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1 Index Terms-- Synchronous generator, finite element, machine parameters. Resumo-- Este trabalho apresenta a determinação dos parâmetros da máquina síncrona de polos salientes através da simulação dos ensaios de curto circuito brusco utilizando as técnicas dos elementos finitos. As simulações dos ensaios baseiam- se na norma Std115 do IEEE e a norma 34-4 do IEC, [5], [6]. Estas simulações foram realizadas devido à importância de se obter valores precisos dos parâmetros, de modo a apurar a análise e melhorar o desempenho do estudo da máquina síncrona. Os resultados são analisados para uma máquina de 6,25 MVA, 4,16 kV, 60 Hz, e 360 rpm. Palavras chave-- Gerador síncrono, elementos finitos, determinação de parâmetros. Abstract-- This paper shows the determination of the parameters of a salient-pole synchronous machine by simulation of the sudden short-circuit test using the finite elements techniques. The simulations are based on IEEE Std115 standard and 34-4 IEC tests, [5], [6]. These simulations are performed due to importance to obtain the precise values of the parameters, in order to refine the analysis and improve the performance of the study of synchronous machine. The results are analyzed to a machine of 6,25 MVA, 4,16 kV, 60 Hz, and 360 rpm. I. INTRODUÇÃO necessidade da obtenção dos parâmetros característicos do gerador síncrono de polos salientes surge no intuito de viabilizar um modelo matemático caracterizado por um circuito elétrico equivalente que seja capaz de predizer ou representar o seu comportamento em diversas condições de operação e conhecer sua influência a partir dos seus aspectos construtivos. Uma alternativa para encontrar os parâmetros da máquina síncrona de polos salientes é a partir do conhecimento do projeto da mesma. É de grande interesse obter valores precisos dos parâmetros, de modo a apurar a análise e melhorar o desempenho do estudo da máquina síncrona. Este trabalho contou com o apoio financeiro da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e da CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. D. Luque (e-mail: bluquec@dsce.fee.unicamp.br). E. Ruppert, UNICAMP, Brasil (e-mail: ruppert@fee.unicamp.br). Para a determinação dos parâmetros do gerador síncrono de polos salientes são utilizados diversos procedimentos de ensaios descritos na literatura, [5], [16]. Os parâmetros elétricos da máquina síncrona são conhecidos também como parâmetros padronizados, [10]. Esses parâmetros padronizados são associados ao sistema de referência dos eixos direto “d” e de quadratura “q” da máquina elétrica e que são descritos como: Xd, reatância de eixo d, X’d, reatância transitória de eixo d, X”d, reatância subtransitória de eixo d, T’d, constante de tempo transitória no eixo d, T”d, constante de tempo subtransitória de eixo d, Xq, reatância de quadratura, X”q, reatância subtransitória de quadratura e T”q, constante de tempo subtransitória de eixo q, [11]. Existe uma série de procedimentos de ensaios que permitem determinar os valores dos parâmetros elétricos de uma máquina síncrona de polos salientes entre eles os mais utilizados são os ensaios realizados em laboratórios como é o caso do curto circuito brusco, este ensaio quando realizado no campo, é perigoso e pode trazer alguns riscos como, por exemplo, expor a máquina síncrona a uma elevada corrente entre seus terminais. Esses ensaios são modelados e simulados usando a formulação das técnicas dos elementos finitos (EF) a partir do conhecimento das características do projeto de máquina. A determinação dos fluxos magnéticos e outras grandezas são realizadas durante a operação transitória (análise dinâmica). Os pacotes computacionais utilizadas para este fim são o Maxwell e o Simplorer, ambas de propriedade da ANSYS, [18], [19]. Para o tratamento dos dados tem sido usados processos de identificação e de otimização com a finalidade de obter resultados satisfatórios. Neste trabalho simulam-se os ensaios de curto circuito brusco, cujos procedimentos são descritos pela norma Std115 do IEEE, [5]. II. MODELAGEM DO GERADOR SÍNCRONO ATRAVÉS DO MEF Os fenômenos eletromagnéticos presentes nas máquinas síncronas de polos salientes, como, por exemplo, a saturação dos materiais ferromagnéticos quando submetidos a campos de grande intensidade, a geometria complexa da máquina entre outros fatores fazem das máquinas síncronas um problema de complexa solução analítica, sendo necessário recorrer a formulações e métodos numéricos para sua modelagem e solução. Neste trabalho o gerador síncrono de polos salientes é modelado utilizando técnicas de elementos finitos no domínio Estudo e determinação de parâmetros de geradores síncronos de polos salientes utilizando técnicas de elementos finitos (Parte I) Diodomiro Luque, e Ernesto Ruppert A 2 bidimensional, que consiste em representar a região de corte da seção transversal da mesma. Na operação de um modelo de duas dimensões, algumas considerações devem ser tomadas: redução da estrutura segundo a sua simetria axial, os efeitos de borda e os efeitos nas cabeças de bobina do estator, o circuito amortecedor, entre outras, todas elas podem ser caracterizados através da inserção de parâmetros concentrados, [19]. Existem no mercado diferentes ferramentas computacionais baseados em técnicas de elementos finitos que dão suporte para realizar uma análise eletromagnética, [10], [18]. Para realizar uma modelagem por meio de método dos elementos finitos requerem-se conhecer apriori os dados do projeto de máquina referidos aos valores geométricos e as propriedades físicas dos elementos elétricos, magnéticos que envolvem uma máquina síncrona. O estudo e análise eletromagnético de máquinas síncronas usando o método dos elementos finitos (MEF) baseiam-se nas equações magnetodinâmicas de Maxwell, [18]. A indução magnética possui uma relação direta com o fluxo magnético, o que leva a estabelecer de uma maneira simples o acoplamento entre os campos elétrico e magnético. Uma forma de se resolver a indução magnética B no plano xy é utilizando a formulação chamada de potencial vetor magnético zA , equação 1. x A y AB zzyx ∂ ∂− ∂ ∂ ,=, (1) A primeira equação de Maxwell, equação 2, corresponde à lei de Faraday, onde, um campo magnético variável no tempo produz uma tensão induzida, denominada força eletromotriz ou simplesmente fem . 0=)( , =)( , , t AE xyt B E xy z z yx z ∂ ∂ + ∂∂ ∂ ∂ ∂ + ∂∂ ∂ (2) Considerando que o campo vetorial zE é gerado somente pela variação no tempo da indução magnética B e o potencial vetor zA definido no tempo. As duas expressões representam o gradiente do potencial escalar elétrico V , equação 3. z V t AE zz ∂ ∂ − ∂ ∂ + = (3) Utilizando a equação 3 e substituindo-lo na relação das grandezas físicas EJ σ= , podemos obter a densidade de corrente elétrica em termos de potencial vetor zA e potencial escalar elétrico V , equação 4. )(== z V t AEJ zzz ∂ ∂ − ∂ ∂ −σσ (4) zyx JHxy =)( , ,∂∂ ∂ (5) Da equação 5, que descreve a relação entre a intensidade do campo e a densidade de corrente e da relação constitutiva de yxyx HB ,, = µ associada à equação 1, pode-se obter a densidade de corrente em termos do potencial vetor zA . z zz J y A x A µ− ∂ ∂ + ∂ ∂ =)( 2 2 2 2 (6) A equação 6 é conhecida também como a equação de Poisson para o potencial vetor magnético zA e para a densidade de corrente elétrica. Na sua forma geral ela descreve não apenas os fenômenos eletromagnéticos, mas tambémoutros fenômenos como são: fluxo de calor, gravitação, pressão, entre outros. A seguir, substituindo a equação 4 na equação 6 podemos determinar a equação 7, ela representa a evolução temporal do potencial vetor zA para a seção transversal ),( yx da máquina. O primeiro termo da direita da equação representa a densidade de corrente aplicada nos condutores externos conectados nas fontes de tensão e o segundo termo dessa mesma equação representa a densidade de corrente induzida. t A z V y A yx A x zzz ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ σσ µµ =)1()1( (7) A solução através do MEF sustenta-se na formulação do método variacional, procedimento numérico baseado na minimização de funções que discretiza espacialmente o domínio através de malhas triangulares. O método variacional utiliza a equação 7 para resolver problemas eletromagnéticos no domínio do tempo. Definida a formulação matemática, o procedimento computacional para resolver problemas eletromagnéticos mediante o MEF é divida em três etapas: pre-processamento, processamento e pós-processamento. Pré-processamento Processamento Pós-processamento Figura 1: Etapas de modelagem Pré-processamento Consiste em preparar, adequar e definir os dados geométricos do gerador síncrono de polos salientes através da implementação de desenhos assistidos por computador CAD. Definida a geometria da máquina, procede-se à definição das propriedades físicas, as condições de fronteira e a geração de malhas triangulares da máquina. A idéia básica da aplicação do MEF é dividir o domínio da máquina em pequenos elementos suficientes. A forma mais comum de aproximação para o potencial vetor magnético zA no interior de um elemento triangular é a aproximação polinomial, de forma geral o polinômio pode-se definir como: yaxaayxAz 210=),( ++ (8) As condições de contorno escolhidas para o gerador síncrono são as condições de Dirichlet e Neumann. A 3 condição de Dirichlet é utilizada no contorno onde o campo é paralelo ao segmento. A condição de Neumann é utilizada na fronteira onde o campo é perpendicular ao segmento, esta condição se relaciona com a simetria da máquina. Por último, o modelo requer a atribuição de outras propriedades como, por exemplo: corrente, velocidade, torque, além de representar os parâmetros concentrados. Processamento A solução do problema através do MEF, requer a determinação do potencial vetor magnético zA , para cada nó do elemento triangular representado por meio da expressão polinomial, equação 8. Assim, a etapa de processamento requer uma série de cálculos computacionais que envolvem a solução de um determinado número finito de equações algébricas lineares. A ferramenta computacional utilizada para este propósito é o Maxwell. A solução do modelo representado em muitos casos depende fortemente da capacidade computacional do equipamento utilizado. Pós-processamento A etapa de pós-processamento ocupa-se de sistematizar os resultados obtidos por meio do MEF. Nesta etapa, podem-se computar vários tipos de magnitudes e grandezas derivadas dos valores do potencial vetor magnético Az. Isto permite determinar diferentes quantidades e características elétricas, magnéticas e mecânicas. Figura 2: Geometria da máquina através do MEF A. Geometria do modelo Numa máquina elétrica geralmente existe uma simetria entre os polos da máquina em relação ao número de ranhuras do estator. Pelas suas condições de simetria e periodicidade a máquina foi reduzida para um quarto do seu tamanho original. Na figura 2 mostra-se a estrutura em estudo da máquina síncrona. O domínio representado é dividido em três sub- regiões principais com base em suas propriedades elétricas e magnéticas que são: condutor, aço e ar. Na sub-região do entreferro, nas sub-regiões interpolares, fora dos enrolamentos das ranhuras a condutividade elétrica é assumida como zero, por tanto, 1=rµ , a permeabilidade magnética nas sub-regiões onde se encontram as lâminas ferromagnéticas é obtido a partir de curvas B-H fornecidas pelo fabricante de aço e a condutividade elétrica dos condutores é determinada pelas características do material utilizado nas sub-regiões que correspondem aos enrolamentos amortecedores, os enrolamentos do rotor, e do estator. As malhas impostas à máquina contêm no total 20106 elementos triangulares e eles estão mais concentrados na região do entreferro e na região das ranhuras do estator, onde o campo é variável no tempo. Em termos de tempo de processamento computacional reduzir o gerador síncrono na sua mínima simetria e periodicidade é uma vantagem. B. Condições preliminares dos ensaios Os procedimentos para determinar os parâmetros característicos da máquina síncrona de polos salientes são baseados nos ensaios descritos na norma Std115 do IEEE e da norma 34-4 do IEC, [5], [6]. TABELA 1: CONDIÇÕES NOMINAIS DO HIDROGERADOR Potência aparente 6250 kVA Tensão de linha 4160 V Corrente 867,4 A Fator de potência 0,85 Frequência 60 Hz Número de polos 20 Tensão de excitação 86,2 V Corrente de excitação 315,2 A Em geral, os ensaios em campo requerem uma implementação significativa de equipamentos, instrumentação, sistemas de alimentação, óleo, ar, hidrogênio, água, etc. e elas demandam um alto custo, [10]. Por outro lado, através das ferramentas computacionais atuais é possível realizar representar os ensaios sem nenhuma limitação física e perigo que envolve um ensaio real. TABELA 2: DIMENSÕES DE PROJETO DO HIDROGERADOR 6250 kVA 4160 V 60 Hz 360 rpm Estator Rotor Diâmetro externo 2745,7 mm Número de polos 20 Diâmetro interno 2387,6 mm Diâmetro externo 2367,3 mm Comprimento 660,4 mm Corpo da sapata polar 635 mm Número de ranhuras 228 Distância da sapata polar 301,3 mm Altura da coroa 93,76 mm Passo polar 376,625 mm Altura dos dentes 84,04 mm Altura do polo no centro 36,16 mm Largura do dente 17,53 mm Altura do polo 226 mm Largura da ranhura 17,68 mm Largura do corpo polar 177 mm Passo de dentadura 32,96 mm Largura da bobina 62,15 mm No trabalho, a máquina síncrona utilizada para a simulação dos ensaios corresponde a um hidrogerador cujas características nominais e dimensões são mostradas nas tabelas 1 e 2. Os parâmetros obtidos a partir dos dados de no projeto do hidrogerador (tabelas 3 e 4) são utilizados para validar os 4 resultados a serem alcançados nas simulações dos ensaios por elementos finitos. TABELA 3: PARÂMETROS DO HIDROGERADOR Resistência de armadura 0,0166616 Ω Reatância de dispersão na armadura 0,284745 Ω Reatância de magnetização do eixo d 2,52046 Ω Reatância de magnetização do eixo q 1,35831 Ω Reatância síncrona de eixo d 2,80521 Ω Reatância síncrona de eixo q 0,284745 Ω Resistência de enrolamento de campo 0,273394 Ω TABELA 4: PARÂMETROS TRANSITÓRIOS E CONSTANTES DE TEMPO DO HIDROGERADOR - Reatância transitória de eixo d dX ′ 0,77826 Ω - Reatância sub-transitória de eixo d dX ′′ 0,539801 Ω - Reatância sub-transitória de eixo q qX ′′ 0,425392 Ω - Reatância de dispersão de campo fX 0,613675 Ω - Reatância de dispersão do enrolamento amortecedor no eixo d mdX 0,527866 Ω - Reatância de dispersão do enrolamento amortecedor no eixo q mqX 0,156893 Ω - Resistência de enrolamento amortecedor no eixo d kdR 0,131828 Ω - Resistência de enrolamento amortecedor no eixo q kqR 0,0618237 Ω - Constante de tempo transitório de eixo d dT ′ 0,86721 s - Constante de tempo transitório de eixo d com armadura em circuito aberto 0dT ′ 0,0205518 s - Constante de tempo sub-transitório de eixod dT ′′ 0,0142547 s - Constante de tempo sub-transitório de eixo q qT ′′ 0,0168315 s - Constante de tempo sub-transitório de eixo q com armadura em circuito aberto 0qT ′′ 0,0650106 s A simulação dos ensaios realizados pode ser classificada como: ensaio de curto circuito brusco, ensaio de rejeição de carga de eixo direto, ensaio de rejeição de carga em quadratura, ensaio de rejeição de carga de eixo arbitrário e ensaio de resposta em freqüência. III. ENSAIO DE CURTO CIRCUITO BRUSCO A maioria dos curto circuitos ou falhas que acontecem nos sistemas de distribuição de energia são não simétricos entre fases. No entanto, o curto circuito trifásico é importante porque, a pesar de ser rara é a mais grave porque desencadeia correntes mais elevadas de curto circuito que provocaria instabilidade no funcionamento da máquina síncrona, colocando-a em situações excepcionais de risco para sua integridade e conseqüentemente sua influenza no sistema elétrico. Por tanto, é motivo de amplo estudo, visando principalmente a determinação das características transitórias da máquina. A determinação dos parâmetros do gerador síncrono de polos salientes são realizados através da análise dinâmica. Existem na literatura vários trabalhos sobre ensaios de curto circuito brusco que permitem determinar os valores dos parâmetros elétricos, [1], [4], [5], [7], [8], [12], [15], [17]. Gerador modelado por elementos finitos Chaves de curto circuito simétrico Abertura das chaves após o curto circuito Sistema em vazio (sem carga) Figura 3: Esquema de simulação para o ensaio de curto circuito brusco O ensaio de curto circuito brusco é a técnica mais amplamente utilizada e consolidada para a obtenção de parâmetros e constantes de tempo de máquinas síncronas, [9], [16]. O método consiste em realizar um curto circuito trifásico simultâneo nos terminais da armadura da máquina. A obtenção dos parâmetros realiza-se a partir das respostas dinâmicas da corrente de armadura. Embora já existam trabalhos sobre ensaios de curto circuito brusco há bastante tempo, os primeiros trabalhos utilizando técnicas de elementos finitos aplicados aos ensaios de curto circuito brusco começaram a ser relatados a partir da década dos s90 . Vários foram os pesquisadores que utilizaram as primeiras ferramentas computacionais orientadas a elementos finitos, [7], [9], [11], [12], [13], [16]. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 x 10 4 Tempo [s] C or re nt es d e fa se I a , I b, I c [ A ] Subtransitório Transitório Regime permanente Figura 4: Corrente de armadura após o curto circuito brusco Atualmente, o ensaio de curto circuito brusco é um método estandarizado cujo procedimento obedece à norma Std115 do IEEE, [5]. No ensaio, assume-se que antes do curto circuito trifásico brusco a máquina opera sem carga (condição em vazio), com velocidade de rotação nominal (velocidade síncrona), excitada por uma corrente de campo que induz uma tensão nos terminais da armadura em um valor correspondente à condição nominal de operação. Quando a máquina está sem carga não há corrente nos terminais da armadura, a única corrente que flui é no enrolamento de campo. Nessa condição 5 é subitamente curto circuitado simultaneamente as três fases dos enrolamentos da armadura e nesse instante é registrado a variação da corrente nos terminais da armadura, figuras 3, e 4. A corrente de armadura e a corrente de campo durante o curto circuito são usadas para obter as diferentes reatâncias e constantes de tempo padronizadas de eixo direto do gerador. Após o curto circuito o rotor da máquina deve continuar na velocidade síncrona. Na figura 4, o período subtransitório ocorre durante os primeiros ciclos de corrente de armadura, quando esta corrente sofre um decaimento muito rapidamente, seguido de um período chamado de transitório, onde, a corrente de armadura decresce lentamente buscando seu valor de regime, finalmente no período de regime permanente onde a corrente de armadura chega a se estabilizar no seu valor nominal. As reatâncias transitórias e subtransitórias são determinadas a partir das envoltórias das formas de onda da corrente de armadura obtidas após a aplicação do curto circuito brusco nas três fases, figura 5. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 Envoltória superior Envoltória inferior 2 minIImáx − 2 minII máx + Tempo [s] C or re nt e da fa se a [A ] Figura 5: Componentes da corrente de armadura O estudo da envoltória é importante porque mostra o comportamento global da máquina quando exposto a um evento como é o caso do curto circuito brusco, é ela quem preserva os fenômenos que ocorrem na máquina síncrona. O procedimento para determinar as envoltórias superior e inferior segundo a norma Std115 do IEEE sugere realizar uma sincronização das envoltórias, [5]. Não é recomendável realizar uma simples adição ou subtração para determinar as componentes, devido a que os valores correspondentes aos picos superiores e inferiores das envoltórias para cada fase são diferentes e não correspondem a um mesmo passo no tempo, a análise dessas envoltórias requer um tratamento adequado junto aos dados obtidos nos ensaios. O tratamento de dados basicamente refere-se ao uso de técnicas de ajuste de curvas, suavização mediante o uso de métodos de regressão polinomial baseado em mínimos quadrados. O ajuste de curvas realiza-se usando a função “fitting” do MatLab, as envoltórias superior e inferior de cada fase de corrente de armadura precisam de operações algébricas que podem ser realizadas por modelos polinomiais já que para cada passo de tempo as três fases devem conter valores específicos. Inicialmente, determinam-se as componentes que fazem parte dela. Estas componentes podem ser identificadas como: componente a.c. e componente contínua (componente d.c.), [16]. As equações para determinar as componentes tanto a.c. quanto contínua do ensaio são definidas como: 2 = nimxamac III ′′ − (9) 2 = nimxamdc III ′′ + (10) quando essas envoltórias são determinadas a análise de acI permite a identificação das constantes de tempo transitórias e subtransitórias assim como as reatância transitória e subtransitória a partir da equação 11. )()()(=)( tItItItI ssac ′′+′+ (11) onde, )(tI ss corresponde ao período de regime permanente, )(tI ′ representa ao período transitório e )(tI ′′ corresponde ao período subtransitório. Sendo que )/(=)( dTtdexpItI ′−′′ e )/(=)( dTtdexpItI ′′−′′′′ . Em termos de logaritmo expressam-se como BtAtIln ′+′′ =))(( e BtAtIln ′′+′′′′ =))(( que representam linhas retas devido à variação exponencial de )(tI ′ e )(tI ′′ . Extrapolado por técnicas de regressão polinomial e fazendo com que )(exp=(0) BI ′′ , )(exp=(0) BI ′′′′ no instante do curto circuito brusco, as expressões em logaritmo natural permitem determinar tanto as constantes de tempo quanto as reatâncias transitórias e subtransitórias. ss d I UX = (12) A Td ′ −′ 1= (13) (0) = II UX ss d ′+ ′ (14) A Td ′′ −′′ 1= (15) (0)(0) = III UX ss d ′′+′+ ′′ (16) Por outro lado, a metodologia analítica para representar as formas de onda do ensaio de curto circuito brusco foi muito bem estudada e estabelecida na literatura. A expressão analítica da equação 16, define ocomportamento da corrente de armadura por fase frente a um curto circuito brusco trifásico, [6]. )(]exp) 11(exp) 11(1[= 00 // θω + ′ − ′′ +− ′ + ′′−′− tcos XXXXX Ui dTt dd dTt ddd s (17) onde, dss XUI /= , dd XUXUdI //= −′′ e ddd XUXUI ′−′′′′ //= . 6 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10 -3 10 -2 10 -1 10 0 10 1 X: 0.8668 Y: 0.9448 X: 0.0142 Y: 0.5986 C or re nt e [p u] Tempo [s]T’’d = 0,0143 T’d = 0,8668 0,368*h1 = 0,94480,368*h2 = 0,5986 Figura 6: Determinação das constantes de tempo Assim, os cálculos em pu para a determinação dos parâmetros do gerador síncrono foram realizados utilizando as equações 12, 14 e 16. pu 1,013 0,98717 1= == ss d I UX (18) pu 0,28132 2,56750,98717 1= = + = ′+ ′ ssss d II UX (19) pu 0,1930 1,62672,56750,98717 1= = ++ = ′′+′+ ′′ ssssss d III UX (20) As constantes de tempo foram obtidas a partir da figura 3.23. 0,94484368,0*'=1 =ssIh (21) 0,59863368,0*"=2 =ssIh (22) s 0,86677='dT (23) s 0,014245='' dT (24) TABELA 5: PARÂMETROS OBTIDOS A PARTIR DOS ENSAIOS DE CURTO CIRCUITO BRUSCO Reatância de eixo d em pu dX = 1,013 pu Reatância transitória de eixo d em pu dX ′ = 0,28132 pu Reatância sub-transitória de eixo d em pu dX ′′ = 0,1930 pu Reatância de eixo d em ohms dX = 2,8042 Ω Reatância transitória de eixo d em ohms dX ′ = 0,77875 Ω Reatância sub-transitória de eixo d em ohms d X ′′ = 0,53426 Ω Constante de tempo transitória em segundos dT ′ = 0,86677 s Constante de tempo sub-transitória em segundos dT ′′ = 0,014245 s IV. CONCLUSÕES Este trabalho realiza a determinação de parâmetros da máquina síncrona de polos salientes através da utilização do método dos elementos finitos. Comprovou-se que é possível a modelagem por elementos finitos dos ensaios de curto circuito brusco. A determinação de parâmetros usando métodos numéricos utiliza as dimensões e características físicas da máquina síncrona. A partir desses dados foi possível representar mediante a modelagem eletromagnética do gerador síncrono os procedimentos descritos nos ensaios. O ensaio de curto circuito brusco brinda informações dos parâmetros referentes ao eixo direto. Todos os dados obtidos a partir do projeto de máquina foram verificados e comparados com os dados dos ensaios de curto circuito brusco. As comparações dos resultados foram de razoáveis para os parâmetros encontrados tanto para o regime permanente quanto para o regime transitório. Pode-se concluir dizendo que é possível determinar os parâmetros do gerador síncrono a partir do modelo geométrico da máquina síncrona e alcançar resultados satisfatórios sem a necessidade de realizar um ensaio real que envolve tempo e custo. V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] I.M. Canay. Determination of model parameters of synchronous machines. IEE Proceedings Electric Power Applications, 130(5), 86-94, 1983. [2] E. Bortoni, J.A. Jardini. Synchronous machines parameters identification using load rejection test data. IEEE Transactions on Energy Conv., 17(2), 1997. [3] F.P de Mello, J.R. Ribeiro. Derivation of Synchronous machine parameters from tests. IEEE Trans. Power Apparat. Syst., 96(2), 1211- 1218, 1977. [4] I. Kamwa, P. Viarouge, R. Mahfoudi. Experience with Computer-Aided Graphical Analysis of Sudden- Short-circuit Oscillograms of Large Synchronous Machines. IEEE Transactions on Energy Conv., 10(3), 1995. [5] IEEE Std115. 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