticos e etc. O 
sábio classificou a política como pertencente "às ciências práticas", aquelas que nos 
ajudam a agir visando a felicidade e o bem-estar dos homens e, portanto, merecedora de 
um estudo especial. Na Politéia (Política), ele expôs detalhadamente a diversidade dos 
regimes políticos da sua época. Entre os quais as suas impressões sobre a democracia. 
 
A política 
Aristóteles compôs dois grandes trabalhos sobre a política: 
 "Política" (Politéia) que provavelmente eram lições dadas no Liceu e registradas por 
seus alunos; e 
 a "Constituição de Atenas", que registra as várias formas e alterações constitucionais 
pelas quais Atenas passou por obra dos seus grandes legisladores, tais como Drácon, 
Sólon, Pisístrato, Clístenes e Péricles e que também pode ser lida como uma história 
política da cidade. 
 
Enquanto seu professor Platão inclinou-se preferencialmente por fazer desenhos de 
construções sociais imaginárias, utópicas, por projeções sobre qual o melhor futuro da 
humanidade, Aristóteles, seu aluno mais famoso, procurou tratar das coisas reais, da 
ética, da astronomia, do estudo das plantas, dos animais, dos sistemas políticos 
existentes na sua época. Atentou por classificá-los, definindo suas características mais 
proeminentes, separando-os em puros ou pervertidos. Desta forma, enquanto Platão 
inspirou revolucionários e doutrinários da sociedade perfeita, Aristóteles foi o mentor 
dos grandes juristas e dos pensadores políticos mais inclinados à ciência e ao realismo. 
 
Constituição e formas de governo 
Segundo o estagirita, governo e constituição significam a mesma coisa, sendo que o 
governo pode ser exercido de três maneiras diferentes; 
 por um só: a monárquia; 
 por poucos: a aristocracia; 
 por muitos: a politia ou timocracia. 
 
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Se tais governos têm como objetivo o bem comum, podemos dizer que são constituições 
retas, ou puras. Por outro lado, se os poderes forem exercidos para satisfazer o interesse 
privado de um só, de um grupo ou de apenas uma classe social, essa constituição está 
desvirtuada, depravou-se. 
 
Essas formas, no entanto, estão sujeitas a serem degradadas pelos interesses privados e 
pessoais dos homens, sofrendo alterações na sua essência. A tirania, a oligarquia e a 
democracia, por exemplo, são deformações da monarquia, da aristocracia e da politia, 
que terminam por beneficiar interesses particulares, o do tirano, do grupo que detém o 
poder e da grande massa (sem conhecimento), marginalizando o bem público. A 
polarização das forças na vida da cidade é estabelecida pelo conflitode interesses 
contrários: o dos pobres (pró-democráticos) e o dos ricos (a favor da oligarquia). A 
política como ciência 
 
Aristóteles utiliza-se do termo política para um assunto único: a ciência da felicidade 
humana. A felicidade consistiria numa certa maneira de viver, no meio que circunda o 
homem, nos costumes e nas instituições adotadas pela comunidade à qual pertence. 
 O objetivo da política é, primeiro, descobrir a maneira de viver que leva à felicidade 
humana, isto é, sua situação material, e, depois, a forma de governo e as 
instituições sociais capazes de a assegurarem; 
 as relações sociais e seus preceitos são tratados pela ética, enquanto que a forma de 
governo se obtém pelo estudo das constituições das cidades-estados, matéria 
pertinente à política. 
Em todas as artes e ciências", disse ele, "o fim é um bem, e o maior 
dos bens e bem em mais alto grau se acha principalmente na 
ciência todo-poderosa; esta ciência é a política, e o bem em política 
é a justiça, ou seja, o interesse comum. 
 
Os Desvios da Política 
Aristóteles acreditava que os regimes políticos se comparavam com a regularidade dos 
ventos. Existe uma constância no soprar deles. Há porém desvios de toda ordem. Assim 
se dá com as formas políticas. Podemos imaginar que algumas delas que são 
permanentes outras desviantes. 
Formas puras / permanentes Formas pervertidas / desviantes 
Monarquia: 
governo de um só homem, de 
Tirania: 
governo de um só homem que ascende ao 
 
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caráter hereditário ou perpétuo, que 
visa o bem comum, como a 
obediência as leis e às tradições 
poder por meios ilegais, violentos e ilegítimos 
e que governa pela intimidação, manipulação 
ou pela aberta repressão, infringindo 
constantemente as leis e a tradição 
Aristocracia: 
governo dos melhores homens da 
república, selecionados pelo 
consenso dos seus cidadãos e que 
governa a cidade procurando o 
beneficio de toda a coletividade 
Oligarquia: 
governo de um grupo economicamente 
poderoso que rege os destinos da cidade, 
procurando favorecer a facção que se 
encontra no poder em detrimento dos 
demais 
Politia: 
governo do povo, da maioria, que 
exerce o respeito às leis e que 
beneficia todos os cidadãos 
indistintamente, sem fazer nenhum 
tipo de discriminação. 
Democracia: 
governo do povo, da maioria, que exerce o 
poder favorecendo preferencialmente os 
pobres, causando sistemático 
constrangimento aos ricos. 
 
Oligarquia e Democracia 
Aristóteles se opõe a oligarquia (o governo dos ricos) e à democracia (o governo dos 
homens livres), como os desviantes mais eloquentes da soberania das massas. Tanto um 
como outro são legitimados pelas maioria, havendo porém uma distinção fundamental: 
 na oligarquia é um grupo reduzido de ricos que exerce diretamente o poder; 
 enquanto na democracia são os homens livres quem a controlam. O filósofo não vê a 
democracia como um valor universal. Existem povos, digamos, vocacionados a um ou 
outro tipo de regime, da mesma maneira que os seres humanos podem ser inclinados 
a conduzirem-se como "escravos por natureza". 
Porém não basta dizer que a democracia é o regime dos homens livres, mas sim que 
é o regime onde os homens livres são a maioria, definindo-se uma oligarquia quando os 
ricos e bem nascidos, que são sempre uns poucos, governam a cidade. 
 
As classes sociais “Corpo” e “Alma” 
O sistema de classes, segundo Aristóteles, decorre da duplicidade da organização 
social que estrutura-se bem de acordo com a configuração do próprio homem, separado 
entre o corpo e a alma: 
 
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 Para atender as necessidades do corpo da cidade, suas necessidades materiais, 
existem os agricultores, os comerciantes e atacadistas, os artífices e demais 
trabalhadores braçais, entregues ao labor diário para prover os habitantes da polis; 
 num lado superior, estão os que formam a alma da cidade, aqueles que a dirigem e 
que a protegem: os guerreiros, os magistrados, os funcionários, os administradores e 
governantes, os "homens de qualidades". 
 
O regime ideal 
Para obter uma sociedade estável, ele considera que o regime mais adequado é o misto, 
que equilibre a força dos ricos com o número dos pobres. Para ele a sociedade ideal seria 
aquela baseada na mediania, que, ao mesmo tempo em que, a presença de uma 
poderosa classe média, atenua os conflitos entre ricos e pobres, dando estabilidade à 
organização social. Esse governo, ele definia como timocracia (timé = honra), onde o 
poder político seria exercido pelos cidadãos proprietários de algum patrimônio (que não 
dependeriam do Estado) e que governariam para o bem comum. Em outros momentos 
este regime é chamado de politia (governo da maioria, mas regido por homens 
selecionados segundo o seu conhecimento e sua renda), que ele classifica entre as 
constituições retas. 
 
Dos seguidores do pensamento socrático, podemos extrair duas tendências oriundas do 
próprio Sócrates: a metafísica e as difíceis preocupações com o ser (Platão) e a postura 
de um filósofo que ensina doutrinas (Aristóteles). 
 
Platão se destaca como filósofo de perspectiva idealista. Para ele, a compreensão 
Racional da Ideia é o caminho que leva ao conhecimento da realidade, da verdade; 
Aristóteles, por sua vez, valoriza o conhecimento de natureza sensível, material, um 
realista. Pode-se dizer que esses dois filósofos estabeleceram as bases sobres as quais a 
Filosofia Ocidental construiu todo seu edifício teórico. 
 
Os gregos lançaram as bases (fundamentos) de um Estado democrático, baseados em 
três pilares: a) isonomia, b) isotimia e c) isagoria. 
a) Igualdade de todos perante a Lei. 
b) Igualdade de acesso as funções públicas. 
c) Igualdade para falar nas assembléias (liberdade de expressão). 
 
É fundamental nesse sentido o pensamento de Sócrates baseado na Ética, na 
Educação, na Virtude (sinônimo de agir com base no conhecimento; oposto ao vício) e 
 
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na Obediência as leis. 
 
“Conhece-te a ti mesmo”. (Escrito nos umbrais do templo de Delfos) 
 
Filosofia Medieval 
Encerrado o período áureo da Filosofia Grega, o grande movimento filosófico que o 
sucede é a chamada Filosofia Medieval de caráter cristão. Os medievais, imersos na 
atmosfera cristã e envolvidos nos novos cenários de organização sócio-política-
econômica vigentes, se ocuparam predominantemente dos temas cristãos. Não há 
dúvida das riquezas dessa época, mas a diversidade temática não foi marcante. Russell 
(2001, p. 170) não faz rodeios para dizer que “a filosofia se converteu num ramo do 
saber destinado a justificar o domínio do cristianismo [...]”. 
 
A característica mais marcante da Filosofia Medieval foi, em função da força da 
instituição religiosa cristã, o teocentrismo. Pode-se dizer que o filósofo medieval pratica 
uma reflexão filosófica que parte de Deus, passa por Deus e de algum modo chega a 
Deus. 
 
“A filosofia que se produziu durante toda a Idade Média está intimamente ligada, em 
suas origens à expansão do cristianismo. Os maiores representantes do pensamento 
medieval foram cristãos fervorosos [...] que procuraram conciliar os métodos filosóficos 
dos gregos aos ensinamentos da fé cristã, para refletir sobre o mundo e o ser humano 
dentro de uma perspectiva teocêntrica (CHALITA, 2005, p. 99)”. 
 
Dois grandes movimentos marcaram a Filosofia Medieval: a Patrística e a Escolástica. A 
Patrística pode ser ilustrada pela figura de Santo Agostinho “que sistematizou todo o 
pensamento católico que vinha sendoconstruído” (INCONTRI e BIGHETO, 2008, p. 375). 
 
Na Filosofia Patrística se destaca a defesa da doutrina cristã, nas palavras de Japiassú e 
Marcondes (1996, p. 208) pode-se ler: “A Patrística surge quando o cristianismo se 
difunde e se consolida como religião de importância social e política, e a Igreja se firma 
como instituição, formando-se então a base filosófica da doutrina cristã, especialmente 
na medida em que esta se opõe ao paganismo e às heresias que ameaçam sua própria 
unidade interna. Predominam assim os textos apologéticos em defesa do cristianismo”. 
 
A Escolástica “caracteriza-se principalmente pela tentativa de conciliar os dogmas da fé 
cristã e as verdades reveladas nas Sagradas Escrituras com as doutrinas filosóficas 
clássicas” (JAPIASSÚ e MARCONDES, 1996, p. 87). O principal representante da 
 
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Escolástica é Santo Tomás de Aquino. 
 
É comum se dizer que Santo Agostinho cristianizou o pensamento de Platão, enquanto 
Santo Tomás de Aquino cuidou de fazer o mesmo com Aristóteles. Vale registrar os 
dizeres de Rezende (2002, p. 96) quando aborda essa relação dos pensadores medievais 
com os gregos clássicos: “Enquanto Platão foi o filósofo que mais diretamente influiu no 
pensamento de Santo Agostinho, a presença marcante da filosofia de Aristóteles é o que 
caracteriza o pensamento de Santo Tomás. O mesmo trabalho realizado por Santo 
Agostinho ao cristianizar a filosofia platônica foi feito por Santo Tomás em relação à 
filosofia aristotélica”. 
Do ponto de vista histórico, a Idade Média durou em torno de um milênio, mas um 
conjunto de fatores levou ao enfraquecimento das estruturas constituídas e construídas 
ao longo de todo esse tempo e, a partir do século XIV, várias transformações levaram ao 
fim do império medieval e possibilitaram o surgimento de novas concepções de mundo e 
de homem. 
 
No lugar do teocentrismo, característica marcante do pensamento medieval, surge uma 
forte supervalorização do homem, que passa a ocupar o centro das atenções. E esse 
homem é portador de uma Razão confiável o bastante para poder descartar toda e 
qualquer realidade que não se harmonizava com as ideias e com os valores encampados 
por essa Razão. 
 
Para Lamanna, [s. d.] citado por Mondim (1982b, p. 8) pode-se dizer que a Modernidade 
que nascia com o final do pensamento medieval: “O mundo moderno caracteriza-se 
justamente pela autonomia e supremacia da evidência racional na procura da verdade; 
consciência do valor absoluto da pessoa humana e afirmação do seu poder soberano 
sobre o mundo”. 
 
Entre outras, podem ser citadas duas temáticas marcantes da Filosofia Moderna: a busca 
de compreensão da origem social do homem e a consequente lógica que poderia 
legitimar o exercício do poder político – tema trabalhado pelos contratualistas; e o 
problema do conhecimento. De que forma pode o homem chegar ao conhecimento da 
verdade: através da Razão ou da Experiência? Esse tema é trabalhado por racionalistas e 
empiristas, conforme se lê no texto abaixo: “Há, inicialmente na Filosofia, duas vertentes 
sobre a questão do conhecimento: o racionalismo e o empirismo. O Racionalismo e o 
Empirismo expressam em comum a preocupação fundamental face aos problemas do 
conhecimento, ponto de referência básico da Filosofia Moderna (MEIRO, 2011, p. 01)”. 
 
Todos os esforços Modernos encontram seu ápice no Iluminismo (Século das luzes) que 
 
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inspirou os ideais da Revolução Francesa, que serve como referência para a 
compreensão de vários dos elementos presentes nas organizações sociopolíticas atuais. 
 
 
Iluminismo 
O Iluminismo ou século das luzes, foi um movimento que se estendeu dos últimos 
decênios do século XVII aos últimos decênios do século XVIII. Este movimento foi fator 
determinante para a ascensão da burguesia e o processo de “transformação” da 
sociedade, onde, com o comércio, modificaram-se as relações econômicas entre os 
homens que, de rural, passa a ser mercantil e promove a ascensão de uma nova classe 
social, a burguesia comercial. Este movimento intelectual também traduzido como 
Ilustração, ou ainda Esclarecimento, esteve na base dos ideais revolucionários 
preconizados pela burguesia e retrata a busca por se fazer uso da própria razão sem a 
tutela do dogma religioso, ou de qualquer outro tipo. Os princípios iluministas apoiaram 
a derrubada do antigo regime que tinha no sistema feudal de produção, na monarquia 
absolutista, na autoridade da Igreja e no dogma religioso seu ponto de apoio. Liberdade, 
Igualdade, Justiça para todos, enfim, os ideais democráticos e de pesquisas científicas 
passaram a ser lemas dos dias. 
 
O Iluminismo promove a defesa da ciência e da racionalidade crítica contra a fé, a 
superstição e o dogma religioso; defesa das liberdades individuais e dos direitos do 
cidadão contra o autoritarismo e o abuso do poder, e tem Kant como seu principal 
representante. 
 
Segundo análise de Lucien Goldman, os valores fundamentais defendidos pelo 
Iluminismo podem ser relacionados com a principal atividade econômica da burguesia, 
representada pelo comércio. São eles: 
1) Igualdade Jurídica – No ato de comércio, como, por exemplo, a compra e venda, 
todas as eventuais desigualdades sociais entre compradores e vendedores não são 
essenciais. Na compra e venda, o que efetivamente importa é a igualdade jurídica 
dos participantes do ato comercial. Assim, o Iluminismo defendia a igualdade jurídica 
de todos perante a lei. Todos seriam cidadãos com direitos básicos, embora com 
diferentes situações socioeconômicas. 
2) Tolerância religiosa ou filosófica – Para a realização do ato comercial, não tem a 
menor importância às convicções religiosas ou filosóficas das pessoas. Do ponto de 
vista econômico, seria irracional, absurdo, o processo de compra e venda somente 
entre pessoas da mesma religião ou filosofia. Seja muçulmano, judeu, cristão ou ateu, 
 
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a capacidade econômica de um indivíduo não depende de suas crenças religiosas ou 
filosóficas. Por isso, a burguesia assumiu a defesa da tolerância. 
3) Liberdade pessoal e social – O comércio só pode se desenvolver numa sociedade 
onde as pessoas estejam livres para realizar seus negócios. A burguesia, então, 
posicionou-se contra a escravidão da pessoa humana. Pois sem homens livres, 
recebendo salários, não pode haver mercado comercial. 
4) Propriedade privada – O comércio também só é possível entre pessoas que 
detenham a propriedade de bens ou de capitais, pois a propriedade privada confere 
ao proprietário o direito de usar e dispor livremente do que lhe pertence. Assim, a 
burguesia passou a defender o direito à propriedade privada, que se tornou essencial 
à sociedade capitalista. 
Lucien Goldmann, La Ilustración y la sociedad actual (Cotrim, 1996: 171). 
 
Os pensadores iluministas foram, sem dúvida, “ideólogos da burguesia”. Vejamos alguns 
dos principais expoentes desse período: 
5) Montesquieu (1689-1755) – Jurista francês que escreveu O espírito das leis. Nessa 
obra, defende a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e 
Judiciário como forma de evitar abusos dos governantes e de proteger as liberdades 
individuais. Dizia que a “lei é uma relação necessária que decorre da natureza das 
coisas”. 
6) Voltaire (1694-1778) – Um dos mais famosos pensadores do Iluminismo, com seu 
estilo literário irônico e vibrante destacou-se pelas críticas que fazia ao clero católico, 
à intolerância religiosa e à prepotência dos poderosos. / Em termos políticos, não era 
propriamente um democrata, masdefensor de uma monarquia respeitadora das 
liberdades individuais, governada por um soberano esclarecido. / Tornou-se 
marcante sua posição em defesa da liberdade de pensamento, através de sua célebre 
frase: Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei 
até a morte o direito de você dizê-las. 
7) Diderot (1713-1784) e D’Alembert (1717-1783) – Foram os principais organizadores 
de uma enciclopédia de 33 volumes, que pretendia resumir os principais 
conhecimentos da época nos campos científico e filosófico. Essa obra contou com a 
colaboração de numerosos autores, entre os quais destacam-se Buffon, 
Montesquieu, Turgot, Condorcet, Voltaire, Holbach e Rousseau. / A Enciclopédia 
exerceu grande influência sobre o pensamento político burguês, defendendo, em 
linhas gerais, o racionalismo, a independência do Estado em relação à Igreja e a 
confiança no progresso humano através das realizações científicas e tecnológicas. 
8) Rousseau (1712-1778) – Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, na Suíça, 
transferindo-se para a França em 1742, onde escreveu suas grandes obras. Entre elas 
podemos destacar Do contrato social, na qual expõe a tese de que o soberano deve 
 
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conduzir o Estado segundo a vontade geral de seu povo, sempre tendo em vista o 
atendimento do bem comum. Somente esse Estado, de bases democráticas, teria 
condições de oferecer a todos os cidadãos um regime de igualdade jurídica. / Em 
outra de suas importantes obras, o Discurso sobre a origem da desigualdade entre os 
homens, Rousseau glorifica os valores da vida natural e ataca a corrupção, a avareza 
e os vícios da sociedade civilizada. Faz inúmeros elogios à liberdade de que 
desfrutava o selvagem, na pureza do seu estado natural, contrapondo-o à falsidade e 
ao artificialismo do homem civilizado. Foi dessas idéias que nasceu o mito do “bom 
selvagem”. / Rousseau tornou-se célebre como defensor da pequena burguesia e 
inspirador dos ideais que estariam presentes na Revolução Francesa. 
9) Adam Smith (1723-1790) – Foi o principal representante do liberalismo econômico e 
autor do Ensaio sobre a riqueza das nações. Criticou a política mercantilista, baseada 
na intervenção do Estado na vida econômica. Para ele, a economia deveria ser 
dirigida pelo jogo livre da oferta e da procura de mercado (laissez-faire). / Segundo 
Adam Smith, o trabalho em geral representa a verdadeira fonte de riqueza para as 
nações, devendo ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares. E, por fim, 
10) Kant – Para abordarmos a questão do Iluminismo, optamos por um texto de 
Immanuel Kant. Kant nasceu em Königsberg (na Prússia oriental – cidade da qual 
jamais se ausentara) em 22 de abril de 1724, de família pobre, pertencente à seita 
protestante dos pietistas, da qual recebeu profunda educação religiosa. Cursou a 
universidade de sua cidade natal, dedicando-se especialmente à filosofia e às ciências 
naturais. Criou um edifício filosófico no qual encontram lugar, como componentes 
essenciais, elementos comuns derivados do clima espiritual da época: o racionalismo, 
o empirismo e o iluminismo. Morreu em 12 de fevereiro de 1804. 
 
Kant foi um dos maiores pensadores de todos os tempos. A genialidade e a novidade de 
seu pensamento consistem, dentre outros fatores, no reconhecimento da importância 
da razão prática e das faculdades instintivas, re-valorizadas assim depois do iluminismo, 
e ainda na tentativa de constituir uma doutrina moral, baseando-a não em fatores 
extrínsecos, mas exclusivamente no valor absoluto da lei interior. 
 
Resposta à Pergunta: Que é Esclarecimento (Aufklärung)? 
Immanuel KANT 
 
Esclarecimento [<Aufklärung>] é à saída do homem de sua menoridade, da qual ele 
próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento 
sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a 
causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem 
 
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de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer 
uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento [<Aufklärung>]. 
 
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, 
depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha (naturaliter 
maiorennes), continuem, no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São 
também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em 
tutores deles. É tão cômodo ser menor. Se tiver um livro que faz às vezes de meu 
entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por 
mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. 
 
Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se 
encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis. A imensa maioria da 
humanidade (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e 
além do mais perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu cargo a 
supervisão dela. Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado doméstico e 
preservado cuidadosamente este tranqüilas criaturas a fim de não ousarem dar um 
passo fora do carrinho para aprender a andar, no qual as encerraram, mostram-lhes em 
seguida o perigo que as ameaça se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo na verdade 
não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas 
quedas. Basta um exemplo deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em 
geral para não fazer outras tentativas no futuro. 
 
Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais 
inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso 
público de sua razão em todas as questões. Ouço, agora, porém, exclamar de todos os 
lados: não raciocineis! O oficial diz: não raciocineis, mas exercitai-vos! O financista diz: 
não raciocineis, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocineis, mas crede. Eis aqui, 
por toda a parte a limitação da liberdade (KANT, 2005. p. 65). 
 
[...] “Não, vivemos em uma época de esclarecimento”. Falta ainda muito para que os 
homens, nas condições atuais, tomados em conjunto, estejam já numa situação, ou 
possam ser colocados nela, na qual em matéria religiosa sejam capazes de fazer uso 
seguro e bom de seu próprio entendimento sem serem dirigidos por outrem. Somente 
temos claros indícios de que agora lhes foi aberto o campo no qual podem lançar-se 
livremente a trabalhar e tornarem progressivamente menores os obstáculos ao 
esclarecimento geral ou à saída deles, homens, de sua menoridade, da qual são 
culpados. Considerada sob este aspecto, esta época é a época do esclarecimento [...] 
(KANT, 2005. p 70). 
 
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Para haver esclarecimento deve se ter liberdade, mas a limitação da mesma está por 
toda parte. Em várias situações se pode questionar, mas não se pode desobedecer, um 
grande exemplo disso é o pagamento do imposto: pode-se questionar este pagamento, 
mas não se deve deixar de pagá-lo, pois acarretaria diversas consequências. 
 
Portanto, ser esclarecido é, antes de tudo, um compromisso moral com o 
aperfeiçoamento e bem-estar da sociedade, respeitando as hierarquias sociais 
existentes. No entanto, por medo, comodismo, oportunismo ou preguiça, poucos se 
tornam efetivamente esclarecidos, embora tenham condições intelectuais para tanto 
quando estão em uso privado da razão. 
 
Ter esclarecimento não é apenas adquirir um profundo conhecimentosobre um assunto, 
mas combinar isso com a conquista da autonomia, passo moral fundamental apenas 
dado por uma minoria. Nesse sentido, todos potencialmente podem esclarecer-se, já 
que possuem capacidade de pensar. 
 
Toda essa viagem pela História do Pensamento Ocidental revela que não é recente a 
preocupação do Homem com a arte de pensar. A Filosofia é o compromisso de pensar 
aquilo que o pensamento produz. A história está repleta de tentativas de compreender 
de forma mais profunda, completa e complexa as concepções que o homem tem de si 
mesmo, do mundo em que vive, da sociedade a que pertence, dos valores que deseja ver 
perpetuar. 
 
Na medida em que o Direito é uma realidade produzida pela razão humana, na medida 
em que ele é um ser cultural, ele também é objeto especialmente pensado pela Filosofia, 
o que leva à percepção de que pode e deve haver uma Filosofia do Direito. 
 
Pode-se dizer que uma das relações da Filosofia com o Direito passará pela tentativa de 
avaliar a atuação do Direito frente à sociedade a fim de contribuir para que ele, o Direito, 
busque os aprimoramentos possíveis e necessários ao alcance de sua primordial meta: 
organizar, de forma razoável, a sociedade administrando de modo equânime as 
divergências de interesses dos indivíduos que compõem a sociedade. 
 
Desde seu surgimento a filosofia prezou pela busca de soluções bem fundamentadas 
para as perguntas que incomodavam as pessoas; sempre tentou nutrir-se com a 
convicção de que as respostas encontradas deveriam ser tratadas como prováveis e não 
como absolutamente certas e acabadas. 
 
Em todas as épocas, sempre existiram pessoas e instituições que celebraram a mesmice 
 
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e fizeram o pacto da perpetuação das estruturas e verdades que receberam, e o fizeram 
sem se darem ao trabalho de questionar ou de perguntar acerca dos porquês das coisas. 
Essas posturas são, via de regra, anti-filosóficas porque fecham as portas que oxigenam o 
espírito. 
 
A História da Filosofia e a tentativa de conceituar Filosofia do Direito oferecem ao jurista 
e ao acadêmico de Direito a oportunidade de tratar o Direito de forma mais complexa e 
completa, afinal, uma área que mexe com todos os setores da vida humana não pode ser 
reduzida à mera técnica ou a um conhecimento restrito, periférico e superficial. 
 
Jusnaturalismo 
Para uma definição de direito natural, diz Bobbio: “o jusnaturalismo é aquela doutrina 
jurídica segundo a qual existe e pode ser conhecimento um direito natural, e este direito 
é anterior e superior ao direito positivo”. Anterior porque antecede a toda e qualquer 
forma de sociedade civil; superior porque sua fonte é a Natureza. 
 
Historicamente o direito natural estaria dividido como segue: 
 Cosmológico: Predominou em toda antigüidade clássica greco-romana ,calcada na 
natureza das coisas . Carregava uma ambigüidade sobre no que residia a natureza 
destas, no homem ou num todo cósmico .Esta seria a questão do mundo antigo. 
 Teológico: Para os teólogos da Igreja Romana não podia ser mais a natureza humana 
o princípio do jusnaturalismo, pois o homem não é puro. Adão já havia cometido o 
pecado, tornando tal natureza pecaminosa. A palavra central agora é Deus. O Direito 
Natural é a expressão da lei eterna, divina. Predominou por toda a Idade Média, com 
teóricos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. 
 Antropológico ou racional: Existente na Idade Moderna (séc.XVII) calcado no 
homem, na sua racionalidade e não mais em Deus. Isto não quer dizer que os outros 
momentos sucumbiram, pelo contrário. Mas a idéia do primeiro momento já não é 
mais tão usada. Este momento é muito utilizado ideologicamente pela burguesia. 
 
Jusnaturalismo e a edificação do conceito de “Estado de Direito” 
Como o próprio nome já afirma, estamos diante da idéia de um Direito (Jus) Natural. Tal 
corrente de pensamento está em estreita ligação com os ideais iluministas de libertação 
da razão no processo de conhecimento, bem como da autonomia jurídica e política 
frente ao sistema monárquico-ditatorial então prevalecente. A separação aqui 
promovida busca apenas recortar aspectos separados do movimento, para uma melhor 
compreensão das problemáticas jurídicas que devem aqui ser abordadas. 
 
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Historicamente o jusnaturalismo é um pensamento jurídico que antecede a própria 
ciência do direito. No pensamento grego antigo encontramos o jusnaturalismo presente 
nos escritos de Platão e Aristóteles. Contudo, a forma mais apurada de jusnaturalismo foi 
elaborada pelos estóicos, escola do período da decadência helênica. 
 
Para os estóicos o jusnaturalismo é uma doutrina que afirma a existência de uma lei 
natural, universal, imutável e imanente. Na concepção helênica, soberana é a natureza, 
ela é a existência funcional independente, isto é, funciona por si mesma. Para o grego a 
natureza possui leis perfeitas, por isso mesmo imutáveis, a estas o homem eticamente 
bom deve se submeter. 
 
Na idade média, a idéia estóica foi praticamente assumida. Contudo, Cícero acrescentou 
uma importante contribuição. Para Cícero quase tudo que os estóicos disseram era 
verdadeiro, exceto a idéia de que o direito natural fosse imanente, ele entendia que a lei 
natural era universal e imutável, porém ditada pela razão humana. Este último 
pensamento representa sua contribuição para o pensamento jusnaturalista dos teóricos 
contratualistas da Idade Moderna. 
 
Santo Agostinho e Lactâncio seguiram o pensamento expresso por Cícero e pelos 
estóicos, apenas acrescentaram a figura divina como criadora da natureza. O conceito de 
Deus criador é próprio do pensamento teológico judeu e dos pensamentos teológico e 
filosófico católico cristão. 
 
Ulpiano aparece na história do jusnaturalismo medieval e estende a idéia de que o 
jusnaturalismo é guiado pelo instinto e abrange todo ser animado. Estava criada a idéia 
de que o homem não é livre e que o saber o direito não é racional. Enfim estavam 
criadas todas as ferramentas para que, mais tarde, o jusnaturalismo fosse combatido 
pelo positivismo que o acusa de falta de lógica e de cientificidade. 
 
Finalmente Santo Tomás de Aquino, que conserva o cerne do pensamento de Cícero e 
afirma que embora o direito natural abranja todas as criaturas e represente a vontade de 
Deus, ele só pode ser conquistado pelo trabalho intelectivo do homem. A inteligência 
humana é a realização maior da graça de Deus exercitada pelo Homem. Para Santo 
Tomás a natureza humana não se relaciona com a natureza de Deus. O homem só pode 
conhecer Deus naquilo que ele se revelar, na medida da natureza humana. 
 
Estas idéias jusnaturalistas terão, ao final da Idade Média e início da Idade Moderna, 
muitos adeptos e têm papel histórico relevante para o surgimento do Estado de Direito e 
 
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os pressupostos filosóficos do Estado Liberal (Liberdade), bem como para a doutrina dos 
direitos do homem: direitos fundamentais à vida, à liberdade, à segurança, à felicidade, 
diferentemente do Estado absoluto, até então dominante. A escola jusnaturalista baseia-
se na hipotética concepção da existência de um Direito natural, que seria anterior e 
superior a todo e qualquer Direito Positivo. 
 
O Juspositivismo 
Em primeiro lugar, em uma acepção científica e filosófica oriunda do pensamento 
comteano, o termo tem suas raízes na escola empirista e foi cunhado a partir e contra os 
ideais iluministas tais como liberdade, igualdade, que promoveram a tomada do poder 
estatal pela burguesia na Revolução Francesa. Após suas conquistas,não interessava 
mais à burguesia promover a luta pela preservação desses valores e sim, conter as 
insurreições das massas e louvar o desenvolvimento científico e tecnológico que então 
se obteve. 
 
É na contestação ao racionalismo abstrato dos adeptos do liberalismo que surgem os 
defensores do positivismo, seduzidos pelo progresso contínuo, propondo que os fatos só 
são conhecidos pela experiência. Para estes somos simples espectadores dos fenômenos 
exteriores, independentes de nós, e não podemos modificar a ação destes sobre nós, 
senão submetendo-nos às leis que os regem. 
 
O Positivismo científico volta-se para o mundo real, eliminando as eternas investigações 
sobre o incognoscível. Para os positivistas é possível conhecer só os fenômenos e as suas 
relações, não a sua essência, as suas causas íntimas. Estas permanecem impenetráveis, 
desconhecidas, pois é impossível alcançar-se noções absolutas, por isso o positivista 
procura as leis das relações constantes entre os fenômenos. Positivo, então, significa o 
real frente ao quimérico, o útil frente ao inútil, a segurança frente à insegurança, o 
preciso frente ao vago, o relativo frente ao absoluto. 
 
Esta visão está em oposição direta às concepções do direito natural e do pacto social. 
Visa o estabelecimento da autoridade e da ordem pública contra os abusos do 
individualismo da Escola Liberal. Parte da perspectiva que as leis naturais e sociais são 
invariáveis. Em suma, o positivismo foi um movimento que surgiu a partir das conquistas 
da burguesia, com as Revoluções Francesa e Industrial, para enaltecer os ideais 
capitalistas, o processo de industrialização e os avanços científicos. Surge para consolidar 
os interesses da nova classe agora dominante, a burguesia. Enquanto movimento social 
surge para contrapor-se ao racionalismo iluminista e seus ideais igualitários, o que havia 
 
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sido útil somente em um primeiro momento, para a conquista de sua hegemonia. Agora 
no poder, tudo o que a burguesia quer, é manter a ordem e propiciar o progresso. 
 
Reflexo do positivismo científico do século XIX, o positivismo jurídico é movimento de 
pensamento antagônico a qualquer teoria naturalista, metafísica, sociológica, histórica, 
antropológica do Direito. Segundo sua metodologia, o que não pode ser provado 
racionalmente não pode ser conhecido, seu critério de verdade é a observação e a 
experimentação. Retira, assim, os fundamentos e as finalidades da norma jurídica, 
restringindo-a ao dado, ao instituído. 
 
No âmbito jurídico, falar em Direito Positivo é o mesmo que falar em Direito escrito, 
aprovado, legalizado e sancionado pelo poder dirigente (mesmo que pressupondo o 
interesse geral) com vias a fazer prevalecer à ordem e a Justiça (ainda que para poucos) 
dentro de uma unidade política e social particular. 
 
Tal acepção é amplamente defendida por Hans Kelsen, que, na Teoria Pura do Direito, 
procurou delinear uma Ciência do Direito desprovida de qualquer influência que lhe 
fosse externa, acreditando conferir-lhe maior cientificidade, expurgando de seu interior 
justiça, sociologia, origens históricas, ordens sociais determinadas etc. O positivismo 
jurídico é baseado no princípio da prevalência de uma determinada fonte do direito, no 
caso a lei, sobre todas as demais fontes. 
 
Tal concepção considera o Estado como única fonte do direito e determina a lei como a 
única expressão do poder normativo do Estado, dentro de uma perspectiva legalista-
estatal. A atitude do Jurista, segundo Kelsen, deve consistir num partir da norma jurídica 
dada, para chegar à própria norma jurídica dada, postura contrária à que procura 
questionar os valores que antecederam à elaboração da norma jurídica ou após esta 
elaboração. Para Kelsen a ciência jurídica não tem espaço para os juízos de justiça e 
axiológicos em geral, o que é tarefa da Ética, mas somente para os juízos de Direito. O 
que a Teoria Pura procura identificar como relevante para a pesquisa jurídica é o estudo 
da validade, a vigência e a eficácia da norma jurídica. 
 
O Direito positivo tem por base o ordenamento jurídico, e determina o direito como um 
fato e não como um valor. Ele nasce de um esforço onde se procura transformar o 
estudo do direito numa verdadeira e adequada ciência com as mesmas características 
das ciências físico-matemáticas, naturais e sociais. O Positivismo jurídico exclui da análise 
do Direito todo juízo de valor porque suscitaria dúvidas e divergências sobre a validade, 
justiça e legitimidade do ordenamento jurídico, enquanto juízos de fato têm apenas a 
 
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finalidade de informar, de comunicar a outro uma constatação. O positivista, segundo 
Norberto Bobbio, vê o Direito tal como ele é, e não como deveria ser. 
 
O positivismo jurídico é a redução do Direito à ordem estabelecida, já vertido em normas 
(da classe dominante), não reconhecendo como elemento jurídico outras normas (de 
classe ou grupos dominados). Trata-se de certa coerção social, na linguagem de 
Durkheim, para ajustar os indivíduos à ordem estabelecida. Segundo Kelsen o Estado é 
uma sociedade politicamente organizada porque é uma comunidade constituída por 
uma ordenação coercitiva que é o Direito. Para o positivismo jurídico o importante é a 
aplicação da lei formal, não levando em conta os motivos pessoais do indivíduo. 
Para Kelsen, cujo pensamento merece uma atenção à parte, o Direito é a técnica social 
específica de uma ordenação específica e, nesse sentido, o sistema do positivismo 
jurídico exclui a tentativa de deduzir da natureza ou da razão normas substanciais, que, 
estando para além do Direito positivo, possam servir-lhe de modelo. 
 
Críticas que suscita 
 Essa atitude contrapõe o positivismo jurídico ao jusnaturalismo, que sustenta que 
deve fazer parte do estudo do direito real também a sua valoração com base no 
direito ideal, tal como este deveria ser. 
 
O Direito positivo geralmente é apontado como o Direito Estatal, que, em última 
instância, é o Direito da e para a classe economicamente dominante (os ricos, que na 
visão marxista estão no comando não só do Estado, mas também das idéias que 
veiculam e justificam sua dominação, as ideologias), Direito que serviria apenas para 
legitimar os interesses e a manutenção do status quo. 
 
Hans Kelsen - principais teorias (1881 – 1973) 
Kelsen é considerado o maior jurista do século XX. A sua obra é gigantesca e de um rigor 
extraordinário. O seu livro mais conhecido e citado é “A Teoria Pura do Direito”. Ele 
considerava que a teoria do Direito deveria validar e ordenar a Lei por si mesma. Sendo 
“pura”, ela deveria ser logicamente auto-suficiente e não depender de valores 
extralegais. 
 
A Teoria Pura do Direito 
Em decorrência do forte movimento de positivação, verificado no século XX, acentuou-se 
um forte pendor ao fetichismo da lei, achando que esta seria capaz de resolver todos os 
litígios, constituindo um direito ideal para os seguidores desta corrente. 
 
 
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A Teoria Pura do Direito surge como uma tentativa do Mestre de Viena para resgatar o 
estado ou qualidade do puro, a limpidez, transparência, nitidez, a puridade e o 
casticismo do Direito, retirando-se tudo o quanto não fosse jurídico. Eliminando 
elementos sociológicos, filosóficos, psicológicos, econômicos e outros. Kelsen quis 
libertar a ciência jurídica de todos os aspectos estranhos, tentando evitar o sincretismo 
metodológico, que obscurece a ciência do Direito e compromete seus lindes. 
 
Em sua teoria, a Ciência do Direito se traduz em normas para que seusestudiosos 
possam dominar melhor e mais facilmente seu instrumental labor. A norma jurídica é o 
objeto da ciência do Direito e o formalismo é o princípio norteador da prática científica. 
É o verdadeiro império da norma, em seu valor objetivo e em suas últimas 
conseqüências. 
 
Todavia é uníssona, a concepção de que Hans Kelsen representa o expoente máximo do 
positivismo como esquadrinhamento de sua Teoria Pura do Direito. 
 
Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, 
não de uma ordem jurídica especial. É a teoria geral do Direito, não interpretação de 
particulares, normas jurídicas, nacionais ou internacionais. Contudo, fornece uma teoria 
da interpretação. Como teoria, quer única e exclusivamente conhecer o seu próprio 
objeto. Procura responder a esta questão: o que é e como é o Direito? Mas já não lhe 
importa a questão de saber como deve ser o Direito, ou como deve ele ser feito. 
 
É ciência jurídica não política do Direito. Quando a si própria se designa como "pura" 
teoria do Direito, isto significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas 
dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu 
objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto 
dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são 
estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. Isto parece-nos algo de per 
si evidente. Porém, um relance de olhos sobre a ciência jurídica tradicional, tal como se 
desenvolveu no decurso dos séc. XIX e XX, mostra claramente quão longe ela está de 
satisfazer à exigência da pureza. 
 
De um modo inteiramente acrítico, a jurisprudência tem-se confundido com a psicologia 
e a sociologia, com a ética e a teoria política. Esta confusão pode porventura explicar-se 
pelo fato de estas ciências se referirem a objetos que indubitavelmente têm uma 
estreita conexão com o Direito. Quando a Teoria Pura empreende delimitar o 
conhecimento do Direito em face destas disciplinas, fá-lo não por ignorar ou, muito 
menos, por negar essa conexão, mas porque intenta evitar um sincretismo metodológico 
 
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que obscurece a essência da ciência jurídica e dilui os limites que lhe são impostos pela 
natureza do seu objeto. 
 
Distinção entre Direito Natural e Direito Positivo 
Nos fins do séc. XVIII, época em que nasce o positivismo jurídico, a distinção entre direito 
natural e direito positivo é assim estabelecida: 
Direito Natural Direito Positivo 
“chama-se direito natural o conjunto de 
todas as leis, que por meio da razão 
fizeram-se conhecer tanto pela natureza, 
quanto por aquelas coisas que a natureza 
humana requer como condição e meios de 
consecução dos próprios objetivos... 
“Chama-se direito positivo, ao contrario, o 
conjunto daquelas leis que se fundam 
apenas na vontade declarada de um 
legislador e que, por aquela declaração, 
vêm a ser conhecida.” (Glück) 
Outro critério para distingui-los é o modo pelo qual os destinatários vêm a conhecer as 
normas: 
o direito natural é aquele que obtemos 
conhecimento através da razão, de vez que 
esta deriva da natureza das coisas; 
o direito positivo é aquele que vimos a 
conhecer através de uma declaração de 
vontade do legislador. 
 
 
Critérios de distinção entre direito natural e direito positivo 
Observemos o quadro que segue abaixo sobre as várias distinções feitas sobre o direito 
natural e o direito positivo. 
AUTORES DIREITO NATURAL DIREITO POSITIVO 
1º - Aristóteles Universalidade particularidade 
2º - Paulo de Tarso Imutabilidade mutabilidade 
3º - Grócio Natura (natureza) Potestas (poder; 
autoridade) 
4º- Glück Ratio voluntas (razão, 
vontade) 
promulgação 
 
 
 
 
 
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Legalidade e legitimidade 
O conceito de legalidade 
Segundo Norberto Bobbio em seu Dicionário de Política, entende-se por legalidade um 
atributo e um requisito do poder, exercido no âmbito próprio ou em conformidade com 
a lei. 
 
O contrário de um poder legítimo é um poder de fato, assim como o contrário de um 
poder legal é um poder arbitrário. Fala-se em legitimidade quando se trata do que é 
legal, ou também, quando diz respeito à ação justa (no entanto, é importante salientar 
que nem tudo que é legal, é justo e legítimo). 
 
O princípio de Legalidade tolera o exercício discricionário do poder, mas exclui o 
exercício arbitrário, entendendo-se por exercício arbitrário todo ato emitido com base 
numa análise e num juízo estritamente pessoal da situação. 
 
O princípio de legalidade é considerado como um dos pilares do Estado moderno 
constitucional, também chamado de Estado de Direito. Esse procedimento advém da 
tradição jurídica segundo a qual se especulava sobre os princípios da política e das 
formas de governo. O pensamento que faz o pano de fundo dessa tradição está ligado ao 
ideal da isonomia legal, a igualdade de todos perante a lei - Dogma do bom governo 
próprio da concepção de estado liberal moderno. O lema dessa tese é: “igualdade para 
todos perante a lei”. 
 
Um dos temas mais correntes nesse pensamento é a contraposição entre governo das 
leis e governo dos homens: contraposição sempre acompanhada por um juízo de valor 
permanente pelo qual se considera bom governo o submisso às leis e mau governo o 
ilegal, o tirano que se coloca acima das leis. 
 
No âmbito jurídico, a produção do direito através de leis, isto é, de normas gerais e 
abstratas, possibilita prever as conseqüências das próprias ações, liberta, pois, da 
insegurança proveniente de uma ordem arbitrária; a aplicação do direito de acordo com 
leis á a garantia de um tratamento igual para todos os que pertencem à categoria 
definida na lei, liberta, pois, do perigo de existir um tratamento preferencial ou 
prejudicial para este ou aquele indivíduo, este ou aquele grupo, o que aconteceria num 
julgamento casuístico. 
 
 
 
 
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Legitimidade 
I. Definição Geral — na linguagem comum, o termo Legitimidade possui dois 
significados, um genérico e um específico. No seu significado genérico, Legitimidade tem, 
aproximadamente, o sentido de justiça ou de racionalidade (fala-se na Legitimidade de 
uma decisão, de uma atitude, etc.). É na linguagem política que aparece o significado 
específico. Neste contexto, o Estado é o ente a que mais se refere o conceito de Legitimi-
dade. O que nos interessa, aqui, é a preocupação com o significado específico. 
 
Num primeiro enfoque aproximado, podemos definir Legitimidade como sendo um 
atributo do Estado, que consiste na presença, em uma parcela significativa da população, 
de um grau de consenso capaz de assegurar a obediência sem a necessidade de recorrer 
ao uso da força, a não ser em casos esporádicos. É por esta razão que todo poder busca 
alcançar consenso, de maneira que seja reconhecido como legítimo, transformando a 
obediência em adesão. 
 
Se nos limitarmos a definir legítimo um Estado cujos valores e estruturas fundamentais são 
aceitos, acabaremos por englobar nesta formulação também o contrário do que 
normalmente se entende por consenso: o consenso imposto e o ca-ráter ideológico de 
seu conteúdo. A definição geral proposta no início acabou, pois, por se revelar 
insatisfatória, uma vez que pode ser aplicada a qualquer conteúdo. 
 
Para superar tal incongruência, que parece invalidar a própria exatidão semântica da 
definição descritiva, faz-se necessário evidenciar uma característica que o termo 
Legitimidade tem em comum com muitos outros termosda linguagem política (liberdade, 
democracia, justiça, etc.): o termo Legitimidade designa, ao mesmo tempo, uma situação 
e um valor de convivência social. A situação a que o termo se refere é a aceitação do 
Estado por um segmento relevante da população; o valor é o consenso livremente 
manifestado por uma comunidade de homens autónomos e conscientes. 
 
O sentido da palavra Legitimidade não é estático, e sim dinâmico; é uma unidade aberta, 
cuja concretização é considerada possível num futuro indefinido, e a realidade concreta 
nada mais é do que um esboço deste futuro. Em cada manifestação histórica da 
Legitimidade vislumbra-se a promessa, até agora sempre incompleta na sua 
manifestação, de uma sociedade justa, onde o consenso, que dela é a essência, possa se 
manifestar livremente sem a interferência do poder ou da manipulação e sem 
mistificações ideológicas. Antecipamos, assim, quais as condições sociais que possibilitam 
a aproximação à plena realização do valor inerente ao conceito de Legitimidade: a 
tendência ao desaparecimento do poder, quer das relações sociais, quer do elemento 
psicológico a ele associado: a ideologia. 
 
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O critério que possibilita a discriminação dos diferentes tipos de consenso parece, pois, 
consistir na variação dos graus de deformação ideológica a que é sujeita a crença na 
Legitimidade e no correspondente e diverso grau de manipulação a que esta crença é 
submetida. Com base neste critério, é possível provar que não são iguais todos os tipos de 
consenso e que será mais legítimo o Estado onde o consenso tem condições de ser 
manifestado mais livremente, onde, em suma, for bem menor a interferência do poder e da 
manipulação e, portanto, bem menor o grau de deformação ideológica da realidade social na 
mente dos indivíduos. 
 
O consenso será, pois, mais aparente, e conseqüentemente de pouca consistência real, 
na medida em que for forçado e tiver um caráter ideológico. Com este ponto de partida 
podemos formular uma nova definição de Legitimidade que nos permita superar as 
limitações e incongruências da que foi proposta no início. Trata-se fundamentalmente de 
integrar na definição o aspecto de valor, elemento constitutivo do fenómeno. 
Podemos, pois, afirmar que a Legitimidade do Estado é uma situação nunca plenamente 
concretizada na história, a não ser como aspiração, e que um Estado será mais ou menos 
legítimo na medida em que torna real o valor de um consenso livremente manifestado 
por parte de uma comunidade de homens autónomos e conscientes, isto é, na medida em 
que consegue se aproximar à idéia-limite da eliminação do poder e da ideologia nas 
relações sociais. 
 
Referências 
ARANHA, Maria Lucia Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires, Filosofando – introdução à 
filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009. 
BITTAR, Eduardo e ALMEIDA, Gulherme Assis de. Curso de filosofia do direito. 9 ed. São 
Paulo: Atlas, 2011. 
CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2011. 
CRETELLA JUNIOR, José. Curso de filosofia do direito. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2007. 
DEL VECCHIO, Giorgio. História da filosofia do direito. Tradução de João Batista da Silva. 
Belo Horizonte: Lider, 2006. 
GALVES, Carlos Nicolau. Manual de filosofia do direito. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2002. 
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Filosofia do direito. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 
INCONTRI, Dora e BIGHETO, Alessandro Cesar. Filosofia – construindo o pensar. São 
Paulo: Escola Educacional, 2008. 
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 3 ed. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 1996. 
MEIRO, Joaquim. Empirismo e racionalismo. Disponível 
 
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em: http://www.slideshare.net/guest9578d1/o-empirismo-e-o-racionalismo-doc2 
Acesso em 07/06/11. 
MONDIM, Battista. Curso de filosofia. 6. ed. São Paulo: Paulinas, 1982a. v. 1. 
MONDIM, Battista. Curso de filosofia. 6. ed. São Paulo: Paulinas, 1982b. vol. 2. 
NADER, Paulo. Filosofia do direito. 14 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. 
NUNES, Rizzatto. Manual de filosofia do direito. São Paulo: Saraiva: 2004. 
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da filosofia. 3. ed. São Paulo:Paulus, 1990. 
vol. I. 
REALE, Miguel. Filosofia do direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
REZENDE, Antônio (org.). Curso de filosofia – para professores e alunos de segundo grau 
e de graduação. 11 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.ROCHA, José Manuel de 
Sacadura. Fundamentos de filosofia do direito – da antiguidade a nossos dias. São Paulo: 
Atlas, 2007. 
RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental – a aventura das idéias dos pré-
socráticos a Wittgenstein. 4. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. 
Gabriel, José Luciano (FADIVALE). 
 
 ÉTICA, MORAL E DIREITO 
ÉTICA: 
É a reflexão acerca de valores e princípios que cada pessoa possui influenciados pela 
cultura, seja pelo meio social, político, econômico, religioso. “Ética é a análise sobre o 
conjunto de valores e princípios que regem a vida do ser.” 
 
Segundo Aurélio Buarque de Holanda, “A ética é a ciência da Moral”. 
Mas o que é ciência? “É o conhecimento adquirido atravês da leitura e pela meditação; 
conjunto de conhecimentos coordenados relativamente a determinado objeto” 
(Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. I. Pecoraro, Dinorah da Silveira Campos. II. 
Pecoraro, Giglio. III. Bressane, Geraldo. 11. Ed. – Rio de Janeiro: FENAME 1983. Isso 
significa “grosso modo” que a ética é o conhecimento ou o saber acerca da conduta do 
homem (moral). 
 
Nicola Abbagnano no seu Dicionário de Filosofia, nos diz que a ética: “em geral, ciência 
da conduta”. A ética é a ciência, e a moral é o objeto estudado por essa ciência. Quando 
falamos em ética, nós não falamos apenas de teorias, prática, filosofia, mas também 
falamos da própria vida. A ética é sempre aplicada no nosso dia a dia, no trabalho, na 
universidade, na família, etc. Ela está ligada diretamente ao caráter, à liberdade humana 
de pensar e realizar. Teoricamente, é o estudo das ações ou dos costumes, sendo 
 
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também a própria realização de um tipo de comportamento. A ética pode ser então: o 
estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de 
comportamento. 
 
A ética é filosofia (estudo, teoria) no que se refere à boa conduta humana, do bem e mal, 
do certo ou errado de acordo com cada costume, comportamento e cultura de cada 
região. Eis uma questão importante no que norteia a ética, o fato de que os costumes 
mudam com o passar do tempo e o que hoje é aceito pela sociedade, amanhã poderá ser 
considerado errado. Assim como o que aqui a sociedade considera como errado, outra 
cultura considera certo. A reflexão ética vai colocar em cheque valores e costumes, 
criticá-los. Através destas análises radicais (que vão a origem, ao âmago), a ética 
promove a mudança da conduta, dos valores, da cultura, logo, das ações (moral). 
 
Para Sócrates (filósofo do século V a.C), o que sou e como sou, depende do 
conhecimento que tenho de mim mesmo, e vejo o mundo conforme aquilo que tenho 
introjetado. O filósofo acreditava que através da introspecção (olhar para dentro de si) 
era possível alcançar os princípios mais íntimos, racionaliza-los e aplica-los na própria 
vida. Mas a vida é um constante conflito entre as paixões, interesses, desejos, emoções, 
e nem sempre a razão consegue manter o domínio e o controle sobre nossas ações. O 
lema “conhece-te a ti mesmo” expressa a preocupação moral de Sócrates de que o mais 
importante está dentro de cada um de nós, e quanto

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