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Patologia Geral Pigmentações e Calcificação Aula 4 Pigmentações patológicas »Pigmento: é uma substancia que apresenta composição química, própria. É possível acumular esse pigmento nas células e tecidos, esse acumulo é denominado pigmentação »Pigmentação normal (deposito de melanina dando cor a pele) ou patológica (problema na produção da substancia ou um deposito inadequado) »As pigmentações patológicas ocorrem em número considerável de doenças, mas o pigmento em si raramente ocasiona alterações histofisiológicas significativas (raramente é causa de problema, é mais um sinal deste!). Exceção: Hemocromatose. Classificação »Exógenos: são os causadores da patologia. Normalmente provenientes do meio externo e ao se depositarem nas células, causam a doença. Exemplo: tatuagens, pneumoconioses »Endógenos: resultantes de uma patologia já existente. Exemplo: Melânicos (não resultam da quebra da hemoglobina- melanina, lipofuscina); Hemoglobínicos (resultam da quebra de Hb - Hemossiderina, bilirrubina, hematinas e hamatoidina) Pigmentação exógena »Surge da deposição de substancias provenientes do meio exterior. O deposito delas, determina a ocorrência de uma doença Vias de entrada Via cutânea: (inoculação) »Tatuagens: Formada por pigmentos exógenos insolúveis (nanquim, carvão, etc), que são inoculados por agulha com propósitos decorativos ou identificadores. Via digestiva (oral): Arginismo ou argiria: »Etiologia: pigmentação patológica verde-azulada que se deposita na pele e em mucosa, devido a exposição crônica de sais de prata. »Fatores de risco: A capacidade dos sais de prata de produzir efeitos tóxicos no organismo humanos depende de alguns fatores. Os sais de prata podem ser absorvidos por via aérea, por absorção por mucosa e derme, por via parenteral e ingestão. Sessões de acupuntura, em trabalhadores de minerações, implantes de dispositivos médicos, feridas de punção, uso de chás e medicamentos caseiros utilizando plantas, etc. »Patogenia: acomete principalmente as regiões da pele onde há exposição ao sol, acredita-se que por ação da radiação UV, os sais de prata se depositariam, por inalação (alcançaria o pulmão, os macrófagos fariam a digestão desses compostos, mas parte deles poderiam ganhar a circulação sistêmica), ingestão (no TGI haveria a dissolução desses compostos, que poderiam ser excretados na forma de sais de prata ou cairiam na circulação sanguínea e de depositariam em tecidos moles como pele e mucosas). A pele exposta ao sol e sob ação das radiações UV, faz com que esses sais de prata passem por um processo denominado fotoredução, que transformaria os sais de prata em nano partículas de prata. Essas nano partículas, posteriormente, passariam por reações de sulfidação, havendo um acréscimo de átomos de enxofre, que ocasionariam a formação de uma partícula composta de prata, selênio e enxofre, que se depositariam na membrana basal »Se houver uma exposição ou ingestão de grandes quantidades de sais de prata, pode haver o deposito desses grânulos em locais não convencionais, como, na mucosa nasal, na vagina, no pênis, traqueia, trato urinário, etc. Patologia Geral -Manifestações clinicas: »Alterações microscópicas: Plumbismo ou Saturnismo »Causada pela intoxicação por sais de chumbo. »Grupos de risco: pintores que utilizam tintas a base de chumbo, crianças menores de 5 anos e pacientes psiquiátricos que apresentam distúrbios alimentares como, o PICA (habito de consumir produtos não alimentares, como sujeira, argila, reboco de parede, terra, etc), pessoas que moram em casas antigas que foram pintadas com tinta a base de chumbo. »Contaminação: A contaminação pode ser feita por inalação e ingestão »Epidemiologia: o chumbo está entre os 10 principais produtos químicos que são importantes causas para o envenenamento na saúde publica. A exposição ao chumbo se relaciona a 600 mil novos casos/ano de doença, mental ou retardo em crianças. no mundo »Patogenia: o chumbo entra no nosso organismo, principalmente pela via do TGI e respiratória, atingindo a corrente sanguínea e pode se associar aos eritrócitos, influenciando na síntese de hemoglobina. Parte do chumbo ingerido, fica preso nos eritrócitos e a outra parte fica disperso no plasma sanguíneo. O chumbo que permanece no plasma sanguíneo atinge outros tecidos, como os tecidos ósseos e tecidos moles (fígado, baco, rins e cérebro). A partir dos danos causados aos órgãos, o chumbo poderá ser eliminado pela via intestinal ou excretado com a urina »Efeitos do chumbo nas células: o chumbo pode afetar a via de detoxificação de radicais livres, inibindo o sistema glutationa, dessa maneira, permite o aumento das concentrações das espécies reativas de oxigênio. O chumbo pode inibir, as vias relacionadas a síntese do grupo Heme da Hb, levando a sintomas como, anemia. Também pode interferir no metabolismo do cálcio, uma vez que, ele pode ativar a proteína quinasse C e inibir a adenilato ciclase e os canais de cálcio sensíveis a voltagem (proteínas chaves na transdução de sinais e ativação de segundo mensageiro). O chumbo também pode interagir com proteínas do núcleo e interferir em fatores de transcrição e em enzimas que promovem o reparo de DNA »Os níveis de chumbo dentro da célula podem ser controlados por um sistema natural do organismo de proteínas presentes no citoplasma e no RE, que se ligam no chumbo, e realizam a quelação, ou seja, sequestram o chumbo e se prendem a ele. -Fisiopatologia: *A cólica abdominal nas crianças relacionada ao chumbo é característica, inicia-se na região umbilical e irradia para os flancos, para região das cochas e do testículo »Sinais e sintomas: Dor abdominal, irritabilidade, letargia, anorexia, anemia, síndrome de Fanconi, piúria, retardo de desenvolvimento, convulsões (níveis mais elevados), também podem surgir “linhas de chumbo” nas placas epifisárias nas radiografias dos ossos longos. Nos adultos também com sintomas agudos verifica- se: artralgias, mialgias, depressão, perda da memória de curto prazo, perda da libido »Exame físico: é possível detectar a “linha de chumbo” na borda gengival dos dentes, palidez, queda do punho e disfunção cognitiva (ex: declínios no miniexame do estado mental); retardos motores da condução nervosa »Analises laboratoriais: podem mostrar anemia normocrômica e normocítica, pontilhado basófilo nos eritrócitos (no esfregaço sanguíneo), nível sanguíneo alto de protoporfirina (eritrocitária livre ou ligada ao zinco) Pigmentação bismútica »Etiologia: O subsalicilato de bismuto é comumente usado para tratar dispepsia e ulcera péptica. Em combinação com sais de zinco tem sido um tratamento conhecido para diarreia »Patogenia: o subsalicilato de bismuto interage com o acido sulfídrico produzido pela atividade de bactérias anaeróbicas da boca e como resultado produzir o bismuto sulfídrico que se apresenta como um sal solúvel e negro que se deposita na cavidade oral. Dessa forma, se relaciona a quadros clínicos como o escurecimento da língua, da gengiva e do esôfago »Sinais e sintomas: vai depender do tipo de composto de bismuto que causará a intoxicação. Dessa forma é possível verificar lesões que acometem diferentes órgãos. É descrito na literatura: Melanose da vagina, eritema, lesões orais, problemas esqueléticos, nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, metahemoglobinemia, encefalopatia e comprometimento do movimento intestinal Carotenose ou lipocromatose exógena: »Ingestão excessiva de pigmentos vegetais lipossolúveis (caroteno, xantofilia, etc) »Coloração amarelo-pálido na pele e vísceras, sem efeitos deletérios conhecidos Parental Pneumoconioses »São doenças pulmonares causadas pelo acumulo de poeira nos pulmões que leva a uma reação tissular-São denominadas segundo o tipo de poeira mineral inalada: -Asbesto – asbestose: inalação de silicato de magnésio (amianto) -Sílica – silicose: inalação de sílica (terra) -Talco – talcose -Carvão – antracose -Calcinose: inalação de carbonato de cálcio (cal) -Silicossiderose: de minério de ferro (hematita) »Epidemiologia: no Brasil, representa um problema na saúde publica, principalmente em ambientes de trabalho. »Patogenia: relacionadas ao tamanho, forma e caminho da partícula. As partículas (a) podem alcançar as células epiteliais, como os, os pneumócitos do tipo 1 e serem endocitadas por eles. Quando endocitadas, essas partículas podem ser capazes de cair na corrente sanguínea e ser levada para outros locais ou migrarem para a pleura atingindo as células mesoteliais, levando a formação de mesoteliomas que podem sofrer fibrose ou aumentar o risco para câncer de pulmão. Na trajetória b é possível observar a fagocitose das partículas, pelos macrófagos. E as partículas forem menores, pode haver a remoção pela ação dos macrófagos (c). Entretanto, se essas partículas forem longas e pontiagudas pode haver um estresse dentro do macrófago, que libera radicais livres, fatores de crescimento e moléculas quimiotáticas. Os radicais livres podem atuar sobre células epiteliais (d), aumentando a lesão nos pneumócitos. Os fatores de crescimento poderiam atuar sobre os fibroblastos, levando a quadros de fibrose. »Antracose »Ocorre quando há inalação de partículas de carvão. Comum em pessoas que moram em áreas urbanas »O carvão é fagocitado pelos macrófagos residentes nos alvéolos pulmonares »Esse deposito de carvão não causa nenhuma lesão no parênquima pulmonar Silicose pulmonar »Devido a presença da sílica, haverá um infiltrado inflamatório crônico, rico em linfócito, plasmócito e macrófago e uma região fibrosante. A silicose pulmonar, promove fibrose pulmonar »Paciente com dificuldade respiratória, dispneia progressiva, alterações na ausculta pulmonar »Espessamento da pleura (paquipleuris); presença dos nódulos silicoticos (áreas mais escuras); aspecto de pedra; destruição dos septos pulmonares (enfisema). Essas alterações no pulmão promovem um aumento da pressão arterial, uma hipertensão pulmonar. Como resultado da hipertensão pulmonar, ocorre a “corpo monares” no coração, que é a dilatação/ hipertrofia do ventrículo direito. Sílica- pontos brancos e brilhantes »Asbestose »Doença grave e irreversível, que se caracteriza pela fibrose pulmonar »Corpos de asbestos: fibras envolvidas por material de natureza proteica »Sinais e sintomas: Dispneia aos esforços, crepitações nas bases pulmonares e baqueteamento digital (dedos em forma de baquetas de tambor) nas fases mais avançadas da doença. Estertores crepitantes (ruídos pulmonares finos) ao final da inspiração. Fibrose pulmonar difusa, carcinoma bronquial, e a tumores malignos primários da pleura e do peritônio (mesotelioma). Afeta o sistema imune, o sistema cardiovascular, e possivelmente o sistema gastrointestinal. »Dados mostram que pessoas com altos níveis de asbestos nos pulmões também apresentam corpos de asbestos nos rins, no coração, no fígado, no baço, no pâncreas, no cérebro, na próstata e no tecido da tireoide. Pigmentação endógena Síntese de melanina »A melanina é produzida dentro dos melanócitos, que por sua vez, estão localizados na epiderme (camada mais basal), e se originam a partir de células da crista neural (embrião). »Para a produção de melanina dentro dos melanócitos, é necessário que haja a oferta de Tirosina. A tirosina, por ação da enzima Tirosinase* (+ Cu - como cofator) é transformada em 3,4 diidroxifenilalanina (DOPA), o DOPA é transformado em DOPA quinona e posteriormente transformado em Melanina Tirosina à3,4 diidroxifenilalanina (DOPA) à DOPA quinona à Melanina Estágios do desenvolvimento dos grãos de melanina »Existem diferentes tipos de melanina, como: -Eumelanina: cor amarronzada/escura. Mais abundante no nosso corpo -Felmelanima: pigmento mais avermelhado. Ocorre em indivíduos mais claros e que possuem um fator genético para a determinação da ocorrência dessa melanina »Estagio 1: Melanossoma - vesícula revestida por membrana, no seu interior há matriz composta pela tirosinase e proteínas relacionadas »Estagio 11: vesícula mais alongada e dentro do melanossoma há o deposito de proteínas fibriladas »Estagio 111: ocorre o inicio da formação da melanina, que é depositada sobre as proteínas fibriladas »Estagio 1V: Melanossoma completamente preenchido por melanina Transferência da melanina »As células que irão originar os melanócitos são os melanoblastos. Os melanoblastos migram da crista neural para a derme e diferenciam em melanócitos. Os melanócitos migram da derme para a camada basal da epiderme. Com as células já diferenciadas os melanócitos irão sofrer divisão mitótica e proliferar na camada basal e promover a síntese de melanina »Para produzir a melanina é necessária a presença da Tirosinase. A síntese da tirosinase inicia-se no RER, posteriormente sai do RER e se liga do complexo de golgi, onde passa por mudanças pós transcricionais. Essa enzima é liberada do golgi por uma vesícula denominada melanossomo. »O melanossomo primário é rico em tirosinase e substancia fundamental amorfa. O melanossomo na base do epitélio irá passar pelos processos de maturação e alcançar o estagio de melanossomo grau 2. Para que o melanossomo atinja o grau 3 é necessário que haja a síntese de melanina. Quando o melanossoma está completamente preenchido por melanina, está no grau 4 »É necessário que o granulo de melanina seja transferida para o queratinócito. Para que ocorra isso, existem moléculas associadas ao citoesqueleto que facilitam a fusão dos prolongamentos dos melanócitos, de forma que eles façam contato com os. queratinócitos e os melanossomo de grau 4 sejam transferidos para o interior dos queratinócitos. »Os queratinócitos com o tempo vão subindo na superfície da epiderme, até ocupar a camada mais apical. Durante a migração por essas camadas, os melanossomos vão sendo degradados Distúrbios Melânicos »Principais causas: -Alterações no numero ou atividade de melanócitos presentes na camada basal da epiderme -Alterações na síntese de proteínas/enzimas necessárias na formação ou melanização de melanossomas dentro dos melanócitos -Mudanças na transferência de melanossomas dos melanócitos aos queratinócitos Pigmentações patológicas endógenas melânicas »Podem ocorrer devido ao excesso ou falta de melanina »Com relação a hiperpigmentação: -Aumento localizado: ocorre nos nevos, melanona, melanose, acantose nigricans -Aumento generalizado: ocorre nas melanodermias secundarias (gestação, hipoadrenalismo e radiações) Lentigo »Pigmentação da pele semelhante as sardas, mas não depende apenas do sol para aparecer »Formadas pela proliferação de melanócitos, que produzirão melanina no local da mancha »Se classifica em três tipos: -Lentigo simples -Lentigo solar -Lentigo maligno Nevos pigmentados »Nevos são maculas, pápulas ou nódulos, vermelho-marrom compostos por ninhos de células névicas ou melanócitos »A maior importância deles (além de estética) é a sua semelhança om a melanoma Melanomas »Correspondem a uma região hiperpigmentada »Se caracteriza como uma neoplasia / câncer de pele »É um dos tipos de câncer mais frequentes na população »Quantidades variáveis de melanina Melanose »Melanose também conhecida como mancha senil, é o nome dado as manchas ou sardas que aparecem em razão da exposição inadequada ao sol.Apesar de não estar diretamente ligada ao fator idade, ela é mais comum em pessoas mais velhas, sendo caracterizada pelo surgimento de manchas escuras nas mãos, ombros, colo e rosto. Melasma »O Melasma ou manchas na pele, são distúrbios de pigmentação na pele causados por alterações hormonais, pré-disposição genética ou contato com substâncias de risco. Elas são caracterizadas pelo surgimento de manchas escuras ou de coloração acastanhada, normalmente no rosto, braço ou costas. Acantose nigricans »Doença caracterizada por manchas escuras resultantes de uma hiperceratose (aumento da camada mais superficial da pele) e hiperpigmentação (lesões de cor cinza e engrossadas que dão aspecto verrucoso). »Pode afetar pessoas saudáveis ou estar associada a doenças como diabetes, obesidade, doenças ovarianas, distúrbios metabólicos, doenças da tireoide e câncer do aparelho digestivo »Existem quatro tipos de acantose: -Síndrome de Miescher - hereditária e benigna; -Síndrome de Gougerot Carteaud - benigna e possivelmente hereditária, acomete mulheres jovens; -Pseudoacantose - benigna e associada à obesidade e alterações endócrinas; -Acantose Maligna - frequentemente associada a canceres do tubo digestivo e fígado. Melanodermias secundarias »Manchas escuras »Podem ocorrer: - Gestação (Melanodermias Gestacional) -Distúrbios endócrinos (disendocrinias) -Exposição a radiações »Com relação a hipopigmentação: -Diminuição localizada: Vitiligo, Acromia cicatricial e acromotriquia »Diminuição generalizada: Albinismo e acromia senil e/ou nutricional. Vitiligo »Doença adquirida, idiopática. Provavelmente decorrem da perda de atividade enzimática local dos melanócitos »Sinais clínicos: manchas inicialmente hipocrômica notadas geralmente nas áreas fotoexpostas como face, dorso das mãos e ao redor dos orifícios corporais com tendência a distribuição simétrica. Os pelos podem ser eventualmente acometidos (leucotriquia), incluindo sobrancelhas, cílios e pelos pubianos. O prurido ou inflamação raramente está presente »Etiopatogenia/causas: -Presença de auto-anticorpos contra os melanócitos -Participação de células T citotóxicas -Autodestruição dos melanócitos por produtos intermediários da melanogenese -Defeitos intrínsecos e extrínsecos dos próprios melanócitos ou da unidade epidermo-melânica -Prováveis alterações nas terminações nervosas Albinismo »Despigmentação generalizada congênita -Incapacidade dos melanócitos de sintetizar tirosinase Pigmentações patológicas endógenas relacionada a lipofucsina »Conceito: grupo homogêneo de pigmentos pardacentos, derivados da oxidação de lipídeos ou de lipoproteínas, geralmente insaturadas »Sinônimos: pigmento ceróide, lipocromo, pigmento do desgaste, pigmento do envelhecimento. »Ocorrem em condições de senilidade ou caquexia (caracterizando a “atrofia parda”) »Grande variedade de tecidos acometidos (coração, músculos esqueléticos, fígado, adrenais, neurônios, tireoide e paratireoide, rins, ovários, testículos e até linfonodos) »Para identificar a lipofucsina depositada MACROSCOPICAMENTE: empardecimento do órgão (atrofia parda) »Para identificar a lipofucsina depositada MICROSCOPICAMENTE: grânulos pardo-amarelados ou marrom escuros, distribuídos esparsamente no citoplasma ou próximo aos polos dos núcleos nas fibras musculares Pigmentações patológicas endógenas relacionada a hemoglobina »Classificação dos pigmentos hemoglíneos: -Pigmentos ferruginosos (reação positiva com azul da Prússia): Hematina e Hemossiderina -Pigmentos não ferruginosos: Porfirinas, Hamatoidina e Pigmentos biliares (biliverdina, bilirrubina, urobilinogenio, urobilina e estercobilina) Hemossiderose »Distúrbio focal que resulta de hemorragia recorrente dentro de um órgão havendo o deposito de hemossiderina »Classificação: -Local: ocorre quando há um extravasamento de sangue, formando um hematoma. As hemácias são fagocitadas por macrófagos que liberam o ferro, que se acumula como Hemossiderina no citoplasma destes. Isto contribui para a cor amarelada ou ferruginosa do tecido durante a reabsorção do hematoma. Também presente na congestão pulmonar -Difusa: deposição excessiva de Hemossiderina em macrófagos do SRE (baço, fígado, medula óssea) e/ou em células parenquimatosas do fígado (hepatócitos), rins (túbulos contornados proximais), pâncreas (células acinares e insulares) e coração. Não parece ter repercussão clinica. Patogenia: destruição excessiva de hemácias, em anemias hemolíticas como anemia falciforme, anemias autoimunes e transfusões múltiplas; ingestão excessiva de ferro, que pode superar a capacidade de controle de absorção a nível do intestino »Macroscopicamente: quando intensa, a Hemossiderose determina uma coloração ocre amarronzada, detectável no fígado, no baço, nos linfonodos, no miocárdio e no pâncreas »Microscopicamente: grânulos brilhantes dourados ou pardacentos, azul da Prússia positivos, de tamanhos variados entre as células (nos linfonodos, principalmente) ou dentro de macrófagos e/ou células epiteliais à Quebra da hemoglobina »Metabolismo do ferro: nas hemácias/eritrócitos é encontrado a hemoglobina (função: transporte de oxigênio). A hemoglobina é formada pelo grupo heme, que é formado pelo Ferro +2. Devido a presença desse Fe+2, que a hemoglobina é capaz de se ligar e transportar o oxigênio Hemocromatose »Uma pessoa normal perde cerca de 1 mg/dia de ferro, através do suor e descamação de células da pele e trato gastrointestinal. Para compensar essa perda, há um consumo de ferro na dieta de 10- 20mg/dia, dessa quantidade e o que realmente é absorvido pelo nosso organismo são cerca de 1 a 2 mg/dia. Ou seja, a relação entre ganhar e perder ferro se mantem em equilíbrio »A Hemocromatose é caracterizada pela sobrecarga de ferro. É um processo sistêmico, típico no qual a deposição de ferro resulta na lesão do tecido »Um paciente que apresenta hemocromatose possui um ganho aumentado de ferro (padrão:1-2mg/dia). Ou seja, ele ingere 10-20mg por dia, mas o organismo consegue absorver uma quantidade maior (ex:4mg/dia). »Etiologia: existem dois tipos -Hemocromatose primária: doença autossômica onde se tem mutação do gene HFE localizado no cromossomo 6 e que regula a absorção de ferro. Desta, maneira não conseguem regular os níveis de ferro no sangue. A proteína HFE é importante, pois ela é capaz de ligar aos receptores da tranferrina e ao formar um complexo com esses receptores, ela estimula a produção de hepsidina/hormônio do ferro (principal regulador dos níveis de ferro no sangue). A hemojuvelina participa no processo de regulação da hepsidina. A hepsidina pode se ligar a ferroportina (encontrada nos enterócitos, na superfície das células reticuloepitelias, etc) e quando isso ocorre, ela determina que essa molécula seja internalizada e dentro da célula degradada. Dessa forma, não é possível mobilizar o ferro e enviar para o sangue. Quando há a necessidade de ferro pelo organismo, ocorre a inibição da hepsidina. -Hemocromatose secundaria: forma adquirida da doença, ocorre por causa da ingestão oral ou absorção de ferro em excesso, ou de hemotransfusões repetidas »Fisiopatologia: o deposito extra de ferro nos órgãos e tecidos promove lesão, pois o ferro em excesso faz com que haja a formação de radicais livres. Com o passar dos anos, gera danos que leva, a morte celular e fibrose. »Grupos de risco: homens na quinta década de vida e mulheres após a menopausa - vinte anos depois – mensuração elimina o excesso »Danos ocasionados: cirrose e câncer (fígado); destruição das células betas (ilhotas de Langherans) ocasionando uma diabetes tipo 1, má absorção pela porção exócrina no pâncreas; deposito de grânulos de Hemossiderina, ocasionando um aumento na pigmentaçãoda pele; atinge o miocárdio levando a cardiomiopatias e arritmias; nas gônadas leva a atrofia testicular e nas mulheres amenorreia; atinge as articulações levando a degeneração e doenças das articulações »Sintomas mais comuns: artrite, fadiga, dor abdominal, diminuição da libido, impotência e até perda de peso »Sinais clínicos mais frequentes: esplenomegalia, hepatomegalia, baixa estatura e artropatia. »À medida que a doença evolui sem tratamento podem ocorrer cirrose hepática, insuficiência hepática, fibrose portal, hipersegmentação da pele, hipogonadismo hipogonadotrófico (diminuição de libido, impotência, amenorreia, atrofia testicular, ginecomastia e queda de pelos corporais), diabetes mellitus secundário, hipotireoidismo, e comprometimento do sistema cardiovascular. Porfirias »Distúrbios na biossíntese do grupo prostético heme »Resulta num acumulo de porfirinas e de seus percursores no organismo »Etiologia: -Congênita: doença hereditária – gene autossômico dominante -Adquirida: intoxicação com hexaclorobenzeno (fungicida de trigo e cereais) ou com Alil isopropil carbamida »Porfirias intermitentes agudas: uso de fármacos, jejum, ingestão de álcool, solventes orgânicos, estresse e infecções. Neurovisceral »Porfirias cutâneas tardia: ferro, ingestão de álcool, estrógenos, vírus da hepatite C, hidrocarbonetos halogenados. Lesões bolhosa na pele Hematinoses »Ocorrência de pigmentação resultante da catabolização anormal da hemoglobina, sob ação de ácidos ou álcalis ou de enzimas digestivas de parasitos hematófagos ou em tecidos com ph muito alto ou baixo e que tenham hemorragias. Exemplo: ulcera péptica »Hematina acida formolínica ou “pigmento do formol”: comum em tecidos hemorrágicos quando fixados em formol acido não tamponado. Apresenta-se como grânulos bronzeados ou preto esverdeados. Não tem significado patológico »Hematina acida hidroclorídrica ou “pigmento do ulcera”: formada pela ação do acido clorídrico sobre as Hb, frequentemente observada nas proximidades de ulceras gástricas. »Hematina malárica ou “Hemozoina” ou “Pigmento palúdico”: resulta na digestão enzimática da Hb pelo Plasmodium spp. Que com a ruptura das hemácias, libera grânulos castanhos escuros no interstício para os macrófagos do baço, fígado e outros órgãos »Hematina esquistossomótica ou “Pigmento esquistossomotico”: Resulta da digestão enzimática da Hb no tubo digestivo do Schistosoma mansoni (ingestão de hemácias, digestão e regurgitamento, de maneira intermitente), levando à formação de grânulos castanho escuros, semelhantes à hemozoina, que se acumulam nas células de Kupffer. Hematoidina »Pigmento que deriva da metabolização do grupo corado (protoporfirina 3), negativo para o azul de Prússia (isento de ferro), de estrutura química semelhante a bilirrubina »Ocorre nas proximidades de hemorragias antigas na forma de grânulos amorfo amarelados, vermelho alaranjados (às vezes lembrando um "ouriço") ou então de pequeninas placas romboidais dispostas radialmente; »Resulta da ação hemocaterética de macrófagos locais sobre as hemácias extravasadas, traduzindo um processo localizado (diferente da Bb nas icterícias – sistêmico). àPigmentos biliares » Grupo de pigmentos oriundos da metabolização do grupo corado (protoporfirina III), azul da Prússia negativos (isentos de ferro) ocorrendo normalmente nas células do sistema monocítico fagocitário em decorrência da hemocaterese (eliminação de hemácias velhas). Icterícia »Caracterizada por uma coloração amarelo- esverdeada nos tecidos, causada pela elevação dos níveis séricos de pigmentos biliares »Fisiopatologia das icterícias: produção excessiva de Bb e/ou captação hepática reduzida (pré-hepática); conjugação hepática comprometida e/ou excreção hepatocelular reduzida (hepática); fluxo biliar comprometido (pós-hepática). Esses fatores irão determinar diferentes tipos de icterícia, e »Alterações: -Macroscópicas: coloração amarelo-esverdeadas, facilmente reconhecível em tecidos mais pálidos como a esclerótica ocular, omento, mesentério, gorduras pericárdicas e perirrenais -Microscópicas: A Bb impregnada nos tecidos nem sempre atinge concentrações suficientes para permitir a precipitação e assim ser visíveis a microscopia óptica Cirrose biliar por obstrução do canal colédoco » O objetivo desta peça é demonstrar a bilirrubina contida em cálculos biliares. É um fígado de adulto visto pela face posterior. O colédoco está parcialmente aberto e mostra-se dilatado por cálculos biliares no seu interior. Estes formaram-se na vesícula e impactaram-se no colédoco, obstruindo o fluxo biliar e levando à retenção de bile no interior do fígado (colestase). A peça fresca tinha cor fortemente esverdeada, que já́ não é mais visível porque a bilirrubina, sendo hidrossolúvel, perdeu-se para o liquido conservador. A bilirrubina é tóxica para os hepatócitos e no longo prazo leva à lesão permanente deles, com fibrose difusa do fígado, ou seja, cirrose biliar. Notar que os nódulos regenerativos na cirrose biliar são pequenos e pouco salientes em relação a outros tipos de cirrose. Calcificações Metabolismo do cálcio no nosso corpo »Normalmente é obtido pela dieta 600-1000mg Ca/dia »Cerca de 800 mg Ca/dia são absorvidos pelo intestino. Esse cálcio absorvido pode seguir por dois destinos: -Ficar na matriz extracelular (LEC) ou no plasma (calcemia) -Excretado pelas fezes (760 mg/dia), urina (100 a 300 mg/dia) e sudorese »Quando os níveis de cálcio no sangue (calcemia) diminuem, é possível obter cálcio de forma mais rápida a partir da reabsorção óssea (ativação do osteoclasto que quebra a matriz óssea e permitir a liberação de Ca para o sangue). Quando os níveis de cálcio estão elevados, ocorre a deposição óssea. »Porem podem ocorrer situações patológicas em que há a deposição de cálcio em tecidos não osteoides. -Calcificação metastática: Quando esse depósito de cálcio ocorre em tecidos previamente sadios -Calcificação distrófica: Quando esse depósito de cálcio ocorre em tecidos previamente lesados Calcificações patológicas »Também chamadas de mineralizações patológicas ou heterotopicas »Calcificação patológica é a deposição de sais (fosfato, carbonatos e citratos) de cálcio (e também ferro, magnésio, etc) em tecidos frouxos não osteoides, exemplo, órgãos parenquimatosos, na parede das pleuras ou em meninges. »Podem ocorrer junto com vários outros processos como, as necroses e degenerações, e podem estar presentes em qualquer inflamação crônica »Classificação: -Calcificação distrófica ou local - que afeta tecidos lesados e não depende dos níveis plasmáticos de cálcio e fósforo. -Calcificação metastática ou geral ou discrásica ou gota cálcica - onde a hipercalcemia resulta na precipitação dos sais em tecidos normais. »Calcinose: sinônimo de calcificação metastática extensa. Pode também designar a calcificação da derme e do tecido subcutâneo (Calcinose cútis), independente da causa Calcificação distrófica »Mais frequente e localizada »Ocorre em tecidos conjuntivos fibrosos (ex: placas ateromatosas antigas), tendões, válvulas cardíacas, alguns tumores, áreas de necrose antigas e não reabsorvidas, como na linfadenite caseosa da tuberculose e na necrose enzimática das gorduras da pancreatite »Ocorre em situações como: -Infartos antigos -Ao redor de parasitas e larvas mortas -Abscessos crônicos de difícil resolução -Trombos venosos crônicos (flebólitos) -Em órgãos tubulares (ductos e vesículas). Nesse caso a calcificação é formada por dois componentes: núcleo orgânico e restos de células (formação de cálculos) Calcificação metastática »Mais disseminada »Se relaciona a quadros de hipercalcemia, onde há abundante absorção de cálcio no tubo gastrointestinal, que pode ocorrer, muitasvezes, por intoxicação com vitamina D ou plantas carcinogênicas. Também se relaciona pela mobilização excessiva de cálcio dos ossos, consequência de imobilizações prolongadas, de osteólise (mielomas ou metástases ósseas) e com o hiperparatireoidismo primário ou secundário (renal, nutricional ou por síndrome paraneoplásica) Mecanismos calcificação metastática Aspectos morfológicos »Macro: A área calcificada possui consistência firme, pétrea ou arenosa, é resistente ao corte, com coloração brancacenta ou acinzentada. À tentativa de secção, a faca "range" ao corte. É radio opaca o raio X »Micro: Grumos basófilos irregulares (muitas vezes confundidos com bactérias) que confluem ou crescem formando grânulos maiores, às vezes fragmentados devido à microtomia. Pode ocorrer também a formação de lamelas de deposição concêntricas caracterizando os chamados "corpos psamomatosos”. Evoluções e consequências »Dependem do local afetado e da intensidade. Geralmente os deposito de cálcio são considerados inócuos e inertes »Consequências maléficas: -Calcificações de válvulas cardíacas – estenoses e insuficiências -Complicações de aterosclerose -Potencialização da ocorrência de litíases -Nefrocalcinose extensa – insuficiência renal -Calcificação pulmonar extensa – insuficiência respiratória »Consequências benéficas: -Granulomas tuberculosos, abcessos crônicos – tentativa de destruir o parasito/ patógeno »A Metaplasia óssea ou ossificação heterotrófica é uma consequência comum das calcificações. Exemplo: Metaplasia dos fibroblastos e das células mesenquimais indiferenciadas em osteoblastos e a formação de tecido osteoide Cálculos ou concreções ou litíases »Massas esferoidais, ovoides ou facetadas, solidas, concretas e compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam no interior de órgãos ocos (bexiga, vesícula biliar), cavidades naturais do organismo (peritoneal, vaginal, do testículo), condutor naturais (ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) e mesmo no interior de vasos »Núcleo orgânico + sais inorgânicos precipitados »Núcleo orgânico: células descamadas, grumos bacterianos, massa de fibrina ou mucina e corpos estranhos »Podem ser nomeados de acordo com o focal de firmação ou origem -Termo designativo do local de formação ou origem + sufixo “litíase” para denominar a ocorrência do problema + sufixo “lito” para denominar o calculo -Exemplo: biliares (colelitíase- local de formação e colélitos- denominar o calculo da VB), os urinários (urolitíase e urólitos), os bronquiais (bronquiolitíase e bronquiólitos), os salivares (sialolitíase e sialólitos) e os vasculares - formados a partir de trombos (flebólitos e arteriólitos). »Cálculos microscópicos ou microconcreções são também chamadas de corpos amiloides ou amiláceos. Estes são geralmente concêntricos e hialinos sendo frequentes nos ácinos prostáticos e nos alvéolos mamários -Hiperplasia benigna de próstata »Pseudoconcreções ou “fecálitos” ou “cíbalos” ou “fecalomas”: material fecal dessecado, endurecido, consequência de constipação crônica. Não deve ser confundido com os verdadeiros enterócitos, que são mais raros -Fecaloma no colón sigmoide através da colonoscopia
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