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RESUMO_D _Proc _Penal_Inquérito_Policial_NT 01

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E-book 
Processo Penal 
 
Assunto 
Inquérito Policial 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO: 
 
 
INQUÉRITO POLICIAL 2 
C​ARACTERÍSTICAS 2 
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 8 
NOVAS DILIGÊNCIAS 10 
NOVAS PROVAS 16 
RAZÕES E QUESITOS 16 
INÍCIO DO IP - NOTITIA CRIMINIS 20 
REQUISIÇÃO 23 
RECURSO ADMINISTRATIVO 23 
INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA 24 
INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 24 
INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA 27 
REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA PARA INSTAURAÇÃO DO IP 28 
PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP 28 
JURISPRUDÊNCIA 31 
QUESTÕES 42 
1 
 
INQUÉRITO POLICIAL 
  
1. Características 
• I) Escrito; 
• II) Sigiloso; 
• III) Oficial; 
• IV) Oficioso; 
• V) Autoritário; 
• VI) Indisponível; 
• VII) Inquisitivo. 
 
1.1 Procedimento Escrito 
 
Art. 9º do CPP: 
Todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste 
caso, rubricadas pela autoridade. 
 
Não existe Inquérito Policial oral, apenas escrito. 
 
1.2 Procedimento Sigiloso 
Art. 20 do CPP: 
2 
 
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
O sigilo é essencial para o sucesso das investigações. 
 
1.2.1 Extensão do Sigilo do IP 
O sigilo não se estende ao Ministério Público nem ao juiz, mas refere-se 
à comunidade. 
 
1.2.2 Defesa e Sigilo do IP 
 
Súmula vinculante nº 14: 
É direito do defensor, no interesse do representado, ​ter 
acesso amplo aos elementos de prova que, ​já documentados 
em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício 
do direito de defesa. 
 
Assim, o STF resguarda ao advogado o acesso a toda e qualquer 
diligência investigatória já materializada, ou seja, aquela que já foi transformada 
em documento e juntada ao IP. 
E o que seria uma diligência investigatória não materializada? Seria, por 
exemplo, uma interceptação telefônica em curso. 
Essa interpretação do STF foi incorporada ao Estatuto da OAB: 
 
Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) 
3 
 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por 
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de 
flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou 
em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo 
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital 
(Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) 
 
⇨ ​O acesso do advogado independe de procuração do investigado, mesmo que 
esse IP se encontre concluso à autoridade policial​. 
O advogado pode tomar por termo, cópia, ou fazer cópia digital do 
inquérito. 
 
1.2.3 PROCURAÇÃO E SIGILO 
 
Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) 
Art. 7º São direitos do advogado: 
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar 
procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso 
XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) 
 
O inciso XIV trata do direito do advogado de ter acesso ao inquérito 
policial, na delegacia de polícia ou em qualquer órgão que realize investigação, 
sem que precise apresentar procuração. 
Lembrando que todo inquérito policial é sigiloso perante a sociedade, 
mas não guarda sigilo em relação ao juiz, ao investigado e ao Ministério Público​. 
4 
 
Porém existem determinadas situações em que o decreto de sigilo se estende 
inclusive ao advogado em face das particularidades da investigação​. Exemplo: 
abuso sexual de uma criança por seu ascendente. Nesses casos, há uma 
necessidade formal para que o advogado tenha acesso aos autos do IP, qual seja, 
a procuração. 
 
❖ DELIMITAÇÃO DE ACESSO 
 
Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) 
Art. 7º São direitos do advogado: 
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade 
competente poderá delimitar o acesso do advogado aos 
elementos de prova relacionados a diligências em andamento 
e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de 
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade 
das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) 
 
Súmula Vinculante 14 precedeu a alteração legislativa que modificou o 
Estatuto da Ordem, e a alteração legislativa apenas positivou a Súmula vinculante 
14. 
Exemplo de investigação com restrição de acesso ao advogado: 
interceptação telefônica. 
O advogado poderá ter acesso a esses documentos quando aquela 
investigação tiver sido finalizada. No exemplo da interceptação, o advogado terá 
acesso à interceptação telefônica a partir da juntada das conversas transcritas ao 
inquérito policial. 
 
5 
 
1.3 PROCEDIMENTO OFICIAL 
O inquérito policial é instaurado e presidido, via de regra, pela 
autoridade policial. 
1.4 PROCEDIMENTO OFICIOSO 
A autoridade policial tem a obrigação de instaurar inquérito policial 
para apuração das circunstâncias do cometimento de crime, cujo processamento 
se dá pelo oferecimento de ação penal pública incondicionada, independente de 
provocação de terceiros. 
Mas cuidado, a instauração ​ex officio é apenas para os crimes cuja ação 
penal é pública incondicionada. Se for ação penal pública condicionada a 
representação ou ação penal privada a autoridade policial está restrita à 
manifestação da parte. 
 
Art. 5º do CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial 
será iniciado: 
I - de ofício; 
 
1.5 AUTORITARIEDADE 
➫ O inquérito policial é presidido por uma autoridade pública, delegado de 
polícia de carreira, por exigência constitucional (CF, art. 144, §4º). 
 
 
Art. 144 da CF: 
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de 
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as 
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares. 
6 
 
 
Portanto, se a competência para a ação penal for da Justiça Federal, a 
investigação será de responsabilidade da Polícia Federal. Se for da competência 
da Justiça Comum Estadual, o inquérito será de competência da Polícia Civil dos 
estados ou do Distrito Federal. 
E se um crime for de competência da justiça estadual, mas o início das 
investigações tiver sido realizado pela Polícia Federal? Não há nenhuma nulidade. 
Verificando ser o caso de competência da Justiça Estadual Comum, a autoridade 
policial irá requerer a alteração da competência ao juiz ao qual o IP está vinculado 
que declinará da competência determinando o envio dos autos para o juiz 
competente. 
 
1.6 INDISPONIBILIDADE 
Após sua instauração, o inquérito policial não pode mais ser arquivado 
pela autoridade policial. 
O arquivamento deve ser determinado pelo Juiz de direito, que apenas 
poderá fazê-lo após requisição do Ministério Público. 
 
Art. 17 do CPP: 
A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de 
inquérito. 
 
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Art. 28 do CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso 
7 
 
de considerar improcedentes as razões invocadas, fará 
remessa do inquérito ou peças de informação ao 
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará 
outro órgão do Ministério Públicopara oferecê-la, ou insistirá 
no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz 
obrigado a atender. 
 
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO 
Em caso de concurso de agentes, quando o MP deixa de oferecer 
denúncia contra todos os envolvidos, parte da doutrina entende se estar diante 
de um arquivamento implícito. 
O arquivamento implícito não foi concebido pelo ordenamento jurídico 
brasileiro em razão do princípio da indivisibilidade. 
Todavia, nada impede que o Ministério Público proceda ao aditamento 
da denúncia, no momento em que se verificar a presença de indícios suficientes 
de autoria de outro corréu. 
 
ARQUIVAMENTO INDIRETO 
Cuida-se de construção doutrinária a partir da hipótese de o promotor 
deixar de oferecer denúncia por entender que o juízo é incompetente para a ação 
penal. 
O STF já decidiu que se o magistrado discordar da manifestação 
ministerial, que entende ser o juízo incompetente, deve encaminhar os autos ao 
procurador-geral de justiça, para, na forma do art. 28 do CPP, dar solução ao caso, 
vendo-se, na hipótese, um pedido indireto de arquivamento. 
Trata-se, portanto, de um conflito de competência, porém a doutrina 
utiliza essa nomenclatura em razão da aplicação analógica do art. 28 do CPP. 
 
8 
 
CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. JUIZ E MP FEDERAL. PEDIDO DE 
ARQUIVAMENTO INDIRETO (ART-28 DO CPP). A RECUSA DE 
OFERECER DENÚNCIA POR CONSIDERAR INCOMPETENTE O JUIZ, 
QUE NO ENTANTO SE JULGA COMPETENTE, NÃO SUSCITA UM 
CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES, MAS UM PEDIDO DE 
ARQUIVAMENTO INDIRETO QUE DEVE SER TRATADO A LUZ DO 
ART-28 DO CPP. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES NÃO 
CONHECIDO.(CA 12, Relator(a): Min. RAFAEL MAYER, Tribunal 
Pleno, julgado em 01/04/1982, DJ 09-12-1983 PP-19415 EMENT 
VOL-01320-01 PP-00001 RTJ VOL-00108-02 PP-00455) 
 
NOVAS DILIGÊNCIAS 
Não havendo prova da materialidade ou indícios mínimos de autoria, o 
MP poderá promover o arquivamento do inquérito. Entretanto, após o 
arquivamento do IP pela autoridade judiciária, poderá a autoridade policial 
continuar realizando investigações se tiver notícia de fatos que eram 
desconhecidos quando do arquivamento. Encontrando novas provas, é possível a 
instauração de ação penal com base na investigação realizada pela autoridade 
policial. 
O STF traz a previsão jurisprudencial de situações em que o 
arquivamento do IP faz coisa julgada material, e não coisa julgada formal. É o caso 
em que o arquivamento se dá em razão da atipicidade do fato ou quando resta 
comprovado a ausência de autoria do investigado, por exemplo. 
Assim, naquela relação finalizada com o arquivamento do IP nada mais 
poderá ser feito, porém nada impede que a partir da realização de novas 
diligências se ofereça ação penal, não com base no inquérito arquivado, mas no 
conjunto indiciário que surgiu após o arquivamento do IP originário. 
 
9 
 
Art. 18 do CPP: Depois de ordenado o arquivamento do 
inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 
Decisão sobre o Tema: 
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para                         
a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou                       
materialidade 
Direito Processual Penal​ ​Investigação criminal​ ​Geral 
Origem: STF 
 
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido                           
feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a                       
instrução do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou                     
materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF). A pendência de investigação, por prazo                           
irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à razoável duração                       
do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da                                 
CF/88). Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito                       
praticado por Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de                         
diversas diligências investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de                       
conclusão das investigações. Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de                     
autoria e materialidade. Com o fim do foro por prerrogativa de função para este                           
Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou                             
o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que já foram tentadas diversas                           
diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a declinação de                     
competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as investigações                           
seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o inevitável.                       
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912).                           
No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso,                       
Dje 12/06/2018. 
Comentários do julgado 
A situação concreta foi a seguinte: 
Em março de 2017, a Procuradoria Geral da República requereu ao STF a abertura de                             
inquérito para apurar suposto crime que teria sido praticado, em 2010, pelo Deputado                         
Federal Rodrigo Garcia. 
10 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8f4753bcc5771660c?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8f4753bcc5771660c?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8f4753bcc5771660c?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=125&assunto=421
 
Em abril de 2017, o pedido foi autorizado e o Ministro Relator do inquérito, no STF,                               
determinou que a Polícia Federal fizesse, em 30 dias, as diligências de investigação                         
que foram requeridas pelo Ministério Público. 
Em julho de 2017, a PGR afirma que parte das diligências foram feitas, mas pede a                               
prorrogação do prazo para que novas investigações sejam realizadas. 
O Ministro Relator deferiu o pedido de prorrogação do prazo, com base no art. 230-C,                             
§ 1º, do Regimento Interno do STF, que diz o seguinte: 
Art. 230 (...) 
§ 1º O Relator poderá deferir a prorrogação do prazo sob requerimento fundamentado                         
da autoridade policial ou do Procurador-Geral da República, que deverão indicar as                       
diligências que faltam ser concluídas. 
Diante disso, o Ministro concedeu mais 60 dias para que a PF concluísse as                           
investigações que faltavam. 
Em novembro de 2017, a PGR fez novo pedido de prorrogação do prazo para as                             
investigações e o Ministro concedeu mais 60 dias. 
Em março de 2018, a PGR fez novo pedido de prorrogação do prazo para as                             
investigações e o Ministro concedeumais 60 dias. 
Em junho de 2018, a PGR pediu que os autos fossem remetidos à 1ª instância. Isso                               
porque o STF, em decisão proferida em maio de 2018, restringiu o foro por                           
prerrogativa de funções dizendo o seguinte: 
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o                         
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info                         
900). 
Desse modo, a PGR argumentou que o delito investigado teria sido praticado pelo                         
Deputado Federal antes do exercício do cargo. Logo, não seria da competência do                         
STF julgá-lo. 
Em outras palavras, a PGR disse o seguinte: agora que houve essa restrição do foro                             
privativo, não será mais o STF que irá julgar originariamente este delito. Isso significa                           
que também não há mais motivo para o inquérito ficar tramitando no STF, razão pela                             
qual ele deve ser enviado para a 1ª instância, onde um Promotor de Justiça e um Juiz                                 
de 1ª instância irão atuar. 
  
O que decidiu o Supremo neste caso? O Tribunal acolheu a declinação de                         
competência? 
11 
 
NÃO. O STF afirmou o seguinte: a PGR está certa quando diz que agora há uma                               
restrição do foro por prerrogativa de função. De fato, agora o STF somente julga,                           
originariamente, os crimes cometidos pelos Deputados Federais e Senadores se                   
tiverem sido praticados durante o exercício do cargo e se estiverem relacionados com                         
as funções desempenhadas. Foi o que restou decidido na AP 937 QO/RJ. 
Então, em princípio, o normal seria deferir o pedido da PGR e declinar a competência                             
para a 1ª instância. 
Ocorre, contudo, que aqui temos uma peculiaridade: essa investigação já foi                     
prorrogada mais de uma vez e até o presente momento não foi colhido nenhum                           
indício que aponte que o crime possa realmente ter sido cometido. 
No caso, após mais de um ano de investigação, não há nenhuma perspectiva de                           
obtenção de prova suficiente da existência do fato criminoso. A investigação apura a                         
notícia de que o Deputado, em 2010, teria recebido dinheiro em um hotel na zona sul                               
de São Paulo. Sucede que o inquérito sequer conseguiu localizar este suposto hotel                         
onde o pagamento teria sido feito. 
Assim, a declinação da competência em investigação fadada ao insucesso                   
representaria apenas protelar o inevitável, violados o direito à duração razoável do                       
processo e a dignidade da pessoa humana​. 
O que se percebe é que não há indícios de crime e as investigações, por mais que                                 
tenham sido prorrogadas, não conseguiram ter qualquer êxito. 
Assim, para o Ministro Relator, a declinação de competência para a 1ª instância a fim                             
de que lá sejam continuadas as investigações seria uma medida “fadada ao                       
insucesso” e “representaria apenas protelar o inevitável”. 
Diante disso, o STF decidiu, de ofício (ou seja, sem requerimento), arquivar o inquérito,                           
com base no art. 231, § 4º, “e”, do RISTF: 
Art. 231 (...) 
§ 4º ​O Relator tem competência para determinar o arquivamento​, quando o requerer o                           
Procurador-Geral da República ​ou​ ​quando verificar​: 
(...) 
e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem                           
descumpridos os prazos para a instrução do inquérito ou para oferecimento de                       
denúncia. 
A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita                     
contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da                         
CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88)​. 
Dessa forma, a 2ª Turma do STF negou o pedido de remessa do inquérito à 1ª                               
instância e, de ofício, determinou seu arquivamento. 
12 
 
➣​Vale ressaltar que, mesmo depois do arquivamento, a autoridade policial poderá                     
fazer novas diligências se surgirem novas provas (art. 18 do CPP). 
Resumindo: 
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem                         
sido feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a                         
instrução do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou                     
materialidade. 
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info                         
912). 
Essa decisão ofende o sistema acusatório e o art. 129, I, da CF, que confere ao                               
Ministério Público a titularidade da ação penal pública? Ao se arquivar, de ofício,                         
um inquérito policial, viola-se a atribuição conferida pela CF/88 ao Ministério                     
Público de decidir se oferece ou não a denúncia? 
NÃO. 
“Nessas hipóteses excepcionais, não obstante nosso sistema acusatório consagrar                 
constitucionalmente a titularidade privativa da ação penal ao Ministério Público (CF,                     
art. 129, I), a quem compete decidir pelo oferecimento da denúncia ou solicitação de                           
arquivamento do inquérito ou peças de informação, é dever do Poder Judiciário                       
exercer sua “atividade de supervisão judicial” (STF, Pet. 3825/MT, rel. Min. GILMAR                       
MENDES), fazendo cessar toda e qualquer ilegal coação por parte do                     
Estado-acusador, quando o Parquet insiste em manter procedimento investigatório                 
mesmo ausentes indícios de autoria e materialidade das infrações penais imputadas                     
(...) 
A manutenção da investigação criminal sem justa causa, ainda que em fase de                         
inquérito, constitui injusto e grave constrangimento aos investigados (...)” (INQ 4.429,                     
Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe 13/06/2018). 
  
A decisão que determina o arquivamento de ofício viola o art. 28 do CPP? 
NÃO. O art. 28 do CPP não é óbice ao arquivamento de inquérito, de ofício, pelo                               
magistrado. 
Nesse sentido, veja a decisão monocrática do Ministro Luís Roberto Barroso, assim                       
ementada: 
(...) 1. A mera instauração de um Inquérito pode trazer algum tipo de constrangimento às                             
pessoas com foro por prerrogativa de função. Por outro lado, os órgãos de persecução                           
criminal devem ter a possibilidade de realizar as investigações quando verificado um                       
mínimo de elementos indiciários, como é o caso das informações obtidas por meio de                           
13 
 
acordos de colaboração premiada. Ponderados esses dois interesses, somente se deve                     
afastar de antemão uma notícia-crime quando completamente desprovida de                 
plausibilidade. 
2. No entanto, isso não significa que os agentes públicos devam suportar                       
indefinidamente o ônus de figurar como objeto de investigação, de modo que a                         
persecução criminal deve observar prazo razoável para sua conclusão. 
3. No caso dos autos, encerrado o prazo para conclusão das investigações, e suas                           
sucessivas prorrogações, o Ministério Público, ciente de que deveria apresentar                   
manifestação conclusiva,limitou-se a requerer a remessa dos autos ao Juízo que                       
considera competente. Isso significa dizer que entende não haver nos autos elementos                       
suficientes ao oferecimento da denúncia, sendo o caso, portanto, de arquivamento do                       
inquérito. 
4. ​O art. 28 do Código de Processo Penal se limita a impedir que, pedido o                               
arquivamento pelo Ministério Público e confirmado este entendimento no âmbito do                     
próprio Ministério Público, possa o juiz se negar a deferi-lo. No entanto, não obriga o                             
Juiz a só proceder ao arquivamento quando este for expressamente requerido pelo                       
Ministério Público, seja porque cabe ao juiz o controle de legalidade do procedimento                         
de investigação; seja porque o Judiciário, no exercício de suas funções típicas, não se                           
submete à autoridade de quem esteja sob sua jurisdição 
5. Inquérito arquivado sem prejuízo de que possa ser reaberto no juízo próprio, no caso                             
de surgimento de novas provas. 
STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018​. 
Transitoriedade do inquérito 
Apesar de não ter sido mencionada expressamente, os julgados acima reforçam a                       
ideia de que uma das características do inquérito é a de que se trata de um                               
procedimento temporário. Conforme explica Renato Brasileiro: 
“(...) diante da inserção do direito à razoável duração do processo na Constituição                         
Federal (art. 5º, LXXVIII), já não há mais dúvidas de que um inquérito policial não pode                               
ter seu prazo de conclusão prorrogado indefinidamente. As diligências devem ser                     
realizadas pela autoridade policial enquanto houver necessidade. Evidentemente, em                 
situações mais complexas, envolvendo vários acusados, é lógico que o prazo para a                         
conclusão das investigações deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez                   
verificada a impossibilidade de colheita de elementos que autorizem o oferecimento                     
de denúncia, deve o Promotor de Justiça requerer o arquivamento dos autos.” (Manual                         
de Processo Penal. 4ª ed., Salvador: Juspodivm, 2016, p. 140-141). 
  
Essa possibilidade de arquivamento de ofício existe apenas para o STF? Um                       
magistrado de 1ª instância poderá promover, de ofício, o arquivamento do inquérito                       
14 
 
policial? 
No julgamento do Inq 4420/DF não houve uma resposta expressa a pergunta. 
O STJ, contudo, possui precedentes em sentido contrário: 
 
(...) 1. Esta Corte possui entendimento jurisprudencial no sentido de que compete ao                         
Ministério Público, na condição de dominus litis, promover a ação penal pública, avaliando                         
se as provas obtidas na fase pré-processual são suficientes para sua propositura, por ser ele                             
o detentor do jus persequendi. Portanto, não cabe ao magistrado assumir o papel                         
constitucionalmente assegurado ao órgão de acusação e, de ofício, determinar o                     
arquivamento​ do inquérito policial. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1284335/MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 01/04/2014. 
 
Fonte: ​CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ​O STF pode, de ofício, arquivar inquérito                       
quando, mesmo esgotados os prazos para a conclusão das diligências, não foram                       
reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade​. Buscador Dizer o Direito,                     
Manaus. Disponível em:     
<​https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8
f4753bcc5771660c​>. Acesso em: 27/08/2019 
 
NOVAS PROVAS 
Sem novas provas não se dá continuidade às investigações e não se 
oferece a ação penal. 
 
Súmula nº 524 do STF: 
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal 
ser iniciada, sem novas provas. 
 
INQUISITIVO 
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8f4753bcc5771660c
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8f4753bcc5771660c
 
O inquérito policial tem natureza inquisitiva; nele não se observando o 
contraditório. 
Art. 14 do CPP: 
O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão 
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a 
juízo da autoridade. 
 
RAZÕES E QUESITOS 
É possível ao advogado apresentar quesitos e o oferecer memoriais. 
 
Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) 
Art. 7º São direitos do advogado: 
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração 
de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo 
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos 
os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes 
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no 
curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 
2016) 
a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, 
de 2016) 
 
Veja Decisão sobre o tema: 
Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa                         
técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito                         
policial 
Direito Processual Penal​ ​Investigação criminal​ ​Geral 
Origem:STF 
16 
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=125&assunto=421
 
 
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada                           
de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos                         
processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento                       
informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio                   
delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias                         
do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os                     
elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a                         
fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das                       
prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito                     
subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido                         
pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado                         
em 12/03/2019 (Info 933). 
❖ Comentários do julgado: 
Lei nº 13.245/2016 
O art. 7º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) traz um rol de direitos que são                                 
conferidos aos advogados. 
A Lei nº 13.245/2016 acrescentou o inciso XXI a este artigo prevendo o seguinte: 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XXI - assistir a seus clientes investigadosdurante a apuração de infrações, sob pena de                             
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de                   
todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou                       
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: 
a) apresentar razões e quesitos; 
b) (VETADO). 
Contextualizando o cenário que inspirou a alteração legislativa 
Durante muito tempo, houve uma divergência entre os advogados e Delegados de                       
Polícia a respeito da participação da defesa técnica durante o interrogatório ou                       
depoimento de testemunhas. Isso porque ​alguns Delegados não aceitavam que o                     
advogado participasse do interrogatório do indiciado e, com mais frequência, não                     
permitiam que o causídico estivesse presente durante o depoimento das testemunhas.                     
Tais autoridades policiais argumentavam que não havia previsão legal para isso. 
Outros Delegados até permitiam que o advogado estivesse presente nas oitivas, mas                       
não era autorizado que ele formulasse perguntas e requerimentos durante o ato. A                         
participação do advogado, quando facultada, acontecia na condição de mero ouvinte                     
17 
 
e espectador. 
Diante deste cenário, a OAB se articulou para alterar a legislação, que passa a prever,                             
expressamente, o direito do advogado de estar presente no interrogatório do                     
investigado e nos depoimentos, podendo, inclusive, fazer perguntas. 
  
Entendendo o que prevê o novo inciso XXI 
O advogado, com o objetivo de assistir (auxiliar) seu cliente que esteja sendo                         
investigado, possui o direito de estar presente no interrogatório e nos depoimentos                       
que forem colhidos durante o procedimento de apuração da infração ​. 
Durante os atos praticados, além de estar presente, o advogado tem o direito de: 
• ​apresentar razões (argumentar e defender seu ponto de vista sobre algo que vá ser                             
decidido pela autoridade policial ou sobre alguma diligência que precise ser tomada);                       
e 
• ​apresentar quesitos (formular perguntas ao investigado, às testemunhas, aos                   
informantes, ao ofendido, ao perito etc.) ​. 
As razões e os quesitos poderão ser formulados durante o interrogatório e o                         
depoimento ou, então, por escrito, durante o curso do procedimento de investigação,                       
como no caso de um requerimento de diligência ou da formulação de quesitos a                           
serem respondidos pelo perito. 
  
O advogado tem o direito de ser intimado previamente da data dos depoimentos e                           
interrogatório? 
Vamos discutir o tema a partir do seguinte exemplo hipotético: 
Foi instaurado inquérito policial para apurar suposto crime que teria sido praticado por                         
João. 
O advogado de João peticionou ao Delegado requerendo que todas as vezes em que                           
ele for ouvir alguma testemunha a defesa seja intimada previamente, com                     
antecedência razoável, a fim de que possa participar do ato mediante a apresentação                         
de razões e quesitos, sob pena de nulidade, nos termos da alínea ‘a’ do inciso XXI do                                 
art. 7º da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB). 
  
O Delegado será obrigado a atender ao requerimento do advogado? A defesa tem                         
o direito, no inquérito policial, de ser intimada previamente da realização dos atos                         
de investigação? 
NÃO. Vamos entender os motivos. 
18 
 
  
Inquérito é procedimento inquisitorial 
O inquérito constitui procedimento de natureza ​inquisitorial destinado à formação da                     
opinio delicti ​ do órgão acusatório. 
➫ Logo, nessa fase, as garantias do contraditório e da ampla defesa são ​mitigadas​,                           
até mesmo porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam,                         
por si sós, a fundamentar uma condenação criminal (art. 155 do CPP). 
Obs: apesar de no inquérito policial não existirem as mesmas garantias que em um                           
processo judicial, é preciso dizer que “o investigado não é mero objeto de                         
investigação; ele titulariza direitos oponíveis ao Estado” (Min. Celso de Mello). ​Assim,                       
alguns autores e Ministros defendem que existe um contraditório no inquérito policial,                       
mas que ele é mitigado. 
  
Lei nº 13.245/2016 não garantiu intimação prévia do advogado 
A alteração promovida pela Lei nº 13.245/2016 no art. 7º da Lei 8.906/94 (Estatuto da                             
OAB) garante ao advogado do investigado o direito de assistir a seus clientes                         
investigados durante a apuração de infrações, inclusive nos depoimentos e                   
interrogatório, podendo apresentar razões e quesitos. ​No entanto, essa alteração                   
legislativa ​não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente o                       
advogado constituído para os atos de investigação. 
Desse modo, embora constitua prerrogativa do advogado apresentar razões e                   
quesitos no curso de investigação criminal (art. 7º, XXI, da Lei nº 8.906/94), daí ​não se                               
pode extrair direito subjetivo de que se intime a defesa previamente e com necessária                           
antecedência quanto ao calendário das inquirições a ser definido pela autoridade                     
policial. 
  
E como o advogado saberá as datas para poder participar dos depoimentos? 
Se é do interesse do advogado acompanhar os atos do inquérito, ele poderá ficar                           
consultando os autos do procedimento a fim de verificar as datas que foram                         
designadas para os depoimentos, conforme autoriza o inciso XIV do art. 7º do EOA 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo                     
sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou                         
em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar                       
apontamentos, em meio físico ou digital; 
Fonte: ​CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ​Não é necessária, mesmo após a Lei                       
19 
 
13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de                         
depoimentos orais na fase de inquérito policial​. Buscador Dizer o Direito, Manaus.                       
Disponível em:   
<​https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f687767ccf20fcea
1c9dc4a5adc2326​>. Acesso em: 27/08/2019 
 
 
INÍCIO DO IP - ​NOTITIA CRIMINIS 
É a ciência que se dá à autoridade policial da prática de infração penal, 
dá-se o nome de ​notitia criminis​. 
 
- NOTITIA CRIMINIS - CLASSIFICAÇÃO 
I) Direta, imediata ou espontânea; 
II) Indireta, mediante ou provocada; e 
III) Coercitiva. 
 
- NOTITIA CRIMINIS DIRETA 
O IP é iniciado de ofício próprio delegado, durante investigações, 
descobre a prática de infração pena. 
 
Art. 5º do CPP: 
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I – de ofício; 
(...). 
 
COGNIÇÃO DIRETA (SELF STARTER) 
20 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f687767ccf20fcea1c9dc4a5adc2326
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f687767ccf20fcea1c9dc4a5adc2326
 
• Por informação reservada (é o encontro fortuito de provas, aplicação do 
princípio daserendipidade. É aceito pela jurisprudência. É o caso em que a 
autoridade policial, no contexto de uma interceptação telefônica 
judicialmente autorizada, toma conhecimento da prática criminosa por um 
terceiro); 
• Por meio da voz pública; 
• Através da notoriedade do fato. 
 
- NOTITIA CRIMINIS INDIRETA 
A autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de 
comunicação formal do delito, oficial (requisição da autoridade competente) ou 
particular (requerimento do ofendido – ​delatio criminis​, ou de terceiro). 
 
Art. 5º do CPP: 
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do 
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de 
quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da 
existência de infração penal em que caiba ação pública 
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade 
policial, e esta, verificada a procedência das informações, 
mandará instaurar inquérito. 
 
Notícia apócrifa ou anônima: pode a autoridade policial instaurar o IP 
com base em uma notícia apócrifa? É necessária realização de investigações 
21 
 
preliminares que possam verificar a razoabilidade dessa notícia. Se verificada a 
sua plausibilidade, poderá ser instaurado o IP. 
 
EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
CONSTITUCIONAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CRIMES FISCAIS. QUADRILHA. 
CORRUPÇÃO. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. DENÚNCIA ANÔNIMA. ENCONTRO 
FORTUITO DE PROVAS. INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE DE TRIBUTOS 
TIDOS COMO SONEGADOS. 1. Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal 
Superior prevê a Constituição Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário. 
Diante da dicção do art. 102, II, a, da Constituição da República, a impetração de novo 
habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal próprio, em 
manifesta burla ao preceito constitucional. 2. Notícias anônimas de crime, desde que 
verificada a sua credibilidade por apurações preliminares, podem servir de base válida 
à investigação e à persecução criminal. 3. Apesar da jurisprudência desta Suprema 
Corte condicionar a persecução penal à existência do lançamento tributário definitivo 
(Súmula vinculante nº 24), o mesmo não ocorre quanto à investigação preliminar. 4. A 
validade da investigação não está condicionada ao resultado, mas à observância do 
devido processo legal. Se o emprego de método especial de investigação, como a 
interceptação telefônica, foi validamente autorizado, a descoberta fortuita, por ele 
propiciada, de outros crimes que não os inicialmente previstos não padece de vício, 
sendo as provas respectivas passíveis de ser consideradas e valoradas no processo 
penal. 5. Fato extintivo superveniente da obrigação tributária, como o pagamento ou o 
reconhecimento da invalidade do tributo, afeta a persecução penal pelos crimes contra 
a ordem tributária, mas não a imputação pelos demais delitos, como quadrilha e 
corrupção. 6. Habeas corpus extinto sem resolução de mérito, mas com concessão da 
ordem, em parte, de ofício. (HC 106152, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira 
Turma, julgado em 29/03/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-106 DIVULG 23-05-2016 
PUBLIC 24-05-2016) 
 
 
REQUISIÇÃO  
A requisição é uma modalidade de notícia-crime qualificada, tendo em 
vista a especial condição do sujeito ativo e a imperatividade. 
Pode ser feita tanto pela autoridade judiciária quanto pelo Ministério 
Público. 
22 
 
A autoridade policial não tem discricionariedade para instaurar o IP, a 
requisição é imperativa. 
 
RECURSO ADMINISTRATIVO 
Cabe recurso em face do indeferimento do pedido de instauração do 
inquérito quando o requerimento é feito por um popular? Sim. O recurso tem 
natureza administrativa e é direcionada a autoridade policial. 
 
Art. 5º do CPP 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura 
de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
 
 
INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO             
PENAL PÚBLICA 
A instauração do inquérito policial se dá de ofício ou por meio de 
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público​. 
 
INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO             
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
Nos crimes de ação penal pública condicionada, a instauração do 
inquérito policial depende da representação da vítima ou de seu representante 
legal; bem como de requisição do Ministro da Justiça. 
 
- REPRESENTAÇÃO PARA INSTAURAÇÃO DO IP 
23 
 
A representação é a simples manifestação, inequívoca, da vontade da 
vítima, ou seu representante legal, de querer ver o autor do crime punido. 
Os tribunais superiores entendem que a representação não carece de 
formalidade, ou seja, não há necessidade de um termo de representação. 
O STJ entende que o registro da ocorrência policial feito pela própria 
vítima deve ser entendido como manifestação inequívoca de ver o autor do crime 
processado e punido. 
 
RECURSO EM HABEAS CORPUS. ART. 140, § 3°, DO CP. REPRESENTAÇÃO. 
PRESCINDIBILIDADE DE FORMALIDADE. MANIFESTAÇÃO INEQUÍVOCA DA VÍTIMA, QUE 
REALIZOU A NOTÍCIA CRIME. TRANCAMENTO PREMATURO DA AÇÃO PENAL. 
EXCEPCIONALIDADE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA NOS ELEMENTOS INFORMATIVOS. 
RECURSO NÃO PROVIDO. 
1. A representação prescinde de rigores formais, não sendo imprescindível, para o seu 
exercício, a existência de uma peça com tal nome jurídico, mas a manifestação de 
vontade da vítima ou de seus representantes legais, com sinais de sua intenção em 
deflagrar a persecução penal. 
2. A condição de procedibilidade da ação penal condicionada deve ser reconhecida 
quando constatado que, no dia dos fatos, a vítima compareceu à delegacia para relatar 
a suposta injúria racial, registrou o boletim de ocorrência, levou testemunha para 
prestar declarações e assinou o termo, pois inequívoca sua intenção de promover a 
responsabilidade penal do agente. 
3. No início da persecução penal, o órgão jurisdicional deve verificar, hipoteticamente 
e à luz dos fatos narrados pela acusação, se esta é plausível e se, portanto, é viável a 
instauração do processo, sem, todavia, valer-se de incursão profunda sobre os 
elementos de informação disponíveis. Não se cuida de analisar se, efetivamente, os 
fatos narrados na denúncia ocorreram e se o denunciado foi, verdadeiramente, o autor 
do crime a ele imputado, matéria reservada ao juízo de mérito, oportuno após a 
atividade probatória das partes, sob o contraditório judicial. 
4. O trancamento prematuro da persecução penal por ausência de justa causa é 
medida excepcional, não admissível quando a denúncia está amparada por indícios 
razoáveis de que o réu tenha sido autor de um delito. 
5. Deve ser reconhecido o lastro probatório mínimo, apto para o exercício da ação 
penal, quando a denúncia narra suposta ofensa à honra subjetiva referente a raça e a 
cor e há declarações da vítima e de testemunhas acerca do fato, prestadas na fase 
policial. 
6. Recurso ordinário não provido. 
24 
 
(RHC 53.130/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
01/12/2015, DJe 11/12/2015) 
 
No entanto,quando a notícia crime é levada a autoridade pública por 
terceiro e ele verifica que se trata de ação penal pública condicionada, haverá 
necessidade de um termo de representação da vítima ou do Ministro da Justiça 
para a instauração do IP. 
 
- OBJETO DA REPRESENTAÇÃO 
• Fato noticiado; 
• Autorização para que o Estado proceda contra o suposto autor. 
Na representação não é necessário a identificação do tipo penal 
violado. 
 
AMEAÇA – REPRESENTAÇÃO – FLEXIBILIDADE. Nos crimes de 
ação penal pública condicionada, como a ameaça, descabe 
impor forma especial relativamente à representação. A 
postura da vítima, a evidenciar a vontade de ver processado o 
agente, serve à atuação do Ministério Público. (Inq 3714, 
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado 
em 15/09/2015) 
 
- PRAZO PARA REPRESENTAÇÃO 
Prazo decadencial de 6 meses. 
 
Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou 
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de ​seis 
25 
 
meses​, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do 
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o 
prazo para o oferecimento da denúncia. 
 
A decadência é a perda do ​ius puniendi do Estado em face do não 
exercício de um determinado direito de natureza processual ou da capacidade 
postulatória. 
No tocante à ação penal pública incondicionada, a ausência da 
representação no prazo de 6 meses trará a extinção da punibilidade do acusado. 
Portanto, não haverá a possibilidade, em momento posterior, de oferecimento de 
ação penal pública condicionada respectiva. 
Por ser um prazo de natureza material, a contagem do prazo é feita 
conforme previsto no art. 10 do CP, iniciando a contagem a partir do ​dies a quo 
desprezando o ​dies ad quem​. 
 
Art. 10 do CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Exemplo: crime de ameaça feita por rede social no dia 01/01/2017. A 
vítima terá de 01/01/2017 a 31/05/2017, e não até 01/06/2017. 
 
O prazo se inicia com a ciência pela vítima do autor do crime. 
 
26 
 
INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO             
PENAL PRIVADA 
Nas ações penais privadas, a autoridade policial apenas poderá 
instaurar o inquérito penal a requerimento da vítima. 
 
Art. 5º do CPP 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial 
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de 
quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA PARA           
INSTAURAÇÃO DO IP 
Em alguns casos, como no crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro, fora do Brasil; no caso de crimes contra a honra de chefe de governo 
estrangeiro; no caso de crime contra a honra do Presidente da República, dentre 
outros; a instauração do inquérito policial depende da requisição do Ministro da 
Justiça. 
É condição de procedibilidade da ação penal. 
 
PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP 
Em regra, segundo o Código de Processo Penal, o prazo é de 10 dias se 
o réu estiver preso e 30 dias se solto. 
 
Art. 10 do CP. O inquérito deverá terminar no prazo de ​10 
dias​, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver 
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a 
27 
 
partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no 
prazo de ​30 dias​, quando estiver solto, mediante fiança ou 
sem ela. 
 
- BAIXA PARA DILIGÊNCIAS 
É a devolução dos autos do inquérito para a autoridade policial para a 
continuação das investigações mesmo após o decurso do prazo previsto em lei 
para o seu encerramento. 
Somente é permitido para réu solto. 
O prazo de 10 dias para o encerramento do IP no caso de réu preso é 
improrrogável. 
Nos crimes em que a complexidade demonstrar a necessidade de 
extensão do prazo, não há óbice legal para que seja concedida a devolução dos 
autos à autoridade policial quantas vezes forem necessárias. 
 
Art. 10 do CPP. 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado 
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a 
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão 
realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
- CONCORRÊNCIA DE FATORES PARA A CONCESSÃO DE PRAZO EXTRA 
• Fato de difícil elucidação (fato com complexidade necessária para estender 
o prazo); 
• Indiciado solto. 
• A complexidade do fato não justifica a prorrogação do IP quando o 
indiciado estiver preso​. 
28 
 
 
- PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP SOBRE TRÁFICO DE DROGAS 
Prazo de 30 dias se preso e 90 dias se solto. Mediante demonstração de 
necessidade, o prazo pode ser duplicado, sendo de 60 dias se preso e 180 dias se 
solto. 
 
 
Lei 11.343/2006. 
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de ​30 
(trinta) dias​, se o indiciado estiver preso, e de ​90 (noventa) 
dias​, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem 
ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, 
mediante pedido justificado da autoridade de polícia 
judiciária. 
 
- PRAZO DA POLÍCIA FEDERAL 
Prazo para réu preso: 15 dias podendo ser prorrogado por mais 15 dias. 
Em relação ao indiciado solto, o que vale é o disposto no CPP, ou seja, o 
prazo de 30 dias. 
 
Lei nº 5.010/66 
Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de 
quinze dias​, quando o indiciado estiver preso, podendo ser 
prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente 
fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a 
que competir o conhecimento do processo. 
29 
 
 
- CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 
Prazo de 10 dias. 
 
Lei 1.521/51 
Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título 
II, Livro II, do Código de Processo Penal, o processo das 
contravenções e dos crimes contra a economia popular, não 
submetidos ao julgamento pelo júri. 
§ 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por 
portaria) deverão terminar no prazo de ​10 (dez) dias​. 
 
- INQUÉRITO POLICIAL MILITAR 
 
 
Art 20 do CPM. O inquérito deverá terminar dentro em ​vinte 
dias​, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir 
do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de 
quarenta dias​, quando o indiciado estiver solto, contados a 
partir da data em que se instaurar o inquérito. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
 
É desnecessária a remessa de cópias dos autos ao Órgão Ministerial prevista 
no art. 40 do CPP, que, atuando como custos legis, já tenha acesso aos autos 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Gera​l 
Origem: STJ 
30 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cd5099c73f75235d60ec0e90c4a092aa?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cd5099c73f75235d60ec0e90c4a092aa?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
 
 
No caso em que o Ministério Público tem vista dos autos, a remessade cópias e 
documentos ao Órgão Ministerial não se mostra necessária. O Parquet, na 
oportunidade em que recebe os autos, pode tirar cópia dos documentos que bem 
entender, sendo completamente esvaziado o sentido de remeter-se cópias e 
documentos. Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou 
tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério 
Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia. STJ. 
3ª Seção. EREsp 1.338.699-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 22/05/2019 
(Info 649). Existe julgado em sentido contrário: STJ. 2ª Turma. REsp 1.360.534-RS, 
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/3/2013 (Info 519). 
 
Fonte: Buscador do Dizer o Direito. 
 
STF, ao receber pedido da PGR para remessa de investigação contra Senador 
para a 1ª instância, determinou o retorno dos autos ao MP a fim de que 
apresente os indícios contra o investigado 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Geral 
Origem:STF 
 
Em 2016, foi instaurado inquérito no STF para apurar crimes de corrupção passiva 
(art. 317 do CP) e de lavagem de dinheiro (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98) que teriam 
sido praticados por Aécio Neves. O Delegado de Polícia Federal concluiu as 
investigações, opinando, no relatório policial, pelo arquivamento do inquérito sob a 
alegação de que não foram reunidos indícios contra o investigado. A 
Procuradoria-Geral da República afirmou que, após a manifestação do Delegado, 
surgiram novos indícios e que, portanto, as investigações deveriam continuar. 
Afirmou, contudo, que o STF deveria remeter os autos à 1ª instância para que as 
investigações continuassem lá, tendo em vista que os delitos praticados por Aécio 
Neves teriam sido praticados fora do cargo de parlamentar federal, não havendo 
competência do STF. O STF determinou o retorno dos autos à PGR para que ela 
conclua as diligências ainda pendentes de execução, no prazo de 60 dias, e que 
depois apresente manifestação conclusiva nos autos, apontando concretamente os 
novos elementos de prova a serem considerados. De posse de manifestação mais 
objetiva da PGR, com provas suficientes para eventual continuidade das 
investigações, o STF poderá avaliar se é mesmo o caso de arquivamento ou se a 
investigação deve prosseguir e em que condições. STF. 2ª Turma. Inq 4244/DF, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/11/2018 
(Info 924). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito 
31 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a47072176bca825aadacf648034e124b?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a47072176bca825aadacf648034e124b?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a47072176bca825aadacf648034e124b?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
 
 
É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade 
verificada em inquérito policial 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Geral 
Origem:STF 
 
A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o 
inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início 
da ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada 
irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as 
nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos 
quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª 
Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824) 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 
 
Denúncia Anônima 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Geral 
Origem: STF 
 
As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a 
propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego 
de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e 
apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que 
não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. 
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de 
procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade 
policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta 
é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a 
interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a 
quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. 
Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). 
❖ Comentários do julgado: 
 
O que é a chamada "denúncia anônima"? 
Denúncia anônima ocorre quando alguém, sem se identificar, relata para as 
autoridades (ex: Delegado de Polícia, MP etc.) que determinada pessoa praticou um 
32 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/312351bff07989769097660a56395065?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/312351bff07989769097660a56395065?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5fde40544cff0001484ecae2466ce96e?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
 
crime. É o caso, por exemplo, dos serviços conhecidos como "disk-denúncia" ou, 
então, dos aplicativos de celular por meio dos quais se "denuncia" a ocorrência de 
delitos. 
O termo "denúncia anônima" não é tecnicamente correto porque em processo penal 
denúncia é o nome dado para a peça inaugural da ação penal proposta pelo 
Ministério Público. Assim, a doutrina prefere falar em "delação apócrifa", "notícia 
anônima" ou "​notitia criminis​ inqualificada". 
É possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em 
“denúncia anônima”? 
NÃO. A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à 
intimidade. Logo, para ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos 
que uma simples notícia anônima. 
 
É possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em 
“denúncia anônima”? 
NÃO. A Lei n.° 9.296/96 (Lei de Interceptação Telefônica) estabelece: 
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer 
qualquer das seguintes hipóteses:II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
Desse modo, a doutrina defende que a interceptação telefônica deverá ser considerada a 
ultima ratio​, ou seja, trata-se de ​prova subsidiária​. 
Tendo como fundamento esse dispositivo legal, a jurisprudência pacífica do STF e do 
STJ entende que é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com 
base em “denúncia anônima”. Veja: 
(...) 4. A jurisprudência desta Corte tem prestigiado a utilização de notícia anônima 
como elemento desencadeador de procedimentos preliminares de averiguação, 
repelindo-a, contudo, como fundamento propulsor à imediata instauração de inquérito 
policial ou à autorização de medida de interceptação telefônica. 
5. Com efeito, uma forma de ponderar e tornar harmônicos valores constitucionais de 
tamanha envergadura, a saber, a proteção contra o anonimato e a supremacia do 
interesse e segurança pública, é admitir a denúncia anônima em tema de persecução 
penal, desde que com reservas, ou seja, tomadas medidas efetivas e prévias pelos 
órgãos de investigação no sentido de se colherem elementos e informações que 
confirmem a plausibilidade das acusações. 
6. Na versão dos autos, algumas pessoas - não se sabe quantas ou quais - 
compareceram perante investigadores de uma Delegacia de Polícia e, pedindo para 
33 
 
que seus nomes não fossem identificados, passaram a narrar o suposto envolvimento 
de alguém em crime de lavagem de dinheiro. Sem indicarem, sequer, o nome do 
delatado, os noticiantes limitaram-se a apontar o número de um celular. 
7. A partir daí, sem qualquer outra diligência, autorizou-se a interceptação da linha 
telefônica. 
8. Desse modo, a medida restritiva do direito fundamental à inviolabilidade das 
comunicações telefônicas encontra-se maculada de nulidade absoluta desde a sua 
origem, visto que partiu unicamente de notícia anônima. 
9. A Lei nº 9.296/96, em consonância com a Constituição Federal, é precisa ao admitir 
a interceptação telefônica, por decisão judicial, nas hipóteses em que houver indícios 
razoáveis de autoria criminosa. Singela delação não pode gerar, só por si, a quebra do 
sigilo das comunicações. Adoção da medida mais gravosa sem suficiente juízo de 
necessidade. (...) 
STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/10/2012. 
Logo, se a autoridade policial ou o Ministério Público recebe uma “denúncia anônima” 
(“delação apócrifa”) contra determinada pessoa, não é possível que seja requerida, de 
imediato, a interceptação telefônica do suspeito. Isso seria uma grave interferência na 
esfera privada da pessoa, sem que houvesse justificativa idônea para isso. 
 
É possível a propositura de ação penal com base unicamente em “denúncia 
anônima”? 
NÃO. A propositura de ação penal exige indícios de autoria e prova de materialidade. 
Logo, não é possível oferecimento de denúncia com base apenas em "denúncia 
anônima". 
 
É possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP 
etc.) com base em “denúncia anônima”? 
SIM, mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma 
investigação prévia para confirmar se a "denúncia anônima" possui um mínimo de 
plausibilidade. Veja o que diz Renato Brasileiro: 
"Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o 
inquérito policial, verificar a procedência e veracidade das informações por ela 
veiculadas. Recomenda-se, pois, que a autoridade policial, antes de proceder à 
instauração formal do inquérito policial, realize uma investigação preliminar a fim de 
constatar a plausibilidade da denúncia anônima. Afigura-se impossível a instauração de 
procedimento criminal baseado única e exclusivamente em denúncia anônima, haja vista 
a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros próprios à 
responsabilidade, nos campos cível e penal." (LIMA, Renato Brasileiro de. ​Manual de 
34 
 
Processo Penal. ​Salvador: Juspodivm, 2015, p. 129). 
 
Confira julgado recente que espelha este entendimento: 
(...) As autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução (penal 
ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em 
escritos anônimos. É por essa razão que o escrito anônimo não autoriza, desde que 
isoladamente considerado, a imediata instauração de “persecutio criminis”. 
– Nada impede que o Poder Público, provocado por delação anônima 
(“disque-denúncia”, p. ex.), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, 
em averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a possível ocorrência de 
eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a 
verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso 
positivo, a formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se, assim, completa 
desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas. 
– Diligências prévias, promovidas por agentes policiais, reveladoras da preocupação 
da Polícia Judiciária em observar, com cautela e discrição, notadamente em matéria de 
produção probatória, as diretrizes jurisprudenciais estabelecidas, em tema de delação 
anônima, pelo STF e pelo STJ. (...) 
(STF. 2ª Turma. RHC 117988, Relator p/ Acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 
16/12/2014) 
Segundo o STF, não é possível desprezar a utilidade da "denúncia anônima". Isso 
porque em um mundo no qual o crime torna-se cada vez mais complexo e 
organizado, é natural que a pessoa comum tenha receio de se expor ao comunicar a 
ocorrência de delito. Daí a admissibilidade de notícias crimes anônimas. 
 
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia 
anônima”: 
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui credibilidade (aparência 
mínima de procedência), instaura-se inquérito policial; 
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova 
que não a interceptação telefônica (como visto, esta é a ​ultima ratio​). Se houver 
indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar 
imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico 
ao magistrado. 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 
35 
 
 
Legalidade da Resolução 063/2009-CJF que determinou a tramitação direta do 
IP entre a PF e o MPF 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal ​Geral 
Origem:STJ 
 
Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, 
estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o 
Ministério Público Federal. STJ. 5ª Turma. RMS 46165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, 
julgado em 19/11/2015 (Info 574). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 
 
 
Inviabilidade de MS impetrado pela vítima para evitar o arquivamento de IP 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal ​Geral 
Origem:STJ 
 
Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar o 
arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de segurança 
com o objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de crime de ação penal 
pública não tem direito líquidoe certo de impedir o arquivamento do inquérito ou das 
peças de informação. Considerando que o processo penal rege-se pelo princípio da 
obrigatoriedade, a propositura da ação penal pública constitui um dever, e não uma 
faculdade, não sendo reservado ao Parquet um juízo discricionário sobre a 
conveniência e oportunidade de seu ajuizamento. Por outro lado, não verificando o 
Ministério Público que haja justa causa para a propositura da ação penal, ele deverá 
requerer o arquivamento do IP. Esse pedido de arquivamento passará pelo controle 
do Poder Judiciário, que poderá discordar, remetendo o caso para o PGJ (no caso do 
MPE) ou para a CCR (se for MPF). Existe, desse modo, um sistema de controle de 
legalidade muito técnico e rigoroso em relação ao arquivamento de inquérito policial, 
inerente ao próprio sistema acusatório. Nesse sistema, contudo, a vítima não tem o 
poder de, por si só, impedir o arquivamento. Cumpre salientar, por oportuno, que, se 
a vítima ou qualquer outra pessoa trouxer novas informações que justifiquem a 
reabertura do inquérito, pode a autoridade policial proceder a novas investigações, 
nos termos do citado art. 18 do CPP. STJ. Corte Especial. MS 21081-DF, Rel. Min. 
Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565). 
 
Fonte: Buscador Dizer o Direito. 
36 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9f62b8625f914a002496335037e9ad97?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9f62b8625f914a002496335037e9ad97?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d198bd736a97e7cecfdf8f4f2027ef80?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
 
 
Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes 
Direito Processual Penal​ Investigação Criminal ​Geral 
Origem: STF 
 
O STF reconheceu a legitimidade do Ministério Público para promover, por 
autoridade própria, investigações de natureza penal, mas ressaltou que essa 
investigação deverá respeitar alguns parâmetros que podem ser a seguir listados: 1) 
Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos investigados; 2) Os 
atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e praticados por 
membros do MP; 3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de 
jurisdição, ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo 
Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação telefônica, 
quebra de sigilo bancário etc.); 4) Devem ser respeitadas as prerrogativas 
profissionais asseguradas por lei aos advogados; 5) Deve ser assegurada a garantia 
prevista na Súmula vinculante 14 do STF (“É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”); 6) A investigação deve 
ser realizada dentro de prazo razoável; 7) Os atos de investigação conduzidos pelo 
MP estão sujeitos ao permanente controle do Poder Judiciário. A tese fixada em 
repercussão geral foi a seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para 
promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza 
penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer 
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por 
seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as 
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os 
advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e 
XIX), sem prejuízo da possibilidade — sempre presente no Estado democrático de 
Direito — do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente 
documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros 
dessa Instituição.” STF. 1ª Turma. HC 85011/RS, red. p/ o acórdão Min. Teori 
Zavascki, julgado em 26/5/2015 (Info 787). STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. 
Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015 
(repercussão geral) (Info 785). 
 
Comentários do julgado 
 
O Ministério Público pode realizar diretamente a investigação de crimes? 
37 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/05a5cf06982ba7892ed2a6d38fe832d6?categoria=12&subcategoria=125
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=12&subcategoria=130&assunto=422
 
SIM. O MP pode promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal. 
  
Mas a CF/88 expressamente menciona que o MP tem poder para investigar crimes? 
NÃO. A CF/88 não fala isso de forma expressa. Adota-se aqui a ​teoria dos poderes                             
implícitos​. 
Segundo essa doutrina, nascida nos EUA (Mc CulloCh vs. Maryland – 1819), se a                           
Constituição outorga determinada atividade-fim a um órgão, significa dizer que também                     
concede todos os meios necessários para a realização dessa atribuição. 
A CF/88 confere ao MP as funções de promover a ação penal pública (art. 129, I). Logo,                                 
ela atribui ao Parquet também todos os meios necessários para o exercício da denúncia,                           
dentre eles a possibilidade de reunir provas para que fundamentem a acusação. 
Ademais, a CF/88 não conferiu à Polícia o monopólio da atribuição de investigar crimes.                           
Em outras palavras, a colheita de provas não é atividade exclusiva da Polícia. 
Desse modo, não é inconstitucional a investigação realizada diretamente pelo MP. 
Esse é o entendimento do STF e do STJ. 
  
Qual é o fundamento constitucional? 
Além da doutrina dos poderes implícitos, podemos citar como fundamento constitucional                     
que autoriza, de forma implícita, o poder de investigação do MP: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
(...) 
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência,                   
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar                     
respectiva; 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar                           
mencionada no artigo anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,                     
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua                           
finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de                     
entidades públicas. 
Existe algum fundamento legal? 
A Lei Complementar n.° 75/1993, também de forma implícita, autoriza a realização de                         
38 
 
atos de investigação nos seguintes termos: 
Art.

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