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Imunologia ALUNO: ___________________________________________ PERÍODO: ______________ Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 2 INTRODUÇÃO IMUNIDADE: do latim immunitas – isenção de deveres civis e legais dos senadores romanos durante seus mandatos - “proteção contra doenças infecciosas”. A RESPOSTA IMUNE ocorre em duas etapas distintas: 1. Reconhecimento do patógeno ou outro material estranho 2. Elaboração de reação com finalidade de eliminá-lo do organismo A RESPOSTA IMUNE está subdividida em duas categorias: A) RESPOSTAS INATAS (naturais ou não adaptativas): • Constituída por mecanismos existentes antes da infecção e capazes de respostas rápidas à microorganismos, por isso, é chamada de precoce (ocorre num intervalo de horas, 0 – 12h). • É a primeira linha de defesa do organismo • Reage sempre da mesma forma às infecções repetidas, ou seja, “não apresenta memória” • Estimulada por estruturas comuns a vários microorganismos e pode não distinguir pequenas diferenças entre substâncias estranhas, ou seja, tem pouca especificidade. São componentes da RESPOSTA IMUNE INATA ou NATURAL: • Barreiras físicas e químicas (ex.: epitélios) • Células fagocíticas (macrógfagos, monócitos, neutrófilos polimorfonucleares) e células natural killers (NK - matadoras naturais) • Proteínas do sangue - proteínas chamadas citocinas B) RESPOSTAS ADAPTATIVAS (ou adquiridas): • Estimulada por exposição a agentes infecciosos • É tardia (pode levar de 1 a 5 dias para ocorrer) SISTEMA IMUNE RESPOSTA IMUNE Células e Moléculas responsáveis pela imunidade Resposta coletiva e coordenada à introdução de substâncias estranhas ao organismo Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 3 • Aumenta em magnitude e em capacidade defensiva a cada exposição sucessiva a um microorganismo particular. Por isso, diz-se que apresenta memória, pois se ‘lembra’ e responde mais vigorosamente. Além disso, a resposta é direcionada a um microorganismo particular, ou seja, apresenta grande especificidade. São componentes da RESPOSTA IMUNE ADQUIRIDA os linfócitos e seus produtos. Existem dois tipos de resposta imune adaptativa ou adquirida: • IMUNIDADE HUMORAL: é mediada por moléculas do sangue chamadas de anticorpos, que são produzidos pelos linfócitos B. Constitui o principal mecanismo de defesa contra microorganismos extracelulares e suas toxinas, pois podem se ligar a eles e auxiliar na sua eliminação. Os anticorpos são específicos e reconhecem um antígeno microbiano em particular, são capazes de neutralizá-lo e marcá-los para que sejam eliminados pelos vários mecanismos efetores. • IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULA: é mediada por células chamadas de linfócitos T. Microorganismos intracelulares (ex. vírus e algumas bactérias) sobrevivem e proliferam dentro dos fagócitos e de outras células do hospedeiro, onde os anticorpos do sangue não podem alcançá-los. Os linfócitos T causarão a destruição dos patógenos que estão nos fagócitos ou a lise das células infectadas. As respostas imunes, inata e adquirida atuam de forma coordenada. A resposta imune inata a um microorganismo estimula a resposta adquirida e influencia sua natureza. Já a resposta imune adquirida utiliza muitos mecanismos efetores da inata para eliminar microorganismos e estes facilitam a resposta inata. FASES DA RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA As respostas imunes adaptativa ocorrem em três etapas claramente distintas: 1) Reconhecimento do Antígeno 2) Ativação dos linfócitos 3) Fase efetora Todas as respostas são iniciadas pelo reconhecimento do antígeno específico. Isso induz a ativação dos linfócitos que reconhecem o antígeno e culmina com o desencadeamento de mecanismos efetores que medeiam a função fisiológica da resposta, ou seja, eliminação do antígeno. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 4 1) Reconhecimento do antígeno: indivíduos possuem inúmeros linfócitos derivados clonalmente que se originaram de um precursor único e é capaz de responder a um antígeno distinto. O antígeno seleciona um clone específico ativando-o. Isso ocorre nos órgãos linfóides. Essa é denominada HIPÓTESE DA SELEÇÃO CLONAL para reconhecimento do antígeno. 2) Ativação dos linfócitos: a ativação linfocitária requer dois sinais diferentes. O primeiro sinal é o próprio antígeno e o segundo sinal são produtos microbianos ou componentes da resposta inata. Essa é denominada HIPÓTESE DA DUPLA SINALIZAÇÃO para ativação de linfócitos. A exigência do antígeno (sinal 1) assegura que a resposta seja específica. O estímulo adicional fornecido por microorganismos ou reação inata (sinal 2) assegura que a resposta seja induzida quando necessário e não ao próprio organismo ou à substâncias inócuas. 3) Fase efetora: é a etapa da resposta imune que leva à eliminação do antígeno. Os anticorpos e linfócitos T eliminam microorganismos extracelulares e intracelulares, em trabalho coordenado com os componentes da resposta inata. A imunidade contra um microorganismo pode ser induzida pela resposta do hospedeiro ao microorganismo ou pela transferência de anticorpos ou de linfócitos específicos. Dessa forma, diz-se que a imunidade pode ser: IMUNIDADE ATIVA: é aquela induzida pela exposição a um antígeno. O indivíduo produz uma resposta ativa ao antígeno. Esse tipo de imunidade apresenta grande especificidade e memória. Ex.: Aplicação de um antígeno microbiano (vacina) em um indivíduo. IMUNIDADE PASSIVA: confere imunidade a um indivíduo por transferência de soro ou linfócitos de outro indivíduo já imunizado. O receptor torna-se imune ao antígeno sem nunca ter sido exposto a ele. Apresenta especificidade elevada, mas não gera memória. Ex.: transferência de anticorpos da mãe para o feto. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 5 CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE As células do sistema imune são aquelas que elaboram as diferentes respostas imunes. São várias células diferentes denominadas de forma geral como LEUCÓCITOS. CÉLULAS DA RESPOSTA IMUNE INATA FAGÓCITOS ou células fagocitárias se ligam aos microorganismos englobando-os e os destroem (fagocitose). São as verdadeiras responsáveis pela resposta imune inata e constituem a primeira linha de defesa do organismo. São subdivididas em fagócitos mononucleares polimorfonucleares (PMN). Os fagócitos mononucleares (monócitos e macrófagos) são células fagocitárias de vida longa derivadas de células-tronco da medula óssea. Sua função inclui a neutralização, internalização e destruição. Localizadas em pontos estratégicos que facilitam o encontro com agentes infecciosos ou “partículas”. Macrófago (centro da imagem) Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 6 Monócito Os fagócitos polimorfonucleares (PMN) (eosinófilos, neutrófilos e basófilos) constituem a maioria dos leucócitos sanguíneos e são capazes de migrar para os tecidos como resposta a certos estímulos. São células de vida curta que também são capazes de realizar fagocitose. Os eosinófilos possuem núcleo bilobulado e muitos grânulos citoplasmáticos. Emindivíduos saudáveis, não alérgicos, representam de 2 a 5% dos leucócitos. São capazes de fagocitar e destruir microorganismos ingeridos, porém, essa não é sua função primária. Sua ação ocorre através do processo de degranulação que consiste na fusão dos grânulos citoplasmáticos com a membrana, seguida pela liberação do seu conteúdo (exocitose) para combater alvos grandes que não poderiam ser fagocitados. Exercem importante papel na imunidade à vermes e parasitas por degranulação. Eosinófilo Os neutrófilos compõem mais de 95% dos PMN e apresentam núcleo multilobulado bastante característico. Possuem uma grande quantidade de proteínas antibióticas armazenadas em seus grânulos citoplasmáticos. São capazes de fagocitar e também de realizar degranulação com liberação das proteínas dos grânulos. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 7 Neutrófilo Os basófilos constituem menos de 0,2% dos leucócitos. Quando maduros sofrem degranulação por estímulos alérgenos (antígeno causador de reação alérgica). Seus grânulos citoplasmáticos são ricos em histamina que é a responsável pelos sintomas adversos da alergia. Basófilo (são três) e Neutrófilo As plaquetas estão envolvidas nos processos inflamatórios gerado após uma lesão as células endoteliais. As plaquetas aderem e se agregam liberando substâncias contidas em seus grânulos citoplasmáticos (principalmente serotonina e fibrinogênio). A liberação dessas substâncias aumenta a permeabilidade dos capilares sanguíneos e atrai leucócitos ao local inflamado. Plaquetas (no centro da imagem em roxo). As células NK (natural killers ou matadoras naturais) compõem 15% dos linfócitos do sangue. Diferem dos linfócitos por não apresentarem receptores em suas membranas típicos de linfócitos T e B (células da resposta imune adquirida). São células capazes de reconhecer e destruir outras células que estejam infectadas por vírus ou ainda, algumas células tumorais. Proteínas pertencentes ao CPH (sistema de histocompatibilidade), que estudaremos posteriormente, permitem que as células NK não ataquem as células do próprio organismo. Já as células infectadas Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 8 ou células tumorais sofrem modificações nas proteínas do CPH o que permite que as células NK as reconheçam. CÉLULAS DA RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA As células apresentadoras de antígenos (CAA) constituem uma população heterogênea de leucócitos com capacidade imunoestimulatória muito eficiente. São encontradas na pele, linfonodos, baço, mucosas e timo. Como exemplo de CAA, podemos citar as células de Langerhans da pele. Compõem de 2 a 5% das células da epiderme e são capazes de migrar da pele para os linfonodos através dos vasos linfáticos onde interagem com linfócitos T. Essa é uma maneira eficiente para conduzir antígenos da pele até os linfonodos. Célula de Langerhans da pele Um outro exemplo de CAA são as células dendríticas foliculares encontradas nos linfonodos, baço e no tecido linfóide associado as mucosas. São incapazes de migrar e formam uma rede estável com inúmeras células conectadas. Célula dendrítica Os Linfócitos são os leucócitos responsáveis pelo reconhecimento específico dos patógenos (no interior das células, nos fluidos teciduais ou no sangue) e pelo desencadeamento da resposta imune adaptativa. Há vários tipos de linfócitos, mas duas categorias básicas: os Linfócitos T e B, ambos derivados de células-tronco da medula óssea, contudo, os linfócitos T desenvolvem-se (maturação) no Timo e os linfócitos B na própria medula óssea. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 9 Linfócito LINFÓCITOS B: Representam de 5-15% da população de linfócitos circulantes. Combatem patógenos extracelulares e seus produtos. São células geneticamente programadas para codificar um receptor de superfície (proteína de membrana) específico para um antígeno. Após reconhecer o antígeno os linfócitos B se dividem e diferenciam se em plasmócitos que produzem e secretam uma enorme quantidade destas moléculas receptoras, os ANTICORPOS. Anticorpos são glicoproteínas de elevado peso molecular presentes no sangue e fluidos corporais. São idênticas ao receptor de membrana original do linfócito B que o secretou e são capazes de se ligarem ao antígeno que ativou o linfócito B. Representação esquemática da ativação de linfócitos B LINFÓCITOS T: grupo de células com várias subpopulações diferentes que apresentam grande variedade de funções. Células T auxiliares tipo 1 (Th1): interagem com fagócitos mononucleares auxiliando na destruição dos patógenos (CD4+) Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 10 Células T auxiliares tipo 2 (Th2): interagem com células B auxiliando na divisão, diferenciação e produção de anticorpos (CD4+) Linfócitos T citotóxicos (Tc): responsáveis pela destruição das células do hospedeiro que foram infectadas por vírus ou outros patógenos intracelulares. Possuem grânulos citoplasmáticos contendo proteínas que lisam células infectadas e células tumorais. (CD8+) Os linfócitos T reconhecem antígenos somente quando estes são apresentados na superfície de outras células (CAA) por moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC). Geram seus efeitos através da liberação de fatores solúveis chamados CITOCINAS que servem de sinais para outras células. Linfócitos grandes granulares (LGG): células capazes de reconhecer alterações de superfície numa grande variedade de células tumorais ou infectadas por vírus. HISTÓRIA VITAL DOS LINFÓCITOS Os linfócitos virgens dependem da exposição a antígenos (Ag) para sua proliferação e diferenciação. Os linfócitos virgens que não são expostos a um Ag morrem. Ao encontrarem um Ag os linfócitos virgens iniciam um processo de proliferação e diferenciam-se em células efetoras e células de memória. As células efetoras são aqueles linfócitos que efetuarão a resposta imune. As células efetoras são os linfócitos T auxiliares, linfócitos T citotóxicos e os linfócitos B apresentam vida curta e são incapazes de se renovarem. As células de memória, diferentemente das efetoras, sobrevivem por muito tempo, mesmo após a eliminação do Ag que desencadeou a sua formação. Menos numerosas são linfócitos T e B de memória. Tais células geram respostas rápidas e intensas ante a segunda e, subseqüentes exposições ao Ag. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 11 TECIDOS LINFÓIDES As células envolvidas na resposta imune organizam-se em tecidos e órgãos para aumentar a eficiência de suas ações. Assim, podemos chamar de sistema linfóide o conjunto de linfócitos, células acessórias (macrófagos e CAA) e células epiteliais de alguns tecidos. ÓRGÃO LINFÓIDE PRIMÁRIO (centrais): principais locais de desenvolvimento de linfócitos no organismo – timo e medula óssea. É nos órgãos linfóides primários que os linfócitos adquirem seus receptores antígenos-específicos. ÓRGÃO LINFÓIDE SECUNDÁRIO (periféricos): locais onde a resposta dos linfócitos aos antígenos é e se desenvolvem – linfonodos, baço, sistema imune cutâneo, sistema imune das mucosas. 1) MEDULA ÓSSEA: no indivíduo adulto é o local de geração de todas as células do sangue e local deamadurecimento dos linfócitos B. Contém células tronco que se diferenciarão em linhagens celulares distintas. 2) TIMO: local de maturação dos linfócitos T. É um órgão bilobulado localizado no mediastino anterior. Seu córtex é rico em linfócitos T e a medula tem menos. Isso ocorre porque a maturação dos linfócitos T começa no córtex e a medida que as células amadurecem migram para a medula. 3) LINFONODOS E SISTEMA LINFÁTICO: locais onde se iniciam respostas imunes adquiridas a Ag protéicos presentes na linfa. Os linfonodos juntamente com os vasos linfáticos e formam uma rede que filtra Ag do líquido intersticial e da linfa. Localizam-se estrategicamente no pescoço, axilas, virilha, mediastino e cavidade Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 12 abdominal onde drenam regiões superficiais e profundas. Protegem a pele e as superfícies mucosas dos tratos respiratório, digestório e genitourinário. Os linfonodos são circundados por uma cápsula de tecido conjuntivo organizado em três áreas principais: córtex (camada celular mais externa – área de células B), paracórtex (camada celular intermediária – área de células T) e medula (camada celular mais interna – área de células B e T, rica em macrófagos). O paracórtex também é rico em células interdigitantes, que migraram da pele (Langerhans) ou mucosas (dendríticas), transportando antígenos processados para os linfonodos. Representação esquemática de um linfonodo: 1- vasos linfáticos aferentes, 2– seio subcapsular, 3- folículo, 4-cápsula, 5- medula, 6- válvula para evitar refluxo, 7- vasos eferentes linfáticos Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 13 4) BAÇO: É o principal local da resposta imune aos Ag transportados pelo sangue. Possui uma grande variedade de células distribuídas em regiões distintas denominadas polpa vermelha e polpa branca. A polpa branca é formada por tecido linfóide distribuído em torno de uma arteríola. Contém áreas de células T (ao redor da arteríola central) e áreas de células B (centro germinativo). Os centros germinativos também têm células dendríticas e macrófagos. A polpa vermelha apresenta cordões celulares e sinusóides contendo macrófagos, eritrócitos, plaquetas, granulócitos e inúmeros plasmócitos. È um reservatório de plaquetas e células vermelhas senescentes (velhas). 5) SISTEMA IMUNE CUTÂNEO: A pele possui um sistema imune especializado consistindo de linfócitos e células acessórias que servem para otimizar a detecção de Ag ambientais. A pele é a principal barreira física entre o organismo e o ambiente e muitos Ag penetram no organismo através da pele, portanto, muitas respostas imunes iniciam-se na pele. A principal célula do sistema imune cutâneo são as células de Langerhans. Essas células dendríticas imaturas formam uma rede com seus prolongamentos e facilitam a captura de Ag. Quando as células de Langerhans são estimuladas por citocinas (produzidas por células T) retraem suas projeções e perdem sua adesão, migrando para a derme e daí para os linfonodos. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 14 6) SISTEMA IMUNE DAS MUCOSAS: As superfícies mucosas do trato gastrintestinal, respiratório e geniturinário são ricas em linfócitos e células acessórias para responder com maior eficiência à Ag ingeridos, inalados ou introduzidos no organismo de outra forma. Os linfócitos presentes na mucosa intestinal formam as placas de Peyer, as tonsilas (amídalas) também são ricas em linfócitos. CIRCULAÇÃO DE LINFÓCITOS Os linfócitos migram dos órgãos linfóides primários para os secundários. Também podem circular de um tecido linfóide para outro através do sangue ou linfa. Esse processo é chamado de RECIRCULAÇÃO LINFOCITÁRIA. Subpopulações específicas de linfócitos entram seletivamente em alguns tecidos e não em outros. Esse processo é denominado ALOJAMENTO LINFOCITÁRIO. Os processos de recirculação e alojamento asseguram que um linfócito específico para um antígeno encontre esse antígeno além de permitir que subpopulações de linfócitos sejam levadas para um tecido em particular. Pouco se sabe sobre a recirculação de células B. Os linfócitos virgens, efetores e de memória recirculam de acordo com padrões distintos e esses padrões são responsáveis pelo modo como a resposta imune se desenvolve. Os padrões de recirculação são regidos por moléculas de ADESÃO presentes nos linfócitos e nas células endoteliais vasculares. Toda a recirculação de linfócitos depende e é regulada por interações adesivas entre os linfócitos e as células endoteliais e entre os linfócitos e tecido conjuntivo extravascular. No interior dos linfonodos, por exemplo, os Ag chegam pelos vasos linfáticos aferentes enquanto os linfócitos virgens chegam por vasos sanguíneos. No interior dos linfonodos ocorrerá a ativação dos linfócitos e estes deixarão o linfonodo por vasos linfáticos eferentes sendo distribuídos no organismo (tecidos e sangue). Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 15 COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE PRINCIPAL (MHC) Conjunto de proteínas de membrana especializadas, que são codificadas por genes em um lócus denominado Complexo de Histocompatibilidade Principal (MHC). O MHC foi descoberto como um amplo locus contendo genes que determinavam o resultado de transplantes de tecidos entre indivíduos. As moléculas do MHC funcionam como moléculas de exibição de peptídeos para reconhecimento pelos linfócitos T. Os receptores presentes na membrana das células T são capazes de reconhecer somente peptídeos associados a moléculas do MHC. Além disso, para que um peptídeo seja considerado antigênico ele deve ser capaz de se ligar a moléculas do MHC. São de dois tipos: • MHC de classe I: expressos por todas as células nucleadas estão presentes na membrana da maioria delas, ligam-se aos peptídeos derivados das proteínas citoplasmáticas e são reconhecidas pelas células TCD8+ citotóxicas. • MHC de classe II: restritas às células apresentadoras de antígenos (CAA), ligam peptídeos derivados de proteínas endocitadas e são reconhecidas pelas células TCD4+ auxiliares. Expressas somente em células dendríticas, fagócitos mononucleares e linfócitos B (ou seja, as CAA ou células acessórias). Observação: Os linfócitos e outros leucócitos expressam um grande número de moléculas diferentes (denominados de marcadores) em suas membranas e essas são usadas para diferenciar populações celulares. As moléculas de membrana são identificadas com o uso de Anticorpos monoclonais e através da Nomenclatura sistemática – SISTEMA CD CD = designação de grupamento (do inglês cluster designation). No sistema CD o agrupamento é feito de acordo com a forma de ligação do anticorpo com moléculas e pelo peso molecular do marcador. Anticorpos com características semelhantes são agrupados sob número usado para indicar o marcador da célula reconhecido por cada grupo de anticorpo. Os marcadores são separados em famílias (estrutural): - Superfamília das Imunoglobulinas: moléculas cujas estruturas assemelham-se a imunoglobulinas – CD2, CD3, CD4, CD8, CD28 etc; - Família das integrinas; - Família das selectinas; etc. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 16ESTUDAR!!! Como visto anteriormente, a função das células T está associada com as diferentes classes do MHC. Por ex.: Células TCD8+ (T citotóxicas) restritas à classe I têm a função é matar células infectadas por microorganismos intracelulares ou vírus. Como os vírus invadem todos os tipos de células nucleadas, os ligantes que a célula TCD8+ reconhecem precisam ser exibidos nessas as células. Desta forma, a expressão das moléculas do MHC classe I preenche essa exigência. Células TCD4+ (T auxiliares) restritas à classe II: sua função está em ativar (ou ajudar) os fagócitos (principalmente macrófagos) a eliminar os microorganismos extracelulares que foram fagocitados e ativar linfócitos B a produzirem anticorpos, que também eliminam microorganismos extracelulares. Portanto, a célula TCD4+ só atua em células específicas (ou seja, atua nas células capazes de expressar MHC classe II, que são as CAA). Em resumo: • Células TCD4+ - restritas à classe II: reconhecem somente peptídeos derivados de proteínas extracelulares que foram fagocitadas pela CAA. • Células TCD8+ - restritas à classe I: reconhecem peptídeos derivados de proteínas do citoplasma sintetizadas endogenamente. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 17 ANTICORPOS Anticorpos (Ac) são um tipo de molécula glicoprotéica, também chamada de Imunoglobulina (Ig), produzidas pelos linfócitos B que funcionam como receptores da célula B para os antígenos. Os AC ligam-se aos antígenos com elevado grau de especificidade e afinidade, distribuídos nos fluidos biológicos. Somente os linfócitos B são capazes de produzir Ac. Os Ac produzidos pelas células B podem inserir-se na membrana de outras células como fagócitos mononucleares e células NK que possuem receptores específicos para ligação de Ac. ESTRUTURA MOLECULAR DOS ANTICORPOS As glicoproteínas são divididas em albuminas e globulinas. Os Ac são globulinas que conferem imunidade, daí o nome IMUNOGLOBULINA (Ig). Todas as moléculas de Ac compartilham as mesmas características estruturais básicas, mas diferem grandemente na porção da proteína que se liga ao antígeno. Todo Ac possui estrutura simétrica composta de: • Duas cadeias leves (24KD cada) idênticas e • Duas cadeias pesadas (55 ou 70KD) idênticas. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 18 IMUNOGLOBULINA (Anticorpo) As cadeias leve e pesada possuem unidades homólogas repetidas que se enovelam e são chamadas de DOMÍNIO Ig. As regiões de seqüência variável (V) são responsáveis pelo reconhecimento do antígeno. A região C da cadeia pesada fixam o Ac na membrana da célula B. As moléculas de anticorpos podem ser divididas em classes e subclasses com base nas diferenças das regiões C (seqüência de aminoácidos) da cadeia pesada = ISOTIPOS. Há cinco formas de cadeia pesada constituindo cinco isotipos: • IgA, • IgD, • IgE, • IgG • IgM. Diferentes isotipos executam diferentes funções. Por ex.: IgA é responsável por imunidade das mucosas e pela imunidade passiva neonatal. Já IgD é receptor de antígeno na membrana de células B virgens. ANTÍGENOS Antígenos (Ag) são moléculas que se ligam a um Ac ou a receptores de antígeno presentes na membrana da célula T (TCR). Lembre-se: Os antígenos que se ligam a Ac incluem todas as classes de moléculas, já os que se ligam a TCR são somente peptídeos (fragmentos de proteínas) associados a moléculas do MHC. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 19 Para que os linfócitos B iniciem a resposta imune humoral eles podem ser estimulados pelos Ag (ou macromoléculas). Os Ag são muito maiores que a região de ligação do antígeno em um Ac, portanto, qualquer Ac se liga somente à uma parte da molécula chamada DETERMINANTE ou EPÍTOPO. Um antígeno pode ter centenas de epitopos. PROCESSAMENTO DOS ANTÍGENOS E APRESENTAÇÃO AOS LINFÓCITOS T Como visto anteriormente: As Células Apresentadoras de Antígenos (CAA) apresentam o Antígeno para as células T durante a fase de reconhecimento da resposta imune justamente para que a resposta seja iniciada. Diferentemente, As células B e os AC são capazes de reconhecer antígenos solúveis dos líquidos corporais ou antígenos das superfícies celulares. APRESENTAÇÃO DOS ANTÍGENOS AOS LINFÓCITOS TCD4+ AUXILIARES Já sabemos que: Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 20 As células TCD4+ controlam respostas imunes a peptídeos. São efetoras da imunidade mediada por células e proporcionam estímulos importantes para a proliferação e diferenciação dos linfócitos B e T-citotóxicos. Somente alguns tipos de células - células dendríticas, fagócitos mononucleares e linfócitos B (células acessórias) podem funcionar como CAA para células TCD4+. As células acessórias têm duas funções importantes na ativação das células TCD4+: 1) PROCESSAMENTO DO ANTÍGENO: As CAA convertem o antígeno protéico em peptídeos e os exibem associados às moléculas do MHC para reconhecimento pelas células T. 2) CO-ESTIMULADORES: fornecem estímulos para as células T. São exigidos para uma resposta completa por parte das células T. As propriedades de uma célula que permitem-na atuar como CAA para TCD4+ são: - a capacidade de processar antígenos endocitados - expressão de MHC de classe II APRESENTAÇÃO DOS ANTÍGENOS AOS LINFÓCITOS TCD8+ CITOTÓXICOS Todas as células nucleadas podem apresentar peptídeos associados a moléculas de MHC de classe I, derivados de antígenos protéicos citosólicos, pois todas as células nucleadas expressam MHC de classe I. A maioria dos antígenos protéicos estranhos presentes no citosol é sintetizada endogenamente, como proteínas virais e proteínas que sofreram mutação em células tumorais. PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS PARA APRESENTAÇÃO A TCD4+ O processamento de antígenos consiste na transformação de antígenos protéicos endocitados em peptídeos. A ligação destes peptídeos a moléculas do MHC de classe II e exibição deste complexo na membrana da CAA constitui o processamento do antígeno e isto inclui inúmeras etapas e a participação de uma série de moléculas e mecanismos biológicos. Resumidamente podemos descrever os passos mais importantes no processo: • Após o antígeno protéico ser endocitado pela CAA passará por um processo de digestão (com auxílio de lisossomos) e será transformado em peptídeos. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 21 • Ao mesmo tempo, moléculas do MHC de classe II (proteínas) são sintetizadas no retículo endoplasmático e processadas no aparelho de Golgi onde são empacotadas em vesículas. • A vesícula contendo o MHC de classe II se funde com a vesícula fagocítica e o peptídeo se liga a molécula do MHC (ainda na vesícula). • Em seguida, a vesícula se funde com a membrana da CAA (exocitose) e o peptídeo ligado ao MHC de classe II é exposto na membrana. Questões de Verificação do aprendizado: Julgue as seguintes afirmações, concordando ou discordando, mas sempre argumentando: 1. Antígenos são moléculas que podem ser reconhecidas pelo organismo como não próprias e gerar o aparecimento de anticorpos, sendo qualquer substância que pode se ligarespecificamente a anticorpos ou a um receptor de linfócito T. 2. Substâncias que compõem as membranas das células ou fragmentos celulares do sangue (eritrócitos e plaquetas), como proteínas, carboidratos e lipídios são considerados antígenos. 3. Os antígenos que possuem imunogenicidade têm a capacidade de estimular a produção de anticorpos, enquanto que os antígenos tolerógenos são os têm a propriedade de tolerância imunológica pelo sistema imune. 4. Epítopo é o sítio de ligação do antígeno com a imunoglobulina ou receptor de linfócito T. Cada antígeno possui apenas um epítopo. 5. Anticorpos são substâncias produzidas a partir da ativação de linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos e secretam anticorpos, em resposta à introdução de um dado antígeno (imunógeno). 6. Aloanticorpos são produzidos contra antígenos reconhecidos como não próprios ao indivíduo, mas provenientes de indivíduos da mesma espécie. Autoanticorpos são produzidos contra antígenos do próprio indivíduo, podendo estar presentes em doenças autoimunes, como anemia hemolítica autoimune. Profª Ms. Andréia M. S. Carmo Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” Módulo III 22 Questões de múltipla escolha A defesa contra microorganismos é mediada pelas reações iniciais da imunidade natural e as respostas tardias da imunidade adquirida. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta. A. Os principais componentes da imunidade natural incluem os linfócitos e seus produtos, como os anticorpos. B. Os mecanismos de defesa da imunidade adquirida respondem essencialmente da mesma maneira a sucessivas infecções. C. O sistema imunológico natural tem uma maior habilidade de responder com mais intensidade a exposições subsequentes ao mesmo microorganismo. D. Os mecanismos da imunidade adquirida são específicos para estruturas que são comuns a grupos de microorganismos semelhantes e não conseguem distinguir diferenças discretas entre substâncias estranhas. E. Existem dois tipos de respostas imunológicas adquiridas: a imunidade humoral e a imunidade celular. Os anticorpos são proteínas circulantes produzidas nos vertebrados em resposta à exposição a estruturas estranhas conhecidas como antígeno. Considerando a origem, estrutura e função dos anticorpos, assinale a alternativa correta. A. Os anticorpos são incrivelmente diversificados e inespecíficos na sua capacidade de reconhecer estruturas estranhas. B. Os anticorpos são os principais mediadores da imunidade natural contra todas as classes de antígenos. C. Os anticorpos também são produzidos em uma forma secretada por neutrófilos estimulados por antígenos. D. A IgE é a principal classe de anticorpo que é produzida no sistema imunológico das mucosas. E. Os linfócitos B são as únicas células que sintetizam moléculas de anticorpos.
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