Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Celina Trajano de Oliveira Introdução À Atuária Sumário 03 CAPÍTULO 4 – O que é ciclo econômico de uma companhia de seguros? ............................05 Introdução ....................................................................................................................05 4.1 Esquema contábil nas empresas seguradoras .............................................................06 4.2 Principais classificações contábeis das contas das companhias seguradoras ....................10 4.3 Demonstrações contábeis das companhias seguradoras ...............................................11 4.4 Provisões técnicas.....................................................................................................13 4.4.1 Provisões técnicas comprometidas ....................................................................16 4.4.2 Provisões técnicas não comprometidas ..............................................................17 4.4.3 Fundo de garantia de retrocessões ....................................................................18 4.4.4 Fundo de garantia operacional .........................................................................18 4.4.5 Cobertura das provisões técnicas e limites operacionais .......................................19 Síntese ..........................................................................................................................21 Referências Bibliográficas ................................................................................................22 05 Capítulo 4 Introdução Estamos chegando ao final da disciplina Fundamentos de Atuária, em que você pôde obter in- formações e conhecimentos sobre seguros e previdência. Antes de começar este estudo, reflita sobre a questão: o que é ciclo econômico de uma companhia seguradora? Pois saiba que o ciclo econômico representa todas as fases pelas quais passa uma companhia de seguros. Há muitos tipos de seguros? Sim! Há uma infinidade. Veremos os mais importantes. No início do capítulo, a abordagem será sobre o ciclo econômico de uma companhia de seguros. Serão tratadas informações sobre o esquema contábil nas empresas seguradoras, as classificações e demonstrações contábeis relacionadas à área de seguros, as provisões técnicas, o fundo de ga- rantia operacional e a cobertura das provisões técnicas. Você poderá perguntar: existe fundo de garantia operacional para a área de seguros? Existe, sim, e este é o assunto deste estudo. O ciclo econômico do seguro inicia-se com o contato com a seguradora, a proposta efetuada pelos corretores e o cadastro do segurado. Após o recebimento da proposta, ocorrerá a análise para ve- rificar a aceitação do risco, a revisão dos cálculos atuariais e as inspeções de riscos e aprovações. Na sequência, dá-se a emissão da apólice, ocorrendo então os procedimentos administrativos na seção de contas a pagar, contas a receber e cobrança, resultando no recebimento do prêmio, com as devidas aplicações que o mercado financeiro oferece e as reservas técnicas devidamente calcula- das. Se ocorrer o sinistro, efetua-se o pagamento da devida indenização ao segurado. A atividade seguradora no Brasil iniciou-se em 1808, por meio da abertura dos portos destinados ao comércio com a Europa, e era regulada pelas leis de Portugal. A compa- nhia de seguros Boa-Fé foi a primeira seguradora do país a operar, inicialmente, com seguro marítimo. A mudança ocorreu somente a partir de 1850, com a Lei no 556, que instituiu o Código Comercial Brasileiro. (BRASIL, 1997). VOCÊ SABIA? No ciclo do sinistro ocorre o aviso, a entrega na contabilidade para registro do aviso, a inspeção do sinistro, o processo de regulação, a revisão para entrega ao “contas a pagar”, a emissão do cheque ou crédito e, posteriormente, a contabilização. Uma seguradora precisa de uma área de marketing para mostrar e apresentar os produtos para o consumidor, ou seja, uma área de vendas de seguros. Segundo Silva (2009), uma seguradora é composta pelos departamentos administrativo, jurídico e atu- ário – áreas ligadas à estatística e informática, ao investimento e à controladoria, todos interligados. As áreas ou os departamentos ligados ao gerenciamento ou às indenizações fazem a devida regulação de sinistro, que é a verificação de documentos do segurado ou de terceiros, quando O que é ciclo econômico de uma companhia de seguros? 06 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária pedem a indenização, obtendo as informações sobre as causas do sinistro e sobre o que efetiva- mente ocorreu. Por meio da regulação, a seguradora tem condições de verificar a ocorrência de prejuízo e o efetivo cálculo do pagamento da indenização, efetuando a liquidação. 4.1 Esquema contábil nas empresas seguradoras A contabilidade das seguradoras também exige os mesmos livros contábeis obrigatórios utiliza- dos por outras entidades: diário e razão. Segundo a Susep (BRASIL, 2002): “A escrituração das operações devem obedecer às normas do Conselho Federal de Contabilidade – CFC”. As Normas Internacionais de Contabilidade trouxeram mudanças significativas para a área con- tábil. As empresas seguradoras foram obrigadas a fazerem as adaptações necessárias, por meio da Circular Susep no 483, de 6 de janeiro de 2014. As demonstrações contábeis das empresas seguradoras têm por objetivo oferecer informações fidedignas aos usuários externos, mostrando o desempenho da empresa e a posição financeira e patrimonial. Outro objetivo importante, segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 11, 2011, p. 5): [...] as demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. O balanço patrimonial das empresas seguradoras apresentam características diferenciadas, mas têm a mesma estrutura das demais entidades. As práticas contábeis brasileiras são amparadas pelos pronunciamentos técnicos, pela legislação brasileira e pelas orientações e interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Para que as informações sejam fidedignas é necessá- rio que as demonstrações possuam a seguinte estrutura: ativo, passivo, patrimônio líquido, des- pesas e receitas (onde são apresentadas as informações sobre as perdas e ganhos da entidade), fluxo de caixa e alterações no capital próprio. O livro Controle interno e gestão de riscos no mercado segurador brasileiro aborda sistemas de controles internos de seguros, gestão de riscos, prevenção de fraudes em seguros e a prevenção à lavagem de dinheiro em seguros. O autor, Assizio Oliveira, dedica, ainda, um longo capítulo à auditoria interna e aos controles internos. Leitura obrigatória para o futuro profissional em atuária. VOCÊ QUER LER? As empresas seguradoras possuem esquemas contábeis parecidos com as entidades privadas em geral. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis publica o pronunciamento técnico sobre contra- tos de seguros. As empresas seguradoras, assim como as demais empresas, precisam apresentar, obrigatoriamente os livros Diário e Razão. Os livros Caixa e demais livros que a entidade enten- der que sejam relevantes para sua atividade, poderão ser utilizados, mas não há obrigatoriedade legal. As entidades seguradoras possuem seus planos de contas específicos. 07 A aprovação das normas contábeis de empresas seguradoras resseguradoras, de capitalização, entidades abertas de previdência complementar foi feita por meio da resolução CNSP no 86, de 2002, que sofreu alterações por meio da Circular Superintendência de Seguros Privados Susep no 483 de 6 de janeiro de 2014. De acordo com o anexo I da referida circular, o plano de codi- ficação apresenta dois códigos distintos: o primeiro código é composto por 10 (dez) algarismos,colocados da esquerda para a direita demonstrando a classe, o grupo, o subgrupo, a conta, subconta, desdobramento de subconta, terceiro, quarto e quinto desdobramento da subconta, quando necessário. Caberá à Susep, quando necessário, criar a codificação contábil até o déci- mo algarismo do primeiro código. Ainda de acordo com a Circular da Susep no 483, anexo I, art. 16, vale lembrar que assim como a maioria das empresas, o plano contábil de uma empresa seguradora também classifica as contas do balanço patrimonial em: • ativo, geralmente iniciadas pelo número 1; • passivo, iniciadas pelo número 2; • demonstração de resultado do exercício, iniciadas pelo número 3; • divisões do ativo: circulante, não circulante e compensação; • divisões do passivo: circulante e não circulante, patrimônio líquido e compensação. O segundo código do plano de contas de entidades seguradoras é constituído por quatro algaris- mos que têm por objetivo indicar o ramo (ou a modalidade) de seguro ou o plano de benefício. A Susep autoriza a utilização nas classes de contas patrimoniais e de resultado. O terceiro código, de acordo com a resolução, pode ser utilizado pelas sociedades quando estas julgarem pertinentes ou necessários para os relatórios, estatísticas ou operações contábeis. Segundo a Circular no 517, de 2015, § 4º: As classes compreendem vários grupos, os quais se desdobram em subgrupos, estes em contas e estas em subcontas. I - classe 1 - Ativo - Contas Patrimoniais: a) grupo 11 – CIRCULANTE: 1 - subgrupo 111 – Disponível; 2 - subgrupo 112 – Aplicações[...]b) grupo 12 – NÃO CIRCULANTE: 1 - subgrupo 121 – Realizável a Longo Prazo; 2 - subgrupo 122 – Investimentos; [...]II - classe 2 – Passivo - Contas Patrimoniais: a) grupo 21 – CIRCULANTE: 1 - subgrupo 211 – Contas a Pagar;[...] b) grupo 22 – NÃO CIRCULANTE: 1 - subgrupo 221 – Contas a Pagar; 2 - subgrupo 222 – Débito das Operações; [...]d) grupo 29 – COMPENSAÇÃO: 1 - subgrupo 291 – Compensação; III - classe 3 – Contas de Resultado :a) grupo 31 – OPERAÇÕES DE SEGUROS: (BRASIL, 2015, p. 40). O Quadro 1 apresenta o exemplo de um balanço patrimonial de uma empresa seguradora. Observe que os destaques em negrito representam as classes, os grupos e os subgrupos. Por exemplo: classe 1 – ativo; grupo 11 – circulante; subgrupo 111 – disponível. Após apresentação da classe do grupo e do subgrupo, aparecem as contas. Além disso, há o item Nota, que signi- ficam as notas explicativas, obrigatórias no balanço patrimonial das empresas seguradoras. Ao término do balanço, a empresa precisa explicar, por meio de notas explicativas, os valores que se encontram no balanço patrimonial. Por exemplo, o valor de R$1.500, na nota explicativa 5 refere-se ao crédito das operações com seguros e resseguros. As empresas fazem um relatório abaixo do balanço explicando a composição desse valor. 08 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária 1.ATIVO nota 31/12/2015 11.Circulante 13.500 111.Disponível 5.000 Caixa e bancos 5.000 112.Aplicações 4.000 113.Crédito das operações com seguros e resseguros 5 1.500 Prêmios a receber 500 Operações com seguradoras 500 Operações com resseguradoras 500 114.Provisões técnicas 6.2 600 115.Títulos e créditos a receber 2.400 12.Não circulante 30.000 121.Realizável a longo prazo 6.000 122.Aplicações 3.000 123.Crédito das operações com seguros e resseguros 2.000 124.Provisões técnicas 8.1 4.000 125.Títulos e créditos a receber 3.000 Créditos tributários e previdenciários 3.000 126Custos de aquisição diferidos 500 Seguros 500 127.Investimentos 3.500 Participações societárias 3.500 128.Imobilizado 5.000 Imóveis em uso 5.000 129.Intangível 3.000 TOTAL DO ATIVO 43.500 Quadro 1 - Contas do Ativo baseadas na Circular Susep no 483 de 6 de janeiro de 2014. Fonte: Elaborado pela autora, 2016. 09 2.PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO nota 31/12/2015 21.CIRCULANTE 12 10.500 211.Contas a pagar 5.000 Obrigações a pagar 2.000 Impostos e obrigações sociais a recolher 2.000 Encargos trabalhistas 500 Impostos e contribuições 500 212.Débitos de operações com seguros e resseguros 2. 500 prêmios a restituir 500 Operações com seguradoras 600 Operações com resseguradoras 400 Corretores de seguros e resseguro 1.000 213.Depósitos de terceiros 3.000 214.Provisões técnicas – seguros 3.000 Danos 2.000 Pessoas 1.000 22.NÃO CIRCULANTE 8.3 10.000 221.Provisões técnicas – seguros 5.000 Danos 2.000 Pessoas 3.000 24. PATRIMÔNIO LÍQUIDO 15 23.000 241.Capital social 6.500 Aumento/redução de capital (em aprovação) 3.000 Reservas de lucros 5.500 Ajuste de avaliação patrimonial 4.000 Lucros ou prejuízos acumulados 4.000 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 43.500 Quadro 2 – Balanço patrimonial: contas do passivo. Fonte: Elaborado pela autora, 2016, baseado na Circular Susep no 483, de 6 de janeiro de 2014. As contas de resultado são subdivididas em operações de seguros; operações de resseguros; operações de previdência complementar aberta; operações de capitalização; despesas adminis- trativas; resultado financeiro; resultado patrimonial; ganhos e perdas com ativos não correntes e impostos; e participações sobre o resultado. As notas explicativas são obrigatórias, as informações sobre os procedimentos que devem ser adotados em relação às normas estão explicitadas nos pronunciamentos formulados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). 10 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária A Susep precisa referendar informações referentes à política contábil adotada pela empresa; quais os critérios utilizados para o reconhecimento das receitas e despesas da entidade e como é composição acionária da entidade, mencionando até o último nível de controle. Além disso, devem ser apresentadas as provisões e a depreciação. Mencionar, ainda, se houve redução ao valor recuperável de ativos. Outras informações relevantes que devem ser divulgadas em notas explicativas referem-se aos prêmios a receber, às taxas e aos juros contratados dos títulos e valores mobiliários, ao valor de mercado dos títulos e à discriminação dos custos. Divulgação das tábuas, detalhamento dos saldos de salvados e ressarcidos, além de sinistros, inflação, mortalidade. A relação das infor- mações que devem ser divulgadas em notas explicativas, encontra-se na Circular Susep no 483, de 6 de janeiro de 2014 (BRASIL, 2014, s. p.). 4.2 Principais classificações contábeis das contas das companhias seguradoras A contabilidade reflete as operações realizadas nas empresas: os serviços prestados, as compras e vendas de mercadorias, as receitas, as despesas. Essas informações são contabilizadas por meio da classificação dos valores e da natureza de cada operação. Quando se fala em classifi- cação entende-se debitar ou creditar a conta de acordo com cada operação. A classificação é feita por meio de contas designadas como Contas Patrimoniais e Contas de Resultado, devida- mente registradas nos livros obrigatórios e facultativos como Diário, Razão, Caixa, originando as demonstrações financeiras com os balancetes, balanços, resultado, fluxo de caixa e outras – dependendo de cada entidade. Para saber se uma conta é devedora ou credora, é necessário conhecer o conceito de ativo, se- gundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC00, 2011, p. 27): “O benefício econômico futuro incorporado a um ativo é o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente para o fluxo de caixa ou equivalente de caixa para a entidade”. Ainda segundo o CPC00 (2011), o ativo pode ser usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos quando houver prestação de serviços a serem vendidos pela entidade ou na produção de bens. O ativo pode ser trocado por outros ativos, liquidar passivos ou distribuídosaos proprietários da empresa. Para ser considerado ativo não é necessário ter forma física. Os direitos autorais e as patentes também são considerados ativos. Quando forem prováveis os benefícios econômicos futuros, fluindo para a entidade, e o custo puder ser mensurado confiavelmente, estará caracterizado o reconhecimento do ativo. Quanto ao passivo, segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC00 2011, p. 27): Uma característica essencial para a existência de passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou de desempenhar uma dada tarefa de certa maneira. As obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de contrato ou de exigências estatutárias. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por bens e serviços recebidos. Entretanto, obrigações surgem também de práticas usuais do negócio, de usos e costumes e do desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira equitativa. Ainda de acordo com o CPC00 (2011, p. 28), [...] o reconhecimento de passivos ocorre quando há uma saída de recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser mensurado com confiabilidade. 11 Em geral, as contas do ativo possuem saldos devedores e as do passivo saldos credores. Quanto ao patrimônio líquido, se for positivo, saldo credor; se for negativo, saldo devedor. Ainda sobre o patrimônio líquido, de acordo com o CPC00, é residual, mas pode ter subclassi- ficações dentro do balanço patrimonial como as reservas e retenções de lucros, sociedades por ações e recursos aportados pelos sócios. Veja a seguir: A constituição de reservas é, por vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar à entidade e seus credores uma margem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos. Outras reservas podem ser constituídas em atendimento a leis que concedem isenções ou reduções nos impostos a pagar quando são feitas transferências para tais reservas (CPC00, 2011, p. 28). O CPC00 – estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro – também informa a importância das contas de receitas e despesas, inseridas nas contas de re- sultados. As contas de resultados são primordiais porque indicam o desempenho da empresa. As receitas podem ser mensuradas por meio das vendas ou entrada de recursos, ou ainda com informações que diminuem o passivo. Essas mensurações ocasionam o aumento no patrimônio líquido da empresa. Enquanto a receita representa um ganho, a despesa representa uma diminui- ção no patrimônio líquido quando ocorrem informações relacionadas a pagamentos de salários, ou custos das mercadorias. Segundo a Circular Susep no 483 (BRASIL, 2014), as demonstrações contábeis das empresas se- guradoras deverão ser elaboradas nos meses de junho e dezembro, revisando os valores inscritos no ativo e passivo circulantes, devendo ser transferidos para o não circulante os valores cujos vencimentos ultrapassem o prazo de 12 meses, subsequentes à data-base. No circulante ficarão os valores cujos vencimentos não ultrapassem o prazo de 12 meses subsequentes à respectiva data-base. O livro IFRS 4 Introdução à contabilidade internacional de seguros é importantíssimo para o futuro profissional em atuária. Os autores Alexandre Paraskevopoulos e Nabil Ahmad Mourad abordam as mudanças ocorridas por meio das Normas Internacionais de Contabilidade relativas às seguradoras. Você entenderá os aspectos relativos à pre- vidência privada, aos contratos de seguros, à capitalização e aos diversos produtos oferecidos. VOCÊ QUER LER? São considerados ativos circulantes aqueles valores mantidos essencialmente com o propósito de negociação. 4.3 Demonstrações contábeis das companhias seguradoras O que é e para que serve uma demonstração contábil? Trata-se de uma representação em valo- res da posição patrimonial e financeira de uma determinada empresa em um período de tempo. É apresentada geralmente no final de um exercício. As demonstrações contábeis auxiliam os gerentes e os administradores para a tomada de decisão, usuários em geral muitas vezes com o objetivo de verificar a situação financeira de determinada entidade, a exemplo de bancos, fornecedores, clientes. 12 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária Segundo a Circular Susep no 483, art. 17, [...] As demonstrações financeiras, na data-base de 31 de dezembro, abrangendo Relatório da Administração, Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Período, Demonstração de Resultado Abrangente, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa, Notas Explicativas e o correspondente relatório do auditor independente sobre as demonstrações financeiras, deverão ser publicadas até o dia 28 de fevereiro de cada ano, observado o que dispõe a Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 2014, s. p.). Após a aprovação pela assembleia geral de acionistas e a verificação do lucro da empresa, dis- tribuem obrigatoriamente os dividendos – que deverão estar no passivo da sociedade. Há um mínimo obrigatório que deverá ser distribuído. Para isso, precisa haver uma assembleia de sócios que verifique, pois, havendo excesso, além do mínimo, os valores deverão ser mantidos no patrimônio da empresa até a deliberação dos sócios. As sociedades supervisionadas, ou seja, as seguradoras, entidades abertas de previdência com- plementar, sociedades de capitalização e resseguradores locais, são obrigadas a enviar à Susep cópias digitalizadas das publicações das demonstrações financeiras na imprensa, ou exemplares dessas demonstrações para serem divulgadas até 15 de março, referentes ao período de 1o de janeiro a 31 de dezembro, destacando nas demonstrações contábeis aquelas que não serão apresentadas, como a demonstração do resultado abrangente, por exemplo. Quais as demonstrações que precisam ser apresentadas à SUSEP pelas sociedades supervisiona- das? Segundo a Circular Susep 483/2014, que dispõe sobre alterações das Normas Contábeis a serem observadas pelas sociedades seguradoras no Art. 17: [...] As demonstrações financeiras, na data-base de 31 de dezembro, abrangendo Relatório da Administração, Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Período, Demonstração de Resultado Abrangente, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa, Notas Explicativas e o correspondente relatório do auditor independente sobre as demonstrações financeiras, deverão ser publicadas até o dia 28 de fevereiro de cada ano, observado o que dispõe a Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 2014, s. p.). Até as últimas duas décadas, as demonstrações financeiras eram publicadas em jornais de gran- de circulação. Com o advento da internet, tornou-se desnecessário publicar em jornais, pois a Susep disponibiliza as demonstrações financeiras intermediárias em seu site. É importante ressaltar que as sociedades supervisionadas, ao apresentarem suas demonstrações financeiras consolidadas, precisarão verificar se elas estão de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board (IASB). Esses pronunciamentos deverão estar convergentes com as normas de contabilidade emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) já referendados pela Susep (BRASIL, 2016). Quando o balanço for consolidado, segundo o Art. 19 da Circular 483/2014 da Susep, [...] há necessidade de se divulgar por meio de nota explicativa, em forma de reconciliação, os efeitos dos eventos que ocasionaram diferença entre os montantes do patrimônio líquido e do resultado da controladora, em confronto com os mesmos montantes do consolidado (BRASIL, 2014, s. p.). As sociedades supervisionadas, de acordo com a Susep (2016) não precisam elaborarnem publi- car as demonstrações financeiras consolidadas, mas precisam da opinião do auditor independen- te que faça abordagens sobre as práticas contábeis adotadas no Brasil e que são aplicadas nas instituições que a Susep autoriza a funcionar; além disso, essas demonstrações financeiras preci- sam convergir com as normas internacionais por meio dos pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC, desde que estejam referendados pela Susep (BRASIL, 2016). 13 VOCÊ QUER VER? O filme Pacto de Sangue é uma história policial que pode ser entendida pelos novos profissionais da atuária como o limite entre o certo e o errado na vida de um corretor de seguros. Ao assistir à trama, observe como um profissional de índole duvidosa se aproveita de uma situação hipotética. Quanto à escrituração contábil relativa aos fatos contábeis ocorridos desde janeiro de 2009, deve ser feita por sociedades supervisionadas constituídas na forma de sociedades por ações, e enviadas em versão digital para o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). 4.4 Provisões técnicas As normas para serem constituídas as provisões técnicas estão aprovadas na Resolução CNSP 120, de 24 de dezembro de 2004. Na resolução estão contidas as informações relativas às obrigatorie- dades legais. As documentações e os dados estatísticos deverão ficar à disposição da Susep. Segundo a Funenseg (2008), considera-se provisão técnica uma base obrigatória para as se- guradoras. Tem por objetivo garantir as operações, independentemente do lucro ou do prejuízo apurados. A constituição e reversão ocorrem mensalmente, efetuando-se o desdobramento de cada ramo de seguro, baseados nos prêmios retidos e nos sinistros avisados e não avisados. Há dois tipos de provisões técnicas: provisões técnicas não comprometidas, que atendem riscos de eventos aleatórios futuros que compreendem a Provisão de Prêmios Não Ganhos; a Provisão de Insuficiência de Prêmios; a Provisão Matemática; e o Fundo de Garantia de Retrocessões. E as provisões técnicas comprometidas, destinadas a eventos já ocorridos e ainda não liquidados, avi- sados e não avisados, que compreendem: Provisão de Sinistros a Liquidar; Provisão de Seguros Vencidos; Provisão para Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR). Segundo a Resolução CNSP 120 de 24 de dezembro de 2004, a nota técnica atuarial deverá ser elaborada por um atuário habilitado e a documentação deverá ser disponibilizada para a Susep para que sejam feitas as devidas fiscalizações. 14 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária HISTÓRICO D/C CÓD. CONTA CONTA 1.1. – Benefícios a Conceder (Planos Bloqueados) D C 33211 21711 Variação de Provisões Técnicas Prov. Mat. Benefícios a Conceder 1.2. – Apropriação de Remuneração (Planos Bloqueados) D C 36251 21711 Despesas Financeiras s/ Prov. Mat. Benefícios a Conceder Prov. Mat. Benefícios a Conceder 1.3 – Benefícios a Conceder D C 33221 21721 Variação de Provisões Técnicas Prov. Mat. Benefícios a Conceder 1.4. – Apropriação de Remuneração D C 36261 21721 Despesas Financeiras s/ Prov. Mat. Benefícios a Conceder Prov. Mat. Benefícios a Conceder 1.5. – Benefícios Concedidos (Planos Bloqueados) D C 33214 21714 Variação de Provisões Técnicas Prov. Mat. Benefícios Concedidos 1.6. – Apropriação da Remuneração (Planos Bloqueados) D C 36254 21714 Despesas Financeiras s/ Prov. Mat. Benefícios Concedidos Prov. Mat. Benefícios Concedidos 1.7. – Benefícios Concedidos D C 33224 21724 Variação de Provisões Técnicas Prov. Mat. Benefícios Concedidos 1.8. – Apropriação da Remuneração D C 36265 21724 Despesas Financeiras s/ Prov. Mat. Benefícios Concedidos Prov. Mat. Benefícios Concedidos Quadro 3 – Constituição das Provisões Técnicas. Fonte: BRASIL, 2016, Anexo III. As provisões técnicas têm por finalidade a cobertura de contratos em vigor, cobertura da insu- ficiência do montante de prêmios ganhos líquidos, garantia de pagamento de indenizações e atendimento aos riscos já ocorridos, porém não avisados. As sociedades seguradoras supervisionadas deverão manter nota técnica atuarial com metodo- logia de cálculo, que deverá será entregue à Susep em cinco dias, para cada provisão técnica. Apenas a Susep autoriza a constituição de Outras Provisões Técnicas – OPT. João de Lyra Tavares foi deputado e senador da República e defendia o ensino da Conta- bilidade. Atuou como comerciante e guarda-livros, sendo o fundador da Associação dos Guarda-livros. O Dia do Contador foi criado em homenagem a Tavares, que é conside- rado o patrono da Contabilidade brasileira, pois foi o defensor da criação de um registro geral para contabilistas. brasileiros. Foi professor e historiador, com conhecimentos nas áreas de economia, história e política (Conselho Regional de Contabilidade, 2016). VOCÊ O CONHECE? 15 De acordo com a Circular no 517/2015, as Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) e as seguradoras deverão constituir a Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG) , Provi- são de Prêmios Não Ganhos (PPNG); Provisão de Sinistros a Liquidar (PSL); Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR); Provisão Matemática de Benefícios a Conceder (PMBAC); Provisão Matemática de Benefícios Concedidos (PMBC); Provisão Complementar de Cobertura (PCC); Provisão de Despesas Relacionadas (PDR); Provisão de Excedentes Técnicos (PET); Provi- são de Excedentes Financeiros (PEF); e Provisão de Resgates e Outros Valores a Regularizar (PVR). Figura 1 – A oferta de seguro é feita por meio de contrato. Fonte: Stock-Asso, Shutterstock, 2016. Ainda de acordo com a Circular no 517/2015, a PPNG obedecerá alguns critérios para que possa ser constituída a cobertura dos valores a pagar relativos a sinistros e despesas a ocorrer. O cálculo da provisão deverá considerar a parcela de prêmios não ganhos na data da apuração. O conceito de valor esperado, utilizado para o cálculo das provisões técnicas é baseado em valor presente. A Resolução CNSP no 153/2006 regulamenta as provisões do Seguro DPVAT, enquanto a Reso- lução no 128/2005 regulamenta o DPEM. Cabe à SUSEP reavaliar e informar os valores da pro- visão IBNR do seguro DPEM – a constituição é feita mensalmente pelas sociedades seguradoras. VOCÊ QUER VER? O filme O Corretor mistura comédia e drama, sendo imperdível para os futuros pro- fissionais em atuária. As situações estranhas criadas para o filme envolvem clientes, vítimas de incêndios e um corretor de seguros de má índole. O mercado segurador entende que a aplicação dos recursos financeiros supera o operacional, cobrindo geralmente os resultados negativos do operacional. Há quase um consenso entre as seguradoras em solicitarem uma liberdade maior na aplicação de recursos. Para obter um índice 16 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária de rendimento satisfatório é necessária a flexibilização das aplicações. Segundo Luccas Filho (2011), ao se constituir uma provisão técnica é necessário atentar para os três referenciais que são utilizados: prêmio retido, sinistros avisados e não avisados, capitais garantidos a pagar. Ain- da de acordo com Luccas Filho (2011, p. 69), [...] Para garantia de suas operações, as sociedades seguradoras autorizadas a operar em seguro de danos e seguro de vida em grupo devem constituir, mensalmente, as seguintes provisões técnicas, quando necessárias: provisão de prêmios não ganhos; provisão de insuficiência de prêmios; provisão de sinistros a liquidar; provisão de sinistros ocorridos e não avisados – IBNR. Provisão de Prêmios Não Ganhos. De acordo com a Susep (BRASIL, 2016), a Provisão de Sinistros a Liquidar (PSL) deve ser cons-tituída para a cobertura dos valores a pagar por sinistros avisados até a data-base de cálculo, considerando indenizações e despesas relacionadas, de acordo com a responsabilidade retida pela sociedade seguradora. A PSL deve ser calculada de acordo com metodologia descrita em nota técnica atuarial mantida pela sociedade seguradora. Se não houver nota técnica atuarial, estima-se o valor que deverá ser segurado, conforme orientações da Susep. Quanto à Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR), de acordo com a Susep, deverá ser calculada segundo uma metodologia utilizada na nota técnica atuarial mantida pela segu- radora. Refere-se à cobertura dos sinistros ocorridos e ainda não avisados até a data-base de cálculo, considerando indenizações e despesas relacionadas, de acordo com a responsabilidade retida pela sociedade seguradora (BRASIL, 2016). 4.4.1 Provisões técnicas comprometidas O que é uma provisão técnica comprometida? Segundo Silva (2008), são as destinadas a even- tos já ocorridos e ainda não liquidados, avisados e não avisados e divididas em Provisão de Sinistros a Liquidar (PSL), Provisão de Seguros Vencidos e Provisão para Sinistros Ocorridos e Não avisados. Na PSL sua constituição é mensal e serve para a cobertura dos valores espera- dos relativos a sinistros avisados e não pagos, ou sinistros avisados até a data-base de cálculo, incluindo os sinistros administrativos e judiciais brutos das operações de retrocessão. Ainda de acordo com a Susep (2016), a PSL, de acordo com a responsabilidade da seguradora, inclui despesas, e indenizações, com as devidas atualizações monetárias, juros, variações cambiais e multas contratuais. Deve ser constituída para a cobertura dos valores a pagar por sinistros avi- sados até a data-base de cálculo. De acordo com a Circular Susep no 462, de 31 de janeiro de 2013, a sociedade seguradora é a responsável pela nota técnica atuarial que apresenta o cálculos da PSL. Não havendo nota técnica atuarial, ela deverá ser constituída por meio de acordo entre o segurado e a seguradora. Há ainda, segundo Silva (2008), a Provisão de Seguros Vencidos denomina aquelas provisões que asseguram o pagamento dos Capitais Garantidos a Pagar, em decorrência do vencimento dos contratos, específicos do Ramo Vida. Neste ramo dos seguros podemos encontrar: seguros de vida, seguros financeiros: seguros de capitalização e planos poupança para reforma. 17 Figura 2 – Modelo de cofre utilizado em instituições financeiras. Fonte: FreshPaint, Shutterstock, 2016. A Provisão para sinistros ocorridos e não avisados IBNR, de acordo com Silva (2008, p. 36), [...] faz parte das provisões técnicas comprometidas e deverá ser constituída mensalmente para a cobertura dos valores esperados relativos a sinistros ocorridos e não avisados, incluindo os sinistros administrativos e judiciais, abrangendo valores brutos das operações de resseguros e líquidos das operações de cosseguro, de indenizações, pecúlios, rendas. Não há metodologia de cálculo específico determinado pela Susep. Mesmo assim, cabe à Susep verificar a consistência das informações e dos valores e determinar quais acertos serão necessá- rios, aplicando sanções, quando for o caso. 4.4.2 Provisões técnicas não comprometidas As provisões técnicas não comprometidas englobam as provisões de riscos decorridos, a provi- são de prêmios não ganhos, provisão matemática, e o fundo de garantia de retrocessões. São consideradas provisões técnicas não comprometidas, segundo Silva (2009, p. 38): [...] aquelas que atendem riscos de eventos aleatórios futuros. O cálculo baseia-se na apropriação dos prêmios pela competência, com base nas apólices em vigor na data do cálculo. A provisão de prêmios não ganhos (PPNG) é constituída para a cobertura de sinistros a ocorrer. Nessa cobertura devem ser consideradas as indenizações e despesas relacionadas ao longo dos prazos a decorrer e aos riscos vigentes na data-base de cálculo. A provisão de riscos decorridos tem por objetivo cobrir os sinistros já ocorridos e ainda não avisados, onde o prêmio será pago mensalmente e 50% da receita de prêmios correspondentes ao mês de constituição da provisão. A provisão matemática é constituída trimestralmente e refere-se a compromissos relativos aos contratos de seguro de vida individual em vigor. O cálculo da provisão deve ser efetuado pro rata die tomando por base as datas de início e fim de vigência do risco. 18 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária Segundo a Susep: [...] Sob a ótica atuarial, a Provisão de Prêmios Não Ganhos (PPNG) representa o valor esperado a pagar relativo a despesas e sinistros a ocorrer. Na prática, a provisão se relaciona diretamente ao valor do prêmio registrado na contabilidade, e se caracteriza pelo diferimento dos prêmios utilizados como base de cálculo. Como forma de simplificação, determinou-se a utilização do diferimento linear desses valores como regra para a constituição da provisão (BRASIL, 2016, p. 5). A provisão matemática, de acordo com Conselho Nacional de Seguros Privados Resolução CNSP no 281 de 2013 pode ser dividida em: Provisão Matemática de Benefícios a Conceder (PMBAC), que deve ser estruturada em regime financeiro de capitalização, por plano ou por produto, men- salmente. O contrato determinará quais premissas serão utilizadas para o cálculo. A provisão deverá ser feita antes da ocorrência do fato gerador do benefício. A Provisão Matemática de Benefício Concedido (PMBC) deverá abranger o valor dos compromis- sos assumidos pelos resseguradores locais, nos contratos em que forem aplicáveis, com vistas à garantia dos benefícios ressegurados, cuja percepção já tenha sido iniciada. 4.4.3 Fundo de garantia de retrocessões Em 1941, por meio Decreto-Lei no 3.784 de 30 de outubro, houve regulamentação e aceitação das retrocessões do Instituto de Resseguros do Brasil, sendo obrigatório por parte das sociedades de seguros, nacionais e estrangeiras que estivessem operando no país, O Fundo de Garantia de Retrocessões deverá ser calculado com base no lucro que as operações de retrocessões do IRB trouxerem para a sociedade, respondendo pelas responsabilidades que ocorrerem nas operações de retrocessões mantidas com o instituto. Sua constituição é semestral e corresponde a 15% do lucro. Deverá ser incluída também a despesa de 10% dos prêmios retro- cedidos, como custo de administrações. A apuração de resultado é feita em separado por ramo de seguro ou modalidade de seguro. 4.4.4 Fundo de garantia operacional As empresas seguradoras possuem suas provisões técnicas. Mas elas precisam também de um fundo que garanta os direitos dos clientes. Por isso foi criado o Fundo de Garantia Operacional, que tem por objetivo garantir a estabilidade das retrocessões que são feitas pelo IRB. O per- centual de contribuição para a garantia operacional é 3% dos prêmios líquidos que lhe forem retrocedidos, excedentes únicos ou consórcios com liquidação mensal dos saldos. Inicialmente, a Previdência Privada surgiu no século XIX, por meio da criação de um mon- tepio destinado ao servidores federais, cujo nome era Mongeral. Este montepio oferecia a possibilidade de ser facultativo e podia também ser mútuo. A regulamentação da Previdên- cia Social ocorreu por meio da Lei no 4.682, de 24 de janeiro de 1923 (BRASIL, 2016). VOCÊ SABIA? 19 4.4.5 Cobertura das provisões técnicas e limites operacionais Há uma preocupação das seguradoras em verificarem e oferecerem o seguro de acordo com o risco. Cada vez mais as seguradoras estão se especializando para oferecer o produto certo ao cliente, de acordo com o risco exposto. É o Conselho Monetário Nacional que determina às seguradoras de que forma serão cobertas as provisões. As aplicações podem ser feitas em títulos do Tesouro Nacional, em imóveis ou por meio do BancoCentral. Segundo o Decreto-Lei no 37 de 21 de novembro de 1966, há necessidade de registrar na Susep os bens garantidores de reservas técnicas e fundos, não podendo ser alienados nem prometidos para alienação, ou de qualquer forma gravados sem a prévia autorização da Susep. Quando houver garantia de imóvel oferecido para provisões técnicas, o valor não poderá ex- ceder ao valor da aquisição juntamente com as despesas acessórias. Essas despesas acessórias referem-se ao imposto de transmissão, escritura e registro e comissões de corretagem. Os limites operacionais referem-se à responsabilidade que o segurador terá em relação ao risco assumido. A Circular da Susep no 306 de 17 de dezembro de 2005 informa que têm direito ao seguro popular os proprietários de automóveis pelo tempo de 7 a 15 anos. As estatísticas mos- tram que as mulheres têm menos acidentes que os homens. Alguns critérios são adotados para se operacionalizar o seguro: a faixa etária, onde se deixa o carro, onde ele está exposto. O seguro de riscos tem alguns pré-requisitos como verificação da poluição, guerras, poluição de rios e mares. Há uma divisão de riscos. Os riscos ordinários são aqueles que podem ser segu- rados; os riscos chamados extraordinários são aqueles que não se submetem a uma estatística regular por não poderem ser controlados, ou pela imprevisibilidade da situação. Portanto, deve- -se levar em conta que, muitas vezes, não é possível se obter o seguro. Figura 3 – Critérios e estatísticas determinam a concessão dos seguros. Fonte: Nonwarit, Shutterstock, 2016. Segundo o Art. 1o da Resolução CNSP 085/2002, há necessidade de se estabelecer critério para o cálculo do Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) das sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e entidades abertas de previdência complementar organizadas sob a forma de sociedade anônima. O limite técnico está relacionado ao percentual fixado por ramo de seguro. Dependendo do limite operacional esse percentual pode ficar entre 10% e 100%. O limite opera- cional e o limite técnico precisam de aprovação do Instituto de Resseguros do Brasil e da Susep, respectivamente, de seis em seis meses. Os itens no Quadro 4 mostram o valor máximo da responsabilidade que a companhia terá a possibilidade de reter. O risco isolado está e 3% do ativo total. O patrimônio líquido ajustado para menos ou para mais, apresenta o ativo líquido. 20 Laureate- International Universities Fundamentos de Atuária PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO (PLA) – art. 2o da resolução 085/2002 I – adições a) Receitas de exercícios futuros, efetivamente recebidas II – deduções a) O valor das participações diretas ou indiretas em sociedades seguradora, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência complementar organizadas sob a forma de sociedade anônima, sociedades resseguradoras, operadoras de planos de saúde, bancos e demais instituições financeiras, atualizada pela efetiva equivalência patrimonial; b) 50% do valor das participações acionárias diretas e indiretas em empresas coligadas e controladas de outras atividades, atualizadas pela equivalência patrimonial; c) despesas de exercícios futuros efetivamente despendidas; d) despesas antecipadas; e) os critérios tributários decorrentes de prejuízos fiscais de imposto de renda e bases negati- vas de contribuição social; f) marcas e patentes; g) imóveis rurais h) ativo diferido; e i) direitos e obrigações relativos a operação de sucursais no exterior. Quadro 4 - Patrimônio líquido ajustado. Fonte: Resolução CNSP 085/2002. Quando houver insuficiência do PLA, o prazo para o procedimento de ajustamento requerido será de 18 meses, de acordo com Art. 4o da Resolução 085/2002. Esses procedimentos deverão ser feitos pelas sociedades seguradoras, sociedade de capitalização ou entidade aberta de pre- vidência complementar organizada sob a forma de sociedade anônima. 21 Síntese Caros estudantes, chegamos ao final dos estudos relativos à atuária. De forma resumida, neste capítulo você teve a oportunidade de: • entender os esquemas contábeis de companhias seguradoras; • identificar as provisões técnicas comprometidas e não comprometidas; • perceber a necessidade de uma provisão técnica; • conhecer o fundo de garantia operacional, a cobertura das provisões técnicas e os limites operacionais. Síntese 22 Laureate- International Universities Referências BRASIL. Senado da República. Decreto-lei n. 3.784 de 30 de outubro de 1941. Regula a aceitação das retrocessões do Instituto de Resseguros do Brasil. Disponível em: <http://legis. senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?numero=3784&tipo_norma=DEL&data=19411 030&link=s>. Acesso em 29 maio 2016. ______. Susep Capitalização, 2016. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/informaco- es-ao-publico/planos-e-produtos/capitalizacao>. Acesso em: 23 maio 2016. ______. Susep Previdência Complementar, 2011. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/ menu/informacoes-ao-publico/planos-e-produtos/previdencia-complementar-aberta>. Acesso em: 23 maio 2016. ______. Susep. História do seguro, 1997. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/a- -susep/historia-do-seguro>. Acesso em: 17 jul. 2016. ______. Susep. Resolução CNSP n. 085, de 2002. Dispõe sobre as normas contábeis a serem observadas pelas sociedades seguradoras, resseguradoras, de capitalização e entidades abertas de previdência complementar, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.susep.gov. br/textos/resolucao-086>. Acesso em: 27 maio 2016. ______. Susep. Resolução CNSP n. 085, de 2002. Dispõe sobre o Patrimônio Líquido Ajusta- do – PLA exigido das sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e entidades aber- tas de previdência complementar organizadas sob a forma de sociedade anônima, e dá ou- tras providências. Disponível em: <http://www2.susep.gov.br/bibliotecaweb/docOriginal. aspx?tipo=1&codigo=32140>. Acesso em: 24 maio 2016. ______. Susep. Resolução CNSP n. 281, de 2013. Institui regras para a constituição das provi- sões técnicas das sociedades seguradoras. Disponível em: <http://www2.susep.gov.br/bibliote- caweb/docOriginal.aspx?tipo=1&codigo=30626>. Acesso em: 29 maio 2016. ______. Susep. Circular n. 483, 6 de janeiro, 2014. Dispõe sobre alterações das Normas Con- tábeis a serem observadas pelas sociedades seguradoras, sociedades de capitalização, entidades abertas de previdência complementar e resseguradores locais, instituídas pela Resolução CNSP n. 086, de 3 de setembro de 2002. ______. Susep. Modelo de contabilização das operações de seguros, resseguros, de capitaliza- ção e entidades abertas de previdência complementar. Anexo III, 2016. Disponível em: <www. susep.gov.br/textos/anexo3.doc>. Acesso em: 29 maio 2016. ______. Susep. Provisões técnicas, 2007. Orientações ao mercado de seguros, previdência complementar aberta, capitalização e resseguro local. Disponível em: <http://www.susep.gov. br/setores-susep/cgsoa/copra/arquivos-copra/orientacoes/versoes-anteriores/Orientacoes%20 sobre%20Provisoes%20-%20Versao%20Atual%20-%2031%20-%2007%20-%202013.pdf>. Acesso em: 26 maio 2016. ______. Susep. Circular n. 517, de 30 de julho de 2015. Dispõe sobre provisões técnicas; teste de adequação de passivos; ativos redutores; capital de risco de subscrição, crédito, ope- racional e mercado; Disponível em: http://www2.susep.gov.br/bibliotecaweb/docOriginal. aspx?tipo=1&codigo=35656. Acesso em 26 maio 2016. Bibliográficas 23 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00. Estrutura conceitual para elabora- ção e divulgação de relatório contábil-financeiro, 2011. Disponível em: <http://static.cpc. mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 29 maio 2016. ______. CPC11. Seguros, 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos- Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=42>.Acesso em: 29 maio 2016. CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS. Resolução CNSP n. 120, 2004. Aprova as normas para constituição das provisões técnicas das sociedades seguradoras, entidades abertas de previdência complementar e sociedades de capitalização. Disponível em: <http://www.ieprev. com.br/UserFiles/File/resol120.pdf>. Acesso em: 25 maio 2016. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE. Dia do Profissional de Contabilidade. CRC, São Paulo. João Lyra. Disponível em: http://www.crcsp.org.br/portal_novo/profissao_contabil/dia_ contabilista.htm. Acesso 29 maio 2016. LUCCAS FILHO, Olívio. Seguros: fundamentos, formação de preço, provisões e funções biométricas. São Paulo: Atlas, 2011. O CORRETOR. Direção e Roteiro: Atom Egoyan. Egito, 1991. DVD, 102 min. OLIVEIRA, Assizio. Controle interno e gestão de riscos no mercado segurador brasileiro. 2. ed. Curitiba: Livros Técnicos, 2015. PACTO de sangue. Direção: Billy Wilder. EUA, 1944. DVD, 167 min. PARASKEVOPOULOS, Alexandre; MOURAD, Nabil Ahmad. IFRS 4: introdução à contabilidade internacional de seguros. São Paulo: Saraiva, 2009. SILVA, Affonso. Solvência das seguradoras. Estudos Funenseg, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em <file:///C:/Users/Qbex/Downloads/Estudo%20Funenseg%2019.pdf>. Acesso em: 29 maio 2016. ______. Controles Internos das Seguradoras. Estudos Funenseg, Rio de Janeiro, 2008. Dispo- nível em: <https://www.funenseg.org.br/arquivos/estudos_funenseg_18_2.pdf>. Acesso em: 16 maio 2016.
Compartilhar