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IMED GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA CAROLINE DALL’IGNA ELEN DALLA CORT SANTIN FERNANDO JUNIOR GIRARDI HENRIQUE TESSER PÂMELA ALVES MACHADO RAFAELA DALPIAN LANZARIN UROLITÍASE EM CÃES Passo Fundo 2021 Caroline Dall’Igna Elen Dalla Cort Santin Fernando Junior Girardi Henrique Tesser Pâmela Alves Machado Rafaela Dalpian Lanzarin UROLÍTIASE EM CÃES Artigo apresentado no curso de graduação em Medicina Veterinária da Faculdade Meridional – IMED. Orientador: Prof. Diego Morgan Dellagostin Passo Fundo 2021 UROLITÍASE EM CÃES Caroline Dall’Igna Elen Dalla Cort Santin Fernando Junior Girardi Henrique Tesser Pâmela Alves Machado Rafaela Dalpian Lanzarin Prof. Diego Morgan Dellagostin RESUMO A urolitíase canina é a formação de cristais que, devido à urina supersaturada, se agregam na forma sólida, o chamado urólito ou cálculo urinário, que pode ocorrer desde a pelve renal até a uretra. Os urólitos mais comuns encontrados em cães são oxalato de cálcio e amônia e fosfato de magnésio. Os sinais clínicos variam entre si, sendo a radiografia normal ou contrastada o método de diagnóstico mais utilizado. A ocorrência de infecções do trato urinário, flutuações no valor do pH urinário, fatores hereditários, tipo de dieta e baixa ingestão de água são chamados de fatores predisponentes. O tratamento é preferencialmente clínico, tentando dissolver os urólitos, porém, há casos em que o animal é submetido a procedimentos cirúrgicos. O método de prevenção consiste na utilização de dietas específicas para prevenir o aparecimento ou reincidência da afecção. Palavras-chave: Urolitíase. Urólito. Cães. Oxalato de Cálcio. Trato urinário. 1. INTRODUÇÃO O sistema urinário é responsável por filtrar e eliminar substâncias indesejáveis do corpo que são excretadas através da urina. No entanto, quando a urina tem altos níveis de minerais, pode levar à supersaturação da urina, predispondo a uma condição chamada urolitíase, que é caracterizada pela presença de urólitos (concreções, pedras ou cálculos) em todo o trato urinário (MAXIE & NEWMAN 2007, OSBORNE et al. 2008). Urólitos podem se formar em qualquer parte do sistema urinário, desde a pelve renal até a uretra (OSBORNE 2008, NETA & MUNHOZ 2008) e são constituídos por agregados de solutos urinários, precipitados e organizados em um núcleo central (ninho ou núcleo cristalino), por sua vez, circundado por lâminas concêntricas e por cristais superficiais (MAXIE & NEWMAN 2007, NEWMAN et al. 2007). Predisposição familiares e/ou raciais, defeitos de nascença e lesões adquiridas podem contribuir com a formação de cálculos no trato urinário do cão (OSBORNE et al. 2008). Cães com anormalidades vasculares portais, hiperparatireoidismo primário, hipercalcemia ou hiperadrenocorticismo são predispostos à formação de cálculos urinários (MAXIE & NEWMAN 2007). A administração de vários medicamentos, como acidificantes e alcalinizantes da urina, antibióticos, quimioterápicos e corticosteroides, também podem favorecer para a ocorrência de urolitíase (OSBORNE et al. 2008). As doenças causadas por urólitos estão entre os problemas mais importantes do trato urinário em animais domésticos (MAXIE & NEWMAN 2007, NEWMAN et al. 2007) e podem terminar em morte. Lesões secundárias extensas podem se formar rapidamente no sistema urinário, especialmente se os cálculos obstruírem parcialmente ou completamente o fluxo de urina. No entanto, cálculos urinários não obstrutivos podem persistir por um longo tempo sem causar qualquer lesão ou serem observados clinicamente (OSBORNE et al. 1996, MAXIE & NEWMAN 2007, NEWMAN et al. 2007, NETA & MUNHOZ, 2008). Os cães de raças menores que são alimentados com rações contendo baixo teor de umidade, ou seja, rações mais secas tendem a urinar com uma menor frequência e a produzir uma quantidade menor de urina, contudo, mais concentrada, aumentando as chances de ocorrência de cálculo vesical. A prevalência clínica de urolitíase em cães varia de 0,5% a 1%. Nos Estados Unidos, estudos demonstraram que a urolitíase em cães é a terceira alteração mais relatada no trato urinário inferior (LULICH et al. 2004). Esta revisão tem como objetivo fornecer à clínica de pequenos animais uma visão ampla sobre os mecanismos da urolitíase, apresentando informações relevantes sobre esta importante doença em cães, desde sua afecção até a melhor opção de tratamento. 2. ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO Para K.M. Dyce (2019, p. 174): “O sistema urinário consiste em um par de rins, órgãos que formam a urina a partir do sangue; os ureteres, que conduzem a urina a partir dos rins; bexiga urinária, onde a urina é armazenada até que seja convenientemente eliminada; e uretra, por aonde finalmente a urina chega até o meio exterior. Como quase toda a uretra do macho também transporta os produtos reprodutivos, é comum descrevê-la juntamente com os órgãos reprodutivos”. 3. UROLITÍASE EM CÃES 3.1. Causas e Formação Independente do processo de formação, os urólitos são caracterizados pelo potencial de alteração na fisiologia do trato urinário (ETTINGER and FELDMAN, 2004). São uma série de fatores que contribuem para a formação de urólitos, como o pH da urina, o consumo reduzido de água e o tipo de dieta do animal. A supersaturação da urina com sais, combinada com uma alta ingestão de minerais e proteínas na dieta, é um dos principais fatores para a formação de cálculos (GRAUER, 2015). Outros fatores, como a alta concentração de cristaloides na urina, a diminuição da concentração de inibidores da cristalização urinária, o pH favorável e a infecção também estão diretamente relacionados (CASTRO and MATERA, 2005). Existem divergências entre os autores e diferentes hipóteses para a formação de ninhos de cristais e urólitos, mas nenhuma é totalmente aceita. Com base nos estudos, sugere-se que o fator mais provável para a formação de um ninho de cristais é a precipitação de uma solução supersaturada (ETTINGER and FELDMAN, 2004). O sexo do animal também é um fator a ser avaliado, sendo que os machos apresentam uma uretra longa e de pequeno diâmetro, o que facilita a obstrução por pequenos cálculos. Já as fêmeas, no entanto, têm uma uretra mais curta com um diâmetro maior, o que pode facilitar a formação de grandes cálculos únicos na bexiga. Em cães machos, o local mais comum de urólitos obstrutivos é na base do osso peniano. (GRAUER, 2015). Os urólitos são classificados de acordo com a composição dos cristais. Conhecer a composição do urólito é importante, pois os métodos modernos de detecção, tratamento e prevenção baseiam-se principalmente nesta informação (KAUFMANN et al., 2011). Ao iniciar a formação de um urólito, o seu núcleo deve ser mantido e devem existir condições que favoreçam a precipitação contínua de minerais, para que ocorra então seu crescimento (BIRCHARD and SHEDING, 2008). 3.2. Epidemiologia A correlação dos tipos de cálculo e das raças mais afetadas varia de acordo com cada área. A representatividade das raças em determinada população influencia na prevalência de urólitos (SOSNAR et al., 2005). Ademais, Wisener et al. (2010) prova que existe uma influência temporal nos urólitos de oxalato de cálcio e estruvita, onde a afecção metabólica frequentemente afeta os cães e possui altos níveis de recidiva. Pesquisadores acreditam que a densidade demográfica humana pode influenciar a ocorrência de urólitos de oxalato e estruvita, devido a fatores não biológicos, como por exemplo, acesso a atendimento veterinário, preferências clínicas e status socioeconômico influenciam na opção de tratar urólitos de estruvita a partir de dietas e antimicrobianos ou por meio de procedimentos cirúrgicos.No Brasil, Oyafuso et al. (2010) avaliaram quantitativamente a composição de 156 urólitos de cães durante fevereiro de 1999 a janeiro de 2007 atendidos no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP – São Paulo. A maioria desses urólitos era simples. Os urólitos compostos representaram 18%, 30 dos cálculos avaliados. Os urólitos mistos, que representaram 2,5% do total, continham em sua composição fosfato de cálcio e estruvita. Os cães sem raça definida foram os mais acometidos e as raças mais identificadas foram Poodle, Cocker Spaniel, Dálmata, Pinscher, Yorkshire e Schnauzer, representando 66,7% dos urólitos de urato. Desses urólitos, apenas 1,3% tinham localização renal, 1,3% tinham localização em ureter e bexiga, 48,72% apenas na bexiga, 33,9% em bexiga e uretra e 13,5% apenas em uretra. Nesse estudo, os machos foram mais acometidos, 60,26% (OYAFUSO et al., 2010). A análise quantitativa dos urólitos é de extrema importância, pois só assim é possível a classificação correta dos mesmos e a identificação de todas suas camadas. Os protocolos de tratamento devem ser baseados nessas análises. A avaliação epidemiológica pode auxiliar na compreensão da patogenia da urolitíase (OYAFUSO et al., 2010). O sistema urinário tem como função a eliminação de metabólitos através da urina, entretanto alguns destes são menos solúveis precipitando na urina sob a forma de cristais. Estes acumulam-se no trato urinário, podendo então combinar com outros compostos, culminando na formação de cálculos (GRAUER, 2010; ARIZA, 2012). As urolitíases representam um dos principais motivos de queixa em cães e gatos com afecções urinárias. Nos cães, cerca de 18% dessas afecções são causadas por cálculos (MONFERDINI e OLIVEIRA, 2009). A formação dos urólitos está associada a fatores dietéticos e não dietéticos. Entre os fatores não dietéticos estão a raça, idade, infecção do trato urinário e sexo (STEVENSON e RUTGERS, 2006). A composição da dieta pode interferir tanto no aparecimento quanto na prevenção de recidivas de urolitíases, já que a mesma afeta a densidade específica, o volume e o pH urinário (CARCIOFI et al., 2007). Cães de raças pequenas e gatos alimentados com rações contendo baixo teor de umidade (secas) tendem a urinar com menor frequência e produzir uma quantidade menor de urina, porém mais concentrada, aumentando as chances de ocorrência da urolitíase (MONFERDINI e OLIVEIRA, 2009). 3.3. Sinais Clínicos As características clínicas da urolitíase dependem do número, tipo e localização dos cálculos no trato urinário. Os sinais clínicos relacionados à cistite e uretrite são rotineiramente encontrados no atendimento clínico, uma vez que cálculos são comumente encontrados na vesícula urinária e uretra. Entre esses sinais estão: hematúria, polaciúria e disúria-estrangúria. A irritação da mucosa é relativamente grave em cães com urólitos em forma de bola com pontas rombas (FOSSUM, 2008; GASTIM, 2010; GRAUER, 2010; OLIVEIRA, 2010). A obstrução completa do fluxo urinário pode resultar em uremia pósrenal (ETTINGER and FELDMAN, 2004, OSBORNE et al., 1999a, OSBORNE et al., 1999b). A obstrução uretral pode ser ocasionada por urólitos ou “plugs” uretrais (ETTINGER and FELDMAN, 2004). No caso de cálculos maiores, a bexiga urinária ou a uretra podem romper, resultando em uma efusão abdominal ou acúmulo de líquido perineal subcutâneo e azotemia pós-renal. Em cães, o local mais comum de presença de urólitos é na bexiga urinária, portanto, costuma haver sinais clínicos de cistite nesses casos, como hematúria, polaciúria e disúria (GRAUER, 2015). Nessa espécie, pequenos urólitos podem permanecer no trato urinário por meses ou anos de forma assintomática (KAUFMANN et al., 2011). Sinais sistêmicos como vômito, letargia e anorexia também podem estar presentes, além da presença de cálculos palpáveis (DEAR et al., 2011). 3.4. Diagnóstico e Exames Complementares A urolitíase é diagnosticada através da combinação de anamnese, exames físicos, urinálise, radiografias e ultrassonografias para diferenciação de urólitos e infecção do trato urinário, neoplasia do trato urinário, pólipos, coágulos sanguíneos e anomalias urogenitais (GRAUER, 2000). As alterações encontradas nos valores bioquímicos séricos podem ajudar a determinar as anormalidades metabólicas responsáveis pela litogênese, além de demonstrar evidências de disfunção renal (FORRESTER E LEES, 1998; OLSEN, 2004). 3.4.1. Anamnese Na anamnese deve-se coletar informações principalmente sobre o histórico clínico de inflamações do trato urinário, obstrução ou infecções crônicas e relatos de eliminação de cálculos pela urina (COWAN, 1998). 3.4.2. Exame Físico O exame físico é de grande importância na identificação de problemas que predispõem o animal a desenvolver cálculos. Os urólitos presentes no interior da bexiga urinária e uretra podem ser palpados pelo abdômen ou reto. A palpação na bexiga urinária deve ser realizada antes e depois da eliminação da urina, pois a bexiga repleta pode inibir urólitos. Já os cálculos grandes são palpáveis como massas firmes no interior da vesícula urinária. Todavia, a parede vesicular irritada pode dificultar a percepção de urólitos menores (GRAUER, 2000). Cowan (1998), expõe que se pode encontrar urina turva ou fétida, decorrente de infecção. Em alguns casos os cálculos podem não causar sinal clínico visível. Nas nefrolitíases, pode ser percebida na palpação, dor sublombar ou abdominal, podendo ter um aumento no tamanho dos rins, podendo também ser decorrente de uma obstrução ureteral (FORRESTER; LEES, 1998). 3.4.3. Urinálise A urinálise é um procedimento utilizado para informar a composição de um cálculo, deve ser feita rapidamente após a coleta de urina. Assim, deve-se avaliar a urina quanto à presença de hemácias, células epiteliais, leucócitos, cristais, ovos de parasitas e bactérias (GRAUER, 2000). A quantidade de soluto presente na urina e o método de coleta são importantes fatores para a interpretação correta dos resultados. Comparando a urina coletada por cistocentese com a obtida a partir da micção natural pode auxiliar na identificação de doenças do trato urinário superior (LULICH et al., 1997; GRAUER, 2000). De acordo com Grauer (2000), a cistocentese evita a contaminação da urina por bactérias, células e descamações vindas da uretra, vagina, vulva, prepúcio e útero. 3.4.4. Diagnóstico por Imagem A ultrassonografia e radiografia abdominais tem por objetivo a verificação da presença, localização, número, dimensões e densidade dos urólitos, citam os autores Lulich et al. (1997); Cowan (1998) e Grauer (2000). Grauer (2000), ressalta que a radiografia e a ultrassonografia podem não detectar urólitos se eles não forem radiopacos ou forem muito pequenos. O diagnóstico mais sensível para detectar urólitos vesicais é a cistografia com duplo contraste. As técnicas para identificação de urólitos variam de acordo com o tipo de cálculo, por exemplo, cálculos de estruvita e oxalato de cálcio tem características mais radiopacas, sendo bem visualizados em um exame radiográfico simples (Figura 1). Já os urólitos de urato e cistina são mais radioluscentes, ou seja, tem densidade radiográfica pouco radiopaca, requerendo assim exames radiográficos contrastados como a uretrografia retrógada com contraste positivo (GRAUER, 2000; STURION et al., 2011). Figura 1 – Radiografia simples de cão com urólitos na bexiga urinária Fonte: MAGALHÃES, Felipe do Amaral (2012) Em concordância a Magalhães et al., (2009) e Oliveira (2010), os exames ultrassonográficos também são úteis para identificar a presença de urólitos. A ultrassonografia auxilia na localização exata do urólito e avalia o grau de obstrução. A uretra proximal só pode ser avaliada através da ultrassonografia. 3.4.5. Endoscopia Urológica A cistolitíase e uretrolitíasesão diagnosticadas principalmente através da cistoscopia transuretral, em que podem ser observados os urólitos na uretra e na bexiga. Outro método é o uso da cistoscopia abdominal, mas por ter um alto custo e necessidade experiência do cirurgião é pouco utilizado (FOSSUM, 2008). 3.5. Tratamento O tratamento da urolitíase pode ser feito por meio medicamentoso, cirúrgico ou ambos podem ser feitos, isso irá depender de alguns fatores e princípios como o alívio de qualquer obstrução uretral e descompressão da bexiga urinária. Isso pode ser realizado com a passagem de um cateter de pequeno calibre, cistocentese ou deslocamento do cálculo por uro- hidropropulsão da uretra para a bexiga para posterior destruição do mesmo a partir de medicamentos, controle alimentício ou remoção através de cirurgi (Figura 2) (GRAUER, 2000; PICAVET et al., 2007; STURION et al., 2011). Fonte: MAGALHÃES, Felipe do Amaral (2012) Segundo Zoculotto (2009), a solução de lavagem também pode ser composta de lidocaína e solução salina ou solução fraca de ácido acético (vinagre e água esterilizada). As técnicas cirúrgicas utilizadas são: cistotomia, uretrostomia pré-púbica, perineal e escrotal, ureterotomia (uretólitos) e nefrotomia (nefrólitos). 3.6. Prognóstico O prognóstico dos animais acometidos por urólitos pode variar de favorável, moderado a sombrio, com base nesta classificação, o prognóstico pode variar devido ao tamanho do cálculo, local onde este se encontra e a clínica do paciente. O prognóstico, quando os sinais são resolvidos inicialmente, é considerado excelente. Sendo possível a ocorrência de recidivas de cálculos ou infecção do trato urinário (CUNHA, 2008). Quando os urólitos são identificados precocemente, é indicado a alteração da dieta deste paciente, fatores que aumentem a ingestão de água pelo animal, o controle do pH da urina desse paciente para proporcionar um ambiente que promova a dissolução destes cristais, assim com a utilização de medicamentos que promovam a diluição destes cálculos, já em casos mais graves, é recomendado a realização de cirurgia para a remoção desses cálculos (CARCIOFI et al., 2007). Figura 2 – Uro-hidropropulsão em cães. (A) cateterização próxima aos urólitos. (B) a uretra pélvica é pressionada sobre o pubis e o meato uretral é ocluído, criando-se um sistema fechado 3.7. Recidivas e Prevenção A recorrência após terapia clínica ou cirúrgica é imprevisível, variando de acordo com os métodos utilizados para dissolver cálculos, se houve falhas na remoção de urólitos do trato urinário durante procedimentos cirúrgicos, além da persistência ou recidivas de infecções do trato urinário. A colaboração do proprietário e acompanhamento correto da terapia clínica ou cuidados pós-operatórios influenciam diretamente no início das recaídas (ETTINGER and FELDMAN, 2004). Após a remoção de um urólito, vários protocolos clínicos podem ser considerados para reduzir as chances de recidivas e impedir o crescimento de urólitos adicionais remanescentes no trato urinário. Esta terapia é gradativamente instituída e reformulada, com a meta inicial de reduzir a concentração urinária de substâncias calculogênicas (KAUFMANN et al., 2011). Os urólitos de cistina podem reaparecer nas semanas ou meses após a extração. Por outro lado, urólitos de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio e urólitos de urato de amônio podem apresentar recidivas imprevisíveis (KAUFMANN et al., 2011). O uso de diuréticos tiazídicos pode ser recomendado em cães, devido à sua capacidade de reduzir a excreção urinária de cálcio, a fim de prevenir recorrências de urólitos, tendo mostrado resultados positivos em cães (KAUFMANN et al., 2011). Urocistólitos recorrentes de fosfato de cálcio podem ser removidos por uma nova cirurgia ou por tentativas de uro- hidropropulsão de esvaziamento (ETTINGER and FELDMAN, 2004). 4. CONCLUSÃO Mediante as informações expostas, pode-se concluir que a urolitíase é uma afecção comum do sistema urinário, que acomete principalmente cães domésticos. A dieta é um fator de grande importância para o surgimento de urólitos, por isso a composição do alimento oferecido ao animal deve ser de orientação de um médico veterinário afim de ajudar na prevenção e dissolução de urólitos. Os animais normalmente apresentam sinais clínicos de diversas formas, dentre eles, podemos citar a hematúria, disúria, estrangúria, polaciúria e até em alguns casos, anúria. Desta maneira, deve-se estar sempre atento a quaisquer sinais clínicos que os animais apresentem em relação ao sistema urinário, pois quanto mais cedo este animal for identificado, melhor será o prognóstico, visando sempre a saúde e o bem-estar dos pacientes. REFERÊNCIAS ARIZA, P. C. Epidemiologia da urolitíase de cães e gatos. 2012. 41f. Seminários (Pós- graduação em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2012. BIRCHARD, S. J. & SHERDING, R. G. 2008. Manual Saunders: clínica de pequenos animais, São Paulo. CARCIOFI, A. Como a dieta influencia o pH urinário e a formação de cálculos em cães e gatos? In: Anais do Simpósio sobre nutrição de animais de estimação. Campinas, CBNA, p. 13-26, 2007. CARVALHO Y.M. 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