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Hormônio Paratireóideo

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Hormônio Paratireóideo, Calcitonina, Metabolismo do Cálcio e 
do Fosfato,Vitamina D, Ossos e Dentes 
A fisiologia do metabolismo do cálcio e do fosfato, a função da vitamina D e a formação do 
osso e dos dentes estão reunidas em um sistema comum, juntamente com os dois hormônios 
regu- ladores, o hormônio paratireóideo e a calcitonina. Por conse- guinte, esses tópicos serão 
discutidos em conjuntoneste capítulo. 
CÁLCIO E FOSFATO NO LÍQUIDO EXTRACELULAR E NO PLASMA - FUNÇÃO DA VITAMINA D 
ABSORÇÃO E EXCREÇÃO DE CÁLCIO E DE FOSFATO 
Absorção intestinal de cálcio e de fosfato. O cálcio é pouco absorvido pelo tubo intestinal, 
devido à relativa insolubilidade de muitos de seus compostos, bem como à absorção deficiente 
de cátions bivalentes. Por outro lado, o fosfato é facilmente absorvido na maior parte do 
tempo, exceto quando existe excesso de cálcio na dieta; o cálcio tende a formar compostos de 
fosfato de cálcio quase insolúveis, que não são absorvidos, mas passam pelo intestino e são 
excretados nas fezes. 
Excreção do cálcio nas fezes e na urina; velocidade efetiva de absorção. Cerca de nove 
décimos da ingestão diária de cálcio são excretados nas fezes, enquanto o décimo restante é 
eliminado na urina. Os valores diários aproximados de renovação para o cálcio no adulto são 
os seguintes: A excreção do cálcio na urina segue muitos dos mesmos princípios que regem a 
excreção de sódio. Cerca de dois terços do cálcio do filtrado glomerular são reabsorvidos nos 
túbulos proximais. A seguir, nos ramos ascendentes da alça de Henle e nos túbulos distais e 
dutos coletores, a reabsorção do cálciorestante é muito seletiva, dependendo da 
concentração dos íons cálcio no sangue. Quando ela é baixa, essa reabsorção é muito 
grande, de modo que quase não ocorre perda de cálcio na urina. Por outro lado, mesmo 
pequeno aumento da concentração de íons cálcio, acima da normal, eleva acentuadamente 
a sua excre- ção. Mais adiante, veremos que o hormônio paratireóideo é um dos fatores mais 
importantes para o controle da reabsorção do cálcio nas porções distais do néfron e, por 
conseguinte, para o controle da excreção do cálcio. Excreção intestinal e urinária de fosfato. À 
exceção da fiação de fosfato excretada nas fezes, em combinação com o cálcio, quase todo o 
fosfato da dieta é absorvido no sangue a partir do intestino e, posteriormente, excretado na 
urina. O fosfato é uma substância com limiar, isto é, quando sua concentração plasmática está 
abaixo do valor crítico de aproxima- damente 1 mmol/1, não há perda de fosfato na urina; 
porém, acima dessa concentração crítica, a perda do fosfato é diretamente proporcional ao 
novo aumento. Por conseguinte, o rim regula a concentração de fosfato no líquido 
extracelular, alterando sua excreção de acordo com a concentração plasmática. Todavia, 
conforme discutido adiante, a excreção renal de fosfato é muito aumentada peio hormônio 
paratireóideo, que desempenha, portanto, importante papel no controle da concen- tração 
plasmática de fosfato. 
VITAMINA D E SEU PAPEL NA ABSORÇÃO DO CÁLCIO E DO FOSFATO 
A vitamina D exerce um potente efeito, aumentando a absor- ção de cálcio pelo tubo 
intestinal. Além disso, exerce efeitos importantes sobre a deposição e a reabsorção ósseas, 
conforme discutido mais adiante. Todavia, a vitamina D, em si, não é a substância ativa que 
realmente produz esses efeitos. Na verda-de, é necessário que a vitamina D seja inicialmente 
convertida no produto final ativo, 1,25-diidroxicolecalciferol, também deno- minado 
1,25(OH)2-D3, através de uma série de reações no fígado e no rim. A Fig. 79.1 ilustra a 
sucessão de etapas que levam à formação dessa substância a partir da vitamina D. 
Consideremos essas etapas. 
Compostos da Vitamina D. Vários compostos diferentes deri- vados de esteróis pertencem à 
família da vitamina D; todos eles desempenham mais ou menos as mesmas funções. O mais 
importante desses compostos, denominado vitamina D3, é o colecal- ciferol. A maior parte 
dessa substância é formada na pele, como consequência da irradiação do 7-desidrocolesterol 
pelos raios ul- travioleta do sol. Por conseguinte, a exposição adequada ao sol impede o 
desenvolvimento de deficiência da vitamina D. Os compostos de vitamina D nos alimentos 
são idênticos ao colecal- ciferol, à exceção de um ou mais átomos substituídos que não afeiam 
sua função. Conversão do colecalcíferol em 25-hidroxicolecalciferol no fígado e seu controle 
por feedback. A primeira etapa na ativação do colecal ciferol consiste na sua conversão em 25-
hidroxicole- calciferol, que ocorre no fígado. Todavia, o processo é, em si, limitado, visto que o 
25-hidroxicoiecalciferol exerce efeito inibi-dor por feedback sobre essas reações de conversão. 
Esse efeito de feedback é de suma importância, por duas razões: Em primeiro lugar, o 
mecanismo de feedback regula com muita precisão a concentração do 25-hidroxicolecalciferol 
no plas- ma; esse efeito é ilustrado na Fig. 79.2. Observe que a ingestão de vitamina D3 pode 
modificar-se, e, apesar disso, a concentração de 25-hidroxicolecalciferol ainda permanece 
dentro de alguns pontos percentuais de seu valor médio normal. Naturalmente, esse elevado 
grau de controle por feedback impede a ação exces- siva da vitamina D quando ela está 
presente em quantidades excessivas. Em segundo lugar, essa conversão controlada da 
vitamina D3 em 25-hidroxicolecalciferol! conserva a vitamina D para uso futuro, visto que, uma 
vez convertida, ela só permanece no orga- nismo por algumas semanas, ao passo que, sob a 
forma de vita- mina D, pode ser armazenada no fígado durante muitos meses. Formação do 
1,25-diidroxicolecalciferol nos rins e seu con- trole pelo hormônio paratireóideo. A Fig. 79.1 
também ilustra a conversão do 25-hidroxicolecalciferol em 1,25- diidroxicolecalciferol nos 
túbulos proximais dos rins. Essa substância é, sem dúvida alguma, a forma mais ativa da 
vitamina D, visto que os produtos anteriores, no esquema da Fig. 79.1, possuem menos 
de1/1.000 doefeitoda vitamina D. Por conseguinte, na ausência dos rins, a vitamina D perde 
quase toda sua eficácia. Observe ainda que, na Fig. 79.1, a conversão do 25-hidroxi- 
colecalciferol em 1,25-diidroxicolecalciferol requer a presença de hormônio paratireóideo. Na 
ausência desse hormônio, a for- mação de 1,25-diidroxicolecalciferol é nula ou quase nula. Por 
conseguinte, o hormônio paratireóideo exerce potente efeito so- bre a determinação dos 
efeitos funcionais da vitamina D no orga- nismo, especialmente seus efeitos sobre a absorção 
de cálcio no intestino e seus efeitos sobre o osso. Efeito da concentração de íons cálcio sobre o 
controle da formação do 1,25-diidroxicolecalciferol. A Fig. 79.3 mostra que a concentração 
plasmática de 1,25-diidroxicolecalciferol é inver- samente afetada pela concentração 
plasmática de cálcio. Existem duas razões para explicar esse fato. Em primeiro lugar, o próprio 
íon cálcio exerce um ligeiro efeito ao impedir a conversão do 25- hidroxicolecalciferol em 1,25-
diidroxicolecalciferol. Em segundo lugar, exercendo um efeito ainda mais importante, como 
veremos adiante, a velocidade de secreção do hormônio parati-reóideo fica acentuadamente 
deprimida quando a concentração plasmática de íons cálcio aumenta para níveis superiores a 
10 mg/dl. O hormônio paratireóideo promove a conversão do 25-hi- droxicolecaleiferol em 
1,25-diidroxicolecalciferol nos rins; toda- via, quando esse hormônio está deprimido, o 25-
hidroxicole- calciferolé convertido num composto ligeiramente diferente --o 24,25-
diidroxicolecalciferol -, que possui pouco efeito de vitamina D. Por conseguinte, quando a 
concentração plasmática de cálcio já está muito elevada, a formação de 1,25-
diidroxicolecalciferolsofre redução acentuada. Por sua vez, a falta de 1,25-diidroxicole- 
calciferol diminui a absorção do cálcio pelo intestino, ossos e túbulos renais, com a 
conseqüente diminuição e normalização da concentração dos íons cálcio. Efeito “hormonal” do 
1,25-diidroxicolecalciferol sobre o epi- télio intestinal no sentido de promover a absorção de 
cálcio. O 1,25-diidroxicolecalciferol funciona como "hormônio", promo- vendo a absorção 
intestinal de cálcio. Exerce esse efeito principal- mente ao aumentar, durante um período de 
cerca de 2 dias, a formação da proteína de ligação do cálcio nas células epiteliais intestinais. 
Essa proteína atua na borda em escova dessas células, transportando cálcio para o interior do 
citoplasma; a seguir, o cálcio atravessa a membrana basolateral da célula por difusão 
facilitada. A velocidade da absorção de cálcio parece ser direta- mente proporcional à 
quantidade dessa proteína de ligação do cálcio. Além disso, essa proteína permanece nas 
células durante várias semanas após a remoção do 1,25-diidroxicolecalciferol do organismo, 
causando, assim, um efeito prolongado sobre a absor- ção de cálcio. Outros efeitos desse 
"hormônio", 1.25-diidroxicolecalcife- rol, que poderiam desempenhar algum papel na 
promoção da absorção do cálcio, incluem (1) formação de ATPase estimulada pelo cálcio na 
borda em escova das células epiteliais e (2) forma- ção de fosfotase alcalina nas células 
epiteliais. Infelizmente, des- conhecem-se os detalhes precisos desses efeitos. Efeito da 
vitamina D sobre a absorção de fosfato. Sabe-se muito menos acerca do efeito da vitamina D 
sobre a absorção de fosfato do que sobre a absorção de cálcio. Além disso, essa absorção é 
muito menos importante, visto que o fosfato costuma ser absorvido com relativa facilidade. 
Todavia, o fluxo de fosfato através do epitélio gastrintestinal é aumentado pela vitamina D. 
Acredita-se que isso resulte de um efeito direto do 1,25-diidro- xicolecalciferol, mas é possível 
que decorra secundariamente da ação desse hormônio sobre a absorção de cálcio, que atua, 
por sua vez, como mediador do transporte do fosfato. 
CÁLCIO NO PLASMA E NO LÍQUIDO INTERSTICIAL 
A concentração aproximada de cálcio no plasma é de 9,4 mg/dl, variando normalmente entre 
9,0 e 10,0 mg/dl. Isso equivale à cerca de 2,4 mmol/l. E evidente que o nível plasmático de 
cálcio é regulado dentro de limites muito estreitos - e principal- mente pelo hormônio 
paratireóideo, conforme discutido mais adiante. O cálcio no plasma encontra-se presente sob 
três formas diferentes, como mostra a Fig. 79.4. (1) Cerca de 40% (l,0mmol/ 1) do cálcio estão 
combinados às proteínas plasmáticas e, nesta forma, não se difundem através da membrana 
capilar. (2) Cerca de 10% do cálcio (0,2 mmol/l) difundem-se através da membrana capilar, 
mas encontram-se combinados com outras substâncias do plasma e dos líquidos intersticiais 
(por exemplo, citrato e fosfato) sob forma não-ionizada. (3) Os 50% restantes de cálcio do 
plasma são difusíveis através da membrana capilar e ionizados. Por conseguinte, o plasma e os 
líquidos intersticiais possuem concentração normal de íons cálcio de aproximadamente 1,2 
mmolll ou 2,4 mEqll, correspondendo a apenas metade da con- 
Fig. 79.4 Distribuição do cálcio iônico (Ca ++), do cálcio difusível porém não-ionizado (Ca X) e 
de proteinato de cálcio (Ca Prot) no plasma sanguíneo. 
centração plasmática total de cálcio. Esse cálcio iônico é impor- tante para a maioria das 
funções do cálcio no organismo, incluindo seu efeito sobre o coração, o sistemanervoso e a 
formação óssea. 
FOSFATO INORGÂNICO NOS LÍQUIDOS EXTRACELULARES 
O fosfato inorgânico no plasma encontra-se principalmente sob duas formas: HPO4- - e 
H2PO4-. A concentração aproximada de HPO4- - é de 1,05 mmol/l, e a concentração de 
H2PO4-, de cerca de 0,26 mmol/l. Quando a quantidade total de fosfato no líquido extracelular 
aumenta, também se verifica aumento na quantidade de cada um desses dois tipos de íons 
fosfato. Além disso, quando o pH do líquido extracelular fica mais ácido, ocor- rem aumento 
relativo do H,PO4- e diminuição do HPO4- -, en- quanto se verifica o oposto nos casos em que 
o líquido extracelular fica alcalino. Essas relações foram apresentadas na discussão do 
equilíbrio ácido-básico, no Cap. 30. Como é difícil determinar quimicamente as quantidades 
exa- tas de HPO4- - e H2PO4- no sangue, a quantidade total de fosfato costuma ser expressa 
em termos de miligramas de fósforo por decilitro de sangue. A quantidade média total de 
fósforo inorgâ- nico, representada pelos dois íons fosfato, é de cerca de 4 mg/dl, variando 
entre os limites normais de 3 a 4 mg/dl nos adultos e entre 4 e 5 mg/dl nas crianças. 
EFEITOS DAS ALTERAÇÕES DAS CONCENTRAÇÕES DE CÁLCIO E DE FOSFATO NOS LÍQUIDOS 
CORPORAIS 
A variação do nível de fosfato no líquido extracelular, desde valores bem inferiores ao normal 
até três a quatro vezes acima do normal, não provoca efeitos imediatos significativos no orga- 
nismo. Por outro lado, a elevação ou a depleção do íon cálcio no líquido extracelular causam 
efeitos extremos e imediatos. Tanto a hipocalcemia quanto a hipofosfatemia crônicas 
diminuem acen- tuadamente a mineralização óssea, conforme explicado mais adiante. 
Tetania resultante da hipocalcemia. Quando a concentração de íons cálcio no líquido 
extracelular cai abaixo do normal, o sistema nervoso torna-se progressivamente mais 
excitável, devido ao aumento da permeabilidade da membrana neuronal aos íons sódio, 
permitindo o fácil início dos potenciais de ação. Na presença de concentrações plasmáticas de 
íons cálcio de cerca de 50% abaixo do normal, as fibras nervosas periféricas, em particu- lar, 
tornam-se tão excitáveis que começam a descarregar esponta- neamente, iniciando uma série 
de impulsos nervosos que passam para os músculos esqueléticos e desencadeiam contrações 
muscu- lares tetânicas. Em conseqüência, a hipocalcemia provoca teta- nia. Todavia, ela 
também provoca, em certas ocasiões, convulsões devido à sua ação no sentido de aumentar a 
excitabilidade no cérebro. A Fig. 79.5 ilustra a tetania na mão que costuma ocorrer antes do 
aparecimento de tetania na maioria das outras partes do corpo. Trata-se do denominado 
"espasmo carpopédico". Em geral, ocorre tetania quando a concentração sanguínea de cálcio 
cai de seu nível normal de 9,4 mg/dl para cerca de 6 mg/dl, o que corresponde a apenas 35% 
abaixo da concentração normal de cálcio; costuma ser letal com níveis de cerca de 4 mg/dl. 
Em animais experimentais, nos quais é possível reduzir o nível de cálcio abaixo da faixa letal 
normal, a hipocalcemia extre- ma pode causar outros efeitos que raramente são evidentes em 
pacientes. Esses efeitos consistem em dilatação pronunciada do coração, alteração nas 
atividades enzimáticas celulares, aumento da permeabilidade da membrana celular de outras 
células além das células nervosas, e comprometimento da coagulação san- guínea. 
Hipocalcemia. Quando o nível de cálcio nos líquidos corpo- rais se eleva acima do normal, 
ocorre depressão do sistema nervo- so, e as atividades reflexas do sistema nervoso central 
ficam bem mais lentas. Além disso, o aumento da concentração de íons cálcio diminui o 
intervalo QT do coração e provoca consti- pação e falta de apetite, provavelmente devido à 
contratilidade deprimida das paredes musculares do tubo gastrintestinal. Os efeitos 
depressivos do aumento dos níveis de cálcio come- çam a aparecer quando a calcemia se eleva 
acima de cerca de 12 mg/dl, podendo tornar-se pronunciados à medida que o nível de cálcio se 
eleva e ultrapassa 15 mg/dl. Quando o nível de cálcio aumenta acima de cerca de 17 mg/dl nos 
líquidos corporais, o fosfato de cálcio tende a precipitarem todo o organismo; essa condição é 
discutida resumidamente em relação com a intoxicação pelo hormônio paratireóideo. 
O OSSO E SUAS RELAÇÕES COM O CÁLCIO E O FOSFATO EXTRACELULARES 
O osso é composto de uma matriz orgânica rígida, que é muito fortalecida pelo depósito de 
sais de cálcio. O osso compacto médio contém, em peso, cerca de 30% de matriz e 70% de sais. 
Todavia, o osso recém-formado pode conter uma percen- tagem consideravelmente maior de 
matriz em relação aos sais. Matriz orgânica do osso. A matriz do osso é constituída por 90 a 
95% de fibras colágenas, sendo o restante representado por um meio homogêneo, 
denominado substância fundamental. As fibras colágenas estendem-se primariamente ao 
longo das linhas de força tensional. Essas fibras dão ao osso sua poderosa força elástica. A 
substância fundamental é composta de líquido extracelular e proteogticanos, especialmente 
condroitinossulfato e ácido hialu- rônico. Desconhece-se a função exata dessas substâncias, 
embora talvez ajudem a controlar a deposição dos sais do cálcio. Sais ósseos. Os sais 
cristalinos depositados na matriz orgânica do osso são compostos principalmente de cálcio e 
fosfato; a fórmula para o principal sal cristalino, conhecido como hidroxiapatita, é a 
seguinte: 
Ca10 (PO4) 6 (OH)2 
Cada cristal — com cerca de 400 angstróms de comprimento, 10 a 30 angstróms de espessura 
e 100 angstróms de largura — têm a forma de uma placa longa e achatada. A proporção 
relativa entre cálcio e fósforo pode variar acentuadamente em diferentes condições 
nutricionais, variando a relação Ca/P entre 1,3 e 2,0 numa base ponderai. Os íons magnésio, 
sódio, potássio e carbonato também estão presentes entre os sais ósseos, embora os estudos 
de difração pelos raios X não consigam mostrar cristais definidos formados por esses íons. Por 
conseguinte, acredita-se que estejam conju- gados aos cristais de hidroxiapatita, em vez de 
estarem organi- zados em cristais distintos. Essa capacidade que possuem muitos tipos 
diferentes de íons de conjugar-se com os cristais ósseos estende-se a numerosos íons 
normalmente estranhos ao osso, como estrôncio, urânio, plutônio e outros elementos 
transurânicos, chumbo, ouro, outros metais pesados e pelo menos 9 dos 14 produtos 
radiativos principais liberados pela explosão da bomba de hidrogênio. A deposição de 
substâncias radiativas no osso pode ocasionar irradiação prolongada dos tecidos ósseos, e, se 
houver deposição de quantidade suficiente, verifica-se quase sem- pre o desenvolvimento 
posterior de sarcoma osteogênico (câncer ósseo). Forças elásticas e de compressão do osso. 
Cada fibra colágena do osso compacto é constituída por segmentos periódicos repeti- dos, 
tendo, cada um, comprimento de 640 A. Os cristais de hidroxiapatita situam-se ao lado de 
cada segmento da fibra, firme- mente ligados a ela. Essa íntima fixação impede qualquer "cisa- 
Ihamento" do osso, isto é, impede que os cristais e as fibras de colágeno escorreguem de seu 
lugar, o que é essencial para conferir força ao osso. Além disso, os segmentos das fibras 
coláge- nas adjacentes sobrepõem-se uns aos outros, determinando tam- bém a superposição 
dos cristais de hidroxiapatita, lembrando tijolos ligados uns aos outros para formar uma 
parede. As fibras de colágeno do osso, da mesma forma que as dos tendões, são dotadas de 
grande força elástica, enquanto os sais de cálcio, que possuem propriedades físicas 
semelhantes ao mármore, apresentam grande força de compressão. Essas pro- priedades 
combinadas, somadas ao grau de ligação entre as fibras de colágeno e os cristais, produzem 
uma estrutura óssea dotada ao mesmo tempo, de força elástica e de compressão. Por conse- 
guinte, os ossos são construídos exatamente da mesma maneira como é construído o concreto 
armado. O ferro do concreto arma- do proporciona a força elástica, enquanto o cimento, a 
areia e a pedra proporcionam a força de compressão. Com efeito, a força de compressão do 
osso é maior que a do melhor concreto armado, e a força elástica aproxima-se da do concreto 
armado. 
PRECIPITAÇÃO E ABSORÇÃO DO CÁLCIO E DO FOSFATO NO OSSO - EQUILÍBRIO COM OS 
LÍQUIDOS EXTRACELULARES 
Estado de supersaturação dos íons cálcio e fosfato no líquido extracelular em relação à 
hidroxiapatita. As concentrações de íons cálcio e fosfato no líquido extracelular são 
consideravelmente maiores do que as necessárias para causar precipitação de hidro- xiapatita. 
Todavia, existem inibidores na maioria dos tecidos do organismo, bem como no plasma, para 
impedir essa precipi- tação; um deles é o pirofosfato. Por conseguinte, os cristais de 
hidroxiapatita não se precipitam nos tecidos normais, exceto no osso, a despeito do estado de 
supersaturação dos íons. 
Mecanismo de calcificação óssea. O estágio inicial da produ- ção do osso consiste na secreção 
de moléculas de colágeno (deno- minadas monômeros de colágeno) e da substância 
fundamental (principalmente proteoglicanos) pelos osteohlastos. Os monôme- ros de 
colágeno sofrem rápida polimerização, formando fibras colágenas; o tecido resultante é o 
osteóide, isto é, um material semelhante à cartilagem, porém diferindo dela, devido à precipi- 
tação de sais de cálcio. À medida que o osteóide se forma, alguns ostcoblastos ficam 
aprisionados no osteóide, passando a ser deno- minados osteócitos. Dentro de poucos dias 
após a formação do osteóide, os sais de cálcio começam a se precipitar sobre as superfícies 
das fibras colágenas. Os precipitados surgem inicialmente a determi- nados intervalos ao longo 
de cada fibra colágena, formando dimi- nutos "ninhos" que se multiplicam rapidamente e 
crescem no decorrer de um período de dias e semanas, com a conseqüente formação do 
produto final, cristais de hidroxiapatita. Inicialmente, os sais de cálcio a serem depositados não 
são cristais de hidroxiapatita, porém compostos amorfos (não- cristalinos), consistindo numa 
provável mistura de sais como CaHPO4-2H,O, Ca3(PO4),-3H2O, e outros. A seguir, através de 
um processo de substituição e adição de átomos, ou de reabsorção e reprecipitação, esses sais 
são convertidos em cristais de hidroxia- patita no decorrer de um período de semanas ou 
meses. Contudo, até 20 a 30% podem manter-se permanentemente na forma amor- fa. Isso é 
importante, uma vez que esses sais podem ser rapida- mente absorvidos quando houver 
necessidade de cálcio adicional no líquido extracelular. Desconhece-se ainda o mecanismo 
responsável pela depo- sição de sais de cálcio no osteóide. Uma das teorias sustenta que, no 
momento de sua formação, as fibras de colágeno já estão especialmente constituídas de modo 
a provocar a precipi- tação de sais de cálcio. Supostamente, os osteoblastos também secretam 
uma substância no osteóide, a fim de neutralizar um inibidor (talvez pirofosfato) que 
normalmente impede a cristali- zação da hidroxiapatita. Uma vez neutralizado o pirofosfato, a 
afinidade natural das fibras de colágeno pelos sais de cálcio irá supostamente provocar a 
precipitação. Essa teoria vem sendo apoiada pelo fato de que as fibras de colágeno 
adequadamente preparadas de outros tecidos do organismo, além do osso, tam- bém 
provocam a precipitação de cristais de hidroxiapatita do plasma. Precipitação de cálcio nos 
tecidos não-ósseos em condições anormais. Embora os sais de cálcio quase nunca se 
precipitem nos tecidos normais além do osso, eles podem fazê-lo em condi- 
ções anormais. Por exemplo, precipitam-se nas paredes arteriais na condição denominada 
arteriosclerose, de modo que as artérias se transformam em tubos semelhantes a ossos. Da 
mesma manei- ra, os sais de cálcio quase sempre se depositam nos tecidos em degeneração 
ou em antigos coágulos sanguíneos. É provável que, nesses casos,os fatores inibidores que 
normalmente impedem a deposição de sais de cálcio desapareçam dos tecidos, permi- tindo, 
assim, a ocorrência da precipitação. 
CÁLCIO PERMUTÁVEL 
Quando se injetam sais solúveis de cálcio por via venosa, as concentrações dos íons cálcio 
podem elevar-se imediatamente e atingir níveis muito elevados. Todavia, dentro de meia hora 
a uma hora ou mais, a concentração de íons cálcio se normaliza. De forma semelhante, quando 
grandes quantidades de íons cálcio são removidas dos líquidos corporais circulantes, a 
concentração de íons cálcio volta novamente ao normal dentro de 30 minutos a 1 hora. Esses 
efeitos resultam, em parte, do fato de o organismo conter um tipo de cálcio permutável, que 
está sempre em equilí- brio com os íons cálcio nos líquidos extracelulares. Uma pequena 
fração desse cálcio permutável é representada pelo cálcio encon- trado em todas as células 
teciduais, em particular nos tipos de células altamente permeáveis, como as do fígado e do 
tubo gas- trintestinal. Todavia, a maior parte do cálcio permutável, confor- me demonstrado 
por estudos que utilizaram cálcio marcado radia- tivamente, encontra-se no osso e 
corresponde, normalmente, a cerca de 0,4 a 1,0% do cálcio ósseo total. A maior parte desse 
cálcio deposita-se provavelmente nos ossos, sob a forma de sais rapidamente mobilizáveis, 
como CaHPO4 e outros sais amorfos. A importância do cálcio permutável para o organismo é 
que ele representa um rápido mecanismo tampão, de modo a evitar que a concentração de 
íons cálcio nos líquidos extrace- lulares se eleve excessivamente ou caia até níveis muito 
baixos, em condições transitórias de excesso ou de menor disponibilidade de cálcio. 
DEPOSIÇÃO E ABSORÇÃO ÓSSEAS DO OSSO- REMODELAGEM DO OSSO 
Deposição de osso pelos osteoblastos. O osso é continuamente depositado pelos osteoblastos 
e é constantemente absorvido nos locais em que os osteoclastos estão ativos. Os osteoblastos 
são encontrados nas superfícies externas dos ossos, bem como em suas cavidades. Verifica-se 
um pequeno grau de atividade contínua osteoblástica em todos os ossos vivos (cerca de 4% de 
todas as superfícies, num dado momento, conforme ilustrado na Fig. 79.6), de modo que 
ocorre formação constante de pelo menos uma certa quantidade de osso novo. Absorção 
óssea - função dos osteoclastos. O osso também está sendo continuamente absorvido na 
presença de osteoclastos, que consistem em grandes células multinucleadas (até 50 núcleos) e 
fagocíticas, deriva- das de monócitos ou de células semelhantes a monócitos formadas na 
medula óssea. Em condições normais, os osteoclastos estão ativos em menos de 1% das 
superfícies ósseas. Mais tarde, neste capítulo, veremos que o hormônio paratireóideo controla 
a atividade absortiva do osso pelos osteoclastos. Histologicamente, a absorção óssea ocorre na 
região imediatamente adjacente aos osteoclastos, conforme ilustrado na Fig. 79.6. Acredita-se 
que o mecanismo dessa absorção seja o seguinte: Os osteoclastos emitem projeções 
semelhantes a vilosidades para o osso, formando a denominada borda ondulada adjacente ao 
osso. As vilosidades secretam dois tipos de substâncias: (1) enzimas proteolíticas, liberadas dos 
lisossomas dos osteoclastos, e (2) vários ácidos, incluindo o ácido cítrico e o ácido láctico, 
liberados principalmente das mitocôndrias. Presumivelmente, as enzimas digerem ou 
dissolvem a matriz orgânica do osso, enquanto os ácidos ocasionam a dissolução dos sais 
ósseos. Equilíbrio entre a deposição e a absorção óssea. Normalmente, exceto nos ossos em 
crescimento, a velocidade de deposição e a velocidade de absorção óssea são iguais, de modo 
que a massa ósseatotal permanece 
764 
Fig. 79.6 Atividade osteoblástica e osteoclástica no mesmo osso. Fig. 79.7 Estrutura do osso. 
constante. Em geral, os osteoclastos existem em massas pequenas, porém concentradas; 
quando a massa de osteoclastos começa a se desenvolver, ela costuma corroer o osso durante 
cerca de 3 semanas, perfurando um túnel que pode atingir 1 rnm de diâmetro e vários 
milímetros de extensão. Ao fim desse tempo, os osteoclastos desaparecem, e o túnel é 
invadido por osteoblastos: a seguir, começa a surgir novo osso. A deposição óssea prossegue, 
então, durante vários meses, sendo o novo osso depositado em camadas sucessivas de círculos 
concêntricos (lamelas) nas superfícies internas da cavidade, até preencher o túnel. A deposição 
de novo osso cessa quando o osso começa a invadir os vasos sanguíneos que irrigam essa área. 
O canal através do qual correm esses vasos, deno- minado canal de Havers, é, por conseguinte, 
tudo o que restada cavidade original. Cada nova área de osso assim depositada é denominada 
ósteon, conforme ilustrado na Fig. 79.7. Importância da remodelação continuo do osso. A 
deposição e a absorção ósseas contínuas desempenham algumas funções fisiológicas 
importantes. Em primeiro lugar, o osso adapta habitualmente sua força ao grau do estresse 
ósseo. Por conseguinte, os ossos sofrem espessamento quando submetidos a cargas pesadas. 
Em segundo lugar, mesmo a forma do osso pode ser reorganizada para a sustentação 
adequada das forças mecânicas, pela deposição e absorção ósseas, de acordo com o tipo do 
estresse. Em terceiro lugar, como o osso velho torna-se relativamente fraco e quebradiço, é 
necessária a formação de nova matriz orgânica à medida que a matriz antiga sofre 
degeneração. Dessa maneira, é mantida a rigidez normal do osso. Com efeito, os ossos de 
crianças, em que a velocidade de deposição e de absorção é rápida, são pouco quebradiços em 
comparação com os ossos do indivíduo idoso, quando a velocidade de deposição e absorção 
fica lenta. Controle da velocidade de deposição óssea por "estresse" ósseo. O osso é 
depositado em proporção à carga de compressão que ele deve suportar. Por exemplo, os ossos 
dos atletas ficam consideravelmente mais pesados que os das outras pessoas. Além disso, se a 
pessoa tiver uma das pernas engessada, mas continuar a andar com a perna oposta, o osso da 
perna engessada fica fino e sofre descalcificação de até 30% dentro de algumas semanas, 
enquanto o osso oposto permanece espesso e normalmente calcificado. Por conseguinte, o 
estresse físico contínuo estimula a calcificação e a deposição osteoblástica de osso. O estresse 
ósseo também determina a forma dos ossos em certas circunstâncias. Por exemplo, quando 
um osso longo da perna sofre fratura em sua parte central e, a seguir, consolida-se em 
angulação, o estresse de compressão sobre o lado interno do ângulo determina aumento da 
deposição óssea, verificando-se aumento da absorção no lado externo do ângulo, onde o osso 
não é comprimido. Depois de muitos anos de maior deposição na face interna do osso 
angulado, com absorção no lado externo, o osso volta a ser quase reto, sobretudo em crianças, 
devido à rápida remodelação do osso nessa época. Sugere-se que a deposição de osso nos 
pontos de estresse de com- pressão é causada por um efeito piezoeleinco, da seguinte forma: 
A compressão do osso gera potencial negativo nas áreas comprimidas e potencial positivo nos 
outros pontos do osso. Foi demonstrado que a passagem de diminutas quantidades de 
corrente pelo osso provoca ativi- dade osteoblástica no pólo negativo da corrente, o que 
poderia explicar a maior deposição óssea nos locais de compressão. Por outro lado, a atividade 
osteoclástica habitual poderia ser a responsável pela reabsorção óssea nos outros locais. 
Reparo de fratura. A fratura de um osso, de certa maneira, ativa ao máximo todos os 
osteoblastos periósteos e intra-ósseos envolvidos na fratura. Além disso, forma-se grande 
número de novos osleoblastos, quase imediatamente, a partir das denominadas células 
osleoprogtni-toras, que são células-tronco ósseas. Por conseguinte, em pouco tempo surge, 
entre as duas extremidades fraturadas do osso, uma grande eleva- ção de tecido osteoblástico 
e nova matriz óssea orgânica, seguida rapida- mente pela deposição de sais de cálcio. Trata-se 
do denominado calo. Muitos cirurgiões ortopedistas utilizam o fenômeno do estresse ósseo 
para acelerar a velocidade de consolidação da fratura. Isso é feito pelo uso de aparelhos de 
fixação mecânica especiais para manter unidas as extremidades fraturadas, de modo que o 
paciente possa utilizar o osso imediatamente. É evidente que isso causa estresse nas 
extremidades opostas dos ossos fraturados, o que acelera a atividade osteoblástica no local da 
fratura, reduzindo quase sempre o tempo de convalescença. Fosfatase alcalina do sangue 
como indicadora da velocidade da depo- sição óssea. Os osteoblastos secretam grande 
quantidade de fosfatase alcalina quando estão depositando ativamente a matriz óssea. 
Acredita-se que essa fosfatase aumente a concentração local de fosfato inorgânico ou ative as 
fibras de colágeno, de modo a causar a deposição de sais de cálcio. Devido à difusão de certa 
quantidade de fosfatase alcalina no sangue, o nível sanguíneo dessa enzima constitui, em 
geral, um bom indicador da velocidade de formação óssea. 
HORMÔNIO PARATIREÓIDEO 
Durante muitos anos, soube-se que o aumento da atividade da glândula paratireóide causava 
rápida absorção de sais de cálcio dos ossos, resultando em hipercalcemia no líquido 
extracelular. Por outro lado, a hipofunção das glândulas paratireóides causa hipoculcetnia, 
quase sempre com tetania resultante. Além disso, o hormônio paratireóideo é importante no 
metabolismo do fosfa- to, bem como no metabolismo do cálcio. Anatomia fisiológica das 
glândulas paratireóides. Normal- mente, existem quatro glândulas paratireóides no ser 
humano, localizadas imediatamente atrás da glândula tireóide — uma atrás de cada um dos 
pólos superiores e inferiores da tireóide. Cada glândula paratireóide mede aproximadamente 6 
mm de compri- mento, 3 mm de largura e 2 mm de espessura e possui o aspecto macroscópico 
da gordura marrom-escura; por conseguinte, é difí- cil localizar as glândulas paratireóides 
durante a cirurgia da tireói- de. Por essa razão, antes que fosse reconhecida a importância 
dessas glândulas, a tireoidectomia total ou subtotal resultava qua- se sempre na remoção total 
das glândulas paratireóides. A remoção da metade das glândulas paratireóides causa em geral 
pouca anormalidade fisiológica. Todavia, a remoção de três das quatro glândulas normais 
costuma provocar hipoparatireoidismo transitório. Entretanto, até mesmo uma pequena 
quantidade de tecido paratireóideo restante é habitualmente capaz de sofrer hipertrofia, de 
modo a desempenhar a função de todas as glândulas. A glândula paratireóide do ser humano 
adulto, ilustrada na Fig. 79.8, contém sobretudo células principais e células oxífilas; todavia, 
estas últimas estão ausentes em muitos animais e nos seres humanos jovens. As células 
principais secretam a maior parte do hormônio paratireóideo. A função das células oxífilas é 
incerta; acredita-se que sejam células principais modificadas ou que sofreramdepleção, 
demodo que não mais secretam hormônio. 
Química do hormônio paratireóideo. O hormônio paratireói- deo foi isolado em sua forma 
pura. É inicialmente sintetizado nos ribossomas, sob a forma de pré-pró-hormônio, uma cadeia 
polipeptídica de 110 aminoácidos. Essa cadeia é clivada, resul- tando na formação do pró-
hormônio e, finalmente, do próprio hormônio pelo retículo endoplasmático e pelo aparelho de 
Golgi. A seguir, o hormônio é armazenado em grânulos secretores no citoplasma das células. O 
hormônio final, que é constituído por 84 aminoácidos, possui peso molecular aproximado de 
9.500. Também foram isolados das glândulas paratireóides compostos menores apenas com os 
34 aminoácidos adjacentes ao terminal da molécula; esses compostos exibem toda a atividade 
do hormônio paratireóideo. 
EFEITO DO HORMÔNIO PARATIREÓIDEO SOBRE AS CONCENTRAÇÕES DE CÁLCIO E DE 
FOSFATO NO LÍQUIDO EXTRACELULAR 
A elevação da concentração de cálcio é causada principalmente por dois efeitos: (1) pelo 
efeito do hormônio paratireóideo, no sentido de promover a absorção de cálcio e de fosfato 
do osso e (2) pelo rápido efeito do hormônio paratireóideo no sentido de reduzir a excreção 
renal de cálcio. Por outro lado, o declínio na concentração de fosfato é ocasionado por um 
efeito muito forte do hormônio paratireóideo sobre os rins, resultando em excreção 
excessiva de fosfato, efeito este que, em geral, é grande o suficiente para sobrepujar o 
aumento da absorção de fosfato do osso. 
 
Absorção de cálcio e de fosfato do osso causada pelo hormônio paratireóideo 
O hormônio paratireóideo parece exercer dois efeitos distintos sobre o osso no sentido de 
determinar a absorção de cálcio e de fosfato. Um deles consiste numa fase muito rápida que 
ocorre em minutos e resulta, provavelmente, da ativação das células ósseas já existentes, de 
modo a promover a absorção de cálcio e de fosfato. A segunda fase é muito mais lenta e 
necessita de vários dias ou até mesmo semanas para instalar-se por completo; resulta da 
proliferação dos osteoclastos, seguida por aumento pronunciado da reabsorção 
osteoclástica do próprio osso, e não apenas da absorção de sais de fosfato de cálcio do osso. 
Fase rápida de absorção do cálcio e do fosfato — osteolise. Quando são injetadas grandes 
quantidades de hormônio paratireóideo, a concentração de íons cálcio no sangue começa a 
elevar- se dentro de minutos, bem antes do desenvolvimento de qualquer célula óssea nova. 
Estudos histológicos e fisiológicos demons- traram que o hormônio paratireóideo induz a 
remoção dos sais ósseos da matriz óssea, na vizinhança dos osteócitos situados no interior 
do próprio osso, bem como na vizinhança dos osteo- blastos ao longo da superfície óssea. 
Todavia, por estranho que pareça, não se pensa em geral que os osteoblastos ou os osteócitos 
estejam funcionando no sentido de causar a absorção dos sais ósseos, uma vez que esses dois 
tipos de células são de natureza osteoblástica e estão normalmente associados à deposição 
óssea e sua calcificação. Entretanto, estudos recentes mostraram que os osteoblastos e os 
osteócitos formam um sistema de células interconectadas que se espalham por sobre toda a 
superfície ós- sea, exceto nas pequenas áreas superficiais adjacentes aos osteoclastos. Além 
disso, longos processos membranosos estendem-se do osteócito para 
outro osteócito em toda a estrutura óssea; esses processos ligam-se 
também aos osteócitos e aos osteoblastos superficiais. Acredita-se que 
esse extenso sistema, denominado sistema da membrana osteocítica, 
proporcione uma membrana que separa o próprio osso do líquido 
extracelular. Entre a membrana osteocítica e o osso, existe uma pequena 
quantidade de líquido denominado simplesmente líquido ósseo. 
Experiências indiretas indicam que a membrana osteocítica bombeia 
íons cálcio do líquido ósseo para o líquido extracelular, criando uma 
concen- tração de íons cálcio no líquido ósseo de apenas um terço da 
concentração existente no líquido extracelular. Quando a bomba 
osteocítica torna-se excessivamente ativada, a concentração de cálcio do 
líquido ósseo cai ainda mais, e os sais de fosfato de cálcio são, então, 
absorvidos do osso. Esse efeito, denominado osteólise, ocorre sem 
absorção da matriz óssea. Quando a bomba é inativada, a concentração de cálcio do 
líquido ósseo aumenta para .níveis mais elevados, e os sais de fosfato de cálcio são, então, 
redepositados na matriz. Todavia, em que ponto se situa o hormônio paratireóideo nessequadro? Em primeiro lugar, as membranas celulares dos osteoblastos e 
dos osteócitos possuem proteínas receptoras para a ligação do hormônio 
paratireóideo. Parece que esse hormônio tem capacidade de ativar 
fortemente a bomba de cálcio, causan- do, portanto, a remoção rápida 
dos sais de fosfato de cálcio dos cristais ósseos amorfos que se localizam 
próximo às células. Acredita-se que o hormônio paratireóideo estimule 
essa bomba, aumentando a permeabilidade ao cálcio do lado da 
membrana osteocítica voltada para o líquido ósseo, permitindo, assim, a 
difusão de íons cálcio do líquido ósseo para as células da membrana. A 
seguir, a bomba de cálcio do outro lado da membrana celular transfere 
os íons cálcio para o líquido extracelular. 
Fase lenta de absorção óssea e liberação de fosfato de cálcio - ativação dos osteoclastos. A 
ativação dos osteoclastos é um efeito muito mais conhecido do hormônio paratireóideo, cuja 
evidência é também muito mais clara. Contudo, por estranho que pareça, os osteoclastos não 
possuem proteínas receptoras de membrana para o hormônio paratireóideo. Na verdade, 
acre- dita-se que os osteoblastos e osteócitos ativados emitem um "sinal" secundário, porém, 
desconhecido, para os osteoclastos, os quais, por sua vez, são estimulados a desempenhar sua 
tarefa habitual de "devorar" o osso. A ativação do sistema osteoclástico ocorre em duas 
fases: (1) ativação imediata dos osteoclastos que já estão formados e (2) formação de novos 
osteoclastos. Em geral, o excesso de hormônio paratireóideo durante vários dias faz com que 
o sistema osteoclástico fique bem desenvolvido; todavia, ele continua a crescer praticamente 
durante meses sob a influência da estimulação muito forte do hormônio paratireóideo. Depois 
de algumas semanas a meses, a reabsorção osteoclástica do osso leva à debilitação dos ossos e 
ao estímulo secun dário dos osteoblastos. Por conseguinte, o efeito tardio consiste, na 
realidade, em aumentar tanto a atividade osteoblástica quanto a atividade osteoclástica. Ainda 
assim, mesmo nas fases tardias, ocorre mais absorção óssea do que deposição. O osso contém 
quantidades tão grandes de cálcio, em compa- ração com a quantidade total existente em 
todos os líquidos extracelulares (cerca de 1.000 vezes), que, mesmo quando o hor- mônio 
paratireóideo determina elevação acentuada da concen- tração de cálcio nos líquidos, é 
impossível discernir qualquer efeito imediato sobre os ossos. Contudo, a administração ou a 
secreção prolongada de hormônio paratireóideo - no curso de um período de meses ou até 
mesmo de anos - resultam, finalmente, em absorção evidente de todos os ossos, com forma- 
ção de grandes cavidades preenchidas com osteoclastos muito grandes e multinucleados. 
Efeito do hormônio paratireóideo sobre a excreção de fosfato e de cálcio pelos rins 
A administração de hormônio paratireóideo provoca perda rápida e imediata de fosfato na 
urina, devido à redução da reab- sorção tubular proximal dos íons fosfato. O hormônio 
paratireóideo também aumenta a reabsorção tubular de cálcio, ao mesmo tempo que 
diminui a reabsorção de fosfato. Além disso, também aumenta a velocidade de reabsor- ção 
dos íons magnésio e íons hidrogênio, enquanto diminui a reabsorção de íons sódio, potássio 
e aminoácidos, da mesma forma que afeta o fosfato. Todavia, o aumento da absorção de 
cálcio ocorre nos ramos ascendentes das alças de Henle, túbulos distais e túbulos coletores, e 
não nos túbulos proximais. Não fosse pelo efeito do hormônio paratireóideo sobre os rins, no 
sentido de aumentar a reabsorção de cálcio, a perda contínua de cálcio na urina levaria 
eventualmente à depleção desse mineral nos ossos. 
 
 
 
Efeitos do hormônio paratireóideo sobre a absorção intestinal de cálcio e fosfato 
Neste ponto devemos lembrar novamente que o hormônio paratireóideo aumenta de maneira 
apreciável tanto a absorção de cálcio quanto a de fosfato pelo intestino, aumentando a forma- 
ção nos rins do 1,25-diidroxicolecalciferol a partir da vitamina D, conforme discutido no início 
deste capítulo. 
Efeito da vitamina D sobre o osso e sua relação com a atividade do hormônio paratireóideo 
A vitamina D desempenha papéis importantes tanto na absorção quanto na deposição óssea. A 
administração de quantidades extremas de vitamina D causa absorção óssea, da mesma 
maneira que a administração de hormônio paratireóideo. Além disso, na ausência de vitamina 
D, o efeito do hormônio paratireóideo no sentido de causar absorção óssea encontra-se muito 
reduzido ou até mesmo ausente. Desconhece-se o mecanismo dessa ação da vitamina D, mas 
acredita-se que resulte do efeito do 1,25-diidroxicolecalciferol (o principal produto ativo da 
vita- mina D) sobre o aumento do transporte de cálcio através das membranas celulares. A 
vitamina D, em quantidades menores, promove a calcificação do osso. Naturalmente, um dos 
mecanismos pelos quais ela exerce esse efeito consiste em aumentar a absorção intestinal 
de cálcio e de fosfato. Todavia, mesmo na ausência desse aumen- to, a vitamina ainda 
intensifica o processo de mineralização do osso. Nesse caso, também se desconhece o 
mecanismo do efeito, mas é provável que decorra da capacidade do 1,25-diidroxicole- 
calciferol de induzir o transporte de íons cálcio através das mem- branas celulares — mas, 
talvez, na direção oposta, através das membranas celulares dos osteoblastos ou osteócitos. 
Papel do monofosfato de adenosina cíclico como mediador da estimulação paratireóidea. 
Grande parte do efeito do hormô- nio paratireóideo sobre seus órgãos-alvo é quase 
certamente me- diada pelo mecanismo de segundo mensageiro do monofosfato de adenosina 
cíclico (AMPc). Dentro de poucos minutos após a administração de hormônio paratireóideo, a 
concentração de AMPc aumenta nos osteoclastos e em outras células-alvo. Por sua vez, esse 
AMPc é provavelmente responsável por certas fun- ções, como secreção osteoclástica de 
enzimas e ácidos que indu- zem a reabsorção óssea, formação do 1,25-diidroxicolecalciferol 
nos rins etc. Todavia, existem, com toda probabilidade, outros efeitos diretos do hormônio 
paratireóideo que funcionam inde- pendentemente do mecanismo do segundo mensageiro. 
CONTROLE DA SECREÇÃO PARATIREOIDEA PELA CONCENTRAÇÃO DE ÍONS CÁLCIO 
Até mesmo a menor redução da concentração de íons cálcio no líquido extracelular determina, 
em poucos minutos, aumento da velocidade de secreção das glândulas paratireóides; se a con- 
centração diminuída de cálcio persistir, as glândulas hipertro- fiam-se, algumas vezes por até 
cinco ou mais vezes. Por exemplo, as glândulas paratireóides tornam-se acentuadamente 
aumenta- das no raquitismo, onde o nível de cálcio costuma estar ligeira- mente deprimido; 
além disso, também se verifica aumento pro- nunciado dessas glândulas durante a gravidez, 
embora a diminui- ção da concentração de íons cálcio no líquido extracelular da mãe seja 
dificilmente mensurável. As glândulas paratireóides também aumentam acentuadamente 
durante a lactação, devido à utilização do cálcio para a formação do leite. Por outro lado, 
qualquer condição capaz de elevar a concen- tração de íons cálcio determina a diminuição da 
atividade e do tamanho das glândulas paratireóides. Essas condições incluem: (1) 
quantidades excessivas de cálcio na dieta; (2) aumento da vitamina D na dieta; (3) absorção 
óssea causada por fatores distintos do hormônio paratireóideo (por exemplo, absorção ós- 
sea causada pelo desuso dos ossos). A Fig. 79.10 ilustra, em termos quantitativos, a relação 
apro- ximada entre a concentração plasmática de cálcio e a concen- tração plasmática de 
hormônio paratireóideo. A curva contínua em vermelho mostra a relação imediata quando a 
concentraçãode cálcio é alterada no decorrer de um período de algumas horas. Isso mostra 
que uma redução da concentração de cálcio de seu valor normal de 9,4 mg/dl para 8,4 mg/dl 
duplica ou triplica a concentração plasmática do hormônio paratireóideo. Por outro lado, a 
relação crônica aproximada que se encontra quando a concentração de íons cálcio é alterada 
no decorrer de várias semanas, permitindo a ocorrência de hipertrofia das glândulas, é 
ilustrada pela linha tracejada em vermelho; isso ilustra que uma diminuição por fração de 
miligrama por decilitro na concen- tração plasmática de cálcio é capaz de duplicar a secreção 
do hormônio paratireóideo. Obviamente, essa é a base do sistema extremamente potente de 
feedback para o controle da concen- tração plasmática de íons cálcio. 
CALCITONINA 
Há cerca de 30 anos, foi descoberto um novo hormônio que exerce efeitos fracos sobre a 
calcemia, opostos aos do hormô- nio paratireóideo. Esse hormônio, denominado calcitonina 
por reduzir a concentração sanguínea de íons cálcio, não é secretado, no ser humano, pelas 
glândulas paratireóides, mas pela tireóide. Nos peixes, anfíbios, répteis e aves, a calcitonina é 
secretada pelas glândulas ultimobranquiais; desempenha papel essencial- mente importante 
no controle da concentração sanguínea de íons cálcio quando esses animais mudam de 
ambiente, da água doce para a salgada, onde existe grande excesso de cálcio. Além disso, sua 
concentração nessas glândulas ultimobranquiais é extrema- mente elevada. No ser humano, as 
glândulas ultimobranquiais não existem como tais, mas foram incorporadas à glândula tireói- 
de. As denominadas células parafoliculares, ou células C, no tecido 
intersticial entre os folículos da glândula tireóide humana são 
remanescentes das glândulas ultimobranquiais dos animais inferiores, 
constituindo apenas 0,1% da tireóide. São essas células que secretam a 
calcitonina. A calcitonina é um grande polipeptídio com peso molecular de 
aproximadamente 3.400; é constituída por uma cadeia de 32 aminoácidos. Efeito da 
calcitonina sobre a redução da concentração plasmá- tica de cálcio. Em alguns animais jovens, 
porém muito pouco no ser humano, a calcitonina diminui rapidamente a 
concentração de íons cálcio no sangue, dentro de alguns minutos após 
sua injeção. Por conseguinte, o efeito da calcitonina sobre a concen- 
tração sanguínea de íons cálcio é exatamente o oposto do hormô- nio 
paratireóideo, além de ocorrer mais rapidamente. A calcitonina reduz as 
concentrações plasmáticas de cálcio por pelo menos duas maneiras 
distintas: 1. O efeito imediato consiste em diminuir a atividade absor- 
tiva dos osteoclastos e, provavelmente, também o efeito osteo- lítico da 
membrana osteocítica em todo o osso, com o conse- quente desvio do 
equilíbrio em favor da deposição de cálcio no compartimento 
rapidamente permutável de sais de cálcio do osso. Esse efeito é 
especialmente significativo em animais jovens, devido ao rápido 
intercâmbio do cálcio absorvido e depositado. 2. O segundo efeito da 
calcitonina, que é mais prolongado, consiste em diminuir a formação de 
novos osteoclastos. Além disso, como a reabsorção osteoclástica de osso 
leva secunda riamente à atividade osteoblástica, a diminuição do 
número de osteoclastos é seguida por números diminuídos de 
osteoblastos. Por conseguinte, no decorrer de um longo período de 
tempo, o resultado final consiste simplesmente numa acentuada 
redução da atividade osteoclástica e osteoblástica; conseqüentemente, não se 
verifica qualquer efeito prolongado significativo sobre a con- centração plasmática de íons 
cálcio. Isto é, o efeito sobre o cálcio plasmático é principalmente transitório, tendo duração de 
poucas horas a alguns dias, no máximo. A calcitonina também exerce efeitos menores sobre o 
processamento do cálcio nos túbulos renais e no tubo intestinal. Nesse caso também, os 
efeitos são opostos aos do hormônio paratireóideo; todavia, em termos quantitativos, 
parecem ser de tão pouca monta que raramente são considerados. 
Importância do efeito da calcitonina sobre a concentração plasmática de cálcio. A calcitonina 
exerce apenas efeito muito fraco sobre a concentração plasmática de cálcio no ser humano 
adulto. Existem duas razões para isso. Em primeiro lugar, qualquer redução inicial da 
concentração de íons cálcio causada pela calcitonina leva, dentro de poucas horas, a um 
poderoso estímulo da secreção de hormônio paratireóideo, que sobrepuja quase por 
completo o efeito da calcitonina. Em segundo lugar, no adulto, a velocidade diária de 
absorção e de deposição de cálcio é muito pequena, e até mesmo quando a velocidade de 
absorção é reduzida e a deposição e aumentada pela calcitonina, o efeito observado continua 
sendo muito pequeno sobre a concentração plasmática de íons cálcio. Por outro lado, o efeito 
nas crianças é muito mais pronunciado, devido à rápida ocorrência de remodelação óssea, com 
absorção e deposição de cálcio de até 5 g ou mais por dia — o que corresponde a 5 a 10 vezes 
o cálcio total de todo o líquido extracelular. Além disso, em certas doenças ósseas, como a 
doença de Paget, em que a atividade osteoclástica está acentuadamente acelerada, a 
calcitonina tem o potente efeito de reduzir a absorção de cálcio. 
Efeito da concentração plasmática de cálcio sobre a secreção de calcitonina 
Em animais jovens, porém bem menos em animais velhos e nos seres humanos, um aumento 
na concentração plasmática de cálcio de cerca de 10% determina elevação imediata de duas a 
seis vezes na velocidade de secreção da calcitonina, o que é ilustrado pela linha pontilhada da 
Fig. 79.10. Isso proporciona um segundo mecanismo de feedback hormonal para o controle da 
concentração plasmática de íons cálcio; todavia, trata-se de um mecanismo que funciona 
exatamente de forma oposta ao do sistema do hormônio paratireóideo. Todavia, existem duas 
grandes diferenças entre os sistemas de feedback da calcitonina e do hormônio paratireóideo. 
Em primeiro lugar, o mecanismo da calcitonina opera mais rapidamente, atingindo sua 
atividade máxima em menos de 1 hora, em contraste com o período de 3 a 4 horas necessário 
para que seja alcançada a atividade máxima após o início da secreção paratireóidea. A segunda 
diferença é que o mecanismo da calcitonina atua principalmente como regulador a curto prazo 
da concentração de íons cálcio, uma vez que é rapidamente sobrepujado pelo mecanismo de 
controle muito mais potente das paratireóides. Por conseguinte, no decorrer de um período 
prolongado de tem- po, é o sistema paratireóideo que ajusta quase que inteiramente o nível 
de íons cálcio do líquido extracelular a longo prazo. Toda- via, para curtos períodos de tempo, 
como uma hora ou mais após a ingestão de refeição rica em cálcio, a calcitonina parece 
desempenhar um papel significativo em alguns animais jovens, diminuindo a elevação da 
concentração de íons cálcio que ocor- reria de outro modo. Quando a glândula tireóide é 
removida, e a calcitonina não é mais secretada, a concentração sanguínea de íons cálcio a 
longo prazo não sofre alteração mensurável — demonstrando, também, o maior efeito do 
sistema de controle do hormônio paratireóideo. 
CONTROLE GLOBAL DA CONCENTRAÇÃO DE ÍONS CÁLCIO 
Às vezes, a quantidade de cálcio absorvida ou perdida pelos líquidos corporais atinge 0,3 g por 
hora. Por exemplo, nos casos de diarréia, podem ser secretados vários gramas de cálcio nos 
sucos intestinais; esse cálcio passa pelo intestino e é eliminado diariamente nas fezes. Por 
outro lado, após a ingestão de grandes quantidades de cálcio, em particular quando existe 
também exces- so de atividade da vitamina D, a pessoa pode absorver até 0,3 g em 1 hora. 
Este valor é comparável à quantidadetotal de cálcio em todo o líquido extracelular, que é de 
cerca de 1 g. A adição ou a retirada de 0,3 g dessa pequena quantidade de cálcio do 
líquido extracelular levaria, obviamente, ao desenvolvimento de hiper ou hipocalcemia grave. 
Todavia, existe uma primeira linha de defesa no sentido de evitar esse acréscimo ou retirada, 
até mesmo antes da atuação dos sistemas de feedback do hormônio paratireóideo e da 
caicitonina. 
Função de tampão do cálcio permutável nos ossos. Os sais de cálcio permutável nos ossos, 
que foram discutidos no início deste capítulo, são compostos amorfos de fosfato de cálcio, 
talvez principalmente CaHPO4 ou algum composto semelhante, frouxa- mente fixado ao osso e 
em equilíbrio reversível com os íons cálcio e fosfato do líquido extracelular. A quantidade 
desses sais imediatamente disponível para troca é de cerca de 0,5 a \% dos sais de cálcio totais 
do osso, perfazendo até 5 a 10 g de cálcio. Devido à facilidade de deposição desses sais permu- 
táveis e à sua fácil ressolubilidade, a elevação das concentrações de íons cálcio e fosfato do 
líquido extracelular acima do normal provoca deposição imediata de sal permutável. Por outro 
lado, a diminuição dessas concentrações provoca absorção imediata de sal permutável. Essa 
reação é tão rápida que uma só passagem do sangue contendo altas concentrações de cálcio 
por um osso irá remover quase todo o excesso de cálcio. Esse rápido efeito resulta do fato de 
que os cristais ósseos amorfos são extremamente pequenos, e sua área total de superfície 
exposta aos líquidos do osso é, talvez, de 4.000 m2 ou mais. Além disso, cerca de 5% de todo o 
sangue fluem pelos ossos a cada minuto — isto é, cerca de 1 % de todo o líquido extracelular a 
cada minuto. Por conseguinte, cerca de metade do excesso de cálcio que aparece no líquido 
extracelular é removida por essa função tampão dos ossos em aproximadamente 70 minutos. 
Além da função tampão dos ossos, as mitocôndrias de muitos tecidos, em particular do fígado 
e do intestino, também contêm quantidade razoável de cálcio permutável (um total de cerca 
de 10 g em todo o corpo) que forma um sistema tampão adicional para manter a constância da 
concentração de íons cálcio no líquido extracelular. 
Controle hormonal da concentração de íons cálcio, a segunda linha de defesa. Ao mesmo 
tempo que o mecanismo do cálcio permutável nos ossos exerce sua função de tamponamento 
sobre o cálcio do líquido extracelular, tanto o sistema do hormônio paratireóideo quanto o da 
calcitonina também começam a atuar. Dentro de 3 a 5 minutos após elevação aguda das 
concentrações de íons cálcio, a velocidade de secreção do hormônio parati- reóideo diminui. 
Conforme explicado antes, esse processo desencadeia diversos mecanismos destinados a 
reduzir e normalizar a concentração dos íons cálcio. Todavia, trata-se de um processo lento. 
Por outro lado, ao mesmo tempo que o hormônio paratireóideo diminui, a calcitonina 
aumenta. Em animais jovens e, possivelmente, também em crianças de pouca idade (mas 
provavelmente muito pouco nos adultos), a calcitonina determina a rápida deposição de cálcio 
nos ossos e, talvez, em algumas células de outros tecidos. Por conseguinte, em animais muito 
jovens, a calcitonina em excesso pode induzir a normalização das concentrações elevadas de 
íons cálcio, sendo esse efeito, talvez, consideravelmente mais rápido do que o obtido pelo 
mecanismo de tamponamento do cálcio permutável. Na presença de excesso prolongado de 
cálcio ou de deficiência de cálcio de longa duração, apenas o mecanismo do hormônio 
paratireóideo parece ser de real importância na manutenção das concentrações normais de 
íons cálcio no plasma. Quando uma pessoa apresenta deficiência contínua de cálcio na dieta, o 
hormônio paratireóideo quase sempre pode estimular a absorção de cálcio do osso, o 
suficiente para manter a concentração plasmática normal de íons cálcio durante 1 ano ou 
mais; todavia, eventual- mente, até mesmo os ossos sofrem depleção de seu cálcio. Por 
conseguinte, os ossos representam um grande reservatório tam- pão de cálcio, que pode ser 
manipulado pelo hormônio parati-reóideo; todavia, o controle final a longo prazo da 
concentração de íons cálcio é exercido pelo hormônio paratireóideo e pela vitamina D no 
controle da absorção intestinal de cálcio e de sua excreção na urina. 
FISIOLOGIA DAS DOENÇAS PARATIREÓIDEAS E ÓSSEAS 
HIPOPARATIREOIDISMO 
Quando as glândulas paratireóides não secretam quantidades sufi- cientes de hormônio 
paratireóideo, a reabsorção osteocítica do cálcio permutável diminui, e os osteoclastos 
também ficam quase totalmente inativos. Como conseqüência, a reabsorção de cálcio do osso 
fica tão deprimida que o nível de cálcio nos líquidos corporais diminui. Todavia, como o cálcio 
e os fosfatos não estão sendo absorvidos do osso, este geralmente permanece forte. Quando 
as glândulas paratireóides são subitamente removidas, o nível de cálcio do sangue cai de seu 
valor normal de 9,4 mg/dl para 6 a 7 mg/dl dentro de 2 a 3 dias, enquanto a concentração 
sanguínea de fosfato pode duplicar. Ao ser alcançado esse baixo valor do cálcio, verifica-se o 
aparecimento dos sinais habituais de tetania. Dentre os músculos especialmente sensíveis ao 
espasmo tetânico, destacam-se os músculos da laringe. O espasmo desses músculos obstrui a 
respiração, constituindo a causa habitual de morte na tetania, a não ser que seja instituído o 
tratamento adequado. Tratamento do hipoparatireoidismo. Hormônio paratireóideo (para- 
tormônio). Em certas ocasiões, o hormônio paratireóideo é utilizado no tratamento do 
hipoparatireoidismo. Todavia, devido ao elevado custo desse hormônio e também à pouca 
duração de seus efeitos, que no máximo é de algumas horas, e considerando-se a tendência do 
organismo a desenvolver anticorpos contra ele, tornando-o cada vez menos ativo, o 
tratamento do hipoparatireoidismo com hormônio paratireóideo é raro atualmente. Terapia 
comvitamina De cálcio. Na maioria dos pacientes, a adminis- tração de quantidades 
extremamente grandes de vitamina D. da ordem de 100.000 unidades por dia, juntamente 
com ingestão de 1 a 2 g de cálcio, é suficiente para manter a concentração de íons cálcio 
dentro da faixa normal. Algumas vezes, pode ser necessária a administração de 1,25-
diidroxicolecalciferol em lugar da forma não-ativada da vitamina D, devido à sua ação muito 
mais potente e muito mais rápida. Todavia, isso também pode causar efeitos adversos, visto 
ser algumas vezes difícil evitar a hiperatividade por meio dessa forma ativada de vitamina D. 
HIPERPARATIREOIDISMO 
Em geral, a causa do hiperparatireoidismo é um tumor de uma das glândulas paratireóides. 
Esses tumores são muito mais freqüentes nas mulheres do que nos homens ou nas crianças, 
provavelmente porque a gravidez e a lactação estimulam as glândulas paratireóides e, 
portanto, predispõem ao desenvolvimento desse tumor. O hiperparatireoidismo provoca 
intensa atividade osteoclástica no osso, o que eleva a concentração de íons cálcio do líquido 
extracelular, deprimindo em geral (mas nem sempre) a concentração de íons fosfato, devido à 
maior excreção renal desses íons. Doença óssea no hiperparatireoidismo. Embora no 
hiperparatireoidismo leve possa ocorrer deposição de novo osso rápido o suficiente para 
compensar o aumento da reabsorção osteoclástica, no hiperparatireoidismo grave a absorção 
osteoclástica logo sobrepuja a deposição osteoblástica, de modo que o osso pode ser quase 
totalmente devorado. Com efeito, a razão pela qual o indivíduo portador de 
hiperparatireoidismo procura o médico é quase sempre uma fratura óssea. As radiografias do 
osso revelam extensa descalcificação e, em certas ocasiões, grandes áreas císticas em saca-bocado do osso, repletas de osteoclastos, na forma do denominado "tumor" de células 
gigantes. Naturalmente, múltiplas fraturas dos ossos debilitados podem resultar de 
traumatismo leve, especialmente nos locais em que surgem cistos. A doença óssea cística do 
hiperparatireoidismo é denominada osteíte fibrosa cística. A atividade osteoplástica nos ossos 
também aumenta acentuada- mente, na tentativa de formar novo osso suficiente para 
compensar o osso velho absorvido pela atividade osteoclástica. Conforme explicado antes, 
quando os osteoblastos tornam-se ativos, eles secretam grandes 
quantidades de fosfatase alcalina. Por conseguinte, um dos achados diag- nósticos importantes 
no hiperparatireoidismo consiste em níveis muito elevados de fosfatase alcalina no plasma. 
Efeitos da hipercalcemia no hiperparatireoidismo. Algumas vezes, o hiperparatireoidismo pode 
determinar elevação do nível plasmático de cálcio por até 12 a 15 mg/dl e, raramente, até 
mais. Os efeitos desses níveis elevados de cálcio, como foi assinalado no início do capítulo, 
consistem em depressão dos sistemas nervosos central e periférico, fraqueza muscular, 
constipação, dor abdominal, úlcera péptica, falta de apetite e diminuição do relaxamento do 
coração durante a diástole. Intoxicação paratireóidea e calcificação metastática. Quando, cm 
raras ocasiões., são secretarias quantidades extremas de hormônio paratireóideo, o nível de 
cálcio nos líquidos corporais se eleva rapidamente e atinge valores muito altos. Mesmo a 
concentração de fosfato do líquido extracelular quase sempre aumenta acentuadamente, em 
lugar de diminuir, como acontece normalmente, talvez pelo fato de os rins não serem capazes 
de excretar com rapidez suficiente todo o fosfato que está sendo absorvido do osso. Por 
conseguinte, o cálcio e o fosfato dos líquidos corporais tornam-se muito supersaturados, de 
modo que os cristais de fosfatode cálcio (CaHPO4) começama se depositar nos alvéolos dos 
pulmões, nos túbulos renais, na glândula tireóide, na área da mucosa gástrica produtora de 
ácido e nas paredes das artérias em todo o corpo. Essa extensa deposição metastática de 
fosfato de cálcio pode aparecer dentro de poucos dias. Habitualmente, 6 necessária elevação 
do nível sanguíneo de cálcio acima de 17 mg/dl para que haja risco de intoxicação 
paratireóidea; todavia, quando essa elevação ocorre juntamente com aumento do fosfa- to, a 
morte pode sobrevir em apenas alguns dias. Formação de cálculos renais no 
hiperparatireoidismo. A maioria dos pacientes com hiperparatireoidismo leve exibe alguns 
sinais de doença óssea e poucas anormalidades gerais em conseqüência da elevação do cálcio. 
Todavia, possuem tendência extrema para formar cálculos renais. A razão disso é que todo 
excesso de cálcio e de fosfato absorvido do intestino ou mobilizado dos ossos no 
hiperparatireoidismo é excretado pelos rins, ocasionando elevação proporcional das 
concentrações urinárias dessas substâncias. Em conseqüência, os cristais de fosfato de cálcio 
tendem a precipitar-se nos rins, formando cálculos de fosfato de cálcio. Além disso, verifica-se 
o desenvolvimento de cálculos de oxalato de cálcio, visto que o oxalato, até mesmo em níveis 
normais, determina a precipitação de cálcio quando os níveis deste último estão elevados. 
Como a solubilidade da maioria dos cálculos renais é pequena em meio alcalino, a tendência à 
formação de cálculos renais é consideravelmente maior na urina alcalina do que na urina 
ácida. Por esse motivo, as dietas ácidas e as substancias acidificantes são quase sempre 
utilizadas no tratamento dos cálculos renais. 
RAQUITISMO 
O raquitismo ocorre principalmente nas crianças em conseqüência da deficiência de cálcio ou 
de fosfato no líquido extracelular. Todavia, em geral, o raquitismo é devido mais à falta de 
vitamina D do que à carência dietética de cálcio ou de fosfato. Se a criança for adequada- 
mente exposta à luz solar, o 7-desidrocolesterol na pele torna-se ativado pelos raios 
ultravioleta e forma a vitamina D;,, que impede o desenvol- vimento do raquitismo, ao 
promover a absorção de cálcio e de fosfato do intestino, conforme discutido no início deste 
capítulo. As crianças que permanecem dentro de casa durante todo o inverno geralmente não 
recebem quantidades adequadas de vitamina D, a não ser que seja fornecido algum 
suplemento na dieta. O raquitismo tende a ocorrer especialmente durante a primavera, 
porque a vitamina D forma- da durante o verão anterior é armazenada no fígado e ainda 
disponível para uso nos primeiros meses de inverno. Além disso, a absorção de cálcio e de 
fosfato dos ossos pode evitar o aparecimento de sinais clínicos de raquitismo nos primeiros 
meses de deficiência de vitamina D. Concentrações plasmáticas de cálcio e de fosfato no 
raquitismo. Habitualmente, a concentração plasmática de cálcio no raquitismo está apenas 
ligeiramente deprimida, enquanto o nível de fosfato apresenta-se acentuadamente diminuído. 
Isso decorre do fato de que as glândulas paratireóides evitam a queda do nível de cálcio, 
promovendo a absorção óssea toda vez que o nível de cálcio começa a diminuir. Por outro 
lado, não existe um sistema regulador satisfatório para evitar a redução do nível de fosfato, e o 
aumento da atividade paratireóidea eleva, na realidade, a excreção urinária de fosfatos. 
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Efeito do raquitismo sobre o osso. Durante u raquitismo prolongado, o acentuado aumento 
compensador da secreção de hormônio paratireóideo determina absorção osteoclástica 
extrema do osso; isso, por sua vez, torna o osso progressivamente mais fraco e impõe estresse 
físico acentuado sobre o osso, resultando em rápida atividade osteoblástica. Os osteoblastos 
depositam grandes quantidades de osteóide que não se calcifica, devido à quantidade 
insuficiente de tons cálcio e fosfato. Em conseqüência, o osteóide recém-formado, não-
calcificado e muito fraco substitui gradualmente o osso mais velho que está sendo 
reabsorvido. Tetania no raquitismo. Nos estágios iniciais do raquitismo, quase nunca ocorre 
tetania, porque as glândulas paratireóides estimulam conti- nuamente a absorção 
osteoclástica do osso, mantendo, portanto, um nível quase normal de cálcio no líquido 
extracelular. Todavia, quando os ossos sofrem depleção total de cálcio, o nível desse elemento 
pode cair rapidamente. A medida que o nível sanguíneo de cálcio cai para valores inferiores a 7 
mg/dl, surgem os sinais habituais de tetania, e a criança pode morrer por espasmo respiratório 
tetânico, a não ser que lhe seja administrado cálcio por via venosa, aliviando imediatamente a 
tetania. Tratamento. Naturalmente, o tratamento do raquitismo depende do suprimento 
adequado de cálcio e de fosfato na dieta, bem como da administração de grandes quantidades 
de vitamina D. Se a vitamina não for administrada, haverá pouca absorção intestinal de cálcio e 
de fosfato. 
Osteomalacia 
A osteomalacia refere-se ao raquitismo do adulto e quase sempre é denominada "raquitismo 
adulto". Os adultos normais raramente apresentam grave deficiência dietética de vitamina D 
ou de cálcio, visto não haver necessidade de grandes quantidades de cálcio para o osso em 
crescimento como ocorre nas crian- ças. Todavia, verifica-se a ocorrência ocasional de grave 
deficiência de vitamina D e de cálcio em conseqüência de esteatorréia (incapacidade de 
absorver gorduras), visto que a vitamina D é lipossolúvel, e o cálcio tende a formar sabões 
insolúveis com a gordura; conseqüentemente, na esteatorréia, a vitamina D e o cálcio tendem 
a ser eliminados nas fezes. Nessas condições, o adulto apresenta ocasionalmente absorção 
deficiente de cálcio e de fosfato, o que pode levar ao desenvolvimento de raquitismo adulto, 
embora isso quasenunca evolua para o estágio de tetania — apesar de ser freqüentemente 
causa de grave incapacidade óssea. Osteomalacia e raquitismo causados por doença renal. O 
"raquitismo renal" é um tipo de osteomalacia resultante de lesão renal prolongada. A causa 
dessa condição consiste principalmente na incapacidade dos rins lesados de formar 1,25-
diidroxicolecalciferol, a forma ativa da vitamina D. Nos pacientes cujos rins foram totalmente 
removidos ou destruídos e que estão sendo tratados por hemodiálise, o problema do 
raquitismo renal é quase sempre muito grave. Outro tipo de doença renal que leva ao 
raquitismo e a osteomalacia é a hipofosfatemia congênita, resultante da diminuição congênita 
da reab- sorção de fosfatos pelos túbulos renais. Esse tipo de raquitismo deve ser tratado com 
compostos de fosfato, em lugar de cálcio e de vitamina D, sendo por isso denominado 
raquitismo resistente à vitamina D 
OSTEOPOROSE 
A osteoporose é a mais comum de todas as doenças ósseas do adulto, sobretudo na velhice. 
Difere da osteomalacia e do raquitismo por resultar mais da diminuição da matriz orgânica do 
que da calcificação anormal do osso. Em geral, na osteoporose, a atividade osteoblástica do 
osso é inferior ao normal, c, conseqüentemente, a velocidade de deposição de osteóide fica 
reduzida. Todavia, em certas ocasiões, como no hiperpa- ratireoidismo, a causa da diminuição 
do osso consiste numa excessiva atividade osteoclástica. As causas comuns de osteoporose 
incluem; (1) falta de estresse físico dos ossos, devido à inatividade; (2) desnutrição 
suficientemente extensa a ponto de impedir a formação da matriz protéica; (3) falta de 
vitamina C, que é necessária para a secreção das substâncias interce- lulares por todas as 
células, incluindo a formação de osteóide pelos osteoblastos; (4) falta de secreção de 
estrogênio na pós-menopausa, visto 
que os estrogênios exercem atividade estimulante sobre os osteoblastos; (5) velhice, devido à 
acentuada diminuição do hormônio do crescimento e de outros fatores do crescimento, 
somada ao fato de que muitas das funções anabólicas protéicas estão deficientes, de modo 
que não pode haver deposição satisfatória de matriz; e (6) doença de Cushing, visto que a 
presença de quantidades maciças de glicocorticóides determina redução da deposição de 
proteína emtodo o organismo, provoca aumento do catabolismo protéico e efeito específico 
no sentido de deprimir a atividade osteoblástica. Por conseguinte, a osteoporose pode ser 
causada por numerosas doenças ou deficiências do metabolismo das proteínas. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outras Observações: 
 Osteólise Osteocítica: O PTH atua sobre a matris óssea por um sistema de AMPc 
dependente, promovendo um aumento da secreção de ácidos orgânicos como citrato 
e lactato, que promove então a dissociação da hidroxiapatita (fosfato de cálcio). O 
cálcio passa então do osteocito para o osteoblasto, após ser dissociado do fosfato. Há 
então uma bomba de Ca+ ATPase na membrana para fazer o transporte de Ca+. Isto 
porque apesar de estar estabelecido um quadro de Hipocalcemia, a concentração de 
Ca+ extracelular é sempre maior do que a intracelular (no osso). 
 Osteólise Osteoclástica: O PTH atua sobre a matriz óssea por um sistema de AMPc 
dependente, promovendo um aumento da secreção de ácidos orgânicos como citrato 
e lactato, que promove então a dissociação da hidroxiapatita (fosfato de cálcio). O PTH 
promove ainda um fenomeno semelhando a fagocitose sobre vesículas (lisossomo 
vacuolar) contendo pedaços ósseos. A acidez dentro das vesículas é grande por 
prótons são bombeados para dentro delas (bomba H+ ATPase vacuolar), onde há 
estoque de enzimas proteolíticas para agir sobre os pedações de ossos.

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