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RESUMO ECON

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Modelo Cafeicultor
A centralização da economia brasileira para o café nos século XIX provocou um grande impulso econômico do país, contribuiu para a transição da mão de obra escrava para a mão de obra assalariada. Esse modelo se esgotou ao longo dos anos 20. Seu colapso se deu em 1930. O modelo era vulnerável já que dependia da exportação de um único produto primário e ainda era subordinado ao financiamento externo, o processo de urbanização (resultado da intensificação do comércio exterior) não era acompanhado por um avanço da industrialização, resultando em desemprego e inflação. A industrialização era bloqueada por conta do livre comércio com a Inglaterra que abria nossas fronteiras para os produtos industriais ingleses, inviabilizando a indústria no país; a política de valorização do café deslocava quase todos os capitais para esse setor; a concentração fundiária limitava o desenvolvimento do mercado interno para produtos industriais; os cafeicultores eram hostis à indústria.
Crise de 1929 e o Estrangulamento Externo
Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento. As indústrias dos EUA produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente, para os países europeus. Em 1920 começou uma diminuição das exportações para a Europa e com isso as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações.
Em outubro de 1929, percebendo a desvalorizando das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Pessoas muito ricas passaram, da noite para o dia, para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores.
Quando se deu a Grande Depressão, a economia brasileira já estava fragilizada, decorrente do estancamento das exportações de café desde meados dos anos 1920. Ao mesmo tempo em que diminuíam as divisas externas, aumentavam os encargos da dívida externa, contraída para financiar os estoques do produto, além do país ser inundado com produtos industriais importados. Com isso, ocorreu o “estrangulamento externo”. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. 
A crise teve dois efeitos imediatos na economia brasileira: os preços dos produtos primários caíram violentamente, acarretando em queda nas exportações dos países que dependiam desse mercado; e tornaram-se escassos os créditos externos que financiavam a retenção dos estoques de café. Produziu-se uma forte crise cambial. Enquanto as exportações caíam, havia pressão pelo aumento da importação de produtos industriais para abastecer o mercado interno (gerando déficit comercial). Caía a entrada de divisas estrangeiras e cresciam os compromissos internacionais do país (estrangulamento). Para cumprir esses compromissos, o país recorreu às reservas cambiais, mas elas acabaram rapidamente.
Ao cair a renda proveniente da exportação de café, o setor reduzia os pagamentos de salários e as compras no mercado interno. Com isso, o comércio local reduzia seus negócios e a indústria nascente reduzia a produção e o emprego (encolhimento). Por outro lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira.
Crise Cambial
Mais importações de máquinas e menos exportações em função da crise do café.
 
Era Vargas (1930-1945)
Programa Econômico Social da Revolução de 1930
A representação popular pelo voto secreto, anistia aos insurgentes do movimento tenentista na década de 1920, reformas trabalhistas, a autonomia do setor Judiciário e a adoção de medidas protecionistas aos produtos nacionais para além do café.
Enfrentamento da Crise Cambial
Para enfrentar os problemas do balanço de pagamentos, foram adotas as seguintes medidas: suspensão de parte dos pagamentos da dívida externa e negociação; controle cambial; desvalorização da moeda nacional (produtos importados mais caros); elevação das tarifas de importação. Resultado: queda nas importações. Como elas caíram mais que as exportações, houve um superávit comercial. Mesmo assim, os encargos da dívida externa e as remessas de lucros para o exterior comprometiam as contas externas, por isso a suspensão dos pagamentos. ~ler folha dada em aula~
 
Defesa da Demanda Agregada e do Emprego
Teve como sustentação a nova política de defesa do café. Criação do Conselho Nacional do Café (governo passa a assumir diretamente o comando da política de defesa do café); ao invés de tentar aumentar o preço do café, o governo se limitou a tentar impedir que o preço continuasse caindo; os recursos para compra dos excedentes, ao invés de serem externos, passaram a ser proporcionados pelo governo através de emissões monetárias que alavancavam crédito; destruição dos estoques acumulados; política de progressiva substituição da atividade cafeeira por outras atividades econômicas, sobretudo a industrial (produziu os resultados esperados). A compra e a destruição dos excedentes mantinham a renda e o emprego no setor cafeeiro, viabilizando sua demanda junto aos demais setores.
 
Deslocamento do Eixo Dinâmico
Reorientação da economia nacional, a qual transitou de um modelo agroexportador para um urbano-industrial. Já haviam ocorrido alguns surtos industriais, mas nenhum se consolidou. A industrialização brasileira é conhecida por substituição de importações porque passou a produzir internamente os produtos antes importados.
Simonsen x Gudin: enquanto o primeiro defendia a industrialização, o segundo defendia uma suposta vocação agrícola da economia brasileira. Na época, triunfaram as ideias de Simonsen, que pregava o protecionismo e a ação do Estado na economia.
Confisco cambial: transferência via câmbio de renda do café para a indústria.
 
Indústria de Base e Mercado Interno: pilares da industrialização
Foi a industrialização que alavancou o crescimento da economia, e contou com dois pilares fundamentais: a implementação da indústria de base e a dinamização do mercado interno. A partir de 1942, iniciou-se a construção da primeira siderúrgica estatal brasileira – Usina de Volta Redonda, da Companhia Siderúrgica Nacional. Com a decisão de participar da Segunda Guerra, o Brasil negociou com os EUA par obter apoio financeiro e técnico para construir a usina siderúrgica, em troca de um espaço para base aeronaval em Natal (RN). Na mesma época, o governo criou a Companhia Vale do Rio Doce.
Com a legislação trabalhista, ao proteger e valorizar o trabalho, houve a melhoria de compra dos trabalhadores, o que dinamizou o mercado interno. Ministério do Trabalho, lei da sindicalização, Previdência Social, jornada de 8 horas, salário mínimo, descanso semanal, férias, licença-gestante remunerados, proteção ao trabalho do menor, etc.
 
Obstáculos
O primeiro obstáculo originou-se dos setores sociais que se beneficiavam da economia agroexportadora, sobretudo os cafeicultores paulistas, chegando a promover um levante armado (Revolução Constitucionalista). Mais tarde, foi feito outro levante por setores que queriam fazer as mudanças, mas estavam insatisfeitos com seu ritmo. Esses setores se organizaram na Aliança Nacional Libertadora (ANL), liderada por Luiz Carlos Prestes.
Quando seu mandato acabou (1938), Getúlio suspendeu as eleições e começou a implantar o Estado Novo, adotando um conjunto de medidas de caráter econômico e social: suspensão do pagamento dos juros e amortizações da dívida externa (pagamentos haviam retornado em 1934); suspensão do sistema de valorização artificial do café (compra e queima); implantação da indústria de base; ampliaçãodas atribuições do Conselho Federal de Comércio Exterior; aceleração da adoção de medidas trabalhistas.
O Estado Novo durou até 1945, quando Getúlio convocou, para o ano seguinte, eleições gerais e para uma Assembleia Nacional Constituinte. Para disputá-las, formaram-se a União Democrática Nacional (UDN) – opositores ao getulismo, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – apoiadores do getulismo, o Partido Social Democrata (PSD) – oscilava entre os dois, e o Partido Comunista (PCB)
A UDN pressionava para que as eleições ocorressem sem Getúlio no poder (acreditavam no seu interesse em continuar no poder), e o PTB, PCB e parcelas do PSD defendia que ocorressem com Getúlio no poder. Com isso, criaram o “Movimento Queremista”.
 
Governo Dutra (1946-1951)
Em 1946 foi eleito o candidato apoiado por Getúlio, o marechal Eurico Gaspar Dutra (PSD). Getúlio elegeu-se senador por SP e RS e a deputado federal por 9 estados. Dutra alterou aspectos fundamentais do programa de Getúlio: não concedeu ajuste no salário mínimo e comprometeu as reservas cambiais, além de aumentar a quantidade de importação, gerando desequilíbrio externo.
Com isso, a partir de 1947, o governo agiu para conter as importações e corrigir o desequilíbrio, optando por introduzir uma série de controles seletivos de importação, o que significou a redução relativa das importações de manufaturas acabadas de consumo e o aumento das importações de bens de capital e matérias-primas (preços relativamente baixos), favorecendo o setor industrial. Com isso, houve intensificação da industrialização.
- Fechamento de sindicatos e prisão de sindicalistas que faziam oposição ao governo;
- Criação da Escola Superior de Guerra voltada para a formação de oficiais militares;
- Criação de incentivos que favoreceu a instalação no país de grandes empresas estrangeiras;
- Criou o Plano SALTE (focado nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e Energia). Com falta de recursos para investimentos, poucas ações do plano viraram realidade;
- Construção da rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro (atual rodovia Presidente Dutra). Construção da rodovia ligando a Bahia ao Rio de Janeiro;
- Durante seu governo foi criado o Estatuto do Petróleo, voltado para a criação de refinarias e aquisição de navios petroleiros;
Sendo um mercado consumidor de grande interesse, o Brasil absorveu uma significativa quantidade de bens de consumo, principalmente dos Estados Unidos. Em pouco tempo, as reservas cambiais do país foram diminuindo, a indústria nacional desacelerou e a dívida externa voltou a crescer.
 
Plano SALTE
Na saúde, o Plano Salte pretendia, abrangendo a Campanha Nacional de Saúde, elevar o nível sanitário da população, sobretudo a rural.
Na área dos transportes, o plano delineava um programa baseado nos planos ferroviários e rodoviários já existentes, e contemplava ainda o reaparelhamento dos portos, a melhoria das condições de navegabilidade dos rios, o aparelhamento da frota marítima e a construção de oleodutos.
A parte dedicada à energia era a mais densa e abundante do Plano Salte. A maioria das iniciativas relacionadas com a exploração da energia elétrica seria financiada pelo capital privado, inclusive estrangeiro, reservando-se o governo uma posição reflexa de amparo e de estímulo às empresas concessionárias. Foram adotadas as conclusões e recomendações gerais do Plano Nacional de Eletrificação, elaborado por uma comissão especial instituída em 1944.
Quanto ao petróleo, era prevista uma pesquisa intensiva em extensa área, a aquisição de material necessário à perfuração de poços, a aquisição e montagem de refinarias para a produção diária de 45.000 barris, além da ampliação da capacidade da refinaria de Mataripe, e a aquisição de 15 petroleiros de 15.000 toneladas cada um, que viriam a constituir a Frota Nacional de Petroleiros (Fronape).
Segundo governo Vargas e o Debate Nacionalista (1951-1954)
Getúlio Vargas, defensor do nacionalismo econômico, considerava que o capital estrangeiro estava associado a interesses que poderiam ser incompatíveis com as aspirações nacionais, criando uma situação de dependência que considerava incompatível com o progresso do país.
Entre as principais medidas por ele tomadas, podemos destacar a criação de duas grandes estatais do setor energético: a Petrobrás, que viria a controlar toda atividade de prospecção e refino de petróleo no país; e a Eletrobrás, empresa responsável pela geração e distribuição de energia elétrica. Além disso, Vargas convocou João Goulart para assumir o Ministério do Trabalho. Em um período de intensa atividade grevista, João Goulart defendeu um reajuste salarial de 100%. Todas essas medidas tinham forte tendência nacionalista e foram recebidas com tamanho desagrado pelas elites e setores do oficialato nacional.
 
Café Filho: Reformas e tentativa de estabilização (1954-1955)
Adotou uma política econômica de caráter liberal. Buscou reduzir os gastos públicos como forma de combater as dificuldades econômicas pelas quais o Brasil passava naquele momento. 
 
Os anos JK e o Plano de Metas (1956-1961)
 
Plano de Metas 
No começo de seu governo, JK apresentou ao povo brasileiro o seu Plano de Metas, cujo lema era “cinquenta anos em cinco”. Pretendia desenvolver o país cinquenta anos em apenas cinco de governo. O plano consistia no investimento em áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico, principalmente, infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria. O governo isentou as multinacionais de pagar impostos por 10 anos pra incentivar investimentos. Nessa época a Volkswagen se instalou no Brasil. O plano não funcionou tão bem e a dívida externa foi pra 4 bilhões, mas teve impactos positivos na economia em geral.
 
Desenvolvimento Industrial 
Foi na área do desenvolvimento industrial que JK teve maior êxito. Ele abriu a economia para o capital internacional e, desta forma, atraiu o investimento de grandes empresas. Foi no governo JK, que entraram no país grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen, Willys e GM (General Motors). Estas indústrias instalaram suas filiais na região sudeste do Brasil, principalmente, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC (Santo André, São Caetano e São Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região, atraindo trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas, de suas regiões, para as grandes cidades do Sudeste.
 
Construção de Brasília: a nova capital
Além do desenvolvimento do Sudeste, a região Centro-Oeste também cresceu e atraiu um grande número de migrantes nordestinos. A grande obra de JK foi a construção de Brasília, a nova capital do Brasil. Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar o centro das decisões políticas de uma região densamente povoada. Com capital oriundo de empréstimos internacionais, JK conseguiu finalizar e inaugurar Brasília, em 21 de abril de 1960.
 
Balanço do Governo JK 
A política econômica desenvolvimentista de Juscelino apresentou pontos positivos e negativos para o nosso país. A entrada de multinacionais gerou empregos; porém, deixou nosso país mais dependente do capital externo. Os investimentos concentrados na industrialização deixaram de lado a zona rural, prejudicando o trabalhador do campo e a produção agrícola. O país ganhou uma nova capital, porém a dívida externa, contraída para esta obra, aumentou significativamente. A migração e o êxodo rural descontrolados fizeram aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes capitais do sudeste do país.

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