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Considerações sobre SISTEMAS DE UNIDADES 1 2 3 Em 1790 – plena Revolução Francesa – a Academia de Ciências de Paris, composta 4 pelos maiores cientistas da época, foi encarregada de estabelecer um sistema de medidas unificado. 5 Nasceu assim o sistema que deveria ser adotado por todos. 6 7 Comprimento 8 9 A unidade de medida de comprimento – disseram os cientistas da Academia de Ciências de 10 Paris – não precisa ter como referência medidas humanas, como as unidades precedentes (braço, pé, 11 passo etc.). Deve, ao contrário, referir-se a algum comprimento fixo e invariável da natureza ou o 12 próprio globo terrestre. 13 14 15 16 Com a crescente demanda de mais precisão do referencial e possibilidade de sua reprodução 17 mais imediata, levou os parâmetros da unidade básica a serem reproduzidos em laboratório e 18 comparados a outro valor constante no universo, que é a velocidade de propagação eletromagnética. 19 Assim sendo, a décima milionésima parte do quadrante de um meridiano terrestre, medida em 20 laboratório, corresponde ao espaço linear percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de 21 tempo correspondente a 1/299.792.458 de segundo, e que continua sendo o metro padrão. 22 23 O sistema métrico trouxe algo de muito bom com relação aos múltiplos e submúltiplos: uma 24 escala decimal de grandezas. Raciocinar de 10 em 10 é muito mais fácil para o ser humano. 25 26 Milímetro (mm) 0,001 m 27 Centímetro (cm) 0,01 m 28 Decímetro (dm) 0,1 m 29 Metro (m) 1 m 30 Decâmetro (dam) 10 m 31 Hectômetro (hm) 100 m 32 Quilômetro (km) 1000 m 33 É certo de que a Terra é grande o bastante para que suas medidas sirvam como unidades. Porém, pode-se tomar um comprimento característico do globo, por exemplo, a distância entre um polo terrestre e o Equador e dividi-lo por um número suficientemente grande para se obter um comprimento fixo – a unidade de medida procurada. Por este caminho se chegou ao metro, definido, a princípio, como a décima milionésima parte da distância do Polo Norte ao Equador, com base no meridiano que passa por Paris. 34 Repare como o sistema métrico decimal é mais racional que o sistema anglo-saxão* (inglês) de 35 medidas de comprimento, que os ingleses tentaram impor ao mundo e quase conseguiram. 36 37 No sistema inglês têm-se: 38 39 1 polegada (2,54 cm) deve ser igual ao comprimento de três grãos de cevada alinhados. 40 1 jarda (0,914 m) deve representar a distância entre a ponta do nariz e o polegar, com o braço 41 estendido (braço do Rei Henrique I, Século XII); 42 1 pé igual a 12 polegadas (0,305 m). 43 44 Massa 45 46 Quando medimos a massa de um determinado objeto utilizando uma balança de dois pratos, 47 como mostrado na figura 1, fica evidente que medir é comparar – comparar o peso do objeto com o 48 peso de um corpo tomado como padrão. Neste tipo de balança comparamos pesos: peso do objeto e o 49 peso padrão. Como o peso é igual ao produto da massa pela aceleração da gravidade no local (g), 50 podemos escrever: 51 52 53 54 FIG.1- Balança de pratos 55 56 massa do peso padrão x gravidade = massa do objeto x gravidade 57 58 Assim comparamos as duas massas. A vantagem deste tipo de balança está no fato de que a 59 medida é a mesma em qualquer ponto da Terra, no litoral ou no topo do Evereste, onde a aceleração 60 da gravidade da Terra é menor. 61 62 As balanças que medem diretamente o peso, por meio da distensão de uma mola, ou outro 63 dispositivo eletrônico, não apresentam a mesma medida em pontos diferentes da Terra. 64 65 66 67 FIG.2 – Balanças de mola 68 Peso padrão Peso de objetos 69 As balanças analíticas de laboratório, apesar de parecerem eletrônicas, comparam o peso de 70 um dado objeto com pesos padrões que estão embutidos dentro da balança. 71 Mas qual é a massa ou o peso padrão com o qual podemos fazer comparações? Podemos 72 eleger qualquer coisa como um padrão de peso, por exemplo: 700 grãos de trigo que, por ordem do 73 Rei Henrique VIII no século XVI, na Inglaterra, seria o peso padrão ou a libra. Mas a libra era uma 74 unidade muito grande para ser utilizada em pesagens de ouro ou prata. Por isso, a libra foi dividida 75 em 16 partes, recebendo esta fração o nome de onça. Ainda hoje a unidade onça é utilizada para pesar 76 ouro. Talvez fosse melhor que os reis da Inglaterra “raciocinassem” em escala decimal. 77 78 Os franceses, na mesma época que definiram o metro, em 1790, teriam elegido como o padrão 79 de massa o grama (g) como a massa de 1 cm3 de água destilada à 4ºC. Apenas para construção de 80 padrão representativo da unidade ter-se-ia adotado por convenção a massa de 1000 g; o quilograma 81 (kg). Estabeleceram também que os submúltiplos deste padrão de massa deveriam obedecer uma 82 escala decimal, assim: 83 84 grama (g) decagrama (dag) hectograma (hg) quilograma (kg) 85 0,001 kg 0,01 kg 0,1 kg 1 kg 86 87 Tempo 88 89 Na idade média usava-se a ampulheta como medida de tempo, obviamente cada uma tinha a 90 sua própria medida. Seguramente, a contagem do tempo era bem caótica. 91 92 Atualmente usa-se o segundo como unidade padrão de tempo. O segundo é definido como 93 sendo a fração 1/86400 do dia solar médio. Mas como a duração do dia tem variação ao longo dos 94 anos (o dia tem aumentado a sua duração de 0,5 s por ano!) em 1967 se estabeleceu uma definição 95 mais rigorosa para o segundo, baseada em comportamento de elétrons (referente ao átomo de Césio 96 133). 97 98 Sistema Métrico Decimal 99 100 Reunindo-se os padrões de comparação para medidas de comprimento (metro); massa 101 (quilograma); tempo (segundo) e mais uma unidade de volume (litro) igual a 1000 cm3, e ainda, 102 utilizando múltiplos e submúltiplos desses padrões em escala decimal, tem-se o chamado Sistema 103 Métrico Decimal. Note que o sistema métrico decimal tem de permeio uma unidade de volume, o 104 litro, que poderia muito bem ser substituído por cm3 ou m3. Mas o sistema métrico decimal não é um 105 sistema próprio da engenharia ou ciência, mas algo mais voltado, por exemplo, para transações 106 comerciais. 107 108 Grandezas Fundamentais e Derivadas 109 110 Se o metro é tomado como uma unidade fundamental, a unidade de área (m2) é uma unidade 111 derivada, assim como a de volume (m3). Se o metro e o segundo são tomados como unidades 112 fundamentais, a velocidade (m/s) e a aceleração (m/s2) são derivadas. A idéia é estabelecer o menor 113 número de unidades, ditas fundamentais, a partir das quais qualquer outra unidade pode ser obtida 114 através de relações algébricas. A escolha é arbitrária, mas o bom senso estabeleceu algumas como 115 fundamentais. Para a mecânica, qualquer grandeza pode ter a sua unidade dada pela combinação da 116 unidade de comprimento, massa e tempo. Então escolhendo o metro, o quilograma e o segundo, têm-117 se: 118 Velocidade (m/s), aceleração (m/s2), força (kg.m/s2), energia (kg.m2/s2), quantidade de movimento 119 (kg.m/s), pressão (kg/(s2.m)), etc. Este sistema foi consagrado na mecânica e recebe o nome de 120 “Sistema MKS” (Meter, Kilogram, Second). Neste sistema algumas unidades derivadas recebem 121 nomes especiais: Para a força, Newton (N), para a pressão, Pascal (Pa) e para energia ou trabalho, 122 Joule (J). 123 124 Entretanto, alguns detalhes que podem gerar confusões. Existe um sistema de unidades que 125 não utiliza a unidade de massa como grandeza fundamental, mas sim unidade a unidade de força. 126 Este sistema não é o MKS anteriormente apresentado, mas o MKS Técnico (MKS*). Neste sistema a 127 grandeza fundamental é o quilograma-força (kgf). Então,no MKS*, tem-se o metro, o quilograma-128 força e o segundo. Este sistema foi muito usado em engenharia, motivo pelo qual é importante 129 conhecê-lo, principalmente no que se refere a sua correspondência com o Sistema Internacional de 130 Unidade (SI). A unidade de massa do sistema MKS* foi batizada como Unidade Técnica de Massa 131 (utm). 132 133 Ao contrário do sistema MKS*, no MKS a força é uma unidade derivada. Então, o Newton (N) 134 é definido como a força que atua em uma massa de 1kg quando este adquire uma aceleração de 135 1m/s2: 136 137 1(unidade de força) = 1kg X 1m/s2. Esta unidade de força é o Newton. 138 139 O esquema da FIG. 3 pode ajudar a entender o Newton e a utm: 140 141 142 FIG. 3 utm e kg 143 144 A massa de 1kg no MKS pesa 9,8N, mas no MKS* pesa 1kgf porque: 145 146 No MKS, o peso de 1kg = 1kg X 9,8m/s2 = 9,8N 147 No MKS*, o peso de 1kgf = massa X 9,8 m/s2 massa = 1/9,8utm. 148 149 O fato de 1kg no MKS pesar 1kgf no MKS* foi, e ainda é, uma grande fonte de confusão! É 150 muito comum ouvirmos que, “uma certa massa pesa 1kg”. É óbvio que se está omitindo a letra “f” do 151 kgf. Cuidado, pois é muito fácil confundir sistemas de unidades diferentes com o kg e o kgf. 152 Obs: ______ 153 154 Nos sistemas de unidades inglesas acontece a mesma coisa, ou pior. Também existe um sistema inercial 155 onde as unidades fundamentais são: comprimento, massa e tempo. 156 157 Comprimento: pé cuja abreviatura é ft (do Inglês feet) 158 Massa: libra massa cuja abreviatura é lbm (em Inglês abrevia-se lb mas chama-se pound) 159 Tempo: segundo (s). 160 161 162 O problema é que existem 3 tipos de libra: 163 164 “pound avoirdupois” para grandezas comerciais equivalente a 0,435kg e divida em 16 onças (oz). 165 “pound troy” para metais preciosos equivalente a 0,373kg subdividida em 12 onças. 166 “pound apothecaries” (libra apotecária) para pesagem de produtos farmacêuticos também equivalente a 0,373kg. 167 168 Normalmente em engenharia se utiliza a avoirdupois. 169 170 Assim a unidade de força neste sistema é definido em função das unidades fundamentais: 171 172 1 unidade de força = 1lbm X 1ft/s2 173 essa unidade de força é chamada de “poundal” 174 175 Portanto poundal é a unidade de força no sistema inercial de unidades inglesas. 176 177 Ao lado do sistema inercial inglês de unidades existe o ponderal onde as unidades são: comprimento, 178 força e tempo: 179 180 Comprimento: pé (ft); Força: libra força (lbf) e Tempo (s) 181 182 Usa-se como unidade fundamental a libra força. A libra força é definida como o peso de um corpo cuja 183 massa é 1lbm. É a mesma coisa que acontece entre o MKS e o MKS*. 184 185 Assim, neste sistema, a massa é uma grandeza derivada: 186 187 1lbf = 1unidade de massa X 1ft/s2 188 189 Esta unidade de massa recebe o nome de “slug” 190 Então: 1lbf = 1slug x 1ft/s2 191 192 A aceleração da gravidade da Terra no nível do mar é, em unidades inglesas: 32,2 ft/s2. 193 194 O peso de um corpo em 1lbf será: 195 196 Peso em 1lbf = Massa em slug x 32,3ft/s2 197 Peso em Poudals = Massa em lbm 32,2 ft/s2 198 199 ______ 200 201 Sistema CGS 202 203 Ao lado do sistema de unidades MKS e MKS* ainda se usa o sistema CGS, onde as unidades 204 fundamentais são o centímetro, o grama e o segundo. É um sistema inercial onde a força, uma 205 unidade derivada, é definida como: 206 207 1unidade de força no CGS = 1g x 1cm/s2 208 209 Essa unidade de força é chamada de “dina” 210 211 1kg = 1000g e 1m/s2 = 100cm/s2, então 1N = 1000g x 100cm/s2 = 100000 g.cm/s2 105 dina 212 ou 1 N = 105dina. 213 214 215 UNIDADES DE ENERGIA 216 217 Em todos os sistemas vistos anteriormente a energia é uma grandeza derivada. Partindo da 218 definição de trabalho, que é energia, força x deslocamento, pode-se escrever: 219 220 Sistema CGS dina.cm (erg) 221 Sistema MKS N.m (J) 222 Sistema MKS* kgf.m 223 224 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES 225 226 Sistema Internacional de Unidades (sigla SI do francês Système international d'unités) é a 227 forma moderna do sistema métrico e é geralmente um sistema de unidades de medida concebido em 228 torno de sete unidades básicas e da conveniência do número dez. É o sistema de medição mais usado 229 do mundo. O SI é um conjunto sistematizado e padronizado de definições para unidades de medida, 230 utilizado em quase todo o mundo moderno, que visa uniformizar e facilitar as medições e as relações 231 internacionais daí decorrentes. 232 233 O antigo sistema métrico incluía vários grupos de unidades. O SI foi desenvolvido em 1960 do 234 antigo sistema metro-quilograma-segundo (MKS), ao invés do sistema centímetro-grama-segundo 235 (CGS), que, por sua vez, teve algumas variações. Denota-se que o SI não é estático, visto que as 236 unidades são criadas e as definições são modificadas por meio de acordos internacionais entre 237 nações, conforme o avanço da tecnologia de medição e o aumento da precisão das medições. 238 239 O sistema tem sido quase universalmente adotado. As três principais exceções são a Myanmar, 240 a Libéria e os Estados Unidos. O Reino Unido adotou oficialmente o Sistema Internacional de 241 Unidades, mas não com a intenção de substituir totalmente as medidas habituais. 242 243 POTÊNCIA 244 245 O conceito físico de potência, energia na unidade de tempo, é muito simples. Porém, em alguns casos, 246 surgem confusões. No SI potência é Joule/segundo (J/s), mas ainda é comum a utilização de cavalo 247 vapor ( cv ou hp (horse–power). É uma unidade de potência muito usada quando se trata de motores. 248 Esta unidade foi introduzida por James Watt, num tempo em que o trabalho nas minas era realizado 249 somente por homens e cavalos. Depois de muitas experiências Watt estabeleceu que, em condições 250 normais, um cavalo poderia trabalhar sem chegar à exaustão, com a potência necessária para levantar 251 um peso de 330lbm (150kg) a uma altura de 100 pés (cerca de 30m) em 1 minuto: feito os cálculos de 252 conversão esta medida equivale a 0,75 quilograma watt ou, usualmente empregado quilowatt (kW). 253 254 PRESSÃO 255 256 Definida como força por área, no SI a pressão é dada por Newton/metro2 que recebe o nome 257 de Pascal (Pa). Entretanto, é muito usada a unidade atmosfera (atm), que é a pressão atmosférica ao 258 nível do mar. Sabe-se que 1atm corresponde à pressão exercida por uma coluna de 760 mm de 259 mercúrio a 0ºC. Assim, podemos estabelecer uma relação entre o Pa e a atm. Lembrando também que 260 a pressão é dada pela relação: 261 262 p = h..g 263 264 onde, 265 p é a pressão de uma coluna de líquido com uma altura h e densidade , considerando ainda a 266 aceleração da gravidade (g) da Terra. 267 268 Apesar de ser uma unidade não recomendável usa-se muito a unidade metros de coluna de 269 água (mca) ou centímetros de coluna de água (cca) para pressões em tubulações. 270 271 10,33mca ______ 101325N/m2 272 0,01mca ______ X (N/m2) 273 274 então, X = 1cca (0,01mca) = 98,088 N/m2 275 276 Outra unidade de pressão que era muito usada e ainda é muito encontrada é a bária (bar). A 277 bária, abreviada b, é a unidade de pressão do CGS. A bária é definida como dina/cm2. A milésima 278 parte do bar, o milibar, era uma unidade de pressão muito usada na meteorologia. As relações de 279 conversão são: 1bar = 1*105N/m2 e 1atm = 1033mbar. 280 281 Uma unidade de pressão, muito usada e que mistura sistemas de unidades diferentes é o 282 kgf/cm2, muito usado em engenharia e eqüivale a 98066,5N/m2. Fazendo as contas, constata-se que 283 1,033 kgf/cm2 equivalea 1atm. Portanto, 10m de coluna de água exercem uma pressão igual a 284 1kgf/cm2. Por isso, esta unidade é muito conveniente. É muito mais fácil visualizar uma coluna de 285 água com 1m de altura como pressão do que 9808,8 N/m2. Muitas dessas unidades são fisicamente 286 mais palpáveis do que as unidades das mesmas grandezas no SI. Por isso foram muito usadas e, 287 ainda “andam por aí”. 288 289 290 291 292 Fontes: 293 Salvagnini, W.M. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Disponível em: 294 http://www.hottopos.com/regeq13/docs/su.doc. 295 Wikipédia - A Enciclopédia Livre. Disponível em: http://www.wikipedia.org/. 296 297
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