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EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Profª : Emanuelle Ferraz Baptista TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA TÉRMICA Condução: Transferência de energia térmica por contato direto com a fonte. Convecção: Transferência de energia térmica de um fluido para a vizinhança. Conversão (Radiação): Transferência de energia térmica por meio de ondas eletromagnéticas. FISIOTERAPIA AQUÁTICA Para que as adaptações fisiológicas de um corpo em imersão sejam bem compreendidas, é necessário o entendimento sobre os princípios da hidrostática (com a imersão em repouso), da hidrodinâmica (com o corpo imerso em movimento) e da termodinâmica (quando acontece a troca de calor entre o corpo e meio líquido). 1) Agente hidrotérmico= quando a água age como condutora de calor ou frio, como banhos térmicos, compressas térmicas e bolsas térmicas. 2) Agente hidrocinético= quando a água produz atrito ou pressão contra o corpo, como o turbilhão. A água CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA A termodinâmica está relacionada com o processo de transferência de calor na água. Quando um corpo encontra-se submerso em água aquecida ou não, é submetido a uma temperatura diferente da sua. Sendo a água maior condutora de calor que o ar, acontece uma transferência de calor mais rápida entre o corpo e o meio líquido. Quando a temperatura da água é maior que a corporal, o corpo submerso é aquecido pela transferência da energia calórica da água para ele. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA IMERSÃO Os efeitos fisiológicos durante a imersão dependem dos seguintes fatores: temperatura da agua, profundidade da piscina, tipo e intensidade do exercício, duração da terapia, e postura. Base dos efeitos fisiológicos Maior pressão hidrostática EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Sistema cardiovascular: Os efeitos cardiovasculares são dados principalmente pela pressão hidrostática e pela temperatura da água. • Retorno Venoso: A variação do gradiente de pressão hidrostática, conforme a diminuição da profundidade proporciona o deslocamento do sangue em uma via de mão única, em direção aos maiores vasos da cavidade abdominal e para o coração. • Há aumento no consumo energético, pois o coração deve aumentar a força de contração e aumentar o débito cardíaco (80% a 33º C e até 121% a 39º C), em resposta ao aumento de volume de sangue. • Queda da pressão arterial pela vasodilatação sistêmica. • Estudos realizados com seres humanos mostram que, imediatamente após a imersão, ocorre vasoconstrição momentânea com aumento da resistência vascular periférica (RVP) e aumento da pressão arterial (PA). • Em seguida, as arteríolas dilatam-se ocorrendo diminuição da RVP e redução da PA. • A pressão hidrostática exercida sobre tórax e abdômen, por aumentar o retorno venoso, intensifica o trabalho cardíaco. • Durante imersão parcial, ou seja, com o indivíduo apenas com a cabeça fora da água, ocorre aumento de 700 mL de sangue no compartimento torácico com consequente elevação do volume sistólico (VS) e débito cardíaco (DC). EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Determinantes da PA PA = DC x RVP FC x VS RV Vaso: Comprimento e Raio Contratilidade “Estes valores são frequentemente manipulados para o controle da PA” EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Mesmo em imersão em profundidade relativamente pequena, a água exerce pressão sobre o sistema venoso. A pressão venosa aumenta progressivamente com a imersão até o processo xifoide e ainda mais quando o corpo é completamente imerso. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o comportamento da pressão arterial e a frequência cardíaca de indivíduos hipertensos e normotensos durante repouso e caminhada enquanto imersos na água em diferentes profundidades. Método: Foram avaliados 20 indivíduos, sendo 10 hipertensos e 10 normotensos. Todos foram submetidos a 4 avaliações, sendo uma imerso em repouso até a profundidade do processo xifoide durante 20 minutos e outras 3 caminhando durante 20 minutos à intensidade de 65% da frequência cardíaca de reserva, cada uma delas em uma profundidade diferente, cicatriz umbilical, processo xifoide e ombros. RESULTADOS • Os resultados com atividades de caminhada quando comparados com os de repouso evidenciaram que somente a imersão na água parece não causar modificações na frequência cardíaca, mas que esta aumenta durante a execução da atividade aeróbica a uma intensidade moderada dentro da água. • Com relação à pressão arterial, foi possível observar que, quando o indivíduo permaneceu imerso em repouso, após sair da água, ela teve um aumento súbito. Porém, quando se associou a imersão com a atividade aeróbica, após a saída da água, a PA teve uma diminuição e ela se manteve, pelo menos por 20 minutos significativamente inferior ao início da sessão, antes de imergir e começar o exercício. Essa redução foi mais evidente quando o exercício foi realizado na profundidade do processo xifoide. • O decréscimo da PAM é atribuído, por alguns autores, à mobilização do fluido extravascular para o intravascular e é caracterizado por um aumento da diurese das pacientes após o banho. • As variações nos valores deste índice não são fáceis de explicar por este experimento. Existem vários mecanismos que podem atuar na regulação da produção, absorção e nas vias de trocas materno-fetais do líquido amniótico, embora ainda estejam pouco esclarecidos • As resultados obtidos neste trabalho, sugere-se que a técnica de imersão subtotal em água aquecida, para gestantes acima de 28 semanas, pode ser uma medida terapêutica adequada e segura quando se objetiva aumentar o volume de líquido amniótico, na presença de bolsa íntegra, em condições normais e patológicas. O tempo de imersão de 30 minutos é tão eficaz e suficiente quanto 45 e 60 minutos. RESULTADOS Sistema renal: • Aumento do débito urinário com perda de volume plasmático, perda de sódio e de potássio (Mecanismo compensador homeostático = resposta protetora do coração contra sobrecarga de volume). • Após duas horas de imersão parcial, observa-se aumento do volume urinário (240%), aumento da natriurese (240%) e potassiurese (100%), que começa quase imediatamente após a imersão e elevam-se constantemente durante várias horas. • Nas horas subsequentes após a imersão, o débito urinário retorna ao normal. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA • Os níveis plasmáticos do hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) e da aldosterona estarão reduzidos e o sistema renina-angiotensina menos ativado, porém o aumento do volume sanguíneo central, retorno venoso e distensão atrial proporcionam a elevação do peptídeo natriurético atrial (ANP). EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Sistema renal e hormonal: Aferentes vagais mielinizados (Reflexo de Bainbridge) ↑ Volemia ↑ Distensão das câmaras ↑ Atividade Parassimpática • A liberação do fator natriurético ocorre através da distensão dos átrios e o peptídeo produzido, o ANP, facilita a excreção de sódio e a diurese. Sistema renal: • Atividade simpática renal diminuída com diminuição da resistência vascular renal. • O ANP relaxa os músculos lisos vasculares, com aumento da taxa de filtração glomerular. • O ANP também inibe a reabsorção de sódio nos dutos coletores e a produção de aldosterona. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA EFEITOSFISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Sistema respiratório: O sistema pulmonar é profundamente afetado pela imersão do corpo no nível do tórax. • A propriedade física da água que interfere diretamente sobre o sistema respiratório é a pressão hidrostática. • O fluxo sanguíneo no pulmão aumenta, o que favorece uma maior troca gasosa, devido ao aumento de sangue na circulação pulmonar. • Em imersão com o nível da água até o processo xifoide, o abdome é empurrado para dentro, com isso o diafragma apresentará um aumento em seu comprimento, dando a ele uma vantagem contrátil. • O diafragma desloca-se cranialmente, aumentando a pressão intratorácica de 0,4 para 3,4 cmH2O. Sistema respiratório: • A imersão na altura do tórax afeta significativamente a frequência respiratória e ocasiona aumento do trabalho respiratório (em 65%), devido à compressão da caixa torácica. • A capacidade vital reduz em 6% e o volume de reserva expiratório fica reduzido em 66% (devido deslocamento do músculo diafragma em direção cefálica). • Ocorre diminuição da complacência pulmonar (grau de distensão) em torno de 50% dos valores, porém o tempo inspiratório e a frequência respiratória permanecem inalteradas. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA 1. Volume corrente (VC)= volume inspirado ou expirado a cada incursão respiratória normal (350 e 500 ml). 2. Volume de reserva inspiratório (VRI): volume que pode ser inspirado além do VC. É utilizado durante o exercício físico. 3. Volume de reserva expiratório (VRE): volume que pode ser expirado após a expiração do VC. 4. Volume residual (VR): volume que permanece nos pulmões após uma expiração máxima. Não pode ser medido por espirometria. VOLUMES E CAPACIDADES Volumes e capacidades 1. Capacidade inspiratória: é a soma do volume corrente com o VRI. 2. Capacidade residual funcional (CRF): é a soma do VRE com o VR. Inclui o VR, de modo que não pode ser medida por espirometria. 3. Capacidade vital (CV): é a soma do volume corrente, da VRI e da VRE. É o volume de ar que pode ser expirado de maneira forçada após uma inspiração máxima. 4. Capacidade pulmonar total (CPT): é a soma dos quatro volumes pulmonares. • Em imersão, a pressão hidrostática trabalha como uma carga para contração do diafragma durante a inspiração, resultando em um exercício para essa musculatura, além de auxiliar na sua elevação e consequentemente na saída do ar durante a expiração. • Ide (2004), realizou um estudo com idosos realizando um protocolo de cinesioterapia respiratória realizado em ambiente seco e aquático e obteve como resultados um aumento significativo da força dos músculos inspiratórios nos idosos que realizaram o protocolo na água. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Sistema respiratório: Materiais e métodos: Foram avaliados 22 indivíduos do sexo feminino, com idades variando entre 18 e 26 anos, alunas do curso de Fisioterapia, sedentárias, não fumantes e sem qualquer tipo de patologia pulmonar, que foram divididas em dois grupos, a saber: grupo controle contendo 11 indivíduos (grupo 1), que não participaram do estágio de Hidroterapia, mas estavam realizando atendimento clínico a pacientes em outros setores da Clínica de Fisioterapia, e grupo experimental contendo 11 indivíduos, que realizaram o estágio de Hidroterapia com imersão em água aquecida (grupo 2). O Grupo 2 participou do estágio clínico em fisioterapia com duração de quatro semanas, com frequência de cinco dias por semana, com três horas diárias de imersão em média. RESULTADOS RESULTADOS Sistema musculoesquelético: • Relaxamento muscular devido à vasodilatação periférica. • O aumento do debito cardíaco faz com que uma grande parte do fluxo sanguíneo se direcione para pele e músculos. • Com a vasodilatação, há maior ativação muscular, aprimorando o fornecimento de oxigênio e remoção de gás carbônico e ácido lático, reduzindo a dor muscular. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA • Analgesia por mecanismo de redução da sensibilidade de terminações nervosas (Propriedades termodinâmica e hidrodinâmica da água). Os sensores térmicos são estimulados fazendo com que a informação de relaxamento muscular chegue antes dos sensores da dor (Teoria da comporta da dor). • A diminuição da sobrecarga articular reduz a compressão, que informa ao SNC que o estímulo da pressão diminuiu, assim os músculos se relaxam, aliviando a compressão e a dor. • Há um efeito de relaxamento do tônus muscular devido à vasodilatação e diminuição da sobrecarga corporal, benéfico nos casos de espasticidade ou tensão muscular exacerbada. Sistema nervoso periférico e central: EFEITOS FISIOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA EFEITOS PSICOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA Além das respostas fisiológicas gerais, a imersão provoca benefícios psicológicos importantes, como: 1. aumento da autoestima, 2. sensação de independência, 3. redução do grau de ansiedade, 4. permite o aprendizado de novas habilidades. EFEITOS PSICOLÓGICOS DA HIDROTERAPIA • Efeito sedativo • Socialização • Melhora do estado emocional • Redução do estresse EFEITOS TERAPÊUTICOS DA HIDROTERAPIA • Alívio da dor e espasmos musculares • Manutenção e aumento da amplitude de movimento das articulações • Fortalecimento muscular • Reeducação de músculos paralisados • Aumento da circulação sanguínea • Diminuição de edema • Manutenção e melhoria no equilíbrio, coordenação e postura • Relaxamento Os exercícios realizados na água favorecem a reabilitação, pois os efeitos proporcionam menor estresse articular, aumento da circulação e facilidade de se movimentar. CONTRAINDICAÇÕES • Infecções de pele • Insuficiência cardíaca • Doenças vasculares • Radioterapia e Quimioterapia • Doenças renais • Otites • Úlceras Através do conhecimento dessas alterações fisiológicas, associando-se movimentos e exercícios com os efeitos físicos da água, o fisioterapeuta pode facilitar e potencializar o processo de reabilitação aquática.
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