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Prévia do material em texto

Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Ms. Avelar Cesar 
 
Revisão Textual: 
Prof. Ms. João Paulo Magalhaes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sociologia do Trabalho 
Para iniciar a unidade, acesse o item Material Didático. Em 
primeiro lugar, você, acessará o conteúdo com o Material 
Teórico da unidade. Lerá o texto que apresenta a “Sociologia 
do Trabalho”. 
Em seguida, teste seus conhecimentos, respondendo as 
perguntas das Atividades de Sistematização acerca do assunto 
abordado. 
Você encontrará também dicas de Materiais Complementares, 
que enriquecerão ainda mais seu estudo sobre o tema. 
Por fim, realize a Atividade de Aprofundamento da unidade. 
Ela o levará a refletir acerca da teoria estudada, a partir da 
produção de um texto sobre um vídeo. 
Então, bom estudo e lembre-se em caso de dúvidas, estarei 
em contato com você através do ambiente virtual. 
Atenção 
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: filme Tempos Modernos de Charles Chaplin 
 
Este início de século propõe novos desafios a todos os estudantes, cidadãos e 
profissionais para entenderem as mudanças no processo e na organização do trabalho no 
mundo capitalista atual. 
Os processos recentes de reestruturação produtiva, neoliberalismo e acumulação 
flexível passam a ditar uma nova morfologia do trabalho que se traduz por uma maior 
precarização do trabalho e isto afeta a todos os que vivem do trabalho. 
Vamos iniciar esse estudo introdutório à sociologia do trabalho, buscando a 
compreender as principais transformações no mundo do trabalho na época atual. 
 
 
 
Contextualização 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
O trabalho já foi considerado, a muito tempo atrás, como um castigo divino ou como 
um símbolo da dignidade humana, mas para a sociologia ele é estudado como um fenômeno 
social (CASTRO, 2009). Passagens da Bíblia Sagrada mostram a condenação de Adão a tirar 
o seu sustento através do trabalho: “maldita é a terra por sua causa: em fadiga obterás dela o 
sustento durante os dias de tua vida” (Gên. 3.17) e “no suor do rosto comerás o teu pão, até 
que tornes à terra” (Gên. 3.19). 
Xenofonte (430-354 a. C.) considerava o trabalho como a moeda de dor com que o 
homem compra os bens dos deuses. Para John Locke (1632-1704), o trabalho é a ação do 
homem sobre a natureza para criar riquezas. Jean-Jacques Rousseau (1713-778) dizia que 
comer sem trabalhar é roubo. Segundo Henri Bergson (1859-1941), trabalhar é criar utilidade 
(CASTRO, 2009). Podemos ver o quanto a abordagem sobre o trabalho é diversificado 
dependendo de cada pensador. 
O conceito de trabalho e o trabalho em si sofreram grandes modificações com o 
desenvolvimento da sociedade capitalista. A existência de uma sociedade do trabalho, como a 
nossa, é consequência da revolução industrial iniciada na Inglaterra no século XVIII 
(CASTRO, 2009). 
 
 
Abordagens Sociológicas Clássicas do Trabalho 
 
CONCEITO DE TRABALHO 
Marx Trabalho é a fonte do valor dos 
produtos. 
Weber Trabalho é dever e vocação. 
Durkheim Trabalho é parte da divisão do 
trabalho social. 
Material Teórico 
 
 
 
Karl Marx (1818-1883), Max Weber (1864-1920) e Émile Durkheim (1859-1917), os 
fundadores da sociologia moderna, desenvolveram análises do trabalho consideradas clássicas 
dentro da sociologia. 
Para Marx, o trabalho é considerado a fonte do valor, a origem da riqueza social. 
Esse conceito de valor-trabalho ele busca nos economistas ingleses Adam Smith (1723-1790) 
e David Ricardo (1722-1823). Marx considera que o valor de um produto final (mercadoria) é 
determinado pela quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-
lo desde o início do processo (CASTRO, 2009). O preço é a forma monetária do valor. A 
partir desse conceito de valor-trabalho Marx vai desenvolver a teoria da exploração 
econômica do trabalhador dentro do capitalismo e a teoria da luta de classes no capitalismo. 
Para Weber, o conceito de trabalho dentro do capitalismo moderno não poderia ser 
separado do desenvolvimento de uma ética positiva do trabalho trazido pelo 
protestantismo. Em sociedades escravistas não há uma ética positiva do trabalho na medida 
em que trabalho é coisa de escravos. No livro A ética protestante e o espírito do capitalismo 
ele estabelece o papel do protestantismo na formação do comportamento típico do 
capitalismo ocidental moderno. 
Weber parte de dados estatísticos que lhe mostraram o destaque de protestantes entre 
os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão-de-obra qualificada. A 
partir daí, procurou estabelecer ligações entre a doutrina e a pregação protestante, seus efeitos 
no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista (COSTA, 1998). 
Para ele, a relação entre a religião e a sociedade não se dá por meios institucionais, mas por 
intermédio de valores interiorizados nos indivíduos e transformados em motivos da ação 
social. A motivação do protestante é o trabalho enquanto dever e vocação, como um fim em 
si mesmo, e não para o ganho material obtido através dele. O ócio e a falta de vontade de 
trabalhar eram considerados um sintoma da ausência do estado de graça cristão. 
Já para Durkheim, o trabalho na sociedade capitalista faz parte da divisão do 
trabalho social (especialização), que é o elemento que garante a união social em sociedades 
diferenciadas como a capitalista. Ele chama de solidariedade o elemento que mantêm a união 
social e a divide em dois tipos: 
1) solidariedade mecânica que predomina em sociedades pré-capitalistas onde os 
indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, 
permanecendo em geral indiferentes em relação à divisão do trabalho social; 
2) solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas onde os indivíduos 
se tornam interdependentes em função da acelerada divisão do trabalho social. Essa 
interdependência garante a união social em lugar dos costumes, da religião e da 
tradição. Ao mesmo tempo em que os indivíduos são dependentes uns dos outros, 
 
 
cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia 
pessoal, tornando-se de fato um indivíduo (COSTA, 1998). 
 
 
 
Tendências recentes do capitalismo 
TENDÊNCIAS RECENTES DO CAPITALISMO 
Acumulação flexível Neoliberalismo Reestruturação produtiva 
- Mudança da rigidez do 
modelo fordista; 
- Flexibilidade do trabalho e 
mercado de trabalho; 
- Flexibilidade dos produtos; 
- Flexibilidade dos padrões 
de consumo. 
- Ataque ao Welfare State 
(Estado do bem-estar social); 
- Privatização de empresas 
estatais; 
- Políticas fiscais e monetárias 
para controle da inflação; 
- Desregulamentação dos 
mercados. 
- Intensificação da mudança 
tecnológica; 
- Passagem do fordismo para 
o toyotismo; 
- Difusão do novo padrão de 
organização da produção e 
da gestão. 
 
A sociedade capitalista contemporânea, particularmente nas últimas décadas, sofreu 
grandes transformações. O neoliberalismo e a reestruturação produtiva da era da acumulação 
flexível têm acarretado uma alta taxa de desemprego, a precarização do trabalho e uma 
degradação crescente da natureza que destrói o meio ambiente em escala globalizada 
(ANTUNES, 2001). 
A acumulação flexível dos anos 1970 émarcada por um confronto direto com a 
rigidez do sistema fordista. Ela se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos 
mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de 
setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços 
financeiros, novos mercados e, sobretudo, aceleração da inovação comercial, tecnológica e 
organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do 
desenvolvimento, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, 
um vasto movimento no emprego do chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos 
industriais completamente novos em regiões até então pouco desenvolvidas, por exemplo, os 
vários vales do silício (HARVEY, 2000). 
 
 
O mercado de trabalho passou por uma radical reestruturação. Diante da forte 
volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens de 
lucro, as empresas tiraram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande 
quantidade de mão-de-obra excedente (desempregados ou subempregados) para impor 
regimes e contratos de trabalho mais flexíveis (terceirização, banco de horas, trabalho 
em tempo parcial, temporário, estagiários, etc.). O que sempre implica em alta rotatividade de 
mão-de-obra (HARVEY, 2000). 
Nos anos 1970, toma forma, nos países desenvolvidos, um processo amplo e variado 
de mudanças no padrão convencional da produção, caracterizada até então pela fabricação 
em massa de bens e serviços, típico do fordismo (GOMES, E. R.; SCANDELARI, L.; 
KOVALESKI, J. L., 2005). Essa reestruturação produtiva, enquanto conjunto de 
transformações técnico-científico, econômicas e sociais influencia e é influenciada pelo 
processo de globalização, enquanto conjunto de mecanismos de generalização do padrão 
dominante de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. 
A globalização pode ser entendida como um estágio mais avançado do processo 
histórico de internacionalização do capital, caracterizado pela: a) intensificação da mudança 
tecnológica; b) rápida difusão do novo padrão de organização da produção e da gestão; c) 
emergência mundial de um número significativo de setores oligopolizados; d) intensificação 
dos investimentos diretos no exterior pelos bancos e empresas transnacionais dos países 
desenvolvidos (GOMES, E. R.; SCANDELARI, L.; KOVALESKI, J. L., 2005). 
A nova forma de produção está ainda em desenvolvimento, fruto de uma competição 
acirrada pelos mercados cada vez mais segmentados, fazendo com que as empresas tenham 
que tornar mais eficiente sua capacidade de produzir e, ao mesmo tempo, maximizar sua 
capacidade de inovar, intensificando, em ritmo e volume, a criação de produtos e serviços. 
Isto as impele a adotar novos métodos de produção e novas formas de organização de 
trabalho (GOMES, E. R.; SCANDELARI, L.; KOVALESKI, J. L., 2005). 
Houve também uma enorme expansão de políticas neoliberais a partir da década 
de 1970. O neoliberalismo passou a ditar o programa a ser implementado pelos países 
capitalistas, inicialmente nos países centrais e logo depois nos países subordinados, 
contemplando reestruturação produtiva, privatização acelerada, enxugamento do estado, 
políticas fiscais e monetárias, sintonizadas com os organismos mundiais como o Fundo 
Monetário Internacional (ANTUNES, 2001). 
Comecemos com as origens do que se pode definir por neoliberalismo. O 
neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na Europa e nos EUA. Foi uma 
reação teórica e política contra o Welfare State (Estado do bem estar social) e o Estado 
intervencionista. Seu texto de origem é O caminho da servidão, de Friedrich Hayek, escrito em 
1944. Trata-se de um ataque contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado 
por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente 
econômica, mas também política (ANDERSON, 1996). 
 
 
As características principais da política neoliberal são: 
a) Manter um Estado forte com capacidade de romper o poder dos sindicatos, mas com 
poucos gastos sociais e com poucas intervenções na economia. 
b) A estabilidade monetária (acabar com a inflação) deveria ser a objetivo supremo de 
qualquer governo. 
c) Privatizar todas as atividades estatais que o mercado pudesse suprir. 
d) Restaurar a taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um exército de reserva 
de trabalho para diminuir os custos da força de trabalho. 
e) Reformas fiscais para incentivar os agentes econômicos, ou seja, reduzir impostos sobre 
os rendimentos mais altos (ANDERSON, 1996). 
Começou-se a desmontagem dos direitos sociais dos trabalhadores, o combate 
ao sindicalismo mais radical, a propagação de um subjetivismo e de um individualismo 
exacerbados (ANTUNES, 2001). Esses são traços marcantes deste período recente. 
 
 
Precarização do trabalho 
 
 
 
 
 
 
Podemos dizer que o mundo do trabalho vem sofrendo profundas mutações na 
atualidade. Sabemos que quase um terço da força humana disponível para o trabalho, em 
escala global, ou se encontra exercendo trabalhos parciais, precários, temporários, ou estão 
desempregados (ANTUNES, 2007). São bem mais de um bilhão de homens e mulheres que 
vivem no regime de trabalho precarizado, instável, temporário, terceirizado, quase virtual, etc. 
A precarização do trabalho pode ser entendido como um processo onde os novos 
postos de trabalho que estão surgindo já não oferecem aos seus ocupantes as garantias e 
compensações usuais que as leis e contratos coletivos vinham garantindo (SINGER, 2000). 
Há um movimento pendular que caracteriza a classe trabalhadora na atualidade: por 
um lado, cada vez menos homens e mulheres trabalham muito, em ritmo e intensidade 
Precarização do trabalho 
 Processo onde os novos postos de 
trabalho não oferecem as garantias e 
remunerações que as leis trabalhistas 
e contratos coletivos vinham 
garantindo. 
 
 
que lembram muito o início da Revolução Industrial na Inglaterra. De outro lado, cada vez 
mais homens e mulheres trabalhadores encontram menos emprego, migrando pelo 
mundo em busca de qualquer trabalho, configurando uma crescente tendência de 
precarização do trabalho em escala global. Nessa nova morfologia do trabalho podemos 
presenciar a ampliação dos trabalhadores de telemarketing e call center, dos motoboys, dos 
digitalizadores que trabalham nos bancos, dos assalariados do fast food, dos trabalhadores dos 
hipermercados, etc. (ANTUNES, 2007). 
 
 
 
 
 
Dentro deste contexto, podemos constatar a ampliação de modalidades de trabalho 
mais desregulamentadas, distantes da legislação trabalhista, gerando uma massa de 
trabalhadores que passam da condição de assalariados com carteira de trabalho registrada 
para os sem carteira assinada. Se nos anos 1970 era relativamente pequeno o número de 
empresas de terceirização de força de trabalho, nas décadas seguintes esse número 
aumentou significativamente para atender à grande demanda por trabalhadores temporários, 
sem vínculo empregatício, sem registro formalizado. Ou seja, em plena era da informatização 
do trabalho, do mundo digital, estamos conhecendo a época do trabalho informal, dos 
terceirizados, precarizados, subcontratados, flexibilizados, trabalhadores em tempo parcial e 
do cyber-trabalhador. O resultado é que onde havia uma empresa concentrada pode-se 
substituí-la por várias pequenas unidades interligadas pela rede, com número muito mais 
reduzido de trabalhadores e produzindo cada vez mais (ANTUNES, 2007). 
O perfil desse novo trabalhador deve ser mais “polivalente”, “multifuncional”, 
diverso do trabalhador que se desenvolveu na empresa fordista. O trabalhoque cada vez mais 
as empresas buscam não é mais aquele fundamentado na especialização, mas o que se criou 
na fase do “trabalho multifuncional”, que em verdade expressa a enorme intensificação dos 
ritmos, tempos e processos de trabalho (ANTUNES, 2007). E isso ocorre tanto no mundo 
industrial quanto no de serviços. 
O trabalho estável torna-se, então, (quase) virtual. Estamos vivenciando, portanto, a 
erosão do trabalho contratado e regulamentado, dominante no século XX, e vendo sua 
substituição pelas diversas formas de “empreendedorismo”, “cooperativismo”, “trabalho 
voluntário”, “trabalho atípico” (ANTUNES, 2007). 
O exemplo das cooperativas talvez seja mais expressivo, uma vez que, em sua origem, 
elas nasceram como instrumentos de luta dos trabalhadores contra o desemprego e a 
exploração do trabalho. Hoje, contrariamente, as empresas vêm criando falsas cooperativas, 
Precarização do 
trabalho 
Cooperativas de 
trabalho 
Trabalho 
temporário 
 
 
como forma de precarizar ainda mais os direitos do trabalho. Essas “cooperativas patronais” 
têm sentido contrário à ideia original das cooperativas de trabalhadores, uma vez que elas 
são verdadeiros empreendimentos para burlar direitos trabalhistas e aumentar ainda mais as 
condições de precarização da classe trabalhadora. Similar é o caso do empreendedorismo, 
que cada vez mais se configura como forma oculta de trabalho assalariado e que permite 
proliferar as distintas formas de flexibilização salarial, de horário e funcional (ANTUNES, 
2007). 
É neste quadro que as empresas globais estão exigindo também o desmonte da 
legislação social protetora do trabalho. E flexibilizar a legislação do trabalho significa 
aumentar ainda mais os níveis de lucratividade das empresas, ampliar as formas de 
precarização e destruição dos direitos sociais que foram duramente conquistados pelos 
trabalhadores desde o início da Revolução Industrial na Inglaterra (ANTUNES, 2007). 
 
 
O trabalho no Brasil 
 
Somente após 1930, o Brasil começa a integrar tanto as atividades econômicas como o 
mercado de trabalho. A crise de 1929, ao prejudicar o comércio internacional, induziu o 
desenvolvimento do mercado interno brasileiro que procurou substituir os produtos 
importados. O início da integração nacional propiciou a quebra da situação de isolamento dos 
mercados regionais, permitindo o início da migração dos trabalhadores nordestinos para a 
industrialização concentrada na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo 
(DEDECCA, 2005). 
Somente na década de 1930, o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) iniciou o 
reconhecimento de uma organização sindical tutelada. Também, naquela década foram 
reconhecidos alguns direitos sociais do trabalho, bem como ganharam impulso os sistemas 
previdenciários por categorias de trabalhadores (DEDECCA, 2005). 
Entre 1930 e 1945, a política trabalhista de Vargas teve dois objetivos: 
 
a) Reprimir as iniciativas de organização dos trabalhadores urbanos fora do controle do 
Estado. 
b) Atrair os trabalhadores para apoiarem ao governo. 
 
Em novembro de 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e 
 
 
Comércio. Seguiram-se leis de proteção ao trabalhador, de enquadramento dos sindicatos 
pelo Estado e criavam-se órgãos para arbitrar conflitos entre patrões e operários (Juntas de 
Conciliação e Julgamento). Entre as leis de proteção ao trabalhador estavam as que regularam 
o trabalho das mulheres e dos menores, a concessão de férias, o limite de oito horas da 
jornada normal de trabalho (FAUSTO, 1998). 
 
Em julho de 1940, foi criado o imposto sindical – instrumento básico de 
financiamento do sindicato e de sua subordinação ao Estado. O imposto consiste em uma 
contribuição anual obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, paga por todo 
empregado, sindicalizado ou não. Com o imposto sindical surgiu a figura do “pelego”. Pelego 
passou a ser o dirigente sindical que atuava mais no interesse próprio do que no interesse dos 
trabalhadores. Sua existência foi facilitada na medida em que não precisava atrair ao sindicato 
uma grande massa de trabalhadores. O imposto garantia a sobrevivência do sindicato 
(FAUSTO, 1998). 
Para decidir as questões trabalhistas, o governo organizou, em maio de 1939, a 
Justiça do Trabalho. A sistematização e a ampliação da legislação trabalhista se deu com a 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em junho de 1943 (FAUSTO, 1998). 
No campo da política salarial, o Estado Novo (1937-1945) de Vargas introduziu a lei 
do salário mínimo, capaz de satisfazer às necessidades do trabalhador conforme cada 
região, em maio de 1940. O país foi dividido em várias regiões. Com o correr dos anos o 
valor do salário mínimo deteriorou-se, até converter-se em uma importância irrisória 
(FAUSTO, 1998). 
Ao tutelar os sindicatos, o governo de Vargas transformou a negociação coletiva em 
um instrumento burocrático, reconhecendo o direito privado das empresas na gestão cotidiana 
das relações de trabalho. Ao mesmo tempo em que articulou toda uma extensa regulação do 
mercado e das relações de trabalho, Vargas atuou no sentido de impedir os mecanismos que 
pudessem transformá-la em realidade para os trabalhadores brasileiros (DEDECCA, 2005). 
Ao final do longo período de industrialização 1930-80, aproximadamente metade da 
população ocupada não tinha acesso ao sistema de proteção social constituído na década de 
1940 (DEDECCA, 2005). 
O Brasil foi o último país da América Latina a implantar uma política neoliberal. Tal 
fato se deveu, de um lado, à dificuldade de conciliar interesses empresariais divergentes e, de 
outro, à intensa atividade política desenvolvida pelas classes trabalhadoras na década de 1980 
– que se expressou na constituição do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na 
criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT) e na 
realização de cinco greves gerais entre 1983 e 1989 (FILGUEIRAS, s/d). 
Com o fracasso do Plano Cruzado (1986/87) – bem como dos demais planos que se 
seguiram na segunda metade da década de 1980 – e das discussões travados na Assembleia 
 
 
Constituinte (1986-1988), a política neoliberal foi se desenhando e se fortalecendo, passando 
do campo teórico para se constituir em um programa de governo (FILGUEIRAS, s/d). 
Desse modo, nos anos 1990, o neoliberalismo implanta-se no Brasil, com toda força, a 
partir do Governo Collor (1990-92). O discurso liberal radical, combinado com a abertura 
da economia e o processo de privatizações inaugura a era liberal no Brasil (FILGUEIRAS, s/d). 
 
O projeto neoliberal foi implantado no Brasil em três fases: 
 
a) A primeira, entre 1990 e 1993, foi marcada pela ruptura com o “modelo de 
substituição de importações”, que caracterizava a industrialização brasileira; 
b) A segunda, de 1994 a 1998, dada pela ampliação e consolidação da ordem neoliberal 
no 1o governo Fernando Henrique Cardoso; 
c) Por fim, de 1999 até nossos dias, a fase de aperfeiçoamento do modelo, consolidando 
a hegemonia do capital financeiro no controle político-econômico do 2o governo FHC 
e no de Lula (SABADINI, s/d). 
 
As características gerais do projeto neoliberal já são bem conhecidas: abertura 
comercial e financeira, privatizações, flexibilização dos direitos trabalhistas, repressão e 
desarticulação dos movimentos social e sindical, política monetária e fiscal contracionistas, 
política social focalizada e, acima de tudo, a retirada do Estado da economia. 
 
 
A precarização do trabalho no Brasil 
 
Durante a década de 1980, impulsionado pelos movimentos sociais e sindicais que 
ganharam força pelo processo de redemocratização do Brasil, houve na verdadeum processo 
de ampliação da regulamentação sobre o mercado de trabalho, principalmente em torno da 
adoção de novos direitos sociais e trabalhistas, cuja concretização se daria com a promulgação 
de uma nova Constituição Federal em 1988 (CARDOSO JR., 2001). 
Já nos anos 1990, com a adoção das políticas neoliberais no Brasil tem início uma 
estratégia de desregulamentação do mercado de trabalho brasileiro, que se caracteriza 
por uma alteração gradual de itens importantes da legislação trabalhista consagrada na CLT e 
na Constituição de 1988 (CARDOSO JR., 2001). A forma pela qual vem sendo conduzida a 
 
 
desregulamentação do mercado de trabalho no país (por meio de medidas provisórias, 
emendas constitucionais, portarias e decretos), constitui uma estratégia deliberada do governo 
federal em aliança com poderosos grupos sociais de grandes empresários e parte do 
sindicalismo de resultados. 
Este amplo processo de desregulamentação do mercado de trabalho brasileiro pode ser 
constatado por um conjunto de medidas legais que promovem importantes mudanças 
na organização do trabalho do país (CARDOSO JR., 2001). 
No que diz respeito às condições de contratação e demissão da força de trabalho, bem 
como às condições que regulam a jornada oficial de trabalho no país, as primeiras iniciativas 
de desregulamentação ocorreram já em 1994, no governo Itamar Franco (1992-94). Em 
dezembro de 1994, foi editada a Lei nº 8.949, conhecida como lei das cooperativas. Ela 
declara a inexistência de vínculo empregatício entre as cooperativas e seus associados, de 
forma que os trabalhadores assim organizados não são empregados da cooperativa e não têm, 
portanto, registro em carteira, direitos trabalhistas como férias, 13º salário, previdência social 
ou descanso semanal remunerado (CARDOSO JR., 2001). Abriu-se assim a possibilidade da 
criação de cooperativas de mão de obra. 
Ainda em 1994 foi editada a MP nº 794, que garantiu aos trabalhadores a 
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da empresa, participação esta desvinculada 
da remuneração contratual. Além de a PLR precisar ser objeto de negociação coletiva entre os 
empregados e a empresa, não pode ter periodicidade inferior a 6 meses, de forma a não 
substituir a remuneração contratual mensal. Com a regulamentação desta MP, o governo 
desonerou a transferência de recursos das empresas para os empregados a um custo mais 
baixo, pois o valor acertado na PLR não entra no cálculo das contribuições e direitos 
trabalhistas (CARDOSO JR., 2001). 
Já no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), na mesma linha da 
flexibilização das condições de uso da força de trabalho vieram a Lei nº 9.601 (jan./1998) e a 
MP (Medida Provisória) nº 1.709 (ago./1998). A Lei 9.601 trouxe novidades no que diz 
respeito à contratação de empregados e à jornada de trabalho. Por um lado, ela abriu a 
possibilidade de contratação de trabalhadores por tempo determinado, desde que em 
acréscimo aos postos de trabalho já existentes, por um período de até 24 meses. Por outro 
lado, a lei veio flexibilizar a jornada de trabalho com a criação do banco de horas, por 
meio de uma alteração do artigo nº 59 da CLT. O banco de horas permite que não haja 
pagamento adicional de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o 
excesso de horas trabalhadas em um dia for compensado pela diminuição em outro dia 
(CARDOSO JR., 2001). 
A MP nº 1.709, por sua vez regulamentou o trabalho por tempo parcial, 
permitindo, assim, uma jornada de até 25 horas semanais. Esse regime de trabalho vale tanto 
para novas contratações, como para os atuais empregados, desde que eles optem por este 
novo regime. Neste caso, o salário, assim como os demais direitos trabalhistas, será pago 
 
 
conforme a jornada de trabalho semanal. Se a pessoa trabalhar 25 horas por semana, seu 
salário será 60% do salário integral e suas férias podem ser reduzidas a 8 dias por ano 
(CARDOSO JR., 2001). 
Em junho de 1995 foi editada a MP nº 1.053 que suprimiu os mecanismos 
automáticos de reajuste salarial. Os salários e as demais condições de trabalho continuam 
a ser acordadas através da negociação coletiva, mas fica proibida a fixação de qualquer tipo 
de cláusula de reajuste ou correção salarial automática. Além da desindexação salarial, essa 
MP tornou possível, ainda, a adoção imediata do efeito suspensivo dos acordos, o que 
permite a uma das partes recorrer da decisão de um tribunal de instância inferior (CARDOSO 
JR., 2001). 
A desindexação salarial promovida pela MP nº 1.053 foi reforçada em 1997 com a MP 
nº 1.906, que não permite a correção automática por qualquer índice de reposição 
da inflação, assim como estipulou uma tabela de reajustes para os benefícios previdenciários 
que utilizava uma referência sem qualquer relação com a reposição salarial ou do custo de 
vida. Assim, a partir da MP nº 1.906, o reajuste do salário mínimo passou a ser definido no 
mês de maio de cada ano pelo Poder Executivo. Já em 2000, por meio do projeto de Lei 
Complementar nº 113, a União delegou aos estados a responsabilidade pela fixação do piso 
salarial, que não poderá ser inferior ao salário mínimo nacional do ano em questão 
(CARDOSO JR., 2001). 
Podemos assim ver que as tendências do capitalismo internacional se propagam 
também no Brasil revelando que o processo atual de globalização afeta a organização do 
trabalho e o mercado de trabalho indistintamente em todos os países com maior ou menor 
grau. 
 
 
 
 
 
Assista aos vídeos dos links abaixo: 
http://www.youtube.com/watch?v=46JP22cwyJk&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=REbT7fv-4Ww 
http://www.youtube.com/watch?v=jkAY_yC0PEc&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=4YyQoTBYYcM&feature=related 
http://www.youtube.com/watch?v=PZaoTcs8B30 
 
Você também encontra muito material teórico no site do Google acadêmico 
http://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-BR 
 
 
 
 
Material Complementar 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático, 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 1996. 
ANTUNES, Ricardo. Dimensões da precarização estrutural do trabalho, 2007. 
Disponível em: 
http://www.itcp.usp.br/drupal/files/itcp.usp.br/ANTUNES%20LIVRO%20GRA%C3%87A%202
007.pdf. Acesso em: 30/04/11. 
ANTUNES, Ricardo. Trabalho e precarização numa ordem neoliberal. In: GENTILI, P.; 
FRIGOTTO, G. (Org.). A cidadania negada, 5.ed. São Paulo: Cortez, 2001. 
CARDOSO JÚNIOR, José Celso. Crise e desregulação do trabalho no Brasil. In: Tempo 
Social, 13(2). São Paulo: USP, nov. 2001. 
CASTRO, Celso Antonio Pinheiro de. Sociologia aplicada à administração, 2.ed. São 
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COSTA, Cristina. Sociologia, 2.ed. São Paulo: Moderna, 1998. 
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Revista de Economia Política, vol. 25, nº 1 (97), pp. 94-111, jan.-mar./2005. 
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http://www.cibera.de/fulltext/16/16049/ar/libros/grupos/basua/C05Filgueiras.pdf. Acesso em: 
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Referências 
 
 
 
 
 
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