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Barragem São Francisco

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
JAMILLY MARQUES RIBEIRO LICÁ
PAULO VICTOR GOMES DA SILVA
ROMPIMENTO DA BARRAGEM SÃO FRANCISCO
Tucuruí – PA
2018
JAMILLY MARQUES RIBEIRO LICÁ
PAULO VICTOR GOMES DA SILVA
ROMPIMENTO DA BARRAGEM SÃO FRANCISCO
Trabalho apresentado como parte dos requisitos necessários para aprovação na disciplina de Barragens, na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará. Orientador: Prof. Me. Davi Barbosa.
Tucuruí – PA
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
2 CARACTERIZAÇÃO DA BARRAGEM SÃO FRANCISCO.........................................4
3. HISTÓRICO DE ACIDENTES...........................................................................................6
3.1. ACIDENTE EM 2006..........................................................................................................6
3.2. ACIDENTE EM 2007..........................................................................................................8
4 DANOS CAUSADOS.............................................................................................................9
5 LAUDOS E OBRIGAÇÕES APÓS O ACIDENTE.........................................................10
5.1 AÇÕES JUDICIAIS...........................................................................................................11
6. RECUPERAÇÃO DA ÁREA............................................................................................11
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................12 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................13
1 INTRODUÇÃO
As barragens foram idealizadas e construídas com diversos objetivos. Dentre eles, destaca-se o acúmulo de rejeitos que podem trazer prejuízos ao meio ambiente, como os rejeitos provenientes da mineração. Entretanto, diversos são os exemplos de acidentes envolvendo barragens de rejeitos, inclusive no Brasil. 
O presente trabalho tem por finalidade apresentar o acidente causado pelo rompimento da Barragem São Francisco, em Miraí (MG). A responsável legal pela barragem era a companhia Mineração Rio Pombo Cataguases, atualmente conhecida como Bauminas Mineração.
Será apresentada uma breve caracterização da estrutura física da barragem. Em seguida, o histórico de acidentes, incluindo o rompimento em 2007. Serão expostos alguns danos causados pelo acidente em 2007, um resumo do laudo técnico e do acordo para recuperação da região afetada, além das ações judiciais envolvendo o ocorrido.
Por fim, serão exibidos os principais processos para recuperação da natureza e da zona urbana.
2 CARACTERIZAÇÃO DA BARRAGEM SÃO FRANCISCO
No ano de 1995, a barragem São Francisco entrou em operação. Localizada no rio Fubá, na fazenda São Francisco, a 8 km de Miraí (cidade no sudeste de Minas Gerais), a barragem faz parte das instalações da companhia de mineração: Mineração Rio Pomba Cataguases LTDA (MRPC).
Figura 1: Localização de Miraí no Brasil. 
A barragem foi construída em 3 etapas para receber rejeitos provenientes da lavagem da bauxita. Contava com dreno vertical, dreno horizontal, e possuía as seguintes características:
34 metros de altura;
90 metros de comprimento;
3,8 milhões de metros cúbicos de capacidade;
9 metros de largura de crista;
Aterro compactado de solo argilo-arenoso.
Figura 2: Seção da Barragem.
A barragem, assim como as cidades ao redor, está localizada na Zona da Mata. Levando em consideração este fator, além do grande porte da estrutura, da presença humana e das atividades econômicas nas redondezas, a construção foi classificada com alto potencial de dano ambiental pela DN Copam nº 87/2005. Apesar disso, a mineradora manteve a barragem em funcionamento.
Figura 3: Talude de jusante.
3. HISTÓRICO DE ACIDENTES
3.1. ACIDENTE EM 2006
A barragem possuía um vertedouro em torre inclinada ligada a uma galeria horizontal. Nesta torre de concreto havia duas células para drenagem da água. Entretanto, ao longo da vida útil da barragem, foi necessário ampliar a capacidade de armazenamento por meio de alteamentos, ou seja, colocação de novas placas de concreto, e novas células.
No início de 2006, a companhia de mineração executou um alteamento, dando início à ruptura. No dia 01 de março, abriu-se uma brecha entre as placas de concreto submersas e o maciço, na base da torre inclinada. O vazamento perdurou até o dia 03 de março, quando a companhia conseguiu obstruir a passagem dos rejeitos.
Figura 4: Aspecto do Rio Fubá após o acidente (2006).
O volume total do vazamento foi calculado em 135.000 m³, sendo 65.000 m³ de lama (argila com sílica, óxidos de ferro e alumínio) e 70.000 m³ de água limpa (liberada para diminuir a pressão no local da fenda). O vazamento inundou áreas de pastagem e cultivo, eliminou a fauna aquática por falta de oxigenação da água, e comprometimento da qualidade da água destinada ao abastecimento público.
Gráfico 1: Vazamento da Barragem São Francisco.
A companhia assinou junto ao Ministério Público Estadual um Termo de Ajustamento de Conduta, onde foram solicitadas medidas corretivas, que foram atendidas pela mesma. Apesar disto, no ano seguinte ocorreu um desastre maior.
3.2. ACIDENTE EM 2007
Na madrugada de 10 de janeiro de 2007, após horas de intensa chuva, o nível da água se elevou velozmente. A seguir, a velocidade e o volume de água provocaram uma rápida erosão na ombreira direita da barragem, culminando em sua ruptura. 
Notando a iminência de rompimento, a empresa contatou a Polícia Militar para orientar a população a se retirar de suas casas, o que evitou perdas de vidas humanas. Entretanto, 2 bilhões de litros de rejeitos lançados no rio Fubá causou diversos impactos negativos. 
Figura 5: Barragem rompida.
4 DANOS CAUSADOS
O rompimento da Barragem São Francisco trouxe muitos danos à região onde estava instalada, seja para a natureza ou para a população humana.
A lama misturada com bauxita e sulfato de alumínio foi lançada no rio Fubá, atingindo o rio Muriaé e o rio Paraíba do Sul. Por causa do acidente, os produtores rurais desviaram a água usada em irrigação para abastecimento, apressaram a colheita do que foi possível e retiraram o gado das margens dos rios afetados.
A enchente alagou os centros urbanos, inundando 400 casas, desabrigando mais de 2 mil pessoas, interrompendo o abastecimento de água em pelo menos 5 cidades, e interditando várias estradas. 
A empresa tentou amenizar a situação de emergência prestando auxílio à população atingida, limpando as ruas e residências de Miraí. Entretanto, segundo a técnica do Meio Ambiente da Prefeitura de Miraí, qualquer evidência de barro no rio já causa alvoroço e preocupação por parte dos moradores.
Figura 6: Cidades afetadas.
Figura 7: Cidade de Miraí após o acidente.
5 LAUDOS E OBRIGAÇÕES APÓS O ACIDENTE
A Fundação Estadual de Meio Ambiente contratou especialistas em segurança de barragens para elaborar o laudo técnico. Eles concluíram que o nível de água no reservatório não atingiu a cota máxima e que a ruptura ocorreu por erosão do solo, pois o vertedouro de emergência não tinha revestimento adequado. A partir destes dados, a Fundação expediu um relatório com recomendações para reforço da barragem.
Figura8: Laudo Técnico.
O Departamento Nacional de Produção Mineral também realizou vistoria no local e constatou que 70% do material que estava contido na barragem vazou no acidente e que o restante poderia vazar caso a chuva continuasse. Então, uma barreira foi erguida urgentemente. 
Além disso, ficou acordado que: 
A exploração de bauxita seria encerrada naquela fazenda em um prazo de 180 dias;
Acompanhia de mineração deveria identificar possíveis áreas de risco de deslizamento na região;
Um plano de recuperação deveria ser montado;
Por 90 dias a qualidade da água deveria ser monitorada diariamente;
2 milhões de reais seriam depositados numa conta judicial.
5.1 AÇÕES JUDICIAIS
4440 ações foram propostas contra a mineradora, sendo 3940 na cidade de Muriaé e 500 em Miraí. As ações eram pedidos de ressarcimento por danos materiais e danos morais. Em 2014, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a Mineração Rio Pomba Cataguases deveria ressarcir as famílias. A empresa recorreu, todavia, o pedido foi negado. A responsabilidade da empresa somente seria afastada se ela comprovasse que o risco não foi criado, que o dano não existiu ou que não existiu relação entre o dano e atividade exercida.
6. RECUPERAÇÃO DA ÁREA
O processo de recuperação começou com o remodelamento topográfico do terreno, redirecionamento das águas, plantio de sementes na área ciliar. Em 2011, foi realizado o primeiro processo de retirada da lama que causou assoreamento do rio. Em 2012, a imprensa notificou que a natureza havia começado a se recuperar por conta própria. Em 2014, foi realizada a segunda etapa da retirada de lama.
Dado que o material não era tóxico, a companhia garantiu que não há resquícios no solo da região.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Uma barragem para contenção de rejeitos em si já apresenta elevado potencial de dano, requerendo maior atenção. A barragem de São Francisco ao longo de sua vida útil sofreu alteamentos, como é comum em barragens para contenção de rejeitos, todavia uma má execução em um desses alteamentos levou ao ocasionalmente da primeira ruptura.
A segunda ruptura e mais catastrófica ocorreu após fortes chuvas na região, o laudo apontou um revestimento inadequado no vertedouro que levou a ruptura por erosão do maciço. A área afetada pela lama de rejeito foi recuperada com retirada da lama e plantio de sementes. A empresa foi responsabilizada pelos danos causado e propôs alguns acordos com moradores atingidos.
Portanto ratifica-se a importância dos estudos anteriores a construção de uma barragem devido ao grande potencial de acidentes. O acompanhamento constante dos dados obtidos com utilização de dispositivos de segurança é imprescindível para a operação de forma segura de uma barragem, o que ressalta a importância de não somente um cuidado na construção, mas a manutenção durante toda a vida útil da estrutura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Miraí – Zona da Mata Mineira. Disponível em: <https://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1967957>. Acesso em: 18 dezembro 2018.
Miraí. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mira%C3%AD>. Acesso em: 18 dezembro 2018.
Desastre Ambiental: Lama contaminada já atinge o Rio de Janeiro. Disponível em: <https://www.apolo11.com/meio_ambiente.php?posic=dat_20070112-085007.inc>. Acesso em: 17 dezembro 2018.
Zona da Mata ainda se Recupera de Rompimento de Barragem há 9 anos. Disponível em: <http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2015/11/zona-da-mata-ainda-se-recupera-de-rompimento-de-barragem-ha-9-anos.html>. Acesso em: 17 dezembro 2018.
Memória: há 8 anos, vazamento de lama tóxica. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/memoria-ha-oito-anos-vazamento-de-lama-toxica-17979226>. Acesso em: 19 dezembro 2018.
ROCHA, Felipe F. Retroanálise da Ruptura da Barragem São Francisco – Miraí, Minas Gerais, Brasil. Disponível em: <http://www.smarh.eng.ufmg.br/defesas/1135M.PDF>. Acesso em: 14 dezembro 2018.
Mineradora é Responsável por Desastre Ambiental. Disponível em: <https://www.brasil247.com/pt/247/minas247/152101/Mineradora-%C3%A9-respons%C3%A1vel-por-desastre-ambiental.htm>. Acesso em: 18 dezembro 2018.
Responsabilidade Civil ao Dano Ambiental no Caso da Mineradora Rio Pombo. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/1775-1583-1-pb.pdf>. Acesso em: 16 dezembro 2018.

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