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Caderno Direito Penal I - Daniela Portugal FBDG

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Beatriz Lago Rosier
Faculdade Baiana de Direito
DIREITO PENAL I
Prof. Daniela Portugal
Conceitos Fundamentais
Conceito: Conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes – pena e medida de segurança.
Direito penal comum X complementar X especial
Direito penal comum: Normas cuja sociedade é destinatária de uma maneira geral. Dentro do Código Penal. 
Complementar: A sociedade continua sendo destinatária, mas é uma legislação extravagante, constituída pelos demais diplomas legais que não se encontram no Código Penal. Legislação extravagante, cuja destinatária é a sociedade. 
Especial: É uma especificação, um complemento do direito comum, com um corpo autônomo de princípios, com espirito e diretrizes próprias. Destina-se a um grupo específico de sujeitos, não a coletividade de maneira geral. Ex: Código Penal Militar
Direito penal substantivo X adjetivo
Substantivo: É o Direito Penal propriamente dito, constituído tanto pelas normas que regulam os institutos jurídicos-penais, definem as condutas criminosas e cominam as sanções correspondentes, como pelo conjunto de valorações e princípios jurídicos que orientam a aplicação e interpretação das normas penais. 
Resumo: É o Direito Penal propriamente dito, constituído pelas pelos institutos jurídicos penais. 
Adjetivo: É o Direito Processual, que tem a finalidade de determinar a forma como deve ser aplicado o Direito Penal.
Ciências auxiliares 
Disciplinas que dialogam entre si em pé de igualdade.
Direito penal objetivo X subjetivo 
Objetivo: Conjunto de normas penais positivadas, isto é, constitui-se do conjunto de preceitos legais que regulam o exercício do jus puniendi pelo Estado, definindo crimes e cominando as respectivas sanções penais. 
Resumo: É o conjunto de normas penais, que regulam o exercício do direito subjetivo.
Subjetivo: É o direito de castigar, o jus puniendi, cuja titularidade é exclusiva do Estado. Existem exceções em que o Estado confere o exercício de violência ao particular, como a legítima defesa.
Ciências Penais
Criminologia: É o estudo das causas e origens do crime. 
Etiológica ou tradicional (século XIX)
Lombroso: Traz a ideia do criminoso nato – essa condição é atávica (inerente) a ele. Traz medidas de antecipação penal (medida de segurança) – se a pessoa possui características de criminosos natos, vai ser presa antes mesmo de cometer um crime. Influenciado pelo Evolucionismo de Darwin. No Brasil, temos o médico Nina Rodrigues, que se volta contra o negro e o índio. Pensamento silogístico: “se todas as pessoas que estão presas têm tais características, todas as pessoas que tem essas mesmas características vão ser criminosas, independente de terem cometido um crime ou não. 
Crítica ou radical (século XX)
Criminologia Marxista: O direito segue uma lógica econômica. São os ricos e brancos que criam as leis. 
Teoria criminológica do conflito: Uma sociedade não se constrói do consenso, mas sim do conflito social. Esse conflito se reflete nas normas pois apenas uma pequena parte da sociedade é quem constrói as normas e não toda a sociedade. As normas desde o princípio são criadas para beneficio dos ricos e poderosos. Por conta da desigualdade no processo de criação das normas, esse conflito que existe no plano fático passa a existir também no plano legal. 
Teoria do etiquetamento (Labbeling Approach): A origem do crime se dá quando o legislador etiqueta uma conduta como sendo uma conduta criminosa. É o processo de criminalização da conduta. A criminalidade não é uma propriedade inerente a um sujeito, mas uma “etiqueta” atribuída a certos indivíduos que a sociedade entende como delinquentes. O Estado não pensa em criminalizar uma conduta por si só, mas sim a quem essa criminalização vai atingir. É uma teoria que nega o universalismo lombrosiano, pois uma conduta pode ser crime em um país e não em outro. 
Criminalização primária: Processo de tipificação de condutas enquanto criminosas. Quem aplica é o Poder Legislativo.
Criminalização secundária: É quando o Estado, por meio das agências estatais de controle, escolhe quem ele quer investigar. Exemplo: liberar um rico com 1kg de maconha ou prender um negro pobre com 0,5kg de maconha.
Criminalização terciária: É pós cumprimento de pena. O sujeito que foi preso nunca vai deixar de ser um criminoso. É processo de estigmatização desse sujeito criminoso. 
Seletividade penal: O Estado escolhe quem são os criminosos, quem ele quer investigar, o Estado escolhe a sua clientela.
Política Criminal
Lei e ordem e tolerância zero: Implementação nos Estados Unidos da América com o propósito de combater a crescente criminalidade, especialmente em grandes cidades. Trata-se de movimento segundo o qual novos tipos penais devem ser criados e os tipos penais já existentes devem ser aplicados com rigor para o efetivo restabelecimento da ordem. Tem que punir o mínimo para que as pessoas não queiram punir o máximo. 
Ex: punir por um roubo de caneta para que a pessoa não queira roubar um estojo depois. Não tolera a mínima conduta que poderia ser criminosa. Gera um superencarceramento.
No Brasil: a lei dos crimes hediondos – crimes que são vistos pelo Direito Penal de uma forma mais severa. Ex: racismo – é um crime que não permite fiança. Não permitia progressão de regime – fechado para semiaberto, por exemplo, mas agora permite pois cortava a garantia penal.
Minimalismo e abolicionismo
Minimalismo: A pena é irracional, mas é necessária em alguns casos. Devem proteger apenas os bens jurídicos mais importantes. 
Abolicionismo: O direito penal não funciona, não tem como funcionar, não tem como ser corrigido, então não deve existir. Existem outras formas sem ser a pena privativa de liberdade. Não consegue entender a lógica de colocar uma pessoa em uma caixa e ela, por magica, se integrar com a sociedade. Criação de alternativas para o processo de Justiça Criminal, de natureza legal ou não-legal, propondo a criação de microrganismos sociais baseados na solidariedade e fraternidade, com vistas à reapropriação social dos conflitos entre agressores e ofendidos e a criação espontânea de métodos ou formas de composição.
Justiça Restaurativa: É um processo colaborativo voltado para resolução de um conflito caracterizado como crime, que envolve a participação maior do infrator e da vítima. A mediação vítima-ofensor consiste basicamente em colocá-los em um mesmo ambiente guardado de segurança jurídica e física, com o objetivo de que se busque ali acordo que implique a resolução de outras dimensões do problema que não apenas a punição, como, por exemplo, a reparação de danos emocionais. Tenta trazer uma conciliação entre o autor e a vítima, uma conversa entre eles. Traz de volta a voz da vítima. 
Direito Penal do Inimigo: Suspensão de certas leis justificada pela necessidade de proteger a sociedade ou o Estado contra determinados perigos. Quem comete crimes contra o Estado (terrorismo, crime contra a administração pública) deve ser tratado de forma diferente, não merece garantias penais, deve ser tratado como inimigo do Estado. 
Vitimologia X Vitimodogmática
Vitimologia: Estuda a relação da vítima com a origem do crime. É a culpabilização da vítima, foi a vítima quem fez ocorrer o delito. 
Processo de vitimização:
Vitimização primária – a vítima sofre o crime.
Vitimização secundária – o Estado não oferece o amparo necessário à vítima. Ela revive o sentimento
Vitimização terciária – a sociedade passa a culpar e julgar a vítima.
Autovitimização – a vítima começa a internalizar o discurso do Estado e da sociedade e passa a achar que ela tem culpa do delito sofrido.
Vitimodogmática: É o conjunto das abordagens feitas pelos penalistas que põem em relevo todos os aspectos do direito penal em que a vítima é considerada. Vitimodogmática é uma serie de postulados vitimológicos na qual se estuda o comportamento da vítima em face do crime — mais especificamente, sua contribuição para que este ocorresse.
Direitopenal e neurociências 
A escola clássica fala sobre o livre arbítrio – todo mundo é livre e o criminoso deve ser punido pois ele escolheu livremente cometer um crime. Já as escolas positivas fala sobre o determinismo – os seres humanos não são livres, são determinados a cometer os crimes. No caso das escolas modernas, não se sabe ao certo. Experimento de Libet: impulso do dedo, estimulo do cérebro, movimento do dedo. Faz pensar que o livre arbítrio é uma ilusão, que pensamos que escolhemos algo livremente, mas o nosso inconsciente já havia determinado para mim.
Criminologia feminista: É um novo paradigma, trata sobre o lugar de fala da mulher, que, no direito penal, é praticamente inexistente. Trata sobre questões como a maternidade (hipermaternidade dentro da cela e depois isso é cortado, tendo uma hipomaternidade), abandono das mulheres na prisão. Fatores decisivos no processo de culpabilização e vitimização. 
Evolução Histórica
Introdução: 
As principais doutrinas dividem a evolução do direito penal em 3 momentos de vingança. 
Vingança divina: A repressão ou o castigo do infrator era considerado uma satisfação às divindades pela ofensa ocorrida no grupo social. O castigo era aplicado, por delegação divina, pelos sacerdotes, com penas cruéis, desumanas e degradantes. Eram modelos onde a sociedade confunde estado e religião. 
Vingança Privada: Começa a separação entre estado e igreja, 
Tribo X tribo: Disputa entre grupos étnicos e civilizações no sentido coletivo. Não existia ainda uma separação entre indivíduo e coletivo. 
Indivíduo X indivíduo: A ideia vai se individualizando. Lei do talião (olho por olho, dente por dente). Começa a separação entre crimes de ordem privada e crimes de ordem pública.
Vingança Estatal: Estado e igreja já estão completamente separados. Os estados começam a colocar em prática o seu poder de punir (Jus Puniendi). Não existe mais uma conversa entre o autor e a vítima. Surgimento do direito penal comum: é um direito que incide entre todos os indivíduos, é a imposição de uma legislação para toda a sociedade. 
Direito Canônico
O Direito Canônico contribuiu para o surgimento da prisão moderna. A Igreja continua punindo os seus clérigos, mas começa a ter um processo de humanização da pena. As ideias de fraternidade, redenção e caridade da Igreja foram passadas ao direito punitivo, procurando corrigir e reabilitar o delinquente. Individualização da pena conforme o caráter e o comportamento do réu. Pena privativa de liberdade – penitência, arrependimento, expiação da culpa e perdão. A Igreja dizia que o cumprimento da pena expia, ou seja, zera a culpa. 
Período humanitário 
Começa com a Revolução Francesa, onde o direito fundamental desse período era a liberdade humana. O Estado começa a trabalhar com a pena de privação de liberdade, que já vinha acontecendo no Direito Canônico. É um processo de humanização pois, ao trabalhar com a prisão-pena (antes existia apenas a prisão-processo), as sanções corporais, aflitivas e as penas de morte vão, aos poucos, sendo deixadas de lado.
Escolas Penais
Escola Clássica (XVIII – Revolução Francesa)
Os principais pontos são a humanização e o reequilíbrio da pena e a liberdade do indivíduo. O principal expoente dessa escola foi Cesare de Beccaria.
Princípios (Beccaria):
Proporcionalidade: equilíbrio entre a pena e o crime. 
Utilidade: o justo tem que ser útil, se é justo a aplicação de uma sanção mais grave para um crime, é isso que tem que se utilizar. 
Necessidade: a pena deve ter absoluta necessidade.
Presunção de inocência: todos são inocentes até que se prove o contrário.
In dubio pro reo: em casos de dúvidas, favorecer sempre o réu.
Dignidade humana: pena de privação de liberdade. 
Momento teórico- filosófico X ético-jurídico
A Escola Clássica se dividiu em dois grandes períodos:
Momento teórico-filosófico (iluminismo): pretendeu adotar um Direito Penal fundamentado na necessidade social.
Momento ético-jurídico (jusnaturalismo): a metafisica jusnaturalista passa a dominar o Direito Penal. 
Livre-arbítrio: a pessoa comete o crime pois ela escolheu fazer aquilo.
Dissuasão: a pena é aplicada a um sujeito como forma de dissuadir os demais. 
Retribuição X Prevenção: prevenção é dissuasão, retribuição se refere a pessoa ser castigada pelo crime que ela cometeu.
Escola Positiva (século XIX)
Surge num contexto de acelerado desenvolvimento das ciências sociais. Necessidade de defender o corpo social contra a ação do delinquente, priorizando os interesses sociais em relação aos individuais. A aplicação da pena passa a ser concebida como uma reação natural do organismo social contra a atividade anormal dos seus componentes.
Fase Antropológica: Lombroso
Traz a ideia do criminoso nato – anomalias constituiriam um tipo antropológico específico. A constituição física de um delinquente o identificava. Traz medidas de antecipação penal (medida de segurança) – se a pessoa possui características de criminosos natos, vai ser presa antes mesmo de cometer um crime. Trouxe para as ciências criminais a observação do delinquente através do estudo indutivo-experimental.
Fase sociológica: Garofalo
Traz a ideia de periculosidade – o quão perigoso é o criminoso. A prevenção da pena especial como fim da pena – a intenção da pena é prevenir que outras pessoas cometam um crime. Aplicação da pena de morte para os delinquentes que não tem possibilidade de reabilitação, como seriam os casos dos criminosos natos, por exemplo.
Fase jurídica: Ferri
A inexistência do livre-arbítrio, a pena não se impunha pela capacidade de autodeterminação da pessoa, mas sim por ser membro de uma sociedade. Contrariando a doutrina de Lombroso e Garofalo, Ferri acreditava que a maioria dos delinquentes era sim readaptável. 
Aspectos principais da Escola:
A responsabilidade social deriva do determinismo; o delito é um fenômeno natural e social; a pena é um meio de defesa social, com função preventiva; o método indutivo experimental.
Contribuições da Escola:
Preocupação com o delinquente e com a vítima; melhor individualização da pena; conceito de periculosidade; medida de segurança, suspensão condicional da pena e livramento condicional.
Escola Moderna alemã e Terceira Escola Italiana (séculos XIX e XX)
Terceira Escola Italiana (Manuel Carnavale)
Traz o princípio da responsabilidade moral e a consequente distinção entre imputáveis e inimputáveis. 
Imputáveis e inimputáveis - determinismo biopsicológico: o homem é determinado pelo motivo mais forte, sendo imputável quem tiver capacidade de se deixar levar pelos motivos. A quem não tiver tal capacidade deverá ser aplicada a medida de segurança, e não pena.
O fim da pena é a defesa social.
Escola Moderna Alemã (Von Liszt)
Programa de Marburgo.
Finalidade do Direito Penal: O Direito Penal deve ter uma utilidade, um efeito útil.
Função finalística da pena: A pena justa é a pena necessária.
Duplo binário: Fala sobre imputáveis e inimputáveis, mas se a aplica a pena e a medida de segurança.
Eliminação ou substituição de penas de curta duração: Procura incessante de alternativas às penas privativas de liberdade de curta duração. 
Garantismo penal
Base Teórica: Finalidade da pena: protege o réu do Estado, mas também a sociedade do criminoso.
Definição: É um sistema de proteção aos direitos fundamentais, que vai proibir punições exacerbadas. 
Origem: Iluminismo (base filosófica) e liberalismo (base política).
Modelo Penal minimalista e axiomas: O garantismo é fruto de um modelo penal minimalista, onde deve haver intervenção mínima do Estado em prol da liberdade humana. Axiomas de Ferrajoli: são princípios encadeados de forma logica, derivando logicamente um do outro, criando um sistema de aplicação da pena. 
Sistema convencional: Toda lesão é surgida da ação humana. Não existem condutas criminosas e o conceito de justiça é baseado no garantismo penal. 
Meio, não um fim: O garantismo penal é um meio para a criação de uma proteção da violência, necessitando de uma democracia que assegurea dignidade humana e outros direitos fundamentais. Para Ferrajoli, a intervenção penal é legitimada desde que as garantias sejam respeitadas. É um minimalismo enquanto fim, que defende a manutenção do direito penal, mas mínimo. 
Princípios penais
Legalidade 
Art. 1º do CP: “não há crime sem lei (reserva legal) anterior (anterioridade penal) que o defina (taxatividade), não há pena sem prévia determinação legal.”
Ninguém pode ser punido por algo que não está na lei. 
Reserva legal: a lei possui sentido formal e material.
Anterioridade: a lei que criminaliza uma conduta precisa ser anterior a ela. A nova lei em prejuízo é irretroativa. 
Taxatividade: o texto da lei precisa ser claro quanto a conduta que ele quer criminalizar, sem espaços para interpretação. 
Normas penais em branco: são todas as normas que precisam de complemento para que possuam aplicabilidade. São constitucionais desde que necessitem de complemento, tenham verbo incriminador e pena.
Homogêneas: a norma e a complementação têm a mesma hierarquia. 
Homovitelinas: mesma hierarquia, mesmo diploma jurídico.
Heterovitelinas: mesma hierarquia, diferentes diplomas jurídicos.
Heterogêneas: a complementação tem hierarquia inferior à norma. 
Invertidas: a sanção precisa de complemento.
Fragmentariedade e subsidiariedade
Teoria do bem jurídico: quando um bem existencial começa a entrar em conflito é necessário dar a ele um ordenamento jurídico. 
Fragmentariedade: O Direito Penal tutela os bens jurídicos mais importantes dos outros ramos do direito. Tudo o que está regulado no Direito Penal antes já era um ilícito em outro ramo. 
Subsidiariedade: O direito penal é a última ratio – a criminalização de uma conduta depende da demonstração prévia da necessidade de uma dupla proteção. 
Lesividade e ofensividade
O direito penal só vai intervir diante de uma lesão ou um perigo concreto de lesão a um bem jurídico. 
Tipos penais de perigo abstrato: autorizam a tutela penal mesmo quando não incorrem em lesão ou perigo concreto de lesão, pois, em tais espécies, o perigo não precisa concretamente existir por estar presumido pelo legislador. Exemplo: dirigir embriagado - O tipo penal não exige a lesão ou a morte de alguém, e não prevê que seja demonstrado que alguém foi exposto a um risco concreto pelo veículo dirigido pelo condutor embriagado. Descreve apenas um comportamento e determina a aplicação da pena, independente do resultado.
Insignificância 
São crimes cometidos com muito pouco potencial ofensivo. O Direito Penal não pode intervir em crimes com lesões insignificantes. Os requisitos mínimos são:
Mínima ofensividade da conduta (conduta): não pode envolver violência ou ameaça grave à pessoa. (roubo não entra no princípio da insignificância).
Inexpressividade da lesão (vítima): analisa o patrimônio da vítima para ver o efeito da conduta. Por exemplo, um roubo de 1000 reais em um estagiário não é insignificante, mas se fosse com um milionário seria. 
Reduzido grau de reprovabilidade (agente): analisa se a pessoa tem antecedentes.
Ausência de periculosidade social (sociedade): analisa se a conduta trouxe um risco a sociedade. 
Não se aplica para crimes com porte de arma, nem violência doméstica, nem para crimes contra a Administração Pública, nem para tráfico, nem para furtos qualificados.
Furto insignificante: teve furto, mas vai para o princípio da insignificância.
Furto de pequeno valor: teve furto de pequeno valor, mas não vai para o princípio. 
Para o porte ou consumo de drogas, depende muito de quem está usando. 
Adequação social
Não se condena uma conduta que é aceita socialmente. É uma conduta que também exclui a tipicidade.
Individualização da pena
Levar em consideração todas as particularidades da conduta e do sujeito quando aplicar a pena. Um juiz não pode aplicar uma pena “em bloco”.
Humanidade das penas
Não haverá penas: de morte, caráter perpétuo, banimento, trabalhos forçados ou cruéis. 
Proporcionalidade 
Analisa se as medidas tomadas pelo Estado foram proporcionais ou não.
Adequação: se a medida é apta a responder.
Necessidade: se a medida é necessária.
Proporcionalidade: se o grau de benefício compensa o grau de sacrifício.
Responsabilidade pessoal
Ninguém pode ser criminalizado pela conduta de terceiros.
Responsabilidade subjetiva
A responsabilização penal deve sempre passar antes pela análise dos elementos subjetivos do agente, se a conduta foi dolosa (com intenção) ou culposa (sem intenção, foi descuido). Todos os tipos penais são, em regra, dolosos, até que se prove o contrário.
Confiança 
A quebra de confiança no exercício de determinado papel social fundamenta a responsabilização penal a fim de que se reestabeleça a expectativa social abalada. 
Autorresponsabilidade
Princípio vitimodogmático. O titular do bem jurídico que se comporta de modo negligente ou arriscado para com o seu bem não pode ser considerado sujeito passivo de um crime. É errado um juiz deixar de punir um criminoso por conta da conduta da vítima.
“Ne bis in idem”
Veda a dupla punição e o duplo processamento em virtude de uma mesma circunstância. 
Publicidade 
Garantia processual penal que forma o regime democrático e garantista. Deve ser interpretada pró réu.
“In dubio pro reo”
Em casos de dúvida é necessário sempre favorecer o réu. 
Funções da Pena
Teoria absoluta ou retributiva
Concebe a pena como um castigo, uma retribuição ao mal causado através do delito, de modo que sua imposição estaria justificada pelo valor de punir o fato passado, sem nenhuma utilidade além disso. A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um mal, que é a pena, e o fundamento da sanção estatal está no questionável livre arbítrio, entendido como a capacidade de decisão do homem para distinguir o justo e o injusto. Exemplo: Lei do Talião – olho por olho, dente por dente.
Kant (ordem ética): a pena deve ser aplicada pelo simples cometimento do delito, pela violação do direito. O homem deve ter uma conduta moral e se ele fere essa conduta, a pena deve ser aplicada a ele, sem nenhuma consideração sobre a utilidade da pena para ele ou para os demais da sociedade. 
Hegel (ordem jurídica): “a pena é a negação da negação do Direito” - considerando o delito uma violência contra o direito, a pena é a violência que anularia a primeira, reafirmando o ordenamento jurídico.; a pena encontra sua justificação na necessidade de reestabelecer a vigência da “vontade geral”, simbolizada na ordem jurídica e que foi negada pela vontade do delinquente. 
Teoria relativa ou preventiva
A pena se justifica, não para retribuir o fato delitivo cometido, mas, sim, para prevenir a sua prática. A pena passa a ser concebida como meio para o alcance de fins futuros e a estar justificada pela sua necessidade: a prevenção de delitos. 
Função geral – para a sociedade: quando um sujeito pensa em cometer um crime, o que vai desestimular ele é a pena (cominada e aplicada).
Positiva: aponta o bem jurídico que deve ser protegido.	
Negativa: aponta a conduta que deve ser evitada. 
Exemplo: Homicídio – o bem jurídico a ser protegido é a vida e a conduta a ser evitada é a de matar alguém. 
Função especial – para o indivíduo: busca prevenir que a pessoa cometa novos crimes.
Positiva: ressocialização – o criminoso repensa o crime. 
Negativa: neutralização – a pessoa fica fora da sociedade, não comete delitos e não pode ferir a sociedade. OBS: para Lombroso a solução para os criminosos natos seria a pena preventiva negativa. 
Teoria mista ou unificadora da pena 
A pena cumpre função tanto retributiva quanto preventiva. 
Teoria dialética unificadora – Roxin. Defende que a pena cumpre diferentes funções com base na dosimetria da pena – a duração da pena não pode ultrapassar a medida de culpabilidade. 
Pena cominada: abstratamente fixada pelo legislador; tem a função de prevenção geral; limitada pelo princípio da proporcionalidade.
Pena aplicada: voltada para o sujeito que a cumpre; função de prevenção especial; limitada pela culpabilidade do sujeito(o que limita a atuação do juiz é o grau de reprovabilidade da conduta).
Pena executada: função de prevenção especial (é o momento em que o sujeito já está encarcerado); limitada pelo princípio da humanidade das penas (limita o cumprimento das penas privativas de liberdade).
Teoria agnóstica (não legitimadora): 
Zaffaroni – não há justificativa para a pena privativa de liberdade e, justamente por isso, ela só deve ser aplicada em casos de extrema necessidade. Acredita que toda prisão é ato de violência, por isso deve ser aplicada ao menor grupo de casos possíveis. Não acha que a pena vai tornar o indivíduo melhor, ela só vai ser aplicada pois foi necessário no momento. 
Aplicação da lei penal no tempo
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
O momento do crime é o momento da ação ou da omissão, pouco importando o momento do resultado. Isso significa dizer que se, por exemplo, um jovem de 17 anos atirou contra uma pessoa no dia 23/03/18, e no dia 25/03/18 esse jovem completou 18 anos, mas a pessoa só veio a falecer no dia 28/03/18, esse jovem será julgado com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, já que, no momento da ação ele ainda não havia atingido a maioridade penal. 
Irretroatividade X retroatividade
Art. 5º da Constituição – a lei penal não retroagirá, salvo se for para beneficiar o réu. 
Irretroatividade prejudicial (“in pejus”) 
A lei que é maléfica ao réu não pode retroagir. Se o ato for cometido e depois passa a ser crime, a pessoa não passa a ter cometido o crime. Exemplo: homem que ejaculou no ônibus – segundo o art. 61 das leis das contravenções penais, a importunação sexual era considerada contravenção penal, mas em 2018 passou a ser considerada crime, esse homem não pode ser julgado com base na nova lei, pois ela é mais gravosa. 
Ultratividade benéfica da lei revogada - a lei revogada continuará produzindo seus efeitos para crimes praticados durante a sua vigência. Exemplo: Se a pessoa cometeu um crime durante o vigor do art. 61, ela não pode ser julgada, ainda que o artigo seja revogado, com base na lei nova, só pode ser julgada com base no artigo em vigor na época do crime, já que a nova lei é prejudicial ao réu. 
Retroatividade benéfica (“in mellius”)
A lei benéfica ao réu pode retroagir. Se o ato for cometido e depois deixa de ser crime, a pessoa passa a não ter cometido o crime. Exemplo: antiga lei de drogas previa para o usuário pena de prisão de 6 meses a 2 anos // nova lei de drogas prevê, para usuários, advertência, frequência em cursos ou prestação de serviços o julgamento vai ser com base na nova lei de drogas. A retroatividade benéfica da nova lei penal pode acontecer até nos casos de coisa julgada. 
Leis excepcionais e temporárias:
Art. 3º do CP: a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Lei excepcional – vigem durante situações de emergência. Exemplo: guerra.
Lei temporária – a vigência vem previamente fixada pelo legislador. Exemplo: Copa 
Admite-se a ultratividade gravosa das leis excepcionais e temporárias. 
Lei intermediária
Lei que não estava vigendo nem ao tempo do fato delitivo nem no momento da solução do caso. Mesmo assim, por ser mais benéfica ao réu, retroage, se aplicando ao fato, e também ultroage. 
Normas em branco e jurisprudência 
A alteração no tempo do complemento normativo das normas penais em branco deve ser pensada a partir da irretroatividade da inovação gravosa e da retroatividade da inovação benéfica, assim como na jurisprudência. 
Situação A (crime) – a venda de lança perfume é proibida por ser uma droga lícita. Pena = 1 a 2 anos. 
Situação B (julgamento) – lança perfume é droga lícita, mas sua venda não é permitida. Pena = 1 a 5 anos. 
Julgamento: com base na lei vigente na situação A.
Vacatio Legis 
Quando a lei está em vacatio, ainda que seja benéfica, não pode ser utilizada, pois ainda não está vigente. 
O prazo de vacância precisa ser completamente respeitado pois existe a possibilidade de uma norma em vacância ser revogada. 
Combinação de leis 
Situação A (crime): na lei A o crime X tem pena de 1-5 anos. 
Situação B (julgamento): na lei B, o crime X tem pena de 2-4 anos. 
O posicionamento majoritário é que de o juiz deve optar pela lei que seja, na íntegra, mais benéfica ao réu. O STJ editou a súmula 501, obrigando que o magistrado eleja, para cada caso concreto, a lei mais benéfica para que seja aplicada m sua íntegra. 
Súmula 711, STF
Crimes instantâneos X crimes permanentes:
Instantâneos: a consumação se dá em um instante determinado. Exemplo: homicídio.
Permanentes: a consumação se prolonga no tempo, durante o tempo que durar a permanência do crime. Exemplo: sequestro. 
Crimes continuados (art.71 CP): são uma pluralidade de crimes da mesma espécie em circunstâncias semelhantes em tempo, lugar e espaço. 
O entendimento do STF é de que na sucessão de leis no tempo, no curso da permanência delitiva, trabalharemos com a lei vigente no momento em que cessa a permanência ou continuidade, seja ela benéfica ou gravosa. 
A lei A prevê para o furto pena de 1-2 anos, a lei B prevê pena de 2-4, sendo que a mudança ocorre durante a continuidade dos crimes pela súmula, aplica-se a lei B. 
Aplicação da lei penal no espaço
Lugar do crime 
Art. 6º CP: teoria da ubiquidade – considera-se que o crime foi praticado dentro do Brasil quando a ação ou omissão, no todo ou em parte, acontece no Brasil, quando o resultado ocorre no Brasil ou quando o resultado deveria ter ocorrido no Brasil. 
Territorialidade (regra)
Em princípio, só se aplica a lei brasileira a crimes cometidos dentro do Brasil – tanto território natural quanto território por extensão/equiparação. 
Território natural 
Art. 5º CP – território natural é solo, mar territorial, subsolo e todo espaço aéreo correspondente. 
Espaço aéreo brasileiro
Tudo o quanto acima do nosso solo e mar territorial, até o limite da atmosfera, devendo ser obedecidas as normas relativas a voos particulares ou comerciais. 
Mar territorial brasileiro
Região marítima compreendida da linha de borda até o limite de 12 milhas náuticas é soberania absoluta. 
A zona contígua (12 a 24 milhas) e a zona econômica exclusiva (12 a 200 milhas) não são regiões de jurisdição absoluta. 
Direito de passagem inocente: é reconhecido o direito de passagem inocente às embarcações estrangeiras no mar territorial brasileiro, no entanto, essa passagem não pode atentar contra a paz brasileira, e ela compreende excepcionalmente paradas técnicas. Se acontecer um crime nessa passagem ele não será julgado pelo Brasil, a menos que atente contra a paz brasileira. 
Território por extensão/equiparação
Art. 5º CP - consideram-se como extensão do território nacional: 
Embarcações e aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem.
Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
Aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
Princípio da bandeira: exercício de jurisdição nos casos em que a bandeira da embarcação ou aeronave for do Brasil. 
Territorialidade mitigada: a territorialidade brasileira não é absoluta, pois existem crimes praticados dentro do Brasil para os quais a própria lei brasileira excepciona a sua incidência, como no caso de passagem inocente, diplomatas, etc. 
Extraterritorialidade 
Art. 7º CP: é o interesse de, eventualmente, processar e julgar crimes cometidos fora do Brasil. 
Incondicionada (art. 7º, I)
Aplica-se a lei brasileira sem qualquer condicionante, na hipótese de crimes praticados fora do território nacional, ainda que o agente tenha sido julgado noestrangeiro, com fundamento nos princípios de defesa e da universalidade.
Nesses casos, o poder jurisdicional brasileiro é exercido independentemente da concordância do país onde o crime ocorreu. Além disso, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. O art. 8º corrige, de certa forma, isso, já que na hipótese de já ter cumprido pena no estrangeiro, está será abatida de eventual condenação estrangeira. 
Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
Contra a vida: título I, capítulo I, art. 121 a 128 - matar, induzir a suicidar, provocar aborto, infanticídio. 
Contra a liberdade: título I, capítulo VI, art. 146 e seguintes – constrangimento ilegal, ameaça, sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga à escravo, tráfico de pessoas, violação de domicílio, violação de correspondência...
Patrimônio/fé pública da administração direta ou indireta brasileira 
Contra o patrimônio: título II, art. 155 e seguintes: furto, furto de coisa comum, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, extorsão indireta, alteração de limites, dano ...
Contra a fé pública: título X, art. 289 e seguintes: falsificação de moedas, de papeis públicos, de documento...
Contra a administração pública por quem está a ser serviço: 
Título XI, capítulo I, art. 312 e seguintes: peculato, modificação de informações, corrupção passiva...
Genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado
Lei 2889/56 - Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso
Condicionada (art. 7º, II)
Aplica-se a lei brasileira quando satisfeitos certos requisitos, com base nos princípios da universalidade, da bandeira e da defesa. 
Por tratado ou convenção o Brasil se obrigou a reprimir
Princípio da justiça universal ou cosmopolita – permite a punição, por todos os Estados, de todos os crimes que forem objeto de tratados e de convenções internacionais. Aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, sem levar em consideração o lugar do delito, a nacionalidade do autor ou do bem jurídico lesado. 
Por brasileiro
Todos os crimes cometidos por brasileiro, no estrangeiro, vão ter interesse do Brasil em julgar. Pode ser contra um estrangeiro ou não. 
Por embarcações ou aeronaves brasileiras em território estrangeiro que lá não foram julgados
Nesse caso, o agente está sujeito à soberania do Estado onde o crime foi praticado. No entanto, se esse Estado não aplicar a sua lei, é natural que o Brasil o faça, para evitar a impunidade. 
Condições de aplicação da lei brasileira:
Entrada do agente em território nacional: a entrada pode ter sido espontânea ou forçada (extradição) e não impõe a permanência. 
Dupla tipicidade: o fato tem que ser considerado crime tanto no Brasil quanto no estrangeiro. 
Estar o crime incluído entre os que admitem extradição: pena máxima abstrata igual ou superior a 2 anos. 
Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena (inexistir pena ou absolvição no estrangeiro): se o sujeito foi absolvido no estrangeiro, ele não vai ser julgado aqui. 
Por estrangeiro contra brasileiro (extraterritorialidade hipercondicionada):
Princípio da nacionalidade passiva – o que atrai o nosso interesse não é a condição do sujeito ativo, mas sim do sujeito passivo. 
Além das condições gerais (citadas acima), precisa também das condições especiais:
Requisição do Ministro da Justiça 
Não tiver sido pedida ou tiver sido negada a extradição
Aplicação da lei penal com relação às pessoas
Imunidades parlamentares 
Art. 53 da CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Essa imunidade é restrita à opinião, e não a todo e qualquer delito. A imunidade só se mantém dentro do exercício da sua função, ou seja, enquanto o indivíduo for deputado ou senador. Era presunção absoluta de que se o parlamentar estivesse dentro da casa legislativa ele estaria dentro da sua função. Com o caso Bolsonaro X Maria do Rosário, o STF aceitou o caso mesmo sendo dentro da casa parlamentar, entrando em questão essa presunção absoluta. 
Os vereadores estão fora – pelo art. 29 CF, a imunidade se restringe apenas a circunscrição do município – STF entende que se estiverem no exercício da função estão imunes. 
A imunidade processual diz respeito aos aspectos processuais dos parlamentares, como o foro privilegiado, etc.
Delitos imunes: 
Crimes contra a honra: 
Calúnia: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime (precisa estar diante de alguém que já saiba que o crime não acontecer e ainda assim acusa o outro de ter cometido o delito)
Difamação: Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação (não importa se a difamação é verdadeira ou não, basta que seja ofensiva à reputação)
Injúria: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro (importa se a imagem e a dignidade da pessoa ofendida foram feridas)
Crimes de racismo: jurisprudencialmente, membros do congresso podem ser presos por discurso de ódio. 
Art. 4º CF. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Lei 7716/89 - Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Imunidades diplomáticas 
A Convenção de Viena para relações diplomáticas e relações consulares fala sobre essas imunidades. 
Embaixadas e consulados não são território do estado representado. São espaços invioláveis que se mantém como espaço brasileiro. Estado acreditante é o que envia a missão e estado acreditado é o que recebe. 
Imunidades diplomáticas
Artigo 31 - O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa. 
Abrange qualquer delito, mesmo os que não tem relações com o exercício da função. A imunidade diplomática não significa dizer que ele não vai ser processado pelo estado acreditante, mas sim que ele não vai ser processado, julgado e punido pelo estado acreditado. 
Artigo 32 – quem faz a renúncia da imunidade não é o agente diplomático, mas sim o estado acreditante. 
Artigo 37 – a imunidade se estende aos membros da família, membros do corpo administrativo e técnico da missão, desde que não sejam nacionais do estado acreditado. 
Imunidades consulares
Artigo 43 - Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à Jurisdição (...) do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares. 
Artigo 45 - quem faz a renúncia não é o agente consular, mas sim o estado acreditante. 
Artigo 53 - a imunidade se estende aos membros da família, membros da repartição consular, desde que não sejam nacionais do estado acreditado. 
Outras imunidades do Código Penal
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
Norma penal
Classificação 
Incriminadoras: trazem previsão de algum crime. Normalmente estão na parte especial do Código Penal.
Não incriminadoras: não preveem crimes e nem instituem penas. Estão na partegeral do Código Penal. 
Permissivas: autorizam alguma conduta. 
Justificantes: excludentes de ilicitude. Exemplo: artigo 23 do código penal – legítima defesa, estado de necessidade, cumprimento de um dever legal. 
Exculpantes: excludentes de culpabilidade. Exemplo: artigo 22 do código penal – se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou ordem. 
Explicativas: explicam algum conceito. Exemplo: artigo 327 do código penal que explica o que é funcionário público. 
Complementares: versam sobre a aplicação da lei penal. Exemplo: artigo 59 que fala sobre o processo de dosimetria de pena. 
Anomia X antinomia 
Anomia: ausência de norma. 
Antinomia: conflito de normas
Antinomias reais: o juiz tem que julgar para ver qual norma vai prevalecer
Antinomias aparentes: antes mesmo de existirem já estão pré solucionadas pelos critérios de solução (hierárquico, cronológico e da especialidade). No entanto, os critérios penais de solução são outros:
Subsidiariedade: o tipo subsidiário em regra está expresso na própria redação do delito (ou pode ser tacitamente depreendido) e só será usado diante da impossibilidade de punição por tipo mais grave.
Consunção/absorção: o agente, para praticar determinado delito, que é o seu objetivo final, acaba precisando, como meio de execução, praticar outros. Assim, o crime fim prevalecerá sobre o crime meio. A progressão criminosa é quando o agente inicialmente deseja praticar um crime menos grave mas, no curso, muda de ideia e passa a desejar crime mais grave; crime progressivo é quando o agente deseja desde o inicio o crime mais grave, mas durante a execução, precisa realizar crimes menos gravosos a doutrina permite o uso da absorção nos dois casos. 
Pesquisa:
Cabe ou não absorção:
Roubo X porte de arma? Sim 
Homicídio X porte de arma? Sim – desde que comprovado o nexo de dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados em um mesmo contexto fático. 
Embriaguez ao volante X lesão de trânsito? Não – o delito de embriaguez ao volante não se constitui em meio necessário para o cometimento da lesão corporal culposa, sequer como fase de preparação, tampouco sob o viés da execução de crime na direção de veículo automotor. 
Falsificação de documentos X sonegação de tributos? Sim, quando aqueles, mesmo que praticados posteriormente, configurarem crime-meio, perpetrados específica e unicamente para viabilizar a supressão de tributos.
Petrechos (máquina de falsificar moeda) X moeda falsa? Sim
Violação de domicílio X furto? Sim 
Alternatividade: nos tipos mistos alternativos, a redação do delito contém múltiplos núcleos, de maneira que a prática de um ou mais no mesmo contexto caracterizará crime único. 
Pesquisa:
Qual a diferença de tipos mistos alternativos e tipos mistos cumulativos?
Tipos mistos alternativos: as condutas previstas são fungíveis, tanto faz o cometimento de uma ou de outra, porque afetam o mesmo bem jurídico, havendo único delito, inclusive se o agente realiza mais de uma. Neles, o cometimento de mais de uma não resulta em mais de uma incriminação.
Tipos mistos cumulativos: as condutas não são fungíveis porque atingem bens jurídicos distintos em suas titularidades. Poderiam estar descritas em tipos diversos, compondo cada qual um delito, mas, por critério legislativo, são reunidas em um único tipo, pelo que haverá tantos crimes quantas forem as condutas realizadas.
Analogia 
Analogia x Interpretação analógica:
Analogia: não é técnica de interpretação da norma penal. Existe uma situação A que está plenamente regulada pelo direito e uma situação B que não foi regrada pelo direito a analogia vai transpor a regulamentação da situação A para a situação B. 
Interpretação analógica: é uma técnica de interpretação da norma penal. Vai transpor o regulamento da formula exemplificativa para situações semelhantes por conta de uma cláusula que permite isso. 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
II - ter o agente cometido o crime: 
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
Pesquisa:
Como entendem o STF e STJ sobre o gatonet?
STJ – posição mais tendente a conceder a prática como enquadrável no crime de furto.
STF - em face da omissão legislativa, homenageando o ‘Princípio da Taxatividade’, considerou a conduta como ‘atípica’ (ou seja, sem previsão legal), sob o fundamento de que, em tais casos, diferentemente do que ocorre no furto de energia, não se pode falar em subtração, já que o sinal, mesmo com a interceptação, não resta diminuído.
Demais Tribunais - seguindo o entendimento acima, têm adotado a mesma postura – em regra – interpelando que, poder-se-ia até discutir uma possível adequação da conduta na típica figura jurídica do 'furto de sinal' (genericamente falando), todavia – esta hermeneutização do instituto – feriria descaradamente o princípio da tipicidade penal, inclusive porque sequer há uma previsão sancionatória ou punitiva para o ato em si.
Introdução à teoria do delito
Conceito
Legal 
Crimes (delitos): infração penal punica com pena de reclusão (admite o regime inicial fechado) ou detenção (não admite o regime inicial fechado)
Contravenções: infração penal punica com pena de prisão simples (não admite o regime fechado).
Nada impede que um crime se torne contravenção ou vice-versa. O uso de drogas é o único crime que não tem pena de reclusão, detenção de nem de prisão simples. 
Formal: 
Avalia apenas se houve a subsunção (tipo incriminador corresponde a conduta humana).
Material 
Analisa o grau da lesão, a magnitude, a substância, a matéria dessa lesão. Aqui entra o princípio da insignificância, 
Analítico 
Decompõe o delito em partes para analisar todas elas. 
Classificação dos crimes
Quanto ao resultado:
Crimes materiais: São um pouco mais simples, o marco da consumação é o resultado naturalístico. O resultado naturalístico é quando existe a ocorrência do crime no mundo dos fatos; altera a natureza das coisas pois se materializa. Exemplo: homicídio – o resultado naturalístico é a morte. Resultado jurídico é diferente. 
Crimes formais (crimes de consumação antecipada): Existe a diferença entre o resultado naturalístico e o resultado jurídico. O marco da consumação é o resultado jurídico. Exemplo: extorsão – súmula 96 STJ– o marco da extorsão não é a vantagem econômica, mas sim o constrangimento pessoal da vítima. Primeiro momento: consumação (constrangimento) – resultado jurídico. Segundo momento: exaurimento (vantagem) – resultado naturalístico. Todo crime que se consuma tem um resultado jurídico, mas nem todo crime, necessariamente, produzirá resultado natural. 
Conceito: para a consumação basta o resultado jurídico. O resultado naturalístico, se houver, será mero exaurimento. 
Mera conduta: Basta que exista uma conduta. Conceito: para a consumação, basta a materialização da conduta ilícita, independente da ocorrência de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Exemplo: dirigir bêbado, invasão à propriedade privada (ainda que não faça absolutamente nada lá, que não tenha nenhum resultado). O resultado jurídico existe, mas é a conduta em si. 
Quanto à lesividade do resultado 
Dano: Consuma-se com a lesão do bem jurídico. 
Perigo: Consuma-se com a mera exposição do bem jurídico tutelado a uma situação de perigo. 
Perigo concreto: consuma-se com a efetiva comprovação da exposição ao perigo. Exemplo: artigo 132 do código penal. 
Perigo abstrato: consuma-se com a mera prática da conduta (presunção de perigo). Exemplo: tráfico de drogas. 
Quanto ao momento da consumação 
Instantâneo: Consuma-se em um instante preciso. O marco da consumação do homicídio é a morte (falência da atividade cerebral), por exemplo.Permanente: Consumação prolongada no tempo. 
Necessariamente permanentes: precisam de um certo lapso temporal para que o crime se consuma - sequestro. 
Eventualmente permanentes: são condutas que ocorrem ao longo do tempo. Exemplo: exercício abusivo da profissão. 
OBS: no crime instantâneo de efeitos permanentes, há um instante que define o momento consumativo, todavia o resultado produzido é irreversível, a exemplo do que ocorre no homicídio, diferentemente do que ocorre em uma lesão leve. 
Quanto ao número de atos
Unisubsistente: A conduta se revela diante de um único ato de execução, não admitindo fracionamento. Não admite tentativa. 
Plurisubsistente: A conduta pode ser fracionada em diversos atos. Admite tentativa, desistência voluntária (momento anterior a consumação em que o sujeito desiste) e arrependimento eficaz. 
Quanto ao número de sujeitos ativos
Unisubjetivo: Aquele passível de ser executado por uma só pessoa. Portanto, o concurso de pessoas, se houver, é meramente eventual. Exemplo: roubo. 
Plurissubjetivo: Aquele de concurso necessário, sendo impossível a prática dessas espécies delitivas por uma pessoa somente. Exemplo: organização criminosa. 
Quanto à especificação do sujeito ativo
Comuns: Praticados por qualquer pessoa, sem que se exija uma condição especial. Exemplo: feminicídio: depende apenas da qualidade da vítima (ser mulher). Obs: os crimes bicomuns são aqueles cometidos e sofridos por qualquer pessoa. 
Próprios: Necessariamente tem uma qualidade pessoal descrita no próprio tipo. Exemplo: Peculato. Bipróprio: infanticídio – ser uma mulher em estado euperal e a vítima ser uma criança. Obs: os crimes próprios admitem tanto coautoria quanto participação do sujeito ativo comum, que nesse caso, excepcionalmente, responderá pelo crime próprio. 
Mão própria: Somente podem ser praticados pessoalmente pelo sujeito expressamente indicado no tipo penal. Admite participação, mas não admite coautoria. Exemplo: falso testemunho

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