Buscar

Aula 4 - Pigmentações e calcificações patológicas

Prévia do material em texto

Aula pigmentos e calcificação
Pigmentos são substancias endógenas ou exógenas que ocorrem em alguns tecidos e tem cor própria. Eles podem ser normais ou patológicos
Pigmentos exógenos: formados fora do organismo como, por exemplo, tatuagens na via cutânea, aumento de caroteno na corrente sanguínea pela via digestiva devido a alimentação (feno de trevo, milho)
Adipoxantose importante diferenciar de icterícia: a adipoxantose não cora de amarelo capsula articular, intima dos vasos e a mucosa. Já a icterícia vai fazer isso. A adipoxantose cora tecido adiposo e o fígado. 
Como diferenciar? Teste usando agua e éter. Quando se coloca o fragmento na agua e ele corar de amarelo é icterícia. Se colocado no éter e ele fica corado de amarelo é adipoxantose. Mas lembrando de que o mais fácil é visualização nos locais já descritos como capsulas articular, intima dos vasos...
Continuando os pigmentos de via digestiva: tetraciclina. A tetraciclina quando administrada em animais jovens ou durante a gestação, ela vai ocorrer um deposito na dentina e no esmalte dos animais. Vai surgir um pigmento amarelo ou acastanhado. Em humanos é bem comum. Sempre correlacionar com o histórico desse animal. A tetraciclina é utilizada em muitos experimentos que visualizam o crescimento dos animais como um marcador no osso. 
Pigmentos exógenos de via respiratória: Pneumoconioses. É a inalação de compostos presentes em poeiras minerais ou orgânicas que atravessam o muco ciliar, passam pela proteção e vão para o sistema respiratório. Podem-se visualizar esses compostos no pulmão e nos linfonodos que drenam esse sistema. É comum em cães. 
Tipos de pigmentos: Antracose causada por carbono ou fuligem (importante na medicina veterinária), silicose causada pela sílica que predispõe tuberculose principalmente me humanos, asbestose que esta relacionada a aspiração de amianto e predispõe o câncer, calcinose que esta relacionada a aspiração de cálcio, cuprose aos sais de cobre e siderose relacionada ao ferro. Esses pigmentos dentro do pulmão induzem a inflamação crônica destrutiva no tecido pulmonar e alteram a cor do pulmão. A antracnose pode ser que não cause nada. Eles podem conduzir a uma insuficiência respiratória ou cancer como é o caso da asbestose em humanos. Também podem lesar ou matar macrófagos durante a fagocitose e induzem a fibrose
Antracose: é basicamente a inalação de compostos de carvão. Acomete animais que trabalham próximos a mina de carvão, bovinos ou outros animais que pastam próximo a estrada de ferro e cães e gatos que vivem em cidades muito poluídas, assim como quando convivem com fumantes. Antracnose também acontece em humanos que fumam. É importante lembrar que raramente ela tem importância clinica, na maioria das vezes esta só fazendo o pigmento no pulmão. É importante fazer o diagnostico diferencial. 
Macroscopicamente: pequenos pontos enegrecidos dispersos pela superfície do parênquima pulmonar e nos linfonodos que estão drenando o pulmão (como os mediastinicos)
Microscopicamente: grânulos enegrecidos nos alvéolos, septos interalveolares e no interior dos macrófagos. 
Na maioria das vezes o animal vive tranquilamente sem nenhum problema clinico. Porem é muito comum de se encontrar em necropsia. 
Pigmentos endógenos: produzidos pelo corpo. Um dos principais é a melanina. Ela tem função de proteger contra os raios ultravioleta, é responsável pela cor da pele, pelos, cor do olho. Ela é secretada pelos melanócitos. A melanina é formada através da oxidação da tirosina, para ter tirosina a gente precisa da tirosinase. A tirosinase é dependente do cobre, então se há uma deficiência em cobre não haverá tirosinase, logo pode haver problemas relacionados ao pigmento da melanina. Por isso que ovinos e bovinos com deficiência de cobre tem despigmentação do pelo (despigmentação na área dos olhos por ex)
Quando há a deficiência de cobre, por falta da tirosinase ocorre a hemossiderose que é o deposito da hemossiderina (deposição de ferro não contido no organismo) nos tecidos. Nos linfonodos em animais com deficiência de cobre, terá um pigmento marrom acastanhado dentro dos linfonodos que é indicativo da deficiência. (eu acho que não tem nada a ver com cobre porq a hemossiderina se trata de ferro em quantidade depositado nos tecidos quando há uma degradação das hemácias, mas se ela falou ta falado ne mores...)
Lesões relacionadas à melanina: como ocorrem? Quando encontradas em locais e em quantidades que não são consideradas normais para a espécie em questão. 
MELANOSE MACULOSA: presença da melanina onde normalmente não encontramos, mas isso não quer dizer que seja patológico. Pode haver a presença sem causar nenhum efeito maléfico. Não há hiperplasia, mas sim um aumento na produção de melanina pelos melanócitos já existentes. Ocorre em ovinos, bovinos, suínos, cães, gatos... Essa presença de melanina concentrada pode haver reabsorção, não há comprometimento clinico porem mesmo assim é aconselhável fazer o diagnostico diferencial. Geralmente é um achado de matadouro ou necropsia onde os órgãos afetados geralmente são condenados por razões estéticas. Onde é encontrada no organismo? Nas serosas (pleura, peritônio, meninges, pericárdio, endocárdio, capsula do fígado, intima da aorta), nas mucosas (traqueal, uterina, intestinal). 
MELANOMAS: podem ser melanóticos e amelanóticos, são tumores comuns e podem ser malignos ou benignos e tem o prognóstico na maioria das vezes desfavorável. Ocorre em muitos tecidos. Em cães, equinos e suínos tem uma tendência maior de ser encontrado em pele, corpo e olhos. Em equinos tordilhos tem uma tendência muito grande em se formar na base da cauda (cresce muito rápido e pode fazer obstrução do ânus, faz metástase. A maioria é acometida por conta da radiação solar que esta incidindo na pele). Podem ser amelanóticos e com pouca ou nenhuma melanina pela falta de diferenciação.
Melanose é diferente de melanoma. Melanose são as manchas enegrecidas que não tem importância clinica, melanoma pode ser benigno ou maligno, pode ser melanótico ou amelanótico e tem importância clinica. 
HIPOMELANOSE FOCAL: quando se tem um animal com pigmentação cutânea reduzida. Maior parte branca e alguns pigmentos enegrecidos. 
ALBINISMO: é basicamente uma deficiência genética na síntese de tirosina e com isso não há a produção da melanina e o animal fica branco. Sem proteção. O animal fica predisposto a radiação solar. 
VITILIGO: destruição autoimune progressiva dos melanócitos. Normalmente ela não consegue ser parada. A despigmentação ocorre progressivamente. Não é comum, mas pode acometer equino. Problema congênito. 
LEUCODERMA: É uma doença comum em búfalos, é encontrada no Pará. Ocorre a perda gradual da melanina que resulta em manchas na pele. Diferente do vitiligo, a leucoderma consegue regredir. Os animais conseguem voltar a ter o pigmento na pele; é reversível. 
Pigmentos derivados da hemoglobina: A transferrina carrega quatro moléculas de ferro que vão para o fígado e vão ser armazenadas na medula óssea. Quando se tem excesso de ferro na corrente sanguínea, pode ser por hemólise, absorção intestinal, se tem a transferrina carregando o excesso de ferro que sobre carrega o fígado, o ferro disponível armazenado no fígado fica na forma de ferritina que é facilmente aproveitado. Porem quando se tem um aumento muito grande nesse armazenamento de ferro, ocorre uma lesão. Então o excesso de ferro vai causar lesão relacionada ao fígado e outras... 
HEMOSSIDEROSE: aumento grande do armazenamento de ferro estável no fígado que chega a constituir uma lesão. É um achado comum. Pode se acumular devida a excessiva destruição de hemácias ou excessiva absorção intestinal de ferro. A importância desse achado vai variar com a quantidade e a localização dessa lesão. Em excesso no baço e fígado vai indicar doenças hemolíticas como anemia hemolítica, babesiose, anaplasmose, AIE. Na macroscopia podem-se encontrar gotículas amarelo douradas ou marrons douradas próximas aos lugares afetados. 
ICTERíCIA:acumulo de bilirrubina no plasma. Encontramos a coloração amarelada nos tecidos por bilirrubina e isso vai ser o resultado do desequilíbrio entre produção e/ou excreção da bilirrubina. O que pode levar a icterícia? Produção excessiva como em doenças hemolíticas, conjugação prejudicada ou ausente nos hepatócitos (necrose, por exemplo), redução na captação do plasma pelos hepatócitos e uma necrose hepática. 
Macroscopia: coloração amarela na esclera do globo ocular, no gato normalmente aparece primeiro no palato, mucosas, válvulas cardíacas, intima dos vasos, capsulas articulares (adipoxantose não faz nada disso)
Icterícia pré hepática: ocorre quando há uma crise hemolítica e acontece com a bilirrubina não conjugada; quando alguma coisa prejudica a conjugação da bilirrubina. É normal em episódios hemolíticos agudos com hemólise intravascular e excessiva destruição dos eritrócitos na corrente circulatória. Geralmente ocorre hemoglunuria em hematozoarios como anaplasma e babesia, bactérias hemolíticas como a leptospira, AIE e intoxicação por cobre. 
Icterícia hepática: causada pela lesão hepato celular que é uma lesão direta nos hepatócitos. Ocorre pelo acumulo de bilirrubina conjugada e não conjugada. Acontece em casos de leptospirose, depressões químicas e toxicas, plantas hepatotoxicas (crotalaria, chumbinho), fosforo, arsênio, coliforme, selênio (intoxicações) 
Icterícia: Normalmente acontece secundária a uma obstrução do sistema biliar e ao acumulo de bilirrubina conjugada. Bloqueio da passagem da bile para o intestino. Na clinica o animal evacua fezes claras, sem cor... Isso é sinal de que esta ocorrendo algum bloqueio na passagem da bile que não esta corando as fezes. Pode ocorrer por conta de tumores, fibrose, litíase biliar, parasitos (Arcaris, Fascíola, Dicrocelium, Toxocara), inflamação primaria do colédoco (colangite). 
Calcificação: também pode ser chamada de mineralização. Os principais minerais envolvidos na calcificação são cálcio e fosforo. O cálcio é extremamente importante, relacionado a contração e relaxamento muscular, coagulação sanguínea, transmissão de impulso nervoso, equilíbrio hidroeletrolítico acido básico, desencadeamento da resposta imune... Assim como o fosforo é componente de RNA e DNA, fosfolipídio de membranas celulares, funções metabólicas relacionada a energia (ANP, ADP, ATP) e quando a gente tem uma diminuição de fosforo no metabolismo, na ingestão, em bovinos ocorre o bloqueio na síntese proteica bacteriana no rumem e pode ocorrer também distúrbios na glicose realizada dentro de eritrócitos de bovinos... Sem contar que o fosforo é fundamental para a dentição, ossos. É necessário que ocorra um balanceamento do cálcio e fosforo no organismo, independente do paciente que estamos tratando. E como ocorre a distribuição de cálcio e fosforo no organismo? O animal consome os alimentos ricos em cálcio e fosforo junto com outros minerais de menor importância e no trato digestivo ocorre absorção, parte desses minerais vão pro sangue e parte é eliminado. Do sangue vai ser enviado para os tecidos moles, parte que não vai ser aproveitada é excretada na urina e uma parte vai ser estocada no osso. O estoque no osso vai ser retirado através do paratormônio quando necessário. 
A calcificação patológica ou mineralização nada mais é que a deposição anormal de sais de cálcio com pequenas frações de ferro, magnésio e outros sais minerais em quantidade suficiente para ser visível e em lugar que não é comum (onde não tem tecido osteoide). 
MACROSCOPIA: uma coloração branca relacionada ao aspecto cristalino, aspecto rígido e gredoso (parece que esta cortando areia). Acontece em casos de tuberculose e outros... 
MICRO: depósitos basofilicos sobre forma de placas ou grânulos e eventualmente vão estar homogêneos. Vão corar de azul escuro pela hematoxilina e eosina. Podem ter um aspecto granular e confundir-se com colônias bacterianas (importância de fazer o diagnostico diferencial). Pode variar com o tipo de calcificação e com a localização do material acumulado. 
Existe um método de fazer coloração que auxilia no diagnostico que é o método Von Kossa.
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA: ocorre onde já houve dano tecidual (principal diferença). Ocorre onde teve área de necrose. As células mortas ou morrendo não conseguem regular o fluxo de cálcio para o interior do citosol, fazendo com que ele se acumule nas mitocôndrias. Esse acumulo gera a calcificação. Quais os locais mais comuns de visualização? Miocárdio necrosado, musculatura esquelética necrosada, granulomas. Esses depósitos são permanentes, mas podem ser inofensivos. Muitas vezes ocorre a calcificação sem causar o prejuízo para o animal; ele vive a vida inteira sem nenhuma importância. Com relação a calcificação de granulomas é interessante lembrar que é normal acontecer na tuberculose, actinomicose, actinobacelose, nódulos parasitários... Na linfadenite caseosa também é bastante comum visualizar. Deficiência de selênio e vitamina E (músculo branco) que na microscopia vai ter a calcificação distrófica das fibras musculares 
CALCENOSE: Calcificação da pele ou abaixo dela. Pode ser cutâneas que ocorre em cães com hiperadrenocorticismo e isso devido a glicocorticoides endógenos ou exógenos, alguns patologistas consideram idiopática (o medico veterinário ou proprietário podem estar causando esse hiperadrenocorticismo) 
Calcinose cutânea por conta do hiperadrenocorticismo vai ocorrer a mineralização do colágeno da derme das membranas basais da epiderme e foliculares.
A calcinose circunscrita que é associada a traumatismos repetitivos e pode ocorrer na língua, na pele, paravertebral de cães e capsulas articulares. Esta relacionada em locais de sutura por poliodioxanoma encoberta e raças de grande porte e animais jovens. É conhecida também como calcigranuloma. 
MACRO: áreas esbranquiçadas e incisão pela sensação de material arenoso (cortando areia)
MICRO: sais de cálcio que coram de azulados com a hematoxilina e apresentam grânulos amorfos bem definidos ou agregados e podem ser intra ou extracelular 
CALCIFICAÇÃO METASTATICAS: Ocorre em tecidos normais. Pode ser secundária a hipercalemia. Ocorre uma entrada de grande quantidade de íons de cálcio na célula. Eles precipitam nas organelas, principalmente nas mitocôndrias. 
Alguns fatores que podem levar a essa calcificação: 
Insuficiência renal que leva a uma retenção de fosfato e a um hiperparatiroidismo secundário e consequentemente a uma hipercalemia que gera a calcificação metastática. Neste caso o cálcio se deposita nos músculos intercostais, átrio esquerdo, mucosa gástrica, rins e septos alveolares. Importante o histórico do animal. 
Intoxicação por vitamina D: ingestão de plantas calcinogênicas que causam mineralização severa dos tecidos moles, principalmente aorta, coração e pulmão. Essas plantas quando ingeridas se tornam semelhantes à vitamina D e causam a calcificação. Em cães e gatos podemos encontrar esse achado pela ingestão de rodenticidas contendo colicalciterol.
Onde se encontra: na mucosa intestinal, parede dos vasos, pulmões e rins. 
Paratormônio e proteína relacionada ao PTH: se tem uma hipercalcemia no aumento da concentração de proteínas relacionadas ao paratormônio, isso pode estar associado a linfomas malignos em cães e adenocarcinoma de glândulas apócrinas anais em cães. Onde se encontra: mucosa intestinal, paredes dos vasos, pulmões e rins. 
Destruição óssea: Acontece devido a neoplasias primarias ou metastáticas. 
Solano: uma das principais plantas que causam hipercalcemia. Conhecida popularmente como espichadeira. Comum no pantanal e os animais ingerem mais no período da seca. Os animais apresentam dificuldade de locomoção, ficam fracos, com dor ao andar. 
Nerinbeja: outra planta que causa calcificação. Comum no sul. Quadro clinico muito rápido. Animal com dificuldade de locomoção.

Continue navegando