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RESGATE DA MEMÓRIA URBANA PELOS PATRIMÔNIOS MATERIAIS LOCAIS FINAL

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Prévia do material em texto

Centro Universitário Augusto Motta 
Vice-Reitoria Acadêmica 
 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Local Mestrado 
Profissional Multidisciplinar em Desenvolvimento Local 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EVÂNIA PEREIRA DE PAULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESGATE DA MEMÓRIA URBANA PELOS 
PATRIMÔNIOS CULTURAIS MATERIAIS COMO 
INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
EVÂNIA PEREIRA DE PAULA 
 
 
RESGATE DA MEMÓRIA URBANA PELOS PATRIMÔNIOS CULTURAIS 
 
MATERIAIS COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado 
Profissional Multidisciplinar em Desenvolvimento 
Local, do Centro Universitário Augusto Motta, como 
requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORIENTADOR: Prof. Dr. José Teixeira de Seixas Filho 
 
COORIENTADOR: Prof. Dr. Sebastião Josué Votre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTATO: EVÂNIA PEREIRA DE PAULA 
TELEFONE: 98233-3758 
E-MAIL: ovilai@gmail.com/ evania@ufrrj.br 
www.projetodesenvolvimentolocalevania.blogspot.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EVÂNIA PEREIRA DE PAULA 
 
 
 
RESGATE DA MEMÓRIA URBANA PELOS PATRIMÔNIOS CULTURAIS MATERIAIS 
COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado 
Profissional Multidisciplinar em Desenvolvimento 
Local, do Centro Universitário Augusto Motta, como 
requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. 
Área de concentração: Estado, Sociedade e 
Desenvolvimento. 
 
 
 
Aprovado em 16 de novembro de 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2018 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico esse trabalho a você. Estudante, pesquisador, interessado em investigar, 
conhecer diversas fontes, que sentiu vontade de conhecer nossas impressões sobre a história 
de Pedra de Guaratiba e seus bens construídos. Nos sentimos prestigiados por sua atenção. 
Obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
Agradeço a Deus, Ao mеu orientador Professor José Seixas, pelo carinho e incentivos 
recebidos, aos membros da Banca Examinadora Professor Fábio Macedo e Professora Silvia 
Mello, pela presença, contribuição e generosidade, pela boa recepção dos entrevistados e 
colaboradores em tornar esse trabalho relevante. A comunidade de Pedra de Guaratiba, A 
todos entrevistados, André Luís Mansur, Edgley Pereira de Paula, Fábio Pedroso, Fábio 
Pedroso Filho, Leila Netto, Nilson Pinto, Padre Marcos, Venâncio Pinto, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho teve por objetivo avaliar os Bens Materiais, como os patrimônios 
natural e cultural do bairro Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, 
catalogando os bens construídos e sua relação com a memória afetiva da comunidade e a sua 
influência na formação desta população, segundo perfil obtido por meio de instrumento de 
aproximação como entrevistas e questionário. Foi elaborado um site e um aplicativo, visando 
dar visibilidade aos ícones culturais locais. Contou-se com o apoio teórico de estudiosos que 
falam sobre a importância da memória, identidade para o desenvolvimento pessoal e 
consequentemente local. Inspirou moradores e poderá ser utilizado como fomentador de 
políticas públicas, oferecendo informação, educação e inspiração para novos projetos. 
 
Palavras-chave: Patrimônio cultural, Pedra de Guaratiba, Centro Cultural, Desenvolvimento, 
Local, Comunidade. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work had as objective to evaluate the Material Goods, such as the natural 
and cultural patrimony of the Pedra de Guaratiba neighborhood, in the West Zone of the City 
of Rio de Janeiro, cataloged the constructed goods and its relationship with the affective 
memory of the community and its influence in the formation of this population, according to 
the profile obtained through an approach instrument such as interviews and questionnaire. A 
website and an application were designed to give visibility to local cultural icons. There was 
theoretical support from scholars who talk about the importance of memory, identity for 
personal development and therefore local. Inspired residents and could be used as a public 
policy, provided information, education and inspiration for new projects. 
 
 
Keywords: Cultural heritage, Pedra de Guaratiba, Cultural Center, Development, 
Local, Community. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 SUMÁRIO 
 Página 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 12 
2 OBJETIVOS................................................................................................ 13 
 . 
2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................... 13 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................ 13 
3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................. 14 
3.1 HISTÓRICO DO BAIRRO PEDRA DE GUARATIBA.............................. 16 
3.2 A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA POPULAR PARA A SOCIEDADE.. 16 
3.3 O PAPEL DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E 
 ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN) NO RESGATE DA MEMÓRIA 
 MATERIAL................................................................................................... 20 
3.4 UMA VISÃO SOBRE A LINHA DO TEMPO DO PATRIMÔNIO 21 
 MATERIAL DO BAIRRO PEDRA DE GUARATIBA............................... 
3.5 SINAIS DO HOMEM PRÉ-HISTÓRICO NA REGIÃO DA PEDRA DE 
 GUARATIBA............................................................................................... 22 
3.6 A ORGANIZAÇÃO TRABALHISTA: COLÔNIA DE PESCA DO 24 
 BAIRRO DE PEDRA DE GUARATIBA.................................................... 
4. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 28 
4.1 AS LOCALIDADES ESTUDADAS............................................................ 28 
4.2 O INSTRUMENTO DE APROXIMAÇÃO DA POPULAÇÃO LOCAL... 28 
4.2.1 
 O conhecimento da população sobre os bens materiais........................... 28 
4.2.2 
 O registro dos bens materiais em Pedra de Guaratiba ........................... 28 
4.2.3 
 Elaboração e materialização do Espaço de Memória Local.................... 33 
 
4.2.4 Elaboração de Página Virtual como ferramenta para o 
desenvolvimento sociocultural pelos bens materiais............................... 
 
4.2.5 Elaboração de Aplicativo (APP) de mobilização social baseado no 
Patrimônio Material para o Desenvolvimento Local............................... 
 
5 RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................... 
 
5.1 O SAMBAQUI DO ZÉ ESPINHO E O DA EMBRATEL........................... 
 
 
33 
 
 
33 
 
34 
37 
 
 
 
7 
 
5.2 SITUAÇÃO ATUAL DO RIO PIRAQUÊ O MARCO DIVISÓRIO DA 
SESMARIAGUARATIBA ............................................................................................. 
38 
 
5.3 HISTÓRIA E SITUAÇÃO ATUAL DO BEM MATERIAL “CAPELA 
NOSSA SENHORA DO DESTERRO“ ORIGINADA NO SÉCULO XVII 39 
 
 
5.4 O HISTÓRICO E A SITUAÇÃO ATUAL DA BANDA DE MÚSICA 
DEOZÍLIO PINTO............................................................................................. 
 
 
5.5 A HISTÓRIA DA SEDE DA COLÔNIA DOS PESCADORES Z-14 NO 
BAIRRO DE PEDRA DE GUARATIBA.................................................... 
 
 
 
41 
 
 
 
 
43 
 
5.6 O CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO SOBRE BENS MATERIAIS........ 45 
 
 
5.7 ELABORAÇÃO E MATERIALIZAÇÃO DO ESPAÇO DE MEMÓRIA 
LOCAL .................................................................................................................................. 55 
 
 
5.8 CONSTRUÇÃO DA PÁGINA VIRTUAL COM REFERÊNCIA DOS 
BENS MATERIAIS DA REGIÃO DO BAIRRO DE PEDRA DE 
GUARATIBA, NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO................................. 
 
5.9 ELABORAÇÃO DE APLICATIVO (APP) DE MOBILIZAÇÃO 
SOCIAL BASEADO NO PATRIMÔNIO MATERIAL PARA O 
DESENVOLVIMENTO LOCAL................................................................ 
 
 
 
 
57 
 
 
 
58 
 
6 COSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 60 
 
 
7 REFERÊNCIA DE LITERATURA .......................................................................... 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
LISTA DE FIGURAS 
Página 
 FIGURA 1 Linha do Tempo dos Bens Material do bairro de Pedra de 
 Guaratiba-RJ, a saber: (A) Sambaqui Zé Espinho, (300 ANE); 
 Rio Piraquê, (1628); (C) Igreja Nossa Senhora do Desterro (1628); 
 (D)Prédio da Banda de Música Deozílio Pinto (1980);(E) Colônia 29 
 
FIGURA 2 Linha do Tempo dos Bens Material do bairro de Pedra de 
 Guaratiba-RJ, a saber: - (A) Abrigo Evangélico, (1949); (B) Píer, 
 (2004); (C) Fundação Angélica Goulart, (1989); (D) Arena 
 Cultural Abelardo Barbosa (2012)............... 
FIGURA 3 FIGURA 3 – Modelo do questionário com o termo de 
 consentimento utilizado na coleta de dados para obtenção de 
 informações junto a população do bairro Pedra de Guaratiba 
 sobre o conhecimento de seus bens materiais ................................. 
FIGURA 4 Aspecto da Linha do Tempo do bairro de Pedra de Guaratiba na 
 Cidade do Rio de Janeiro da Pré-História até o Século 
 XXI...................... 
FIGURA 5 Aspecto do Sambaqui EMBRATEL (A), Sambaqui Zé Espinho 
 localizado no CTEX e APA da Brisa, na região do bairro de 
 Pedra de Guaratiba na Cidade do RJ. 
 
 
 
FIGURA 6 Aspecto do rio Piraquê, marco divisório entre os bairros de Barra 
 de Guaratiba e Pedra de Guaratiba na Cidade do Rio de Janeiro, 
 recebendo carga de esgoto (○) da comunidade que se formou em 
 suas margens (A). Esgoto sem tratamento (B), Comunidade 
 Piraquê (C), (D) 
 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
 
 31 
 
 
 
 35 
 
 
 
 
 
 
 38 
 
 
 
 
 
 
 39 
 
FIGURA 7 Aspecto da parte externa (A, B, C) e interna (D, E, F) da Capela 
de Nossa Senhora do Desterro, o mais antigo Patrimônio 
Material do bairro de Pedra de Guaratiba na Cidade do Rio de 
Janeiro .................................................................................................................. 41 
 
 
FIGURA 8 A formação da Banda de Música Deozílio Pinto: Os primeiros 
componentes (A); fachada do prédio que abriga a Banda de 
Música (B) sua parte interna (C, D); Maestro Venâncio Manuel 
Pinto (E); Festa de São Pedro em 2011 sob a regência de 
Beethoven Pinto no bairro de Pedra de Guaratiba; (F); Diploma 
de Patrimônio Cultural Fluminense (G). Figura (A) e (F) 
coletada da Internet .......................................................................................... 42 
 
FIGURA 9 Aspecto do prédio da sede da Colônia de Pescadores Z-14 
localizada no bairro de Pedra de Guaratiba, na Cidade do Rio de 
Janeiro. (A), Interior da Sede. (B) ............................................................... 44 
 
 
 
9 
 
FIGURA 10 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento de 
Patrimônio Cultural e Bem Material............................................... 
 
FIGURA 11 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento de 
Patrimônio Cultural e Bem Material.............................................. 
 
FIGURA 12 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento do bairro de 
Pedra de Guaratiba ter sido rota da Família Real e a importância 
do Rio Piraquê em relação a história do Brasil.............................. 
 
FIGURA 13 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores
 dobairro de Pedra de Guaratiba sobre a lenda do surgimento da 
Capela Nossa Senhora do Desterro e o relacionamento afetivo 
com este bem material.................................................................. 
 
FIGURA 14 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento do prédio da 
banda de música Deozílio Pinto e de sua história.......................... 
 
FIGURA 15 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento da 
localização do prédio da Colônia dos Pescadores.......................... 
 
FIGURA 16 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento sobre a 
localização e a história da Praça do Rodo e do Píer do bairro de 
Pedra de Guaratiba........................................................................ 
 
FIGURA 17 Resultado das respostas dos moradores e frequentadores do 
bairro de Pedra de Guaratiba sobre o conhecimento sobre a 
localização e a história da Fundação Xuxa e da Arena Cultural 
Chacrinha do bairro de Pedra de Guaratiba. 
FIGURA 18 Protótipo da edificação do espaço Centro de Memória do bairro 
da Pedra de Guaratiba, Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro. 
(A) Praça do Rodo; (B) Planta baixa do Centro de Memória; (C) 
maquete do Prédio do Espaço de Memória; (D) vista do interior 
da maquete (E) vista da divisão interna entre o parquinho e o 
anfiteatro; (F) vista do painel localizado na lateral do prédio do 
Espaço de Memória....................................................................... 
 
FIGURA 19 Detalhe da página virtual elaborada, denominada Blog Ponto do 
Sentido, relacionada aos bens materiais do bairro de Pedra da 
Guaratiba, zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro visando 
informar e estimular a população a conhecer a sua história........... 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
 
 
50 
 
 
 
51 
 
 
 
52 
 
 
 
 
 
53 
 
 
 
 
 
 
54 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
 
58
 
 
 
 
10
FIGURA 20 Aplicativo (APP) Ponto do Sentido - Fábrica de Aplicativos .............. 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O respeitopela cultura e pelo patrimônio é parte integrante da conduta de uma 
sociedade, que perpetua a memória, ou seja, exercita a capacidade humana de reter fatos e 
experiências do passado e retransmiti-los às novas gerações, principalmente por meio das 
comunidades locais, como as que fazem, por exemplo, as indígenas na proteção do seu 
patrimônio cultural. 
 
O reconhecimento e a compreensão da história de uma sociedade, assim como a 
proteção desta cultura e deste patrimônio é importante para as comunidades e, portanto, para o 
fortalecimento das características herdadas de uma região, de uma cidade, de um estado e de 
uma nação, dando a estas a sua identidade sociocultural, onde as casas, os lugares, as regiões, 
têm um espírito, sempre feito de diferenças e de complementaridade. 
 
Existe a necessidade de se empenhar em erigir relações fortes entre o passado e o 
presente para que haja um comportamento social sustentável, quanto as peculiaridades 
culturais e o respeito aos conjuntos arquitetônicos de uma civilização, o que permitirá gerir 
com sabedoria os impactos locais e regionais das nossas atividades, permitindo um futuro com 
qualidade sociocultural, o que se testemunha em países que cultivaram este lema. 
 
Cada indivíduo é parte de um todo, da sociedade e do ambiente onde vive, e constrói 
com os demais, a história dessa sociedade, legando às gerações futuras, por meio dos produtos 
criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da 
história humana pelas gerações futuras. A destruição dos bens herdados das gerações passadas 
acarreta o rompimento da corrente do conhecimento, levando a repetir incessantemente 
experiências já vividas. É com esse pensamento de fortalecimento de identidade, 
pertencimento, futuro e contribuição que se viabiliza o desenvolvimento local de uma região. 
 
A memória cultural é um fator positivo para a paz, a democracia, o respeito pela 
dignidade da pessoa humana, sentinela da garantia dos direitos fundamentais, como o da 
liberdade, o da igualdade e o do desenvolvimento de um país. 
 
O Patrimônio constitui expressão concreta dessa vontade e desse compromisso, de 
modo a assegurar que os monumentos, os lugares, os bens patrimoniais, os vestígios humanos, 
as pessoas, as comunidades, as paisagens sejam elementos ativos de conhecimento mútuo e de 
compreensão entre todos os cidadãos, que gerará um sentimento uníssono para a preservação 
da memória, integrando-os num grande movimento em que a cultura assume o sentimento do 
desenvolvimento e da diversidade, contribuindo positivamente para um mundo melhor. 
 
 
 
12 
 
2. OBJETIVOS 
 
 
2.1 - OBJETIVO GERAL 
 
Traçar o perfil dos moradores do bairro de Pedra de Guaratiba, na Cidade do Rio de 
Janeiro, em relação à memória cultural e patrimonial desta região, associando-os a construção 
da linha do tempo civilizatório que construiu o bairro, visando despertar o interesse pelo 
reconhecimento, documentação e fortalecimento do seu patrimônio, subsidiando a indústria 
do turismo como instrumento de desenvolvimento local. 
 
 
2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
- Organizar e catalogar sob as naturezas qualitativas, descritivas, bibliográficas e 
documentais, os sítios e conjunto arquitetônico na linha do tempo civilizatório da formação do 
bairro de Pedra de Guaratiba desde o homem pré-histórico até a praça de eventos no século 
XXI. 
 
 
- Traçar o perfil dos moradores e turistas do bairro, por meio de questionário quantitativo, 
visando verificar o conhecimento da comunidade em relação aos seus marcos culturais, por 
faixa etária, gênero, etnia, nível intelectual e profissão. 
 
 
- Elaborar um protótipo do Centro Cultural a ser proposto para a localidade, objetivando a 
transmissão das tradições culturais que firmaram a base civilizatória da região, visando 
instrumentalizar a geração de jovens da região para execução da conservação sustentável das 
diferentes culturas que se uniram no comportamento sociocultural típico deste povoado com 
ações que gerem renda e melhorem a qualidade de vida. 
 
 
- Construir uma página virtual como referência dos bens materiais da região do bairro de 
Pedra de Guaratiba, na Cidade do Rio de Janeiro, visando informar, orientar e transmitir a 
memória material que formou a civilização local. 
 
- Desenvolver um aplicativo que sirva de fomento dos bens construídos do bairro de Pedra de 
Guaratiba, RJ, assim como instrumento empreendedor para a promoção do desenvolvimento 
local, pela geração de cultura e renda. 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
Os estudos deste projeto tiveram como base “História e memória” - Jacques Le Goff 
 
 
13 
 
de 2003; uma obra de conceitos de história, memória, idades míticas. A suposição de Le Goff 
 
é de que existem dualidades que foram historicamente utilizadas para conceber a história, 
construí-la e interpretá-la; por exemplo, Antigo/Moderno, 
 
A oposição antigo/moderno, que emerge periodicamente as controvérsias dos 
intelectuais europeus desde a Idade Média, não pode ser reduzida à oposição 
progresso/reação, pois se situa fundamentalmente em nível cultural. Os "antigos" 
são os defensores das tradições, enquanto os "modernos" se pronunciam pela 
inovação. No caso especial da história, a oposição antigo/moderno introduz uma 
periodização, que é vista também no quatro do contraste entre concepções cíclicas e 
concepções lineares do tempo (…). (LE GOFF, 2003, p.173) 
 
Em relação a diferença entre documento e monumento, pode-se esclarecer que o 
documento é àquele que o historiador seleciona para escrever a história. Por outro lado, o 
monumento é àquele que a sociedade ratifica e que conserva um determinado registro de 
memória. Explica o que é história e como se escreve história. 
 
“o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha 
efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da 
humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, 
os historiadores”. (LE GOFF, 2003, p.525) 
 
As contribuições interdisciplinares de “Espaço e lugar: a perspectiva da experiência” 
foi uma obra que contribuiu para este entendimento (TUAN, 1983). 
“O lugar é segurança e o espaço é liberdade. Estamos ligados ao primeiro e 
desejamos o outro”. (TUAN, Yi-Fi - Espaço e lugar, p. 3) 
 
“Sentir um lugar leva mais tempo: se faz de experiências, em sua maior parte fugazes 
e pouco dramáticas, repetidas dia após dia e através de anos. É uma mistura singular 
de vistas, sons e cheiros, uma harmonia ímpar de ritmos naturais e artificiais como a 
hora do sol nascer e se pôr, de trabalhar e brincar. Sentir um lugar é registrado 
pelos nossos músculos e ossos.”(TUAN, Yi-Fi - Espaço e lugar, p. 203) 
 
Em sua obra Yi-Fi Tuan, fala sobre a experiência de se apropriar do lugar, de sentir o 
lugar. Tomando como referência o dia à dia, o autor defende que o mesmo campo físico pode 
gerar diferentes sensações nas pessoas. Cada um é capaz de perceber o mundo que o cerca de 
uma maneira diferente em função de imagem que tem do seu corpo e do interesse que lhe é 
despertado. Para Tuan, o espaço remete à amplidão, à ameaça e ao movimento, enquanto o 
lugar, à segurança, à estabilidade e à pausa. 
 
Ulpiano Bezerra de Menezes apresenta sua obra “A cidade como um bem cultural, 
2006” e fala sobre a necessidade das práticas sociais criarem significados sociais. Que apenas 
dentro do campo de forças e dos padrões segundo os quais elas agem e, valendo-se de 
suportes materiais de sentidos e valores, que se pode compreender a gênese e a prática do 
 
 
 
14 
 
patrimônio. 
 
“Para compreender a cidade como bemcultural, é preciso enfrentá-la 
simultaneamente nas três dimensões. O bem cultural tem matrizes no universo dos 
sentidos, da percepção e da cognição, dos valores, da memória e das identidades, 
das ideologias, expectativas, mentalidades, etc. Todavia, as representações, para 
deixarem de ser mero fato mental ou psíquico e integrarem a vida social, precisam 
passar pelo mundo sensorial, do universo físico: o patrimônio ambiental urbano tem 
matrizes na dimensão física da cidade, pois é por meio de elementos empíricos do 
ambiente urbano que os significados são instituídos, criados, circulam, produzem 
efeitos, reciclam-se e se descartam. Afinal, a corporalidade é base de nossa 
condição humana. Além disso, não sendo os significados derivados de nossa 
constituição genética, nem tendo natureza estável, mas sendo produto de escolha e, 
portanto, historicamente instituídos, mutáveis e diversificáveis, não são nas coisas 
selecionadas elas próprias que devemos buscar critérios conclusivos para 
identificar o que compõe esse sistema de referências e guias. São nas forças que 
geram os interesses e nos conflitos que podem opô-los uns aos outros e nos jogos 
variados de proposição, imposição ou negociação que encontraremos as chaves 
pelas quais certos atributos geométricos e físico-químicos (os únicos imanentes) das 
coisas permitem sua mobilização a serviço do sentido. Sem as práticas sociais, não 
há significados sociais. Mas também não há significados sociais sem vetores 
materiais. É, portanto, apenas dentro do campo de forças e dos padrões segundo os 
quais elas agem (e valendo-se de suportes materiais de sentidos e valores), que se 
pode compreender a gênese e a prática do patrimônio”. (MENEZES, 2007, p.36) 
 
Nesse sentido o texto de Menezes (2007) corrobora Cioce (2007) quando define que: 
 
“O turismo é causa-efeito de uma dinâmica humana, incubando novos modos de 
agir, concomitantemente, quando modos de agir tradicionais estão desaparecendo. 
É necessário incorporar no debate científico o conhecimento tácito, ou seja, aquele 
que se desenvolve no subconsciente, mas possui elementos de pré-cognição de difícil 
racionalização monodisciplinar, embora não seja impossível transdisciplinarmente. 
O conhecimento tácito existe em processos que compartilham experiências novas e 
que, nem sempre, se utilizam necessariamente de conhecimentos puramente 
racionais. Os aprendizes, por exemplo, trabalham com seus mestres e aprendem sua 
arte não através da linguagem (considerada como possuindo elementos de razão), 
mas sim através da observação, imitação e prática (consideradas tácitas). É quase 
axiomático que o bom artesão é aquele que tem experiência, e que o bom gestor é 
aquele que possui vivência de campo. (CIOCE, 2007, P. 08). 
 
 
 
Em “Centros de Memória: uma proposta de definição” Camargo, Goulart, (2015). As 
autoras deixam claro a importância do registro, do arquivo para a construção da identidade. 
aborda os meios e as finalidades para que organizações públicas e privadas de diversos 
segmentos reúnam arquivos e experiências pessoais e coletivas de seus membros. As autoras 
propõem maneiras para que esses acervos se integrem ao funcionamento geral de todos os 
setores. O uso cada vez mais intensivo de recursos digitais acabou por dissolver quase por 
completo as barreiras entre arquivos, museus e bibliotecas. 
 
“Os centros de memória aparecem também como fiadores da responsabilidade 
histórica. Tal argumento está ligado a ideia de que as organizações não são apenas 
produtoras de bens e serviços, mas também de significados socioculturais” 
(CAMARGO; GOULART, 2015, p. 81). 
 
 
 
 
15 
 
Sobre a história local consultei “O velho oeste carioca” volume 1 e 2, André Luis 
Mansur reúne material de pesquisadores locais da zona oeste e conta um pouco a história de 
Pedra de Guaratiba. 
 
“Manuel Veloso Espinha, recebeu as terras em Guaratiba porque também havia 
lutado, em 1575, contra os tamoios e franceses que se refugiaram em Cabo Frio. 
Nomeado Oficial da Câmara em 1584, antes disso, em 1579, ele recebeu, junto com 
a esposa, Jerônima Cubas, uma sesmaria em Guaratiba”. (MANSUR, André 
Luís,2012, P. 15) 
 
 
“Pedra de Guaratiba, o lugar onde o futuro não aconteceu” - Dunstana Faria de Mello; 
complementa com sua dissertação de mestrado, quando aponta as expectativas dos moradores 
de que o local tivesse mais glamour por sua aparência singela e singular, mas que as 
imobiliárias trouxeram um crescimento desordenado e os novos moradores sem identidade 
com o local e sem políticas públicas a Pedra está se descaracterizando. 
 
“Em Pedra de Guaratiba, as famílias mais antigas, algumas ainda dedicadas à 
pesca tendem a atribuir os problemas mais recentes da região à presença de alguns 
desses novos moradores. O crescimento populacional não trouxe para Pedra de 
Guaratiba o que era esperado”. (MELLO, Dunstana Farias de, 2015, P. 10) 
 
 
Há pesquisas realizadas por outros autores sobre a cultura de Pedra de Guaratiba, mas 
esses trabalhos pessoais não têm dado uma resposta a comunidade. São necessárias ações 
frequentes. Nesse trabalho fizemos entrevistas semi-estruturada com moradores, 
comerciantes, estudiosos da área, grupos focais que fazem parte dos patrimônios materiais e 
imateriais de Pedra de Guaratiba foi observado que a maioria falava sobre isso. 
 
“Precisamos de ações que mobilizem as pessoas para a cultura. Não adianta 
entrevistas e arquivar o que se foi dito ou fotografado”. Falou o Maestro 
Venâncio”. 
 
Canclini (2013) aborda a modernização nos países latino-americanos, considerando a 
heterogeneidade dos países e suas diferentes culturas. O termo “Culturas Híbridas” pode ser 
definido como um rompimento entre as barreiras que separam o que é tradicional e o que é 
moderno, entre o culto, o popular e o massivo. Em outras palavras, a hibridação cultural 
consiste na miscigenação entre diferentes culturas, ou seja, uma heterogeneidade cultural 
presente no cotidiano do mundo moderno. Esse processo dá origem a uma identidade global, 
onde mostra uma necessidade de preservação dos bens simbólicos locais, para que não 
termine pulverizados pela globalização. 
 
3.1 HISTÓRIA DO BAIRRO PEDRA DE GUARATIBA 
 
 
 
 
16 
 
Guaratiba é uma palavra originada do Tupi que significa local onde há muitas garças, 
esse nome foi dado pelos tupinambás. Ainda hoje vemos muitas garças pelos manguezais da 
região. Pedra de Guaratiba é um bairro da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. 
 
Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no ano 2018, era de 0,744, o 118º 
colocado entre 126 regiões analisadas na cidade do Rio de Janeiro (CMRJ, 2004) 
 
Em 1579, Manoel Veloso Espinha recebeu junto com a esposa, Jerônima Cubas, uma 
sesmaria em Guaratiba. Jerônima era filha ilegítima de Brás Cubas, capitão-mor de São 
Vicente (MOTA, 2011). 
 
Recebeu as terras em Guaratiba porque também havia lutado, em 1575, contra os 
tamoios e franceses que se refugiaram em Cabo Frio. Nomeado Oficial da Câmara em 1584, 
antes disso, como se vê, as famílias eram mesmo diminutas nessa época. A sesmaria 
compreendia cinquenta e dois quilômetros quadrados, entre os rios Guandu e Guaratiba, além 
de uma ilha todas as “águas entradas e saídas”, conforme está na carta de doação. Com sua 
morte, seus dois filhos, Jerônimo e Manuel, herdaram a Freguesia de Guaratiba. Através de 
mútuo consentimento, Em 27 de abril de 1628, resolveram dividir entre eles as terras herdadas 
do pai, ficando Jerônimo com a parte do norte - Pedra de Guaratiba e Manoel com a parte 
Leste - Barra de Guaratiba, tendo o rio Piraquê como marco divisório (MOTA, 2011) 
 
Jerônimo, já casado com Beatriz Álvares Gago, repassou, em27 de julho de 1629, 
parte delas à Província Carmelita Fluminense (A congregação carmelita de posse religiosa das 
terras, fez construir diversas benfeitorias entre as quais, igreja, noviciato e um engenho.) 
 
Em troca, eles teriam de pagar algumas dívidas acumuladas por eles, protegerem três 
enjeitados, rezarem missas pelos doadores e lhes darem sepultura na capela de Nossa Senhora 
do Desterro (MANSUR, 2012) 
 
No engenho, havia uma grande produção de açúcar, rapadura e um vasto canavial, 
proporcionando, desta forma, rápido desenvolvimento à região, em cuja área surgiu a Fazenda 
da Pedra, região hoje denominada Pedra de Guaratiba (MANSUR, 2012). 
 
3.2 A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA POPULAR PARA A SOCIEDADE 
 
Pedroso (1999) definiu a memória como sendo a capacidade humana de reter fatos e 
experiências do passado e retransmiti-los às novas gerações, como a “memória individual” 
que é caracterizada como aquela guardada por um indivíduo e se refere as suas próprias 
vivências e experiências, mas que contém também aspectos da memória do grupo social onde 
ele se formou, isto é, onde esse indivíduo foi socializado. Por outro lado, já a “memória 
coletiva” é aquela formada pelos fatos e aspectos julgados relevantes e que são guardados 
 
17 
 
como memória oficial da sociedade mais ampla, ambas formam os denominados “lugares da 
memória” que são lembranças individuais que se unem às coletivas, criando cenários que são 
repassados continuamente ou ocasionalmente pelos contemporâneos e destes para as gerações 
futuras. 
 
Entretanto, existem algumas lembranças que trazem sofrimentos ou traumas 
vivenciados, sendo denominadas de “Memórias Subterrâneas ou Marginais” correspondem a 
versões sobre o passado dos grupos dominados de uma dada sociedade, geralmente não estão 
monumentalizadas e nem gravadas em suportes concretos como textos, obras de arte e só se 
expressam quando conflitos sociais as evocam ou quando os pesquisadores que se utilizam do 
método biográfico ou da história oral criam as condições para que elas emerjam e possam 
então serem registradas, analisadas permitindo, então, que façam parte da memória coletiva de 
uma dada sociedade. Elas geralmente se encontram muito bem guardadas no âmago de 
famílias ou grupos sociais dominados nos quais são cuidadosamente passados de geração a 
geração (PEDROSO, 1999). 
 
“Um povo que não tem raízes acaba se perdendo no meio da multidão. São 
exatamente nossas raízes culturais, familiares, sociais, que nos distinguem dos 
demais e nos dão uma identidade de povo, de nação”. (Pedroso l999) 
 
 
De forma geral o local é uma porção do espaço qualquer percebida e definida pelo ser 
humano através dos seus sentidos, sendo uma parte do espaço geográfico onde se vive e se 
interage com a paisagem, mas conceito de local também recebe várias definições, a depender 
da tendência de pensamento considerada (MIKLOS, 2014). 
 
AUGE (1994) já relatava que local seria um princípio de sentido para aqueles que 
habitam e um princípio de inteligibilidade para quem os observa, sendo classificado em três 
vertentes; a primeira identitárias: representando o lugar do nascimento como constitutivo da 
identidade individual, um lugar próprio, singular e exclusivo; a segunda seria a relacionais, 
que segundo Certeau (1982) seus elementos distribuídos em relações de coexistência ao lado 
do outro, onde no mesmo lugar podem estar elementos distintos e singulares. O terceiro seria 
o lugar histórico que o habitante ao conjugar este com a identidade e a relação, o habitante 
antropológico não faz a história, ele vive na história. 
 
SANTOS (2001) percebe o espaço como produto de práticas sociais, ressaltando que 
este reúne a materialidade própria do espaço geográfico e a vida que o anima. O autor 
acrescenta ainda que todo o território tem existência social baseada nas relações que ocorrem 
no espaço físico. Esta existência é o resultado de uma produção histórica, substituindo a 
 
18 
 
natureza natural por uma natureza inteiramente humanizada, na qual nada existe 
isoladamente. Todos os elementos (objetos e ações) interferem uns nos outros, transformando 
o ambiente a partir de práticas e inter-relações culturais que vão determinar a função que cada 
um ocupará no espaço social. 
 
BARBOSA (2015) relatou que se pode depreender da apresentação do conceito de 
Lugar que nenhuma construção historiográfica está isenta da influência do sujeito da 
investigação e sempre carregará estas marcas que precisarão ser explicitadas ou mesmo 
denunciadas quando se pretender falar em termos de objetividade e neutralidade. Visto que 
este morto, ou seja, o objeto da pesquisa, nunca falará por si mesmo, caberá àqueles que 
"reviram" o tecido da história terem consciência de que esta prática reconstrói o passado 
sempre a partir de uma perspectiva que nunca será absolutamente neutra. 
 
Geertz (1989) define símbolo como qualquer ato, objeto, acontecimento ou relação 
que representa um significado. Compreender o homem e a cultura é interpretar essa teia de 
significados. Arte faz parte dessa teia. 
 
Jesus e Souza e Souza (2012) comentaram que existem teorias antropológicas que 
defendem ser o homem resultado das transformações culturais a que foi submetido. Partindo 
de Geertz (1989) percebe-se que há busca acerca do que pode ser interpretado, nos relatos 
etnográficos. Hoje há uma grande cautela em se explorar o inconsciente através das ações 
reais como manifestações de ações conscientes. Portanto o trabalho do antropólogo é realizar 
etnografia. Um ser humano pode ser um enigma completo para outro ser humano. Nós não 
compreendemos o povo, ainda que dominemos seu idioma. 
 
Miklos (2014) citando Michele Vieira na Enciclopédia da Comunicação relatou que o 
sociólogo Pierre Bourdieu, afirma ser possível representar o mundo social em um espaço 
definido pelas posições e classes ocupadas pelos indivíduos. Configura-se, assim como campo 
de forças, construído por propriedades atuantes, impostas e de alguma maneira assimiladas e 
aceitas por todos os que dele fazem parte. Trata-se, portanto, de um espaço multidimensional 
de posições determinadas por distintas formas de poder e de acumulação de capitais 
(educacional, cultural, socioeconômico e político), fruto de contingências, circunstâncias e 
embates historicamente determinados, e que se manifestam nos espaços geográficos e para 
além destes, pois inclui relações estabelecidas a partir de visões de mundo que ora se 
harmonizam e se complementam, ora se tencionam e se contrapõem. 
 
 
 
 
19 
 
Geertz (1989) a cultura é uma teia de significados tecida pelo homem. Essa teia 
orienta a existência humana. Trata-se de um sistema de símbolos que interage com os 
sistemas de símbolos de cada indivíduo numa interação recíproca. Geertz, define símbolo 
como qualquer ato, objeto, acontecimento ou relação que representa um significado. 
Compreender o homem e a cultura é interpretar essa teia de significados. 
 
 
3.3. O PAPEL DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO 
NACIONAL (IPHAN) NO RESGATE DA MEMÓRIA MATERIAL 
 
À partir de um movimento dos Modernistas Mário de Andrade, Oswaldo de Andrade, 
Manuel Bandeira e Rodrigo de Melo Franco criou-se em 13 de janeiro de 1937 Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), há 81 anos, a ideia era se construir a 
noção de identidade para cultura da nação brasileira, com intenção de valorização, 
preservação e educação, pela Lei 378 da Presidência da República, assinada pelo então 
presidente Getúlio Vargas (D.O.U, 1937). O jornalista Rodrigo de Melo Franco foi o primeiro 
presidente do IPHAN. É uma autarquia federal vinculada ao Ministérioda Cultura que 
responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, protegendo e promovendo os 
bens culturais do país, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e 
futuras, (IPHAN, 2018). O IPHAN é uma autarquia que também responde pela conservação, 
salvaguarda e monitoramento dos bens culturais brasileiros inscritos na Lista do Patrimônio 
Mundial e na Lista o Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, conforme convenções da 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), 
respectivamente, a 
 
“Convenção do Patrimônio Mundial” em 1972 e a “Convenção do Patrimônio Cultural 
Imaterial” no ano de 2003 (IPHAN, 2018). 
 
O Brasil é comprometido com a ONU e UNESCO e através do IPHAN, cumpre uma 
agenda internacional, que sempre dá origem as Cartas Patrimoniais, é referência em proteção 
ao Patrimônio Cultural, o modelo de salvaguarda brasileiro é aplicado em outros países. 
 
Em 1988, nos artigos, 215 e 216, da Constituição brasileira reconheceram a existência 
de bens culturais de natureza material e imaterial, além de estabelecer as formas de 
preservação desse patrimônio: o registro, o inventário e o tombamento (BRASIL, 1988). 
 
O termo “Tombamento” é de origem portuguesa e significa fazer um registro do 
patrimônio de alguém em livros específicos. Portanto, o Livro do Tombo Arqueológico 
Etnográfico, Paisagístico e das Belas Artes. Onde são inscritos os bens culturais em função do 
 
20 
 
valor arqueológico, relacionado a vestígios da ocupação humana pré-histórica ou histórica; de 
valor etnográfico ou de referência para determinados grupos sociais; e de valor paisagístico, 
englobando tanto áreas naturais, quanto lugares criados pelo homem aos quais é atribuído 
valor à sua configuração paisagística, a exemplo de jardins, mas também cidades ou conjuntos 
arquitetônicos que se destaquem por sua relação com o território onde estão implantados 
(KALB e FLORES, 2017). 
 
 
 
3.4. UMA VISÃO SOBRE A LINHA DO TEMPO DO PATRIMÔNIO MATERIAL DO 
BAIRRO PEDRA DE GUARATIBA 
 
Em um passado recente, o bairro de Pedra de Guaratiba se destacou por ser grande 
produtor de pescado, sendo muito visitado, por pessoas atraídas pela lama medicinal, e por 
sua atmosfera bucólica. No local se instalaram restaurantes especializados em frutos do mar, 
entre estes pode-se destacar o “Cândidos”, o “Amendoeiras”, o “Rei da Empada” e o 
“Fernando’s Bar”. Hoje, a atividade pesqueira declinou devido à grande poluição que 
prejudica a Baía de Sepetiba. Contudo, o hábito de visitação por parte dos turistas, 
principalmente nos finais de semana, criou-se o Polo Gastronômico, Cultural e Turístico de 
Pedra de Guaratiba, sendo oficialmente criado em 10 de janeiro de 2013, por meio do Decreto 
Lei Municipal 36710 (RIO DE JANEIRO, 2013) 
 
Atualmente, os moradores deste bairro ainda se relacionam com alguns bens materiais 
históricos na formação desta sociedade, a saber: a Igreja Nossa Senhora do Desterro, datada 
de 1628, sendo a terceira igreja mais antiga da cidade do Rio de Janeiro, construída à beira-
mar e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2017). 
 
A Capela tem um estilo barroco colonial, sua fachada principal é precedida por quatro 
degraus semicirculares. A portada, guarnecida por duas colunas e frontão curvo interrompido, 
 
é ladeada por duas janelas de verga alteada, com vidraças de guilhotina e folhas inteiriças 
abrindo para dentro. Este conjunto é encimado por duas janelas semelhantes, porém menores, 
correspondentes ao coro. O frontispício, com cunhais em suas extremidades, é arrematado por 
cimalha em alvenaria branca que sustenta, no trecho central, um frontão semicircular. O 
parâmetro é todo revestido de azulejos estampilhados com decoração azul sobre fundo branco 
(PORTAL DE PEDRA DE GUARATIBA, 2017). 
 
 
 
 
21 
 
Quanto a Cultura imaterial, pode-se destacar a banda de música “Deozílio Pinto”, 
formada em 1870, cuja sede foi construída em 1980 e tombada pelo IPHAN. Atualmente, a 
Arena Cultural, cujo prédio foi inaugurado em 29 de setembro de 2012, com infraestrutura e 
acessibilidade, está sendo um local que proporciona mais cultura e entretenimento para o 
bairro, oferecendo exibições de shows, peças de teatro, para o público adulto, assim como 
para o infantil. Este ícone cultural também oferece cursos gratuitos (RIO DE JANEIRO, 
2018). 
 
A vida cultural nos dias atuais acontece também na Praça Doutor Raul Capello 
Barroso, mais conhecida como a “Praça do Rodo”, por ter sido o local de retorno dos bondes. 
A Companhia de Bondes Elétricos de Campo Grande a Guaratiba passou a operar em 
17/5/1917 a primeira linha de bondes elétricos, de 17 km, da estação ferroviária até Pedra de 
Guaratiba (BONDES DO BRASIL, 2018). 
 
Existem ações em assistência social realizada desde o meado do Século XX, com o 
Abrigo Evangélico, essa instituição tem como objetivo a assistência, em regime de abrigo, de 
crianças de ambos os sexos, em situação de abandono, negligência, risco nutricional e social, 
trazidas pelo juizado da 2ª Vara da Infância e da Juventude e Conselhos Tutelares da Zona 
Oeste. (ORFANATO PEDRA DE GUARATIBA, 2018). 
 
Outro bem material desta região que presta serviço social a população, cuja sede foi 
inaugurada no final do Século XX, em 12 de outubro de 1989, foi a Fundação Xuxa 
Meneghel, instalada em Pedra de Guaratiba, modificando a vida de várias famílias carentes, à 
partir de 2017, passou a ser patrocinado pela Prefeitura e recebeu o nome de Fundação 
Angélica Goulart, sua antiga diretora que faleceu em 13 de julho de 2016 (REDE NÃO 
BATA EDUQUE, 2018.) 
 
O Pier da Pedra de Guaratiba - Um deque com cinco mil metros quadrados, todo em 
madeira, um espaço de lazer encantador criado em 09/12/2004 é um ponto de referência e de 
afeto dos visitantes. 
 
A Arena Cultural Abelardo Barbosa (Chacrinha) inaugurada em 12 de setembro de 2012. É 
um espaço alternativo que trouxe mais cultura para o local, O edifício principal tem espaço 
múltiplo de espetáculos com capacidade para 330 lugares. A área externa permite ao público 
assistir espetáculos realizados no palco externo da Arena, além de previsão de uma estrutura 
para montagem de tela de projeção (Prefeitura SMC, 2018). 
 
3.5 – SINAIS DO HOMEM PRÉ-HISTÓRICO NA REGIÃO DA PEDRA DE GUARATIBA 
 
 
 
22 
 
A palavra “sambaquis” tem origem Tupi, e é a mistura das palavras tamba (conchas) e 
ki (amontoado). Sambaquis são os depósitos arqueológicos mais populares, apresentam-se em 
forma de colinas de base oval formadas pela acumulação de restos de cozinha, sobretudo 
carapaças de moluscos, dispostos sob a forma de camadas geralmente nítidas e de pouca 
espessura, separadas por leitos de carvão seguindo grosseiramente a inclinação dos terrenos 
que lhe servem de base. Contém obviamente numerosas evidências de ocupação humana. Em 
casos excepcionais podem medir 30m de altura por 400m de comprimento. No século XVI, 
conchas de um só monte foram moídas e utilizadas como cal na construção do Palácio do 
Governador, de parte do Colégio da Bahia, de engenhos de açúcar e de vários outros edifícios 
(PACIEVITCH - 2018). 
 
Na América se noticia a existência de Sambaquis em diversas partes da Cordilheira 
dos Andes, litoral dos Estados Unidos, Peru e Chile. No Brasil, os sambaquis são distribuídos 
por toda a costa, tendo chamado a atenção do europeu logo no início da colonização europeia 
do país, no século XVI. A diferença de hábitos culturais e alimentares levou à conclusão de 
que eram obra de uma sociedade distinta daquela dos Tupi-guarani, que então povoavam toda 
a região costeira do país. Estudosda professora Maria da Conceição Beltrão sugerem que os 
sambaquis tenham sido produzidos por povos que viveram na costa brasileira entre 8 mil e 2 
mil anos atrás (MAZIERO - 2018). 
 
O Sambaquis Garopaba do Sul é o maior depósito de conchas do mundo em extensão, 
com 30 metros de altura e 200 de diâmetro e mais de 3,7 mil anos. O Sambaqui de Cananéia, 
localizado na Ilha do Cardoso, em Cananéia, no litoral do Estado de São Paulo, é um dos mais 
antigos do Brasil, com cerca de 8 mil anos (QUINTO, 2018). 
 
A região de Guaratiba possui uma das maiores concentrações de sambaquis e sítios 
arqueológicos por metro quadrado do que qualquer outra parte da Cidade do Rio de Janeiro 
(SILVA, 2017) 
 
Um dos sambaquis mais famoso na costa da Baía de Sepetiba é o conhecido como 
Embratel e Zé Espinho, que têm respectivamente 2260 anos e 1180 anos em Pedra de 
Guaratiba que se situa entre as entre as praias da Brisa e Sepetiba, dentro do Centro 
Tecnológico do Exército. Este sambaqui já foi estudado por arqueólogos e antropólogos do 
Museu Nacional de História Natural da UFRJ e ficou famoso porque foram encontrados 
esqueletos assim como objetos feitos de pedra e chifres (CHARRA, 2018). 
 
Embora existam desde o Rio Grande do Sul até a Bahia, é no estado de Santa Catarina 
que os sambaquis são mais numerosos. Ali, há sambaquis que alcançam até 35 metros de 
altura, o que demonstra que deviam ocorrer condições extremamente favoráveis ao modo de 
 
23 
 
vida dos seus construtores. Embora sua cultura material de uso cotidiano seja bastante 
simples, no litoral meridional esses grupos produziram objetos cerimoniais em pedra e osso 
muito elaborados, com refinamento estético e sofisticação artística: os chamados zoólitos 
(MUSEU NACIONAL, 2018). 
 
O Museu do Sambaquis de Joinville, que fica na Rua Dona Francisca, 600 Centro em 
Santa Catarina é uma fonte de informação. O acervo original foi reunido por Guilherme 
Tiburtius, que pesquisou e juntou mais de doze mil peças, em suas buscas arqueológicas 
realizadas principalmente nos casqueiros existentes na região de Joinville. Reunindo-os, 
vendeu-os para o município em 1963. Em 1969, foi inaugurado o museu, em edifício 
provisório e em 1972, foi construído a sua sede definitiva (MUSEU ARQUEOLÓGICO DE 
SAMBAQUI, 2018). 
 
Na cidade de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, existe o Museu do Sambaquis 
da Beirada, com exposição de objetos e escavações. O museu localiza-se na Rua do 
Sambaquis, bairro de Barra Nova, Saquarema, RJ (MUSEU DO SAMBAQUI DA 
BEIRADA, 2018). 
 
Beltrão (1978) relatou que mais do que fornecer informações sobre os povos 
primitivos, os sambaquis podem revelar detalhes importantes e desconhecidos da fauna pré-
histórica. “Os sambaquis são um precioso material que guarda informações de elementos da 
fauna. A partir do estudo dos restos orgânicos coletados nesses locais, podemos interpretar os 
dados para saber qual era o tamanho dos peixes consumidos por esses povos, a região de 
origem desses animais, se eram de lagoa costeira ou de mar aberto, a história natural dessas 
espécies, com sua distribuição, seus hábitos de reprodução e de vida”. Um material 
arqueológico que motiva especialistas de outros campos da ciência e que nos traz novas 
questões. 
 
3.6 A ORGANIZAÇÃO TRABALHISTA: COLÔNIA DE PESCA DO BAIRRO DE PEDRA 
DE GUARATIBA 
 
Os Sindicatos surgiram no Brasil no final do século XIX, início do século XX, com a 
vinda dos imigrantes italianos espanhóis que já haviam passado pela experiência de 
organização sindical nos seus países. O Brasil estava no início de seu processo de 
industrialização e, junto com isso, começaram as lutas dos operários por melhores condições 
de trabalho e de vida. O início do século XX é marcado por intensas mobilizações sociais a 
nível internacional e o Brasil também passou por esse processo (STOTZ et al., 1981). 
 
 
24 
 
A Consolidação de Leis do Trabalho (CLT) ocorreu em 1943, com Getúlio Vargas que 
reconheceu legalmente os sindicatos pela CLT. Getúlio Vargas governou o Brasil de 1930 até 
1945, no início eleito com forte apoio popular e depois como ditadura militar. Getúlio foi 
novamente eleito em 1954 e morreu em 1956. Getúlio Vargas ficou conhecido como “Pai dos 
Pobres”, mas se falava que também era “Mãe dos Ricos”. A CLT foi publicada como decreto 
lei no. 5.452 em 01/05/1943 (PINTO, 1998). 
 
O Artigo 511 do Decreto Lei Federal nº 5.452 de 01 de Maio de 194 diz que é lícita a 
associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou 
profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores 
autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou 
profissão ou atividades ou profissões similares, é livre a organização sindical, em todo o 
território nacional, para fins de estudo, defesa e coordenação de interesses econômicos ou 
profissionais. (BRASIL, 1943). 
 
Mesmo assim, a lei era autoritária pois, só era permitido organizar sindicato com a 
autorização do Ministério do Trabalho, através de uma Carta Sindical. Então, quem era de 
oposição ao Governo ou aos grandes grupos econômicos não conseguia criar ou mesmo fazer 
uma Chapa de Oposição a um Sindicato, pois o Ministério podia intervir e nomear pessoas de 
sua confiança para a Diretoria. Temos de um lado os patrões e do outro, os trabalhadores, se 
organizando em Sindicatos para defender seus interesses econômicos e profissionais. As 
categorias profissionais são definidas por setor ou atividade econômica. 
 
Hoje, baseada na Lei 11.699 - A Colônia de Pescadores, a Federação Estadual dos 
Pescadores e a Confederação Nacional dos Pescadores detém a guarda e a representação do 
pescador artesanal (RAUPP, 2004). 
 
A Marinha do Brasil, preocupada com a segurança do litoral e dos grandes rios 
brasileiros, no período das guerras mundiais, resolveu ordenar a vigilância. Quem conhece 
bem o litoral e os rios são os pescadores. Então, o comandante Frederico Villar, depois de 
uma viagem de estudos aos Estados Unidos e Europa, sai do Rio de Janeiro no Cruzador José 
Bonifácio, criando as Colônias de Pesca. Isso aconteceu em 1919. Villar veio dividindo o 
litoral e os rios em “Zonas de Pesca”, combinando distância e número de pescadores. Então, 
onde havia em torno de 200 pescadores criava uma Colônia de Pesca. Por isso, as Colônias 
têm o “Z” - Colônia Z-1, Z-2 e assim por diante e, em cada estado começa de novo com Z-1. 
Porém, as Colônias não foram criadas como Sindicatos e sim como uma associação de 
pessoas ligadas à pesca, tanto que, no início, eram chamadas de Colônias de Pesca e não 
 
25 
 
Colônias de Pescadores. Na viagem de volta, Frederico Villar e outros oficiais elaboram o 
estatuto das Colônias e todo o sistema nacional de representação dos pescadores. Os militares 
tinham como objetivo principal organizar os pescadores para contribuir no sistema de defesa 
costeiro, mais do que para defender os interesses econômicos e sociais da categoria. No dia 1º 
de janeiro de 1923, foi assinado o Estatuto para as Colônias de Pesca, em forma de aviso, pela 
Marinha. As Colônias eram definidas como agrupamentos de pescadores ou agregados 
associativos (VILLAR, 1945). 
 
Até 1970 a Colônia de Pescadores foi controlada por agências do governo federal e os 
presidentes das Colônias, eram indicados pelos políticos municipais ou oficiais do Governo 
Federal. Nesse período, os Estatutos das Colônias eram aprovados por decreto do Ministério 
da Agricultura e estavam vinculados ao marco autoritário do período. Podiam ser sócias 
quaisquer pessoas ligadas a pesca: patrões de pesca, donos de fábricas de gelo, donos de 
frigoríficos,armadores, comerciantes de petrechos de pesca, funcionários de órgãos públicos 
ligados à pesca, pescadores amadores e pescadores artesanais. Cada um desses grupos tem 
seus interesses e são interesses diferentes e em alguns casos, totalmente opostos (DUARTE, 
2013). 
 
Se a quantidade de pescador-sócios na Capatazia for grande pode-se eleger também 
um Tesoureiro e um Secretário. São Funções das Capatazias ou Núcleos de Base (1) reunir 
periodicamente os sócios de sua área, para discutir os problemas e encaminhar soluções; (2) 
repassar informações das reuniões que o Capataz ou Coordenador participe e outras do 
interesse dos pescadores; (3) Cobrar as mensalidades; (4) encaminhar os sócios para receber 
benefícios na Sede; (5) associar novos pescadores; (6) as Capatazias podem ser criadas a 
partir de 20 pescadores. 
 
Se numa comunidade ou bairro houver menos de 20 pescador-sócios da Colônia, então 
se pode juntar duas ou mais comunidades e/ou bairros para chegar a esse número. O número 
de pescadores para criar uma Capatazia pode ser definido no Estatuto da Colônia. Então, 20 
pescadores é um número bom, mas pode-se definir um número menor ou maior no Estatuto. A 
Capatazia pode ser coordenada por um “capataz” ou coordenador, eleito pelos seus sócios. 
Funções do Coordenador da Capatazia: Reunir periodicamente os sócios de sua área, para 
discutir os problemas e encaminhar soluções; Repassar informações das reuniões que o 
Capataz ou coordenador participe e outras do interesse dos pescadores; Cobrar as 
mensalidades e repassar a parte da Colônia; Prestar contas dos recursos e outras atividades da 
Capatazia; Encaminhar os sócios para receber benefícios na Sede e; Associar novos 
 
26 
 
pescadores. Funções do Secretário da Capatazia: Elaborar as atas e outros documentos da 
capatazia; substituir o coordenador na sua falta; apoiar na preparação de documentos dos 
pescadores para receber benefícios (DUARTE, 2013). 
 
Em 1970 surge, em Pernambuco, o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), que 
capacita e organiza os pescadores. Inicia-se um processo de transformação das Colônias de 
Pescadores, com a conquista das diretorias das Colônias, que se espalha pelo Brasil, 
principalmente, no Norte e Nordeste. Esse trabalho ganha impulso nas lutas sociais contra a 
Ditadura Militar. Em 1979, em Santarém, na região do Baixo Amazonas, com apoio da 
Federação dos Órgãos de Assistência Social e Educacional (FASE), do Movimento de 
Educação de Base (MEB), ligado a Igreja Católica, surge um movimento de oposição à 
diretoria da Colônia de Pescadores Z-20. Ocupava a presidência da Colônia Z-20, desde 1971, 
um pecuarista, dirigente do Sindicato Rural Patronal de Santarém, possuidor de diversas 
fazendas no município. O movimento só obtém a vitória em 1982. A nova diretoria eleita 
propõe a defesa de nosso pescado; a autonomia da Colônia Z-20; garantir a vez e a voz dos 
pescadores nas Assembleias; associar novos pescadores e pescadoras; combater a pesca 
predatória; a Colônia Z-20 só para pescadores de verdade; os melhores preços para o pescado; 
organizar os pescadores para defesa dos seus direitos e interesses; prestação de contas das 
diretorias anteriores (50 ANOS DA PASTORAL DOS PESCADORES, 2013). 
 
Em 1985, com a eleição de Tancredo Neves a Presidência, os pescadores, com apoio 
da CPP e ONGs, criaram um Movimento que se chamou Constituinte da Pesca. Esse 
movimento tinha como principal objetivo articular os pescadores para garantir mudanças na 
legislação e a transformação das o Colônias de Pescadores em Sindicatos. Em 1988, no artigo 
8 da Constituição 10 Brasileira, finalmente, as Colônias são equiparadas aos Sindicatos de 
Trabalhadores Rurais (MORAES, 2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
4.1 A LOCALIDADE ESTUDADA 
 
O presente trabalho foi realizado no bairro de Pedra de Guaratiba (Latitude - 
22º,99’93’’ e Longitude -43º,63’99’’) localizado na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro. 
Foi feita pesquisa exploratória com questionários e fotografias como ferramenta que detalha o 
perfil e o comportamento dos entrevistados em Pedra de Guaratiba. 
 
 
4.2 MATERIAL HUMANO, DE APROXIMAÇÃO E METODOLOGIA APLICADA 
Entrevistas, fotografias e diálogos sobre identidade, memórias e patrimônio cultural 
 
 
4.2.1 - O registro dos bens materiais em Pedra de Guaratiba 
 
Para o registro dos bens materiais foram realizadas expedições aos locais onde 
estavam alocados os acidentes geográficos, arquitetônicos e orais da historicidade 
relacionando-a a linha do tempo, pelo conhecimento dos fatos que construíram a sociedade 
atual. Foram selecionadas algumas construções e que caracterizam o bairro Pedra de 
Guaratiba, conforme a afetividade e o grau de relacionamento dos habitantes e dos visitantes, 
organizado cronologicamente, a começar pelo homem pré-histórico com a sinalização da 
presença de um Sambaqui nesta região, o Rio Piraquê, a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, 
A Banda Deozílio Pinto, a Colônia de Pescadores Z-14 e a Praça do Rodo, conforme 
mostrado na Figura 1 (A, B, C, D, E e F) e Figura 2 (A, B, C e D). 
 
 
 
4.2.2 - O conhecimento da população sobre bens materiais 
 
 
Foram realizadas palestras com a população, visando esclarecer a denominação de 
bem material e a sua importância. A seleção dos entrevistados foi realizada de forma aleatória, 
em relação a faixa etária, gênero, grau de instrução e profissão. Foram entrevistadas 50 
pessoas entre a comunidade nativa, com a finalidade de verificar a relação entre a população e 
o patrimônio cultural local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Linha do Tempo dos bens construídos do bairro de Pedra de Guaratiba-RJ, a saber: 
(A) Sambaqui Zé Espinho, (300 ANE); (B) Rio Piraquê, (1628); (C) Igreja Nossa Senhora do 
Desterro (1628); (D) Prédio da Banda de Música Deozílio Pinto (1980); (E) Prédio da Colônia 
Fonte: a autora. 
 
A pesquisa teve aspectos exploratórios, iniciando-se com entrevistas informais sobre o 
conhecimento da população acerca da importância do patrimônio cultural e resgatando o que 
se tinha sobre a memória daquela civilização, principalmente dos conjuntos arquitetônicos na 
linha do tempo. 
Como instrumento de aproximação foi realizada palestra no principal ponto de 
encontro do bairro, a Praça do Rodo, esclarecendo sobre o patrimônio cultural e o 
 
 
 
29 
 
relacionamento da população com estes, com a finalidade de ampliar a visão dos 
moradores sobre a importância da preservação da memória material de uma localidade. 
 
Para levantamento de dados de campo foi elaborado questionário com 34 perguntas 
sobre os dados pessoais e o conhecimento sobre os bens materiais acoplado do termo de 
consentimento (Figura 3). As entrevistas tiveram por objetivo mostrar o entendimento da 
comunidade sobre os bens materiais, assim como a intensidade do reconhecimento destes 
ícones para a memória e, consequente comportamento da sociedade mediante o repasse destes 
valores, tanto para os que receberam as informações preliminares quanto aos que não 
participaram, sendo realizada de forma aleatória, 
 
Para a análise dos resultados da pesquisa quantitativa, visando melhor entendimento e 
compreensão sobre as respostas registradas, os dados das entrevistas foram plotados e 
analisados estatisticamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Linha do Tempo dos Bens Material do bairro de Pedra de Guaratiba-RJ,a saber: 
(A) Abrigo Evangélico, (1949); (B) Píer, (2004); (C) Fundação Angélica Goulart, (1989); 
(D) Arena Cultural Abelardo Barbosa, (2012). 
Fonte: a autora. 
 
 
 
 
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Figura 3 – Modelo do questionário com o termo de consentimento utilizado na coleta de 
dados para obtenção de informações junto a população do bairro Pedra de Guaratiba sobre o 
conhecimento de seus bens materiais. 
Fonte: a autora. 
 
 
 
 
32 
 
4.2.3 - Elaboração e materialização do espaço de memória local 
 
 
A população das periferias não possui oportunidades de conhecimento de valores da 
comunidade local e, portanto, não criam hábitos de observação da sua historicidade. Por isso 
da necessidade de se construir um espaço onde se discuta a aprenda a caminhada civilizatória 
do seu entorno. 
 
Para tanto, utilizou-se para a elaboração da maquete da proposta de um Espaço de 
Memória uma área de 360 m
2
 existente na praça principal do bairro de Pedra de Guaratiba, 
num ponto de encontro já existente e estabelecido pela população como um referencial de 
reuniões, com brinquedos para a população infantil, onde a comunidade expõem suas artes, de 
diferentes temas, mas de forma desorganizada e individualizada, sem critério de coletivo e 
sem registro de memórias afetivas e, ou, históricas. 
 
O espaço arquitetônico proposto deveria ter amplitude de visão para o exterior o que 
permitiria a visualização das manifestações culturais para todos os que habitantes, mesmo que 
sem estarem no contexto do evento. Por isso a escolha de tela nas paredes laterais. Assim 
como o registro de sua participação, de forma voluntária, num painel onde suas fotos estariam 
depositadas, demonstrando empoderamento do local pelos seus habitantes. 
 
O espaço das programações seria contínuo ao espaço lúdico, de forma a facilitar a 
criação do hábito de uma vivência cultural nas populações infanto-juvenis. 
 
 
 
 
4.2.4 - Elaboração de página virtual como ferramenta para o desenvolvimento 
sociocultural pelos bens materiais 
 
 
Foi elaborado uma página virtual, denominada de “Blog”, na Internet utilizando-se do 
BLOGSPOT, provedor da Google. Com esse instrumento midiático objetivou-se promover o 
desenvolvimento, através do Patrimônio Cultural Local, considerando toda singularidade 
presente. 
 
Buscou-se mobilizar a sociedade local criando uma ligação entre os protagonistas 
locais para o fortalecimento e a diversificação sociocultural e econômico local. Chamado de 
 
“PONTO DO SENTIDO”. 
 
 
4.2.5 – Elaboração de aplicativo (APP) de mobilização social baseado no 
patrimônio material para o desenvolvimento local. 
Foi elaborado um Aplicativo, utilizando-se o provedor denominado de “Fábrica de 
 
 
33 
 
Aplicativos”, cujo endereço virtual é o https://fabricadeaplicativos.com.br/, possibilitando a 
confecção e o acesso de forma gratuita, viabilizando a divulgação de conteúdos digitais, como 
no caso da proposta do presente trabalho, quando a intenção foi a de amplificar a participação 
da população local e dos visitantes sobre os bens materiais do bairro de Pedra de Guaratiba, 
enaltecendo a sua importância histórica e científica, visando a promoção de roteiros turísticos, 
educativos e de melhoria das políticas públicas voltadas para as populações periféricas no 
sentido de facilitar o seu acesso a sua história, levando ao conhecimento de suas origens e ao 
respeito aos ícones culturais, promovendo o entendimento do que seja um bem material para o 
seu desenvolvimento pessoal e coletivo. 
 
 
5. RESULTADO E DISCUSSÃO 
 
 
O desenvolvimento deste trabalho permitiu ampliar os conhecimentos sobre a “Linha 
do Tempo” (Figura 4) que forjou a sociedade do bairro de Pedra de Guaratiba, desde os 
primórdios até os dias atuais. Estes achados permitirão que se entenda a importância do 
estudo dos Bens Materiais, como símbolo de referência para a Ciência, Cultura e Economia de 
uma civilização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 4 - Linha do tempo do bairro de Pedra de Guaratiba na Cidade do Rio de Janeiro 
da pré-história até o século XXI. 
 
 
 
300 A.C - SAMBAQUIS 
 
O homem pré-histórico deixou suas marcas aqui com os sambaquis, segundo estudos 
das professoras Beltrão, Kneip em 1980, foi constatado que nesse local existe há 
aproximadamente 2.260 anos. O mais famoso é o Embratel e Zé espinho. 
 
1579 - SESMARIA GUARATIBA 
 
Foi em 3 de março de 1579, que Manoel Veloso Espinha recebeu do rei de Portugal 
por Carta pelas mãos do Cardeal D. Henrique na capitania de São Vicente, a terra denominada 
Guaratiba pelos índios Tupinambás. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
1628 - RIO PIRAQUÊ COMO MARCO DIVISÓRIO 
 
Em 27 de abril de 1628, os irmãos Manoel Veloso Espinha Filho e Jerônimo Veloso 
Cubas, decidem dividir as terras herdadas do pai em duas partes. Manoel fica com a parte 
leste Barra de Guaratiba e Jerônimo fica com a parte norte Pedra de Guaratiba. 
 
1628 - CAPELA NOSSA SENHORA DO DESTERRO 
 
A igreja foi edificada no século em 1628 por Jerônimo Vellozo Cubas e sua mulher 
Beatriz Álvaro Gago. Em 1750 sofreu uma reforma feita por Frei Francisco Quintanilha. No 
século XIX uma na nova obra foi efetuada, em virtude do casamento da filha do fazendeiro 
Vicente Álvares Ribeiro. Também neste último século teve sua fachada decorada com 
azulejos assemelhados aos da Lapa do Desterro, no Rio de Janeiro. Tombada pelo IPHAN em 
21 de julho de 1938. 
 
1870 - ASSOCIAÇÃO MUSICAL DEOZÍLIO PINTO 
 
Em 10 de março de 1870, mestre Fabrício veio à Pedra de Guaratiba junto com um 
Circo de Cavalinhos. E depois que o tal circo levantou acampamento, juntou ao seu grupo 
alguns músicos já existentes na comunidade e organizou a primeira banda de música que se 
mantém ativa na região. Deozílio Manoel Pinto, que deu nome à banda, assumiria a direção 
em 1905. Em 1947, seu filho Nestor Manoel Pinto assumiu a direção musical, defendendo a 
instalação de uma sede própria, construída no início da década de 1980 na Pedra, onde está até 
hoje. Em 2007, passou a ser considerada Patrimônio Cultural do Estado. 
 
1908 - COLÔNIA DOS PESCADORES Z-14 
 
Suas primeiras matrículas foram realizadas em 1908 quando esteve aqui o rebocador 
da Marinha com o nome de Onze de junho. Sob o comando do suboficial Celso Romero. Esse 
rebocador permaneceu ancorado nesse lugar durante uma semana a fim de atender os 
pescadores da Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Sepetiba. Seu primeiro presidente foi 
o Sr. João Geraldo da Silva. um dos primeiros a se registrar. A colônia teve outras 
denominações: Z 18, Z 08, Z 14 em 1976, que permanece até hoje. 
 
1917 - PRAÇA DR. RAUL CAPELLO BARROSO - PRAÇA DO RODO 
 
A vida cultural nos dias atuais acontece também na Praça Doutor Raul Capello 
Barroso, mais conhecida como a “Praça do Rodo”, por ter sido o local de retorno dos bondes. 
A Companhia de Bondes Elétricos de Campo Grande a Guaratiba passou a operar em 
 
 
36 
 
17/5/1917 a primeira linha de bondes elétricos, de 17 km, da estação ferroviária até Pedra 
de Guaratiba(BONDES DO BRASIL, 2018). 
 
1949 - ABRIGO EVANGÉLICO PEDRA DE GUARATIBA 
 
Essa instituição tem como objetivo a assistência, em regime de abrigo, de crianças de 
ambos os sexos, em situação de abandono, negligência, risco nutricional e social, trazidas pelo 
juizado da 2ª Vara da Infância e da Juventude e Conselhos Tutelares da Zona Oeste. 
Inaugurada em 21 de abril de 1949. 
 
2004 - PIER DA PEDRA DE GUARATIBA 
 
O Pier da Pedra de Guaratiba - Um deque com cinco mil metros quadrados, todo em 
madeira, um espaço de lazer encantador criado em 09/12/2004 é um ponto de referência e de 
afeto dos visitantes. 
 
1989 - FUNDAÇÃO XUXA MENEGHEL/ANGÉLICA GOULART 
 
Em 12 de outubro de 1989, a Fundação Xuxa Meneghel, foi inaugurada em Pedra de 
Guaratiba, modificando a vida de várias famílias carentes, à partir de 2017, passou a ser 
patrocinada pela Prefeitura e recebeu o nome de Fundação Angélica Goulart, sua antiga 
diretora que faleceu em 13 de julho de 2016. 
 
2012 - ARENA ABELARDO BARBOSA 
 
A Arena Cultural Abelardo Barbosa (Chacrinha) inaugurada em 12 de setembro de 
2012. Um espaço alternativo que trouxe mais cultura para o local, O edifício principal tem 
espaço múltiplo de espetáculos com capacidade para 330 lugares. A área externa permite ao 
público assistir espetáculos realizados no palco externo da Arena. 
 
2018 - PROPOSTA DE UM ESPAÇO DE MEMÓRIA 
 
Uma proposta que visa aproximar os protagonista locais da comunidade e dos 
visitantes, com ações afirmativas, buscando desenvolvimento cultural, através da educação 
lúdica. 
 
 
5.1 – O SAMBAQUI DO ZÉ ESPINHO E O DA EMBRATEL 
 
Os Sítios Arqueológicos são característicos da Costa Americana e estão também 
presentes na região do bairro de Pedra de Guaratiba, como o Sambaqui da Embratel e o do Zé 
Espinho (Figura 5 A e B), localizados, respectivamente, na Área de Proteção Ambiental 
 
37 
 
(APA) da Brisa e no Centro Tecnológico do Exército Brasileiro (CTEX), datando de 2260 
e 1180 anos, respectivamente. 
 
Neste estudo pode-se observar que apesar de existir uma demarcação precária com 
cercas de madeira, delimitando a área dos Sambaquis, estes encontram-se desprotegidos e 
desprezados pelo poder público, uma vez que sua preservação ainda está garantida por estar 
localizado no interior do CTEX. Contudo, um achado desta importância deveria fazer parte 
de, no mínimo, um roteiro turístico-educacional, gerando cultura e renda para a população 
local, como acontece com outros Sítios Arqueológicos internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – (A) Aspecto do Sambaqui EMBRATEL localizado no Centro de Tecnologia do 
Exército Brasileiro (CTEX; (B), Sambaqui Zé Espinho localizado na APA da Brisa, na região 
do bairro de Pedra de Guaratiba na Cidade do Rio de Janeiro. Detalhe das conchas (○). 
 
Fonte: a autora. 
 
5.2 – SITUAÇÃO ATUAL DO RIO PIRAQUÊ O MARCO DIVISÓRIO DA SESMARIA 
GUARATIBA 
 
O símbolo do Marco Divisório entre o bairro da Barra de Guaratiba com o da Pedra de 
Guaratiba, o rio Piraquê, antes de águas claras e piscícolas, hoje se apresenta como um esgoto 
a céu aberto, devido ao despejo de dejetos “in natura”, diariamente, pela falta de saneamento 
básico, devido à população que invadiu as suas margens e formou a “Comunidade do 
Piraquê” sem a mínima infraestrutura. Este rio passou a ser um veículo de transmissão de 
doenças, sendo ignorado pelas autoridades públicas (Figura 6). 
 
Infelizmente é mais um ícone da história da Cidade do Rio de Janeiro e mais 
precisamente do bairro de Pedra de Guaratiba que é negligenciado e influencia negativamente 
na qualidade de vida daquela população. Este corpo hídrico poderia estar sendo mais um 
roteiro turístico com passeios pelos mangues daquela região, como é amplamente divulgado 
por outras cidades litorâneas que geram cultura e renda com seus cortes geográficos. 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 – Aspecto do rio Piraquê, marco divisório entre os bairros de Barra de Guaratiba e 
Pedra de Guaratiba na Cidade do Rio de Janeiro, recebendo carga de esgoto (○) da 
comunidade que se formou em suas margens (A). Esgoto sem tratamento (B), Comunidade 
Piraquê (C), (D). Fonte: a autora. 
 
 
5.3 HISTÓRIA E SITUAÇÃO ATUAL DO BEM MATERIAL “CAPELA NOSSA 
SENHORA DO DESTERRO“ ORIGINADA NO SÉCULO XVII 
 
 
Foi observado no presente estudo pouca informação sobre o mais antigo do conjunto 
 
arquitetônico do bairro da Pedra de Guaratiba, a Capela de Nossa Senhora do Desterro, 
 
tombada pelo IPHAN em 21 de julho de 1938, foi inaugurada em 1628, sendo reformada e 
 
restaurada desde o final do século XVII, 1750, início do século XIX e em 2003. Seus azulejos 
 
de origem francesa, estampilhados com decoração azul sobre fundo branco, encontram-se 
 
deteriorados e as paredes externas com grande área descobertas destas peças.com espaços 
 
(Figura 7A, B, C e D). 
 
A parte interna da capela está preservada com o altar mor preservado (Figura 7 E), 
 
uma pia batismal de concreto com pintura à óleo de São João Batista batizando Jesus Cristo e 
 
logo acima uma estátua de gesso da sagrada família simbolizando o desterro (Figura 7 D), que 
 
seriam procedentes da Fazenda dos Padres Carmelitas, há também uma escada espiralada em 
 
39 
 
madeira de acesso ao coro e na nave, uma porta dando para o exterior. Segundo entrevistas 
com moradores do bairro de Pedra de Guaratiba, estes confirmam a memória imaterial, 
transmitida por gerações, que reforça os estudos de Vasques (1939) quando comentou que a 
Capela Nossa Senhora do Desterro foi construída a pedido de uma índia que morava com o 
casal de fazendeiros Jerônimo Velloso Cubas e sua esposa, Beatriz Alves Gago. 
 
Os rastros de memória indicam que o casal possuía em sua companhia uma índia 
muito idosa, cega e doente. Certa manhã a índia disse aos seus patrões que Nossa Senhora 
havia pedido que erguessem uma igreja à beira da praia, num lugar onde havia muitos 
craveiros. O casal, porém, não acreditou e certo dia a tal índia amanheceu relatando que Nossa 
Senhora havia lhe restituído a visão e a saúde para que seu pedido fosse atendido. 
Convencidos, foram imediatamente para a beira da praia até que acharam o lugar indicado, 
com uma grande quantidade de craveiros. Entre eles havia um com um lindo pendão com três 
cravos, o qual foi colocado entre as mãos da virgem Maria. Estas flores permaneceram vivas 
durante anos como na hora em que foram colhidas. 
 
As permanências de memória, coletadas nas entrevistas, repassam ainda que, passados 
alguns anos, os religiosos do Carmo quiseram mudar a Capela para frente do convento onde 
residiam. Iniciando a obra, tudo quanto se trabalhava durante o dia, quando amanhecia, se 
achava destruído como se tal obra não tivesse começado. Assim sendo perceberam que Nossa 
Senhora não queria que sua Igreja fosse mudada do local onde até hoje permanece. 
 
O teto. em abóbada de berço, é decorado com pinturas florais ingênuas em cores 
fortes, o piso em ladrilho hidráulico é do século passado (Figura 7F). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 7 – Aspecto da parte externa (A, B, C) e interna (D, E, F) da Capela de Nossa Senhora 
do Desterro, o mais antigo Patrimônio Material do bairro de Pedra de Guaratiba na Cidade do 
Rio de Janeiro. 
 
Fonte: a autora. 
 
 
Não existe nenhum programa de visita guiada para este acervo arquitetônico, assim 
como um roteiro turístico que o inclua.

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