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Direito Processual Penal STF

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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Atualizado em 14/03/2018: novos julgados + questões de concurso
Pontos atualizados: nº 26 (Info 900 atualizado com comentários de julgado do STJ); nº 26 (Info 920); nº 44 (Info 920); nº 28 (Info 921); nº 39 (Info 921) ; nº 23 (Info 922); nº 41 (Infos 774 e 922); nº 39 (Info 922); nº 03 (Info 924); nº 02 (Info 925 – execução penal); nº 34 (Info 927); nº 25 (Info 931)
INQUÉRITO POLICIAL 
ARQUIVAMENTO: O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade – (Info 912) – IMPORTANTE!!!
		O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF).
A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das investigações. Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o fim do foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o inevitável.
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 21/8/18 (Info 912).
No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018.
	OBS: Diante disso, o STF decidiu, de ofício (ou seja, sem requerimento), arquivar o inquérito, com base no art. 231, § 4º, “e”, do RISTF:
Art. 231 (...)
§ 4º O Relator tem competência para determinar o arquivamento, quando o requerer o Procurador-Geral da República ou quando verificar:
(...)
e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem descumpridos os prazos para a instrução do inquérito ou para oferecimento de denúncia.
Vale ressaltar que, mesmo depois do arquivamento, a autoridade policial poderá fazer novas diligências se surgirem novas provas (art. 18 do CPP).
Essa decisão ofende o sistema acusatório e o art. 129, I, da CF, que confere ao Ministério Público a titularidade da ação penal pública? Ao se arquivar, de ofício, um inquérito policial, viola-se a atribuição conferida pela CF/88 ao Ministério Público de decidir se oferece ou não a denúncia? NÃO. “Nessas hipóteses excepcionais, não obstante nosso sistema acusatório consagrar constitucionalmente a titularidade privativa da ação penal ao Ministério Público (CF, art. 129, I), a quem compete decidir pelo oferecimento da denúncia ou solicitação de arquivamento do inquérito ou peças de informação, é dever do Poder Judiciário exercer sua “atividade de supervisão judicial” (STF, Pet. 3825/MT, rel. Min. GILMAR MENDES), fazendo cessar toda e qualquer ilegal coação por parte do Estado-acusador, quando o Parquet insiste em manter procedimento investigatório mesmo ausentes indícios de autoria e materialidade das infrações penais imputadas (...) A manutenção da investigação criminal sem justa causa, ainda que em fase de inquérito, constitui injusto e grave constrangimento aos investigados (...)” (INQ 4.429, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe 13/06/2018).
 
A decisão que determina o arquivamento de ofício viola o art. 28 do CPP? NÃO. O art. 28 do CPP não é óbice ao arquivamento de inquérito, de ofício, pelo magistrado. Nesse sentido, veja a decisão monocrática do Ministro Luís Roberto Barroso, assim ementada:
(...) 1. A mera instauração de um Inquérito pode trazer algum tipo de constrangimento às pessoas com foro por prerrogativa de função. Por outro lado, os órgãos de persecução criminal devem ter a possibilidade de realizar as investigações quando verificado um mínimo de elementos indiciários, como é o caso das informações obtidas por meio de acordos de colaboração premiada. Ponderados esses dois interesses, somente se deve afastar de antemão um notícia-crime quando complemente desprovida de plausibilidade. 2. No entanto, isso não significa que os agentes públicos devam suportar indefinidamente o ônus de figurar como objeto de investigação, de modo que a persecução criminal deve observar prazo razoável para sua conclusão. 3. No caso dos autos, encerrado o prazo para conclusão das investigações, e suas sucessivas prorrogações, o Ministério Público, ciente de que deveria apresentar manifestação conclusiva, limitou-se a requerer a remessa dos autos ao Juízo que considera competente. Isso significa dizer que entende não haver nos autos elementos suficientes ao oferecimento da denúncia, sendo o caso, portanto, de arquivamento do inquérito. 4. O art. 28 do CPP se limita a impedir que, pedido o arquivamento pelo Ministério Público e confirmado este entendimento no âmbito do próprio Ministério Público, possa o juiz se negar a deferi-lo. No entanto, não obriga o Juiz a só proceder ao arquivamento quando este for expressamente requerido pelo Ministério Público, seja porque cabe ao juiz o controle de legalidade do procedimento de investigação; seja porque o Judiciário, no exercício de suas funções típicas, não se submete à autoridade de quem esteja sob sua jurisdição. 5. Inquérito arquivado sem prejuízo de que possa ser reaberto no juízo próprio, no caso de surgimento de novas provas. STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018.
 
Transitoriedade do inquérito: Apesar de não ter sido mencionada expressamente, os julgados acima reforçam a ideia de que uma das características do inquérito é a de que se trata de um procedimento temporário. 
 
Essa possibilidade de arquivamento de ofício existe apenas para o STF? Um magistrado de 1ª instância poderá promover, de ofício, o arquivamento do inquérito policial? No julgamento do Inq 4420/DF não houve uma resposta expressa a pergunta. O STJ, contudo, possui precedentes em sentido contrário:
(...) 1. Esta Corte possui entendimento jurisprudencial no sentido de que compete ao Ministério Público, na condição de dominus litis, promover a ação penal pública, avaliando se as provas obtidas na fase pré-processual são suficientes para sua propositura, por ser ele o detentor do jus persequendi. Portanto, não cabe ao magistrado assumir o papel constitucionalmente assegurado ao órgão de acusação e, de ofício, determinar o arquivamento do inquérito policial. (...) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1284335/MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 01/04/2014.
Possibilidade de reabertura de inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude – (Info 858)
		O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz coisa julgada material. 
STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 23/3/17 (Info 858). 
Obs1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude pode ser reaberto mesmo que não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for com provas fraudadas, como no caso acima, com maior razão pode ser feito o desarquivamento. 
Obs2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito policial baseado em excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não pode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min.Sebastião Reis Júnior, j. 05/02/15.
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João ceifou a vida de Pedro. Foi instaurado inquérito policial para apurar o ocorrido. Após as diligências investigatórias, o MP entendeu que estava demonstrado que João agiu em legítima defesa, razão pela qual pugnou pelo arquivamento do IP. O juiz concordou com o pedido do MP e determinou o arquivamento dos autos com base na excludente de ilicitude. Anos mais tarde, o Procurador-Geral de Justiça afirma que surgiram provas novas que poderão mudar o caso e pugna pelo desarquivamento do IP. O requerimento do Procurador-Geral foi fundamentado no art. 18 do CPP e na Súmula 524 do STF. Confira:
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Súmula 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
O juiz deverá concordar? Deverá ser determinado o desarquivamento no presente caso? É possível a reabertura da investigação e o oferecimento de denúncia se o inquérito policial havia sido arquivado com base em excludente de ilicitude? Atualmente, é possível identificar a existência de divergência entre o STJ e o STF:
	STJ: NÃO
	STF: SIM
	Para o STJ, o arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa excludente da ilicitude faz coisa julgada material e impede a rediscussão do caso penal.
O mencionado art. 18 do CPP e a Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso surjam provas novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento ocorreu por falta de provas, ou seja, por falta de suporte probatório mínimo (inexistência de indícios de autoria e certeza de materialidade).
STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 25/11/2014 (Info 554).
	Para o STF, o arquivamento de inquérito policial em razão do reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material. Logo, surgindo novas provas, seria possível reabrir o inquérito policial, com base no art. 18 do CPP e na Súmula 524 do STF.
STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/03/2009.
STF. 2ª Turma. HC 125101/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 25/8/2015 (Info 796).
Caso concreto divulgado no Info 858: João foi investigado pela suposta prática do crime de homicídio. O inquérito policial foi arquivado porque houve a conclusão de que o homicídio praticado por João teria sido em legítima defesa. Posteriormente, diante de diversas denúncias, constatou-se que o relatório foi adulterado pelo Delegado que presidia o IP, e que testemunhas assinaram documentos com declarações que não prestaram. Com base em novos depoimentos das testemunhas, o MP reabriu a investigação. A defesa impetrou habeas corpus alegando que estaria havendo violação à coisa julgada.O STF, contudo, não acolheu o pedido e decidiu que: 
O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 23/3/2017 (Info 858).
	MOTIVO DO ARQUIVAMENTO
	É POSSÍVEL DESARQUIVAR?
	1) Insuficiência de provas
	SIM (Súmula 524-STF)
	2) Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação penal
	SIM
	3) Falta de justa causa para a ação penal (não há indícios de autoria ou prova da materialidade)
	SIM
	4) Atipicidade (fato narrado não é crime)
	NÃO
	5) Existência manifesta de causa excludente de ilicitude
	STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
STF: SIM (HC 125101/SP)
	6) Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade*
	NÃO (Posição da doutrina)
	7) Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade
	NÃO
(STJ HC 307.562/RS)
(STF Pet 3943)
Exceção: certidão de óbito falsa
* Situação ainda não apreciada pelo STF. Esta é a posição defendida pela doutrina.
É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial – (Info 824) – (TJCE-2018)
		A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. 
Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. 
STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
	OBS:
O investigado, durante o inquérito policial, poderia ter arguido junto ao Poder Judiciário, a suspeição do Delegado? Prevalece que não por falta de previsão legal. Essa é a posição da doutrina majoritária.
"(...) funcionando o inquérito policial como um procedimento investigatório de caráter inquisitorial e preparatório da ação penal, cujos elementos informativos devem ser reproduzidos em juízo sob o crivo do contraditório e da ampla defesa para que possam ser tratados como prova, prevalece o entendimento de que não se pode opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito." (LIMA, Renato Brasileiro de. Código de Processo Penal comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 361).
Vale ressaltar a posição de Nucci, para quem seria possível arguir essa suspeição junto aos órgãos administrativos da Polícia (Delegado Geral de Polícia, no caso da Polícia Civil):
“Cremos, pois, que, havendo motivação para a consideração da suspeição do delegado, não podendo o magistrado afastá-lo, por falta de previsão legal, deve a parte interessada solicitar o afastamento da autoridade policial ao Delegado Geral de Polícia ou, sendo o pleito recusado, ao Secretário da Segurança Pública. A questão torna-se, então, administrativa, pois existe recomendação legal para que o afastamento ocorra”. (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 13ª ed. Forense, Rio de Janeiro: 2014, p. 298).
Informação complementar. Art. 7º, XXI, do EOAB: Em regra, as irregularidades ocorridas no inquérito policial não contaminam os elementos informativos que serão utilizados no processo penal. No entanto, o art. 7º, XXI, do Estatuto da OAB, recentemente alterado pela Lei nº 13.245/2016, prevê uma exceção:
Art. 7º São direitos do advogado:
(...) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
b) (VETADO).
O inciso XXI prevê que, se for negado o direito de o advogado participar do interrogatório ou depoimento, haverá nulidade absoluta desses atos e, por consequência, nulidade também de todas as "provas" (elementos informativos) que, direta ou indiretamente, decorrerem deles.
Ex: o Delegado não permitiu que o advogado participasse do depoimento de uma testemunha do inquérito policial. Durante o depoimento, a testemunha revela que viu o investigado, no dia do crime, em um determinado endereço. A partir desse depoimento, a autoridade policial pede a realização de uma busca e apreensão no local e ali descobre a arma utilizada pelo investigado no crime, além de objetos pessoais a ele pertencentes. Pela redação do inciso XXI, haveria nulidade absoluta da oitiva da testemunha e também das "provas" obtidas com a busca e apreensão, uma vez que tal diligência foi decorrente das informações passadas pela testemunha.
(Im)possibilidade de reabertura de inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude– (Info 796) – ATUALIZE O INFO 554 DO STJ!!!
		É possível a reabertura da investigação e o oferecimento de denúncia se o inquérito policial havia sido arquivado com base em excludente de ilicitude?
STJ: NÃO. Para o STJ, o arquivamento do inquérito policial com base na existência de causa excludente da ilicitude faz coisa julgada material e impede a rediscussão do caso penal. O mencionado art. 18 do CPP e a Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso surjam provas novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em que o arquivamento ocorreu por falta de provas, ou seja, por falta de suporte probatório mínimo (inexistência de indícios de autoria e certeza de materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 25/11/2014 (Info 554).
STF: SIM. Para o STF, o arquivamento de inquérito policial em razão do reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material. Logo, surgindo novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, com base no art. 18 do CPP e na Súmula 524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/03/2009. STF. 2ª Turma. HC 125101/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 25/8/2015 (Info 796).
Tramitação direta do IP entre Polícia e MP – (Info 741) - Atenção! MP e Delegado!
		É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério Público.
É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto.
STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, j. 3/4/14 (Info 741).
Indiciamento é ato privativo da autoridade policial
		O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém.
STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
ARQUIVAMENTO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL: STF, ao receber pedido da PGR para remessa de investigação contra Senador para a 1ª instância, determinou o retorno dos autos ao MP a fim de que apresente os indícios contra o investigado – (Info 924)
		Em 2016, foi instaurado inquérito no STF para apurar crimes de corrupção passiva (art. 317 do CP) e de lavagem de dinheiro (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98) que teriam sido praticados por Aécio Neves.
O Delegado de Polícia Federal concluiu as investigações, opinando, no relatório policial, pelo arquivamento do inquérito sob a alegação de que não foram reunidos indícios contra o investigado.
A Procuradoria-Geral da República afirmou que, após a manifestação do Delegado, surgiram novos indícios e que, portanto, as investigações deveriam continuar. Afirmou, contudo, que o STF deveria remeter os autos à 1ª instância para que as investigações continuassem lá, tendo em vista que os delitos praticados por Aécio Neves teriam sido praticados fora do cargo de parlamentar federal, não havendo competência do STF.
O STF determinou o retorno dos autos à PGR para que ela conclua as diligências ainda pendentes de execução, no prazo de 60 dias, e que depois apresente manifestação conclusiva nos autos, apontando concretamente os novos elementos de prova a serem considerados.
De posse de manifestação mais objetiva da PGR, com provas suficientes para eventual continuidade das investigações, o STF poderá avaliar se é mesmo o caso de arquivamento ou se a investigação deve prosseguir e em que condições.
STF. 2ª Turma. Inq 4244/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, j. 20/11/18 (Info 924).
Denúncia anônima – (Info 819) – (Escrivão de Polícia/PCMA-2018) (TRF2-2017) (TJMS-2012) (MPF-2012)
		As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. 
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; 
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. 
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, j. 29/3/2016 (Info 819).
	(Escrivão de Polícia/PCMA-2018-CESPE): Em determinada comarca de um estado da Federação, em razão de uma denúncia anônima e após a realização de diligências, a polícia civil prendeu Maria, de dezoito anos de idade, que supostamente traficava maconha em uma praça nas proximidades da escola pública onde ela estudava. Levada à delegacia de polícia local, Maria foi autuada e indiciada. Depois de reunidos elementos informativos suficientes, o delegado elaborou um relatório com a descrição dos fatos, apontando os indícios de autoria. Com o encerramento das investigações, o inquérito policial foi encaminhado à autoridade competente. Com relação à situação hipotética descrita no texto, assinale a opção correta: O inquérito policial poderia ter sido instaurado em razão de notícia anônima, desde que tivessem ocorrido investigações preliminares para averiguação dos fatos noticiados. BL: Info 819, STF.
(TRF2-2017): Delegado da Polícia Federal recebe carta apócrifa, na qual é reportado esquema de fraude, consistente em produzir atestados falsos para obtenção, junto ao INSS, de benefícios de auxílio-doença. Após diligências preliminares destinadas a verificar a verossimilhança das informações da carta, o Delegado instaura inquérito policial para completa apuração dos fatos. Consideradas tal narrativa e a jurisprudência do STF, assinale a opção correta: É legal a instauração de inquérito policial em virtude de denúncia anônima, desde que realizadas diligências preliminares para verificar a verossimilhança das informações. BL: Info 819, STF.
(TJMS-2012): A notitia criminis inqualificada, de per si, é considerada pelos tribunais superiores como fundamento insuficiente capaz de ensejar a instauração de inquérito policial.
	OBS:
O que é a chamada "denúncia anônima"? Ocorre quando alguém, sem se identificar, relata para as autoridades (ex: Delegado de Polícia, MP etc.) que determinada pessoa praticou um crime. É o caso, por exemplo, dos serviços conhecidos como "disk-denúncia" ou, então, dos aplicativos de celular por meio dos quais se "denuncia" a ocorrência de delitos. O termo "denúncia anônima" não é tecnicamente correto porque em processo penal denúncia é o nome dado para a peça inaugural da ação penal proposta pelo MP. Assim, a doutrina prefere falar em "delação apócrifa", "notícia anônima" ou "notitia criminis inqualificada".
É possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima”? NÃO. A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima.
É possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia anônima”? NÃO. A Lei 9296/96 (Lei de Interceptação Telefônica) estabelece:
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
Dessemodo, a doutrina defende que a interceptação telefônica deverá ser considerada a ultima ratio, ou seja, trata-se de prova subsidiária.
Tendo como fundamento esse dispositivo legal, a jurisprudência pacífica do STF e do STJ entende que é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”. 
Logo, se a autoridade policial ou o MP recebe uma “denúncia anônima” (“delação apócrifa”) contra determinada pessoa, não é possível que seja requerida, de imediato, a interceptação telefônica do suspeito. Isso seria uma grave interferência na esfera privada da pessoa, sem que houvesse justificativa idônea para isso.
É possível a propositura de ação penal com base unicamente em “denúncia anônima”? NÃO. A propositura de ação penal exige indícios de autoria e prova de materialidade. Logo, não é possível oferecimento de denúncia com base apenas em "denúncia anônima".
É possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP etc.) com base em “denúncia anônima”? SIM, mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma investigação prévia para confirmar se a "denúncia anônima" possui um mínimo de plausibilidade. 
Veja o que diz Renato Brasileiro: "Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito policial, verificar a procedência e veracidade das informações por ela veiculadas. Recomenda-se, pois, que a autoridade policial, de proceder à instauração formal do inquérito policial, realize uma investigação preliminar a fim de constatar a plausibilidade da denúncia anônima. Afigura-se impossível a instauração de procedimento criminal baseado única e exclusivamente em denúncia anônima, haja vista a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal." (LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 129).
Investigação criminal envolvendo autoridades com foro privativo no STF – (Info 812)
		As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser iniciadas após autorização formal do STF. 
De igual modo, as diligências investigatórias envolvendo autoridades com foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e autorizadas pelo STF. 
Diante disso, indaga-se: depois de o PGR requerer alguma diligência investigatória, antes de o Ministro-Relator decidir, é necessário que a defesa do investigado seja ouvida e se manifeste sobre o pedido? 
NÃO. As diligências requeridas pelo Ministério Público Federal e deferidas pelo Ministro-Relator são meramente informativas, não suscetíveis ao princípio do contraditório. 
Desse modo, não cabe à defesa controlar, “ex ante”, a investigação, o que acabaria por restringir os poderes instrutórios do Relator. 
Assim, o Ministro poderá deferir, mesmo sem ouvir a defesa, as diligências requeridas pelo MP que entender pertinentes e relevantes para o esclarecimento dos fatos. 
STF. 2ª Turma. Inq 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015 (Info 812).
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
Legitimidade do MP para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal – (Info 787) – (TRF4-2016) (TJAL-2015) (MPPR-2012)
		O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado. 
A controvérsia sobre a legitimidade constitucional do poder de investigação do Ministério Público foi pacificada pelo STF com o julgamento do RE 593.727/MG (Info 785). 
STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, j. 26/5/15 (Info 787).
	(TJAL-2015-FCC): A investigação de uma infração penal poderá ser conduzida pelo Ministério Público, conforme recente decisão do STF. BL: Infos 785 e 787 do STF.
(MPPR-2012): Quando a Constituição da República, ao tratar das funções da Polícia Federal, utiliza a expressão “exercer com exclusividade as funções de polícia judiciária da União” deve ser interpretada no sentido de excluir das demais polícias (Civil, Militar, etc.) a destinação de exercer as funções de Polícia Judiciária da União e não no sentido de afastar o Ministério Público da atividade investigativa em procedimento próprio. (TJPB-2011)
STF fixa requisitos para atuação do Ministério Público em investigações penais – (Info 785) – (TJAL-2015) (TRF4-2016)
		O STF reconheceu a legitimidade do MP para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa investigação deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados: 
1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados;
2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por membros do MP; 
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, quebra de sigilo bancário etc); 
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei aos advogados; 
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável; 
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. 
A tese fixada em repercussão geral foi a seguinte: 
“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.” 
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 14/5/15 (repercussão geral) (Info 785).
	(Técnico do MPRJ-2016-FGV): Chega notícia através da Ouvidoria do Ministério Público da prática de determinado crime e que possivelmente haveria omissão da Delegacia de Polícia na apuração. Em razão disso, o Promotor de Justiça instaura procedimento de investigação criminal no âmbito da própria Promotoria. Sobre o poder investigatório do Ministério Público, de acordo com a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, a conduta do promotor foi legal, pois tem o Ministério Público poder de investigação direta, respeitados os direitos constitucionais do investigado, assim como eventual foro por prerrogativa de função. BL: STF, Infos 785 e 787.
(TRF4-2016): O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e as garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados, sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado Democráticode Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados, praticados pelos membros daquela instituição. BL: Infos 785 e 787 do STF.
(TJAL-2015-FCC): A investigação de uma infração penal poderá ser conduzida pelo Ministério Público, conforme recente decisão do STF. BL: Infos 785 e 787 do STF.
INDICIAMENTO 
Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função – (Info 825)
		Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada.
Há duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas:
a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); 
b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). 
Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade. 
Ex: em um inquérito criminal que tramita no STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ autorização para realizar o indiciamento do referido Governador. Não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. 
STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825).
	OBS:
Investigação envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função: As investigações envolvendo autoridades com foro privativo só podem ser iniciadas após autorização formal do Tribunal competente para julgá-las. Assim, se durante uma investigação, a autoridade policial ou o Promotor de Justiça/Procurador da República descobrem indícios do envolvimento de um Governador do Estado, antes que se iniciem as investigações envolvendo a referida autoridade, o STJ deverá ser provocado e dizer se autoriza ou não o inquérito. Caso seja autorizado, este inquérito criminal (não é chamado inquérito "policial") deverá tramitar no STJ, sob a supervisão de um Ministro-Relator que irá autorizar as diligências que se fizerem necessárias. 
Diz-se que o STJ realiza a "supervisão judicial" das investigações envolvendo autoridades que serão, posteriormente, julgadas pela Corte. Este controle exercido pelo STJ ocorre durante toda a tramitação das investigações (isto é, desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento, ou não, de denúncia pelo MP). Significa que a autoridade policial ou o MP não podem investigar eventuais crimes cometidos por autoridades com foro privativo no STJ, salvo se houver uma prévia autorização da Corte.
O que é o indiciamento? De quem é a atribuição para fazer o indiciamento? “É o ato resultante das investigações policiais por meio do qual alguém é apontado como provável autor de um fato delituoso.” (LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. Niterói: Impetus, 2013, p. 111).
O indiciamento é um ato privativo da autoridade policial (Delegado de Polícia). Essa característica foi reforçada recentemente pela Lei 12.830/2013, que previu no § 6º do art. 2º a seguinte regra:
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
Sendo o ato de indiciamento privativo do Delegado de Polícia, é equivocado e inadmissível que o juiz, o membro do Ministério Público ou a CPI requisitem o indiciamento de qualquer suspeito: STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 (Info 717).
A autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada? Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas exceções previstas em lei:
Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79);
Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
A lei determina que, havendo indícios da prática de crime por Magistrados ou membros do MP, a autoridade policial não poderá realizar a investigação (não podendo, por consequência, indiciar), devendo encaminhar os autos imediatamente ao Tribunal competente (no caso de Magistrados), ao PGR (no caso de MPU) ou ao PGJ (se for MPE).
O simples fato de alguém ser indiciado constitui constrangimento ilegal? NÃO. A realização do ato de indiciamento, quando este for promovido com observância dos pressupostos essenciais à sua legitimação, notadamente com respeito às formalidades previstas em nosso ordenamento positivo, não constitui, por si só, situação configuradora de constrangimento ilegal impugnável mediante “habeas corpus” nem reveladora de comportamento policial abusivo (Min. Celso de Mello). Por outro lado, se o fato em apuração não constituir crime ou não houver indícios contra o investigado, aí sim, neste caso, o indiciamento gera constrangimento ilegal.
SIGILO BANCÁRIO 
Validade da utilização do RMF no processo penal – (Info 822) – IMPORTANTE!!!
		Não é nula a condenação criminal lastreada em prova produzida no âmbito da Receita Federal do Brasil por meio da obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia autorização judicial de quebra do sigilo bancário. Isso porque o STF decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes. 
STF. 2ª Turma. RHC 121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
	OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: Samuel era sócio administrador de uma empresa. A Receita Federal instaurou procedimento fiscal contra a sociedade empresária sob a suspeita de que estaria havendo sonegação de tributos. No curso do procedimento, a Receita, sem autorização judicial, requisitou diretamente do banco os extratos bancários da empresa. A título de curiosidade, essa determinação é chamada de requisição de informações sobre movimentação financeira (RMF). A Receita fundamentou sua requisição no art. 6º da LC 105/2001:
Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
De posse dos extratos, o Fisco constatou que realmente houve sonegação de tributos e, por conta disso, autuou a pessoa jurídica e fez a constituição definitiva do crédito tributário.
Ação penal: A Receita Federal encaminhou cópia integral do processo administrativo-fiscal, inclusive dos extratos bancários, e o MPF, com base nesses elementos informativos (“provas”), denunciou Samuel como incurso no art. 1º, I, da Lei 8.137/90.
Alegação de prova ilícita: Ao se defender, Samuel sustentou a ilicitude da "prova" colhida (extratos bancários), alegando que teria havido uma quebra de sigilo bancário sem autorização judicial. Desse modo, essa "prova" não poderia ser utilizada no processo penal.
A tese do réu é aceita pela jurisprudência do STF? NÃO.
DENÚNCIA 
Princípio do in dubio pro societate – (Info 898)
		No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. 
STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, j. 17/4/18 (Info 898).
	OBS:
Em que consiste o princípio do in dubio pro societate? O princípio do in dubio pro societates significaque, na dúvida, havendo indícios mínimos da autoria, deve-se dar prosseguimento à ação penal, ainda que não se tenha certeza de que o réu foi o autor do suposto delito. Em uma tradução literal, seria algo como “na dúvida, em favor da sociedade”. O princípio do in dubio pro societate contrapõe-se ao princípio do in dubio pro reo (“na dúvida, em favor do réu”).
 
O princípio do in dubio pro societate continua vigorando no ordenamento jurídico brasileiro? A doutrina mais moderna critica a existência desse princípio afirmando que ele é contrário às garantias conferidas ao réu. Apesar disso, a jurisprudência continua aplicando esse princípio em duas fases:
 
1) No momento do recebimento da denúncia:
A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos de autoria. A certeza, a toda evidência, somente será comprovada ou afastada após a instrução probatória, prevalecendo, na fase de oferecimento da denúncia o princípio do in dubio pro societate.
STJ. 5ª Turma. RHC 93.363/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 24/05/2018.
No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. 
STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018 (Info 898).
 
2) Na decisão de pronúncia no procedimento do Tribunal do Júri:
A pronúncia do réu para o julgamento pelo Tribunal do Júri não exige a existência de prova cabal da autoria do delito, sendo suficiente, nessa fase processual, a mera existência de indícios da autoria, devendo estar comprovada, apenas, a materialidade do crime, uma vez que vigora o princípio in dubio pro societate.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1193119/BA, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 05/06/2018.
 
Na sentença de pronúncia deve prevalecer o princípio in dubio pro societate, não existindo nesse ato qualquer ofensa ao princípio da presunção de inocência, porquanto tem por objetivo a garantia da competência constitucional do Tribunal do Júri.
STF. 2ª Turma. ARE 986566 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 21/08/2017.
 
E na análise da autoria e materialidade durante prolação da sentença (sem ser Tribunal do Júri), adota-se aqui também o princípio do in dubio pro societate? NÃO. Nesta fase, adota-se o princípio do in dubio pro reo. A insuficiência de provas conduz à absolvição, nos termos do art. 386, VII, do CPP.
Promotor de Justiça que passa a atuar no processo decorrente de desmembramento oriundo do TJ está livre para alterar a denúncia anteriormente oferecida pelo PGJ – (Info 893) – ATENÇÃO! MINISTÉRIO PÚBLICO!
		A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal desmembrou o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ, declinando da competência para que o TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) ratificou a denúncia.
Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o juízo de 1ª instância julgasse os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro privativo, foi remetido para a 1ª instância.
O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância decidiu não ratificar a peça acusatória, oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, novos réus.
A defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF entendeu que o membro do MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste caso.
É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como ocorreu no caso concreto.
O membro do MP possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras, o Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no processo. 
Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme ficou reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de Justiça que atua na 1ª instância.
Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da peça acusatória oferecida contra o réu Paulo.
STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 6/3/18 (Info 893).
	OBS:
Imagine a seguinte situação adaptada: Paulo foi investigado na denominada “Operação Caixa de Pandora”. Ao final das investigações, a Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia contra Paulo e outros 36 acusados. Um dos acusados (Domingos) era Conselheiro do Tribunal de Contas do DF. Em virtude disso, a denúncia contra todos os réus foi oferecida perante o STJ (art. 105, I, “a”, da CF/88). O STJ desmembrou os feitos e manteve consigo apenas a denúncia contra Domingos, determinando que o processo de todos os demais (inclusive Paulo) fosse para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Por que para o TJDFT? Porque três dos acusados (Aylton, Benedito e Roney) eram Deputados Distritais e eles são julgados pelo TJDFT (segundo previsão da Lei Orgânica do DF). Chegando no TJDFT, o Desembargador relator deu vista ao MP e o Procurador-Geral de Justiça do MPDFT ratificou a denúncia do MPF. O TJDFT, no entanto, também optou por desmembrar o feito e manteve consigo apenas a denúncia contra os três Deputados Distritais (Aylton, Benedito e Roney), determinando que o processo de todos os demais (inclusive Paulo) fosse para a Justiça Estadual de 1ª instância. Chegando na 1ª instância, foi sorteado um juízo (“vara”) na distribuição. O juiz da vara sorteada deu vista ao MP. O Promotor de Justiça, em vez ratificar a denúncia oferecida pela PGR lá no STJ, optou por apresentar 17 denúncias em substituição à denúncia original do MPF, além de incluir 3 novos corréus na acusação.
 
Alegação de nulidade do desmembramento: A defesa de Paulo suscitou a nulidade do desmembramento da denúncia original. Afirmou que o Promotor de Justiça não poderia ter feito a cisão de uma denúncia única, inicialmente, oferecida pelo Ministério Público Federal e, posteriormente, ratificada pela Procuradoria-Geral de Justiça. O chefe do Ministério Público do DF (Procurador-Geral de Justiça), ao ratificar a denúncia perante o TJDFT, reconheceu que se tratava de denúncia válida. Assim, sustentou que a denúncia só tem uma oportunidade para ser oferecida. Não pode ser retificada, alterada ou reelaborada em desconformidade com a lei e em clara violação ao contraditório e ao devido processo legal, como se fosse uma peça processual disponível, de interesse exclusivo do órgão acusatório.
 
O STF concordou com a defesa? Houve nulidade neste caso? NÃO. O STF afirmou que é possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente quando a inicial ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como ocorreu no caso concreto. O princípio da independência funcional está diretamente atrelado à atividade finalística desenvolvida pelos membros do Ministério Público, gravitando em torno das garantias:
a) de uma atuação livre no plano técnico-jurídico, isto é, sem qualquer subordinação a eventuais recomendações exaradas pelos órgãos superiores da instituição; e
b) de não poderem serresponsabilizados pelos atos praticados no estrito exercício de suas funções.
Consoante o postulado do promotor natural, a definição do membro do MP competente para oficiar em determinado caso deve observar as regras previamente estabelecidas pela instituição para distribuição de atribuições no foro de atuação, proibindo-se a interferência hierárquica indevida da chefia do órgão por meio de eventuais designações especiais.
Nessa medida, a proteção efetiva e substancial ao princípio do promotor natural impede que o superior hierárquico designe o promotor competente, bem como imponha a orientação técnica a ser observada.
Assim, o membro do Ministério Público ostenta plena liberdade funcional não apenas na avaliação inicial que faz, ao final da fase de investigação, no intuito de aferir a existência de justa causa para o oferecimento da peça acusatória; como, também, no exame que realiza, ao final da instrução processual, quanto à comprovação dos indícios de autoria originariamente cogitados.
O membro do MP possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio delicti). Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instância superior. Em outras palavras, o Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente funcionando no processo.
Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, anteriormente, oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme ficou reconhecido pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª instância, de forma que o promotor natural do caso era o Promotor de Justiça que atua na 1ª instância.
Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância — não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da peça acusatória oferecida contra o réu Paulo.
Inépcia caso a denúncia se baseie apenas no fato de que o réu era Diretor-Presidente da empresa – (Info 850) – (MPMG-2013)
		O MP ofereceu denúncia contra alguns sócios da empresa, dentre eles o Diretor-Presidente, afirmando, quanto a este, que praticou o crime de evasão de divisas porque detinha o domínio do fato e que não seria crível que a empresa movimentasse altos valores para o exterior sem que ele soubesse. 
O STF entendeu que esta denúncia é inepta. 
Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar suporte à imputação penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela aponte indícios convergentes no sentido de que o Presidente da empresa não só teve conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu finalisticamente a atuação dos demais acusados.
Assim, não basta que o acusado se encontre em posição hierarquicamente superior. Isso porque o próprio estatuto da empresa prevê que haja divisão de responsabilidades e, em grandes corporações, empresas ou bancos há controles e auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber tudo o que se passa. 
STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 (Info 850).
	(MPMG-2013): É insuficiente, nos crimes societários, a denúncia atribuir responsabilidade penal à pessoa física, considerando apenas o cargo ou função desempenhados na empresa.
	OBS:
Atenção: não se exige descrição pormenorizada: Importante esclarecer que, nos crimes societários não se exige a descrição minuciosa e detalhada das condutas de cada autor, bastando a descrição do fato típico, das circunstâncias comuns, os motivos do crime e indícios suficientes da autoria, ainda que sucintamente, a fim de garantir o direito à ampla defesa e contraditório (STF. 1ª Turma. HC 136822 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 09/12/16).
É fundamental, no entanto, que haja o mínimo de individualização da conduta para permitir o recebimento da denúncia (STF. 2ª Turma. HC 127415, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 13/09/16).
Se a denúncia se limita a descrever a posição hierárquica do denunciado na empresa, ela deverá ser considerada inepta (STF. 1ª Turma. Pet 5629, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/05/2016).
O ordenamento processual penal veda a responsabilidade penal objetiva, aquela que decorre exclusivamente da relação de propriedade entre a pessoa física e jurídica mediante a qual se praticou o crime (STF. 1ª Turma. HC 122450, Rel. Min. Luiz Fux, Dje 19/11/14).
Assim, imputar a alguém uma conduta penal tão somente pelo fato de ocupar determinado cargo significa, na prática, adotar a responsabilização objetiva na esfera penal (STF. 2ª Turma. AP 898, Rel. Min. Teori Zavascki, DJe 12/4/16).
Resumindo. Denúncia em crimes societários:
Não se exige descrição minuciosa e detalhada da conduta.
Exige-se que haja o mínimo de individualização da conduta. É necessário que o MP estabeleça o vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada.
Não é possível imputar a alguém uma conduta penal tão somente pelo fato de ocupar determinado cargo. Isso seria adotar a responsabilização objetiva na esfera penal.
AÇÃO PENAL
Empate no julgamento de ação penal – (Info 888)
		Verificado empate no julgamento de ação penal, deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu. 
Esse mesmo entendimento deve ser aplicado em caso de empate no julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação penal. Terminando o julgamento dos embargos empatado, aplica-se a decisão mais favorável ao réu. 
STF. Plenário. AP 565 ED-ED/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, j. 14/12/17 (Info 888).
	OBS:
Se, durante o julgamento de uma ação penal no STF, o julgamento ficar empatado, o que acontecerá? Deverá prevalecer a decisão mais favorável ao acusado.
Seria possível o Presidente do Plenário (ou Presidente da Turma) proferir voto de desempate? NÃO. Conforme explica o Min. Celso de Mello:
“Tratando-se de matéria penal, o empate somente pode beneficiar aquele que sofre a persecução estatal, de tal modo que, em não havendo maioria em sentido contrário, o empate importará, necessariamente, em respeito à presunção constitucional de inocência (CF, art. 5º, LVII) (...) em rejeição da denúncia, ou, então, em absolvição, ou, na hipótese de “habeas corpus”, em concessão do próprio “writ” constitucional.
(...)
A norma regimental que confere ao Presidente do Plenário ou ao Presidente de cada uma das Turmas o voto de qualidade não pode nem deve incidir na hipótese de empate que eventualmente se registre em julgamentos penais, como sucede na espécie.
E a razão é simples: mera norma de índole regimental jamais poderá prevalecer, em situação de antinomia, sobre o texto normativo da Constituição...” (voto no Inq 3670/RR).
Esse entendimento acima vale também para o julgamento de embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou a ação penal? SIM. 
Imagine a seguinte situação hipotética: João, Deputado Federal, foi condenado pelo voto da maioria dos Ministros do STF em julgamento originário de ação penal. Contra este acórdão, João opôs embargos de declaração alegando que houve erro material na dosimetria da pena e que, por conta disso, sua reprimenda deveria ser diminuída. Houve empate no julgamento desses embargos de declaração. Neste caso, deve-se aplicar a solução mais favorável ao réu, aceitando-se a tese de que houve erro material e de que a sua pena deve ser reduzida.
AÇÃO PENAL PRIVADA 
QUEIXA-CRIME: O proprietário da rádio não pode ser processado criminalmente por ofensas proferidas por radialista pelo simples fato de ser o titular da empresa e inimigo político do ofendido – (Info 857)
		Em um programa de maior audiência da rádio, o apresentadorproferiu uma série de acusações contra determinado político, afirmando que ele desviou dinheiro público na construção da escola, que se trata de um corrupto, de um ladrão etc. 
O ofendido ajuizou queixa-crime contra o radialista e contra o proprietário da rádio afirmando que todos sabem que o dono deste meio de comunicação é seu inimigo político, de forma que é intuitivo crer que foi o sócio-proprietário da rádio quem orientou e ordenou que o apresentador proferisse as agressões verbais contra o querelante. 
Em uma situação semelhante a esta, o STF rejeitou a queixa-crime afirmando que o querelante não individualizou, minimamente, a conduta do querelado detentor de prerrogativa de foro e lhe imputou fatos criminosos em razão da mera condição de sócio-proprietário do veículo de comunicação social, o que não é admitido. 
A mera posição hierárquica do querelado como titular da empresa de comunicação não é suficiente para o recebimento da queixa-crime. Seria necessário que o querelante tivesse descrito e apontado elementos indiciários que evidenciassem a vontade e consciência do querelado de praticar os crimes imputados. Não tendo isso sido feito, a queixa-crime deve ser rejeitada por manifesta ausência de justa causa. 
STF. 1ª Turma. Pet 5660/PA, Rel. Min. Luiz Fux, j. 14/3/2017 (Info 857).
Princípio da indivisibilidade da ação penal privada – (Info 813)
		Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da prática delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar renúncia tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a todos quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da infração penal. 
STF. 1ª Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 2/2/2016 (Info 813).
	OBS:
O princípio da indivisibilidade significa que a ação penal deve ser proposta contra todos os autores e partícipes do delito. Encontra-se previsto no art. 48 do CPP.
Ex: se o crime foi cometido por “A” e por “B”, a ação penal deverá ser ajuizada contra os dois, não podendo, em regra, ser proposta apenas contra um deles, salvo se houver algum motivo jurídico que autorize (um deles já morreu, é doente mental, é menor de 18 anos, não há provas contra ele etc.).
Qual é a consequência do desrespeito ao princípio da indivisibilidade na ação penal privada? 
Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, deliberadamente, de oferecer queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá rejeitar a queixa e declarar a extinção da punibilidade para todos (arts. 104 e 109, V, do CP). Todos ficarão livres do processo. 
Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora.
Assim, conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante.
Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito supostamente praticado contra índios – (Info 768) - Atenção! Concursos federais!
		Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios que teria invadido uma fazenda na região 
O Ministério Público não ofereceu denúncia nem instaurou qualquer procedimento. 
Em virtude disso, o Conselho dos Povos Indígenas (organização não-governamental indígena) ajuizou uma queixa-crime subsidiária (art. 5º, LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática dos crimes de racismo (art. 20 da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra os povos indígenas (arts. 286 e 287 do CP). 
Essa queixa-crime deverá ser rejeitada porque os conselhos indigenistas não possuem legitimidade ativa em matéria penal. 
Na ação penal privada (mesmo sendo a subsidiária da pública), a queixa-crime somente pode ser promovida pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo (art. 100, § 2º do CP e art. 30 do CPP). A suposta vítima dos crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios índios que participaram da invasão. 
STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 18/11/14 (Info 768).
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL 
Se o acusado se recusa a participar do incidente, não pode ser obrigado a fazer o exame – (Info 838) – IMPORTANTE!!!
		O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é possível determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização. 
STF. 2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 6/9/2016 (Info 838).
	OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João respondia a ação penal por roubo. O Ministério Público suspeitou da integridade mental do acusado. Diante disso, requereu a instauração de incidente de insanidade mental, nos termos do art. 149 do CPP:
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
O pedido foi deferido pelo magistrado. Ocorre que o réu impetrou habeas corpus afirmando que não deseja ser submetido ao exame.
O acusado pode ser submetido ao incidente de insanidade mental mesmo contra a sua vontade? NÃO. No direito brasileiro, adotou-se o critério biopsicológico para a análise da inimputabilidade do acusado, nos termos do art. 26 do CP:
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Regra semelhante é encontrada no Código Penal Militar:
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acôrdo com êsse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Assim, havendo dúvida sobre a imputabilidade, é indispensável a realização de exame médico-pericial no réu. Ocorre que, se o acusado se recusa a participar do incidente, não pode ser obrigado a fazer o exame. O privilégio contra a autoincriminação, garantia constitucional, permite ao réu o exercício do direito de silêncio, não estando, por essa razão, obrigado a se submeter a prova pericial que entende, por qualquer motivo, lhe ser desfavorável. A jurisprudência do STF não admite a produção de prova que exija a condução coercitiva do réu para dela participar.
INDULTO NATALINO 
Condenado que pratica falta grave nos 12 meses antes da publicação do decreto de indulto natalino não terá direito ao benefício mesmo que a homologação ocorra após o decreto – (Info 842)
		O art. 5º do Decreto 8.380/2014 prevê que a pessoa não pode ser beneficiada com o indulto natalino se tiver recebido sanção disciplinar grave no período de 24/12/2013 até 24/12/2014: 
“Art. 5º A declaração do indulto e da comutação de penas previstos neste Decreto fica condicionada à inexistência de aplicação de sanção, reconhecida pelo juízo competente, em audiência de justificação, garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, por falta disciplinar de natureza grave, prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativamente à data de publicação deste Decreto.” 
Se o condenado praticou falta grave no período de 12 meses antes da publicação do decreto de indulto natalino, ele não poderá receber o benefício mesmo que a homologação judicial desta sanção disciplinar tenha ocorrido em data posterior à publicação do decreto.Dessa forma, a falta disciplinar é que tem que ter ocorrido antes da publicação do Decreto, não importando que a homologação judicial seja posterior. 
STF. 2ª Turma. HC 132236/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/8/16 (Info 837). 
STF. 2ª Turma. RHC 133443/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 04/10/16 (Info 842).
Interpretação do art. 4º do Decreto 7.873/2012 – (Info 837)
		O art. 4º do Decreto 7.873/12 prevê que a pessoa não pode ser beneficiada com o indulto natalino se tiver recebido sanção disciplinar grave no período de 26/12/2011 até 26/12/2012: 
“Art. 4º A declaração do indulto e da comutação de penas previstos neste Decreto fica condicionada à inexistência de aplicação de sanção, homologada pelo juízo competente, em audiência de justificação, garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa, por falta disciplinar de natureza grave, prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos doze meses de cumprimento da pena, contados retroativamente à data de publicação deste Decreto.” 
Se o condenado praticou falta grave no período de 12 meses antes da publicação do decreto de indulto natalino, ele não poderá receber o benefício mesmo que a homologação judicial desta sanção disciplinar tenha ocorrido em data posterior à publicação do decreto. 
Dessa forma, a falta disciplinar é que tem que ter ocorrido antes da publicação do Decreto, não importando que a homologação judicial seja posterior. 
STF. 2ª Turma. HC 132236/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/8/2016 (Info 837).
	OBS:
Indulto: É um benefício concedido pelo Presidente da República por meio do qual as pessoas condenadas por determinados crimes ficarão livres dos efeitos executórios da condenação, desde que se enquadrem nas condições previstas no decreto presidencial.
Indulto natalino: É bastante comum o Presidente da República editar um decreto, no final de todos os anos, concedendo indulto. Esse decreto é conhecido como “indulto natalino”. No decreto de indulto já constam todas as condições para a concessão do benefício. Caso o apenado atenda a esses requisitos, o juiz das execuções deve reconhecer o direito, extinguindo a pena.
Período de prova no sursis não pode ser equiparado a cumprimento de pena (Info 808)
		Em 2013, a Presidente da República editou o Decreto 8.172/2013 concedendo o indulto natalino para os condenados que cumprissem os requisitos ali estabelecidos. 
No art. 1º, XIII e XIV, o Decreto concedeu indulto para os réus condenados a pena privativa de liberdade, desde que tivessem cumprido, até 25/12/2013, 1/4 (um quarto) da pena. 
Se o condenado foi beneficiado com sursis e já cumpriu mais de 1/4 do período de prova ele poderá ser beneficiado com o indulto? É possível afirmar que cumprimento do período de prova no sursis é a mesma coisa que cumprimento de pena? 
NÃO. Não é possível o cômputo do período de prova cumprido em suspensão condicional da pena para preenchimento do requisito temporal objetivo do indulto natalino. O sursis não tem natureza de pena. Ao contrário, trata-se de uma alternativa à pena, ou seja, um benefício que o condenado recebe para não ter que cumprir pena. Por essa razão, não se pode dizer que a pessoa beneficiada com sursis e que esteja cumprindo período de prova se encontre cumprindo pena. Cumprimento de período de prova não é cumprimento de pena. 
STF. 1ª Turma. RHC 128515/BA, Rel. Min. Luiz Fux, j. 30/6/15 (Info 792). 
STF. 2ª Turma. HC 123698/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 17/11/15 (Info 808). 
Período de prova no sursis não pode ser equiparado a cumprimento de pena – (Info 794)
		Em 2013, a Presidente da República editou o Decreto 8.172/2013 concedendo o indulto natalino para os condenados que cumprissem os requisitos ali estabelecidos. 
No art. 1º, XIII e XIV, o Decreto concedeu indulto para os réus condenados a pena privativa de liberdade, desde que tivessem cumprido, até 25/12/2013, 1/4 (um quarto) da pena. 
Se o condenado foi beneficiado com sursis e já cumpriu mais de 1/4 do período de prova ele poderá ser beneficiado com o indulto? É possível afirmar que cumprimento do período de prova no sursis é a mesma coisa que cumprimento de pena? 
NÃO. O sursis não tem natureza de pena. Ao contrário, trata-se de uma alternativa à pena, ou seja, um benefício que o condenado recebe para não ter que cumprir pena. Por essa razão, não se pode dizer que a pessoa beneficiada com sursis e que esteja cumprindo período de prova se encontre cumprindo pena. Cumprimento de período de prova não é cumprimento de pena. 
STF. 1ª Turma. RHC 128515/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/6/2015 (Info 792).
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
O acusado que responde a outro processo não tem direito ao benefício, sendo essa previsão constitucional – (Info 903)
		De acordo com o art. 89 da Lei nº 9.099/95, a suspensão condicional do processo é instituto de política criminal, benéfico ao acusado, que visa a evitar a sua sujeição a um processo penal, cujos requisitos encontram-se expressamente previstos na norma em questão.
É constitucional a norma do art. 89 da Lei nº 9.099/95, que estabelece os requisitos para a concessão do benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não responder o acusado por outros delitos.
Assim, a existência de ações penais em curso contra o denunciado impede a concessão do sursis processual por força do art. 89 da Lei nº 9.099/95.
STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 22/5/2018 (Info 903).
STF. 2ª Turma. RHC 133945 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 21/06/2016.
	OBS:
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
Conceito: Suspensão condicional do processo é:
­ um instituto despenalizador
­ oferecido pelo MP ou querelante ao acusado
­ que tenha sido denunciado por crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano
­ e que não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
­ desde que presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
 
Previsão legal: A suspensão condicional do processo está prevista no art. 89 da Lei 9.099/95. No entanto, vale ressaltar que não se aplica apenas aos processos do juizado especial (infrações de menor potencial ofensivo), mas sim em todos aqueles cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano, podendo, portanto, a pena máxima ser superior a 2 anos.
 
Requisitos: Para que seja possível a proposta de suspensão condicional do processo é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:
1) o réu deve estar sendo acusado por crime cuja pena mínima é igual ou inferior a 1 ano;
2) o réu não pode estar sendo processado ou ter sido condenado por outro crime;
3) devem estar presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena, previstos no art. 77 do Código Penal.
 
Trata-se da redação do art. 89 da Lei nº 9.099/95:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
 
Como vimos acima, se o réu estiver sendo processado por outro crime (mesmo ainda sem condenação) já não terá direito ao benefício da suspensão condicional.
 
Indaga-se: essa proibição é inconstitucional pelo princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88)? NÃO. É constitucional a norma do art. 89 da Lei nº 9.099/95, que estabelece os requisitos para a concessão do benefício da suspensão condicional do processo, entre eles o de não responder o acusado por outros delitos. STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018 (Info 903). STF. 2ª Turma. RHC 133945 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016.
 
Trata-se de benefício despenalizador que prestigia aquele indivíduo quenão responde a nenhum outro processo, não havendo, nesta vedação, por si só, uma violação ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88).
Como foi cobrado em concursos:
"A suspensão condicional do processo, não pode ser negada se o reú estiver sendo processado por outro crime". (Defensor Público-AP–FCC–2018–Falso).
"Presentes os demais requisitos para a concessão do sursis processual, o MP poderá propor, ao oferecer a denúncia, a referida suspensão, ainda que o acusado esteja sendo processado por outro crime". (Juiz Substituto-PB–CESPE–2015–Falso).
TRANSAÇÃO PENAL 
Em caso de transação penal, não se aplicam os efeitos do art. 91 do CP – (Info 787) – IMPORTANTE!!!
		As consequências jurídicas extrapenais previstas no art. 91 do Código Penal são decorrentes de sentença condenatória. Tal não ocorre, portanto, quando há transação penal, cuja sentença tem natureza meramente homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do aceitante. As consequências geradas pela transação penal são essencialmente aquelas estipuladas por modo consensual no respectivo instrumento de acordo. 
STF. Plenário. RE 795567/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28/5/15 (Info 787).
INDULTO 
O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado parcelou este valor para ter direito à progressão de regime – (Info 884)
		O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado.
O acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser rigorosamente cumprido sob pena de descumprimento de decisão judicial, violação ao princípio da isonomia e da boa-fé objetiva.
STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, j. 8/11/17 (Info 884).
	OBS:
Anistia, graça e indulto:
- são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir;
- classificam-se como causas de extinção da punibilidade (art. 107, II, CP);
- a anistia, a graça e o indulto são concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro caso) ou pelo Poder Executivo (nos dois últimos), mas somente geram a extinção da punibilidade com a decisão judicial;
- podem atingir crimes de ação penal pública ou privada.
	ANISTIA
	GRAÇA (ou indulto individual)
	Indulto (ou indulto coletivo)
	É um benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se “perdoa” a prática de um fato criminoso.
Normalmente, incide sobre crimes políticos, mas também pode abranger outras espécies de delito.
	Concedidos por Decreto do Presidente da República.
Apagam o efeito executório da condenação.
A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Procurador Geral da República;
Advogado Geral da União;
Ministros de Estado.
	É concedida por meio de uma lei federal ordinária
	É concedida por meio de um Decreto.
	Pode ser concedida:
antes do trânsito em julgado (anistia própria);
depois do trânsito em julgado (anistia imprópria).
	Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
	Classificação
a) Propriamente dita: quando concedida antes da condenação.
b) Impropriamente dita: quando concedida após a condenação.
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente todos os autores do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pessoal do autor do fato punível. Ex.: exige primariedade.
a) Incondicionada: não se exige condição para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua concessão. Ex.: reparação do dano.
a) Comum: atinge crimes comuns.
b)Especial: atinge crimes políticos.
	Classificação
a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena (comutação).
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
b) Condicionado: quando impõe condição para sua concessão.
a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige primariedade.
b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.
	Extingue os efeitos penais (principais e secundários) do crime.
Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	O réu condenado que foi anistiado, se cometer novo crime, não será reincidente.
	O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
	É um benefício coletivo que, por referir-se somente a fatos, atinge apenas os que o cometeram.
	É um benefício individual (com destinatário certo).
Depende de pedido do sentenciado.
	É um benefício coletivo (sem destinatário certo).
É concedido de ofício (não depende de provocação).
Vale ressaltar que a concessão do indulto está inserida no exercício do poder discricionário do Presidente da República (STF. ADI 2.795-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa).
Indulto natalino: É bastante comum o Presidente da República editar um Decreto, no final de todos os anos, concedendo indulto. Esse Decreto é conhecido como “indulto natalino”. No Decreto de indulto já constam todas as condições para a concessão do benefício. Caso o apenado atenda a esses requisitos, o juiz das execuções deve reconhecer o direito, extinguindo a pena pelo indulto.
Imagine agora a seguinte situação: João foi condenado a 5 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 200 dias-multa. Após algum tempo, ele progrediu para o regime aberto, com base no preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos, entre os quais o compromisso do pagamento da multa, por meio de parcelamento acordado com a Fazenda Nacional. Assim, ele estava no regime aberto e pagando, parceladamente, todos os meses, a multa. Foi aí que o Presidente da República editou um Decreto concedendo indulto natalino. João atendeu aos requisitos e, em razão disso, o magistrado declarou extinta a pena privativa de liberdade imposta a ele. O julgador, contudo, manteve a exigência do pagamento da multa. A defesa recorreu contra a decisão alegando que no Decreto de indulto havia previsão expressa de que o indulto alcançava também a pena de multa. Veja o artigo do Decreto:
Art. 7º O indulto ou a comutação da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos alcança a pena de multa aplicada cumulativamente.
Parágrafo único. A inadimplência da pena de multa cumulada com pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos não impede a declaração do indulto ou da comutação de penas.
A tese da defesa foi acolhida pelo STF? NÃO.
O réu voluntariamente aderiu ao parcelamento para que pudesse ter direito à progressão de regime, que só pode ocorrer com o pagamento integral da multa ou com o compromisso de seu pagamento parcelado. Nesse caso, não se aplica integralmente o decreto de indulto, que extingue todas as penas, inclusive a de multa, pois, para que se obtivesse a progressão, houve a substituição da pena pecuniária pelo compromisso de pagamento parcelado.
A automática concessão do indulto da multa a condenado que tenha condições econômicas de quitá-la, sem sacrifício dos recursos indispensáveis ao sustento próprio ou de sua família, constituiria, em última análise, injustificável descumprimento de decisão judicial e indesejável tratamento privilegiado em relação àqueles sentenciados que tempestivamente pagaram a sanção pecuniária.
A liberalidade contida no parágrafo único do art. 7º do Decreto Presidencial somente deve ser admitida na hipótese em que a defesa comprovar a extrema carência econômica do condenado, que sequer tenha tido condições de firmar

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